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SUMÁRIO

1. ORGANIZAÇÃO ................................................................................................. 3

2. CONTRATOS – DISPOSIÇÕES GERAIS................................................................. 4

3. COMPRA E VENDA .......................................................................................... 17

4. TROCA OU PERMUTA ...................................................................................... 27

5. CONTRATO ESTIMATÓRIO ............................................................................... 28

6. DA DOACAO ................................................................................................... 29

7. LOCAÇÃO DE COISAS ..................................................................................... 35


8. EMPRÉSTIMO ................................................................................................. 41

9. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.............................................................................. 45

10. EMPREITADA .................................................................................................. 49

11. DEPÓSITO ...................................................................................................... 54

12. MANDATO ...................................................................................................... 59

13. COMISSÃO ..................................................................................................... 66

14. AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO ............................................................................... 69

15. CORRETAGEM ................................................................................................ 72

16. TRANSPORTE ................................................................................................. 74

17. DO SEGURO ................................................................................................... 79

18. CONSTITUIÇÃO DE RENDA .............................................................................. 90


19. JOGO E DA APOSTA ........................................................................................ 93

20. FIANÇA ......................................................................................................... 95

21. TRANSAÇÃO ................................................................................................ 100

22. COMPROMISSO E DA ARBITRAGEM ............................................................... 104

23. ATOS UNILATERAIS ...................................................................................... 105

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011. ORGANIZAÇÃO

Parte Geral – Artigos 421 até 480


Parte Especial – Artigos 481 até 853
Atos Unilaterais – Artigos 854 até 886

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02 2. CONTRATOS – DISPOSIÇÕES GERAIS

2.1 Princípios contratuais

a) Princípio do Consensualismo;
b) Princípio do “pacta sunt servanda”;
c) Princípio da Função Social do Contrato;
d) Princípio da Boa-Fé Objetiva;
e) Princípio da Autonomia Privada.

QUESTÃO: II Exame - Durante dez anos, empregados de uma fabricante de extrato


de tomate distribuíram, gratuitamente, sementes de tomate entre agricultores de
uma certa região. A cada ano, os empregados da fabricante procuravam os
agricultores, na época da colheita, para adquirir a safra produzida. No ano de 2009,
a fabricante distribuiu as sementes, como sempre fazia, mas não retornou para
adquirir a safra. Procurada pelos agricultores, a fabricante recusou-se a efetuar a
compra. O tribunal competente entendeu que havia responsabilidade pré-contratual
da fabricante.
A responsabilidade pré-contratual é aquela que:
a) deriva da violação à boa-fé objetiva na fase das negociações preliminares à
formação do contrato.
b) deriva da ruptura de um pré-contrato, também chamado contrato preliminar.
c) surgiu, como instituto jurídico, em momento histórico anterior à
responsabilidade contratual.
d) segue o destino da responsabilidade contratual, como o acessório segue o
principal.

Gabarito: A

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2.2 Contratos de adesão: Artigos 423 e 424.
Art. 423 do Código Civil: “In dubio pro aderente”.
Art. 424 do Código Civil: Proibida renúncia antecipada de direitos.

2.3 Contratos atípicos


Art. 425 do Código Civil:

2.4 Vedação do “pacto corvina”


Art. 426: “ Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva”. Caso haja a
contratação sobre herança de pessoa viva, o contrato será nulo, na forma do art.
166, VII, do Código Civil.

QUESTÃO: (01/2012 - FGV) Marco Antônio, solteiro, maior e capaz, resolve lavrar
testamento público, a fim de dispor sobre seus bens. Tendo em vista que os seus
únicos herdeiros são os seus dois filhos maiores e capazes, Júlio e Joel, ambos
solteiros e sem filhos, e considerando-se que o patrimônio de Marco Antônio
corresponde a dois imóveis de igual valor, dois automóveis de igual va*5lor e R$
100.000,00 em depósito bancário, ele assim dispõe sobre os seus bens no
testamento: deixa para Júlio um imóvel, um automóvel e metade do montante
depositado na conta bancária e, de igual sorte, deixa para Joel um imóvel, um
automóvel e metade do montante depositado na conta bancária. Logo após ter
ciência da lavratura do testamento público por seu pai, Júlio decide imediatamente
lavrar escritura pública por meio da qual renuncia expressamente apenas ao
automóvel, aceitando receber o imóvel, bem como metade do montante depositado
em conta bancária. Para tanto, afirma Júlio que há diversas multas por infrações de
trânsito e dívidas de impostos em relação ao automóvel, razão pela qual não lhe
interessa herdar esse bem. Tomando conhecimento da lavratura da escritura pública
de renúncia por Júlio, Marco Antônio e Joel decidem consultar um advogado.
Na condição de advogado(a) consultado(a) por Marco Antônio e Joel, responda aos
itens a seguir, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação
legal pertinente ao caso.

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A) Poderia Júlio renunciar à herança no momento por ele escolhido?
B) Independentemente da resposta dada ao item anterior, poderia Júlio renunciar
exclusivamente ao automóvel, recebendo os demais bens?

2.5 Formação dos Contratos


- Contrato entre presentes: Pessoa na frente, por telefone ou outro meio de
comunicação semelhante.
- Contrato entre ausentes: carta ou intermediário, por exemplo.

REGRA: Proposta, desde que séria e consciente obriga o proponente, na forma do


art. 427 do Código Civil.
EXCEÇÃO: Deixa de ser obrigatória a proposta: art. 428 do Código Civil
I – feita sem prazo a pessoa presente não foi aceita na hora;
II – sem prazo para pessoa ausente e tiver transcorrido prazo suficiente
para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III – com prazo para pessoa ausente;
IV – retratação – A retratação da proposta deve chegar ao aceitante antes
ou simultaneamente que a proposta chegue até ele. Se a retratação da
proposta chegar ao conhecimento do aceitante depois que a proposta
chegou até ele, não terá validade.

Para que haja aceitação e, como consequência, contrato, é necessário que a


aceitação da proposta seja integral. Aceitação com modificação é nova proposta, art.
431 do Código Civil.

- Lugar de celebração de um contrato: Onde ele foi proposto – Artigo 435 CC.
- Quando está perfeito o contrato entre pessoas ausentes? Quando se expede a
aceitação. Leitura do artigo 434 “caput” do CC. Aplicação da teoria da expedição.

QUESTÃO: (XIX - Exame) No dia 14/07/2015, João, estando em São Caetano do


Sul (SP) interessado em vender seu carro usado, enviou mensagem via celular para
Maria, na qual indicava o preço mínimo do bem (quinze mil reais, com pagamento à
vista), as condições físicas do automóvel e a informação sobre a inexistência de
ônus sobre o objeto do negócio jurídico. Maria, em Birigui (SP), tendo recebido e lido
de pronto a mensagem de João e, sem que houvesse prazo específico para a

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aceitação da proposta, deixa de respondê-la imediatamente. No dia 16/07/2015,
Maria responde a João, via mensagem por celular, informando ter interesse em
comprar o veículo, desde que o preço fosse parcelado em sete vezes. Contudo,
João informa a Maria que o veículo fora vendido na véspera. Tendo em vista o
enunciado, responda aos itens a seguir.
A) A oferta de João foi feita entre pessoas presentes ou ausentes?
B) A resposta de Maria, a partir do momento em que envia mensagem via celular a
João alterando as condições do que fora originalmente ofertado, poderia qualificá-la
como mera proposta?

2.6 Estipulação em favor de terceiro: art. 436/ 438 Código Civil


As partes na estipulação em favor de terceiro são: estipulante e promitente.
Uma das partes (promitente) prestará determinado benefício a outra pessoa,
que não estaria no contrato (beneficiário). Não necessita o consentimento do
beneficiário.
O promitente pode reservar-se o direito de trocar de beneficiário por ato “inter
vivos” ou “causa mortis”.

2.7 Promessa de fato de terceiro – art. 439 e 440 do Código Civil


❖ São obrigações sucessivas. O devedor estabelece com o credor que ele
(devedor) irá fazer com que o terceiro (que não está no contrato original) cumpra
uma obrigação.
❖ A obrigação do devedor não é que o terceiro cumpra, mas sim que esse
terceiro assuma a obrigação. Após assumida a obrigação, o devedor estaria
desobrigado (art. 440 CC);
QUESTÃO: (III Exame) Danilo celebrou contrato por instrumento particular com
Sandro, por meio do qual aquele prometera que seu irmão, Reinaldo, famoso cantor
popular, concederia uma entrevista exclusiva ao programa de rádio apresentado por
Sandro, no domingo seguinte. Em contrapartida, caberia a Sandro efetuar o
pagamento a Danilo de certa soma em dinheiro. Todavia, chegada a hora do
programa, Reinaldo não compareceu à rádio. Dias depois, Danilo procurou Sandro,
a fim de cobrar a quantia contratualmente prevista, ao argumento de que, embora

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não tenha obtido êxito, envidara todos os esforços no sentido de convencer o seu
irmão a comparecer.
A respeito da situação narrada, é correto afirmar que Sandro
a) não está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, pois a obrigação por este
assumida é de resultado, sendo, ainda, autorizado a Sandro obter ressarcimento por
perdas e danos de Danilo.
b) não está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, por ser o contrato nulo,
tendo em vista que Reinaldo não é parte contratante.
c) está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, pois a obrigação por este
assumida é de meio, restando a Sandro o direito de cobrar perdas e danos
diretamente de Reinaldo.
d) está obrigado a efetuar o pagamento a Danilo, pois a obrigação por este
assumida é de meio, sendo incabível a cobrança de perdas e danos de Reinaldo.
Gabarito: A

2.8 Vícios Redibitórios: art. 441-446 do Código Civil


❖ REQUISITOS: defeito oculto (não se admite vício aparente); contrato
comutativo; vício grave que a torne imprópria ao uso ou lhe diminua o valor;
oneroso; vício pré-existente.
❖ AÇÕES CABÍVEIS:
1 – Ações Edilícias
Ação redibitória: Redibir o contrato: voltar ao “status quo antes”. O contrato será
desfeito e serão pagas eventuais despesas.
Açaõ estimatória ou “quanti minoris”: O contrato é mantido, mas é solicitado
então um abatimento.
*Caso o alienante estivesse de má-fé: Sabia ou tinha condições de saber do vício:
Além do que prevê a lei, também irá pagar perdas e danos ao comprador;
*Caso esteja de boa-fé, ainda assim responderia pelas ações redibitórias ou
estimatórias.

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QUESTÃO: (XVIII – Exame) Guilherme efetuou a compra do televisor de seu amigo
Marcelo, que estava em dificuldades financeiras. Todavia, após 02 (dois) meses de
uso por Guilherme, o referido bem passou a apresentar problemas. Registre-se,
ainda, que, no momento da venda, Marcelo já tinha ciência da existência do
problema, tendo-se omitido quanto ao fato, eis que sabia que o mesmo só seria
conhecido por Guilherme em momento posterior. Em face da situação apresentada,
responda, de forma fundamentada, aos itens a seguir.
A) Quais as medidas cabíveis na presente hipótese e quais as pretensões que
poderão ser deduzidas em juízo por Guilherme?
B) Suponha que Guilherme tenha ingressado com a medida judicial cabível logo
após o aparelho apresentar defeito e que Marcelo, ao apresentar contestação,
alegue a decadência do direito invocado por Guilherme, uma vez que foi
ultrapassado o prazo de 30 (trinta) dias previsto no Código Civil. No caso ora
analisado, o argumento de Marcelo procede?

2.9 Evicção
Evicção é a perda total ou parcial de um bem por sentença judicial. Essa
sentença judicial atribui a outra pessoa o bem.
Funda-se no mesmo princípio da garantia em que se assenta a teoria dos
vícios redibitórios.

❖ Partes na evicção:
a) O alienante, que transferiu a coisa de forma onerosa.
b) O evicto (adquirente ou evencido), que perdeu a coisa adquirida.
c) O evictor (ou evencente), que ganhou a ação judicial.

❖ Requisitos da evicção:
a) Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada;
b) Onerosidade da aquisição;
c) Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa. Se sabia que a coisa era
litigiosa, não pode demandar evicção;

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d) Anterioridade do direito do evictor/aquele que ganhou a ação judicial:
O alienante só responde pela perda decorrente de causa já existente ao tempo da
alienação.

❖ Direitos do evicto (aquele que perdeu a coisa em virtude de sentença


judicial: 450 do CC). Salvo estipulação em contrário, o evicto tem direito:
a) Restituição integral do preço
b) Indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir
c) Indenização pelas despesas dos contratos e
d) Pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção.
e) Custas judiciais e honorários do advogado.

- Diz o art. 447 do Código Civil: “Nos contratos onerosos, o alienante responde pela
evicção, subsistindo esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em
hasta pública.”
- A responsabilidade decorre da lei. Independe, portanto, de previsão contratual.
Mesmo que o contrato seja omisso, ele existirá de acordo com a lei.
- Ocorre em todo o contrato oneroso, pelo qual se transfere domínio, posse ou uso.

❖ Exclusão da responsabilidade do alienante


Podem as partes excluir a responsabilidade pela evicção? Sim, expressamente.
Contudo, mesmo com a existência de tal cláusula, se a evicção se der, tem direito o
evicto (aquele que perdeu a coisa) a:
1- Recobrar o preço que pagou pela coisa evicta, com algumas condições:
a -Se não soube do risco da evicção ou
b - se informado, não assumiu o risco da evicção.
O que precisa então para que o alienante seja completamente exonerado? Precisa
haver a cláusula expressa + a ciência de quem está comprando assume os riscos da
evicção. Quem compra deve saber que corre o risco de ser evicto e assim, tenha
assumido o risco, renunciando a garantia.

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FIXAÇÃO:
1. Isenção do alienante de toda a responsabilidade = cláusula expressa de exclusão
da garantia + ciência específica do risco pelo adquirente.
2. Responsabilidade do alienante apenas pelo preço relacionado com a coisa evicta
= cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência do risco pelo adquirente ou ter
assumido o risco.
3. Omissão da cláusula de “non praestaenda evictione” = responsabilidade total do
alienante + perdas e danos.

❖ Evicção parcial:
Se houve evicção parcial e não total da coisa? Poderá o evicto optar: entre a
rescisão do contrato e a restituições da parte do preço do desfalque.
- Se não for considerável, pode apenas pleitear a indenização e não a rescisão do
contrato.
OBS.: Prescrição: Pelo que prevê o art. 199, III, do novo Código Civil, não
corre a prescrição entre evictor, evicto e alienante, pendendo a ação de evicção.
Somente após o trânsito em julgado da sentença a ser proferida na ação em que se
discute esta, com a decisão sobre a destinação do bem evicto, o prazo volta a
correr.

2.10 Contratos Aleatórios: Artigo 458 – 461Código Civil


São os que apresentam incertezas na prestação devida por um ou por ambos
os contraentes. Exemplo: seguro, jogos, apostas, etc.
O risco é assumido pela outra parte.

QUESTÃO: (XX – Exame) Jacinto por meio de sua microempresa individual


celebrou contrato com a sociedade empresária Distribuição de Milho S.A. tendo
como objeto a safra de milho que ainda seria plantada e posteriormente colhida no
sítio de propriedade de Jacinto.
A sociedade empresária teve perfeita ciência desses fatos. Com relação ao
preço, ficou acordado que seria pago metade na assinatura do contrato e metade
após a entrega da safra. Chegada a época do plantio, Jacinto dispensou todos os

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seus esforços no plantio, tendo comprado sementes de excelente qualidade e
preparado a terra de forma adequada.
Também durante o crescimento da plantação, Jacinto, diligentemente, tratou
de observar todas as medidas adequadas para afastar as pragas. No entanto, dias
antes da entrega da safra de milho à Distribuição de Milho S.A., uma nova praga
surgiu no Brasil e devastou quase toda a plantação de Jacinto. Na data prevista,
Jacinto entregou à sociedade empresária Distribuição de Milho S.A. apenas o que
restou após a praga, 1/3 do total da safra de milho. Em contrapartida, a sociedade
empresária negou-se a efetuar o pagamento da outra metade do preço, alegando
que a quantidade entregue da safra de milho era menor do que a necessária para
cumprir com seus compromissos perante seus clientes.
Em virtude do não pagamento da segunda metade do preço, o
microempreendedor Jacinto alega ter sofrido, além do dano material, dano moral.
Sobre a situação descrita, responda aos itens a seguir.
A) Assiste razão à sociedade empresária Distribuição de Milho S.A. em não ter
efetuado o pagamento da segunda metade do preço a Jacinto? (Valor: 0,60)

2.11 Contrato Preliminar – Art. 462 – 466 do Código Civil


Exemplo: Promessa de compra e venda de imóvel.
O inadimplemento será tratado nos artigos de extinção do contrato.

QUESTÃO: (03/2007-CESPE) Carlos e Cláudia celebraram, mediante instrumento


particular, contrato de promessa de compra e venda de imóvel, obrigando-se o
promitente vendedor e a promitente compradora à celebração do contrato definitivo
no prazo de 90 dias, após o pagamento da última parcela de preço, que as partes
ajustaram em R$ 300.000,00 e que deveria ser pago em três parcelas iguais,
mensais e sucessivas.
Do instrumento constou cláusula de irretratabilidade e irrevogabilidade. Tendo
Cláudia pago todas as parcelas do preço, nos prazos do contrato, Carlos se recusou
a outorgar a escritura definitiva, alegando que o contrato preliminar era nulo, porque
celebrado por instrumento particular e não por escritura pública, e que, além disso,
tinha o direito de se arrepender.

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Considerando essa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado de
Cláudia, texto argumentativo acerca dos fundamentos invocados por Carlos para se
recusar à celebração do contrato definitivo.

2.12 Contrato com Pessoa a Declarar: Art. 467- 471 do Código Civil
Uma das partes pode reservar-se (desde que acordado no contrato) o direito
de colocar outra pessoa em seu lugar na relação contratual.
O prazo legal é em caso de inexistência de outro prazo no contrato. Caso o
terceiro que ingressar no contrato seja insolvente, etc., o contrato irá vigorar entre as
partes originais.

2.13 Extinção do contrato


a) Regra: A extinção, dá-se em regra pelo cumprimento, adimplemento da
obrigação. O cumprimento da prestação libera o devedor. Comprova-se pela
quitação.
b) Clausula resolutiva: Pode ser expressa ou tácita. Havendo no contrato uma
condição resolutiva expressa poderá ocorrer a extinção do negócio, eis que já havia
na manifestação das partes uma intenção à extinção (motivo anterior).
A cláusula resolutiva expressa consta sempre do contrato. Prevê o artigo 474
do novo Código Civil que “a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a
tácita depende de interpelação judicial”.

Obs.: Em todo o contrato sinalagmático presume-se a existência de uma cláusula


resolutiva tácita, autorizando o lesado a pleitear a resolução do contrato com perdas
e danos. Diz o art. 474: “A clausula resolutiva expressa opera de pleno direito; a
tácita depende de interpelação judicial”.
Em ambos os casos a resolução deve ser JUDICIAL. Na expressa a sentença
tem efeito declaratório e é ex tunc, pois a resolução se dá automaticamente no
momento do inadimplemento. Na tácita tem efeito desconstitutivo, dependendo de
interpelação judicial.

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c) Direito de arrependimento: Deve estar expressamente previsto no contrato,
autoriza qualquer das partes a rescindir o ajuste, mediante declaração unilateral de
vontade.

d) Extinção por causas posteriores ou supervenientes a celebração: toda vez


que se tem a extinção do contrato por fatos posteriores à celebração, tendo uma das
partes sofrido lesão ou prejuízo fala-se em rescisão contratual. A rescisão (gênero)
pode-se se dar pela resolução - extinção do contrato por descumprimento -, ou pela
resilição - dissolução por vontade bilateral ou unilateral, quando admissível por lei ou
pelo próprio contrato, não havendo inadimplemento, que são espécies desta de
rescisão, nas seguintes hipóteses:
Portanto rescisão pode ser: resolução ou resilição.
1. Resolução: Se não foi cumprido o contrato ou parte dele, pode importar na
resolução do contrato. Produz efeitos e tun., extinguindo o que foi executado.
Obrigam-se as partes a restituírem o que já foi entregue e obriga o inadimplente ao
pagamento das perdas e danos. Sempre aquele que deu causa a resolução do
contrato, com culpa, responderá por perdas e danos.
A resolução pode ser:
❖ Resolução por inexecução voluntária: impossibilita a prestação por culpa
do devedor (tanto na obrigação de dar como na de fazer). Sujeitará o inadimplente
ao ressarcimento por todas as perdas e danos (danos materiais e danos morais).
❖ Resolução por inexecução involuntária: impossibilita o cumprimento da
obrigação nos casos de força maior ou caso fortuito. Não haverá perdas e danos,
mas tudo será devolvido. Só haverá responsabilidade por tais eventos se o devedor
estiver em mora (art. 399), havendo previsão no contrato (art. 393 do) ou nos casos
previstos em lei (exemplo: art. 583 do CC – caso envolvendo o comodato).
❖ Cláusula resolutiva tácita: Enquanto a cláusula resolutiva expressa consta
do contrato, a cláusula resolutiva tácita segunda deriva da lei. Como exemplo de
cláusula resolutiva tácita podemos citar a exceção do contrato não cumprido
(“exceptio non adimpleti contractus”), prevista no art. 476 do CC, e que pode gerar a
extinção de um contrato sinalagmático, no caso de descumprimento total do
contrato.

