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Freud, o fundador da “revolução sexual”

Por Peter Kreeft

Embora algumas das idéias de Sigmund Freud (1856-1939) sejam realmente geniais, a maior
parte delas está por trás de muitos dos estragos que percebemos no campo da moral sexual
contemporânea. Isso porque Freud, como bom materialista, reduzia o homem a uma “máquina”
biológica movida por desejos sexuais.

O COLOMBO DA PSIQUE

Freud foi o Colombo da psique, da alma humana. Nenhum psicólogo vivo está isento da sua
influência. Por outro lado, os seus escritos apresentam lampejos de genialidade ao lado de idéias
extremamente bizarras, como, por exemplo, a de que as mães ninam os seus bebês, unicamente,
como substituto para as relações sexuais que desejariam manter com eles...

Freud era um cientista, e sob alguns aspectos um grande cientista, mas sucumbiu a um dos
riscos da sua profissão: o desejo de reduzir tudo o que é complexo a algo que pode ser
controlado. Pretendia fazer da psicologia uma ciência, e, mais ainda, uma ciência exata; mas
isso é impossível porque o homem, uma vez que é uma pessoa, um “eu”, não somente é o objeto
dessa ciência, mas também o seu sujeito.

A doutrina mais influente de Sigmund Freud é o reducionismo sexual. Como bom ateu, reduz
Deus a um sonho do homem; como bom materialista, reduz o homem ao seu corpo, o corpo
humano ao desejo animal, o desejo ao desejo sexual e o desejo sexual ao sexo genital. Todas e
cada uma dessas simplificações são excessivas.

Na base da “revolução sexual” ocorrida na segunda metade do século XX, encontra-se uma
enorme demanda por satisfação e uma confusão entre desejos e necessidades. Todo o ser
humano normal experimenta desejos sexuais; no entanto, os pressupostos freudianos de que
esses desejos seriam “necessidades” ou “direitos”, de que ninguém conseguiria viver sem
satisfazê-los, ou de que reprimi-los prejudicaria a saúde psicológica, simplesmente não são
verdade.

Essa confusão entre necessidades e desejos radica na negação dos valores objetivos e de uma lei
moral natural igualmente objetiva. Ninguém fez tanto estrago nessa área como Freud,
especialmente no que diz respeito à moral sexual. O atual ataque ao casamento e a família, que
foi preparado por Freud, causou devastações maiores do que qualquer revolução ou guerra que
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jamais houve. Afinal, onde haveremos de aprender a lição mais valiosa da nossa vida, a do amor
desprendido, senão em famílias estáveis que o ensinam na prática?

TRÊS DIMENSÕES

Mas, apesar dos seus defeitos, Freud está muito acima das psicologias abaratadas que o
substituíram na cultura popular. Apesar do seu materialismo, explora alguns dos mistérios mais
profundos da alma humana, pois tinha um senso autêntico da tragédia, do sofrimento e da
infelicidade. Ateus honestos geralmente são infelizes, ao passo que ateus desonestos são felizes;
Freud era um ateu honesto.

Essa honestidade fez dele um bom cientista, apesar do seu reducionismo. Freud pensava que o
simples ato de elevar uma repressão ou um medo das trevas do inconsciente para a luz da razão
era capaz de nos libertar do poder que essa repressão ou esse medo exerciam sobre nós.
Observamos aí um resquício da fé na vitória da verdade sobre a ilusão, da luz sobre a escuridão.
Infelizmente, porém, o fundador da psiquiatria não pôde passar disso, pois julgava que todas as
religiões representam apenas a ilusão mais básica da humanidade, e que o materialismo
científico seria a sua única luz.

Devemos distinguir claramente três dimensões em Freud.

Em primeiro lugar, enquanto inventor da técnica terapêutica da psicanálise, Freud é um gênio, e


todo o psicólogo deve estar-lhe agradecido por ela. Filósofos cristãos como Agostinho ou
Tomás de Aquino puderam usar as ferramentas de pensamento dos filósofos pagãos, como
Platão e Aristóteles; da mesma forma, os psiquiatras cristãos podem perfeitamente usar as
técnicas de Freud sem necessariamente concordarem com as suas idéias sobre a religião.

