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O SENHOR NUNCA NEGA A SUA GRAÇA

– Aumentar o fervor da oração nos momentos de escuridão.

– A direção espiritual, caminho normal pelo qual Deus actua na alma.

– Fé e sentido sobrenatural neste meio de crescimento interior.

I. E SUCEDEU – lemos no Evangelho da Missa1 – que, aproximando-se ele


de Jericó, estava sentado à borda da estrada um cego pedindo esmola.

Alguns Padres da Igreja dizem que este cego às portas de Jericó é imagem
“de quem desconhece a claridade da luz eterna”2. De vez em quando, a alma
pode sofrer momentos de cegueira e escuridão, o caminho claro que um dia
vislumbrou pode perder os seus contornos e aquilo que antes era luz e alegria
pode transformar-se em trevas e numa certa tristeza que pesa sobre o coração.

Muitas vezes, essa situação é causada pelos pecados pessoais, cujas


consequências não foram totalmente drenadas, ou pela falta de
correspondência à graça: “Talvez o pó que levantamos ao andar – as nossas
misérias – forme uma nuvem opaca que não deixa passar a luz”3. Em outras
ocasiões, o Senhor permite essa situação difícil para purificar a alma, para
amadurecê-la na humildade e na confiança n’Ele.

Seja qual for a sua origem, se alguma vez nos encontramos nesse estado,
que faremos? O cego de Jericó – Bartimeu, filho de Timeu4 – ensina-nos:
dirigir-nos ao Senhor, pedir-lhe que se compadeça de nós. Jesus Cristo ouve-
nos, ainda que pareça seguir o seu caminho e deixar-nos para trás. Não está
longe.

Mas é possível que nos aconteça o mesmo que a Bartimeu: Os que iam à
frente repreendiam-no para que se calasse. Queriam barrar-lhe o acesso a
Cristo. Não teremos sentido o mesmo em muitas ocasiões? “Quando queremos
voltar para Deus, essas mesmas fraquezas nas quais incorremos acodem-nos
ao coração, turvam-nos o entendimento, deixam-nos o ânimo confuso e
quereriam apagar a voz das nossas orações”5. É o peso da fraqueza ou do
pecado que se faz sentir.

Vejamos, contudo, o exemplo do cego: Mas ele gritava cada vez mais alto:
Filho de David, tem piedade de mim! “Vede-o: aquele a quem a turba
repreendia para que se calasse, levanta cada vez mais a voz; assim também
nós [...]. Quanto maior for o alvoroço interior, quanto maiores forem as
dificuldades que encontremos, com tanto mais força deve sair a oração do
nosso coração”6.

Jesus deteve-se quando dava a impressão de que ia prosseguir, e mandou


chamar o cego. Bartimeu aproximou-se e Jesus disse-lhe: Que queres que te
faça? Que eu veja, Senhor. E Jesus disse-lhe: Vê, a tua fé te salvou. E
imediatamente ele recuperou a vista e seguia-o, glorificando a Deus.

Às vezes, pode ser-nos difícil conhecer as causas que nos levaram a essa
situação penosa em que tudo parece custar-nos mais, mas não há dúvida de
que conhecemos o remédio sempre eficaz: a oração. “Quando se está às
escuras, com a alma cega e inquieta, temos de recorrer, como Bartimeu, à Luz.
Repete, grita, insiste com mais força: «Domine, ut videam!» – Senhor, que eu
veja!... E far-se-á dia para os teus olhos, e poderás alegrar-te com o clarão de
luz que Ele te concederá”7.

II. JESUS, SENHOR de todas as coisas, podia curar os doentes – podia


realizar qualquer milagre – da maneira que julgasse mais oportuna. Curou
alguns com uma só frase, com um simples gesto, à distância... Outros, por
etapas, como o cego mencionado por São João8... Hoje, é muito frequente que
dê luz às almas através de outros homens.

Quando os Magos ficaram sem saber o que fazer quando desapareceu a


estrela que os tinha guiado de um lugar tão longe, fizeram o que o senso
comum lhes ditava: perguntaram a quem deveria saber onde tinha nascido o rei
dos judeus. Perguntaram a Herodes. “Mas nós, cristãos, não temos
necessidade de perguntar a Herodes ou aos sábios da terra. Cristo deu à sua
Igreja a segurança da doutrina, a corrente de graça dos Sacramentos; e cuidou
de que houvesse pessoas que nos pudessem orientar, que nos conduzissem,
que nos trouxessem constantemente à memória o nosso caminho [...]. Por isso,
se porventura o Senhor permite que fiquemos às escuras, mesmo em coisas
de pormenor; se sentimos que a nossa fé não é firme, recorramos ao bom
pastor [...], àquele que – dando a vida pelos outros – quer ser, na palavra e na
conduta, uma alma enamorada: talvez um pecador também, mas que confia
sempre no perdão e na misericórdia de Cristo”9.

Ordinariamente, ninguém pode guiar-se a si mesmo sem uma ajuda


extraordinária de Deus. A falta de objectividade com que nos vemos a nós
mesmos, as paixões... tornam difícil, para não dizer impossível, encontrar
esses caminhos, às vezes pequenos, mas seguros, que nos levam pelo rumo
certo. Por isso, desde há muito tempo, a Igreja, sempre Mãe, aconselhou aos
seus filhos esse grande meio de progresso interior que é a direcção espiritual.

