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Reinaldo Gonçalves1
Introdução
O objetivo central deste trabalho é apresentar um panorama da
produção científica dos professores e pesquisadores do Instituto de Economia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ) na área de Relações
Econômicas Internacionais (REI). Este panorama abrange: (i) histórico da
pesquisa em REI na instituição; (ii) descrição das linhas de pesquisa e
trabalhos em curso; (iii) descrição das parcerias de pesquisa com outras
instituições nacionais e estrangeiras; (iv) possibilidades de desenvolvimento
futuro das pesquisas em andamento; e (v) avaliação substantiva do programa
de pesquisa da instituição no contexto da pesquisa em REI no Brasil, das
lacunas desse programa e das possibilidades de desenvolvimento futuro das
pesquisas realizadas.
A área de Relações Econômicas Internacionais envolve o tratamento
científico de temas relativos às transações econômicas entre residentes e não-
residentes. Estas transações ocorrem nas esferas comercial, produtivo-real,
tecnológica e monetário-financeira. Estas esferas abarcam temas que são
bastante distintos quanto à fundamentação conceitual, teórica e analítica, e
quanto às implicações de política econômica. As principais subáreas são:
comércio exterior de bens e serviços; investimento externo direto e empresas
transnacionais; fluxos financeiros internacionais e endividamento externo;
câmbio e ajuste de balanço de pagamentos; sistemas monetário e financeiro
internacional. Como temas de destaque na área, cabe mencionar: transferência
de tecnologia e direitos de propriedade; crises econômicas, financeiras e
cambiais; negociações internacionais; globalização econômica; inserção
1
Professor Titular (1993) e Livre-Docente (1991) de Economia Internacional do IE-UFRJ.
Trabalho apresentado no I Seminário sobre Pesquisa em Relações Econômicas Internacionais,
Ministério das Relações Exteriores, Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 2008.
reinaldogoncalves1@gmail.com. A primeira versão deste trabalho foi publicada em Pesquisa
em Relações Econômicas Internacionais, Brasília: Fundação Alexandre Gusmão/Ministério das
Relações Exteriores, 2009, p. 209-229 (ISBN 978.85.7631.163.8). O autor agradece aos
colegas do IE que contribuíram para a realização deste trabalho, com destaque para aqueles
que responderam à sua consulta sobre linhas de pesquisa, trabalhos em curso e parcerias.
Este trabalho é de exclusiva responsabilidade do autor.
1
internacional e desenvolvimento econômico; integração regional; e, política
econômica externa.
2
A estimativa é que aproximadamente 20% dos professores do IE têm baixa taxa de adesão
institucional.
2
Dentre as principais características do corpo de professores do IE
podem ser mencionadas: (i) grande número de profissionais com alto grau de
qualificação; (ii) baixo grau de endogenismo; (iii) elevado grau de abertura para
o exterior; (iv) baixo grau de americanização; (v) ausência de lideranças
marcantes; (vi) heterogeneidade dos enfoques teóricos e de política
econômica; e, (vii) falta de identidade institucional própria.
O elevado grau de qualificação é evidente quando se considera que
mais de 90% dos professores têm título de doutorado.3 O baixo grau de
endogenismo resulta do fato de que menos de 20% dos professores do IE
obtiveram seu título de doutorado na própria instituição.4 Mais de 40% dos
professores obtiveram seus títulos de doutorado no exterior, o que expressa o
elevado grau de abertura para o exterior.5 Somente 12% dos professores
obtiveram seus títulos de doutorado em universidades dos Estados Unidos. A
predominância é da Europa visto que 29% dos doutores são titulados por
universidades deste continente.6
A combinação da heterogeneidade da origem do centro de formação dos
professores e a ausência de lideranças marcantes implicam a heterogeneidade
dos enfoques teóricos e de política econômica. As diferentes visões a respeito
da Ciência Econômica encontram respaldo no corpo de professores do IE-
UFRJ. A instituição acomoda, então, o pluralismo no âmbito da Ciência
Econômica. Neste sentido, o IE-UFRJ diferencia-se significativamente de
outras instituições de ensino e pesquisa na área de Economia no Brasil.7
3
Dados provenientes do Relatório de Atividades do IE-UFRJ de 2007 (www.ie.ufrj.br).
Ver, Carlos Lessa e Fábio Sá Earp, “Mais além do II PND. O Instituto de Economia da UFRJ”.
4
3
Diferentes combinações dos fatos acima constituem, ao mesmo tempo,
o campo de pontos fracos e o campo de pontos fortes do IE. Certamente, no
campo dos pontos fracos o vetor determinante é a falta de uma identidade
institucional própria. Este fato inibe a própria projeção institucional. Por outro
lado, outros fatos – com destaque para o pluralismo científico – formam a base
da riqueza intelectual do IE-UFRJ.
Alguns analistas interpretam que a especificidade deste pluralismo está
na “natureza heterodoxa” da ciência praticada no IE-UFRJ. Esta visão
(defendida, por exemplo, em Lessa e Earp, 2007) é equivocada. Estes autores
argumentam que a “postura crítica repete-se em todas as atividades de ensino
e nas pesquisas realizadas na casa, sobretudo nos campos já consolidados da
economia industrial, da economia da energia e da economia do trabalho, onde
a abordagem heterodoxa proporciona maior aderência aos fenômenos
concretos.” Entretanto, o campo da Economia Industrial no IE segue os
cânones internacionais e não há evidência de que ele seja ortodoxo ou
heterodoxo. Na realidade, não há “Economia Industrial heterodoxa”. O campo
de Economia Industrial no IE caracteriza-se, na realidade, pela atuação de
pesquisadores de alto nível de qualificação pelos padrões internacionais.8 O
mesmo argumento se aplica ao caso da Economia da Energia que é marcada
muito mais por questões técnicas e operacionais do que por conflito de visões
ou paradigmas.9
O argumento a respeito do predomínio da heterodoxia também é falho
mesmo que fosse verdadeiro que “uma característica do pensamento
econômico heterodoxo é a concentração de esforços nos estudos nas áreas de
economia política, história econômica e história do pensamento econômico. O
IE tinha, em 1992, cerca de 55% de sua bibliografia concentrada nestas áreas,
ficando com 45% nas áreas quantitativa e de teoria econômica” (Lessa e Earp,
2007, p. 221). O primeiro problema com este argumento é que ele está datado
tendo em vista que houve grande diversificação de quadros via concursos que
contemplaram praticamente todas as áreas nos últimos 16 anos. O segundo
8
Por exemplo, a obra coletiva, David Kupfer e Lia Hasenclever (orgs.), Economia Industrial.
Fundamentos Teóricos e Práticas no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2002.
9
Por exemplo, o manual de Helder Queiroz Pinto Junior (org.) Economia da Energia.
Fundamentos Econômicos, Evolução Histórica e Organização Industrial. Rio de Janeiro: Ed.
Elsevier, 2007.
4
problema é que nada garante que nos campos mencionados haja “preferência
revelada” pelo pensamento heterodoxo. Por exemplo, no âmbito da História do
Pensamento Econômico pode-se fazer a leitura ortodoxa de Keynes (síntese
clássica à la Hicks) ou a leitura heterodoxa (keynesianismo financeiro à la
Minsky).
O mesmo acontece com o campo da Economia Política. O fato de se
tratar de diferentes temas com este enfoque ou dentro deste campo teórico não
garante mais ou menos heterodoxia. Por exemplo, a leitura mecânica ou
estreita de Marx constitui processo cognitivo ortodoxo.
Mais um exemplo: a auto-atribuição do rótulo de Economia Política
Internacional não implica escapar da visão ortodoxa, própria à área das
relações internacionais, que hipervaloriza a rivalidade interestatal em
detrimento do conflito de grupos e classes. Este último problema existe na
adesão do IE ao Programa de Pós-graduação em Economia Política
Internacional. Como discutido mais adiante, neste programa o IE pratica uma
EPI ortodoxa.
Em síntese, a especificidade da produção científica do IE está marcada
pela “heterogeneidade profissional” e não pelo “pluralismo heterodoxo”.10
Caberia, então, fazer referência ao “pluralismo científico” do IE. Este fato
também ocorre na área das Relações Econômicas Internacionais do IE que é o
foco da próxima seção.
