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ARTIGO TÉCNICO

PROPOSTA DE UM MÉTODO DE CÁLCULO DO TEMPO DE


SEDIMENTAÇÃO NO TRATAMENTO DE ESGOTOS POR LODOS
ATIVADOS EM BATELADAS

PROPOSAL OF A CALCULATION METHOD TO DETERMINE THE SETTLING TIME


IN BATCH ACTIVATED SLUDGE SEWAGE TREATMENT

RAFAEL CARVALHO DE OLIVEIRA SANTOS


Engenheiro Civil e Sanitarista da CEDAE. Mestre em Engenharia Ambiental pela UERJ. Professor Assistente do
Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente da Faculdade de Engenharia da UERJ

OLAVO BARBOSA FILHO


Engenheiro Químico.PhD pelo Imperial College (Londres). Professor Adjunto do Departamento de Engenharia
Sanitária e do Meio Ambiente da UERJ

GANDHI GIORDANO
Engenheiro Químico. D.Sc. Engenharia Metalúrgica e de Materiais pela PUC – Rio. Professor Adjunto do
Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente da UERJ

Recebido: 31/01/05 Aceito: 12/05/05

RESUMO ABSTRACT
Neste artigo é feita uma análise do funcionamento de reatores This paper presents an analysis of the operation of activated sludge
biológicos para tratamento de esgotos pelo processo de lodos sequencing batch reactors (SBR) for sewage treatment. Emphasis is
ativados, em batelada. A análise destaca o ciclo de operação des- placed on the operational cycle of those reactors, which includes the
ses reatores, que inclui as etapas de aeração e sedimentação, indi- phases of aeration and sedimentation, indicating the settling time
cando o tempo de sedimentação para o qual se obtém a máxima corresponding to the maximum operational efficiency. An
eficiência operacional. É apresentado um método de cálculo para explanation is made of a calculation method to determine this
a determinação racional deste tempo ótimo. O trabalho contém optimum settling time. The work includes a review of the literature
uma revisão da literatura concernente ao assunto estudado, com concerning the subject of the present study, considering the concepts
ênfase nos conceitos de sedimentação zonal e fluxo de sólidos, of hindered (zone) settling and solids flux, together with the derivation
acompanhada da dedução do método de cálculo proposto. of the proposed calculation method.

PALAVRAS-CHAVE: Tratamento de esgoto, tratamento de KEYWORDS: Sewage treatment, wastewater treatment, activated
águas residuárias, lodos ativados em batelada, sedimentação, tem- Sludge, sequencing batch reactors, sedimentation, settling time.
po de sedimentação.
INTRODUÇÃO na zona de lodo, na qual é acumulado o seu bom desempenho como decantador
lodo do reator, quando completada a fase final, desde que a remoção do excesso de
A tecnologia de tratamento de es- de sedimentação, uma vez decorrido o lodo seja efetuada corretamente, pois que,
goto pelo processo de lodos ativados com tempo de sedimentação. então, a fuga de biomassa no efluente tra-
operação em bateladas se desenvolve no Para que o tratamento promovido te- tado será desprezível. A adoção de um
interior de um tanque apenas, aqui de- nha boa eficiência, é necessário e suficiente tempo de sedimentação e de uma altura
nominado reator. que o reator opere bem tanto como tanque da zona de carga adequados garantirá o
A operação do reator é cíclica. Em de aeração quanto como decantador final. bom desempenho do reator como decan-
cada ciclo ele funciona inicialmente como O reator por batelada será eficaz tador final.
tanque de aeração e, em seguida, como como tanque de aeração se o seu supri-
decantador final. Este modo de funcio- mento de oxigênio for satisfatório e se a SEDIMENTAÇÃO ZONAL
namento implica a divisão do reator em massa de microrganismos no seu interior EM BATELADAS – TESTE
duas partes superpostas. A parcela supe- for suficiente para metabolizar a matéria DE SEDIMENTAÇÃO EM
rior do volume útil do tanque, a zona de orgânica a ele afluente. Uma vez provido COLUNA
carga, é alternadamente enchida e esvazi- o oxigênio requerido, resta garantir a quan-
ada, o que determina a intermitência do tidade bastante de biomassa nele presen- São reconhecidos três tipos de sedi-
fluxo de esgoto. A parte inferior consiste te. Isto dependerá, exclusivamente, do mentação, determinados pela natureza

