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PROCESSO Nº TST-Ag-ED-E-ED-ARR-125200-26.2008.5.02.

0464

A C Ó R D Ã O
Órgão Especial
GMRLP/llb/mg

AGRAVO   INTERNO.   RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. PROGRAMA DE INCENTIVO
À   DEMISSÃO   VOLUNTÁRIA.   EFEITOS   DA
QUITAÇÃO.  Trata­se de agravo interno
interposto   em   face   de   decisão   da
Vice­Presidência   do   TST   pela   qual
fora   denegado   seguimento   ao   recurso
extraordinário com base em precedente
de   repercussão   geral.   O   Supremo
Tribunal   Federal,   no   julgamento   do
Recurso Extraordinário nº 590.415/SC,
de   30.4.2015,   com   repercussão   geral
reconhecida,   consolidou   o
entendimento   de   que   a   transação
extrajudicial que importa rescisão do
contrato   de   trabalho,   em   virtude   da
adesão   voluntária   do   empregado   a
plano   de   dispensa   incentivada,
implica   quitação   ampla   e   irrestrita
de   todas   as   parcelas   objeto   do
contrato   de   emprego,   desde   que   tal
condição tenha expressamente constado
do   acordo   coletivo   que   aprovou   o
plano,   bem   como   dos   demais
instrumentos   celebrados   com   o
empregado (Tema 152). Nesse contexto,
ficam   mantidos   os   fundamentos
adotados   pela   decisão   agravada,
restando   verificada,   ainda,   a
manifesta   improcedência   do   presente
agravo, aplicando­se a multa prevista
no § 4º do artigo 1.021 do atual CPC.
Agravo   interno   não   provido,   com
aplicação de multa.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Agravo   em   Embargos   de   Declaração   em   Embargos   em   Embargos   de
Declaração em Recurso de Revista com Agravo n°  TST­Ag­ED­E­ED­ARR­
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PROCESSO Nº TST-Ag-ED-E-ED-ARR-125200-26.2008.5.02.0464

125200­26.2008.5.02.0464,   em   que   é   Agravante  AGNALDO   FONTANA   DE


ANDRADE  e   Agravada  VOLKSWAGEN   DO   BRASIL   INDÚSTRIA   DE   VEÍCULOS
AUTOMOTORES LTDA.

Trata­se   de   agravo   interno   interposto   em   face   de


decisão da Vice­Presidência do Tribunal Superior do Trabalho em que
denegado   seguimento   ao   recurso   extraordinário   interposto   pelo
reclamante.
É o relatório.

V O T O

O   agravo   é   tempestivo   e   ostenta   regular


representação processual, razão pela qual dele conheço.
O   recurso   extraordinário   interposto   teve   seu
seguimento   denegado  consoante   os  seguintes   fundamentos  adotados   na
decisão agravada:
Trata-se de recurso extraordinário interposto contra acórdão deste
Tribunal que deu provimento ao recurso de revista interposto pela
reclamada para, "reconhecendo os efeitos da quitação decorrente da
adesão do empregado ao PDI da empresa, entabulado via negociação
coletiva, julgar improcedente a reclamação".
O recorrente suscita preliminar de repercussão geral, apontando
violação aos dispositivos constitucionais que especifica nas razões de
recurso.
Sustenta que "o instrumento coletivo acostado aos autos não traz
qualquer cláusula no sentido de que a adesão ao PDV daria plena
quitação do contrato de trabalho, requisito este essencial para o
entendimento do STF quanto à possibilidade de reconhecimento da
quitação geral. A cláusula apontada constou apenas do acordo individual,
documento que foi elaborado exclusivamente pela reclamada, que sequer
fez o recorrido saber do que se tratava, além de não estar acompanhado
pelo Sindicato, demonstrando assim, cláusula diferente da que estava
contida no Acordo Coletivo".
Aponta violação ao artigo 7º, I, XXVI e XXIX, da Constituição
Federal.
Examino.
Consta no acórdão recorrido:
JUÍZO DE RETRATAÇÃO. PROGRAMA DE
INCENTIVO À DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. TRANSAÇÃO
EXTRAJUDICIAL. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA DE
QUITAÇÃO GERAL E IRRESTRITA. ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL. 270 DA SBDI-1 DO C. TST.
APLICABILIDADE.
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Esta c. 6ª Turma negou provimento ao agravo de