Em segundo lugar, enquanto teórico da psicologia, Freud é como Colombo: mapeou novos
continentes, mas cometeu erros graves. Alguns dos seus erros, tal como os de Colombo, podem
desculpar-se porque se trata de um território novo; outros, porém, pressupõem preconceitos
implícitos, como a redução de toda a culpa a um sentimento patológico e a incapacidade de
enxergar que a fé em Deus está profundamente relacionada com o amor.

Finalmente, em terceiro lugar, enquanto filósofo e pensador religioso, Freud é, estritamente, um


amador, e na verdade pouco mais que um adolescente. Exploremos esses pontos um a um.

A PSICANÁLISE E O INCONSCIENTE

A maior obra de Freud é certamente A interpretação dos sonhos. Hoje em dia, encarar os sonhos
como manifestação do subconsciente parece óbvio, mas era extremamente inovador na época do
autor. O erro consistiu, não em ter enfatizado por demais as forças subconscientes que nos
movem, mas em ter subestimado a profundidade e a complexidade dessas forças, tal como um
explorador pode confundir um novo continente com uma simples ilha grande.
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Freud descobriu que pacientes “histéricos”, cujos distúrbios aparentemente careciam de causas,
podiam ser ajudados por aquilo que denominou terapia conversacional, por meio da livre
associação e da atenção aos atos falhos, que seriam como que “pistas” para o conteúdo do
subconsciente. Essa terapia funcionava bem, apesar dos erros teóricos subjacentes que
acabamos de apontar.

No campo da teoria psicológica, Freud dividia a psique em id, ego e superego. À primeira vista,
essa divisão parece-se bastante com a divisão tradicional, fruto do senso comum, em paixões,
vontade e inteligência (e consciência), iniciada por Platão. Mas há diferenças cruciais.

Para começar, o superego (“super-eu”, “acima do eu”) freudiano não é a inteligência ou a


consciência, mas apenas o reflexo passivo e não livre das restrições da sociedade na psique de
um indivíduo – os “não faça isso”, “proibido aquilo” etc. Para o pai da psicanálise, as idéias a
respeito do bem e do mal que consideramos nossas não passariam de um espelho das leis sociais
feitas pelos homens.

O ego (“eu”), por sua vez, não corresponde ao livre arbítrio, do qual seria apenas uma fachada.
Freud negava a existência do livre arbítrio porque era dogmaticamente determinista, encarando
o ser humano apenas como uma complexa “máquina” biológica.

Finalmente, o id (“aquilo”) seria o único “eu” real e consistiria simplesmente em desejos


animais. Seria impessoal, e por isso Freud deu-lhe o nome de “aquilo”. Dessa forma, o
psiquiatra nega a existência de uma verdadeira personalidade, de um eu individual. Assim como
negou a Deus, o “Eu-sou”, nega a imagem de Deus, o “eu” humano.

O PASSADO DE UMA ILUSÃO

As idéias filosóficas de Freud estão expressas mais abertamente nos seus dois conhecidos livros
anti-religiosos: Moisés e o monoteísmo e O futuro de uma ilusão. Do mesmo modo que Marx,
desqualificava toda a religião como infantil, sem analisá-la com qualquer profundidade. Mesmo
assim, porém, inventou toda uma explicação detalhada para a suposta origem dessa “ilusão”.
Essa explicação divide-se basicamente em quatro partes: ignorância, medo, fantasia e culpa.

Como ignorância, a religião seria um “palpite pré-científico” acerca do funcionamento da


natureza. Se o trovão existe, deve haver um “trovejante”, um Zeus. Como medo, seria a
“invenção” de um pai celeste que pudesse substituir o terrestre quando este morresse, ficasse
velho ou tirasse as crianças do conforto doméstico para enviá-las ao temível mundo das
responsabilidades. Como fantasia, Deus seria um “produto”, criado para satisfazer os nossos
anelos por enxergar uma força providencial e onipotente por trás das aparências assustadoras e
impessoais da vida. Como culpa, Deus seria a “garantia” do nosso comportamento moral.
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Precisamente a explicação que Freud oferece para a origem da culpa é um dos pontos mais
fracos de toda a sua teoria. No fim das contas, reduz-se à fabula por ele inventada de que, há
muito tempo, um filho teria matado o seu pai, chefe de uma grande tribo, e desde então esse
“assassinato original” assombraria o subconsciente da raça humana. Na verdade, porém, tal
história não explica nada: por que, afinal, esse primeiro assassino teria sentido qualquer culpa?