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dos sólidos suspensos (Jordão & Pessôa, tação (Figura 1b), todo o lodo está em Como o lodo apresentava a mesma
1995) e pela concentração com que os repouso, acumulado em uma camada de concentração de sólidos X em toda a altu-
sólidos se encontram na suspensão: a se- espessura HU menor que HT, apoiada no ra HT, então em todos os infinitos planos
dimentação discreta, a sedimentação fundo do cilindro. A concentração de horizontais ao longo de HT, exceto no do
floculenta e a sedimentação zonal. Em- sólidos é XU, uniforme. fundo, o lodo iniciou a sua sedimentação
bora alguns autores como Metcalf & Portanto, a partir do conhecimento à velocidade VS. Assim, a transferência de
Eddy (1991) refiram-se a um quarto tipo das condições inicial e final do processo, sólidos da camada superior se propaga para
de sedimentação, no qual se enquadraria pode-se observar que, enquanto o lodo baixo, plano a plano, observando uma
o fenômeno de adensamento do lodo, jul- sedimenta, acontece aumento da concen- taxa de transferência única e igual a
gam os autores deste trabalho mais ade- tração de sólidos e redução conseguinte X . VS, até o fundo do recipiente.
quado considerar tal fenômeno parte in- da velocidade de sedimentação, até que, Uma vez que a camada de espessura
tegrante do processo de sedimentação ao final do processo, o lodo alcança a con- infinitesimal de lodo apoiado no fundo é
zonal, adotando o que preconizam auto- centração de sólidos máxima XU, para a estática, sua concentração de sólidos sofre
res outros como os citados Jordão & Pessôa qual a velocidade de sedimentação é nula. um aumento com a transferência recebi-
(1995). As fases intermediárias do fenôme- da e não transmitida. Mas como sua es-
A sedimentação zonal ocorre por- no podem ser apreendidas através do ra- pessura é infinitesimal, também o é seu
que as partículas sólidas em suspensão ciocínio desenvolvido em seguida e ilus- volume e, por esta razão, sua concentra-
possuem concentração muito elevada e trado pela Figura 2, permitindo que se ção de sólidos atinge imediatamente o
propriedades físicas bem semelhantes. A obtenha um modelo bastante adequado valor máximo XU.
pequena distância entre elas é insuficien- às aplicações práticas visadas pelos auto- Esta camada inferior estava estática
te para impedir a ação de forças res. desde o início do processo por efeito da sus-
interparticulares e, dentro de certa medi- Decorrido um tempo infinitesimal tentação do fundo e por isto sua concentra-
da, tais forças podem mantê-las em posi- dt do início da sedimentação, o lodo (à ção de sólidos alcança XU. No mesmo tem-
ções fixas entre si, como peças de uma exceção da camada de espessura po, por causa do decréscimo, até a anula-
estrutura (Da-Rin & Nascimento, 1977). infinitesimal junto ao fundo do cilindro) ção, da sua capacidade de recepção de sóli-
Isto faz com que as partículas se arranjem sedimenta, durante dt, à velocidade de dos, ela passa a exercer, na camada de espes-
formando camadas que sedimentam de sedimentação VS, característica da concen- sura infinitesimal imediatamente acima, ação
tal modo que cada camada se comporta tração inicial X. Logo, ocorre a transferên- da mesma natureza daquela que sofreu do
como uma massa única, sujeita a uma re- cia, para baixo, da massa infinitesimal dos fundo. Nesta segunda camada se desenvol-
sistência do fluido ao seu movimento tan- sólidos antes presentes em uma camada ve, então, fenômeno semelhante que resul-
to maior quanto mais elevada for a sua de espessura infinitesimal, medida a par- ta na elevação da sua concentração de sóli-
concentração de sólidos. O fenômeno se tir da superfície do líquido. Esta camada dos de X para XU - dX. Assim sucessivamen-
assemelha à passagem de um fluido atra- agora contém líquido clarificado, isento te acontece numa infinidade de camadas
vés de um leito filtrante granular, no qual de lodo, e sua espessura mede VS . dt. superiores de espessuras infinitesimais.
a resistência ao deslocamento do fluido é
função da proximidade entre os grãos
constituintes do leito. Tem-se por resul-
tado ser a velocidade de sedimentação da
camada tanto menor quanto maior for
sua concentração de sólidos. É desta na-
tureza a sedimentação do lodo secundá-
rio no decantador final de uma estação
de tratamento biológico de esgoto, bem
como, na fase de sedimentação, em um
reator em bateladas.
O ponto de partida para o estudo
da sedimentação zonal são os ensaios de
sedimentação em coluna (Figura 1).
Considere-se um cilindro conten-
do uma coluna com altura total HT de
uma suspensão homogênea cuja concen-
tração de sólidos é X. Posta esta suspensão
em repouso, tem princípio a sedimenta-
ção do lodo nela contido. No instante
inicial da sedimentação (Figura 1a), o
lodo está presente em toda a altura HT da
coluna, com concentração de sólidos X, HT = altura total da coluna de suspensão no início do ensaio [cm]
uniforme. Ao longo do processo de sedi- HU = altura da camada de lodo (com concentração XU [mg/L]) ao final do ensaio [cm]
mentação, todas as camadas de lodo se X = concentração de sólidos inicial [mg/L]
deslocam em direção ao fundo do cilin- XU = concentração de sólidos final (a máxima) [mg/L]
dro, exceto aquela que já nele se encon- Figura 1 – Ensaio de sedimentação zonal em coluna
trava no instante inicial. Finda a sedimen- (a) Instante inicial (b) Instante final

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Cálculo do tempo de sedimentação no tratamento de esgotos em bateladas