instrumento da Volkswagen quanto ao tema da transação
extrajudicial, ao seguinte fundamento:
(...)
Em face da interposição de recurso extraordinário e da
matéria julgada nos autos do RE 590.415/SC, o Exmo. Ministro
Vice-Presidente deste Tribunal Superior determinou o envio dos
autos a esta c. Turma, para cumprimento do art. 543-B, § 3º, do
CPC/73.
O eg. Tribunal Regional, quanto à validade da transação
em razão da adesão ao PDV, assim decidiu:
"A ré defende que a transação levada a efeito através do
plano de incentivo à demissão voluntária configura coisa
julgada e obsta a discussão de qualquer aspecto da relação
empregatícia na esfera judicial.
Qualquer cláusula de acordo, transação ou renúncia
firmada entre a empregadora e o empregado nos moldes da lei
civil, no decorrer da relação contratual ou na rescisão, se
prejudicial ao empregado encontra óbice nos arts. 8º, parágrafo
único; 9º; e 477, § 2º, todos da CLT. A transação extrajudicial
em dissídio individual é incompatível com os princípios que
regem o direito do trabalho e não caracteriza coisa julgada.
A adesão ao PDV não implica quitação geral dos direitos
oriundos da relação de emprego havida entre as partes.
Representa, apenas, interesse do trabalhador em desligar-se da
empresa, e comprova o pagamento das parcelas e valores
constantes no recibo. Interpretação contrária afronta o princípio
da irrenunciabilidade que rege o direito do trabalho.
A questão está pacificada pelo C.TST através da
Orientação Jurisprudencial nº 270, da SDI-I:
"270. Programa de Incentivo à Demissão Voluntária.
Transação extrajudicial. Parcelas oriundas do extinto contrato
de trabalho. Efeitos. (Inserida em 27.09.2002)
A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato
de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão
voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e
valores constantes do recibo".
Não há que se falar, ainda, em restituição ou compensação
dos valores pagos em razão da adesão do trabalhador ao
programa de demissão voluntária, na hipótese de procedência
dos seus pedidos. Nesse sentido a Orientação Jurisprudencial
SDI-I nº 356, do TST, verbis:
"356. Programa de incentivo à demissão voluntária
(PDV). Créditos trabalhistas reconhecidos em juízo.
Compensação. Impossibilidade. (DJ 14.03.2008)
Os créditos tipicamente trabalhistas reconhecidos em
juízo não são suscetíveis de compensação com a indenização
paga em decorrência de adesão do trabalhador a Programa de
Incentivo à Demissão Voluntária (PDV)".
Rejeito.

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Melhor sorte não tem o reclamante em sua irresignação


acerca da reintegração e diferenças de montante indenizatório
pago de PDV.
O autor, diante do quadro clínico relatado na inicial ( fls.
04/05), requereu a reintegração ao emprego, com base em
previsão normativa que lhe garante estabilidade no emprego
(cláusula 47, da convenção coletiva 2005/2007 – fls. 218-
vº/219).
A referida disposição normativa confere a garantia de
emprego aos trabalhadores acidentados, ou portadores de
doença profissional, desde que sob as seguintes condições,
cumulativamente:
"a) apresentem redução da capacidade laboral; b) que
tenham se tornado incapazes de exercer a função que vinham
exercendo; c) que apresentem condições de exercer qualquer
outra função compatível com sua capacidade laboral após o
acidente, e d) no caso de doença profissional que tenha sido
adquirida no atual emprego e enquanto a mesma perdurar".
A própria cláusula ressalva, entretanto, as hipóteses em
que tal estabilidade não seria garantida: prática de falta grave,
mútuo acordo entre as partes, com assistência do sindicato
representativo da categoria profissional, ou quando tiverem
adquirido direito à aposentadoria.
Em que pese todo o questionamento acerca da doença
profissional e o nexo causal com as atividades exercidas, a
questão a ser debatida é a sujeição do autor à cláusula
convencional, ante sua adesão ao PDV (doc. de fls. 112/113), e
se essa conduta poderia ser tida como excludente da
estabilidade, como previsto na ressalva convencional
supramencionada.
De fato, restou definido em acordo específico firmado
pela empresa e o sindicato da categoria (ACT 2006/2008 – fl.
252/255), dentre outras situações, que com a adesão do
empregado ao PDV, com a percepção de um incentivo
financeiro especial correspondente até 240% do salário mensal
por ano de serviço prestado (item 1.1), haveria a renúncia
expressa à estabilidade prevista na cláusula 47, da convenção
coletiva em vigor (item 1.4).
O autor aderiu a esse PDV em 18/12/2006, e ficou ciente
que teria seu contrato de trabalho rescindido nessa mesma data,
recebendo em 19/01/2007 o expressivo valor de R$ 43.365,74,
além das verbas rescisórias (TRCT de fl. 114).
Atente-se que a estabilidade provisória configura instituto
incompatível com a adesão ao PDV. O autor tinha ampla ciência
das conseqüências desse ato. Não pode agora, tendo se
beneficiado dos efeitos financeiros da resolução contratual,
simplesmente requerer reintegração, revertendo ato espontâneo
e voluntário e que operou seus efeitos desde então,
especificamente quanto ao fim de reaver a dispensada
estabilidade.
Admitir sua pretensão seria o mesmo que desvirtuar a
boa-fé que deve reger os contratos, princípio esse que se aplica
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sem exceção a ambas as partes, mesmo à hipossuficiente. A