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Por outro lado, prevê o art. 477 NCC a “exceptio no rite adimpleti contractus”,
para os casos de descumprimento parcial do negócio. Vale lembrar ainda o conceito
de cláusula “solve et repete”, aquela que afasta a aplicação dessas duas regras.
Entendemos que essa última cláusula não terá validade para os contratos de
adesão, pelo que consta no art. 424 do CC.
❖ Resolução por onerosidade excessiva: evento extraordinário e imprevisível,
que dificulte extremamente o adimplemento do contrato, gerando a extinção de
contrato de execução diferida ou continuada (trato sucessivo). Utilização da teoria da
imprevisão (cláusula “rebus sic stantibus”), agora, para a extinção do contrato.
Provadas as condições pode haver a rescisão ou revisão das prestações.
Quanto ao art. 478 do CC, foram aprovados os seguintes enunciados na III Jornada
de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal:
“Enunciado n. 175 – Art. 478: A menção à imprevisibilidade e à
extraordinariedade, insertas no art. 478 do Código Civil, deve ser interpretada não
somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas também em relação às
consequências que ele produz”.
“Enunciado n. 176 – Art. 478: Em atenção ao princípio da conservação dos
negócios jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que
possível, à revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual”.
Vale lembra que, antes da resolução (extinção do contrato), os arts. 479 e 480
do CC possibilitam a revisão da avença, o que deve sempre ser buscado pelo juiz e
aplicador do direito, tendo em vista o princípio da conservação contratual, que é
anexo à função social pactos.

2. Resilição: Não há inadimplemento, mas direito reconhecido em lei não deriva de


inadimplemento contratual, mas somente de manifestação de vontade, que pode ser
bilateral ou unilateral.

Pode ser:
❖ Resilição bilateral ou distrato: mediante a celebração de um novo negócio
em que ambas as partes resolvem, de comum acordo, pôr fim ao contrato anterior

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que firmaram. Submete-se às mesmas normas e formas relativas aos contratos e
está previsto no art. 472 do CC.
❖ Resilição unilateral: há contratos que admitem dissolução pela simples
declaração de vontade de uma das partes. Só ocorre excepcionalmente, como na
locação, no mandato, no comodato e no depósito. Opera-se mediante denúncia
notificada à outra parte (art. 473 do CC). São modalidades de resilição unilateral

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TITULO VI – DAS VARIAS ESPÉCIES DE CONTRATO

033. COMPRA E VENDA

3.1 SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAIS


❖ Conceito – art. 481, CC: “Pelo contrato de compra e venda, um dos
contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe
certo preço em dinheiro”.
Na compra e venda os contratantes apenas se obrigam reciprocamente. A
transferência do domínio depende de outro ato: a tradição para os móveis e o
registro para os imóveis. Assim, entre nós, o comprador que não teve a coisa
entregue, não tem o direito de entrar com uma busca e apreensão, mas tão somente
com perdas e danos. Isso porque a troca do domínio ainda não se efetivou.

❖ Natureza jurídica:
a) Contrato bilateral
b) Consensual – se aperfeiçoa com o acordo de vontade independente da entrega
da coisa. É o que diz o art. 482: “A compra e venda, do pura, considerar-se-á
obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço”.
c) Oneroso
d) Em regra comutativo – porque as prestações são certas e as partes podem
antever vantagens e sacrifícios. Podem se transformar em aleatórios quando tem
por objeto coisa futura ou coisas existentes, mas sujeitas a riscos.
e) Em regra não solene. Exceção: compra e venda de imóveis.

❖ Elementos da compra e venda: Coisa + preço + consentimento.


a) Consentimento: Deve ser livre e espontâneo e requer capacidade das partes. Se
incapazes devem ser supridas pela assistência ou representação.

b) Preço: Sem a fixação do preço, a venda é nula. Não se admite a “qualquer


coisa”. O preço deve sempre ser pago em dinheiro ou redutível a dinheiro (cheque).

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E se der um objeto? Não é compra e venda, mas permuta! Se não for determinado,
deve ser ao menos ser determinável.
Ha vários modos que o preço pode ser estabelecido.
• A fixação do preço pode ser dada a taxa de mercado ou bolsa, em certo e
determinado dia e lugar.
• Que terceiro fixe o preço. Se o terceiro não quiser a incumbência, fica sem
efeito o contrato, salvo quando designar outra pessoa.
• Pode ser fixado em função dos índices ou parâmetros, desde que suscetíveis
de objetiva determinação.
• Pode ser convencionado o preço quando não há fixação dele, se entende
então que as partes se sujeitam ao preço corrente nas vendas habituais
daquele produto.

Mas e se não souberem qual é o preço corrente? Se faz o preço médio.


E se a fixação do preço ficar ao completo arbítrio de outrem? A clausula é
nula por ser potestativa – 489 CC.

c) Coisa: Deve atender a 3 requisitos: existência, individuação e disponibilidade.


• Existência: É nula a venda de coisa inexistente. Mas se tiver potencial para
existir? Neste caso, é possível. Ex.: safra futura, filhotes.
Art. 483: A compra e venda pode ter objeto coisa atual e futura. Neste caso,
ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes
era de concluir contrato aleatório.
• Individuação: O objeto da compra deve ser determinado ou determinável.
Admite-se a venda de coisa incerta, indicada apenas pelo gênero e quantia.
• Disponibilidade: A coisa deve se encontrar dentro do comércio e não fora do
comércio.

Ex.: bens inalienáveis


Ex.: direitos da personalidade

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❖ Efeitos da compra e venda:
a) Gerar obrigações reciprocas para os contratantes.
b) Acarretar a responsabilidade do vendedor pelos vícios redibitórios e pela evicção.
c) Responsabilidade pelos riscos: até o momento da tradição a coisa é de
responsabilidade do vendedor.
d) Repartição de despesas: as despesas com escritura e registro ficarão a cargo do
comprador. As despesas com a tradição ficarão a cargo do vendedor.
e) Direito de reter a coisa ou o preço: Na compra e venda à vista, as obrigações são
recíprocas e simultâneas. Mas, cabe ao comprador SEMPRE o primeiro passo:
pagar o preço. Antes de receber o pagamento, o vendedor não é obrigado a
entregar a coisa.
Sendo a venda a crédito, pode o vendedor sobrestar a entrega, se antes da
tradição o devedor cair em insolvência, até obter dele caução de que pagará o preço
ajustado.
OBS.: A coisa deve ser entregue, na falta de estipulação expressa, no local
em que se encontrava ao tempo da venda.

❖ Limitações a compra e venda


a) Venda de ascendente a descendente, diz o art. 496: “É anulável a venda de
ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do
alienante expressamente houverem consentido”.
Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de
bens for o da separação obrigatória.
A anuência do cônjuge e outros descendentes deve ser expressa. É anulável
tal venda. Os legitimados para a propositura da ação anulatória são os outros
descendentes e o cônjuge do alienante.

b) Aquisição de bens por pessoa encarregada de zelar pelos interesses do


vendedor: Diz o art. 497 que não podem ser comprados, ainda que em hasta
publica, sob pena de nulidade:
• Pelos tutores ou curadores, testamenteiros e administradores, os bens
confiados a sua guarda ou administração;

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• Pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a
que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
• Pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros
serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar
em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender
a sua autoridade;
• Pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam
encarregados.

c) Venda de parte indivisa em condomínio: o condômino não pode alienar sua parte
indivisa a estranho, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condomínio aqui é
pro indiviso porque se for para o diviso não há direito de preferência.
O condômino que quiser pode exercer seu direito de preferência ou
preempção, ajuizando ação no prazo decadencial de 180 dias contados da data em
que teve ciência da alienação.
No momento do ajuizamento, deve o condômino, efetuar a consignação do
valor que deseja pagar.
Mas e se mais de um condômino quiser comprar? Se dará preferência ao
condômino que tiver benfeitorias de maior valor, e na falta dessas, o condômino de
quinhão maior.
Se as partes forem iguais todos que quiserem poderão adquirir a parte
vendida, depositando o preço.

d) Venda entre os cônjuges: é possível a venda entre cônjuges com relação aos
bens excluídos da comunhão.
Enunciado 152, CJF: É possível a venda entre cônjuges no regime da comunhão
universal? Sim, pois há bens excluídos dessa comunhão, como os de uso pessoas e
os utensílios de trabalho.

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❖ Vendas especiais
a) Venda mediante amostra: Diz o art. 484, CC: “Se a venda se realizar a vista de
amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a
coisa as qualidades que a elas correspondem. Prevalece a amostra, o protótipo ou o
modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a
coisa no contrato.”

Amostra: reprodução integral e corpórea de uma coisa a ser vendida.


Protótipo: primeiro exemplar de uma coisa criada, de uma invenção.
Modelo: reprodução exemplificativa por desenho ou imagem acompanhada por uma
descrição detalhada.

Nesses três casos a venda ocorre sob condição suspensiva – fica suspensa
até a entrega da coisa conforme a amostra, o protótipo ou o modelo.
Se a coisa não for entregue conforme o prometido, funcionará como condição
resolutiva.
Art. 484, parágrafo único, CC – havendo divergência entre a amostra, o
protótipo ou o modelo e o contato, prevalecerão os primeiros. Corresponde ao art.
30 do Código de Defesa do Consumidor (lembrar sempre do Diálogo das Fontes).
O meio de oferta prevalece sobre o contrato.
Se a mercadoria entregue não for toda igual ao da amostra, se caracteriza
inadimplemento. O comprador deve protestar imediatamente, sob pena de o seu
silencio ser interpretado como aceitação.

b) Venda “ad corpus” e venda “ad mensuram”: O art. 500, CC apresenta regra
aplicável somente a compra e venda de bens imóveis: “Se na venda de um imóvel,
se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e
esta não corresponder, em qualquer dos casos, as dimensões dadas, o comprador
terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de
reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional do preço.”
É a venda “ad mensuram”. O preço é estipulado com base nas dimensões
do imóvel. Ex.: preço por hectare.

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Se em posterior medição, se vê que a área é menor, o comprador tem 2
saídas: 1. Exigir complementação; 2. Se não for possível, então pode optar pela
resolução do contrato ou abatimento.
OBS.: Presume-se que a referência as dimensões eram somente enunciativas,
quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total
enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias,
não teria realizado o negócio.
-1/20 é 5%. Diferença tão pequena não justifica o litígio. Contudo, é presunção juris
tantum, cabe ao comprador provar que precisava da área de 5%.

Assim, se na venda “ad mensuram” se encontrar uma diferença inferior a


1/20, há uma presunção “juris tantum” de que a menção a área foi meramente
enunciativa, ou seja, empregada apenas para dar uma indicação aproximativa do
todo. Assim, o comprador não poderá ingressar em juízo para obter a
complementação da área.
Mas e se ao invés de falta tem excesso de hectare? Se o vendedor provar
que estava de boa-fé e que se enganou, cabe ao comprador completar o valor
correspondente ou devolver o excesso.

Venda “ad corpus”: Na venda “ad corpus” o vendedor aliena o imóvel como
corpo certo e determinada; logo, o comprador não poderá exigir o implemento da
área, pois adquiriu o bem pelo conjunto e não em atenção a área declarara da que
assume caráter meramente enunciativo. “Não haverá complemento de área, nem
devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada,
tendo sido apenas enunciativa a referência as suas dimensões, ainda que não
conste, de modo expresso, ter sido a venda “ad corpus”.
-é venda “ad corpus” porque não leva em consideração a medida, mas sim a coisa
em si.

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SEÇÃO II – DAS CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA
❖ Da retrovenda: Está em desuso. Constitui um pacto adjeto, pelo qual o
vendedor reserva-se o direito de reaver o imóvel que está sendo alienado, em certo
prazo, restituindo o preço, mais as despesas feitas pelo comprador. Ex.: A venda
para B. Em certo prazo, A pode ter o imóvel de volta, se pagar tudo a B mais
despesas.
Tem a natureza jurídica de um pacto acessório, adjeto ao contrato de compra
e venda. Caracteriza-se por uma condição resolutiva expressa.
Traz como consequência o desfazimento da venda. As partes retornam ao
“status quo ante”. Não constitui nova alienação. Somente bens imóveis.
Qual é o prazo máximo que o vendedor pode exercer esse direito? 3
anos.
Se as partes ajustaram período maior reputa-se como não escrito. Mas e se o
comprador não quiser mais devolver? O vendedor pode depositar em juízo.
E se mais de uma pessoa pode exercer o direito de resgate? Se só uma
exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o
pacto em favor de quem haja efetuado o deposito.
O direito de resgate – retrovenda – pode inclusive ser cedido a terceiros,
transmitido a herdeiros e legatários.

❖ Da venda a contento e da sujeita a prova:


a) Venda a contento: a venda a contento do comprador constitui pacto adjeto a
contratos de compra e venda relativos, em geral, a gêneros alimentícios e bebidas
finas.
É aquela que se realiza sob a condição de só se tornar perfeita e obrigatória
após declaração do comprador de que a coisa o satisfaz. É uma venda condicional.
Entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha
sido entregue. Não será perfeita enquanto que o comprador não manifestar o seu
agrado.
O comprador que recebeu, com condição suspensiva de gostar, tem
obrigação de mero comodatário. Isso até que aceite, se disse que gostou e aceitou,
então será como uma compra e venda qualquer.

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O negócio jurídico vai se perfectibilizar quando o comprador aceitar. Depende
de seu gosto, portanto. Não pode o vendedor dizer que a recusa é por mero
capricho.
Vencido o prazo sem manifestação do comprador, entende-se que ele
aceitou.
Mas e se não há prazo? O vendedor terá direito a intimar o comprador, tanto
judicialmente como extra, para que a faca em prazo dado pelo juiz. Esse direito é
simplesmente pessoal. Não se transfere a outras pessoas.

b) Venda sujeita a prova: presume-se feita sob a condição suspensiva de que a


coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor. Da mesma forma que a
anterior, as obrigações até a aceitação são de mero comodatário para o comprador.
Depois que aceitar é que a venda se perfectibiliza.

c) Da preempção e da preferência: a seção aqui em estudo trata da preferência


convencional, ou seja, aquela que as partes escolheram.
Pode ser convencionado que o comprador se obriga a oferecer ao vendedor a
coisa que já foi a ele vendida e que agora ele irá vender de novo. Assim, o vendedor
pode usar de seu direito de “prelação” na compra.
O prazo para exercer o direito de preferência não pode passar de 180 dias se
a coisa for móvel e de 2 anos se a coisa for imóvel.
Mas e se não houver prazo estipulado no contrato? O direito de preempção
irá decair, se a coisa for móvel, em 3 dias. Se a coisa for imóvel, em 60 dias irá
decair. Conta-se da data em que o comprador notificou o vendedor originário.
Mas e se o comprador não avisar ao vendedor que está revendendo a coisa?
Responderá por perdas e danos se alienou a coisa sem ciência do outro.
Respondera solidariamente o adquirente se estiver de má-fé.

ATENÇÃO: O direito de preferência só será exercido se e quando o comprador


original vier a revender a coisa comprada. Ele não pode ser compelido para tanto.
Direito de preferência é pessoal, não podendo ser cedido ou repassado a herdeiros.

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OBS.: Retrocessão: Consiste ao direito de preferência atribuído ao expropriado.
Art. 519: “Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou
por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for
utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de
preferência, pelo preço atual da coisa.”

Quando na desapropriação não for dada a destinação legal que deveria ter
sido dada, cabe ao que perdeu a terra o direito de preferência pela terra.

d) Da venda com reserva de domínio: o vendedor tem a própria coisa vendida


como garantia de pagamento. Somente a posse é transferida ao comprador. A
propriedade permanece com o vendedor. Somente passara a propriedade após o
recebimento do preço.
Ex.: compra e venda a crédito de bens móveis, como eletrodomésticos.
Para valer contra terceiros o contrato com reserva de domínio deve ser
registrado no Cartório de títulos e documentos do domicilio do comprador.
Não pode ser objeto de compra e venda com reserva de domínio aquele bem
que não se pode individualizar perfeitamente. Na dúvida, decide-se em favor do
terceiro adquirente de boa-fé.
Apesar da transferência de domínio somente se der quando o preço for
integralmente pago, o comprador responde desde a tradição pelos riscos da coisa.
O vendedor somente poderá executar o comprador após constituir o
comprador em mora, mediante protesto de título ou interpelação judicial.
Verificada a mora, pode o vendedor mover ação de cobrança ou poderá
mover ação para recuperar a posse da coisa. Tem a opção.

e) Da venda sobre documentos: Diz o art. 529: “Na venda sobre documentos, a
tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo e dos outros
documentos exigidos pelo contrato, ou no silencio deste, pelos usos”.
Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o
pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo
se o defeito já houver sido comprovado.

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ATENÇÃO:
• Tem uso no comércio marítimo, na venda de praça a praça e entre países
distantes.
• O vendedor, entregando o documento se libera das obrigações e tem direito
ao preço.
• O comprador, na posse justificada de tal documento, pode exigir do
transportador a entrega da mercadoria.
• Estipulado o pagamento por intermédio de banco, caberá ao banco efetuá-lo
contra a entrega de documentos, sem obrigação de verificar a coisa vendida,
pela qual não responde. Nesse caso, somente após a recusa do
estabelecimento bancário a efetuar o pagamento, poderá o vendedor
pretendê-lo diretamente ao comprador.

QUESTÃO (02/2008-CESPE) Rodrigo, colecionador de automóveis antigos, vendeu


a seu amigo Felipe um dos veículos de sua coleção, estabelecendo, no entanto,
que, no caso de o adquirente pretender vender o bem, este deveria ser
primeiramente oferecido ao atual vendedor. Passados dois meses do negócio,
Patrícia se interessou pelo automóvel e, desconhecendo quaisquer das condições
estabelecidas entre o original proprietário e Felipe, adquiriu o bem e pagou o preço
ajustado, realizando todos os trâmites administrativos necessários ao registro junto
ao órgão de trânsito. Concretizado o negócio, Rodrigo tomou conhecimento da sua
existência e, tendo a sua disposição a mesma quantia paga por Patrícia, pretende
reaver o bem com base na condição que ajustara com Felipe.
Em face dessa situação hipotética, assumindo a posição de advogado(a)
procurado(a) por Rodrigo, identifique a natureza do ajuste celebrado entre Rodrigo e
Felipe, além das consequências jurídicas do contrato realizado por Felipe e Patrícia.

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044. TROCA OU PERMUTA

A troca é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra,
que não seja dinheiro. Difere da compra e venda apenas por isso. Na compra e
venda a prestação é dinheiro, aqui é uma coisa.
Como ocorre com a compra e venda, a troca é contrato oneroso, bilateral e
consensual.
Não tem caráter real, mas apenas obrigacional. Gera para os permutastes a
obrigação de transferir, um para o outro, a propriedade de determinada coisa.
Diz o art. 533:
Aplicam-se a troca as disposições referentes a compra e venda, com as
seguintes modificações:
I – Salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por
metade as despesas com o instrumento da troca;
II – É anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e
descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge
do alienante.

Ex.: se o objeto que o ascendente vai trocar com o filho é de valor maior que o filho
vai dar par o pai, os outros filhos devem ser ouvidos, bem como a esposa. Devem
consentir expressamente.

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05 5. CONTRATO ESTIMATÓRIO

Chamado de consignação. O consignante entrega bens móveis a outrem,


denominado consignatário, para que este os venda pelo preço estimado. Ao ser
vendido, o consignatário deve pagar o preço ou se não fizer isso, restituir a coisa
consignada. Ex: carro na revenda.
• Natureza real, pois se aperfeiçoa na entrega do bem ao consignatário.
• Oneroso, comutativo e bilateral.
E se ocorre alguma coisa com o bem na posse do consignatário? Se a
restituição da coisa não puder ser feita, ainda que por caso fortuito ou forca maior,
ainda assim, o consignatário irá responder pelo valor dos bens deixados em
consignação.