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Em síntese, decorrido dt após o iní- cada camada com concentração entre Do início do processo até t2, a
cio da sedimentação, forma-se junto ao XU – dX e X ascendeu com sua velocidade interface líquido clarificado-lodo
fundo uma infinidade de camadas, com característica. A camada com concentra- sedimenta à velocidade constante VS, a
espessuras infinitesimais (cujo somatório ção X terá então se erguido à sua velocida- máxima ao longo de todo o processo,
é também infinitesimal), nas quais as con- de ascensional VAX, passando a situar-se posto que nela a concentração de sólidos
centrações de sólidos apresentam, de bai- VAX . t1 acima do fundo do cilindro. é X, constante e mínima. A curva Altura
xo para cima, uma variação contínua e Conforme está mostrado na Figura da Coluna de Lodo X Tempo, neste inter-
decrescente, desde XU até X. 2, portanto, no instante t1 ter-se-á, a par- valo, é um segmento de reta, portanto,
O estado da coluna de suspensão tir do fundo: como se vê na Figura 2.
no instante dt pode ser retratado pela re- • Uma camada de lodo com con- A partir de t2, tendo continuidade a
presentação gráfica correspondente ao centração de sólidos máxima XU, de es- sedimentação, a cada intervalo infini-
tempo zero da Figura 2, tendo-se em pessura HU1, tal que: tesimal de tempo dt transcorrido, a con-
mente que na superfície há uma camada centração de sólidos da interface líquido
de espessura dH com líquido clarificado e (1) clarificado-lodo é substituída por uma
no fundo há uma infinidade de camadas concentração infinitesimalmente maior as-
de espessuras somadas dH com concen- • Uma camada com espessura Hi1 e cendente que alcança o topo da coluna
trações de sólidos decrescentes, de baixo concentrações de sólidos Xi variando de de lodo. A cada aumento de concentra-
para cima, de XU até X. Em todo o restan- XU – dX até X, de baixo para cima, sendo: ção corresponde uma redução na veloci-
te intermediário da coluna, a concentra- dade de sedimentação da interface para o
ção de sólidos é X. valor característico da nova concentração.
Enquanto a sedimentação evolui, a Assim, a partir de t2, a velocidade de sedi-
(2)
interface líquido clarificado-lodo, que é mentação da interface diminui ininter-
um plano horizontal onde a concentra- • Uma camada de lodo com a con- ruptamente até um instante t4. Em t4 a
ção de sólidos é X, descende à velocidade centração de sólidos inicial X, de espessu- concentração de sólidos máxima XU atin-
constante VS. Ao mesmo tempo, a contí- ra HX1 valendo: ge a interface e a velocidade de sedimen-
nua transferência de sólidos para o fundo tação desta se torna nula, completando-
faz com que tenha sua concentração au- se o processo da sedimentação.
mentada cada uma das infinitas camadas (3) Assim sendo, como se pode obser-
que apresentam, de baixo para cima, con- var na Figura 2, no intervalo limitado por
centrações de sólidos que variam da má- • Uma camada com líquido clarifi- t2 e t4, a curva Altura da Coluna de Lodo X
xima XU à inicial X. Como a concentração cado, de espessura HC1 alcançando: Tempo deixa de ser retilínea, adquirindo
não pode crescer além de XU, dá-se o au- uma curvatura que cresce de zero até um
mento da espessura da camada mais de (4) valor máximo e depois diminui de volta
baixo, à medida que, ordenadamente de para zero.
baixo para cima, nas demais infinitas ca- Em um determinado instante t2, O trecho final da curva Altura da
madas é atingida XU. Assim, a superfície posterior a t1, a concentração de sólidos Coluna de Lodo X Tempo é uma semi-reta
superior da camada com concentração de X, ascendente, encontra a interface líqui- horizontal, pois a velocidade de sedimen-
sólidos máxima ascende e, porque a taxa do clarificado-lodo, também com concen- tação é nula e a altura da coluna de lodo
de transferência de sólidos descendentes tração de sólidos X, que descende. permanece constante.
é invariável, ascende a uma velocidade Neste momento a camada com con-
constante VAU, característica de XU. Uma centração de sólidos X tem espessura SEDIMENTAÇÃO ZONAL
vez que cada uma das outras infinitas ca- infinitesimal e a situação, a partir do fun- COM FLUXO CONTÍNUO –
madas também tem sua concentração do do cilindro é: TEORIA DO FLUXO DE
continuamente aumentada, cada concen- • Uma camada de lodo com con- SÓLIDOS
tração, a exemplo da máxima, ascende a centração de sólidos máxima XU, de es-
velocidade constante própria. pessura HU2 medindo: Embora este estudo se refira direta-
Resumindo, com o desenrolar da mente à sedimentação zonal em bateladas,
sedimentação, os sólidos descem e as con- (5) alguns dos elementos fundamentais do
centrações ascendem. Assim como os só- método de cálculo proposto foram deri-
lidos sedimentam com velocidades cons- • Uma camada com espessura Hi2, vados da teoria da sedimentação zonal em
tantes e características das suas concen- com concentrações de sólidos Xi variando unidades de fluxo contínuo. Assim, é in-
trações, as concentrações ascendem com de XU – dX até X, de baixo para cima, dispensável incluir aqui uma breve revi-
velocidades também constantes e cada onde: são desta teoria.
qual própria da concentração que sobe. Quando o decantador é de opera-
Decorrido um tempo t1 do início ção contínua, o líquido no seu interior
da sedimentação, a interface líquido cla- encontra-se em movimento. Por isto, a
rificado-lodo sedimentou à velocidade VS, (6) clarificação do efluente só será promovi-
atingindo a distância VS . t1 da superfície • Uma camada com líquido clarifi- da se a taxa de escoamento superficial TL
do líquido. Simultaneamente, do fundo cado, de espessura HC2: a ele aplicada (igual à razão entre a vazão
se elevou a concentração XU, à velocidade tratada Q e a área A da superfície da uni-
VAU, alcançando uma altura VAU . t1 me- (7) dade) não exceder a velocidade de sedi-
dida do fundo. Também ao longo de t1, mentação VS da interface líquido clarifi-