10
Vale mencionar o manifesto lançado pelo LEMA (Laboratório Marxista do IE-UFRJ) em 2007.
O principal argumento é que “há tempos vemos o avanço da ortodoxia dentro do IE. Não é de
hoje que assistimos à perda da identidade teórica, política e ideológica da heterodoxia no
pensamento econômico da UFRJ”.
Ver, http://www.marxismo.com.br/modules.php?op=modload&name=News&file=index.
5
curso de graduação) em um centro de destaque nas atividades de pesquisa e
ensino de graduação e pós-graduação.11
Entretanto, o histórico da pesquisa em REI (bem como em outras áreas)
tem como referência a criação do IEI e do seu curso de mestrado em 1979.
Trata-se de mais um exemplo da forte associação entre pesquisa e ensino. As
atividades de pesquisa do IEI estavam concentradas, em certa medida, na área
de economia industrial e economia da tecnologia. Contudo, isto não impediu o
desenvolvimento de pesquisas em outras áreas, principalmente, na interseção
entre economia industrial, economia da tecnologia e temas próprios das
relações econômicas internacionais nas esferas comercial e produtiva.
No início dos anos 1980 a agenda de pesquisa na área de relações
econômicas internacionais esteve muito influenciada pela crise da dívida
externa brasileira. A eclosão da crise em 1982 gerou pesquisas relativas a
desequilíbrios de balanço de pagamentos, endividamento externo e
investimento externo direto.12 Porém, os temas monetários e financeiros
internacionais não tinham exclusividade. Temas como comércio exterior13,
dependência tecnológica14 e direitos de propriedade intelectual15 também
11
Dois dos professores seniores da área de Economia Internacional (Érico Lins Leite e
Reinaldo Gonçalves) começaram a dar aulas no início dos anos 1970 e foram contratados em
1974. O professor Érico L. Leite teve papel particularmente importante visto que substituiu o
professor Hélio Schlitler Silva, catedrático de Economia Internacional, já no início da década de
70. O professor Schlitler já era um nome de referência na área desde os anos 50,
principalmente, no campo de trabalhos sobre comércio exterior. O professor Schlitler foi,
posteriormente, diretor da FEA-IE.
12
Reinaldo Gonçalves produziu trabalhos sobre a crise externa do início dos anos 1980. Dando
continuidade ao tema da sua tese de doutorado, ele também produziu trabalhos sobre
investimento externo direto no Brasil.
13
Para ilustrar, Edson Peterli Guimarães havia concluído tese de mestrado em 1981 sobre
barreiras comerciais e trabalhava como pesquisador na Fundação Centro de Estudos de
Comércio Exterior (FUNCEX). A sua tese de doutorado de 1995 é inovadora no trabalho
empírico sobre competitividade internacional.
14
Paulo Bastos Tigre tinha concluído seu mestrado sobre o tema da dependência tecnológica
em 1978 e concluiu sua tese de doutorado sobre a indústria de computadores em 1982. Ele é,
atualmente, professor titular e um dos mais destacados profissionais do IE, com grande
prestígio nacional e projeção internacional.
15
Por exemplo, Murillo Florindo Cruz Filho tinha, já desde o final dos anos 1970, grande
produção científica sobre temas relacionados ao direito de propriedade intelectual e à
transferência de tecnologia. Ele trabalhou na área internacional do INPI e participou de
inúmeras conferências diplomáticas ou técnicas como representante do governo brasileiro. Ele
mantém atividades de consultoria, auditoria e avaliação de projetos de treinamento em
propriedade industrial no Brasil e no exterior.
6
faziam parte da agenda de pesquisa de profissionais que já eram ou, então,
entrariam para os quadros do IE nos anos seguintes. Nos anos 1980 muitos
dos atuais pesquisadores do IE que trabalham na área de relações econômicas
internacionais estavam fazendo cursos de pós-graduação e preparando teses
relacionadas à área.16 Muitos dos profissionais do IE passaram a ocupar
posições de destaque nas suas áreas, inclusive, com atividades de consultoria
no Brasil e no exterior nas décadas seguintes.
Nos anos 1990 e 2000 a produção científica dos quadros do IE na área
de relações econômicas internacionais continuou se desenvolvendo tanto em
termos da abrangência dos temas quanto à qualidade dos trabalhos. A maior
densidade decorre de dois fatos: os professores mais antigos entraram em
fases de maior maturidade intelectual e houve o ingresso de novos professores
concursados.
Na área de relações econômicas internacionais é difícil encontrar um
tema, mesmo que específico, que não tenha sido foco de pesquisa e produção
científica por parte dos professores do IE. Na década de 1990 o tema que
predominou foi, certamente, o do comércio internacional. A pesquisa envolveu
tanto o comércio de bens como o de serviços. Nesta subárea todos os temas
tradicionais foram, de uma forma ou de outra, objetos de investigação
científica. Há registro de inúmeros trabalhos sobre padrão de comércio17;
competitividade internacional18; integração regional19; política comercial20; e,
16
Por exemplo, em 1981 Galeno Tinoco Ferraz Filho concluiu tese de mestrado sobre o
processo de internacionalização da produção de serviços de engenharia (construção pesada)
do Brasil. Esta tese mestrado é até hoje, referência obrigatória para os estudiosos da área. Nos
anos 1990 e 2000 Galeno Ferraz foi responsável por vários trabalhos sobre comércio exterior
(estudos setoriais). Ele tem estudos também sobre relações comerciais bilaterais e política
comercial (com destaque para o tema das barreiras técnicas).
17
Jorge Chami Batista, após sua tese de doutorado de 1989 sobre endividamento externo e
ajuste de balanço de pagamentos, iniciou em 1993 uma série de trabalhos sobre padrão de
comércio, competitividade, desempenho comercial e política comercial.
18
O trabalho de destaque é o de Edson Peterli Guimarães na sua tese de doutorado no IE-
UFRJ de 1995: “Competitividade internacional e política comercial externa: a experiência
brasileira nos anos 80 e inicio dos anos 90”.
19
João Bosco Mesquita Machado concluiu tese de mestrado em 1990 sobre tarifas aduaneiras
em 1990 e defendeu tese de doutorado em 1999 sobre integração regional. Nestes últimos 20
anos João Bosco tem se destacado como um dos maiores especialistas em política comercial
e, principalmente, integração regional com trabalhos publicados no Brasil e na América do Sul.
O capítulo 1 da sua tese de doutorado é, ainda hoje, a melhor resenha em português da teoria
7
negociações comerciais multilaterais21. Os processos de integração econômica
(NAFTA e, principalmente, Mercosul) ocuparam posições de destaque. Houve
ênfase também no processo de negociações comerciais multilaterais (Rodada
Doha do GATT que se iniciou em 1986 e foi concluída em 1994). Em 1992
iniciou-se o curso de especialização em comércio exterior (ECEX) do IE.22
A ênfase na questão do comércio internacional não impediu, contudo,
que outros temas fossem tratados com igual profundidade. Houve interesse em
questões relativas ao investimento externo direto e à presença de empresas
transnacionais no país.23 As relações entre desenvolvimento tecnológico,
competitividade internacional e integração regional também foram tratadas por
alguns pesquisadores do IE.24 As interações entre sistemas nacionais de
inovações, propriedade intelectual, acordos multilaterais de investimentos,
da integração econômica. Esta tese foi publicada como livro: Mercosul: Processo de
Integração. Origem, evolução e crise. São Paulo: Edições Aduaneiras, 2000.
20
O mais sênior especialista da área de comércio internacional do IE, Érico Lins Leite,
apresentou sua tese de doutorado em 1998 sobre a política brasileira de comércio exterior.
Com base no seu conhecimento científico, pois tinha mais de um quarto de século de ensino
do curso de comércio internacional na FEA-IE e na sua experiência de economista da Carteira
de Comércio Exterior (CACEX) do Banco do Brasil, ele apresentou uma das mais abrangentes
e profundas discussões sobre as políticas comercial e cambial do Brasil e seus efeitos após a
liberalização comercial.
21
Luis Carlos Delorme Prado iniciou uma série de trabalhos sobre política comercial,
integração regional e negociações comerciais. A relevância dos seus trabalhos decorre
particularmente da análise dos registros históricos, dos marcos jurídicos e da institucionalidade.