Não esperemos graças extraordinárias, nos dias normais e naqueles em que


mais precisamos de luz, se não quisermos utilizar os meios que o Senhor pôs
ao nosso alcance. Quantas vezes Jesus espera a sinceridade e a docilidade da
alma para realizar um milagre! Ele nunca nos nega a sua graça se o
procuramos na oração e servindo-nos dos meios através dos quais derrama as
suas graças.

Santa Teresa escrevia com a humildade dos santos: “Deveria ser muito
contínua a nossa oração por esses que nos dão luz. O que seríamos sem eles,
entre tempestades tão grandes como as que agora atravessa a Igreja?” 10 E
São João da Cruz dizia o mesmo: “Quem quer estar só, sem arrimo e sem
guia, será como uma árvore que está solitária e sem dono no campo, que por
mais fruta que tenha, os caminhantes apanham-na e não chega a amadurecer.

“A árvore cultivada e rodeada dos bons cuidados do dono dá fruta no tempo


esperado.

“A alma sem mestre, ainda que tenha virtude, é como um carvão aceso que
está só; mais se irá esfriando do que acendendo”11.

Não deixemos de recorrer ao Senhor servindo-nos desse meio, tanto mais


aconselhável quanto maiores forem os obstáculos interiores ou externos que
tentem impedir-nos de ir ao encontro de Jesus que passa ao nosso lado. Não
deixemos de recorrer a esses meios normais, através dos quais o Senhor
realiza milagres tão grandes.

III. A NOSSA INTENÇÃO ao procurarmos orientação na direcção espiritual é


a de aprender a viver conforme o querer divino. Com o próprio São Paulo,
apesar do modo extraordinário com que teve início a sua vocação, Deus quis
depois seguir o caminho normal, quer dizer, quis formá-lo e transmitir-lhe a sua
vontade através de outras pessoas. Ananias impôs-lhe as mãos e
imediatamente caíram-lhe dos olhos umas como escamas, e recuperou a
vista12.

Naquele que nos ajuda devemos ver o próprio Cristo, que nos ensina,
ilumina, cura e dá alimento à nossa alma para que continue o seu caminho.
Sem esse sentido sobrenatural, sem essa fé, a direcção espiritual ficaria
desvirtuada; converter-se-ia em algo completamente diferente: numa troca de
opiniões, talvez. E torna-se uma grande ajuda e confere muita fortaleza quando
o que realmente desejamos é averiguar a vontade de Deus a nosso respeito e
identificar-nos com ela. Por outro lado, não devemos esquecer que não é um
meio para encontrarmos solução para os nossos problemas temporais: ajuda-
nos a santificá-los, nunca a organizá-los nem a resolvê-los. Não é essa a sua
finalidade.

A consciência de que, através dessa pessoa que conta com uma graça
especial de Deus para nos aconselhar, nos aproximamos do próprio Cristo,
determinará a confiança, a delicadeza, a simplicidade e a sinceridade com que
devemos servir-nos deste meio. Bartimeu aproximou-se de Jesus como quem
caminha para a Luz, para a Vida, para a Verdade, para o Caminho. Assim
também devemos nós fazer, porque essa pessoa é um instrumento através do
qual Deus nos comunica graças semelhantes às que teríamos obtido se nos
tivéssemos encontrado com Ele pelos caminhos da Palestina.

Na continuidade da direcção espiritual, a alma vai-se forjando; e, pouco a


pouco, com derrotas e com vitórias, vai construindo o edifício sobrenatural da
santidade.

“Viste como levantaram aquele edifício de grandeza imponente? – Um tijolo,


e outro. Milhares. Mas, um a um. – E sacos de cimento, um a um. E blocos de
pedra, que são bem pouco ante a mole do conjunto. – E pedaços de ferro. – E
operários trabalhando, dia após dia, as mesmas horas...

“Viste como levantaram aquele edifício de grandeza imponente?... – À força


de pequenas coisas!”13

Um quadro pinta-se pincelada a pincelada, um livro escreve-se página a


página, com amor paciente, e uma corda grossa, capaz de levantar grandes
pesos, está tecida por um sem-número de fibras finas. Um pequeno conselho
escutado na direcção espiritual, e outro, e outro, que depois pomos em prática
com humilde docilidade, serão esses pequenos tijolos que erguerão o edifício
da nossa santidade.

Se vivermos bem a direcção espiritual, sentir-nos-emos como Bartimeu, que


passou a seguir Jesus glorificando a Deus, cheio de alegria.

(1) Lc 18, 35-43; (2) cfr. São Gregório Magno, Homilias sobre os Evangelhos, I, 2, 2; (3) São
Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 34; (4) Mc 10, 46-52; (5) São Gregório Magno,
Homilias sobre os Evangelhos, I, 2, 3; (6) cfr. ibid., I, 2, 4; (7) São Josemaría Escrivá, Sulco, n.
862; (8) cfr. Jo 9, 1 e segs.; (9) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 34; (10) Santa
Teresa, Vida, 13, 10; (11) São João da Cruz, Dichos de luz y de amor, Apostolado de la
Prensa, Madrid, 1966, págs. 958-964; (12) cfr. Act 9, 17-18; (13) São Josemaría
Escrivá, Caminho, n. 823.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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