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Tg (T) = velocidade de sedimentação do lodo com concentração de sólidos X inicial


Tg (R) = velocidade ascencional da concentração X inicial
Tg (S) = velocidade ascencional da concentração XU máxima
Figura 2 – Sedimentação zonal em batelada – curva altura da interface clarificado / lodo x tempo e
representação dos principais estágios da coluna de suspensão ao longo do tempo

cado-lodo. Ou seja, TL não pode ultra- tínua para o fundo decorre de duas ações dor a concentração de sólidos seja homo-
passar a velocidade de sedimentação do distintas. A primeira é a sedimentação gênea. Sejam Xi [mg/L] a concentração
lodo com a concentração inicial de sóli- propriamente dita, o movimento dos só- de sólidos na seção considerada, Vi [m/h]
dos X (a concentração no afluente ao lidos por ação da gravidade. A segunda é a velocidade de sedimentação do lodo
decantador). o arraste dos sólidos pelo líquido que se com esta concentração Xi e U [m/h] a
A operação de um decantador final desloca para baixo em movimento deter- velocidade descendente do líquido devi-
num sistema de lodos ativados de fluxo minado pela retirada do lodo do fundo, da à recirculação do lodo.
contínuo inclui sempre a remoção, pelo na operação de recirculação. Os fluxos de sólidos por gravida-
fundo da unidade, do lodo sedimentado, A taxa de transferência dos sólidos de GGi [kg/m2 . h], por recirculação
que é retornado ao tanque de aeração. para baixo é denominada fluxo de sólidos, GRi [kg/m2 . h] e total GTi [kg/m2 . h]
Então, é também essencial para a eficácia o qual é definido como a massa de sólidos através da seção analisada são, respectiva-
da decantação que todo o lodo introdu- que atravessa a unidade de área de uma mente:
zido no decantador seja transferido ao seu seção horizontal na unidade de tempo. De
fundo (considera-se desprezível a porção acordo com o que acaba de ser exposto, o (8)
de sólidos em suspensão dispersos que fluxo de sólidos total GT é a soma do fluxo
saem com o efluente, já que, se não o for, de sólidos por gravidade GG com o fluxo (9)
a decantação será ineficaz), pois de outra de sólidos por recirculação GR. Um
forma haverá acúmulo de lodo no seu decantador de operação contínua só será (10)
interior e subseqüente extravasamento de eficaz, então, se também a taxa de aplica- Esta equação (10) é geral e aplicável
lodo pelo vertedor da unidade, juntamen- ção de sólidos TS (igual à razão entre a a cada uma das infinitas seções horizon-
te com o efluente tratado. É necessário, vazão mássica de sólidos introduzidos e a tais do decantador. Ela fornece o fluxo de
portanto, que a taxa de transferência de área da superfície da unidade) a que for sólidos total através de cada seção do
sólidos em cada camada horizontal de submetido não ultrapassar o seu respecti- decantador quando ele é operado tratan-
lodo no interior do decantador seja pelo vo fluxo de sólidos máximo (Da-Rin & do uma vazão Q de uma suspensão de
menos igual à taxa com que os sólidos a Nascimento,1977; Ramalho, 1983). um lodo específico, sob taxa de escoa-
ele afluem (a taxa de aplicação de sólidos, Considere-se uma seção horizontal mento superficial TS não superior à velo-
TS) e, como conseqüência, que todo o qualquer de um decantador final de ope- cidade de sedimentação VS do lodo com a
lodo introduzido seja transportado ao ração contínua que se situe entre o fundo concentração de sólidos afluente X, sujei-
fundo e dali removido. da unidade e a interface líquido clarifica- to a uma vazão de recirculação QR tal que
A transferência dos sólidos introdu- do-lodo. Admita-se que em cada uma de a razão entre QR e a área da superfície da
zidos em um decantador de operação con- todas as seções horizontais deste decanta- unidade A seja igual a U.