Ele é um dos co-autores do manual A Nova Economia Internacional. Uma Perspectiva
Brasileira (Rio de Janeiro: Editora Campus, 1998). Este livro é uma parceria entre professores
do IE (Luis Carlos Prado e Reinaldo Gonçalves) e Renato Baumann da UnB e Otaviano Canuto
da Unicamp.
22
Após 16 anos o ECEX é o mais bem sucedido curso de especialização do IE. Desde a sua
criação ele é coordenado por Edson Peterli Guimarães.
23
No contexto dos seus estudos sobre organização industrial, Victor Prochnik tratou da
questão da internacionalização da produção via investimento externo direto. Ele produziu
inúmeros trabalhos setoriais (informática, software, telecomunicações, etc). Ele também tem
trabalhos sobre a internacionalização das empresas brasileiras. Reinaldo Gonçalves também
se dedicou ao tema: Globalização e Desnacionalização. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra,
1999. Lia Hasenclever também tem trabalhado no tema das empresas transnacionais,
principalmente no que se refere à questão da transferência e capacitação tecnológica.
24
Paulo Tigre, João Bosco e Edson Peterli Guimarães se destacaram com inúmeros trabalhos
com ênfase no Mercosul. Renata La Rovere e José Cassiolato têm dado contribuições
importantes a respeito da inovação tecnológica, com destaque para os estudos comparativos
dos sistemas nacionais de inovação do Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul.
8
comércio internacional e globalização foram analisadas a partir de diferentes
perspectivas.25
Nos primeiros anos deste século continuou o processo de avanço da
produção científica na área de relações econômicas internacionais, inclusive
por meio de parcerias com profissionais de outras instituições no Brasil e no
exterior.26 Houve, também, maior ênfase em outras questões ainda que os
temas relativos ao comércio internacional (principalmente, liberalização,
Rodada Doha e Mercosul) tenham continuado com forte presença na agenda
de pesquisas do IE. O fortalecimento da área de macroeconomia implicou a
expansão das pesquisas relativas à esfera monetário-financeira internacional.
Parte expressiva das atividades de pesquisa nesta esfera está concentrada em
temas como estabilização macroeconômica (ajuste do balanço de
pagamentos), regime cambial e política cambial, crises financeiras e cambiais,
financiamento externo, e instituições dos sistemas monetário e financeiro
internacional.
Na realidade, os temas da chamada “macroeconomia aberta” passaram
a ser cada vez mais foco de pesquisas por parte não somente de professores
com competência específica na área de Economia Internacional como de
professores de outras áreas como Macroeconomia e Desenvolvimento
Econômico. Ademais, pesquisadores de Economia Industrial, Economia da
Energia, Economia da Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Economia do
Meio Ambiente também se voltaram para temas relativos às relações
econômicas internacionais.27 Sem dúvida, este processo de interseção de
25
Murillo Cruz Filho é a principal referência do IE quando se trata de propriedade intelectual.
Lia Hasencler também tem dado contribuições relevantes na área.
26
Outro manual na área de REI foi produzido: Economia Internacional. Teoria e Experiência
Brasileira (Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2004) que tem como autores Renato Baumann
(UnB), Otaviano Canuto (Unicamp) e Reinaldo Gonçalves (IE-UFRJ).
27
Por exemplo, o manual de Paulo Bastos Tigre, Gestão da Inovação. A Economia da
Tecnologia no Brasil (Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2006) examina a relação entre inovação
e competitividade internacional. Cabe também mencionar o manual do Grupo de Energia:
Helder Queiroz Pinto Junior (org.) Economia da Energia. Fundamentos Econômicos, Evolução
Histórica e Organização Industrial (Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2007). Adilson de Oliveira
tem desenvolvido inúmeros trabalhos sobre integração energética e, mais recentemente, o
estudo comparativo das empresas de petróleo estatais (national oil companies) com o objetivo
de analisar o papel que essas empresas deverão desempenhar no mercado internacional do
petróleo nos próximos anos. Carlos Eduardo Young produziu trabalhos sobre o conteúdo de
recursos naturais e o custo ambiental das exportações brasileiras.
9
competências específicas contribuiu para fortalecer a base intelectual da área
de relações econômicas internacionais do IE.28
Como indicador da evolução da área de relações econômicas
internacionais no IE vale mencionar que, como resultado das crises
internacionais do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, verifica-se a
expansão da pesquisa e da produção científica relacionadas às crises cambiais
e financeiras. Cabe destacar que em 2003 os alunos da graduação tiveram
como curso eletivo o tema das crises cambiais onde se apresentavam os
modelos de primeira, segunda e terceira geração.29 O caráter inovador da
pesquisa no IE avança com os trabalhos sobre estabilização macroeconômica
com base em controles diretos.30 As questões relativas à inserção do Brasil no
sistema econômico internacional são peças centrais das análises sobre o
desempenho da economia brasileira realizadas pelos professores do IE.31
Nos últimos três anos as linhas de pesquisa e os trabalhos em curso têm
estado focados nos seguintes temas: abertura externa e a indústria brasileira;
antidumping; China; comércio internacional de etanol; competitividade da
indústria têxtil; controles de capitais; cooperação internacional na indústria; e-
commerce; endividamento externo; energia no Cone Sul; fluxos internacionais
de capitais; FMI; gás natural e integração regional; globalização ; investimento
externo direto e etanol ; impacto macroeconômico de empresas transnacionais;
índices de comércio exterior; integração financeira na América Latina;
internacionalização de P&D; liberalização comercial e financeira; liberalização
econômica e a indústria brasileira; liberalização financeira brasileira;
liberalização financeira e crise cambial; liquidez internacional; mercado
28
Ver também os trabalhos de Carlos Medeiros e Franklin Serrano, inclusive aqueles nos livros
da Coleção Zero à Esquerda organizados por José L. Fiori.
29
Este curso foi dado por Antonio Licha no segundo semestre de 2003.
30
O destaque é o importante livro Câmbio e Controles de Capitais. Avaliando a eficiência de
modelos macroeconômicos (Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, 2006), organizado por João Sicsú do
IE-UFRJ e Fernando Ferrari Filho (UFRGS).
31
Somente para destacar publicações mais recentes: João Sicsú, Emprego, Juros e Câmbio.
Finanças Globais e Desemprego (Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, 2007); e, Reinaldo Gonçalves e
Luiz Filgueiras, A Economia Política do Governo Lula (Rio de Janeiro: Ed. Contraponto, 2007).
Luiz Filgueiras é professor da UFBA. Ver também as contribuições de Jennifer Herman e
Helder Pinto Junior em Brasil em Desenvolvimento: economia, tecnologia e competitividade.
Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2005. v. 1 e 2.
10
internacional de petróleo; mobilidade internacional de capitais; P&D e
empresas multinacionais; patentes e indústria farmacêutica; regime cambial;
regulação fluxos financeiros internacionais; restrição externa e crescimento; e,
sistemas de inovação. 32
Os professores e pesquisadores do IE têm parcerias de pesquisa com
outras instituições nacionais e estrangeiras. O IE tem diversos arranjos de
cooperação técnica e de intercâmbio, envolvendo professores e alunos, e
continua a expandir o número destes arranjos. A cooperação internacional é
viabilizada por uma série de acordos, entre os quais estão ativos ou em vias de
entrar em vigor, compromissos com as seguintes instituições: Prest
Manchester, Inglaterra, Universidade de Bologna, Itália, New School, EUA,
Universidade de Bordeaux, Montesquieu, França, Universidade Computense
de Madrid, Espanha, Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade
Técnica de Lisboa, IRD, França, Institute for Development da Universidade de
Manchester, Centro de Estudos Ortega y Gasset, Espanha, Universidad de La
Coruña, Espanha, Universidad de la Laguna, Espanha, Universidad de
Santiago de Compostela, Espanha, Université de Picardie, França.