• A coisa consignada não faz parte do patrimônio do consignatário, assim, não


pode ser objeto de penhora ou sequestro pelos credores.
• Por outro lado, o consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser
restituída ou de lhe ser comunicada a restituição. Findo o prazo do contrato,
terá ele direito ao preço ou a restituição da coisa. Mas enquanto durar o prazo
não pode dispor da coisa, nem perturbar a posse direta do consignatário,
pena de se sujeitar a interditos possessórios.

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066. DA DOAÇÃO:

É o contrato em que uma pessoa, por livre e espontânea vontade, transfere


do seu patrimônio bens ou vantagens para o patrimônio de uma outra pessoa.

❖ Características:
a) Natureza contratual
b) Intenção de doar
c) Transferência de bens para o patrimônio do donatário
d) Aceitação da doação pelo donatário.

❖ Natureza jurídica:
a) Unilateral: Só gera obrigações para uma das partes, apesar de precisar de 2
para que o contrato se perfectibilize.
b) Consensual: Só se aperfeiçoa com o acordo de vontades entre o doador e o
donatário, independente da entrega da coisa, contudo, a doação de bens moveis de
pequeno valor é real.
c) Solene: a doação deve ser feita por escritura pública ou instrumento particular,
contudo, em bens móveis de pequeno valor admite-se a doação verbal, se no
momento posterior, a coisa lhe for entregue.
d) Gratuito: Não é oneroso para a outra parte. É necessário aceitação do donatário,
já que é um ato unilateral? Sim, é indispensável. A aceitação pode, assim, ser
expressa, tácita ou presumida:
- Expressa: no próprio instrumento.
- Tácita: Quando revelada pelo comportamento do donatário. Ex.: começa a usar a
cosia
- Presumida: Ha vários casos:
# Quando o doador fixa o prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não. Se não
se manifestar, entende-se que aceitou. Isso só se aplica nos casos de doação pura
em que não há ônus para o donatário.
# Quando a doação é feita em contemplação de casamento futuro com certa pessoa
e o casamento se realiza.

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Ex.: vou te dar uma casa se tu se casares com fulano de tal. Há o casamento. O
casamento gera a presunção de que foi aceita a doação.
Pode a aceitação se totalmente dispensável? Sim, em casos de doação pura
e quando o donatário for absolutamente incapaz. Entende-se que só pode trazer
benefício ao incapaz.

❖ Espécies de doação:
Ha várias espécies de doação:
a) Pura e simples ou típica: quando o doador não impõe nenhuma restrição ou
encargo ao beneficiário.

b) Onerosa ou modal ou com encargo ou gravada: aquela em que o doador


impõe ao donatário uma incumbência.
O encargo (que não suspende a aquisição, nem o exercício do direito) pode
ser imposto em benefício do doador, de terceiro ou de interesse geral.
Ex.: Vou doar esse terreno, mas em parte dele quero que se obrigue a fazer um
orfanato.
E se a pessoa não cumpre, já está com o terreno mesmo? O seu
cumprimento, em caso de mora, pode ser exigido judicialmente. Tanto o MP, como o
doador e como terceiro (alguma entidade) tem o direito de exigir que seja cumprido o
encargo.

c) Remuneratória: é aquela doação feita em retribuição a serviços prestados. Havia


uma dívida, mas essa dívida não pode mais ser cobrada. Ex.: Devo ao médico, mas
não tenho dinheiro. Faz tempo, a dívida já foi prescrita. Então eu doei alguma coisa.
Se a dívida era exigível, a retribuição se chama pagamento. Se não era
exigível, a retribuição se chama doação remuneratória.

d) Mista: embora haja intenção de doar, existe um preço fixado, caracterizando


uma venda e não uma doação.
Ex: compra e venda de uma casa pelo valor de R$1.00. É preço vil, querem disfarçar
uma compra e venda quando na verdade é uma doação.

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Deve-se verificar qual é o negócio preponderante, para se aplicar as regras a
ele destinadas.

e) Contemplação do merecimento do donatário: é quando o doador menciona


que está dando porque é grande amigo, por exemplo. Não perde o caráter de ser
pura.

f) Feita ao nascituro: é valida, desde que aceita pelo seu representante legal.
Sendo titular de direito eventual, uma condição, caducará a doação se não nascer
com vida.

g) Em forma de subvenção periódica: Trata-se de uma pensão, em favor do


donatário. Extingue-se quando o doador morrer, salvo se outra coisa dispuser.
Contudo, quando o donatário morrer não se transmite.

h) Em contemplação de casamento futuro – propter nuptias: é o presente de


casamento. Ficara sem efeito a doação se o casamento não se realizar. A eficácia
da doação se subordina a condição suspensiva – realização do casamento.
Dispensa aceitação, já que se presume que foi aceita com a realização do
casamento. Pode ser inclusive beneficiado os filhos do casal.

i) Entre cônjuges: Art. 544: a doação de ascendentes a descendentes ou de um


cônjuge a outra, importa adiantamento do que lhes cabe por herança.

j) Doação conjuntiva – em comum a mais de uma pessoa: Se nada for estipulado


em contrário, entende-se que a doação a mais de uma pessoa deve ser distribuída
igualmente entre elas.

k) De ascendentes a descendentes: Os descendentes estão assim obrigados a


conferir, no inventário do doador, por meio de colação, os bens recebidos – Artigo
544.

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l) Doação oficiosa: É a que excede o limite de que o doador dispõe, no momento
da liberalidade, poderia dispor em testamento. Declara-se nula somente a parte que
exceder tal limite e não toda a doação. Havendo herdeiros necessários, o testador
só poderá dispor da metade de seus bens, já que a outra metade pertence aos
herdeiros – Artigo 549.

m) Com cláusula de retorno e reversão: Se o doador sobreviver mais tempo que


o donatário, o doador pode estipular que uma vez o donatário morto, os bens voltem
ao patrimônio do doador. É uma condição resolutiva expressa. Não prevalece a
clausula de reversão em favor de terceiro.

n) Manual: É a doação verbal de bens móveis de pequeno valor. É uma exceção,


que a doação precisa ser solene e consensual. Aqui ela é informal e real.

o) Feita para entidade futura: a doação a entidade futura caduca se, em 2 anos,
está não estiver constituída regularmente. A existência legal das peças jurídicas de
direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no registro.

❖ Restrições à doação
a) Doação pelo devedor já insolvente: Ou pela doação, ficou reduzido a
insolvência. É uma fraude contra credores, podendo ser impugnada pela ação
paulina.

b) Doação da parte inoficiosa: Nulifica a parte exceder ao que poderia dispor em


testamento.

c) Doação de todos os bens do doador: Não pode todos os bens do doador serem
doados. Tem que haver uma reserva de parte, ou renda suficiente para a
subsistência do doador. A lei tenta impedir que o doador seja reduzido à miséria.

d) Doação do cônjuge adultero a seu cúmplice: Ex.: homem que tem amante e
doa bens para a “outra”. Pode ser anulada a doação pelo cônjuge ou pelos herdeiros

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necessários. Prazo de 2 anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. – Artigo
550, CC.
A doação é anulável. Mas e se o casamento não foi dissolvido? Pode propor,
não tem problema.

❖ Revogação da doação:
O direito de se revogar a doação é de ordem pública e, portanto, irrenunciável
antecipadamente. Ex.: no contrato de doação diz que renuncia ao direito de revogar
a doação. Não pode.

a) Casos comuns a todos os contratos:


Tendo natureza contratual, a doação pode ter todos os vícios do negócio
jurídico. Pode também ser declarada nula se o agente for absolutamente incapaz,
bem como nos demais contratos.
Pode ainda ser rescindida, de comum acordo, ou resolver-se, revertendo os
bens para o doador.

b) Por descumprimento de encargo: Diz o art. 555 que “a doação pode ser
revogada por ingratidão do donatário ou por inexecução do encargo”.
Para que a doação possa ser revogada por descumprimento do encargo, é
necessário que o donatário tenha incorrido em mora. Se o doador fixou prazo para
cumprimento do encargo, e o donatário nada faz, está em mora.

c) Por ingratidão do donatário: Se encontra nas artes 557 e 558.


• Se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de
homicídio doloso contra ele. E o homicídio culposo? Não está incluído. Também não
será possível a revogação se a absolvição criminal se der por ausência de
imputabilidade, ou por uma das excludentes de ilicitude.
• Ofensas físicas cometidas pelo donatário contra o doador. Necessário
consumação e que haja dolo.
• Se o injuriou gravemente o ou caluniou.
• Podendo o donatário dar alimentos ao doador, aquele não o faz.

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Quando o ofendido não for do doador, mas cônjuge, ascendente,
descendente, ou irmão do doador, ou descendente adotivo, também pode o doador
pleitear a revogação da doação.
Qual é o prazo para que se peça a revogação? Dentro de um ano, a contar de
quando chegue ao conhecimento do doador, um dos fatos acima elencados.
Quem pode ajuizar a ação de revogação da doação? É personalíssima,
somente o doador. Contudo, se a ação foi iniciada, e o doador morreu os herdeiros e
sucessores podem prosseguir com a ação.
Mas e no caso de homicídio doloso? Se morreu, como vai ajuizar? É uma
exceção, nesse caso, os herdeiros podem ajuizar a ação de revogação da doação.
De qualquer forma, só se admite a revogação da doação, por ingratidão, nas
doações puras. Não se admite, portanto: nas doações puramente remuneratórias,
nas oneradas com encargo já cumprido, nas que se fizerem em cumprimento de
obrigação natural, e nas feitas para determinado casamento.

34
077. LOCAÇÃO DE COISAS

Pode ser de bem móvel ou imóvel


❖ Sendo bem imóvel: o CC não dispõe a respeito da locação de prédios. A
locação urbana rege-se pela Lei 8.245/91 – a Lei do Inquilinato.
Diz o art. 1º da Lei que: “Continuam regidas pelo CC as locações de imóveis
de propriedade da União, dos Estados, dos Municípios, de vagas autônomas de
garagem ou de espaços para estacionamento de veículos; de espaços destinados a
publicidade; de apart-hotéis, hotéis residências ou equiparados; e o arrendamento
mercantil”.
Assim, as normas referentes a bens imóveis no CC, tem aplicação somente a
esses tipos de bens.

❖ Sendo bem móvel: a locação de bem móvel é regida pelo CC (art. 565 e
seguintes) ou pelo CDC (Lei nº. 8.078/90), que é uma sobrestutura jurídica (mais do
que um microssistema, como o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei
nº.8.069/90).

O conceito está no art. 565 do CC: “Na locação de coisas, uma das partes se
obriga a ceder a outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não
fungível, mediante certa retribuição.”

❖ Natureza jurídica:
Contrato bilateral – envolve prestações recíprocas;
Oneroso – Ambas as partes obtêm proveito;
Consensual – aperfeiçoa-se com o acordo de vontades;
Comutativo – Não envolve risco;
Não solene – a forma é livre;
Trato sucessivo – Prolonga-se no tempo.

35
❖ Elementos fundamentais da locação
São 3 os elementos fundamentais: objeto, preço e consentimento.
a) Objeto: Pode ser coisa móvel ou imóvel. O bem imóvel é sempre infungível. Já o
bem móvel deve ser infungível.
b) Preço: O preço aqui é chamado de aluguel ou remuneração. É também elemento
fundamental, se não houver preço a ser pago não haverá locação e sim comodato.
O Preço deve ser determinado ou ao menos determinável. Pode o pagamento ser
feito em espécie ao invés de dinheiro? Em regra, o pagamento é feito em dinheiro,
mas nada impede que se convencione de outro modo.
c) Consentimento: Pode ser expresso ou tácito.

❖ Obrigações do locador
Quem é que pode locar? Somente o locador? Não, todo aquele que tiver
poderes de administração, como, por exemplo, inventariante em relação aos bens
do espólio, os pais que possuem o usufruto dos bens dos filhos. Estão no art. 566 do
Código Civil:

a) Entregar ao locatário a coisa alugada: a entrega deve ser feita com os


acessórios. Também importante que o locador deve entregar a coisa no estado em
que possa ser utilizada, para servir ao uso em que se destina.
Ex: aluga automóvel e não funciona. O locador está descumprindo sua obrigação,
razão suficiente para rescisão do contrato.

b) Manter a coisa no mesmo estado: compete ao locador realizar os reparos


necessários para que a coisa seja mantida em condições de uso, salvo convenção
em contrário.
Importante é que o locador será obrigado a isso – salvo convenção em
contrário – se tais estragos não derivarem de culpa do locatário. Se derivarem, o
locatário é de que deve fazer os reparos.

36
c) Garantir o uso pacífico da coisa durante o tempo do contrato: isso envolve o
fato de que o locador não pode perturbar o locatário e também garantir que terceiros
não perturbem a locação para com o locatário.
Tal disposição está na primeira parte do art. 568: “O locador resguardara o
locatário dos embaraços e turbações de terceiros, que tenham ou pretendam ter
direitos sobre a coisa alugada…”

d) Responde ainda, o locador, por vícios ou defeitos da coisa, que sejam


anteriores a locação. Obs.: Responsabilidade pelas reparações que a coisa
alugada venha a necessitar e que não decorram de culpa do locatário.
Sim, qualquer dano que for decorrente de culpa do locatário, ele que irá
pagar.
Diz a lei no art. 567: “Se, durante a locação, se deteriorar a coisa alugada,
sem culpa do locatário, a este caberá pedir redução proporcional do aluguel, ou
resolver o contrato, caso já não sirva a coisa para o fim a que se destinava.”
A lei defere ao locatário a escolha em caso de deterioração da coisa alugada:
rescinde o contrato (em caso de grave deterioração) ou pede redução proporcional
do aluguel.

❖ Obrigações do locatário:
Estão no art. 569 do Código Civil:
a) Servir-se da coisa alugada para os usos convencionados e tratá-la como se sua
fosse. A coisa alugada destina-se a algo e não pode o locatário mudar essa
destinação a seu livre arbítrio. Ex.: Não pode o locatário de um automóvel de
passeio usá-lo para disputar corridas de velocidade.
Nesse caso, além de ser hipótese de rescisão do contrato, pode o locador
também exigir perdas e danos:

Art. 570: “Se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou


do a que se destina, ou se ela se danificar por abuso do locatário, poderá o
locador, além de rescindir o contrato, exigir perdas e danos.”

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b) Pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados e, na falta de prazos, de
acordo com o costume do lugar. Na falta de convenção em contrário, a dívida é
“quérable” e deve ser paga, pontualmente, no domicilio do devedor.
c) Levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se pretendam
fundadas em direito.
d) Restituir a coisa quando a locação terminar no estado em que recebeu. Salvo as
deteriorações naturais ao uso regular.
E se o locatário não devolve quando acabou o contrato? Caracteriza esbulho
E se a coisa se encontra em estado deplorável? Pode o locador se recusar a
receber as chaves, não dando quitação.

❖ Prazos da locação
As regras relativas aos prazos não se aplicam aos prédios urbanos, tem
regulamentação própria.
A locação de coisas pode se ajustar por prazo determinado ou indeterminado.

PRAZO DETERMINADO: na hipótese de haver locação por prazo determinado, a


relação cessa de pleno direito com o advento do termo, independente de notificação
ou aviso – Art. 573 – Deve, assim, o locatário devolver a coisa ao locador.
Mas e se não devolve? Cabe ao locador reclamar a coisa através de
notificação, a fim de colocá-lo em mora.
Mas e se mesmo após a notificação, o locatário não se sai do bem? Se notificado, o
locatário não restituir a coisa, sua mora poderá provocar dupla sanção: 1 – Pagará o
aluguel que o locador, na própria notificação, arbitrar. É um meio compulsório que
quer obrigar o locatário a restituir a coisa. Diz o art. 575 que: “Se o aluguel arbitrado
for manifestamente excessivo, poderá o juiz reduzi-lo, mas tendo sempre em conta o
seu caráter de penalidade.” 2 – Responderá pelo dano que a coisa venha a sofrer,
ainda que proveniente de caso fortuito.

Pode o locador tentar reaver a coisa locada antes do prazo determinado?


Somente se pagar ao locatário perdas e danos resultantes.

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Pode o locatário devolver antes de findo o contrato? Somente se pagar,
proporcionalmente, a multa prevista no contrato.

Se esta multa for excessiva, poderá o juiz reduzi-la.


OBS.: Morrendo o locador ou o locatário, transfere-se aos seus herdeiros a locação
por tempo determinado. Exige, sempre, notificação do locatário.

❖ Direito de retenção do locatário:


Direito de retenção é um meio direto de defesa. Pode assim, in caso, o
locatário se recusar a entregar a coisa sem antes receber o que lhe é de direito.
Assim, a lei dá ao locatário o direito de retenção sobre as benfeitorias
necessárias (sempre) e das úteis (se feitas com a autorização do locador), desde
que expressamente não acordado o contrário.

❖ Coisa alienada durante a locação:


O adquirente não é obrigado a respeitar o contrato de locação, se nesse
contrato de locação não houver cláusula que diga que o contrato continua vigendo
em caso de alienação e não estiver registrado.
Portanto, para que após a venda da coisa o contrato de locação continue a
existir, é necessário que: haja cláusula no contrato de locação a respeito e também
que esteja esse contrato registrado.
O registro será o de Títulos e Documentos do domicílio do devedor quando a
coisa for móvel e será o de Registro de Imóveis quando a coisa for bem imóvel.
De qualquer forma, se, de acordo com o disposto acima, o adquirente para
acabar com o contrato de locação, ele só pode querer tirar o locatário se respeitar o
prazo de 90 dias após notificação.

❖ Leasing ou arrendamento mercantil:


É uma espécie do gênero locação. Trata-se de negócio jurídico complexo, no
qual uma empresa/pessoa física, necessitando de certo equipamento ou imóvel, em
vez de adquiri-lo, consegue que uma instituição financeira o faça. Esse banco vai e
adquire, mas então aluga para a empresa, por um certo prazo.

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No final do prazo o locatário deve devolver o bem locado com a opção de o
locatário adquirir o bem por um preço residual, que já foi estipulado no momento em
que se celebrou a avenca.
Partes no contrato: arrendador-financiador/locatário-financiado/alienante do bem
almejado.

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088. EMPRÉSTIMO

Empréstimo é o contrato pelo qual uma das partes entrega uma coisa à outra, para
ser devolvida posteriormente.
Duas são as espécies de empréstimos: mútuo e comodato.

8.1 SECAO I – DO COMODATO:


Comodato é o empréstimo para uso apenas. É um empréstimo GRATUITO de
coisas infungíveis. Podem ser bens moveis ou imóveis.
O contrato se perfectibiliza com a tradição da coisa.

❖ Características do comodato:
a) Gratuidade do contrato: se fosse oneroso, iria se confundir com a locação.
b) Infungibilidade do objeto: restituição do mesmo objeto recebido como empréstimo.
Tem que devolver a mesma coisa. É um contrato real.
c) Aperfeiçoamento do contrato com a tradição.
d) Contrato unilateral: após a tradição, só há obrigações para o comodatário de
restituir a coisa.
e) Contrato temporário. Tal ajuste pode ser por prazo determinado ou indeterminado,
como na locação.
f) Contrato não solene: Obs.: Tutores, curadores e administradores de bens alheios
não podem dar em comodato, sem expressa autorização, os bens que estão sob
suas guardas.

❖ Obrigações do comodatário:
a) Conservar a coisa – art. 582, CC: o comodatário deve conservar a coisa como
se fosse sua. Deve evitar desgastá-la. Não pode alugá-la, nem a emprestar. Deve
responder pelas despesas de conservação.
O comodatário não pode nunca tentar cobrar do comodante as despesas
comuns, feitas com o uso e gozo da coisa emprestada.
Mas e se houver despesas extraordinárias que devem ser feitas? Devem ser
comunicadas ao comodante, para que autorize.

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Como possuidor de boa-fé, o comodatário tem direito a retenção de
benfeitorias.

b) Uso da coisa de forma adequada: Responde por perdas e danos se usar o bem
inadequadamente. Também pode ser causa de resolução do contrato.

c) Restituir a coisa: Deve ser restituída a coisa no prazo convencionado.


E se não há prazo? Entende-se como necessário quando acaba a razão pela qual o
bem foi emprestado.

