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PROCESSO Nº TST-AIRR-1107-58.2015.5.09.

0073

A C Ó R D Ã O
3ª Turma
GMAAB/Josh/ct/smf

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA INTERPOSTO SOB A VIGÊNCIA DA
LEI 13.015/14. RECURSO DE REVISTA QUE
NÃO APRESENTA A TRANSCRIÇÃO DO TRECHO
DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE IDENTIFICA O
PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO
DO APELO. LEI 13.015/2014. ADICIONAL
DE INSALUBRIDADE E INVALIDAÇÃO DE
ACORDO COLETIVO QUANTO ÀS HORAS DE
TRAJETO. Com o advento da Lei
13.015/2014 o novel § lº-A do artigo
896 da CLT exige em seu inciso I,
como ônus da parte e sob pena de não
conhecimento, a indicação do trecho
da decisão recorrida que
consubstancia o prequestionamento da
controvérsia objeto do recurso de
revista. No caso concreto, o acórdão
regional foi publicado em 26/01/2018,
na vigência da referida lei, e o
recurso de revista não apresenta a
transcrição do trecho da decisão
regional que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia
objeto do apelo. A alteração
legislativa no aspecto constitui
pressuposto de adequação formal de
admissibilidade do recurso de
revista. A ausência desse requisito
formal torna inexequível o apelo e
insuscetível de provimento o agravo
de instrumento.
Quanto aos temas devolvidos, destaca-
se que não há delimitação precisa da
tese eleita pelo TRT, pois a empresa
faz a transcrição de pequenos
trechos, mas que não contêm todas as
circunstâncias fáticas em que se
baseou a decisão proferida
relativamente a cada tema, não
atendendo ao disposto no art. 896, §
1º-A, I, da CLT.

Firmado por assinatura digital em 13/02/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-AIRR-1107-58.2015.5.09.0073

No que tange ao tema "adicional de


insalubridade", a controvérsia foi
equacionada sob a ótica de que o
laudo pericial foi conclusivo no
sentido da existência de trabalho
exercido em condições insalubres
(agente calor) acime dos limites de
tolerância, de acordo com o disposto
na NR 15 da portaria 3.214/78 do
Ministério do Trabalho e da NHO 6
(Avaliação da Exposição Ocupacional
ao Calor da Fundacentro - Fundação
Jorge Duprat Figueiredo de Segurança
e Medicina do Trabalho). Ou seja,
houve tanto a constatação por perícia
quanto o enquadramento legal, não
havendo prova em sentido contrário da
reclamada capaz de alterar o julgado.
Assim, a reclamada, ao expor a tese
circunscrita em decisão por afronta
ao princípio da reserva legal e dos
arts. 5º, II, da CR/88 e 189, 190,
192 e 195 da CLT, bem como
contrariedade à Súmula nº 448, I, do
TST, não aborda todos os fundamentos
utilizados em sede regional que
delimitam o prequestionamento da
controvérsia.
No que atine ao tema "horas extras.
horas in itinere", a tese da
reclamada foi no sentido de que
"logrou êxito em demonstrar o
cumprimento do requisito formal
indispensável à validade do banco de
horas, qual seja, autorização e
regulamentação do regime em
negociação coletiva, frente aos
Acordos Coletivos de Trabalho
juntados aos autos." (págs. 560-561).
Entretanto, a
a tese contida em sede regional -
suficiente de per si a manter a
decisão recorrida -, foi no sentido
de que não houve o alegado ajuste
prévio exigido pela norma criada
pelas partes (Acordo Coletivo), pois
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"Embora a defesa alegue que assim


procedeu, não fez prova da sua alegação,
fato impeditivo do direito ao
recebimento de labor extraordinário
(CPC/2015, artigo 373, II)" (fls.
433/435)". Ou seja, a questão foi
discutida sob o enfoque do ônus da prova
quanto ao próprio cumprimento da norma
coletiva em que foi clausulada a matéria
– fundamento autônomo -, o qual sequer
foi objeto de transcrição pela
reclamada, o que prejudica a análise do
seu recurso, no particular, por não
atendimento do art. 896, § 1º-A, I, da
CLT. Agravo de instrumento conhecido
e desprovido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Agravo   de   Instrumento   em   Recurso   de   Revista   n°  TST­AIRR­1107­
58.2015.5.09.0073, em que é Agravante  IVAICANA AGROPECUÁRIA LTDA.  e
Agravada MARIA APARECIDA SILVA HENRIQUE DOS SANTOS.

Trata-se de agravo de instrumento interposto pela


empresa  contra o r. despacho por meio do qual a Presidência do
Tribunal Regional do Trabalho negou seguimento ao seu recurso de
revista. Sustenta que aludido despacho deve ser modificado para
possibilitar o trânsito respectivo.
Não foram apresentadas contraminuta e
contrarrazões.
Não houve manifestação do Ministério Público do
Trabalho.
É o relatório.