As parcerias têm se beneficiado de financiamentos de inúmeras fontes
como, por exemplo: Petrobrás, Eletrobrás, Agência Nacional de Petróleo,
Agência Nacional de Energia Elétrica; Agência Reguladora de Serviços
Públicos Concedidos do Estado do Rio de Janeiro; Instituto Brasileiro de
Petróleo, Ministério de Minas e Energia, Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado do Rio de Janeiro, Organização Nacional da Indústria do Petróleo,
Ministério de Ciência e Tecnologia, Ministério do Planejamento, Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Previ, Banco Interamericano
de Desenvolvimento, CEPAL e CNI.
32
Na versão eletrônica deste texto há o ANEXO I que apresenta a produção científica de cada
professor-pesquisador do IE em 2006-07. Os dados são provenientes do Relatório de
Atividades do IE-UFRJ de 2007. Há também o ANEXO II que apresenta resultados de
consultas feitas diretamente aos professores em novembro de 2008. Ver:
http://www.ie.ufrj.br/hpp/mostraArtigos.php?idprof=77&cat=1http://www.ie.ufrj.br/instituicao/doc
entes/index.html.
11
3. Grupos de Pesquisa
As possibilidades de desenvolvimento futuro das pesquisas em
andamento dependem da dinâmica de funcionamento dos grupos de pesquisa,
dos interesses dos pesquisadores e dos esquemas de financiamento. Há mais
de uma dúzia de grupos de pesquisa no IE. Neste conjunto há sete grupos que
desenvolvem pesquisas sobre temas relacionados à área das relações
econômicas internacionais.33
33
A atualização da descrição das linhas de pesquisa, trabalhos em curso e parcerias de
pesquisa com outras instituições nacionais e estrangeiras é apresentada no portal do IE
(www.ie.ufrj.br), Cada grupo tem um portal específico.
12
(autonomia/independência do banco central); coordenação de políticas
macroeconômicas (políticas cambial, monetária e fiscal); política monetária
como auxiliar da promoção do crescimento econômico; e, regimes de metas de
inflação (teoria e caso brasileiro). Na área das relações econômicas
internacionais o Grupo tem como centro das pesquisas os fluxos financeiros
internacionais, o regime cambial, as crises financeiras, as crises cambiais e as
instituições financeiras e monetárias internacionais.
Indústria e competitividade
http://www.ie.ufrj.br/gic/index.html
O programa de pesquisa do grupo focaliza as transformações em curso
na indústria de transformação, na infra-estrutura e no setor de serviços, em
função de determinantes de natureza macroeconômica, institucional e
tecnológica. Três áreas de investigação podem ser destacadas. A primeira
envolve a análise dos processos de concorrência. A segunda abarca as
relações macro-micro associadas às incertezas de natureza institucional e
macroeconômica, e às mudanças estruturais na indústria brasileira. A terceira
dedica-se ao exame das relações entre mudanças patrimoniais (investimento
direto externo, fusões e aquisições) e estruturas de mercado. As principais
linhas de pesquisa são: avaliação insumo-produto de impacto sobre emprego e
renda; desempenho comparado da balança comercial brasileira;
13
desenvolvimento industrial brasileiro; estrutura e dinâmica industrial; fusões e
aquisições, seus determinantes, resultantes e implicações; e,
internacionalização e cooperação em P&D.
Economia da Energia
http://www.gee.ie.ufrj.br/apresentacao/index.php
Como programa de pesquisa, os trabalhos do grupo analisam:
problemas de inovação e mudança tecnológica na produção e no uso de
energia, com ênfase em seus impactos na organização industrial do setor;
regulação dos mercados de energia; financiamento dos investimentos das
empresas energéticas; e, comportamento estratégico das empresas de
energia.
O Grupo de Economia da Energia tem desenvolvido linhas de pesquisa
que visam analisar de forma integrada: a organização industrial das indústrias
de energia, as estratégias das empresas energéticas e o desenvolvimento dos
mercados de energia; as instituições, a política energética e a regulação das
indústrias de energia; os impactos macroeconômicos e políticos das
transformações das indústrias energéticas; a inovação e dinâmica tecnológica
nas indústrias de energia; e, os mecanismos de financiamento e gestão de
riscos dos investimentos nas indústrias energéticas.
Ademais, o GEE tem mantido uma importante rede de cooperação com
diversas instituições de pesquisa de outros países dedicadas igualmente aos
estudos dos problemas energéticos, com destaque para a França, Inglaterra,
Canadá, Argentina, bem como organizações internacionais como a CEPAL,
OCDE e a Agência Internacional de Energia.
14
desenvolvendo um trabalho sobre a Vale (ex Cia. Vale do Rio Doce). Os
principais trabalhos em andamento são: transferência reversa de tecnologia
nas multinacionais brasileiras; o processo de internacionalização da Vale; o
investimento direto das firmas brasileiras no exterior; e, o setor de
instrumentação para a Petrobrás.
Economia da Inovação
http://www.ie.ufrj.br/inova/linhas.php
As principais linhas de pesquisa são: desenvolvimento econômico,
mudança tecnológica e crescimento. O destaque está no estudo das
configurações produtivas locais no Estado do Rio de Janeiro, enfatizando
instituições, interações e inovações. O objetivo é caracterizar e identificar os
principais problemas de clusters localizados no estado do Rio de Janeiro,
entender as lógicas de funcionamento dos projetos de apoio à reconversão
econômica destas regiões e avaliar comparativamente os ganhos dos agentes
beneficiários e não beneficiários dos projetos de apoio voltados para aumentar
a interatividade entre as empresas da região. Linhas derivadas de pesquisa
são nas áreas de Economia da Inovação, geração e difusão de novas
tecnologias; inovações organizacionais e gestão da inovação; indicadores de
ciência e tecnologia; ciência, técnica e propriedade intelectual; e globalização e
sistemas regionais de inovação. Na área de Organização Industrial as linhas
derivadas de pesquisa são: estudos setoriais; matemática e estatística aplicada
a estudos de indústria. O grupo conta com a parceria e convênio de
cooperação internacional do IRD (Institut de Recherche pour le
Développement).
15
4. Oportunidades, riscos e incertezas críticas
A avaliação do programa de pesquisa do IE-UFRJ na área de relações
econômicas internacionais é, sem risco de exagero, altamente favorável. O IE
conta com pelo menos 27 professores que tratam de temas diretamente
vinculados à área e temas correlatos.34 As pesquisas abrangem todas as
esferas (comercial, produtivo-real, tecnológica e monetário-financeira) das
relações econômicas internacionais. Todos estes pesquisadores possuem
título de doutorado e têm tido grande experiência nas suas áreas de
especialização. Da mesma forma que o conjunto das atividades de pesquisa
do IE, a área de relações internacionais do Instituto se beneficia do “pluralismo
científico”. Este pluralismo envolve extraordinária heterogeneidade quanto ao
tratamento teórico e empírico. Este é, sem dúvida alguma, um ponto forte do
IE-UFRJ.
A avaliação favorável expressa o alto grau de qualificação; o baixo grau
de endogenismo; o elevado grau de abertura para o exterior; o baixo grau de
americanização; e, repetindo, a heterogeneidade dos enfoques teóricos e de
política econômica. A ausência de lideranças marcantes e a falta de uma
identidade institucional própria, que podem ser vistos como pontos fracos em
termos de projeção institucional, são pontos favoráveis em termos científicos.
De fato, estes aspectos sublinham a heterogeneidade teórica, a maturidade
intelectual, a independência e a elevada qualidade dos trabalhos.
As lacunas ou restrições dos programas de pesquisa dos grupos e dos
pesquisadores individuais decorrem, em parte, da não sustentabilidade dos
financiamentos domésticos para pesquisa. Não é por outra razão que há
tendência de crescente articulação internacional no sentido não somente da
troca de expertise como também da abertura de canais de financiamento
externo das pesquisas. As inúmeras parcerias internacionais refletem esta
necessidade.
As possibilidades de desenvolvimento futuro das pesquisas realizadas
na área de relações econômicas internacionais no IE são extraordinárias. A
distribuição dos pesquisadores por faixa etária não aponta na direção de
34
Nomes, telefones e e-mail dos professores do IE podem ser consultados no portal
http://www.ie.ufrj.br/instituicao/docentes/index.html.