Ex.: empresta trator para colheita. Acaba a colheita se entende que acabou o prazo.
Mas e se o comodante quer antes? Pode pegar antes do prazo?
Somente se decorrer de uma situação imprevista e urgente, desde que reconhecida
pelo juiz.
E se não devolve?
-Caracteriza-se esbulho. Está sujeito a reintegração de posse.
-Também incide em sanção: responderá pelos riscos da mora e terá de pagar
aluguel arbitrado pelo comodante durante o tempo de atraso.
->Em regra, o comodatário não responde pelos riscos da coisa, não responde pela
deterioração ou caso fortuito. Mas se estiver em mora, irá responder, ainda que
decorrente de caso fortuito.

❖ Extinção do comodato
a) Pelo final do prazo dado, ou não havendo prazo, pela utilização da coisa de
acordo com a finalidade para que foi emprestada.
b) Pela resolução por iniciativa do comodante, em caso de descumprimento do
comodatário de suas obrigações. Ex.: aluga o terreno emprestado.
c) Por sentença, a pedido do comodante, se provada a necessidade de restituição
do bem antes do prazo acordado.
d) Pela morte do comodatário, se o contrato foi celebrado “intuito personae”. Se não
foi personalíssimo, se transmite aos herdeiros.

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8.2 SECAO II – DO MÚTUO:
Empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário se obriga a restituir ao mutante o
que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Ex.: dinheiro.
Neste tipo de empréstimo, o mutuante transfere o domínio do bem ao
mutuário. Isso não acontece no comodato.
Como o mutuário se torna PROPRIETÁRIO, corre por conta desse todos os
riscos da tradição.
É empréstimo para consumo, pois o mutuário não está obrigado a devolver o
mesmo bem, do qual se torna dono. Sendo dono, pode consumir, vender, etc.
Mutuo é diferente do comodato:
# É empréstimo de consumo, enquanto que o comodato é empréstimo de uso.
# Tem por objeto coisas fungíveis. Já o comodato tem por objeto coisas infungíveis.
# Mutuário desobriga-se restituindo coisa da mesma espécie, qualidade e
quantidade. Já o comodatário só se exonera restituindo a própria coisa emprestada.
# O mútuo acarreta a transferência de domínio. O comodato não.
# Mútuo permite a alienação da coisa emprestada, ao passo que o comodato não
pode fazer isso.

❖ Características do mútuo:
-a) gratuito, real, unilateral, não solene e temporário.
b) o contrato de mútuo surge como um ato para socorrer um amigo. Daí se presume
que ele seja gratuito. Permite, contudo, que se convencione expressamente, a
onerosidade do contrato.
c) O mútuo é tratado como um contrato gratuito. Mas na verdade, quase a totalidade
dos casos de mútuo, uma taxa de juros é fixada, que é a remuneração pelo uso do
capital.
d) Mutuo é temporário. Não existe mútuo para sempre. Se for para sempre será
doação. Mas e se não houver prazo para a restituição do bem? O CC determina
que: 1) Até a próxima colheita, se for de produtos agrícolas; 2) De 30 dias, pelo
menos, se for de dinheiro; 3) Do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for
de qualquer outra coisa fungível.

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❖ Mútuo com fins econômicos:
Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os
quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406,
permitindo-se a capitalização anual – Taxa que estiver em vigor para a mora do
pagamento de impostos devidos a fazenda nacional.
E se faz um mutuo para um menor sem autorização dos pais?
Regra:
No intuito de proteger o menor, a lei nega ao mutuante o direito de reaver o
dinheiro emprestado, quer do próprio menor, do pai, mãe, avo ou fiadores. Por isso
que, quando se empresta dinheiro, o mutante deve verificar se a pessoa é capaz
para ser mutuário.
Exceção:
Contudo, o mutuante terá direito ao reembolso se:
a – O representante do menor ratificar o empréstimo;
b – se o menor, estando ausente essa pessoa se viu obrigado a contraí-lo para os
seus alimentos habituais;
c – se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho, caso em que a execução do
credor não lhes poderá ultrapassar as forças;
d – Se o empréstimo reverteu em benefício do menor;
e – Se este obteve o empréstimo maliciosamente.

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099. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

No antigo Código Civil era chamado de locação de serviços. O conceito está


no artigo 594 do Código Civil que diz que constitui prestação de serviços: “Toda a
espécie de serviço ou trabalho licito, material ou imaterial, contratado mediante
retribuição.”
O CC tem caráter residual, aplicando-se somente para aquelas relações que
não estão disciplinadas pela CLT e pelo CDC.

9.1 Natureza jurídica


O contrato de prestação de serviços é um contrato bilateral, oneroso e
consensual.

9.2 Características
❖ Remuneração
Se qualquer das partes não souber ler ou escrever, o instrumento poderá ser
assinado a rogo e subscrito por 2 testemunhas.
A remuneração é paga por aquele que contrata o prestador ou locador de
serviços.
Se as partes não estipularam ou não chegaram a um acordo sobre a
remuneração, esta será fixada por arbitramento, segundo o costume do lugar, o
tempo de serviço e a sua qualidade.
Quando que se deve pagar a remuneração/retribuição? Deve ser paga, de
regra, depois de prestado o serviço. Contudo, se convencionaram o contrário ou se
o costume do lugar for o de pagar antes, paga-se então antes de prestado o serviço.

❖ Prazo
Nunca pode o contrato de prestação de serviços ultrapassar 4 anos – art. 598
do Código Civil. Mesmo se para o que foi contratado não terminou, exemplo, para
construir algo, findo os 4 anos, acaba o contrato.

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Sem prazo certo ou sem obra determinada: quando contratado sem prazo
determinado pode ser objeto de resilição unilateral. É o que diz o art. 599:

Não havendo prazo estipulado, nem se podendo interferir da natureza do


contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio,
mediante prévio aviso, pode resolver o contrato.
Dá-se o aviso:
I - Com antecedência de 8 dias, se o salário se houver fixado por tempo de
um mês, ou mais;
II - Com antecipação de 4 dias, se o salário se tiver ajustado por semana,
ou quinzena;
III – De véspera, quando se tenha contratado por menos de 7 dias.

Com prazo certo ou por obra determinada: se o prestador de serviços não


foi contratado para certo e determinado trabalho, entender-se-á que se obrigou a
todo e qualquer serviço compatível com as suas forças e condições – art. 601 do
Código Civil.

a) Prestador de serviços: Art. 602: “O prestador de serviço contratado por


tempo certo, ou por obra determinada, não se pode ausentar, ou despedir, sem justa
causa, antes de preenchido o tempo, ou concluída a obra.”
Mas e se for embora sem justa causa antes do termino do prazo ou da
obra? Terá direito a retribuição devida, mas responderá por perdas e danos.
Mas e se for embora com justa causa? Igual. Terá direito ao que lhe for
devido, mas poderá responder por perdas e danos.

b) Pessoa que contratou o prestador de serviços: o que acontece se o que


contratou ou prestador de serviços o despede sem justa causa? O que contratou
será obrigado a pagar a totalidade da retribuição vencida e mais a metade que lhe
tocaria até o final do contrato. Portanto: 100% da vencida + 50% da que ele
receberia se o contrato fosse cumprido.

9.3 Fim do contrato


Quando o contrato terminar, o prestador de serviços tem direito a exigir de
quem o contratou a declaração de que o contrato está findo.

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Tem esse direito também se for despedido sem justa causa ou se tiver algum
outro motivo para deixar o trabalho.
Como acaba o contrato de prestação de serviços?
a) Morte de qualquer das partes;
b) Conclusão da obra;
c) Término do prazo;
d) Rescisão do contrato mediante aviso prévio;
e) Inadimplemento de qualquer das partes;
f) Impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior.

9.4 Impossibilidade de substituição do prestador e contratante


Aquele que contratou os serviços não pode transferir a outra pessoa o direito
aos serviços ajustados.
O prestador de serviços também não pode trazer alguém em seu lugar para
que cumpra com o seu dever, a menos que o contratante aceite.

9.5 Serviço prestado por quem não possua título para tanto
Se o serviço foi prestado por quem não possua título de habilitação, ou não
satisfaça outros requisitos estabelecidos em lei, não poderá quem prestou esses
serviços cobrar a retribuição normalmente correspondente ao trabalho executado.
Contudo, se deste trabalho resultar benefício para a outra parte, o juiz
atribuirá a quem prestou uma compensação razoável, desde que tenha agido de
boa-fé.
Tal compensação não será dada do a proibição da prestação de serviço
resultar de lei de ordem pública.

9.6 Aliciamento de pessoas


Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a
outrem, pagará a esse contratante a importância que ao prestador de serviço, pelo
ajuste desfeito, houvesse de caber durante 2 anos.

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9.7 Prédio agrícola
A alienação de prédio agrícola, onde a prestação de serviços se opera, não
importa a rescisão do contrato, salvo ao prestador opção entre continuá-lo com o
adquirente da propriedade ou com o primitivo contratante.

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1010. EMPREITADA

10.1 Características gerais


Através de um contrato de empreitada, uma das partes – o empreiteiro – se
compromete a executar determinada obra. Faz isso pessoalmente ou com auxílio de
terceiros em troca de certa remuneração a ser paga pelo outro contratante – o dono
da obra.
Não há relação de subordinação. O empreiteiro fará a obra de acordo com as
instruções dadas pelo dono da obra.
É semelhante a locação de serviços mas se distingue um pouco:

10.2 Natureza jurídica


O contrato de empreitada é bilateral, consensual, comutativo, oneroso e não
solene.

10.3 Espécies de empreitada


A empreitada pode ser apenas de mão-de-obra, também chamada
empreitada de lavor ou também de mão-de-obra e materiais, chamada empreitada
mista.
A obrigação de fornecer materiais não se presume, resulta da lei ou da
vontade das partes.

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10.4 Efeitos da distinção entre empreitadas

FIXAÇÃO:
# Se a empreitada for de mão-de-obra, o dono da obra sofre o prejuízo pelo seu
perecimento e o empreiteiro perde os salários. Nesse caso, se o empreiteiro provar
que a perda resultou de defeito dos materiais ele não perderá a sua retribuição.

# Se a empreitada for de mão-de-obra e materiais os prejuízos são sofridos pelo


empreiteiro. Contudo, se o contratante estiver em mora, todos os riscos correm por
conta do contratante da empreitada.

10.5 Verificação e recebimento da obra


Pode se convencionar que a obra seja entregue por partes ou só depois de
concluída. No caso de obra que é entregue por partes o empreiteiro pode exigir o
pagamento na proporção da obra executada.

Observação: Presunções
Se o dono recebe e paga o que é devido ao empreiteiro, presume-se que está
tudo em ordem.

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O que se mediu presume-se verificado se, em 30 dias, a contar da medição,
não forem denunciados vícios ou defeitos pelo dono da obra.
E se o empreiteiro não cumpriu exatamente o que o dono da obra queria? O
dono da obra pode rejeitar ou pedir abatimento do preço se o empreiteiro se afastou
das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas.

10.6 Obrigações do empreiteiro


a) Entregar a coisa no tempo e na forma ajustados.

b) Pagar os materiais que recebeu, se por imperícia ou negligência os inutilizar. Só


se aplica aqui a empreitada mão-de-obra.

c) Não tem o empreiteiro direito de exigir acréscimo no preço, ainda que haja
modificações no projeto. Entende-se que o empreiteiro deveria ter previsto isso.

Mas e se as modificações foram propostas pelo dono da obra? Então, sim, pode
o empreiteiro pedir mais dinheiro. É o que diz o art. 619:

Art. 619: “Salvo estipulação o em contrário, o empreiteiro que se incumbir


de executar uma obra, segundo plano aceito por quem a encomendou, não
terá direito a exigir acréscimo no preço, ainda que sejam introduzidas
modificações no projeto, a não ser que estas resultem de instruções escritas
do dono da obra.
Ainda que não tenha havido autorização escrita, o dono da obra é obrigado
a pagar ao empreiteiro os aumentos e acréscimos, segundo o que for
arbitrado, se, sempre presente a obra, por continuadas visitas, não podia
ignorar o que se estava passando, e nunca protestou.”

Mas o que acontece se o preço dos materiais cai? O dono da obra pode pedir a
diferença, desde que ocorra uma diminuição no preço do material ou da mão-de-
obra superior a 1/10 do preço total.

d) Responde o empreiteiro pela solidez e segurança do seu trabalho.


É uma regra excepcional de garantia e está disposta no art. 618:
Art. 618: “Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções
consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá durante o
prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim
em razão dos materiais como do solo.”

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Essa garantia excepcional vale para edifícios e outras construções
consideráveis.
Vincula o construtor a responder pela solidez e segurança do trabalho
realizado pelo prazo de 5 anos. Contudo, tais defeitos devem ser de tal monta que
possam ameaçar a solidez e a segurança do prédio.
E os outros defeitos que não dizem respeito a solidez e segurança? Demais
defeitos se regem pelos princípios da responsabilidade normal, e não a essa regra
excepcional.

10.7 Obrigações do dono da obra


a) Pagamento do preço
b) Receber a coisa

E se injustificadamente se recusar? Caracteriza-se a mora, ficando ele


responsável por todos os efeitos dela decorrentes, inclusive perecimento por caso
fortuito. O empreiteiro pode requerer o depósito judicial da coisa.

10.8 Suspensão da execução da obra


a) Pelo dono da obra: após iniciada a execução da obra, o dono da obra pode
suspendê-la. Deve, contudo, pagar ao empreiteiro as despesas e os lucros relativos
aos serviços já feitos bem como uma indenização razoável baseada no que o
empreiteiro teria ganho se concluída a obra.

b) Pelo empreiteiro: se suspensa sem justa causa, o empreiteiro responde por


perdas e danos.

Pode suspender com justa causa quando:


a) Por culpa do dono ou motivo de força maior;
b) Quando no decorrer dos serviços, se manifestarem dificuldades imprevisíveis
como causas hídricas ou geológicas, tornando a empreitada excessivamente
onerosa e o dono se opuser ao reajuste do preço.

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c) As modificações exigidas pelo dono da obra, por seu vulto ou natureza, forem
desproporcionais ao projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a arcar com o
acréscimo no preço.

10.9 Morte de uma das partes


O contrato de empreitada não se extingue pela morte de qualquer das partes.
Salvo na hipótese da obrigação, com relação ao empreiteiro, ser personalíssima.

53
11
11. DEPÓSITO

Pelo contrato de depósito, recebe o depositário um objeto móvel, para


guardar, até que o depositante o reclame. Temos o depositante e o depositário. Sua
principal finalidade é a guarda de coisa alheia. É só para depositar e não para usar.

11.1 Características
É um contrato real. Aperfeiçoa-se com a entrega do bem ao depositário.
Exige-se a tradição.
Deve o bem ser móvel.
Obrigação de restituir.
Caráter de temporariedade: “Depositário recebe o objeto para guardar até que
o depositante o reclame”.
Gratuidade.

REGRA: É um contrato gratuito.


EXCEÇÕES:
1 - Se houver convenção em contrário ou
2 - Se resultante de atividade negocial ou
3 - Se o depositário praticar isso por profissão.

OBSERVAÇÃO: Se o depósito for oneroso e a retribuição do depositário não


constar de lei, nem resultar de ajuste, será determinada pelos usos do lugar, e, na
falta destes, por arbitramento.

OBSERVAÇÃO: quando remunerado, o depósito é contrato bilateral. Quando


gratuito é unilateral.

Mas o que ocorre se o depositário vier a usar a coisa depositada, ou


tipo, lavar? Se tal uso não constitua fim precípuo do contrato, não desnatura o
contrato, continuando depósito. Não vira comodato. Se for um uso habitual,
desnatura e vira comodato.

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Aliás, para usar o bem, necessita expressa permissão do depositante. Mas e
se sem permissão, usa a coisa depositada ou repassa a terceiro? Responde por
perdas e danos.
Pode o depositário repassar a terceiro? Sim, mas se não for
expressamente autorizado, responde por perdas e danos.
Aliás, o depositário se devidamente autorizado, der a coisa para ser
depositado por terceiro, será responsável pela coisa se agiu com culpa pela escolha
do terceiro.

11.2 SEÇÃO I – DO DEPÓSITO VOLUNTÁRIO


❖ Voluntário: art. 627 a 646 do Código Civil
É aquele livremente ajustado pelas partes, sem pressão das circunstâncias
externas. Através dele, o depositante escolhe o depositário e lhe confia a guarda de
uma coisa móvel. O depositário deve restituir a coisa, quando solicitado.
É contrato real, não solene, unilateral, gratuito e feito “intuitu personae”.

❖ Obrigações do depositário
São 3 as obrigações: de guardar a coisa, de conservá-la e de restituí-la – art.
629 do Código Civil.

A) Guardar a coisa: deve guardar a coisa como se sua fosse. Contudo, se por
motivo forte, não puder mais guardar a coisa, e o depositante não queira recebê-la,
pode o depositário depositar judicialmente a coisa. Se a coisa se entregou colada,
lacrada, selada…deve entregar de volta do mesmo jeito.

B) Obrigação de conservar a coisa: é corolário da obrigação de guardar. Tanto no


comodatário como no depositário, a obrigação de guardar a coisa deve ser cumprida
como se a coisa alheia fosse sua.

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Mas e se a coisa se perde ou se deteriora por culpa do depositário? Cabe a ele,
obviamente a responsabilidade.
Mas e se a coisa se perde ou se deteriora sem culpa do depositário (caso fortuito e
força maior)? Não é sua responsabilidade, mas para que seja válida tal desculpa,
tem que provar. Assim, a lei prevê, juris tantum, a culpa do depositário. Ele é que
tem que provar a ocorrência do Caso fortuito ou força maior.

OBSERVAÇÃO: Depositário que perdeu a coisa por força maior, mas recebeu outra
em seu lugar: É obrigado a entregar a segunda coisa ao depositante, e ceder-lhe as
ações que no caso tiver contra o terceiro responsável pela restituição da primeira.
Ex.: Se o automóvel dado para guardar perece por incêndio na garagem. O
depositário deve transferir ao depositante a indenização recebida e as ações que
porventura tiver contra os causadores do sinistro.

C) Obrigação de restituir a coisa: não importa se tenha ou não prazo, pois como o
depósito se presume feito em benefício do depositante, este pode reclamar a
qualquer tempo. Pode inclusive, requerer antes do prazo determinado.
Contudo, há alguns casos em que o depositário pode se valer para não
entregar a coisa quando imediatamente solicitada pelo depositante:

❖ Outras disposições importantes com relação a restituição

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a) A restituição da coisa deve se dar no lugar em que tiver de ser guardada, salvo
disposição em contrário. As despesas de restituição correm por conta do
depositante.
b) Venda da coisa depositada pelo herdeiro do depositário: a obrigação de restituir
passa, obviamente, ao herdeiro do depositário. Se este a vendeu, o depositante na
reivindicação de posse. Também é obrigado a restituir o dinheiro ao comprador.

c) A devolução da coisa deve vir acompanhada dos frutos e acrescidos.

❖ Obrigações do depositante
a) De reembolsar as despesas feitas pelo depositário na guarda da coisa. Ex.:
depósito de um animal, os gastos com ração.
b) A de indenizar o depositário pelos prejuízos que do depósito advierem. Ex.: dano
decorrente de um defeito oculto da coisa, que provocou deterioração em bens de
propriedade do depositário – Vazamento de óleo. Vaca doente que contaminou as
demais.

Mas como compelir o depositante a pagar? É o caso da a – das obrigações do


depositário – ele pode ter direito de retenção para compelir o depositante a pagar.
Se essas despesas não forem líquidas, não dá para se ver de plano, do que
se está falando, o depositário pode exigir caução idônea do depositante, ou, na falta
de caução, a remoção da coisa para o depósito público, até que as dívidas se
liquidem. Portanto, para haver o direito de retenção, é necessário que as dívidas
sejam claras e líquidas.

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11.3 SEÇÃO II – DO DEPÓSITO NECESSÁRIO
É aquele em que o depositante, não podendo escolher livremente a pessoa
do depositário, é forçado pelas circunstâncias a efetuar o depósito com pessoas
desconhecidas.
Diferentemente do depósito voluntario, não se trata de negócio fundado na
confiança.
Há 2 espécies de depósitos necessários:
a) Depósito que se faz em desempenho de obrigação legal.
Ex. Dívida vencida do vários credores disputam a titularidade.

b) O que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, inundação,


naufrágio, saque.
É também chamado de depósito miserável. Pede-se a primeira pessoa que se
encontrar para que possa depositar os bens com ela.
O depósito miserável dispensa prova escrita para demonstrar a sua
existência.
Tal depósito miserável é equiparado ao das bagagens de viajantes, hospedes
e fregueses em hotéis e em pensões.
Assim, como no caso do n. 1, não pode o depositante escolher o depositário.