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Assim, ao longo da altura da manta
de lodo de um decantador final existem
infinitas camadas horizontais, nas quais
as concentrações de sólidos vão variando,
de cima para baixo, de X até XU. Cada
camada, com concentração Xi, tem uma
capacidade de se deixar atravessar pelos
sólidos expressa pela Equação (10).
Como mostra aquela equação, este fluxo
de sólidos máximo depende de Xi e da
velocidade descendente do líquido U. Em
última análise, depende de Xi e da vazão
de recirculação QR (ou da razão de
recirculação R).
Os procedimentos adotados para
determinar as condições limites opera-
cionais válidas para a decantação contínua
de um determinado lodo, que constituem
as bases da teoria do fluxo de sólidos, fo-
ram estabelecidos por Yoshioka et al (1955)
e consolidados por Dick (1970).
A partir do conhecimento dos va- Tg (αP) = velocidade de sedimentação do lodo com concentração XP = 7000 mg/L
lores de uma série de pares ordenados Tg (βP) = velocidade UP descendente do líquido devida à recirculação do lodo, quando
(Xi ; Vi) característicos de um determina- na camada limitante a concentração de sólidos é XP = 7000 mg/L
do lodo, que podem ser obtidos através XP = 7000 mg/L XU = 9640 mg/L
de ensaios de sedimentação em coluna, GGP = 1,82 kg/m2.h GTP = 6,65 kg/m2.h
calculam-se, mediante a aplicação da GRP = 6,65 – 1,82 = 4,83 kg/m2.h UP = 4,83 / 7.000 . 10-3 = 0,69 m/h
equação (8), os respectivos fluxos de sóli-
dos por gravidade GGi. Constrói-se, en- Figura 3 – Curva dos fluxos de sólidos por gravidade (Ggi) em função das
tão, a curva Fluxo de Sólidos por Gravida- concentrações de sólidos (Xi) do lodo
de X Concentração de Sólidos do referido
lodo, exemplificada na Figura 3. A existência desta camada limitante Observe-se que, operando o decan-
Yoshioka et al (1955) mostram que é facilmente visualizada na Figura 4 tador com carregamento crítico, a sedi-
desta curva se podem extrair valiosas in- (ponto T). mentação se dará, em seu interior, em esta-
formações, algumas delas indicadas na A Figura 4 consiste no resultado da do estacionário (steady state): ao longo do
Figura 3. construção da curva dos fluxos de sólidos tempo as condições permanecem
Uma observação atenta da Figura 3 totais GTi para a velocidade descendente imutadas. Através da camada limitante, os
mostra que quando o ponto de operação do líquido UP, mediante a soma da curva sólidos são transferidos num fluxo que igua-
de um decantador final pertence à curva dos fluxos de sólidos por gravidade GGi la o fluxo limite. Se o fluxo aplicado sofres-
do fluxo de sólidos por gravidade, a uni- da Figura 3 com a reta dos fluxos de sóli- se aumento, parte do lodo não conseguiria
dade está sob carregamento de sólidos crí- dos por recirculação GRi relativa a UP. Por- atravessar a camada limitante e se acumu-
tico. Como ocorre com o ponto P, toma- tanto, por sua própria natureza, esta cur- laria acima dela, fazendo com que sua es-
do como exemplo, a concentração de só- va resultante é o lugar geométrico dos pessura crescesse, como ocorre com a ca-
lidos X na suspensão afluente e a vazão de pontos correspondentes aos fluxos de mada do fundo do cilindro na sedimenta-
recirculação QRP são tais que a velocidade sólidos totais máximos quando a recir- ção em batelada. A concentração da cama-
descendente do líquido determinada pela culação do lodo gera uma velocidade des- da limitante ascenderia, conforme aconte-
recirculação vale UP e a concentração do cendente do líquido igual a UP. ce nos ensaios de sedimentação em colu-
lodo no seu fundo, requerida para que Como se constata da observação di- na. Ou seja, a concentração da camada
todo o lodo afluente seja removido por reta da Figura 4, quando aplicada uma limitante encontra-se no limiar de ascen-
QRP alcança XUP. Operando em tais cir- vazão de recirculação QRP que origina uma der. Isto significa que a velocidade
cunstâncias, se estabelece uma camada velocidade descendente do líquido UP, os ascencional VA [m/h] da concentração da
horizontal entre o fundo e a interface lí- fluxos de sólidos totais máximos do lodo camada limitante, na sedimentação em
quido clarificado-lodo na qual a concen- estudado, nas diversas camadas horizon- batelada, é igual em módulo à velocidade
tração de sólidos é XP e o fluxo de sólidos tais do decantador observado, assumem descendente U [m/h] do líquido devida à
total é GTP, menor que todos os fluxos de valores tais que, na camada com concen- recirculação, na sedimentação contínua:
sólidos de todas as demais camadas. Esta tração de sólidos XP (ponto T da curva
camada é, então, a camada limitante. dos fluxos de sólidos totais, análogo do (11)
Funcionando como se fora uma seção ponto P da curva dos fluxos de sólidos TEMPO ÓTIMO DE
contraída do decantador, ela permite a por gravidade) se estabelece o menor dos SEDIMENTAÇÃO
passagem de um fluxo de sólidos total fluxos de sólidos totais máximos. Ela é,
menor que o de qualquer outra seção, pois, a camada limitante deste lodo quan- Na fase de sedimentação a aeração é
como será mostrado mais adiante. do o decantador opera com UP. interrompida, reduzindo-se a atividade

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Assim, Vesilind (1968), definindo


como sendo V0 [m/h] a velocidade de se-
dimentação da partícula individual e K
uma constante característica de cada lodo,
propõe uma lei de variação com a forma:
(14)
Mais recentemente, vêm sendo pro-
postos modelos nos quais o índice
volumétrico do lodo, IVL [mL/g], é in-
troduzido como elemento refletor da in-
fluência do tipo do lodo no processo da
sedimentação zonal. Nesta linha de ação,
Daigger (1995) apresenta:

(15)