16
esgotamento de quadros. Muito pelo contrário, os concursos realizados nos
últimos anos permitiram a constituição de um quadro de pesquisadores cuja
maturidade intelectual e qualificação técnica só tende a melhorar no futuro
previsível. De fato, a rivalidade crescente nos concursos públicos tem levado
profissionais cada vez mais qualificados para o quadro de pesquisadores do IE
de modo geral, e para a área de relações econômicas internacionais, em
particular.35
A avaliação do programa de pesquisa da instituição no contexto da
pesquisa na área de relações econômicas internacionais no Brasil deve
destacar que, muito provavelmente, não há no país uma instituição com um
quadro tão expressivo de pesquisadores de alta qualidade nesta área. Em
termos temáticos pode-se afirmar que praticamente não há lacunas nas
atividades de pesquisa. O programa de pesquisa mantém, certamente,
algumas linhas permanentes que refletem as especializações dos
pesquisadores. Entretanto, este programa é dinâmico visto que reflete as
próprias mudanças na realidade das relações econômicas internacionais. Para
ilustrar, professores do IE têm trabalhado intensamente nas diferentes
dimensões da integração regional (integração produtiva, comércio bilateral,
investimento externo, coordenação macroeconômica, integração energética,
etc.). O tema da crise econômica internacional também tem sido foco de cursos
e pesquisas (causas e características de crise real, crise financeira, crise
cambial, nova arquitetura financeira internacional, soluções para a crise, etc.).36
Naturalmente, o programa de pesquisa também reflete os interesses das
fontes financiadoras domésticas (governo, empresas estatais, organizações
não-governamentais e setor privado) e internacionais (organizações
multilaterais, governos estrangeiros, organizações não-governamentais e
empresas estrangeiras).
No que se refere ao desenvolvimento futuro das pesquisas realizadas no
âmbito do IE na área das relações econômicas internacionais vale destacar
duas incertezas críticas. A primeira expressa o envolvimento do IE no curso de
35
Um dos exemplos mais recentes é o de João Felipe Mathias que fez uma ótima tese sobre
crises cambiais em 2003 e prestou concurso para professor do IE em 2007.
36
Dentre os professores que se destacam neste tema cabe mencionar o nome de Fernando
Cardim, professor titular de Macroeconomia do IE. Antonio Licha e João Felipe Mathias
também são referências no IE.
17
graduação em relações internacionais que deverá abrir sua primeira turma em
março de 2009. Não resta dúvida que o avanço do processo de globalização e
o aprofundamento da inserção do Brasil no cenário internacional justificam a
criação de um curso de relações internacionais na UFRJ. De fato, a criação
deste curso tem sido objeto de discussões na UFRJ há anos.
Entretanto, a atual reitoria da UFRJ tem conduzido o processo de
criação do curso de relações internacionais de forma, no mínimo, ineficaz. Sem
instalações e quadro próprios, este curso está previsto funcionar a partir de
março de 2009 no horário noturno na Ilha do Fundão, segundo informações
disponíveis em novembro de 2008. As instalações previstas serão
compartilhadas com o Centro de Ciências da Natureza e da Matemática e/ou
com o Centro de Ciências da Saúde. Vale destacar que as evidentes
deficiências físicas e de segurança existentes no Fundão se agravam no caso
de cursos noturnos. Conforme destaca documento recente do Centro de
Filosofia e Ciências Humanas, no que se refere à criação de um cursos de
relações internacionais estes fatos “só contribuiriam para aumentar o grau de
pulverização das ações relativas em curso”.
No contexto da pulverização, a adesão inicial do IE ao curso de relações
internacionais deve ser vista como uma ameaça à qualidade das próprias
atividades de pesquisa e ensino de relações econômicas internacionais no
âmbito do próprio IE. A participação do IE no curso recém-criado de relações
internacionais consiste na alocação de professores para as seguintes
disciplinas: Introdução à Economia; Economia Brasileira Contemporânea;
Economia Internacional; Teoria e Prática do Comércio Exterior; e, Economia
Política Internacional. Poucos meses antes do início do curso, há dúvida sobre
a eventual responsabilidade de que instituição seria responsável pela disciplina
de Evolução do Sistema Financeiro e Monetário Internacional.
A área de relações internacionais é altamente especializada. Nesta área
as disciplinas relativas à economia entram como parte do bloco informacional e
do bloco instrumental de apoio. Portanto, o grau de profundidade científica no
tratamento dos temas é inferior ao grau exigido no curso de graduação em
Economia. Ou seja, há um processo de downgrading quando os cursos acima
são transplantados das Ciências Econômicas para as Relações Internacionais.
Portanto, do ponto de vista estritamente científico, não se constatam benefícios
18
institucionais diretos e indiretos para o IE na adesão ao projeto de relações
internacionais da UFRJ.
Não há dúvida que haverá pulverização dos recursos do IE decorrente
do envolvimento do IE na área de relações internacionais. Com a crescente
rivalidade na área de relações econômicas internacionais, visto que há outras
instituições na área de Economia que possuem quadros também numerosos e
qualificados, a diretriz estratégica do IE deveria ser manter foco na qualidade
do seu curso de graduação (um dos melhores do país), aumentar a qualidade
do seu curso de pós-graduação em economia (mestrado e doutorado em
Economia), e expandir as atividades de pesquisa e extensão em temas
relativos às relações econômicas internacionais.37 A pulverização dos recursos
do IE implica a instituição perder este foco e, portanto, sua capacidade de
competir com outras instituições no país e no exterior. Este argumento pode
ser generalizado para outras áreas, mas é particularmente evidente no caso
das relações econômicas internacionais.
Ainda como ameaça ao IE e à área de relações econômicas
internacionais do IE há que se mencionar a recente adesão ao programa de
pós-graduação em Economia Política Internacional recém aprovado pelo
comitê da área de Ciências Políticas da CAPES, e que está previsto abrir suas
primeiras turmas de mestrado e doutorado em março de 2009. Ainda que
conste como co-responsabilidade, este programa terá, efetivamente, como
unidade executora o Núcleo de Estudos Internacionais da UFRJ. A contribuição
do IE consiste na alocação de professores.
O fato é que há absurda pulverização de recursos no âmbito da UFRJ.
Ao mesmo tempo em que se cria um Núcleo de Estudos Internacionais em
instalações precárias na Praia Vermelha – responsável pelo curso de pós-
graduação – também se cria um curso de graduação em relações
internacionais na Ilha do Fundão – sem instalações próprias. Sem quadros
próprios, a expectativa é que estas unidades realizem concursos no futuro
37
O curso de graduação de Economia do IE é, certamente, um dos melhores do país. Há
alguns determinantes: qualidade do quadro docente, qualidade dos alunos, heterogeneidade e
pluralismo científico.
19
próximo. Viola-se, assim, o princípio básico da articulação entre as atividades
de ensino (graduação e pós-graduação), pesquisa e extensão. 38
Na ótica do IE, mais especificamente da área de relações econômicas
internacionais, também não cabe participar passiva ou ativamente em curso de
pós-graduação em Economia Política Internacional. Neste ponto, há inúmeras
razões que sustentam este argumento.39 A primeira é que Economia Política
Internacional não é uma área de especialização. Na realidade, a EPI é um
método de análise de questões internacionais e, principalmente de questões
econômicas internacionais.40 Portanto, não cabe a criação de cursos de
mestrado e doutorado especializados em Economia Política Internacional. Em
cursos de pós-graduação – em Relações Internacionais, Economia, Ciências
Políticas, Direito, História, Geografia, etc – cabe, sim, curso de formalização do
método próprio da EPI.
A segunda razão é que a Economia Política Internacional expressa no
Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional é, de fato,
ortodoxa (mais próxima da área de relações internacionais) porque importa o
modelo de EPI tradicionalmente usado nas universidades estadunidenses.41
38
Deixando de lado a hipótese de deficiência de gestão da reitoria, aparece a hipótese da
balcanização. Esta hipótese implica o processo de criação de pequenas instituições sem
articulação orgânica. Além das conseqüências sérias (e negativas) nos planos acadêmico,
administrativo e político este processo é indicador evidente de degradação institucional.
39
Nota de caráter pessoal: o autor deste trabalho foi convidado pelo diretor da pós-graduação
do IE (David Kupfer) para participar do programa de pós-graduação em Economia Política
Internacional. Este convite foi recusado por diversas razões, inclusive, as que são
mencionadas mais adiante neste trabalho.