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1212. MANDATO

A conceituação está no artigo 653 do Código Civil: “Opera-se o mandato do


alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar
interesses. A procuração é o instrumento do mandato. A principal característica é
a ideia de representação.

12.1 Consequências da ideia de representação


a) Atos do mandatário vinculam o mandante, se dentro dos poderes outorgados.
Ainda que os atos do mandatário sejam contrários as instruções do mandante. Cabe
ao mandante pedir perdas e danos se quiser, mais tarde;
b) Se o mandatário obrar em seu próprio nome, não vincula o mandante;
c) Os atos praticados além dos poderes conferidos ao mandatário não vinculam o
mandante, se por ele não forem ratificados;
d) Atos praticados após a extinção do mandato, pelo mandatário, não podem
vincular o mandante.

12.2 Tipos de mandato


a) Legais: quando a lei confere aos representantes mandato para administrar bens
e interesses alheios. Ex.: pais, tutores, curadores.
b) Judiciais: do nomeados pelo juiz. Ex.: inventariantes.
c) Convencionais: quando recebem procuração para agir em nome do mandante.
Ex.: advogado.

12.3 Natureza jurídica


Consensual, não solene, intuiu personae, em regra gratuito e unilateral.
Não solene porque se admite o mandato tácito e verbal: Art. 656: O mandato
pode ser tácito ou expresso, escrito ou verbal.
Em regra gratuito, porque o art. 658 do Código Civil diz presumir-se
gratuidade se não houver sido estipulada retribuição, exceto se o objeto de mandato
corresponder ao daqueles que o mandatário trata por oficio ou profissão (ex.
Mandato confiado a advogado).

59
Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista em lei
ou no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou,
na falta destes, por arbitramento.

12.4 Pessoas que podem outorgar e receber mandato


Toda pessoa é apta para outorgar mandato mediante instrumento particular,
que valerá, desde que tenha a assinatura do outorgante.
Assim, não podem outorgar mandado os absoluta e relativamente incapazes.
ATENÇÃO: art. 666 do Código Civil.

Art. 666: O maior de 16 anos e menor de 18 anos não emancipados pode


ser o mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de
conformidade com as regras de obrigações regidas por relativamente
incapazes.

12.5 Requisitos da procuração


Art. 656: O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi
passado, a qualificação do outorgante, e do outorgado, a data e o objeto da outorga
com a designação e a extensão dos poderes conferidos.
O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga
a firma reconhecida.
Mas e se o ato exigir instrumento público – compra e venda de imóvel – a
procuração deve também ser pública. Diz o art. 657:
A outorga do mandato está sujeita a forma exigida por lei para o ato a ser
praticado. Não se admite mandato verbal do o ato deva ser celebrado por
escrito.

OBSERVAÇÃO: Substabelecimento: Ato pelo qual o mandatário transfere, ao


substabelecido, os poderes que lhe foram conferidos pelo mandante. O
substabelecimento pode ser feito por instrumento particular, ainda que a procuração
tenha sido feita por instrumento público. Pode-se substabelecer com ou sem reserva
de poderes. Se ocorrer sem reserva de poderes, ocorre uma renúncia ao mandato.

60
12.6 Espécies de mandato
a) Pode ser expresso, tácito, verbal ou escrito. O mandato tácito só vale quando a lei
não exigir o mandato expresso. Da mesma forma o verbal só vale quando a lei não
exigir o escrito. Art. 659: A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do
começo de execução.

b) Pode também ser gratuito, remunerado, geral ou especial. Art. 660: O mandato
pode ser especial a um ou mais negócios determinados ou geral, a todos os do
mandante.
Mandato em termos gerais só confere poderes de administração.
Mandato com poderes especiais e expressos pode-se realizar outros negócios,
como: hipoteca, alienação, etc.

E se houver 2 ou mais mandatários? Qualquer um deles pode exercer os


poderes, desde que os poderes não estejam específicos e devidos para cada um
dos mandatários.

12.7 Obrigações do mandatário


a) Agir em nome do mandante: mas e se exceder aos poderes, ou ir contra? Será
o mandatário considerado mero gestor de negócios, enquanto o mandante não
ratificar os atos.
A ratificação valida o ato, fazendo com que seus efeitos retroajam a data em
que foi praticado.

b) Aplicar toda a sua diligência habitual na execução do contrato e indenizar


qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer.

SUBSTABELECIMENTO: Aliás, se o procurador vier a substabelecer sem estar


autorizado a fazer isso, responderá pelos prejuízos que o mandante sofrer por sua
culpa ou daquele substabelecido.

61
Em qualquer hipótese, tratando-se de responsabilidade contratual, cabe ao
mandatário o ônus de provar que não teve culpa no descumprimento do contrato.
Compete mostrar a ausência de qualquer comportamento doloso de sua parte.
Mas e se o procurador substabeleceu sem estar autorizado? Responderá
pelos prejuízos que o mandante sofrer por culpa sua ou do novo substabelecido.
E se havia proibição do mandante para substabelecer? Se houve
substabelecimento, o mandatário responderá pelo prejuízos ocorridos quando o
substituto atuou, até mesmo decorrente de caso fortuito, salvo provando que o fato
teria ocorrido, mesmo que não tivesse substabelecido.
Aliás, havendo proibição, de substabelecer, os atos praticados pelo
substabelecido não obrigam o mandante, salvo ratificação do mandante.
E se a procuração for omissa com relação ao substabelecimento? O
procurador será responsável se o substabelecido agir com culpa.

c) Prestar contas de sua gerência ao mandante, transferindo qualquer vantagem


proveniente do mandato, por qualquer título que seja.
E se o mandatário pegou o $ para si ao invés de dar para o mandante?
Ele deve pagar juros desde a data em que deveria ter entregue ao mandante.
E se o mandatário com dinheiro do mandante, compra EM NOME
PRÓPRIO, algo que deveria ter sido comprado para o mandatário? Tem
obrigação de entregar a coisa comprada.

d) Apresentar o instrumento de mandato as pessoas: Se o terceiro exige a


procuração e verifica que o mandatário não tem poderes para praticar o ato e, assim
mesmo, negocia com ele, está assumindo o risco. Não terá ação o terceiro contra o
mandatário. Salvo se o mandatário prometeu ratificação do mandante ou se
responsabilizou pessoalmente.

e) Concluir negócio já começado. Se o mandante, morreu, foi interditado, etc.,


embora ciente da morte, o mandatário deve concluir o negócio.

62
12.8 Obrigações do mandante
a) Dever de satisfazer as obrigações assumidas pelo mandatário dentro dos
poderes conferidos no mandato. Ainda que o mandatário não atenda as instruções
do mandante, se agiu dentro de seus poderes. Só resta ação regressiva ao
mandante contra o mandatário.

b) Reembolsar as despesas efetuadas pelo mandatário – com juros -. Também


pagar a remuneração ajustada e indenizar o mandatário de prejuízos quando da
execução do mandato.

OBSERVAÇÃO: o mandatário tem direito de retenção sobre o objeto do mandato


até que seja reembolsado do que pagou. A retenção não é permitida para cobrança
de honorários e perdas e danos.
-Art. 664: O mandatário tem direito de reter, do objeto da operação que lhe foi
cometida, quando baste para pagamento de tudo que lhe for devido em
consequência do mandato.
Se forem vários os outorgantes, todos são solidariamente responsáveis pelas
verbas devidas ao mandatário.

12.9 Da extinção do mandato: É contrato “intuito personae”


Cessa o mandato – art. 682:

a) Pela revogação ou pela renúncia: O mandato admite resilição unilateral. Se a


resilição partir do mandante há revogação. Se partir do mandatário há renúncia.

# A revogação pode ser:


Expressa: quando o mandante faz declaração.
Tácita: quando resulta de atos do mandante que revelam tal propósito.
Ex.: assume a direção de negócios que antes estava a cargo do mandatário.
Ex.: Nomeia outro procurador com plenos poderes e comunica o mandatário. Para
que tenha eficácia, a nomeação de outro mandatário deve ser comunicada ao
mandatário original. Para que tenha eficácia perante terceiros, de boa-fé, tem que

63
ser comunicado para eles também, a troca de mandatários. Isso pode ser feito
diretamente, ou através de editais.

#Renúncia: deve ser EXPRESSAMENTE comunicado ao mandante. Não há,


portanto, renúncia tácita. Se o mandante for prejudicado pela renúncia, por ser
inoportuna, deve ser indenizado pelo mandatário. Essa indenização somente não
ocorrerá se este provar que não podia continuar no mandato sem prejuízo
considerável.

b) Pela morte ou interdição de uma das partes


Mandante: Não se admite mandato para ter execução depois da morte do
mandante. Contudo, enquanto o mandatário ignorar a morte ou interdição do
mandante os atos praticados com terceiros de boa-fé serão válidos.
Mandatário: Se falecer ou mandatário ou for interditado, seus herdeiros devem
avisar o mandante. O contrato de mandato será extinto. As atividades dos herdeiros
devem ser limitar a conservação das coisas do mandante e não mais a praticar atos,
já que o contrato é “intuito personae”.

c) Pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir poderes ou o


mandatário a substabelecer.

d) Pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio: quando a procuração é


dada com data certa de vigência, cessa a procuração com o advento do termo. Se
outorgada para um negócio determinado e realizado o negócio, também cessará.

12.10 Irrevogabilidade do mandato:


O mandato pode ser irrevogável quando:
a) Contiver cláusula de irrevogabilidade: e se o mandante revogar? Pagará perdas
e danos.

b) Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de um negócio bilateral ou


tiver sido estipulada no exclusivo interesse do mandatário.

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c) Quando foi conferido um mandato em causa própria: a procuração em causa
própria é outorgada no interesse exclusivo do mandatário e utilizada como forma de
alienação de bens. Recebe este poderes para transferi-los para o seu nome ou para
o de terceiro – finalidade mista. Dispensa-se nova intervenção dos outorgantes e
prestação de contas.
Se o mandato foi dado com essa espécie de cláusula, a sua revogação não
terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes. Fica o
mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens
móveis ou imóveis objetos do mandato.
A procuração em causa própria, dispensa o procurador de prestar contas,
pois encerra uma cessão de direitos em proveito dele. É, por isto mesmo, irrevogável
e presta-se à transmissão do domínio mediante transcrição no Registro Imobiliário,
desde que reúna os requisitos fundamentais.

d) Quando contenha poderes ou confirmação de negócios encetados, aos quais se


ache vinculado.

12.11 Mandato judicial


É outorgada a pessoa legalmente habilitada, para defesa de direitos e
interesses em juízo. Diz o art. 692: “O mandato judicial fica subordinado as normas
que lhe dizem respeito, constantes de legislação processual, e, supletivamente, as
estabelecidas neste código”.
É aquele conferido para o patrocínio, em juízo, de interesses do mandante.
O mandato judicial só pode ser exercido por quem possa procurar em juízo,
isto é, pessoas habilitadas como o advogado.

65
1313. COMISSÃO

13.1 Considerações gerais


Pelo contrato de comissão, um dos contraentes, denominado comissário,
obriga-se a realizar negócios em favor do outro, chamado comitente, segundo
instruções do comitente, mas em nome do comissário.

O comissário se obriga, perante terceiros, em seu próprio nome, figurando no


contrato como parte.
Em geral, no contrato, não consta o nome do comitente, porque o comissário
age em seu próprio nome. Mas pode ser convencionado que o comitente também
conste.
É geralmente fixada uma percentagem sobre as vendas para o comissário.
Não estipulada a remuneração devida ao comissário, será ela arbitrada
segundo os usos do lugar.
Art. 693: O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de
bens pelo comissário, em seu próprio nome, a conta do comitente.

13.2 Natureza jurídica


O contrato de comissão é bilateral, consensual, oneroso e não solene.

13.3 Obrigações do comissário


a) Fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contratar. Tais
pessoas não tem ação contra o comitente, mas somente contra o comissário.

b) Deve agir conforme as ordens e instruções do comitente. E se não agir


conforme as ordens do comitente? Os atos do comissário serão justificados se
desses atos tiver resultado vantagem para o comitente ou o comissário agiu de
acordo com os usos e costumes.

c) Comissário é obrigado a pagar juros em caso de mora na entrega dos fundos que
pertenceram ao comitente.

66
Aliás, o comitente também é obrigado a pagar juros pelo que o comissário houver
adiantado para cumprimento de suas ordens.

13.4 Responsabilidade do comissário


a) Responde por qualquer prejuízo ocasionar ao comitente, salvo por motivo de
força maior.

b) Insolvência das pessoas


REGRA: Não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar;
EXCEÇÃO: Em caso de culpa do comissário
EXCEÇÃO: Se no contrato de comissão, constar a cláusula “dele credere”.
Nesse caso o comissário responderá solidariamente com as pessoas com
quem houver tratado em nome do comitente. Nesse caso, por haver esta cláusula, o
comissário deve ter direito a remuneração mais elevada para compensar o ônus
assumido.
Tal cláusula visa estimular o comissário a ser cuidadoso na hora de escolher
as pessoas para negociar.
Pode ser estipulado entre comitente e comissário que não há direito a
elevação da remuneração? Sim.

13.5 Prorrogação de pagamento


O comissário é presumivelmente autorizado a conceder dilação do prazo de
pagamento.
Mas e se houver instruções do comitente para não dilatar o pagamento? Pode
o comitente exigir que o comissário pague de imediato ou responda pelas
consequências da dilação concedida.

13.6 Morte ou dispensa do comissário


No caso de morte do comissário ou outro motivo de força maior, será devida
pelo comitente a remuneração proporcional aos trabalhos realizados.
Dispensa com justa causa:

67
a) Ainda assim terá o comissário direito a ser remunerado pelos serviços úteis
prestados ao comitente.
b) Contudo, o comitente tem também direito a exigir do comissário os prejuízos
sofridos.

Dispensa sem justa causa:


a) Tem o comissário direito a ser reembolsado pelos trabalhos prestados, bem como
a ser ressarcido pelas perdas e danos decorrentes de sua dispensa.

Direito de retenção:
O comissário tem direito de retenção sobre os bens e valores em seu poder
para reembolso das despesas feitas, bem como para pagamento das comissões
devidas.

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1414. AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO

14.1 Conceito
Configura-se o contrato de agência quando uma pessoa assume, em caráter
não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, a conta de
outra, a realização de certos negócios, em zona determinada.
O agente atua como promotor de negócios em favor de uma ou mais
empresas, em determinadas praças. Não é corretor porque não efetua a conclusão
dos negócios jurídicos. Não é mandatário nem procurador. Fomenta o negócio do
agenciado, mas não o representa nem com ele possui vínculo. Promove o negócio,
mas nada o obriga que conclua o negócio. Prepara o negócio em favor do
agenciado, mas não o conclui.
As partes são chamadas de agente e de proponente.
Exemplos de agentes: agentes de seguros, de aplicações financeiras, de
atividades artísticas, agentes de futebol.
Configura-se a distribuição quando o agente tiver a sua disposição a coisa a
ser negociada.
O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na
conclusão dos contratos. Nesses casos, será caracterizado o contrato de
representação autônoma, regulado pela Lei 4.886/65. Isso porque a função do
representante autônomo é, ao contrário da agência, concluir o negócio.
Diz o art. 721 que: “Aplicam-se ao contrato de agência e distribuição, no que
couber, as regras concernentes ao mandato e a comissão e as constantes em lei
especiais.”

14.2 Natureza jurídica


O contrato de agência e distribuição é bilateral, consensual, oneroso e não
solene.

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14.3 Direitos e obrigações do proponente
Sempre se não for, no contrato, o contrário estipulado:
a) Não pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agente, na mesma zona com
idêntica incumbência.
b) Não pode assumir o encargo de tratar de negócios do mesmo gênero, a conta de
outros proponentes.

14.4 Direitos e obrigações do agente ou distribuidor


a) Deve agir com diligência, atendendo as instruções recebidas pelo proponente.
Lembrando que o contrato possui caráter não eventual e sem vínculos de
dependência.
b) Tem direito a indenização se o proponente, sem justa causa, cessar o
atendimento das propostas ou reduzi-lo tanto que se torna antieconômica a
continuação do contrato.

14.5 Remuneração do agente ou distribuidor


Agente ou distribuidor terá direito a remuneração correspondente aos
negócios concluídos dentro de sua zona, ainda que sem a sua interferência.
A remuneração será devida ao agente também quando o negócio deixar de
ser realizado por fato imputável ao proponente.
Todas as despesas com a agência ou a distribuição correm por conta do
agente ou distribuidor.

14.6 Dispensa do agente ou distribuidor


Com prazo determinado:
Com justa causa: Terá o agente direito a ser remunerado pelos serviços
úteis prestados ao proponente, sem embargo de perdas e danos pelos prejuízos
sofridos.
Sem justa causa: Terá o agente direito a remuneração até então devida,
inclusive sobre os negócios pendentes, além das indenizações previstas em lei
especial.

70
Mas e se o agente não puder continuar o trabalho por motivo de força maior?
Terá direito a remuneração correspondente aos serviços realizados, cabendo esse
direito aos herdeiros em caso de morte.

Sem prazo determinado:


Qualquer das partes poderá resolvê-lo, mediante aviso prévio de noventa
dias, desde que transcorrido o prazo compatível com a natureza e o vulto do
investimento exigido do agente. No caso de divergência, o juiz resolve o quantum.

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1515. CORRETAGEM

15.1 Conceito
O contrato de corretagem também chamado de mediação. Por esse contrato,
uma pessoa, não ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou
por qualquer outra relação de dependência, obriga-se a obter para a segunda um ou
mais negócios conforme as instruções recebidas.
O corretor aproxima pessoas interessadas na realização de determinado
negócio. Se o negócio se concretizar, ele ganha retribuição da outra parte. Essa
outra parte é chamada de comitente (o que contrata a intermediação do corretor).
A obrigação assumida pelo corretor é de resultado. Somente fará jus a
comissão se houver resultado útil, ou seja, se a aproximação entre o comitente e o
terceiro resultar na efetivação do negócio.

15.2 Natureza jurídica


O contrato de corretagem é bilateral, consensual, acessório, oneroso, não
solene e aleatório (o corretor assume o risco do insucesso da aproximação).

15.3 Direitos e obrigações do corretor


A profissão de corretor de imóveis é disciplinada pela Lei 6.530/78. Contudo,
as regras do CC também devem ser aplicadas. Vide art. 729.

a) Executar a mediação com diligência e prudência que o negócio requerer.


b) Deve prestar ao cliente todas as informações sobre o andamento dos negócios.

15.4 Remuneração do corretor


Se não estiver fixada em lei, nem ajustada entre as partes, será arbitrada
segundo a natureza do negócio e os usos locais.
Quando que se deve a remuneração ao corretor?
a) No momento em que tenha conseguido o resultado previsto no contrato de
mediação/corretagem ou ainda
b) Quando este contrato não se efetive em virtude de arrependimento das partes.

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Se o negócio foi concluído diretamente entre comitente e terceiro, sem
intervenção do corretor, nenhuma remuneração será a ele devida. Contudo, se por
escrito for ajustada a corretagem por exclusividade, terá o corretor direito a
remuneração integral, ainda que realizado o negócio sem a sua mediação, salvo se
comprovada sua inércia ou ociosidade.

QUE – E se houver mais de um corretor? A remuneração será paga a todos em


partes iguais, salvo disposição em contrário.

15.5 Dispensa do corretor


Sem prazo determinado: se o dono do negócio dispensar o corretor e o negócio se
realizar posteriormente, como fruto de sua mediação, a remuneração lhe será
devida.

Com prazo determinado: se o negócio se realizar posteriormente, como fruto da


mediação do corretor, este também deverá receber o que lhe é de direito.

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1616. TRANSPORTE

Contrato de transporte é aquele em que alguém se obriga a transportar de um


lugar para outro, coisas ou pessoas mediante uma retribuição.
O contrato de transporte pode ser acessório de outro negócio jurídico, como a
compra e venda, em que o vendedor se obriga a entregar no domicilio do comprador
a coisa comprada. Ex.: compra em uma loja e eles entregam em casa. Nesse caso,
não é um contrato de transporte, mas de compra e venda.
Diz o art. 736 que: “Não se subordina as normas do contrato de transporte o
feito gratuitamente, por amizade ou cortesia. Não se considera gratuito o transporte
quando, embora feito sem remuneração, o transportador auferiu vantagens
indiretas.”