V O T O

1 – CONHECIMENTO

Presentes os pressupostos de admissibilidade.


Conheço.

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2 – MÉRITO
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A VIGÊNCIA DA
LEI 13.015/14. RECURSO DE REVISTA QUE NÃO APRESENTA A TRANSCRIÇÃO DO
TRECHO DO ACÓRDÃO REGIONAL QUE IDENTIFICA O PREQUESTIONAMENTO DA
MATÉRIA OBJETO DO APELO. LEI 13.015/2014. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
E INVALIDAÇÃO DE ACORDO COLETIVO QUANTO ÀS HORAS DE TRAJETO.
A Lei 13.015/2014 teve como algumas de suas
finalidades reforçar o papel uniformizador do recurso de revista,
sanar controvérsias quanto ao manejo desse apelo e dar maior
celeridade e segurança jurídica no conhecimento e tramitação dessa
espécie recursal, por meio de disciplinamento judiciário voltado
precipuamente para os efeitos uniformizadores da jurisprudência e da
unidade do Judiciário Trabalhista.
Nos termos do art. 896, "a", "b" e "c", da CLT, o
recurso de revista tem por fim: a) zelar pela autoridade do direito
objetivo, afastando as violações de literal disposição de lei ou
afronta direta e literal à Constituição Federal; b) resolver
divergências decisórias entre Regionais na interpretação da lei
federal ou estadual, norma coletiva ou regulamento empresarial de
abrangência ultra regional ou entre o Regional e a SBDI do TST; e c)
exercer o controle sobre a jurisprudência, afastando as
contrariedades a súmula do TST, súmula vinculante do STF e à
iterativa e notória jurisprudência do TST.
Com o advento da Lei 13.015/2014 a redação do
novel § lº-A do artigo 896 da CLT, para efeito de demonstração da
violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e
literal à Constituição Federal, exige em seu inciso I que: "sob pena
de não conhecimento, é ônus da parte: I - indicar o trecho da
decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da
controvérsia objeto do recurso de revista", grifamos.
A alteração legislativa nesse aspecto constitui
pressuposto de adequação formal de admissibilidade do recurso de
revista e se orienta no sentido de propiciar a identificação precisa
da contrariedade a dispositivo de Lei e a Súmula e do dissenso de
teses, afastando-se os recursos de revista que impugnam de forma
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genérica a decisão regional e conduzem sua admissibilidade para um


exercício exclusivamente subjetivo pelo julgador de verificação e
adequação formal do apelo.
Assim, a necessidade da transcrição do trecho que
consubstancia a violação e as contrariedades indicadas, e da
demonstração analítica da divergência jurisprudencial, visam a
permitir a identificação precisa e objetiva da tese supostamente
ofensiva a Lei, a segurança das relações jurídicas e a isonomia das
decisões judiciais, de modo que contribua para a celeridade da
prestação jurisdicional, possibilite a formação de precedentes como
elemento de estabilidade e a decisão do TST contribua para a
formação da jurisprudência nacionalmente unificada.
A ausência desse requisito formal torna
inexequível o recurso de revista e insuscetível de provimento o
agravo de instrumento.
No caso concreto, o acórdão regional foi publicado
em 26/01/2018, na vigência da referida lei, e o recurso de revista
não apresenta a transcrição do trecho da decisão regional que
consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto das
violações e da divergência jurisprudencial nele indicadas, nem
realiza a demonstração analítica do dissenso de julgados e, por
isso, não alcança conhecimento a tornar inviável o agravo de
instrumento que visa ao seu destrancamento.
Em relação aos temas devolvidos, não há
delimitação precisa da tese eleita pelo TRT, pois a empresa faz a
transcrição de pequenos trechos, mas que não contém todas as
circunstâncias fáticas em que se baseou a decisão proferida
relativamente a cada tema, não atendendo ao disposto no art. 896, §
1º-A, I, da CLT.

2.1 - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. 