empresa cumpriu seu encargo, indenizando o empregado pela
ruptura contratual, na expectativa de que ele também
mantivesse o livremente pactuado. Afinal, era faculdade do
autor aderir ao acordo, pois só a ele cabia avaliar a
conveniência dessa adesão. Se naquela ocasião lhe era mais
benéfico sair do emprego e obter as vantagens financeiras
advindas dessa decisão, certo é que, ante a opção feita,
automaticamente o autor abriu mão da estabilidade
convencional, caracterizando a hipótese do mútuo acordo
previsto na cláusula excetiva.
Nada a considerar.
Por seu turno, inexistindo prova de vício ou coação do
reclamante para adesão ao PDV, também não procede o pedido
de diferenças do incentivo financeiro, pela adesão ao programa
que entende ser menos benéfico.
Por todo o exposto, mantém-se o decisum"
A matéria, após vasta discussão, foi admitida pelo e. STF
em repercussão geral, nos autos do Recurso Extraordinário nº
590.415/SC. E, mediante acórdão publicado em 29 de maio de
2015, a e. Corte Suprema manifestou-se no sentido de que é
válida a quitação ampla prevista em Plano de Dispensa
Incentivada aprovado em ajuste coletivo, que atribui aos
empregados a opção ou não pelo plano, in verbis:
Ementa: DIREITO DO TRABALHO. ACORDO
COLETIVO. PLANO DE DISPENSA INCENTIVADA.
VALIDADE E EFEITOS.
1. Plano de dispensa incentivada aprovado em acordo
coletivo que contou com ampla participação dos empregados.
Previsão de vantagens aos trabalhadores, bem como quitação de
toda e qualquer parcela decorrente de relação de emprego.
Faculdade do empregado de optar ou não pelo plano.
2. Validade da quitação ampla. Não incidência, na
hipótese, do art. 477, § 2º da Consolidação das Leis do
Trabalho, que restringe a eficácia liberatória da quitação aos
valores e às parcelas discriminadas no termo de rescisão
exclusivamente.
3. No âmbito do direito coletivo do trabalho não se
verifica a mesma situação de assimetria de poder presente nas
relações individuais de trabalho. Como consequência, a
autonomia coletiva da vontade não se encontra sujeita aos
mesmos limites que a autonomia individual.
4. A Constituição de 1988, em seu artigo 7º, XXVI,
prestigiou a autonomia coletiva da vontade e a autocomposição
dos conflitos trabalhistas, acompanhando a tendência mundial
ao crescente reconhecimento dos mecanismos de negociação
coletiva, retratada na Convenção n. 98/1949 e na Convenção n.
154/1981 da Organização Internacional do Trabalho. O
reconhecimento dos acordos e convenções coletivas permite
que os trabalhadores contribuam para a formulação das normas
que regerão a sua própria vida.

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5. Os planos de dispensa incentivada permitem reduzir as


repercussões sociais das dispensas, assegurando àqueles que
optam por seu desligamento da empresa condições econômicas
mais vantajosas do que aquelas que decorreriam do mero
desligamento por decisão do empregador. É importante, por
isso, assegurar a credibilidade de tais planos, a fim de preservar
a sua função protetiva e de não desestimular o seu uso.
7. Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em
repercussão geral, da seguinte tese: "A transação extrajudicial
que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de
adesão voluntária do empregado a plano de dispensa
incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as
parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição
tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou
o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o
empregado". (grifei)
À luz do entendimento do e. STF, necessário se
diferenciar a quitação do termo de rescisão individual do
contrato de trabalho, em que se verifica assimetria de poderes
entre empregador e empregado, ainda que assistido pela
entidade sindical, situação que atrai a incidência do artigo 477,
§ 2º, da CLT, e a autonomia coletiva da vontade, no momento
em que negocia e firma as negociações coletivas que entende
mais vantajosas para toda a categoria profissional, com
fundamento nos princípios da equivalência dos celebrantes do
contrato, e da adequação setorial negociada.
No caso dos autos, a pretensão objeto da ação se refere à
declaração de nulidade da adesão ao Plano de Demissão
Voluntária, tendo em vista o direito do reclamante à garantia de
emprego e reintegração decorrente de doença ocupacional, com
a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por
danos morais e consectários.
A reclamada alega que o autor aderiu voluntariamente ao
Plano de Demissão Incentivada – PDV, com assistência
sindical, previsto em negociação coletiva, o que produz eficácia
liberatória geral apta a obstar as pretensões formuladas. Indica
violação dos arts. 5º, XXXVI, 7º, XXVI, 8º, III e IV, da
Constituição Federal, 104, 840 e 849 do Código Civil e 611, §
1º, da CLT.
Delimitado no v. acórdão regional que o restou firmado
acordo específico entre a empresa e o sindicato (ACT
2006/2008) segundo o qual a adesão do reclamante ao PDV
implica em renúncia expressa à estabilidade, a decisão regional
que afasta os efeitos da transação parece violar o art. 7º, XXVI,
da Constituição Federal.
Com esses fundamentos, em juízo de retratação, dou
provimento ao agravo de instrumento, por possível violação do
art. 7º, XXVI, da Constituição Federal.
RECURSO DE REVISTA
(...)
MÉRITO