16.1 Características
Gera, para o transportador, obrigação de resultado: o de transportar a coisa
ou pessoa.
Tem características próprias, mas rege-se, no que couber, pelas disposições
relativas ao depósito, quando a coisa é guardada nos armazéns do transportador.
É bilateral ou sinalagmático: gera obrigações recíprocas.
Consensual: muitas vezes, simples aceno do passageiro já se aperfeiçoa o
contrato.
Em regra oneroso: carona pode ser gratuita.
Comutativo, não solene e; de adesão.

O CC tenta compatibilizar as normas deste capítulo com a legislação especial


referente a transportes, dizendo que são aplicáveis aos contratos de transporte,
quando couber, os preceitos constantes em legislação especial, como CDC, código
brasileiro de aeronáutica…desde que não contrariem as disposições do CC.

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16.2 Espécies
O transporte é de pessoas e coisas. Pode ser terrestre, aéreo, marítimo.
E de bagagens? É acessório ao contrato de transporte de pessoas. O
viajante, ao comprar a passagem assegura o direito de transportar consigo a sua
bagagem.

❖ Do transporte de pessoas
A partir do momento em que um indivíduo acena para um veículo de
transporte público, já o contrato teve início, diante da oferta do passageiro.
Mas quando se inicia a responsabilidade pelo passageiro? Como é uma
execução rodoviária, a responsabilidade inicia no momento em que o passageiro
embarca e só termina com o desembarque.
E se o passageiro for clandestino? Não há responsabilidade da empresa,
eis que não há contrato entre eles.
Art. 734: “O transportador responde pelos danos causados as pessoas
transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula
qualquer cláusula excludente de responsabilidade.
É licito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fim de
fixar o limite da indenização.”

Art. 735: “A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o


passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação
regressiva.”

Assim, qualquer acidente que cause danos ao passageiro obriga o


transportador a indenizá-lo, porque se trata de obrigação de resultado. Não importa
se o acidente ocorreu porque o veículo foi “fechado” por outra pessoa. O
transportador vai indenizar o passageiro e, se quiser, mover uma ação regressiva
contra o que “fechou”.
A única hipótese para que possa ser excluída a culpa do transportador é por
um fato realmente fortuito, como, por exemplo, uma bala perdida acerta o
passageiro.

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DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO TRANSPORTADOR
O transportador está sujeito aos horários e itinerários previstos, sob pena de
responder por perdas e danos, salvo força maior.
Não pode recusar passageiros, salvo os casos previstos em regulamentos, ou
se as condições de higiene e saúde do interessado assim justificarem.
Se a viagem foi interrompida por qualquer motivo alheio a vontade do
transportador, ainda que decorrente de evento imprevisto, fica a transportadora
obrigada a concluir o transporte em outro veículo da mesma categoria ou com a
anuência do passageiro, por modalidade diversa, a sua custa, correndo também por
sua conta as despesas de estada e alimentação do usuário, durante a espera de
novo transporte.
Há direito de retenção sobre a bagagem do passageiro, se o transportador
realizou o transporte o passageiro não paga.

DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO TRANSPORTADO:


Pessoa transportada deve se submeter as normas estabelecidas pela
transportadora.
Devem se abster de qualquer ato que cause incomodo ou prejuízo aos
passageiros ou que impeçam a execução normal dos serviços.
Tem direito a rescindir o contrato de transporte antes de iniciada a viagem. É
devida ao passageiro a restituição do valor da passagem, desde que feita a
comunicação ao transportador em tempo de ser renegociada.
Pode desistir da viagem, mesmo depois de iniciada a viagem. É devida ao
passageiro a quantia do trecho não ao utilizado, desde que provado que outra
pessoa haja sido transportada em seu lugar.
O passageiro que não apareceu não terá reembolso da passagem. Salvo se
provar que outra pessoa viajou no seu lugar e, assim, a empresa lucrou.
De qualquer forma, o transportador pode reter até 5% do valor da passagem
sob pena de multa compensatória, nos casos do passageiro desistir da viagem, ou
querer parar depois de um tempo.

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OBSERVAÇÃO: Art. 731: O transporte exercido em virtude de autorização,
concessão, permissão, rege-se pelas normas regulamentares e pelo que for
estabelecido para aqueles atos, sem prejuízo do disposto neste código.
Art. 733: Nos contratos de transporte cumulativo, cada transportador se obriga a
cumprir o contrato relativamente ao respectivo percurso, respondendo pelos danos
nele causados a pessoas e coisas.

❖ Do transporte de coisas
A coisa, entregue ao transportador, deve estar caracterizada pela sua
natureza, valor, peso e quantidade, e tudo mais que for necessário para que não se
confunda com outras. O destinatário deve ser indicado, ao menos, como nome e
endereço.
Quando receber a coisa, o transportador deve emitir CONHECIMENTO de
transporte.
Mas e se houver falsa descrição dos bens e produtos que foram entregues? O
transportador deve ser indenizado pelo prejuízo que sofrer. Tal ação deve ser
ajuizada nos 120 dias a contar do ato de falsificação, pena de caducar.
Pode o transportador recusar a coisa? Sim, se a embalagem for inadequada,
bem como possa por em risco a saúde das pessoas, ou danificar o veículo e outros
bens. Alias, coisas que são proibidas de serem transportadas, gás, ácidos…, devem
ser expressamente recusadas pelo transportador. Também devem ser recusadas
aqueles em que não há autorização para transporte, ou nota fiscal…

OBRIGAÇÕES DO TRANSPORTADOR.
Deve conduzir a coisa até o seu destino. Entregar no prazo. Tem a
responsabilidade limitada ao valor constante no conhecimento. Tal responsabilidade
começa quando a coisa é entregue e termina quando ela é recebida, ou depositada
em juízo, se o destinatário não foi encontrado.

Mas o que acontece se o transporte não puder ser feito ou sofrer longa
interrupção? O transportador deve cuidar da coisa. Aliás, o transportador responde
por perecimento e deterioração, salvo força maior.

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Mas e se a interrupção continuar? Se não for por culpa do transportador. Se o
remetente não se manifestar, pode o transportador depositar a coisa em juízo ou
vende-la, depositando o valor.
Mas e se a interrupção perdurar por culpa do transportador. Deve depositar a
coisa, mas só poderá vende-la se a coisa for perecível.
Se o transportador mantiver a coisa em seu armazém, continua a responder
pela guarda. Pode, contudo, receber uma remuneração para tanto.

OBRIGAÇÕES DAQUELE QUE TEVE A COISA TRANSPORTADA:


Até a entrega da coisa, pode o remetente desistir do transporte e pedir a coisa
de volta ou ordenar que seja entregue a outra pessoa. De qualquer forma, deve o
remetente pagar os acrescidos mais as perdas e danos que houver.
Aquele que recebeu as mercadorias deve verificar, no momento, se tudo está
correto, pena de declinar dos direitos de reclamação.
Mas e se só puder se ver o defeito depois? O destinatário conserva o
direito de ação contra o transportador, desde que denuncie o dano em 10 dias da
data da entrega.
E se não se souber quem é o destinatário? Deposita em juízo e, se for
perecível, vende e deposita o dinheiro em juízo.

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1717. DO SEGURO
SEÇÃO I – DISPOSICOES GERAIS:

17.1 Conceito
Considera-se contrato de seguro aquele pelo qual uma das partes,
denominada segurador, se obriga a garantir interesse legitimo da outra, intitulado
segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados.

17.2 Partes
Segurado e seguradora/segurador.
Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador, entidade
legalmente habilitada. Será necessariamente uma sociedade anônima, uma
sociedade mutua ou uma cooperativa com autorização governamental.
Firmas individuais não podem exercer habitualmente a exploração da
atividade de seguros.

17.3 Procedimento
O segurado paga o prêmio – prestações – ao segurador, que assume o risco
do segurado. Assim, a seguradora deve pagar ao segurado uma indenização para a
hipótese de se concretizar um fato aleatório – o sinistro.
O risco é o objeto do contrato. O sinistro é eventual: pode ou não pode
ocorrer. Se não ocorrer, o segurador recebe o prêmio sem ter que desembolsar
nada.

17.4 Seguro de vida


Tanto no seguro de vida quanto no seguro obrigatório em que ocorrer morte
por acidente, pode surgir a figura do beneficiário, o terceiro, a quem é pago o valor
do seguro.

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17.5 Resseguro
Consiste na transferência de parte ou de toda a responsabilidade do
segurador para o ressegurado. A finalidade é distribuir para mais de um segurador a
responsabilidade pela contraprestação.

17.6 Natureza jurídica


a) Bilateral: envolve prestações reciprocas de cada uma das partes.
b) Oneroso: nenhum deles quer fazer uma liberalidade.
c) Consensual: há divergências acerca do caráter consensual do contrato de seguro.
Afirmam que ele não se aperfeiçoa com a conversão, mas somente depois de
emitida a apólice. Seria, assim, um contrato solene. Tem-se entendido, no entanto,
que tal formalidade é apenas, “ad probationem”, não sendo essencial. A falta da
apólice é, portanto, suprível por outras provas.
d) Aleatório: porque nenhum deles pode antever o que vai receber/ficar no final do
contrato. A avença é sempre aleatória para o segurador.
e) Adesão.
f) Solene, para Silvio Rodrigues, há controvérsias.

17.7 Espécies de seguro


Hoje em dia, praticamente todos os riscos são suscetíveis de serem
segurados.

SEGUROS SOCIAIS: Visam o interesse de determinadas categorias de


pessoas contra a velhice, invalidez, acidentes de trabalho, desemprego…Em geral
são obrigatórios.

SEGUROS PRIVADOS: Visam ao interesse dos indivíduos e são, em regra,


facultativos. São os que nos interessam aqui.
Os seguros privados podem ser divididos em terrestres, marítimos e aéreos.
Tais seguros, por sua vez, são divididos em seguro de coisas e de pessoas.

Seguro privado: terrestres/marítimos/aéreos /seguros de coisas e de pessoas.

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17.8 Seguro de coisas
O seguro de coisas se divide em:
a) Seguro de coisas próprias. Ex.: seguro contra incêndio, seguro de transporte,
segura contra roubo.
b) Seguro de responsabilidade: O segurado se garante contra indenizações que
deva pagar a terceiros, resultantes de atos por que deve responder.

17.9 Seguro de pessoas


O seguro de pessoas se divide em:
a) Seguro de vida: tem pouca semelhança com o contrato tradicional de seguro.
b) Seguro contra acidentes pessoais: É aquele contrato em que o segurador ajusta
uma indenização para o caso de ser vitimado em acidente.

17.10 Elementos do contrato de seguros


São 5 os elementos: segurador, segurado, risco, prêmio e apólice, que é o
instrumento de negócio.
a) Segurador: contratante que, assumindo os riscos, propõe-se a indenizar o
segurado dos danos sofridos, na hipótese do sinistro.
-Somente pode ser segurador sociedades anônimas, mútuas e cooperativas,
mediante prévia autorização do governo federal.

b) Segurado: contratante que paga o prêmio e com isso transfere o risco para o
segurador.

c) Risco: é o elemento mais importante do seguro. Constitui o próprio objeto do


contrato de seguro. É o acontecimento futuro e incerto.
Diz o art., 762: Nulo será o contrato para garantia de risco proveniente de ato
doloso do segurado, do beneficiário ou de representante de um ou de outro.

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d) Prêmio: é a contraprestação devida pelo segurado, ao segurador, em troca do
risco por aquele assumido. O prêmio é composto de uma importância + encargos
destinados a administração + lucro.
O prêmio é fixo e em geral vem determinado no contrato.
Quem estabelece o prêmio é o segurador.

Art. 764: Salvo disposição especial, o fato de se não ter verificado o risco,
em previsão do qual se faz o seguro, não exime o segurado de pagar o
prêmio.

E se está em atraso com o prêmio e o sinistro ocorre? Não, diz o art. 763:
“Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no
pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.”

Contudo, pode haver a reabilitação do segurado pela purgação da mora no


prazo da notificação que é obrigatória.
Interpretando o que diz o art. 763 dá-se a entender que aquela pessoa que
pagou por anos o prêmio, se atrasar 1 só dia já não tem direito a indenização. O
atraso no pagamento do prêmio não resolve ipso jure o contrato de seguro. Tem que
ver caso a caso.

e) Apólice ou bilhete de seguro: é o instrumento do contrato.

17.11 Requisitos da apólice


a) Deve consignar os riscos assumidos;
b) o início e o fim de sua validade – bem explicito. Deve declarar o mês, hora e dia
do começo e fim do risco;
c) o limite da garantia;
d) Prêmio devido
e) Quando for o caso, o nome do segurado e do beneficiário.

As apólices devem ser nominativas, a ordem ou ao portador. Contudo, no


seguro de pessoas, a apólice ou o bilhete não podem ser ao portador.
As nominativas podem ser transferidas mediante cessão civil. As a ordem
pode ser transferidas mediante endosso.

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17.12 Prova do contrato de seguro:
O contrato de seguro será provado com a exibição da apólice ou do bilhete de
seguro.
E se não tiver esses doc.? Poderá ser provado por documento
comprobatório do pagamento do respectivo prêmio.

# Antes da apólice ser emitida, ela deve ser precedida de proposta escrita com a
declaração dos elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco.
Os riscos cobertos pelo segurador são exclusivamente os constantes da
apólice. Contudo, sendo o contrato de adesão, a interpretação deve se dar a favor
da parte aderente.

17.13 Exigência de boa-fé


A boa-fé é exigida em todos os contratos, mas é mais energeticamente
exigida nos contratos de seguro.
Diz o art. 765:
“O segurado e o segurador são obrigados a guardar na conclusão e na
execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito
do objeto como das circunstâncias e declarações a ele concernentes.”

Mas e se não houver boa-fé? Art. 766:


Se o segurado por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas
ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na
taxa do prêmio, perderá o direito a garantia, além de ficar obrigado ao
prêmio vencido.

O segurado, assim, ciente de estar doente, responde com não se lhe


perguntarem tal fato. Assim, se isso ocorrer, não ganha a indenização e ainda tem
que pagar o prêmio vencido.
Mas e se de fato o segurado não sabia? Nesse caso, o segurador terá
direito a resolver o contrato ou a cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença no
prêmio, isso porque, obviamente, o valor do prêmio, se soubesse o segurador da
doença, seria bem maior.

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17.14 Obrigações do segurado
a) Pagar o prêmio estipulado no contrato. Não pode tentar se exonerar, alegando
que o risco não se verificou.

b) Não pode agravar intencionalmente o risco. Se fizer, perdera a garantia – art. 768.
Ex.: o segurado vai e faz assalto a mão armada e morre. Não há indenização ao
segurado.

c) Deve comunicar o segurador, logo que saiba, todo incidente suscetível de agravar
consideravelmente o risco, pena de perder a garantia. Essa perda ocorrerá se o
segurado sabia e não comunicou o segurador, ou seja, agiu de má-fé.
Se houver agravamento de riscos, sem culpa do segurado, poderá o
segurador, desde que faca nos quinze dias seguintes ao recebimento do aviso, dar
ciência ao segurado por escrito, de sua decisão de resolver o contrato.
A resolução do contrato só será eficaz 30 dias seguintes ao recebimento do
aviso. Nesse caso, o segurador deve restituir a diferença de prêmio ao segurado.

d) Comunicar o sinistro ao segurador, logo que saiba. Também deve tomar todas as
providencias para amenizar as consequências do sinistro.
Correm pelo segurador as despesas de salvamento consequentes do sinistro,
até o limite fixado no contrato.

e) Não pode pedir redução do pagamento do prêmio estipulado em caso de redução


do risco. Contudo, se a redução do risco for considerável, o segurado poderá exigir a
revisão do prêmio, ou a resolução do contrato.

17.15 Obrigações do segurador


a) Pagar em dinheiro, se outra forma não foi convencionada (ex.: consertar o
veículo), o prejuízo resultante do risco assumido e, conforme as circunstâncias,
entregar outra coisa em seu lugar (dar um carro novo).
A mora do segurador em pagar o sinistro obriga o segurador a pagar a
indenização com atualização monetária + juros moratórios.

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b) Os agentes autorizados do segurador presumem-se seus representantes para
todos os atos relativos aos contratos que agenciarem.

c) Se no contrato houver cláusula tácita de renovação do contrato. Se as partes


nada arguem, o contrato se renova pelo mesmo prazo, só podendo ocorrer uma vez.
– 774.

d) O segurador, ao tempo do contrato, sabe não haver mais risco para o segurado,
e, mesmo assim, expede a apólice, pagará em dobro estipulado pago pelo
segurado.

17.16 SEÇÃO II – DO SEGURO DE DANO


a) Considerações gerais
Indenização: o seguro de dano a indenização sempre corresponde exatamente a
quantia declarada, porque o seguro não tem finalidade lucrativa e exige, por isso, a
apuração real do prejuízo – art. 781.
Art. 781: “A indenização não pode ultrapassar o valor do interesse segurado
no momento do sinistro, e, em hipótese alguma, o limite máximo da garantia fixado
na apólice, salvo em caso de mora do segurador”.
Há como o segurador se exonerar do pagamento da indenização? Sim – 778.

Não se inclui na garantia o sinistro provocado por vício oculto da coisa


segurada, não declarado pelo segurado.

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Entende-se por vicio intrínseco o defeito próprio da coisa, que se não
encontra normalmente em outras da mesma espécie.
O segurador só responde pelos riscos assumidos, particularizados na apólice.
Contudo, salva expressa disposição em contrário, o risco do seguro compreenderá
todos os prejuízos resultantes, caso sejam estragos relacionados para evitar o
sinistro/minorar o dano ou salvar a coisa.

TRANSFERÊNCIA DE CONTRATO A TERCEIRO: salvo disposição em contrário,


admite-se a transferência do contrato a terceiro com a alienação ou cessão do
interesse segurado. – Art. 785 do Código Civil. A transmissão é facultativa.

COISAS TRANSPORTADAS: a vigência da garantia, no seguro de coisas


transportadas, começa no momento em que são pelo transportador, recebidas e
cessa com sua entrega ao destinatário.

SEGURO DE UM INTERESSE POR MENOS: Salvo disposição em contrário, o


seguro de um interesse por menos do que valha acarreta a redução proporcional da
indenização, no caso de sinistro parcial.

PAGA A INDENIZAÇÃO: Paga a indenização, o segurador se sub-roga, nos limites


do valor pago, nos direitos e ações que competirem ao segurado contra o autor do
dano. Pode acionar quem causou doando.
A sub-rogação não tem lugar se o dano foi causado pelo cônjuge do
segurado, seus descendentes, ascendentes ou consanguíneos ou afins, salvo dolo.
É ineficaz qualquer ato do segurado que diminua ou coloque fim, em prejuízo
do segurador, os direitos a que se refere este artigo.

SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL: O segurador garante o pagamento de


perdas e danos devidos pelo segurado a terceiro.
Tão logo saiba o segurado das consequências de ato seu, deve comunicar
imediatamente o segurador.

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É proibido ao segurado reconhecer sua responsabilidade ou confessar a
ação, bem como transigir com o terceiro prejudicado ou indenizá-lo diretamente,
sem anuência expressa do segurador.
Intentada a ação contra o segurado, dará o segurado ciência da lide ao
segurador.
Contudo, o segurado ainda irá responder perante terceiro, se a seguradora for
insolvente.

17.17 SEÇÃO III – DO SEGURO DE PESSOA

a) Considerações Gerais:
Indenização: nos seguros pessoais, a indenização será paga pela
importância constante na apólice, porque os bens cobertos pelo seguro são
inestimáveis.

Livre estipulação: o segurado é livre para contratar mais de um seguro sobre


o mesmo interesse, com o mesmo ou diversos seguradores. O capital também é
livremente estipulado.

Seguro sobre a vida de outros: no seguro sobre a vida de outros, o


proponente é obrigado a declarar, pena de falsidade, o seu interesse pela
preservação da vida do segurado.
Até prova em contrário, presume-se o interesse, quando o segurado é
cônjuge, ascendente, descendente do proponente.

Substituição do beneficiário: É licita a substituição do beneficiário pelo


segurador. Pode ser feito por ato Inter vivos ou causa mortis.
Contudo, se o segurado renunciar a essa faculdade, o se o seguro não tiver
como causa declarada a garantia de alguma obrigação, não pode trocar o
beneficiário.
Contudo, o segurador deve ser cientificado. Se não for, o segurador será
desobrigado pagando a indenização ao antigo beneficiário.

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Falta de beneficiário: Na falta de beneficiário, ou por qualquer motivo, não é
possível que aquele beneficiário receba a indenização, o capital segurado será
pago:
1 – Metade ao cônjuge não separado judicialmente;
2 – Metade aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem de vocação
hereditária.
-Na falta de cônjuge/herdeiros serão beneficiados aqueles que provarem que
a morte do segurado os privou dos meios necessários a subsistência.