Para fins de atendimento da Lei nº 13.015/2014, a
parte transcreveu o seguinte trecho, in verbis:

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Este e colegiado, conforme decisão prolatada nos autos de RO 01760-


2011-562-09-00-3 (Ac. public. em 05/11/2013), posiciona-se no sentido de
que a alta temperatura, gerada pela dificuldade de dissipação do calor, à
qual se sujeita o trabalhador rural, gera o direito ao adicional de
insalubridade, nos termos previstos no Anexo 3, da NR 15, do MTE, e OJ
173, II, da SDI-I, do c. TST, "in verbis":
"173. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
ATIVIDADE A CÉU ABERTO. EXPOSIÇÃO AO SOL E AO
CALOR. (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno
realizada em 14.09.2012) - Res. 186/2012, DEJT divulgado em
25, 26 e 27.09.2012. [...] II - Tem direito ao adicional de
insalubridade o trabalhador que exerce atividade exposto ao
calor acima dos limites de tolerância, inclusive em ambiente
externo com carga solar, nas condições previstas no Anexo 3 da
NR 15 da Portaria Nº 3214/78 do MTE".
Não prospera, outrossim, o argumento de que a atividade não está
classificada pelo Ministério do Trabalho como insalubre, vez que o Anexo
3, da NR 15, apenas classifica as atividades em leves, moderadas e pesadas,
entendendo o i. perito que a função desempenhada pela reclamante
enquadra-se como trabalho pesado.
O respeitável aresto não contemplou a integralidade das razões
recursais no que atine a matéria de adicional de insalubridade, ao passo que
sustentada a violação tanto da Lei infraconstitucional (CLT, artigos 189,
190 e 192) e quanto da Constituição Federal de 1988 (art. 5º, inciso II c/c
artigo 2º, 22, I, 59), à luz da interpretação dada pela Súmula nº 448, I, do C.
Tribunal Superior do Trabalho e da Súmula nº 460, do E. Supremo Tribunal
Federal, cuja incidência ou não, há hipótese, não foi objeto de apreciação
no venerando acórdão." (págs. 555-556 das razões de
revista)

Em primeiro lugar, relação ao tema "adicional de


insalubridade", verifica-se que a decisão regional se amparou nas
seguintes premissas fáticas a seguir transcritas, in verbis:

(...) Pois bem.


O laudo pericial (fls. 306/318 e 407/408) possui
elementos suficientes à formação da convicção do Juízo, não
havendo a necessidade de realização de novas perícias, que
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apenas oneraria, ainda mais, o processo, prolongando, de


forma desnecessária, o "iter" processual.
Não se há falar em nulidade do laudo pericial e,
tampouco, cerceamento de defesa, vez que foram garantidos a
ampla defesa e o exercício do contraditório.
Registre-se que ao juiz cabe a direção do processo (artigo
765, da CLT), podendo determinar mas, também, evitar atos e
diligências que entender desnecessárias ao deslinde da
controvérsia, inclusive realização de nova perícia ou visita ao
local de trabalho, sem que isso implique em cerceio de defesa,
em especial diante dos princípios da celeridade e da economia
processual.
Além disso, o juiz não está adstrito ao laudo pericial,
podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos
provados nos autos. A decisão no processo e a análise das
provas baseiam-se no princípio do livre convencimento
motivado do juiz, de modo que a credibilidade e importância
atribuída às provas fica a cargo do julgador.
Ademais, os pontos aventados pela reclamada, que
supostamente não teriam sido observados pelo i. perito,
restaram analisados minuciosamente pelo MM. Juiz de primeiro
grau, cujo trecho de decisão peço vênia para adotar como razões
de decidir, a seguir:
"A respeito da impugnação da Demandada, cumpre registrar: a) o Perito
afirmou em seu laudo que o equipamento utilizado na medição foi "devidamente
calibrado" (fl. 310), inexistindo na NHO 6 exigência de apresentação de certificado
de calibração do fabricante; b) a NR-15 e a NHO 6 determinam que as medições
sejam feitas considerando os "60 minutos corridos de exposição que correspondam à
condição de sobrecarga térmica mais desfavorável", ou seja, os períodos de menor
incidência solar são desconsiderados para fins de medição; c) não foi realizada uma
única medição como afirma a Demandada, mas sim "várias medições e tomou-se
para efeito de cálculos as três últimas" (ver laudo pericial - fl. 310); d) o Perito
considerou no cálculo da taxa metabólica da Trabalhadora as atividades
desenvolvidas no período de safra e entressafra além do corte de cana (ver item 2.1.1
do laudo pericial - fls. 308/309); e) a NHO 6 não determina que sejam "feitas
medições em cada situação térmica que compõe o ciclo de exposição", e sim que seja
considerada a condição de sobrecarga térmica mais desfavorável do dia, o que foi
devidamente observado pelo Perito; f) o Perito classificou as diversas atividades
desenvolvidas pela Trabalhadora na safra e entressafra como pesadas, motivo pelo
qual não foi utilizada a média ponderada (resposta ao quesito suplementar de letra b -
fl. 407); g) a NHO 6 conta com tabela própria de taxa metabólica a ser aplicada à
Trabalhadora em seu "Quadro 01 Taxa Metabólica Por Tipo de Atividade", o que
pressupõe "trabalhadores sadios, aclimatados, completamente vestidos com calça e
camisa leves, e com reposição adequada de água e sais minerais", nos termos ali
definidos, o que leva à conclusão que a avaliação da condição pessoal da
Trabalhadora somente poderia diminuir o nível de exposição térmica a que estaria
sujeita, e nunca aumentá-la, o que implica em dizer que o procedimento adotado tem
amparo na NHO 6 e só beneficiou a Demandada; h) ao contrário do que afirma a
Demandada, os dados que devem constar do registro em planilha de campo estão
devidamente identificados no corpo do laudo pericial (fls. 305/319); i) o laudo do
Perito está devidamente fundamentado, expõe o critério e a metodologia adotados,
descreve as condições de exposição avaliadas e menciona expressamente a