O AMOR E A MORTE

O livro mais filosófico de Freud é o último que escreveu: O mal-estar na civilização. Nele, trata
da grande questão do summum bonum – dos bens supremos, o sentido da vida e a felicidade.
Como o Eclesiastes, conclui que o summum bonum é inalcançável: “Vaidade das vaidades, tudo
é vaidade”, é o que acaba por dizer, embora não o admita. Pelo contrário, promete levar-nos, por
meio da psicoterapia, “da felicidade incontrolável para a felicidade controlável”.

Entre as razões do seu pessimismo está a crença de que haveria uma contradição inerente à
condição humana, expressa já no título da sua obra, O mal-estar na civilização. Por um lado,
seríamos animais em busca de prazer, movidos apenas pelo “princípio do prazer”; por outro,
teríamos necessidade da ordem da civilização para salvar-nos da dor do caos. As restrições
trazidas pela civilização, porém, limitariam os nossos desejos, e assim a mesma coisa que
inventamos para nos conduzir à felicidade se transformaria no grande obstáculo para obtê-la.

À medida que se aproximava o fim da sua vida, o pensamento de Freud tornava-se ainda mais
sombrio e misterioso, pois passou a introduzir no seu pensamento o conceito de thánatos, o
“desejo de morte”. O “princípio do prazer” conduzir-nos-ia, segundo ele, em dois sentidos
opostos: para éros, o amor, e para o thánatos. O éros levar-nos-ia para a frente, para a vida, o
amor, o futuro e a esperança; o thánatos levar-nos-ia de volta para o ventre materno, onde
vivíamos sós e sem dor.

Todo o adulto, ainda segundo o pai da psicanálise, guardaria rancor pela vida e pela sua mãe
porque o teriam dado à luz para a dor. Esse ódio pela mãe seria um paralelo do famoso
complexo de Édipo, o desejo subconsciente de matar o pai e casar com a mãe – o que, aliás, é
um paralelo perfeito com o ateísmo do próprio Freud, que consistia em odiar o Pai-Deus para
casar-se com a Mãe-Matéria.

Em 1939, em Londres, cidade onde se refugiara dos nazistas, Freud cometeu suicídio, ao que
parece para fugir da dor que lhe causava um tumor no maxilar. Nos últimos anos, assistira à
ascensão de Hitler, que em certo sentido ele tinha chegado a profetizar ao antever o poder de
que o desejo de morte se revestiria no mundo moderno. Declarava também que não saberia dizer
qual das duas “forças celestes” – eros e thánatos – iria vencer no fim das contas.

Como se vê, morreu ateu, mas com algo de místico. Trazia dentro de si um grande lastro de
cultura pagã clássica, que lhe permitiu alguns lampejos profundos, embora com freqüência
misturados com pontos cegos gritantes. De certa forma, lembra a descrição que C.S. Lewis faz
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da mitologia pagã: “lampejos de força e beleza celestiais que caem sobre uma selva de
imundície e imbecilidade”.

Mas o que ergue Freud muito acima de Marx e do humanismo secular é a sua percepção do que
há de demoníaco no homem, da dimensão trágica da vida humana e da necessidade que temos
de redenção. Infelizmente, o pai da psicanálise considerava o judaísmo – que rejeitou – e o
cristianismo – que ridicularizou – simples contos de fadas, bons demais para serem verdade. Em
conseqüência, viveu perseguido por um sentido trágico radicado na separação entre a verdade e
o bem, entre o “princípio da realidade” e a felicidade.

Mas estes, só Deus os pode juntar na sua plenitude.

Peter Kreeft
Professor de Filosofia no Boston College

Fonte: Site do autor


Link: http://www.peterkreeft.com
Tradução: Quadrante

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