Dívida do segurado:
->No seguro de vida/acidentes pessoais para o caso de morte, o capital
estipulado não está sujeito as dívidas do segurado, nem se considera herança para
todos os efeitos do direito.
->Tanto que é nula, no seguro de pessoa, qualquer transação para
pagamento reduzido do capital segurado.

Prêmio: O prêmio, no seguro de vida, será conveniado por prazo limitado, ou


por toda a vida do segurado.
Em qualquer hipótese, no seguro individual, o segurador não terá ação para
cobrar o prêmio vencido, cuja falta de pagamento acarretara, nos prazos previstos, a
resolução do contrato, com a restituição da reserva já formada, ou a redução do
capital garantido proporcionalmente ao prêmio pago.

Carência: No seguro de vida para o caso de morte, pode ser estipulado um


prazo de carência, na qual o segurador não responde em caso de morte do
segurado.
Se morrer durante essa carência, a seguradora é obrigada a devolver ao
beneficiário o montante da reserva técnica já formada.

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Suicídio: O beneficiário não tem direito ao capital estipulado quando o
segurado se suicida nos primeiros 2 anos de vigência inicial do contrato. Também
não tem direito nos 2 anos depois de sua recondução quando suspenso.
Ressalvado tal fato, é nula a cláusula contratual que exclui o pagamento do
capital por suicídio do segurado.

Risco de morrer/incapacidade: O segurador não pode se eximir do


pagamento do seguro, ainda que da apólice conste a restrição de que que a morte
ocorreu quando:
a – Utilização de meio de transporte arriscado
b – prestação de serviço militar
c – prática de esporte
d – Atos de humanidade em auxilio de outrem.

Sub-rogação: nos seguros de pessoas, o segurador não pode se sub-rogar


nos direitos e ações do segurado ou do beneficiário contra o causador do sinistro.

Quem pode estipular o seguro de pessoas: Tanto pode ser estipulado por
pessoa natural como jurídica em proveito de grupo que a ela, de qualquer modo se
vincule.
O estipulante não representa o segurador perante o grupo segurado, e é o
único responsável para com o segurador, pelo cumprimento de todas as obrigações
contratuais.
As modificações da apólice em vigor dependerá da anuência expressa dos
segurados que representes ¾ do grupo.

89
18
18. CONSTITUIÇÃO DE RENDA

18.1 Considerações gerais


Quem são as partes nesse contrato? Instituidor e rendeiro ou censuário.
Qual é o conceito do contrato de constituição de renda?
Por este contrato uma pessoa (instituidor) entrega a outrem (rendeiro ou
censuário) um capital. Tal capital pode consistir de bens moveis ou imóveis. O
rendeiro ou censuário obriga-se a pagar ao instituidor ou terceiro indicado
(beneficiário) pelo instituidor uma prestação.
O contrato de constituição de renda tem por finalidade proteger o instituidor
que, embora dono do capital, não está seguro de como apurar o suficiente para
viver. Assim, concorda em transferir domínio de seu capital ao rendeiro que, por sua
vez, se compromete a lhe fornecer uma renda fixa durante certo prazo.
Em geral esse prazo é até a morte do instituidor. Mas pode haver convenção
em contrário.

18.2 Espécies
Pode ser a título gratuito ou a título oneroso.

GRATUITO: Art. 803: Pode uma pessoa, pelo contrato de constituição de


renda, obrigar-se para com outra a uma prestação periódica, a título gratuito.
Nesse caso não se exige uma contraprestação, razão pela qual se equipara a
doação. Somente são entregues bens moveis ou imóveis a um /rendeiro/censuário.
A renda constituída a título gratuito pode, por ato do instituidor, vir gravada
com cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade, porque, tratando-se de mera
liberalidade, em que o estipulante visa a sobrevivência do beneficiário, a intenção
seria frustrada, se se possibilitasse a alienação da renda ou sua penhora pelos
credores de seu titular.
Aliás, tendo em vista o fim assistencial da constituição de renda, o legislador
presume a cláusula de isenção das execuções pendente e futuras, em favor de
montepios e pensões alimentícias.

90
Mas e os credores do beneficiário? Os credores não podiam contar com
aqueles rendimentos para pagamento de seus créditos, já que esses rendimentos
não se encontravam no patrimônio do devedor. Eles apenas entraram como uma
liberalidade de terceiro.

ONEROSO: Art. 804: O contrato pode ser também a título oneroso,


entregando-se bens móveis ou imóveis a pessoa que se obriga a satisfazer as
prestações a favor do credor ou de terceiros.

ATENÇÃO: Pode ser feito por ato Inter vivos ou causa mortis.

Pode, no contrato de constituição de renda, colocar uma pessoa já morta


como beneficiaria? Claro que não. O contrato de constituição de renda se liga a
maior ou menor duração de vida do beneficiário. Será, assim, nulo, por falta de
objeto, se o beneficiário já for falecido ou se vier a falecer nos 30 dias seguintes de
moléstia que já sofria, quando foi celebrado o contrato por ocasião do ajuste. – Art.
808.

Mas e se morre logo depois do contrato, de mal que não padecia? O contrato
será valido.

18.3 Natureza jurídica

a) Bilateral, em caso de ser oneroso. Unilateral em caso de ser gratuito.

b) Em regra, é vitalícia. Mas não necessariamente. Art. 806:

“O contrato de constituição de renda será feito a prazo certo, ou por vida,


podendo ultrapassar a vida do devedor, mas não a do credor, seja ele o
contratante, seja terceiro.”

c) Aleatória porque a prestação do rendeiro será maior ou menor conforme a vida do


beneficiário/instituidor se prolongue ou termine cedo.

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d) Oneroso ou gratuito.
Com relação ao contrato, quando oneroso, temos o art. 805:

Art. 805: “Sendo o contrato a título oneroso, pode o credor, ao contratar,


exigir que o rendeiro lhe preste garantia real ou fidejussória.”

Isso porque o instituidor “passará” para o rendeiro bens móveis ou imóveis.


Para tanto, pode exigir uma garantia.

e) Real – aperfeiçoa-se com a entrega de bens ao rendeiro.


É o que diz o art. 809: “Os bens dados em compensação de renda caem, da
tradição, no domínio da pessoa que por ela se obrigou”. Ou seja, há transferência de
domínio.

f) contrato solene, porque exige escritura pública para sua validade – Art. 807.

O que acontece se o rendeiro/censuário deixa de cumprir a obrigação


estipulada? Pode o credor da renda (instituidor ou terceiro beneficiado) acionar o
rendeiro/censuário para que:
a) Lhe pague as prestações atrasadas
b) Lhe preste garantias futuras, de que irá pagar o devido, sob pena de
rescisão do contrato.

92
1919. JOGO E DA APOSTA

19.1 Considerações gerais


❖ JOGO: É o ajuste pelo qual 2 ou mais pessoas se obrigam a pagar certa
soma aquele que resulte vencedor na prática de determinado ato. O êxito ou
insucesso dependem da atuação de cada jogador. O vencedor fará jus a uma certa
soma, previamente estipulada. Resultado decorre da participação das partes
envolvidas no jogo.

❖ APOSTA: O resultado não depende das partes. O resultado depende de um


ato ou fato alheio e incerto. Vence a aposta aquele cujo ponto de vista a respeito de
fato praticado por outrem se verifique ser o verdadeiro.
De qualquer forma, o tratamento legal dado a ambos é o mesmo.

19.2 Classificação do jogo


O jogo pode ser lícito ou ilícito. O jogo lícito é tolerado o jogo ilícito é proibido.

JOGO LICITO JOGO ILICITO

Tolerado Proibido

Resultado depende da habitualidade, Resultado depende exclusivamente da


inteligência. Ex: tênis, futebol. sorte. Ex: jogo do bicho, dados, roleta.
São proibidos.

19.3 Consequências jurídicas do jogo e da aposta


a) As dívidas de jogo (tanto lícito ato ilícito) ou de aposta não obrigam ao
pagamento.
REGRA: Se foram pagas, quem pagou não pode querer de volta o
pagamento.
EXCEÇÃO: Pode querer de volta o pagamento, se esse jogo ou aposta foi
ganho com dolo ou se quem perdeu for menor ou interdito.

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A dívida de jogo/aposta constitui obrigação natural: o ganhador não dispõe,
no ordenamento, de ação para exigir seu pagamento.
Não haverá, todavia, obrigação natural, quando a importância perdida foi
ganha por dolo, ou quando quem perdeu é menor ou interdito.

b) Também são ineficazes qualquer negócio que encubra o jogo ou a


aposta. Assim, diz art. 814 que são ineficazes qualquer negócio que envolva
reconhecimento, novação ou fiança da dívida de jogo.

c) Além disso, são também incobráveis os empréstimos de dinheiro dados


para se apostar ou se jogar. Ex.: dono do cassino empresta dinheiro para cliente.

d) A nulidade resultante do contrato de jogo ou aposta não pode ser


oposta contra terceiro de boa-fé.

Mas isso vale para todo o tipo de jogo e aposta? Sim, ainda que se trate
de jogo não proibido.

Excetuam-se somente:
# Os jogos e apostas legalmente permitidos. Ex.: turfe, diversas loterias.
# Prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em competição de natureza
esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se submetam as
prescrições legais e regulamentares.

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2020. FIANÇA
A fiança é uma espécie do gênero garantia.
A garantia pode ser real: quando o devedor fornece um bem móvel e imóvel
(penhor ou hipoteca) ou pode ser pessoal, quando terceira pessoa se propõe a
pagar a dívida do devedor, se este não o fizer.
A garantia pessoal ou fidejussória chama-se fiança. É definida pelo art.
818:
Art. 818: “Pelo contrato de fiança uma pessoa garante satisfazer ao credor
uma obrigação assumida pelo devedor, se este não a cumpra.”

Um terceiro, denominado fiador, obriga-se perante um credor, garantindo que


o seu patrimônio irá responder pela dívida, caso o do devedor não seja suficiente.

20.1 Características
Caráter acessório e subsidiário: depende da existência do contrato principal.
Também é contrato solene. Diz o art. 819: “A fiança dar-se-á por escrito, e
não admite interpretação extensiva.”
É unilateral, porque uma vez ultimado, só gera obrigações para o fiador para
com o credor.
É negócio também gratuito: fiador nada procura receber em troca.
É também contrato personalíssimo ou intuitu personae.

Nula a obrigação principal, a fiança desaparece, salvo se a nulidade resultar


de incapacidade pessoal do devedor. Essa exceção não abrange o contrato de
mutuo feito por menor. Essa obrigação será nula. Obrigações nulas não são
suscetíveis de fiança.
Por ter caráter acessório, a fiança pode ser de valor inferior e contraída em
condições menos onerosas que o contrato principal entre devedor e credor.
Pode ser valor maior? Quando for valor maior, valerá até o limite da dívida
do devedor para com o credor.
As partes podem substituir a subsidiariedade pela solidariedade entre fiador e
afiançado. Isso é bastante comum.

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20.2 Espécies e requisitos
A fiança pode ser: convencional, legal e judicial.
a) Convencional: Resulta de acordo de vontades.
b) Legal: Imposta pela lei.
c) Judicial: Determinada pelo juiz.

20.3 Capacidade para ser fiador


Muitas vezes, compete ao devedor apresentar fiador para que a obrigação
tenha uma garantia.
A capacidade para ser fiador é a capacidade genérica: Podem ser fiadores
todos aqueles que tenham a livre disposição dos seus bens. Ficam afastados,
portanto, os incapazes em geral. Concedida por mandato, a fiança é um poder
especial.

Mas e com relação ao fiador casado?


REGRA: Um cônjuge, não pode, sem o consentimento do outro, prestar fiança.
EXCEÇÃO: Regime da separação absoluta, o cônjuge pode prestar fiança sem o
consentimento do outro.

Mas e se prestar mesmo assim? O ato será anulável.

20.4 Dívidas futuras


Dívidas futuras podem ser objeto de fiança. Contudo, o fiador não será
demandado a não ser quando a obrigação do devedor se fizer liquida e certa. Isso
porque o acessório segue o principal.
A fiança pode ser estipulada sem a anuência ou até contra a vontade do
devedor. Nesse caso, o devedor não será obrigado a substituir o fiador que se tornar
insolvente ou incapaz – art. 826.

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20.5 Valores da fiança
Se não foi estipulado até quando que a fiança alcança, se entende que a
fiança se estende a todos os acessórios da dívida principal, mais as despesas
judiciais, desde a citação do fiador. Mas para que o fiador responda pelos aluguéis e
pelas custas e despesas processuais, ele deve ser CITADO, juntamente com o
devedor. Se o credor não promover a citação do fiador, só poderá depois cobrar do
fiador os aluguéis atrasados, bem como a multa. Não pode, obviamente, cobrar as
despesas judiciais da primeira ação.

Pode o credor recusar o fiador? Sim, pode. Se não for pessoa idônea,
domiciliada no município e não possua bens suficientes para garantir a obrigação.

20.6 Efeitos
Dois são os maiores efeitos: benefício de ordem e solidariedade entre os
cofiadores.

❖ Benefício de ordem: o benefício de ordem consiste na prerrogativa,


conferida ao fiador, de exigir que os bens do devedor principal sejam excutidos
antes dos seus. Deve fazer isso até a contestação, quando demandado
judicialmente.
Há alguns casos, porém, que o fiador não pode invocar tal benefício:
a) Se o fiador renunciou expressamente ao benefício
b) Se o fiador se obrigou como principal pagador ou devedor solidário
c) Se o devedor for insolvente ou falido.

OBSERVAÇÃO: o fiador que alegar o benefício de ordem, deve nomear bens do


devedor situados no mesmo município, livres e desembaraçados.

❖ Solidariedade entre os cofiadores: benefício da divisão.


Diz o art. 829: “A fiança conjuntamente prestada a um só debito por mais de
uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente
não se reservarem o benefício da divisão.”.

97
Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela parte que,
em proporção, lhe couber no pagamento.
O benefício da divisão afasta a solidariedade, tornando divisível a obrigação,
da forma que eles quiserem.
Portanto, se houver especificação - benefício da divisão – cada fiador paga
somente o que afiançou. Se não houver, presumem-se fiadores solidários.

OBSERVAÇÃO: É admitido, portanto, que cada fiador pague uma parte da dívida.
Admite-se também, que sendo vários fiadores, cada qual especifique, a parte da
dívida que toma sob sua responsabilidade. Contudo, se um dos fiadores pagar tudo
ficará sub-rogado de pleno direito nos direitos do credor. Mas só poderá demandar a
cada um dos outros fiadores pela respectiva quota. A parte do insolvente será
distribuído pelos outros.

20.7 Direitos e Obrigações impostas ao fiador


Obrigação básica: pagar a dívida do devedor, se este não o fizer. Essa
obrigação se transmite aos herdeiros.
Fiador tem direito aos juros do desembolso pela taxa estipulada na obrigação
principal ou se não há taxa, os juros legais de mora.
Quando o credor, depois de iniciada a execução contra o devedor, for lento,
não dando ao processo regular andamento, poderá fazê-lo o fiador, que tem
interesse em se liberar da responsabilidade.
O fiador tem direito ao reembolso – através da ação regressiva – contra o
devedor. Pode o fiador não reclamar somente a importância que desembolsou, mas
também todas as perdas e danos que houver pago e ainda os prejuízos que sofreu
em razão da fiança.

20.8 Extinção da fiança


Se extingue sempre que o contrato principal também for extinto.
O fiador pode, portanto, para obter o reconhecimento da extinção da fiança,
opor todas as exceções extintivas da obrigação que lhe sejam próprias. Ex.:
compensação, transação, prescrição, nulidade da obrigação.

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Ele pode opor, portanto, não só as dele, mas também as que dizem respeito
ao devedor principal.
A lei coloca 3 hipóteses em que o fiador se desobriga da garantia:
a) A moratória concedida ao devedor, sem o consentimento do fiador:
Moratória é a concessão expressa de mais prazo ao devedor. O fiador pode,
portanto, exigir que o devedor satisfaça imediatamente a obrigação. Ele não quer
ficar mais tempo como fiador e a moratória permite isso.
-Através da moratória a dívida se torna inexigível. A lei, assim, libera o fiador da
garantia.

b) O ato do credor que torne impossível a sub-rogação nos seus direitos e


preferências: O fiador, ao aceitar a fiança, não ignora a possibilidade de ser
compelido a pagar a dívida afiançada. Mas quando aceita, vislumbra a perspectiva
de se sub-rogar nos direitos do credor para com o devedor. Se por ato do credor,
essa possibilidade se frustra, tornando impossível a sub-rogação, o fiador se
desonera da obrigação e a fiança se extingue.
Ex.: Se o crédito era garantido por fiança e penhor, e o credor abriu mão da garantia
pignoratícia – penhor – extingue-se totalmente a fiança, pois ao fiador que
resgatasse a dívida não mais seriam transferidos os direitos reais decorrentes do
penhor, e com os quais aquele, legitimamente, podia contar.

c) Dação em pagamento consentida pelo credor: A dação em pagamento


põe termo ao contrato principal, e, portanto, também ao de fiança. Contudo, se a
coisa dada em pagamento, teve o problema da evicção, restabelece-se a obrigação
primitiva, ficando sem efeito a quitação dada. Todavia, em matéria de fiança, ainda
que o credor sofra a evicção da coisa dada em pagamento, o fiador será
desobrigado.

d) Retardamento do credor na execução: Quando oferecido o benefício de


ordem, e o credor retarda muito em promover a execução. Nesse caso, o fiador fica
exonerado se provado que os bens indicados pelo fiador, eram, ao tempo da
penhora, suficientes para o pagamento da dívida.

99
2121. TRANSAÇÃO

21.1 Considerações gerais


Na linguagem comum, a palavra transação é empregada para designar todo e
qualquer tipo de negócio, especialmente compra e venda de bens.
No sentido jurídico, constitui negócio jurídico pelo qual as partes previnem ou
terminam relações jurídicas controvertidas, por meio de concessões mútuas:

Art. 840: “É licito aos interessados prevenirem ou terminarem o litigio


mediante concessões mútuas.”

Resulta de um acordo de vontades para evitar riscos de futura demanda ou


para extinguir litígios judiciais já instaurados.
É igual conciliação? Não, conciliação é instituto de direito processual e
ocorre em um momento processual. Já transação é um instituto civil.

21.2 Elementos constitutivos da transação


a) Existência de relações jurídicas controvertidas;
E se a pendenga já foi decidida por sentença? Não é então transação.

Art. 850: “É nula a transação a respeito do litigio decidido por sentença


passada em julgado, se dela não tinha ciência algum dos transatores ou
quando, por título ulteriormente descoberto, se verificar que nenhum deles
tinha direito sobre o objeto da transação.”

b) Intenção de extinguir dívidas, para prevenir ou terminar o litigio;


c) Acordo de vontades – exige-se para tanta capacidade das partes;
D) Concessões reciprocas.

21.3 Natureza jurídica da transação:


É divergente: Uns entendem que possui natureza contratual, outros que a
consideram meio de extinção da obrigação.
O CC inclui a transação nos contratos, reconhecendo sua força obrigatória,
tanto que, a transação só será anulada, de acordo com o art. 849:
“Art. 849: A transação só se anula por dolo, coação ou erro essencial da
pessoa ou a coisa controversa. A transação não se anula por erro de direito
a respeito das questões que foram objeto de controvérsia entre as partes.”

100
-Bilateral.
-Oneroso
-Solene, depende do caso.

21.4 Espécies de transação


A transação pode ser judicial ou extrajudicial. Através disso as partes podem
evitar a formação de um litígio ou terminar demanda em andamento.

❖ Extrajudicial
Será feita por escritura pública nas obrigações em que a lei o exige ou por
instrumento particular nas obrigações que a lei assim o admite.
Dispensa-se a homologação, uma vez que sua eficácia entre as partes,
independe deste ato judicial.
Dispensa-se também a intervenção de advogado.

❖ Judicial
Será feita por escritura pública ou por termo nos autos, assinado pelos
transigentes e homologado pelo juiz.
A homologação é indispensável apenas para efeitos processuais, ou seja,
para a extinção do processo.
O que caracteriza se uma transação é judicial ou não é se há pendenga
judicial com relação a direitos de ambos. Se há: judicial, se não há: extrajudicial.

21.5 Principais características


❖ Indivisibilidade
Deve ela formar um todo, sem fracionar, mesmo abrangendo vários aspectos
do negócio. Como consequência disto, diz o art. 848:
REGRA: “Sendo nula qualquer das cláusulas de transação, nula será esta.”
EXCEÇÃO: “Quando a transação versar sobre diversos direitos contestados,
independente entre si, o fato de não prevalecer em relação a um não prejudicará os
demais”.