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Acerca dos efeitos da quitação passada pelo empregado,


em razão de sua adesão aos planos de dispensa incentivada, esta
c. Corte consolidou a jurisprudência mediante a edição das
Orientações Jurisprudenciais 270 e 356 da SDI-1:
- A transação extrajudicial que importa rescisão do
contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de
demissão voluntária implica quitação exclusivamente das
parcelas e valores constantes do recibo.
.......................................................................................
- Os créditos tipicamente trabalhistas reconhecidos em
juízo não são suscetíveis de compensação com a indenização
paga em decorrência de adesão do trabalhador a Programa de
Incentivo à Demissão Voluntária (PDV).
Logo, é entendimento deste Tribunal Superior que a
transação que importa em resolução contratual em face de
adesão do empregado ao PDV empresaria implica tão-somente
a quitação das parcelas e valores constantes do recibo, à luz do
art. 477 da CLT e da Súmula nº 330 desta Corte.
Na mesma esteira, posicionei-me no sentido de não haver
como se validar a renúncia genérica contida no termo de adesão
ao Programa de Desligamento Incentivado - PDI, sob pena de
violar o disposto no artigo 477, § 2º, da CLT.
Isto porque, o que o artigo 477 da CLT, em seu § 2º,
dispõe é que "o instrumento de rescisão ou recibo de quitação,
qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do contrato,
deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao
empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação,
apenas, relativamente às mesmas parcelas".
Logo, a renúncia de forma genérica e indiscriminada no
Termo de Homologação da Rescisão do Programa de
Desligamento Incentivado - PDI, não encontraria amparo no
referido preceito contido na CLT, visto que não cumpridas as
exigências do dispositivo, de que, para a hipótese de quitação
do contrato de trabalho, além da assistência sindical, é
necessária também a especificação das parcelas no recibo de
quitação, bem como a discriminação dos respectivos valores.
Contudo, após vasta discussão, a matéria foi admitida
pelo e. STF em repercussão geral, nos autos do Recurso
Extraordinário nº 590.415/SC, que firmou o entendimento no
sentido de que é válida a quitação a ampla prevista em Plano de
Dispensa Incentivada aprovado em ajuste coletivo, que atribui
aos empregados a opção ou não pelo plano, in verbis:
Ementa: DIREITO DO TRABALHO. ACORDO
COLETIVO. PLANO DE DISPENSA INCENTIVADA.
VALIDADE E EFEITOS.
1. Plano de dispensa incentivada aprovado em acordo
coletivo que contou com ampla participação dos empregados.
Previsão de vantagens aos trabalhadores, bem como quitação de
toda e qualquer parcela decorrente de relação de emprego.
Faculdade do empregado de optar ou não pelo plano.
2. Validade da quitação ampla. Não incidência, na
hipótese, do art. 477, § 2º da Consolidação das Leis do
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Trabalho, que restringe a eficácia liberatória da quitação aos


valores e às parcelas discriminadas no termo de rescisão
exclusivamente.
3. No âmbito do direito coletivo do trabalho não se
verifica a mesma situação de assimetria de poder presente nas
relações individuais de trabalho. Como consequência, a
autonomia coletiva da vontade não se encontra sujeita aos
mesmos limites que a autonomia individual.
4. A Constituição de 1988, em seu artigo 7º, XXVI,
prestigiou a autonomia coletiva da vontade e a autocomposição
dos conflitos trabalhistas, acompanhando a tendência mundial
ao crescente reconhecimento dos mecanismos de negociação
coletiva, retratada na Convenção n. 98/1949 e na Convenção n.
154/1981 da Organização Internacional do Trabalho. O
reconhecimento dos acordos e convenções coletivas permite
que os trabalhadores contribuam para a formulação das normas
que regerão a sua própria vida.
5. Os planos de dispensa incentivada permitem reduzir as
repercussões sociais das dispensas, assegurando àqueles que
optam por seu desligamento da empresa condições econômicas
mais vantajosas do que aquelas que decorreriam do mero
desligamento por decisão do empregador. É importante, por
isso, assegurar a credibilidade de tais planos, a fim de preservar
a sua função protetiva e de não desestimular o seu uso.
7. Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em
repercussão geral, da seguinte tese: "A transação extrajudicial
que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de
adesão voluntária do empregado a plano de dispensa
incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as
parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição
tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou
o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o
empregado".
À luz do entendimento do e. STF, necessário se
diferenciar a quitação do termo de rescisão individual do
contrato de trabalho, em que se verifica assimetria de poderes
entre empregador e empregado, ainda que assistido pela
entidade sindical, situação que atrai a incidência do artigo 477,
§ 2º, da CLT, e a autonomia coletiva da vontade, no momento
em que negocia e firma as negociações coletivas que entende
mais vantajosas para toda a categoria profissional, com
fundamento nos princípios da equivalência dos celebrantes do
contrato, e da adequação setorial negociada.
Verifica-se que o caso em exame representa com
fidedignidade a questão que foi objeto da decisão do e. STF,
para o fim de privilegiar a autonomia coletiva da vontade e a
auto composição dos conflitos trabalhistas, mediante o
reconhecimento dos mecanismos de negociações coletivas
previstos na Convenção nº 98/49 e 154/81 da OIT.
E, considerando que os planos de dispensa incentivada
têm por objetivo reduzir as repercussões sociais das demissões
em massa, assegurando aos optantes condições mais vantajosas,
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deve-se assegurar a credibilidade de tais planos, e não