40
A EPI é vista como uma “subdisciplina” segundo R. J. Barry Jones na Routledge
Encyclopedia of International Political Economy. Londres: Routledge, 2001, p. xxvii. David A.
Lake considera a EPI um “enfoque” no seu artigo “International Political Economy. A Maturing
Interdiscipline” no The Oxford Handbook of Political Economy. Oxford: OUP, 2006, p. 757. Ver,
ainda, o manual de Reinaldo Gonçalves, Economia Política Internacional. Fundamentos
Teóricos e as Relações Internacionais do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2005, cap. 1.
41
A visão ortodoxa estadunidense (à la Gilpin) foca no esquema binário que tem as seguintes
formas: “estado versus mercado”; “poder versus capital”; “estado versus moeda”; e, “poder
versus riqueza”. Nesta visão comete-se o erro de se praticar a EPI como sendo “uma dose de
economia nas relações políticas internacionais” ou “uma dose de política nas relações
econômicas internacionais”. Este armadilha binária está expressa na grade curricular do
Programa de pós-graduação em EPI. O programa tem como disciplinas obrigatórias:
“Economia Política Internacional I: O Poder” e “Economia Política Internacional II: O Capital”.
Na versão eletrônica deste texto há o ANEXO III que apresenta o projeto de pós-graduação
enviado à CAPES. Ver:
http://www.ie.ufrj.br/hpp/mostraArtigos.php?idprof=77&cat=1http://www.ie.ufrj.br/instituicao/doc
entes/index.html.
20
Neste modelo, o eixo analítico estruturante é ortodoxo ou convencional, ou
seja, trata-se da rivalidade interestatal.42 O fato de se colocar “doses” de latino-
americanismo e desenvolvimentismo não altera significativamente a natureza
ortodoxa do enfoque centrado na rivalidade interestatal.43 A principal
implicação é que este Programa deveria ser área de concentração de um curso
de pós-graduação em relações internacionais ou, então, de Ciências Políticas.
44
Ou seja, não cabe abrigá-lo no IE.
A terceira razão é que o IE não terá qualquer ingerência sobre o
programa de pós-graduação em Economia Política Internacional. Na realidade,
o IE se limitará a cumprir o papel de guarda-chuva institucional deste
programa. A co-responsabilidade restringe-se à alocação de professores. De
fato, não se prevê mecanismos de controle efetivos acadêmicos e
administrativos.45
A quarta razão é que haverá pulverização dos recursos do IE com a
adesão a este programa de pós-graduação em Economia Política Internacional.
42
O livro de Robert Gilpin, principal referência no mundo anglo-saxão, é mencionado na
bibliografia básica para o exame de entrada no programa. Duas observações: primeira – há um
erro (repetido duas vezes – University of Princenton – quando o nome correto é Princeton;
segundo, há tradução recente para o português - A Economia Política das Relações
Internacionais. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2002.
43
A referência explícita são os textos da coleção Zero à Esquerda da Editora Vozes
organizados, principalmente, por J. L. Fiori. Os livros desta coleção tratam de temas que
enfatizam a rivalidade interestatal e tratam as questões sob a ótica da análise econômica
convencional. Ou seja, o enfoque de EPI não é evidente nos textos, inclusive aqueles
produzidos por professores do IE-UFRJ. A quase totalidade dos textos negligencia a rivalidade
entre as classes sociais – rivalidade esta que tem sérias implicações na dinâmica das relações
internacionais –, e que faz parte do eixo estruturante do método da EPI.
44
Na University of Princeton, centro de referência nos Estados Unidos em Economia Política
Internacional (EPI), não há curso de mestrado de EPI. A disciplina de pós-graduação está sob
a responsabilidade do Departamento de Ciência Política. Ver:
http://www.princeton.edu/politics/research/fields/international/.
Na London School of Economics, que é referência européia em Economia Política
Internacional, há curso de mestrado de EPI, que é de responsabilidade do Departamento de
Relações Internacionais. Ver:
http://www.lse.ac.uk/resources/graduateProspectus2009/taughtProgrammes/MScInternationalP
oliticalEconomy.htm.
45
Evidência nesta direção foi a proposta de regulamento do programa de pós-graduação em
Economia Política Internacional enviada ao Conselho Deliberativo do IE em 2 de outubro de
2008. Esta proposta não foi aprovada porque ela não foi considerada consistente com o
regulamento do IE e, especialmente, com o regulamento da pós-graduação do IE. O que mais
chamou atenção foi a ausência total de critérios de entrada e permanência de docentes no corpo
permanente do programa. A proposta foi tirada de pauta e encaminhada aos responsáveis pelo
programa para que fossem feitas as alterações pertinentes.
21
Considerando a diretriz estratégica de melhora da qualidade da pós-graduação
no próprio IE não cabe a pulverização de recursos em programas que,
pretensamente multidisciplinares, constituem áreas de concentração de outras
ciências ou áreas (no caso, Ciências Políticas e área de relações
internacionais). Mais especificamente, o programa de pós-graduação em
Economia Política Internacional deveria ser área de concentração do programa
de pós-graduação dos cursos de Relações Internacionais ou de Ciências
Políticas.46
Em síntese, com inúmeros fatores positivos que apontam na direção de
uma trajetória dinâmica de expansão, a área de relações econômicas
internacionais do IE defronta-se com o risco concreto de pulverizar seus
recursos ao se engajar no curso de graduação em relações internacionais e no
curso de pós-graduação em Economia Política Internacional.47 A pulverização
aponta para o risco de reversão da trajetória dinâmica. Portanto, para evitar
este processo de reversão é necessário que o IE cancele os compromissos
assumidos em relação aos cursos mencionados.48 Como parte da agenda
positiva, cabe a criação de uma área de concentração em Economia
Internacional no programa de pós-graduação do IE. Nesta área a disciplina de
Economia Política Internacional torna-se parte de um conjunto orgânico de
disciplinas.49
46
Este último curso de pós-graduação perdeu, recentemente, o credenciamento da CAPES.
Apesar de haver grande número de teses orientadas, a perda do credenciamento ocorreu em
função da baixa produção científica pelos padrões da Capes.
47
Este argumento pode ser estendido para o outro curso multidisciplinar de pós-graduação
(Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento) patrocinado pelo IE.
48
Em reunião de 11 de novembro de 2008 o Conselho Deliberativo do IE decidiu que a
instituição não participará do novo curso de relações internacionais da UFRJ. Isto ocorreu após
a conclusão da primeira versão deste estudo.
49
Para uma proposta didática relativa à Economia Política Internacional, ver Reinaldo
Gonçalves, Economia Política Internacional. Fundamentos Teóricos e as Relações
Internacionais do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2005, cap. 1, Apêndice, p. 24-28.
22
5. Síntese
Esta última seção apresenta o balanço dos pontos fortes e dos pontos
fracos da área de Relações Econômicas Internacionais do IE-UFRJ. Estes
pontos referem-se tanto aos aspectos específicos da área quanto aos aspectos
mais gerais do Instituto de Economia que sublinham a evolução e desempenho
desta área. Faz-se, ainda, o balanço das oportunidades e ameaças que
transcendem o IE-UFRJ. As oportunidades são de natureza mais geral,
enquanto as ameaças refletem, em boa medida, as crescentes deficiências
institucionais da UFRJ. O Quadro SWOT sintetiza os principais pontos.50
Conforme destacado, o IE-UFRJ e a sua área de Relações Econômicas
Internacionais têm muitos pontos fortes importantes. Os destaques são,
certamente, o alto grau de qualificação dos professores e pesquisadores e a
ótima qualidade do corpo discente, tanto na graduação como na pós-
graduação. Os principais pontos fracos são a decrescente adesão institucional
de professores, pesquisadores e funcionários, a falta de foco quanto às
diretrizes estratégicas e a recente pulverização de recursos em programas de
pós-graduação “extra-muros”.
No que diz respeito às oportunidades, os destaques são as importantes
e rápidas transformações na área de relações econômicas internacionais, a
crescente demanda por trabalhos e a própria vulnerabilidade externa da
economia brasileira. As ameaças não são desprezíveis e ocorrem,
principalmente, como resultado da política governamental de pouca valorização
da atividade de ensino superior. A ênfase do governo federal nos aspectos
quantitativos tende a comprometer a qualidade do ensino e da pesquisa. Os
baixos salários dos professores das IFES expressam esta política.