101
Tal parágrafo admite a validade de determinada cláusula da transação,
mesmo sendo nula uma outra. Isso ocorre quando a cláusula for nula e
independente das outras.

❖ Interpretação restrita
A transação interpreta-se restritivamente. Isso porque toda a transação
envolve renúncia de direito.

❖ Não se transmite direitos pela transação


Diz a segunda parte do 843 que pela transação não se transmite direitos,
apenas se declaram ou reconhecem direitos.
A transação é, assim, negócio jurídico declaratório. O direito já existia, não
constituem nada, apenas declaram.

❖ Admite pena convencional: art. 847.

21.6 Objeto da transação


Nem todos os direitos são suscetíveis de transação. Só ato a direitos
patrimoniais de caráter privado, a transação é permitida.
Assim, desde logo são afastados os direitos não patrimoniais relativos a
personalidade.
Pode haver transação sobre alimentos? Somente a respeito do quantum.

21.7 Efeitos em relação a terceiros


REGRA: Art. 844: “A transação não aproveita nem prejudica senão aos que
nela intervierem, ainda que diga respeito a coisa indivisível.”
EXCEÇÃO:
a) Se for concluída entre credor e devedor, desobrigará o fiador. Acessório segue o
principal.

b) Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação deste


para com os outros credores. É a solidariedade ativa.

102
c) Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em relação
aos codevedores. É a solidariedade passiva.

103
2222. COMPROMISSO E DA ARBITRAGEM

22.1 Considerações gerais


Arbitragem é o acordo de vontade por meio do qual as partes, preferindo não
se submeter a decisão judicial, confiam a árbitros a solução de seus conflitos.
É uma espécie de complemento da transação. Contudo, na transação, os
próprios interessados, mediante concessões mútuas, dirimem suas controvérsias.
Na arbitragem, de comum acordo, transferem a terceiro a solução.
Nos art. 851 a 853 é regulado o compromisso, que precede o juízo arbitral.

Art. 853: “Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para resolver


divergência mediante juízo arbitral, na forma estabelecida na lei especial.”

A legislação sobre arbitragem encontra-se na Lei 9.307/96, que disciplina a


arbitragem nacional e internacional. Diz o art. 852:

É vedado compromisso para solução de questões de estado, de direito


pessoal de família e de outras que não tenham caráter estritamente
patrimonial.

Somente pessoas capazes podem ser compromissarias: Art. 851: É admitido


compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios entre pessoas que
possam contratar.

22.2 Natureza jurídica


O contrato do compromisso e da arbitragem é contrato, bilateral e oneroso.

104
23
23. ATOS UNILATERAIS

As obrigações derivam de manifestações ora de ambas as partes (contrato) e


ora de manifestações que derivam somente de uma das partes como, por exemplo,
a promessa de recompensa.
Assim, como os contratos e os atos ilícitos, as declarações unilaterais de
vontade constituem fontes das obrigações.
A manifestação unilateral de uma pessoa é que vai criar a obrigação. Assim, a
força da promessa unilateral não decorre de sua aceitação, mas de sua própria
existência.

23.1 CAPITULO I – DA PROMESSA DE RECOMPENSA

a) Considerações gerais
Uma vez emitida a promessa, dirigida a pessoa indeterminada, o promitente
fica vinculado obrigatoriamente se não revogar essa promessa com a mesma
publicidade com que a fez.

Art. 854: “Aquele que por anúncios públicos, se comprometer a


recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou
desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido.”

Assim, o cumprimento da obrigação é obrigatório, a menos que revogue a


promessa com a mesma publicidade com que prometeu.
Ex.: promessa feita em jornal/anúncios

b) Requisitos
Para que a promessa se torne obrigatória, é necessário que preencha 3
requisitos:

1 – Que lhe tenha sido dada publicidade;


2 – Que o seu objeto seja licito
3 – Que tenha emanado de pessoa capaz.

105
Quem quer que faça o serviço ou satisfaça a condição imposta, ainda que não
tenha agido visando a recompensa, poderá exigir a recompensa estipulada. É o que
diz o art. 855:
“Quem quer que, nos termos do artigo antecedente fizer o serviço ou
satisfazer a condição, ainda que não pelo interesse da promessa, poderá
exigir a recompensa estipulada.”

c) Revogação da promessa de recompensa


Pode o promitente revogar a promessa? Antes de prestado o serviço ou
preenchida a condição, pode o promitente revogar a promessa, contanto que a faça
com a mesma publicidade.
Se houver assinado prazo para a execução da tarefa, estender-se-á que
renuncia o arbítrio de retirar, durante ele, a oferta.
Mas e aquele que houver feito despesas? O candidato de boa-fé será
reembolsado das despesas feitas.

Quanto ao problema da revogação, cumpre distinguir 2 soluções legais:


1 – A promessa de recompensa feita a quem praticar determinado ato, ou preencher
certa condição, é sempre revogável, a menos que o instrumento fixe um prazo de
espera.
Alguém que, tendo prometido certo prêmio, se arrependeu oportunamente da
promessa, tem que dar ciência aos demais da revogação – publicidade.
Assim, o arrependimento só ocorre nos casos de promessa em que não se
trate de concursos.

2 – Nos concursos, a promessa é sempre irrevogável, porque o promitente deve,


compulsoriamente, fixar prazo de vigência.
-O prazo fixado não pode ser alterado pelo promitente. Uma vez anunciado o
concurso, as pessoas irão fazer esforços, pesquisar e realizar despesas para tanto.

d) Ato praticado por mais de uma pessoa


Se o ato for praticado por mais de uma pessoa, receberá a recompensa quem
primeiro completou o ato.

106
Se ambos fizeram ao mesmo tempo, a cada um tocará igual parte na
recompensa.
Mas e se o prêmio não for divisível? A coisa será sorteada e aquele que for
sorteado deve dar ao outro o valor correspondente ao seu quinhão.

e) Concursos
Nos concursos que se abrirem – apresentação de trabalhos literários,
científicos e artísticos – com promessa de recompensa, é necessário, para a sua
validade a fixação de um prazo.
Enquanto este prazo não se escoar a promessa é irrevogável.
No concurso várias pessoas se propõem a realizar uma tarefa ou revelar
qualidades pessoas em busca de um prêmio que só será conferido ao melhor.
Desse modo, para o concorrente, é um contrato aleatório, pois de seu esforço
pode resultar vitória e prêmio. Ex., arquiteto que concorre para que seu projeto
ganhe.
Quando entram no concurso os participantes devem concordar em se
submeter ao veredicto, ao pronunciamento dos juízes.
Tais nomes – dos juízes – devem constar no edital do concurso.
E se não houver pessoas designadas? Entende-se que o promitente se
reservou essa função a si próprio.

Observação: Se o os trabalhos tiverem méritos iguais, proceder-se-á de acordo com


o art. 857 e 858.
Observação: As obras premiadas, nos concursos de que trata o artigo antecedente,
só ficarão pertencendo ao promitente, se assim for estipulado na publicação da
promessa.

107
23.2 CAPITULO II – DA GESTÃO DE NEGÓCIOS

A) Conceitos
Dá-se a gestão de negócios quando uma pessoa, sem autorização do
interessado, intervém na administração de negócio alheio. Faz isso presumindo-se
que está fazendo de acordo com o interesse e a vontade do dono.
Assim, o mandatário que excede os poderes do mandato atua como “mero
gestor de negócios”.
Assim, a gestão de negócios ocorre quando alguém age em nome alheio sem
ter mandato para tal.
Na maioria das vezes se trata de um ato de altruísmo. O gestor, com o intuito
de evitar um prejuízo para o dono do negócio, porventura ausente, toma a iniciativa
de intervir nos interesses do dono do negócio.

Ex.: prédio caindo e o vizinho contrata pessoas para fazer reparos


Ex.: diretor da escola que chama oculista para a criança.

Se for, de fato, útil a gestão, a lei impõe ao dono do negócio a obrigação de


honrar os seus compromissos assumidos pelo gestor, além de reembolsá-lo pelas
despesas que teve que fazer e também o indenizar por eventuais prejuízos.

É semelhante ao mandato? Não, porque no mandato há uma outorga de


poderes. Aqui, na gestão de negócios, há o caráter de transitoriedade

b) Pressupostos:
Do próprio conceito, decorrem os seus pressupostos:
1 – Trata-se de negócio alheio
2 – Faltar autorização do dono
3 – Atuação do gestor no interesse e vontade presumida do dono
4 – Limita-se a ação de atos de natureza patrimonial, porque os outros exigem
sempre a outorga de poderes
5 – Intervenção motivada pela necessidade ou utilidade

108
6 – Intenção de trazer proveito para o dono.

c) Natureza jurídica
-Não é contrato, é ato unilateral de vontade.
-Sempre gratuito
-Depende de aprovação/ratificação pelo dono do negócio.

d) Obrigações do gestor
São em regra, as mesmas do mandatário.

1 – comunicar a gestão de negócios, aguardando-lhe a resposta, se da espera não


resultar perigo.
2 – Envidar a sua diligência habitual, ressarcindo ao dono todo o prejuízo causado
de qualquer culpa na sua gestão.
Art. 865: “Enquanto o dono não providenciar, velará o gestor pelo negócio, até levar
a cabo, esperando, se aquele falecer durante a gestão, as instruções dos herdeiros,
sem se descuidar, entretanto, das medidas que o caso reclama.”
Art. 866: “O gestor envidará toda sua diligência habitual na administração do
negócio, ressarcindo ao dono o prejuízo resultante de qualquer culpa na gestão.”
3 – Não promover operações arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las,
nem preterir interesse deste, em proveito de interesses seus, sob pena de responder
por caso fortuito.
Art. 868: O gestor responde pelo caso fortuito, quando fizer operações arriscadas,
ainda que o dono costumasse faze-las, ou quando preterir interesse deste em
proveito de interesses seus.

e) Obrigações do dono do negócio


❖ Indenizar o gestor das despesas necessárias e prejuízos sofridos
❖ Cumprir as obrigações contraídas em seu nome, reembolsando ao gestor as
despesas necessárias e úteis, se o negócio for utilmente administrado

109
❖ Reembolsar, quando obrigado legalmente a fornecer alimentos a alguém e
estiver ausente, ao gestor que os prestas, ainda que não tenha ratificado o ato, bem
como as despesas de enterro feitas por terceiro.
Art. 871: Quando alguém, na ausência do indivíduo obrigado a alimentos, por ele os
prestar a quem se devem, poder-lhes-á reaver do devedor a importância, ainda que
este não ratifique o ato.
Art. 872: Nas despesas de enterro, proporcionadas aos usos locais e a condição do
falecido, feitas por terceiro, podem ser cobradas da pessoa que teria a obrigação de
alimentar a que veio a falecer, ainda mesmo que esta não tenha deixado bens.
£U – Cessa o dispositivo neste artigo e no antecedente, em se provando que o
gestor fez essas despesas com o simples intento de bem-fizer.

f) Gestão útil e gestão necessária


❖ Gestão útil: Se o negócio for utilmente administrado, cumprirá ao dono as
obrigações contraídas em seu nome.
Deve então o dono reembolsar ao gestor as despesas necessárias ou úteis
que houver feito, com os juros legais, desde o desembolso, respondendo ainda
pelos prejuízos que o gestor houver sofrido por causa da gestão.
Como se verifica se a gestão foi útil ou não? Aprecia-se a utilidade não
pelo resultado obtido, mas segundo as circunstâncias da ocasião em que se
necessitou da gestão.
Obs.: Isso também está vigorando quando o gestor, em erro ato ao dono do negócio,
der a outra pessoa as contas da gestão.

❖ Gestão necessária: Quando a gestão se proponha a acudir a prejuízos


iminentes ou redunde em proveito do dono do negócio ou da coisa; mas a
indenização ao gestor não excederá, em importância, as vantagens obtidas com a
gestão.

g) Ratificação do negócio
A ratificação pura e simples do negócio retroage ao dia do começo da gestão
e produz todos os efeitos do mandato.

110
23.3 CAPITULO III – DO PAGAMENTO INDEVIDO

a) Considerações gerais
Constitui um molde de enriquecimento sem causa. É o que preceitua o art.
876: “Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir.;
obrigação que incumbe aquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a
obrigação.”

b) Requisitos
1 – Pagamento efetuado voluntariamente e com erro. Quem efetuou esse
pagamento deve provar que houver erro. O erro pode ser de fato e de direito.

c) Espécies de pagamento indevido


Há 2 espécies: indébito subjetivo e indébito objetivo.

❖ Objetivo: Quando o erro diz respeito a existência e extensão da obrigação,


ou seja,
a) Quando o solves paga a dívida inexistente, mas que ele pensava que existir,
b) quando paga debito que já existiu, mas se encontra extinto, ou ainda
c) quando paga mais do que realmente deve.

❖ Subjetivo: Quando a dívida realmente existe e o engano é pertinente a quem


paga ou a quem recebe.
Ex.: quando alguém, por engano, paga a dívida da empresa da qual é sócio,
pensando que era dívida pessoal
Ex.: deposita o dinheiro em conta bancária de quem não é o credor.

d) Boa e má-fé
Aquele que recebe de boa ou má-fé vai ter o mesmo tratamento legal do
possuidor de boa e de má-fé.

111
# Boa-fé: Aquele que recebe, de boa-fé, pagamento indevido, sendo obrigado a
restituí-lo é equiparado ao possuidor de boa-fé. Faz assim jus aos frutos da coisa
recebida, faz jus as benfeitorias necessárias e uteis, ao direito de retenção. Artigo
1219 CC.
# Má-fé: Não tem direitos aos frutos e será ressarcido somente pelas benfeitorias
necessárias, sem direito de retenção. Artigo 1.220 CC.

e) Recebimento indevido de imóvel


Quando o pagamento indevido é constituído em uma entrega de um bem
imóvel, este bem deve ser restituído ao solves.

Mas e se o accipiens já alienou?

# Boa-fé do accipiens: Se o fez de boa-fé, a título oneroso, responde somente pela


quantia recebida
# Má-fé do accipiens: Além de ter que devolver o valor do imóvel, responde
também por perdas e danos.

# Má-fé do terceiro ou se o terceiro recebeu a título gratuito: O solves irá


recuperar o imóvel. O terceiro sabia que o accipiens/alienante recebeu
indevidamente.

f) Sem direito a repetição


REGRA: quem efetua pagamento indevido deve receber de volta o que pagou.
EXCEÇÃO:
1 – Art. 880. Fica isento de restituir o pagamento indevido aquele que, recebendo-o
como parte de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a pretensão ou
abriu mão das garantias que asseguravam o seu direito; mas aquele que pagou
dispõe de ação regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador.
Trata esse artigo do recebimento de boa-fé, de dívida verdadeira, paga por
quem descobre depois não ser o devedor. Nesse caso, se o título foi inutilizado, o

112
credor não está obrigado a restituir a importância, porque não poderá mais cobrar a
dívida do verdadeiro devedor.
A mesma coisa ocorrerá quando o aceitante de boa-fé deixou prescrever a
pretensão que poderia deduzir contra o verdadeiro devedor ou se abriu mão de suas
garantias.
Contra o verdadeiro devedor então é que o solves/pagador deve direcionar a
ação de regresso, para evitar enriquecimento ilícito do verdadeiro devedor.

2 – Art. 882: Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou
cumprir obrigação judicialmente inexigível.”
Quem paga obrigação natural, judicialmente inexigível, como dívida de jogo
não pode ser repetida.
Embora inexigível ou prescrita, a dívida paga existia.

3 – Art. 883: Não terá direito a repetição aquele que deu coisa para obter fim ilícito,
imoral ou proibido por lei.”
Ex.: alguém contrata alguém para que cometa um crime e paga. Se este não
cometeu o crime não pode querer a repetição de indébito.
Há enriquecimento ilícito do criminoso mas não pode pedir de volta.
Nesse caso, o que se deu reverterá em favor de estabelecimento local de
beneficência, a critério do juiz

113
23.4 CAPITULO IV – DO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA
O princípio que veda o enriquecimento sem causa é fundado na equidade.
Hoje, são várias as ações que tem como objetivo evitar o enriquecimento ilícito,
todos constituem espécies da ações “in rem verso”, como:

Repetição de indébito – em caso de pagamento indevido;

O CC dedicou capitulo específico ao enriquecimento sem causa.Diz o art.


884:
“Aquele que sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será
obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores
monetários.”

Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada “quem a recebeu é


obrigado a restitui-la, e, se a coisa não, mas subsistir, a restituição se fará pelo valor
do bem na época em que foi exigido.”

a) Requisitos da ação “in rem verso”


São pressupostos da ação:
❖ Enriquecimento do accipiens – do que recebe ou lucra.
Compreende não só o aumento patrimonial como também qualquer vantagem
como, por exemplo, o não pagamento de uma despesa.

❖ Empobrecimento do solves – do que paga ou sofre prejuízo.


Pode consistir em diminuição de seu patrimônio – como ocorre no pagamento
indevido – ou em não-percepção de verba a que faz jus, como a contraprestação de
serviços prestados ou a indenização prevista em lei.

❖ Relação de causalidade
Significa que enriquecimento e empobrecimento são resultantes do mesmo
fato. O lucro de um equivale ao prejuízo de outro

❖ Ausência de causa jurídica - contrato ou lei

114
É o requisito mais importante. Configura-se locupletamento ilícito apenas
quando não existe contrato ou lei. Diz o art. 885:

“A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que


justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.”

❖ Inexistência de ação específica


Só cabe ação “in rem verso” quando inexiste ação específica. Tem esta ação,
portanto, caráter subsidiário. É o que diz o 886:
“Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei confere ao lesado
outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido.

115
PEÇA PROCESSUAL

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA


COMARCA DE...

AUTOR..., nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da


Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico...,
residente e domiciliado na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., por
intermédio de seu procurador constituído (procuração em anexo), OAB..., endereço
eletrônico... e endereço profissional na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado...,
onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
com fundamento no artigo... do Código de..., propor a presente

AÇÃO..., em face de

RÉU..., nacionalidade..., estado civil..., união estável..., profissão..., portador da


Cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob nº..., com endereço eletrônico...,
residente e domiciliado na Rua..., nº..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas:

1. DOS FATOS:
Narrar o que ocorreu no mundo dos fatos que ensejou a propositura da ação,
conforme problema fornecido pela FGV.

2. DO DIREITO:
Trazer a fundamentação legal da ação.

3. DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer o Autor:
a) O recebimento da presente demanda;

116
b) Requer a concessão da tutela provisória de... para o fim de... (verificar se é o caso
de tutela provisória conforme enunciado);

c) A tramitação preferencial do presente feito, tendo em vista o art... (verificar art.


1.048 do Código de Processo Civil e legislação especial eventualmente cabível ao
caso, ex: estatuto do idoso);

d) Requer a distribuição por dependência aos autos do processo nº... (caso seja
pertinente);

e) Nos termos do art. 319, VII do Código de Processo Civil, manifesta o Autor o seu
... na realização da audiência de conciliação ou mediação (de acordo com o
enunciado da FGV);

f) Requer a citação do Réu para comparecer à audiência de conciliação ou


mediação a ser designada por Vossa Excelência com antecedência de 30 dias na
forma do art. 334 do Código de Processo Civil, e, posteriormente, caso não obtida a
autocomposição, ofereça contestação no prazo legal, consoante previsão do art.
335, I do Código de Processo Civil;

g) Requer a intimação do procurador do Autor para que tome ciência da data


aprazada para audiência de mediação e conciliação;

h) O benefício da gratuidade da justiça, por ser o Autor pessoa pobre nos termos da
lei, consoante previsão dos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil ou o
recolhimento das custas iniciais, consoante previsão do art. 82 do Código de
Processo Civil (conforme previsão do enunciado).

i) A total procedência da ação com o fim de...

j) A condenação do Requerido nas custas processuais e honorários advocatícios


admitidos, em especial...

117
k) A intervenção do Ministério Público (verificar se é caso de pedir, em uma das
situações do artigo 178 do Código de Processo Civil);

m) protesta por provar o alegado por meio de todos os meios de prova em direito
admitidos, em especial pela produção de prova documental, depoimento pessoal,
testemunhal, pericial e inspeção judicial, além da juntada de novos documentos e
demais meios que se fizerem necessários, sob pena de confesso, na forma do art.
319, VI, do Código de Processo Civil;

Valor da causa: Dá a causa o valor de R$...

Termos em que,
Pede deferimento.
Local... Data...
Advogado...
OAB...

118
119

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