desestimular o seu uso.
Sob esse enfoque, deu-se provimento ao recurso
extraordinário para fixar a tese de que: "A transação
extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em
razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa
incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as
parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição
tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou
o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o
empregado".
É de se prestigiar, portanto, o princípio da lealdade na
negociação coletiva, e o ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI,
da CF), conferindo proteção aos acordos firmados, com
observância da boa-fé e transparência, não sendo possível
invocar o princípio tutelar que rege as relações individuais de
trabalho para negar validade à cláusula objeto de negociação
coletiva firmada entre partes equivalentes.
Com esses fundamentos, dou provimento ao recurso de
revista a fim de reformar o v. acórdão regional e julgar
totalmente improcedente a reclamação trabalhista. Custas em
reversão, a cargo do reclamante, as quais está isento, conforme
decisão de fls. 715.
Consta do acórdão em embargos de declaração:
MÉRITO
Esta c. Turma, em juízo de retratação, reconheceu os
efeitos da transação extrajudicial decorrente da adesão do
empregado ao PDV da empresa, entabulado via negociação
coletiva e, em face do decidido pelo e. STF, no julgamento do
RE nº 590.415/SC, julgou improcedente a reclamação
trabalhista.
Ao contrário do que argumenta o reclamante, não há
omissão a ser sanada.
Isto porque a controvérsia não foi solucionada à luz do
disposto em cláusula constante de acordo individual de
trabalho, mas com fundamento no acordo coletivo em que ficou
estabelecido que a adesão do empregado ao PDV, mediante o
pagamento de incentivo financeiro especial, implicaria em
renúncia à estabilidade provisória.
Consta expressamente do decisum embargado que a
pretensão objeto da ação se refere à declaração de nulidade da
adesão ao Plano de Demissão Voluntária, tendo em vista o
direito do reclamante à garantia de emprego e reintegração
decorrente de doença ocupacional, com a condenação da
reclamada ao pagamento de indenização por danos morais e
consectários.
A adesão voluntariamente do reclamante ao Plano de
Demissão Incentivada – PDV, com assistência sindical, previsto
em negociação coletiva, produz eficácia liberatória geral apta a
obstar as pretensões formuladas, motivo pelo qual não há como
reconhecer a procedência de seu pedido de reintegração.

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Verifica-se que os presentes embargos de declaração não


se amoldam a qualquer das hipóteses legais para o seu
cabimento, pois almejam a revisão do posicionamento adotado
pela c. Turma e não sanar omissão, contradição, obscuridade ou
erros materiais.
Com esses fundamentos, rejeito os embargos de
declaração.
O Supremo Tribunal Federal, em relação aos efeitos da adesão da
reclamante ao PDV da empresa, no julgamento do Recurso Extraordinário
nº 590.415/SC, de 30.4.2015, de relatoria do Ministro Roberto Barroso,
reconheceu a repercussão geral da matéria e consolidou o entendimento de
que a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho,
em virtude da adesão voluntária do empregado a plano de dispensa
incentivada, implica quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto
do contrato de emprego, desde que tal condição tenha expressamente
constado do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos
demais instrumentos celebrados com o empregado (Tema 152).
Transcrevo o teor da ementa do referido julgado:
DIREITO DO TRABALHO. ACORDO COLETIVO. PLANO DE
DISPENSA INCENTIVADA. VALIDADE EFEITOS. 1. Plano de dispensa
incentivada aprovado em acordo coletivo que contou com ampla
participação dos empregados. Previsão de vantagens aos trabalhadores, bem
como quitação de toda e qualquer parcela decorrente de relação de
emprego. Faculdade do empregado de optar ou não pelo plano. 2. Validade
da quitação ampla. Não incidência, na hipótese, do art. 477, §2º da
Consolidação das Leis do Trabalho, que restringe a eficácia liberatória da
quitação aos valores e às parcelas discriminadas no termo de rescisão
exclusivamente. 3.No âmbito do direito coletivo do trabalho não se verifica
a mesma situação de assimetria de poder presente nas relações individuais
de trabalho. Como consequência, a autonomia coletiva da vontade não se
encontra sujeita aos mesmos limites que a autonomia individual. 4. A
Constituição de 1988, em seu artigo 7º, XXVI, prestigiou a autonomia
coletiva da vontade e a autocomposição dos conflitos trabalhistas,
acompanhando a tendência mundial ao crescente reconhecimento dos
mecanismos de negociação coletiva, retratada na Convenção n.98/1949 e na
Convenção n.154/1981 da Organização Internacional do Trabalho. O
reconhecimento dos acordos e convenções coletivas permite que os
trabalhadores contribuam para a formulação das normas que regerão a sua
própria vida. 5. Os planos de dispensa incentivada permitem reduzir as
repercussões sociais das dispensas, assegurando àqueles que optam por seu
desligamento da empresa condições econômicas mais vantajosas do que
aquelas que decorreriam do mero desligamento por decisão do empregador.
É importante, por isso, assegurar a credibilidade de tais planos, a fim de
preservar a sua função protetiva e de não desestimular o seu uso. 7.
Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em repercussão geral, da
seguinte tese: "A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato
de trabalho, em razão de adesão voluntária do empregado a plano de
dispensa incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas
objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constado
expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos
demais instrumentos celebrados com o empregado". DECISÃO: O
Tribunal, apreciando o tema 152 da repercussão geral, por unanimidade e
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nos termos do voto do Relator, conheceu do recurso extraordinário e a ele