Ademais, a área de Relações Econômicas Internacionais do IE, bem
como todas as atividades de ensino, pesquisa e extensão do IE, estão
ameaçadas pela deterioração institucional da UFRJ. Dentre as principais
ameaças vale destacar a perda de vantagem locacional com a eventual
transferência do IE para a Ilha do Fundão, a “balcanização” da UFRJ com a
constituição de pequenas unidades e órgãos com poder de fazer concursos
50
SWOT: strengths, weaknesses, opportunities e threats.
23
públicos para professores e alocar recursos, e a pressão crescente pela
pulverização de recursos.
Oportunidades Ameaças
• parcerias nacionais e • gestão temerária em
internacionais instâncias administrativas da
• novos mercados UFRJ
• crescente demanda por • baixa remuneração dos
trabalhos professores das IFES
• rápidas mudanças nas • risco de perda de vantagem
relações econômicas locacional
internacionais • projeto MEC/Reitoria: mais
Análise ambiental • vulnerabilidade externa do quantidade, menos qualidade
país – agenda repleta de • crescente concorrência
problemas • procedimentos de avaliação
• concursos para profissionais da CAPES e do CNPQ
qualificados • “balcanização” na UFRJ
• pressão crescente para
pulverização de recursos
24
ANEXO I
25
HASENCLEVER, L. La mondialisation et la spécialisation de l´industrie textile et de Competitividade da
confection de Nova Friburgo. Les défis locaux du changement compétitif. In: FAURÉ, Y. A.; indústria têxtil
KENNEDY, L.; LABAZE, P. (Org.). Productions locales et marché mondial dans les pays
émergents: Brésil, Inde, Mexique. Paris: Éditions Karthala, 2005. p. 59-88.
HERMANN, J. Crescimento, restrição externa e fluxos de capital: uma análise da Restrição externa e
experiência brasileira nos anos 1990-2000. In: SICSÚ, J.; FERRARI FILHO, F. (Org.). crescimento
Câmbio e Controles de Capitais – Avaliando a eficiência de modelos macroeconômicos. Rio
de Janeiro: Campus-Elsevier, 2006. p. 157-183. ISBN 85-352-2088-7.
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1987-99. In: SOBREIRA, R. (Org.). Regulação Financeira e Bancária. 1. ed. São Paulo: e crise cambial
Editora Atlas, 2005. p. 210-258. ISBN 8522439400.
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GIAMBIAGI, F.; VILLELA, A.; CASTRO, L. B. de; HERMANN, J. (Org.). Economia Brasileira
Contemporânea (1945-2004). Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. cap. 3, p. 69-92. ISBN 85-352-
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dez. 2005. ISBN 85-7504-095-2.
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petróleo: preços altos significam maior volatilidade? In: Congresso Brasileiro de Energia, de petróleo
11., 2006, Rio de Janeiro. Anais do XI CBE, 2006.
SICSÚ, J. A Liberalização Financeira Brasileira no Período 1988-2002. In: SICSÚ, J.; liberalização financeira
FERRARI FILHO, F. (Org.). Câmbio e Controles de Capitais – Avaliando a eficiência de brasileira
modelos macroeconômicos. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier, 2006. p. 222-245. ISBN 85-
352-2088-7.
SICSÚ, J. Blindando a Economia Brasileira: existe alternativa aos programas do FMI? In: FMI
SICSÚ, J.; PAULA, L. F. de; MICHEL, R. (Org.). Novo-Desenvolvimentismo: um projeto
nacional de crescimento com eqüidade social. Barueri: Manole, Rio de Janeiro: Fundação
Konrad Adenauer, 2005. p. 97-116. ISBN 85-98416-04-5 (Manole).
SICSÚ, J. Rumos da Liberalização Financeira Brasileira. Revista de Economia Política, São liberalização financeira
Paulo, v. 26, n. 3, p. 364-380, jul./set. 2006. brasileira
SOUZA, F. E. P. de. Sem Medo de Flutuar? O Regime Cambial Brasileiro Pós-1998. Regime cambial
Estudos Econômicos (IPE/USP), São Paulo, v. 35, p. 519-545, 2005.
TIGRE, P. B. Brazil: e-commerce shaped by local forces. In: KRAEMER, K. L.; DEDRICK, e-commerce
J.; MELVILLE, N. P.; ZHU, K. (Org.). Global E-Commerce: impacts of national environment
and policy. Nova York: Cambridge University Press, 2006. p. 278-305.
26
ANEXO II
27
arrecadação de royalties no Energia/UFPB-IE/UFRJ
Brasil Cooperação Área
. Dependência e vulnerabilidade Interdisciplinar de
energética: o caso do gás natural Planejamento
no Brasil Energético/UNICAMP-
Impactos Microeconômicos das IE/UFRJ
Fusões e Aquisições nas Universidade Paris XI-
Indústrias de Energia no Mundo IE/UFRJ (Ensino e Pesquisa)
IEPF-IE/UFRJ (Ensino e
Pesquisa)
Universidad de la Laguna
(Ensino e Pesquisa) no
âmbito do prometo CAPES
Universidade
Corporativa/Petrobras-
IE/UFRJ
MME-IE/UFRJ (Pesquisa)
Eletrobrás-IE/UFRJ
(Pesquisa)
Aneel-IE/UFRJ (Pesquisa)
Petrobras/Cenpes – IE/UFRJ
ONIP-IE/UFRJ (Pesquisa)
Previ-IE/UFRJ (Pesquisa)
IBP –IE/UFRJ (Pesquisa)
SENAI/CT GAS (Pesquisa)
UN/CEPAL -IE/UFRJ
(Pesquisa)
OCDE -IE/UFRJ (Pesquisa)
BID
João Bosco Integração Produtiva: a RedMercosur de
experiência européia e lições Investigaciones Econômicas
para o Mercosul Cepal e ABDI
João Felipe Mathias na produção de carne bovina no
Brasil
crises cambiais
João Sicsú Rumos da Liberalização
Financeira Brasileira
Câmbio, Especulação e Juros no
Modelo da Teoria Geral
Emprego, Juros e Câmbio:
finanças globais e desemprego
Experiências de Controles do
Fluxo de Capitais: Focando o
caso da Malásia
Liberalização Financeira
Brasileira no Período 1988-2002
Câmbio e Controles de Capitais
28
Sistemas Nacionais de Inovação Economics, RússiaCentre for
de Brasil, Rússia, China, Índia e Development Studies,
África do Sul Trivandrum, Índia
Tshane Univeristy of
Technology, Pretoria, África
do Sul
Chinese Academy of
Sciences, China
IDRC
FINEP
Faculdade de Economia,
Universidade de Santiago de
Compostela, Faculdade de
Economia, Université de
Rennes 1, França, UNAM,
México, Universidade de la
Republica, Uruguai,
Universidad de La Habana,
Cuba e Globelics (Global
Research Network for the
Economics of Learning,
Innovation and Capacity
Building Systems)
IDRC e o BID
Lia Hasenclever Capacitação Tecnológica Agence National de
Empresas Transnacionais Recherches sur le SIDA-
Evolução, Dinâmica e Regulação ANRS (França)
do Mercado Farmacêutico no - Núcleo de Assistência
Mercosul Farmacêutica da
Produção e Fornecimento de ENSP/FRIOCRUZ
Antiretrovirais Genéricos depois - Centro Federal de Educação
de 2005: uma análise a partir Tecnológica-CEFET de
do caso do Brasil e da Índia Campos
- Sistema de Informação
sobre a Indústria Química-
SIQUIM, Instituto de Química
da UFRJ
29
Reinaldo Gonçalves Investimento externo direto do EPPG-IUPERJ
Brasil na América do Sul Apex
Internacionalização das
empresas brasileiras
Crises econômicas, financeiras e
cambiais
Renata La Rovere Impacto das atividades de IDRC
outsourcing em pólos de
software no Brasil e na Argentina
Valéria Gonçalves da Práticas da economia ecológica Comunidade Econômica
Vinha aplicadas por ONGs Européia
30
ANEXO III
Coerentemente com este propósito e estes objetivos, este projeto será encaminhado como
curso de pós-graduação stricto sensu (mestrado acadêmico e doutorado)
multidisciplinar para a CAPES.