Von Sperling & Fróes (1998) esta-


beleceram, por faixa de sedimentabilida-
de, os valores médios representativos,
para esgoto doméstico, dos parâmetros
V0 e K da Equação (14) proposta por
XP = 7000 mg/L XU = 9640 mg/L Vesilind (1968). Desta forma, são
GGP = 1,82 kg/m2.h GTP = 6,65 kg/m2.h sugeridas cinco equações para estimativa
GRP = 6,65 – 1,82 = 4,83 kg/m2.h UP = 4,83 / 7000 . 10-3 = 0,69 m/h de Vi [m/h] em função da concentração
Xi [mg/L] de sólidos do lodo, devendo-
Figura 4 – Curvas e reta dos fluxos de sólidos totais (GTi), por gravidade se selecionar aquela a ser empregada com
(GGi) e por recirculação (GRi) base no tipo de sedimentabilidade do
lodo, e sendo esta sedimentabilidade re-
metabólica da biomassa que resulta na constante VA) alcança a interface (que, lacionada ao seu IVL. Cabe registrar que
biodegradação do substrato. Daí decorre com concentração X de sólidos, vinha cada equação sugerida foi desenvolvida
a prática comum à maioria dos autores – descendendo do topo da coluna, tam- com base no valor de IVL representativo
corroborada por Artan et al (2001) – de bém desde o início do processo de sedi- da faixa: 45 mL/g para a sedimenta-
considerar nula a conversão biológica do mentação, à velocidade constante VS). bilidade ótima e o valor médio (75 mL/g,
substrato durante esta fase do ciclo. O Portanto, ao longo do tempo t2 [h], as 150mL/g, 250 mL/g e 350 mL/g) para
tempo de sedimentação, essencial para que distâncias percorridas pela interface (com cada uma das demais faixas. Adiante são
se possa separar o efluente tratado do lodo, concentração X inicial, que sedimentou à apresentadas as referidas cinco equações
implica redução da eficiência do processo velocidade VS [m/h]) e pela concentração propostas por von Sperling & Fróes
na remoção biológica de carga orgânica. X inicial (que ascendeu à velocidade (1998), indicando-se, para cada uma
Assim, esta remoção será máxima quando VA [m/h]) somam a altura HT [m] total. delas, as respectivas classe de sedimenta-
for mínima a razão entre o tempo de sedi- Pode-se, então, afirmar: bilidade e faixa de valores de IVL.
mentação e o volume de efluente final cla- - Sedimentabilidade ótima (IVL 0 a 50):
rificado (ou a altura da zona de carga) ao (12)
término da fase de sedimentação. (16)
Tomando-se em conta a exposição - Sedimentabilidade boa (IVL 50 a 100):
anterior a respeito da sedimentação zonal Adotando-se o tempo ótimo de se-
em bateladas, é evidente que, adotando- dimentação tS = t2, decorre: (17)
se o tempo tS de sedimentação igual a t2,
ter-se-á a eficiência máxima no processo - Sedimentabilidade média (IVL 100 a
de tratamento, uma vez que se estará (13) 200):
aproveitando na totalidade o tempo du-
rante o qual a interface clarificado-lodo (18)
sedimenta à velocidade máxima. Logo, a determinação do tempo óti- - Sedimentabilidade ruim (IVL 200 a
É sabida a altura HT útil total do mo de sedimentação tS [h] através da equa- 300):
reator (e assim, a altura total da coluna de ção (13) depende do conhecimento de
suspensão), adotada em função do siste- VS [m/h] e de VA [m/h]. (19)
ma de aeração escolhido. Também se sabe Diversos autores têm preconizado
que, no instante t2 (Figura 2), a concen- modelos matemáticos que expressem a lei - Sedimentabilidade péssima (IVL
tração X inicial de sólidos (que vinha as- de variação da velocidade Vi [m/h] de se- 300 a 400):
cendendo do fundo desde o início do dimentação de um lodo em função de
processo de sedimentação, à velocidade sua concentração Xi [mg/L] de sólidos. (20)