deu provimento, fixando-se a tese de que a transação extrajudicial que
importa rescisão do contrato de trabalho em razão de adesão voluntária do
empregado a plano de dispensa incentivada enseja quitação ampla e
irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego caso essa
condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o
plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado.
Opostos embargos de declaração contra a decisão de mérito do STF,
não foram conhecidos pelo Plenário daquela Corte, com base nos seguintes
fundamentos:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DOS VÍCIOS
DO ART. 535 DO CPC. 1. O acórdão embargado supera o cenário de
divergência jurisprudencial e, portanto, de insegurança jurídica. Não há
fundamento para a modulação dos seus efeitos (art. 27 da Lei nº
9.868/1999). 2. A via recursal adotada não se mostra adequada para a
renovação de julgamento que ocorreu regularmente, tampouco se presta à
discussão de questões que não foram debatidas nos autos. 3. Embargos de
declaração não conhecidos- (RE 590.415 ED/SC, Tribunal Pleno, Rel. Min.
Roberto Barroso, DJe de 18/03/2016).
Situada, portanto, uma delimitação fática para o reconhecimento da
quitação integral do contrato, na esteira do entendimento do Supremo: que
referida condição tenha expressamente constado do acordo coletivo que
aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o
empregado.
No caso dos autos, consta do acórdão recorrido que, "Delimitado no
v. acórdão regional que o restou firmado acordo específico entre a empresa
e o sindicato (ACT 2006/2008) segundo o qual a adesão do reclamante ao
PDV implica em renúncia expressa à estabilidade, a decisão regional que
afasta os efeitos da transação viola o art. 7º, XXVI, da Constituição
Federal", razão pela qual "Verifica-se que o caso em exame representa com
fidedignidade a questão que foi objeto da decisão do e. STF, para o fim de
privilegiar a autonomia coletiva da vontade e a auto composição dos
conflitos trabalhistas, mediante o reconhecimento dos mecanismos de
negociações coletivas previstos na Convenção nº 98/49 e 154/81 da OIT".
Ao analisar os embargos de declaração interpostos pelo reclamante, a
Turma ressaltou ainda que "a controvérsia não foi solucionada à luz do
disposto em cláusula constante de acordo individual de trabalho, mas com
fundamento no acordo coletivo em que ficou estabelecido que a adesão do
empregado ao PDV, mediante o pagamento de incentivo financeiro
especial, implicaria em renúncia à estabilidade provisória".
Logo, versando o acórdão recorrido sobre questão atinente a tema
cuja repercussão geral foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, com
a consagração de tese jurídica pelo acórdão recorrido em consonância com
o entendimento albergado pelo STF, a interposição de recurso
extraordinário para reexame deste ponto da decisão é manifestamente
inviável, a teor do que dispõe o art. 1.030, I, "a", do atual CPC.
Do exposto, nego seguimento ao recurso extraordinário e determino
a baixa dos autos à origem após o transcurso in albis do prazo para
interposição de recurso.
E, em sede de embargos de declaração, dispôs:

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Trata-se de embargos de declaração opostos em face de despacho