31
Esse reconhecimento da articulação da economia e da política a partir de uma concepção
histórica molda essencialmente o perfil dos cursos de mestrado e doutorado ora proposto, que
se encontram articulados em três áreas temáticas: a área econômica, a área política e a área
histórica. Estas áreas temáticas não constituem áreas de concentração, uma vez que o
aluno terá de somar créditos nas disciplinas das três áreas. Há apenas uma área de
concentração, em Economia Política Internacional.
Essa perspectiva conjunta define as três áreas temáticas em que se articula o programa de
pós graduação, e que são apresentadas em maior detalhe a seguir: a área econômica, a área
política e a área de história.
A formação dos alunos de mestrado e doutorado será constituída por disciplinas obrigatórias
e eletivas das três áreas, não sendo admitida a exclusão de qualquer uma dessas áreas,
conforme regulamento do curso.
A formação dos mestres em Economia Política Internacional exige que sejam somados 26 (390
horas) créditos em um período máximo de 3 anos.
A formação dos doutores em Economia Política Internacional exige que sejam somados 42
créditos em um período máximo de 5 anos.
As disciplinas eletivas podem ser cursadas tanto por alunos do mestrado quanto do doutorado,
conforme se encontra indicado abaixo e na grade curricular a seguir. Os estudantes do curso
de mestrado deverão fazer 3 (três) eletivas no total (12 créditos), escolhendo
necessariamente uma eletiva (4 créditos) de cada área. Os estudantes de doutorado
deverão fazer 4 (quatro) eletivas (16 créditos) no total, sendo que pelo menos uma delas
(4 créditos) em cada área, o que facultará a estes estudantes fazerem duas eletivas (8
créditos) na mesma área.
O número de vagas para Mestrado e Doutorado a cada ano será definido pelo Corpo
Deliberativo do Programa, levando-se em conta um número que não ultrapasse a média
de três vagas para Mestrado e duas vagas para Doutorado por membro do Corpo
Docente do Programa. Este número não deverá em qualquer hipótese ultrapassar o total
de 25 (vinte e cinco) vagas anuais, sendo 15 (quinze) vagas disponibilizadas para o
curso de Mestrado e 10 (dez) vagas disponibilizadas para o curso de doutorado, no
máximo.
I) ÁREA POLÍTICA
Disciplinas Obrigatórias (4 créditos cada: 1 crédito = 15 horas):
Economia Política Internacional I: O Poder (Mestrado e Doutorado)
Formação, Estrutura e contradições do “Sistema Mundial Moderno” (Doutorado)
32
Teorias Geopolíticas e agenda Geopolítica Contemporânea
Direito e Instituições Internacionais
Estudos Regionais: União européia, América Latina e Ásia
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(4 créditos)
Direito e Instituições Integrações Político-
Internacionais Econômicas Regionais
(4 créditos) (4 créditos)
Linhas de pesquisa
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continente um sub-sistema inter-estatal, e por que as guerras regionais não geram os mesmos
efeitos de outros espaços do sistema mundial. As relações peculiares que se estabelecem
entre desenvolvimentos capitalistas "periféricos" (no sentido cepalino do conceito) e a
inapetência expansionista dos seus estados nacionais.
Projeto de Pesquisa 1.2 (José L. da C. Fiori): Competição e complementaridade entre os
estados sul-americanos, na entrada do século XXI
Uma pesquisa comparada das trajetórias políticas e econômicas seguidas pelos estados latino-
americanos depois do esgotamento da "fase" ou estratégia nacional-desenvolvimentista. A
convergência neoliberal dos anos 90 século XX, e a "virada" coletiva dos primeiros anos do
século XXI, na direção de governos mais à esquerda. As relações entre esta nova opção da
maioria dos países do continente e as mudanças geopolíticas e geoeconômicas do Sistema
Mundial, a partir da fragilização norte-americana, depois da Guerra do Iraque, e do impacto
global do expansionismo econômico chinês cada vez mais avassalador. Qual a possibilidade
de que o sistema estatal latino-americano esteja chegando ao fim de sua "adolescência" e
começando a comportar-se segundo o "padrão histórico" do sistema mundial.
Linha de Pesquisa 2: Estudos de Desenvolvimento Comparado e Economia
Política Internacional (coordenação: Prof. Matías Vernengo)
Este projeto procura analisar as diferentes trajetórias dos paises semi-periféricos em termos de
suas políticas macroeconômicas (e.g. monetária, fiscal e cambiaria) e microeconômicas (e.g.
comercial e industrial) e suas conseqüências sobre o crescimento econômico, a distribuição de
renda, e sobre indicadores de desenvolvimento social e humano. A escolha dos paises está
associada ao fato de que por questões econômicas – como o grau de desenvolvimento da
estrutura produtiva, a dimensão do mercado interno, os padrões de consumo – e por questões
políticas – o elevado desenvolvimento político dos vários grupos sociais e a existência de um
projeto alternativo de nação – estes paises não diferem significativamente dos paises
chamados desenvolvidos. Adicionalmente, estes paises estão em contextos históricos e
estruturais suficientemente diferentes que a observação dos efeitos dessa variedade sobre
paises com certas semelhanças econômicas pode ser frutífera. Por exemplo, o processo de
transição do socialismo para a economia de mercado na China e na Rússia pode ser visto
como um experimento sobre os efeitos comparados da transição gradual e do tratamento de
choque. A experiência Argentina com a caixa de conversão e os processos de estabilização no
Brasil, México e Turquia podem ser vistos como programas de ajuste alternativos com
diferentes graus de dolarização. A experiência Latino Americana (Argentina, Brasil e México)
com liberalização externa pode ser contrastada com a experiência Asiática (China e Índia), em
particular no que se refere à liberalização da conta de capital.
Esta pesquisa visa oferecer uma síntese das principais abordagens institucionalistas, em teoria
econômica, que tratam explicitamente do papel do Estado no desenvolvimento; analisando
criticamente o tratamento teórico, em cada abordagem, do papel atribuído às instituições
formais (o Estado). Para tanto, tem como objetivo secundário revisar, comparar e criticar os
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conceitos básicos e as diferentes abordagens teóricas que tratam do papel das instituições na
economia moderna, investigando em que medida estas abordagens conseguem dar conta da
especificidade institucional do Estado.
Linha de Pesquisa 3: Economia Política Internacional e Estratégias de Poder
(coordenação: Prof. Ronaldo Fiani)
O longo período de dominância da ortodoxia neoclássica, renovado nas décadas recentes pelo
chamado “neoliberalismo” tem obscurecido a compreensão de teorias e análises da abordagem
clássica, cujas bases são completamente distintas. A comparação crítica de diversos aspectos
da estrutura analítica destas duas abordagens alternativas se constitui nesta linha de pesquisa.
Projeto de Pesquisa 4.3 (Alcino Câmara Neto): Restrição Externa, Crescimento e Inflação
nos Países em Desenvolvimento e no Brasil
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Embora o principal determinante direto do crescimento seja a restrição de demanda efetiva,
todos os países que não emitem a moeda internacional estão sujeitos em maior ou menor grau
a uma restrição de balanço de pagamentos, que condiciona fortemente tanto o crescimento
quanto a inflação, com especial força nas economias em desenvolvimento. A análise teórica e
empírica da restrição externa e seus impactos sobre o crescimento e a inflação nos países em
desenvolvimento latino americanos, com ênfase no Brasil, constituem esta linha de pesquisa.
Infra-estrutura Disponível
QUADRO DOCENTE
NUMERAÇÃO CRESCENTE.
Professor: nome completo
P/C/V: tipo de professor = P(permanente); C(colaborador); V(visitante).
Titulação: local, ano e área de titulação.
ORIG.: instituição e unidade a qual pertence; ano da admissão.
PUBLICAÇÕES:
ORIENTAÇÕES: IC(iniciação científica); MSC(mestrado); DSC(doutorado).
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: 1 – Cargo atual (ex: professor associado I, 40h DE)
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