Eng. sanit. ambient. 190 Vol.10 - Nº 3 - jul-set 2005, 185-193


Cálculo do tempo de sedimentação no tratamento de esgotos em bateladas

ARTIGO TÉCNICO
Lançando mão das equações (16) a Tabela 1 – Velocidades de sedimentação estimadas segundo Daigger
(20) propostas por von Sperling & Fróes (1995), von Sperling & Fróes (1988) e estes autores
(1998), estes autores consolidaram-nas
todas em uma só, aplicando duas fun- X [ m g / L ] IV L [ m L / g ] V S [m /h ]
ções de regressão. Daigger Von Sperling & Fróes Estes autores
Primeiro tomaram-se por variáveis
os valores de IVL representativos das fai- 1 500 45 4 ,5 6 6 ,6 7 6 ,6 1
xas de sedimentabilidade e os respectivos 75 4 ,2 4 5 ,3 2 5 ,5 4
valores do parâmetro V0, a eles tendo-se
ajustado, com Coeficiente de Correla- 150 3 ,5 5 4 ,0 6 3 ,8 6
ção - 0,978, a função exponencial: 250 2 ,8 0 2 ,2 7 2 ,5 7
350 2 ,2 0 1 ,8 7 1 ,7 7
(21)
2 500 45 3 ,6 0 5 ,0 9 5 ,0 5
Depois se tomaram por variáveis os
75 3 ,1 9 3 ,7 5 3 ,9 2
valores de IVL representativos das faixas
de sedimentabilidade e os respectivos va- 150 2 ,3 7 2 ,4 6 2 ,3 7
lores do parâmetro K, a eles tendo-se ajus- 250 1 ,6 0 1 ,1 6 1 ,3 6
tado, com Coeficiente de Correlação
0,998, a função de potência: 350 1 ,0 7 0 ,9 0 0 ,8 4
3 500 45 2 ,8 4 3 ,8 9 3 ,8 6
(22)
75 2 ,4 1 2 ,6 4 2 ,7 7
Por último substituíram-se, na equa- 150 1 ,5 9 1 ,4 9 1 ,4 5
ção (14), V0 e K pelos segundos termos
das equações (21) e (22), respectivamen- 250 0 ,9 1 0 ,5 9 0 ,7 2
te, obtendo-se a supracitada equação que 350 0 ,5 2 0 ,4 4 0 ,4 0
consolida as cinco propostas por von
Sperling & Fróes (1998). Através dela
pode-se estimar a velocidade VS [m/h] de Tabela 2 – Valores de p e q por faixa de sedimentabilidade definida com
um lodo, desde que sejam conhecidos seu base no seu índice volumétrico do lodo, segundo von Sperling & Fróes
índice volumétrico do lodo IVL [mL/g] Sedimentabilidade IVL [mL/g] p [adimensional] q [adimensional]
e sua concentração X [mg/L] de sólidos,
como se segue: Ótima 0 a 50 14,79 0,64
Boa 50 a 100 11,77 0,70
(23) Média 100 a 200 8,41 0,72
A título de ilustração comparativa, Ruim 200 a 300 6,26 0,69
segue-se, na Tabela 1, uma série de valo-
res de VS calculados através da aplicação Péssima 300 a 400 5,37 0,69
das fórmulas (15), (16) a (20) e (23), a
partir de diversos valores de X e IVL. Porém, nas condições críticas de car- sui concentração X de sólidos. Aparente-
Sendo possível, mediante a aplica- regamento do decantador, tem-se: mente, esta relação constitui-se em con-
ção da equação (23), determinar VS, o tribuição original deste autor (Santos,
cálculo do tempo ótimo de sedimentação 2002).
passa a depender unicamente do conhe- (26) Von Sperling & Fróes (1998) pro-
cimento de VA. puseram, por faixa de sedimentabilidade,
Como U [m/h] relaciona-se com R Logo: como apresentado na Tabela 2 abaixo,
[adimensional], Q [m 3/h] e A [m2] os valores médios representativos, para es-
conforme: (27) goto doméstico, dos parâmetros p
[adimensional] e q [adimensional] do mo-
delo matemático que sugerem expressar
(24) A equação (27), que se acaba de de- o fluxo de sólidos GT [kg/m2 . h] total da
duzir, demonstra que, durante a sedi- camada limitante em função da vazão
mentação em batelada, a velocidade QR [m3/h] de recirculação e da área
Pode-se, a partir das equações (11) e VA [m/h] ascensional da concentração A [m2] superficial do decantador. Esta
(24), escrever: X de um lodo é igual ao produto da velo- equação é:
cidade VS [m/h] de sedimentação deste
lodo, com esta mesma concentração X,
(25) pela razão de recirculação R (28)
[adimensional] para a qual, na sedimen-
tação contínua, a camada limitante pos-

Eng. sanit. ambient. 191 Vol.10 - Nº 3 - jul-set 2005, 185-193


Santos, R. C. O.; Barbosa Filho, O.; Giodarno, G.
ARTIGO TÉCNICO

Tomando por variáveis os valores de


IVL representativos das faixas de sedimen- Tabela 3 – Parâmetros p e q segundo von Sperling & Fróes e estes autores
tabilidade já anteriormente discriminados
e os respectivos valores de p determina- IV L p [ a d im e n s io n a l] q [adimensional]
dos por von Sperling & Fróes (1998), [mL/g] von Sperling Estes autores von Sperling Estes autores
estes autores aplicaram ao conjunto de & Fróes Equação (29) & Fróes Equação (30) Equação (31)
pares ordenados (IVL X p) uma função 45 1 4 ,7 9 1 5 ,0 4 0 ,6 4 0 ,6 5 -
de regressão. Foi ajustada a função de po-
tência correspondente à Equação (29), 75 1 1 ,7 7 1 1 ,6 5 0 ,7 0 0 ,6 8 -
que fornece o coeficiente p [adimensional] 150 8 ,4 1 8 ,2 4 0 ,7 2 0 ,7 3 0 ,7 2
em função do IVL mL/g], com Coefici-
ente de Correlação de - 0,999: 250 6 ,2 6 6 ,3 8 0 ,6 9 - 0 ,7 0
350 5 ,3 7 5 ,3 9 0 ,6 9 - 0 ,6 9
(29)