desta Vice-Presidência do TST que denegou seguimento ao recurso
extraordinário.
O embargante esclarece, inicialmente, que "Após o juízo de retratação
exercido pela C. 6ª Turma deste E. Tribunal, que houve por bem julgar
improcedente a demanda em razão da adesão do demandante a plano de
desligamento voluntário, afirmando haver, na norma coletiva acostada,
previsão expressa de quitação geral e irrestrita do contrato de trabalho, o
demandante opôs rejeitados aclaratórios, e, por fim, interpôs Recurso
Extraordinário, ao qual Vossa Excelência houve por bem negar seguimento
nos termos do artigo 1.030, I, "a", do CPC".
Assevera que "Vossa Excelência, no entanto, ao decidir a questão
discutida, partiu, assim como a C. 6ª Turma, de premissa equivocada, eis
que, como vem o demandante apontando desde a peça inaugural, ao
contrário do que afirmou a reclamada e a v. decisão ora embargada, não
constou cláusula alguma no Acordo Coletivo de Trabalho no sentido de que
a adesão ao PDV daria plena quitação do contrato de trabalho, condição
esta exigida pelo E. STF".
Ressalta que "O agravo em recurso extraordinário (ARE) é recurso
previsto no inciso VIII do art. 994 do NCPC, instituído pela lei 13.105, de
16.03.2015. Tal agravo pode ser interposto por quem teve recurso especial
ou extraordinário inadmitido, seja parte, terceiro prejudicado ou o
Ministério Público, conforme NCPC, art. 996, caput e parágrafo único".
É o relatório.
Decido.
Presentes os requisitos de admissibilidade.
O recurso extraordinário teve seu seguimento denegado pelos
seguintes fundamentos, in verbis:
(...)
Nos termos do artigo 1.022 do Código de Processo Civil, "cabem
embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I – esclarecer
obscuridade e eliminar contradição; II – suprir omissão de ponto ou questão
sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III -
corrigir erro material".
Na petição de embargos de declaração, a embargante sustenta, em
síntese, que a decisão embargada partiu de premissa equivocada ao aplicar
o Tema 152 do ementário temático de repercussão geral do STF a hipótese
dos autos, haja vista a inexistência de registro, no caso concreto, de
qualquer cláusula de acordo coletivo de trabalho no sentido de que a adesão
do empregado ao PDV importaria plena quitação do contrato de trabalho,
tendo tal cláusula constado apenas do acordo individual.
Nada a retificar.
Com efeito, o exame do despacho embargado revela que a
admissibilidade do recurso extraordinário observou a sistemática de
repercussão geral, com expressa remissão a Tema examinado pelo Supremo
Tribunal Federal (Tema 152), da forma estabelecida no artigo 1.030, inciso
I, "a" do CPC, cujo teor determina seja negado seguimento a apelo que
discute questão constitucional à qual o STF não tenha reconhecido a
existência de repercussão geral ou com a consagração de tese jurídica
semelhante à albergada pelo Supremo Tribunal Federal em sede de
repercussão geral.

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Observe-se que o despacho embargado transcreveu de forma


destacada trecho do acórdão proferido pela e. 6ª Turma em sede de
embargos de declaração no qual restou consignado que "a controvérsia não
foi solucionada à luz do disposto em cláusula constante de acordo
individual de trabalho, mas com fundamento no acordo coletivo em que
ficou estabelecido que a adesão do empregado ao PDV, mediante o
pagamento de incentivo financeiro especial, implicaria em renúncia à
estabilidade provisória". O referido trecho, em especial, delimita os termos
necessários para a aplicação, à hipótese dos autos, do Tema 152 do
ementário temático de repercussão geral do STF, afastando a linha
argumentativa constante dos embargos de declaração.
Deve-se ressaltar, por fim, que as atribuições da Vice-Presidência do
TST, no particular, se limitam a realizar o juízo de admissibilidade do
recurso extraordinário, de modo que extrapolaria tal escopo redefinir o
quadro-fático delineado pelo Tribunal Regional de origem e devidamente
transcrito no acórdão recorrido via apelo extraordinário, como pretende o
embargante.
A argumentação do embargante, portanto, longe de configurar um dos
vícios que autorizam o manejo dos embargos de declaração, configura
inconformismo com o resultado do julgado, desafiando remédio jurídico
próprio.
Verifica-se, portanto, que a pretensão da embargante é a nítida e
imprópria rediscussão do julgado, desiderato que não se coaduna com os
propósitos da medida ora intentada, cujo manejo encontra-se adstrito às
hipóteses elencadas no artigo 1.022 do CPC vigente.
Pelo exposto, rejeito os embargos de declaração.
O agravante sustenta a existência de repercussão
geral da matéria constitucional apresentada no recurso
extraordinário, hábil a autorizar o processamento do apelo.
Sem razão, contudo.
Inicialmente, tem­se, na esteira do julgamento do
Pleno do Supremo Tribunal Federal no AI 760.358/SE (Relator Gilmar
Mendes), que a decisão na qual se aplica precedente de repercussão
geral desafia agravo interno para a Corte de origem, recebido no TST
como agravo do artigo 1.021, § 4º, do atual CPC. Tal orientação foi
acolhida pelo CPC vigente no artigo 1.030, § 2º. Nesse contexto, não
se cogita de usurpação de competência ou contrariedade à Súmula 727
do STF.
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
Recurso Extraordinário nº 590.415/SC, de 30.4.2015, de relatoria do
Ministro Roberto Barroso, reconheceu a repercussão geral da matéria
e consolidou o entendimento de que a transação extrajudicial que
importa rescisão do contrato de trabalho, em virtude da adesão