Repetiu-se, em seguida, a aplicação


do processo de regressão aos pares orde- Combinando-se com a Equa- de sedimentação do lodo à concentração
nados (IVL X q), em duas etapas: primei- ção (27): X, empregando-se a equação (23);
ro aos valores referentes às sedimenta- c) Determinam-se os parâmetros p
bilidades ótima, boa e média, e depois às (35) [adimensional] e q [adimensional], apli-
média, ruim e péssima. Ao primeiro gru- cando-se as Equações (29) e (30) ou (31),
po de pares ordenados ajustou-se, com Substituindo-se este valor de GT na respectivamente;
Coeficiente de Correlação 0,933, a fun- Equação (33) e modificando-se o arranjo d)Mediante o uso iterativo da Equa-
ção logarítmica correspondente à equa- dos termos: ção (35), acha-se a razão de recirculação R
ção (30), que fornece o coeficiente q [adimensional] para a qual, no decantador
[adimensional] em função do IVL [mL/g], de operação contínua, a camada limitante
somente para valores deste último (36) tem concentração de sólidos X;
parâmetro menores que 150 mL/g: e) Calcula-se a velocidade VA [m/h]
ascensional da concentração X na sedi-
(30) Calculados os valores do coeficiente mentação em batelada, utilizando-se a
p – através da aplicação da Equação (29) Equação (27);
Por fim, ao segundo grupo de pares – e do coeficiente q – utilizando a equa- f) Determina-se o tempo tS [h] óti-
ordenados ajustou-se, com Coeficiente de ção (30) ou (31), conforme seja o valor mo teórico de sedimentação, aplicando-
Correlação - 0,918, a função logarítmica do IVL do lodo estudado menor ou mai- se a Equação (13).
correspondente à equação (31), que for- or que 150 mL/g – pode-se determinar,
nece o coeficiente q [adimensional] em por tentativas sucessivas, o valor de R que EXEMPLO DE APLICAÇÃO
função do IVL [mL/g], somente para va- satisfaz a equação (36) e, em seguida, es- DO MÉTODO PROPOSTO
lores deste último parâmetro maiores que timar o valor da velocidade VA ascensional
150 mL/g: da concentração X na sedimentação em Seja um reator em bateladas com
batelada, usando-se a equação (27). De profundidade útil de 4,00 m, que opera
(31) posse do valor de VA, pode-se obter o tem- na fase de aeração com concentração de
po ótimo de sedimentação tS usando a sólidos em suspensão X = 3 700 mg/L.
A título de ilustração comparativa, equação (13). Sendo o índice volumétrico do lodo
seguem-se, na Tabela 3, valores de p e q Propõe-se, então, o cálculo do tem- IVL = 140 mL/g, estimar-se-ia o tempo
propostos por von Sperling & Fróes po ótimo teórico de sedimentação de sis- ótimo teórico de sedimentação pelo mé-
(1998) e calculados através da aplicação temas de tratamento por lodos ativados todo aqui proposto conforme se segue:
das fórmulas (29), (30) e (31), a partir em bateladas através do emprego do pro- a)Velocidade VS de Sedimentação
dos valores de IVL representativos das tocolo apresentado a seguir. do Lodo à Concentração X
faixas de sedimentabilidade ótima, boa,
média, ruim e péssima. PROTOCOLO PROPOSTO
Da Equação (28) vem: PARA CÁLCULO DO
TEMPO TEÓRICO DE
SEDIMENTAÇÃO EM
(32) REATORES DE LODO b)Parâmetros p e q
ATIVADO EM
(33) BATELADAS
Substituindo-se U por VA na Equa- a) Devem ser conhecidos a concen-
ção (10): tração X [mg/L] de sólidos em suspensão c) Razão de Recirculação para a qual
totais no tanque de aeração e o índice a Camada Limitante na Operação Con-
(34) volumétrico do lodo IVL [mL/g]; tínua Tem Concentração de Sólidos
b)Calcula-se a velocidade VS [m/h] X = 3 700 mg/L

Eng. sanit. ambient. 192 Vol.10 - Nº 3 - jul-set 2005, 185-193


Cálculo do tempo de sedimentação no tratamento de esgotos em bateladas

ARTIGO TÉCNICO
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Os modelos matemáticos desenvol- 580 pp. 1983. Sanitária e do Meio Ambiente
vidos por outros autores e que possibili-
SANTOS, R. C. O. Proposta de um método Faculdade de Engenharia
tam estimar, com base no índice de volu- racional para dimensionamento de sistemas de Univesidade Estadual do Rio de
me do lodo e em sua concentração de tratamento de esgotos por lodos ativados em Janeiro - UERJ
sólidos, as suas velocidades de sedimen- bateladas. Dissertação de Mestrado, UERJ,
2002. Rua São Francisco Xavier, 524, S/5 029-F
tação e os seus fluxos de sólidos totais
20550-013 Rio de Janeiro - RJ-
esteiam o método desenvolvido e são os TALMADGE,W. P. & FITCH, E. B.
Brasil
fatores determinantes do nível de exati- Determining thickener unit areas. Industrial and
Engineering Chemistry, v. 47, pp 38-41, Tel.: (21) 9967-4263
dão deste método. A precisão dos resulta-
1955. E-mail: santosrco@ig.com.br
dos da aplicação do método proposto está
na razão direta da precisão de tais mode-
los matemáticos. O esforço no sentido de
buscar o aprimoramento dos modelos
matemáticos em questão é de todo dese-
jável, pois são eles ferramentas essenciais
para tornar mais direto e simples o uso
prático da teoria da sedimentação zonal e
do fluxo de sólidos.
De todo modo, a determinação do
tempo ótimo teórico de sedimentação
proporcionada pelo método aqui expos-
to abre caminho para um estudo mais
amplo do tratamento de esgoto domésti-
co em bateladas. A tal empreitada se de-
dicaram estes autores, sendo sua preten-
são apresentar, proximamente, trabalho
complementar ao presente propondo um
método racional de dimensionamento de
reatores biológicos operados em bateladas.

REFERÊNCIAS
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sequencing batch reactor systems for nutrient
removal - the state of the art.Water Science and
Technology, v. 43, n. 3, pp 53-60, 2001.
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Eng. sanit. ambient. 193 Vol.10 - Nº 3 - jul-set 2005, 185-193

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