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voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, implica


quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato
de emprego, desde que tal condição tenha expressamente constado do
acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais
instrumentos celebrados com o empregado (Tema 152).
Transcrevo o teor da ementa do referido julgado:
DIREITO DO TRABALHO. ACORDO COLETIVO. PLANO DE
DISPENSA INCENTIVADA. VALIDADE EFEITOS. 1. Plano de dispensa
incentivada aprovado em acordo coletivo que contou com ampla
participação dos empregados. Previsão de vantagens aos trabalhadores, bem
como quitação de toda e qualquer parcela decorrente de relação de
emprego. Faculdade do empregado de optar ou não pelo plano. 2. Validade
da quitação ampla. Não incidência, na hipótese, do art. 477, §2º da
Consolidação das Leis do Trabalho, que restringe a eficácia liberatória da
quitação aos valores e às parcelas discriminadas no termo de rescisão
exclusivamente. 3.No âmbito do direito coletivo do trabalho não se verifica
a mesma situação de assimetria de poder presente nas relações individuais
de trabalho. Como consequência, a autonomia coletiva da vontade não se
encontra sujeita aos mesmos limites que a autonomia individual. 4. A
Constituição de 1988, em seu artigo 7º, XXVI, prestigiou a autonomia
coletiva da vontade e a autocomposição dos conflitos trabalhistas,
acompanhando a tendência mundial ao crescente reconhecimento dos
mecanismos de negociação coletiva, retratada na Convenção n.98/1949 e na
Convenção n.154/1981 da Organização Internacional do Trabalho. O
reconhecimento dos acordos e convenções coletivas permite que os
trabalhadores contribuam para a formulação das normas que regerão a sua
própria vida. 5. Os planos de dispensa incentivada permitem reduzir as
repercussões sociais das dispensas, assegurando àqueles que optam por seu
desligamento da empresa condições econômicas mais vantajosas do que
aquelas que decorreriam do mero desligamento por decisão do empregador.
É importante, por isso, assegurar a credibilidade de tais planos, a fim de
preservar a sua função protetiva e de não desestimular o seu uso. 7.
Provimento do recurso extraordinário. Afirmação, em repercussão geral, da
seguinte tese: "A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato
de trabalho, em razão de adesão voluntária do empregado a plano de
dispensa incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas
objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constado
expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos
demais instrumentos celebrados com o empregado". DECISÃO: O
Tribunal, apreciando o tema 152 da repercussão geral, por unanimidade e
nos termos do voto do Relator, conheceu do recurso extraordinário e a ele
deu provimento, fixando-se a tese de que a transação extrajudicial que
importa rescisão do contrato de trabalho em razão de adesão voluntária do
empregado a plano de dispensa incentivada enseja quitação ampla e
irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego caso essa
condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o
plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado.

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Situada, portanto, uma delimitação fática para o


reconhecimento da quitação integral do contrato, na esteira do
entendimento do Supremo: que referida condição tenha expressamente
constado do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais
instrumentos celebrados com o empregado.
Na hipótese, conforme destacado na decisão
impugnada, restou delineada a presença do contorno fático
estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal, conforme consta da
decisão recorrida que, "a controvérsia não foi solucionada à luz do disposto em cláusula
constante de acordo individual de trabalho, mas com fundamento no acordo coletivo em que ficou
estabelecido que a adesão do empregado ao PDV, mediante o pagamento de incentivo financeiro
especial, implicaria em renúncia à estabilidade provisória".
Assim, considerando que o acórdão recorrido versa
sobre questão atinente a tema cuja repercussão geral foi
reconhecida, com a consequente consagração de tese jurídica
semelhante à albergada por esta Corte Superior, torna-se inviável o
processamento do apelo.
Nesse contexto, ficam mantidos os fundamentos
adotados pela decisão agravada, restando verificada, ainda, a
manifesta improcedência do presente agravo, aplicando-se a multa
prevista no § 4º do artigo 1.021 do atual CPC.
Registro, por oportuno, que a obrigatoriedade de
pagamento da citada multa pelo beneficiário de gratuidade da
justiça, todavia, só se dará ao final do processo, conforme dispõe o
§ 5º do art. 1.021 do atual CPC.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo,
condenando o agravante ao pagamento de multa a favor da parte
contrária, no importe de 5% do valor atualizado da causa,
equivalente a R$ 1.665,00  (mil,   seiscentos   e   sessenta   e   cinco
reais), na forma do artigo 1.021, § 4º, do atual CPC.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros do Órgão Especial do Tribunal
Superior   do   Trabalho,   por   unanimidade,   negar   provimento   ao   agravo
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PROCESSO Nº TST-Ag-ED-E-ED-ARR-125200-26.2008.5.02.0464

interno,  condenando  o  agravante  ao  pagamento  de  multa  na  forma  do
artigo 1.021, § 4º, do CPC, a favor da parte contrária, no importe
de 5% do valor atualizado da causa, equivalente a R$ 1.665,00 (mil,
seiscentos   e   sessenta   e   cinco   reais),   considerando   a   manifesta
improcedência do apelo.
Brasília, 2 de setembro de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


RENATO DE LACERDA PAIVA
Ministro Vice-Presidente do TST

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