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regularidade do instrumental utilizado. Portanto, reconheço que o laudo pericial


atende a todos os requisitos das NHO 6 e NR-15" (fl. 432).
Portanto, rejeita-se a nulidade arguida.
Ainda. A perícia foi realizada em 11/11/2015 e, para
avaliar a exposição ao agente insalubre calor, o perito
adotou a seguinte metodologia (fl. 364):
"Para os levantamentos quantitativos do CALOR, foi utilizado um
equipamento termômetro de globo da marca Instrutherm modelo TGD-200
devidamente calibrado, possuindo um termômetro de globo (com esfera oca de
cobre de aproximadamente 1 mm (um milímetro) de espessura e com diâmetro
de 152,4 mm (cento e cinquenta e dois vírgula quatro milímetros) pintado
externamente de preto fosco), um termômetro de bulbo úmido (haste com copo
de 100 ml (cem mililitros) e pavio em forma tubular na cor branca de tecido de
algodão) e um termômetro de bulbo seco. O levantamento foi realizado a altura
do tórax de um homem de estatura mediana após a estabilização do conjunto,
isto aproximadamente 25 min. (vinte e cinco minutos) do início da montagem do
equipamento, quando as medições não variaram em mais que 0,2°C (zero
vírgula dois graus Celsius) entre elas, onde então realizou-se várias medições e
tomou-se para efeito de cálculos as três últimas" (fl. 310).
O perito, analisando as atividades realizadas pela
reclamante, na safra e entressafra, enquadrou-as como pesadas,
não havendo nos autos prova que indique que as mesmas
fossem leves ou moderadas na entressafra.
Após realizar a avaliação pericial, concluiu o "expert"
que a empregada estava exposta a sobrecarga térmica
(IBUTG quantificado de 29,07, fl. 365), ressaltando, ainda,
que "considerando-se as temperaturas detectadas em outras
diligências periciais no ano de 2014/2015, nesta região, no
processo 0921-06/2013, desta Vara do Trabalho onde
evidenciou-se insalubridade nos meses de Setembro a
Março; quando então sugere-se o ENQUADRAMENTO em
insalubridade em grau médio, no mesmo período, para as
atividades desempenhadas pela parte Autora, nos termos do
anexo nº 3 da Norma Regulamentadora 15 do Decreto 3.214,
de 1978, percebendo um adicional de 20% (vinte por cento)
sobre o salário mínimo da região" (fl. 311, destaques
acrescidas).
Portanto, a perícia confirmou a existência de
insalubridade na atividade exercida pela reclamante.
Ressaltou o i. perito, ademais, que a reclamante "Estava
suscetível a insalubridade de forma contínua dentro do período
quantificado, podendo haver variações em algum momento,
dependendo das condições climáticas" (quesito "m" - fl. 314) e
que "A quantificação do calor leva em conta o horário mais
desfavorável, neste caso, todo o período trabalhado considera-se
insalubre" (quesito "n" - fl. 314). Além disso, ele considerou,
em sua avaliação as pausas realizadas pelos trabalhadores
(quesito "x" - fl. 315).

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Ainda. Destacou que o fornecimento de soro à reclamante


"Serve para repor calorias e nutrientes. A evaporação do suor
elimina parte do calor, mas carrega consigo substâncias
importantes, como água e sais minerais, podendo causar
desidratação" (quesito "t" - fl. 314) e que os EPIs não eliminam
o agente calor (quesito "y" - fl. 315) Outrossim, embora não
observados os 60 minutos (quesito "a" - fl. 407), não se constata
inaquedação aos termos na NHO 06, já que a avaliação do
agente nocivo calor foi fundamentada no Anexo 3, da
Norma Regulamentadora 15, da Portaria 3.214 de 1978, e
na NHO 06 - Avaliação da Exposição Ocupacional ao Calor
da Fundacentro - Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança e Medicina do Trabalho (fls. 316/317).
Registre-se, ademais, que as médias históricas de
temperatura extraídas de documentos emitidos pelo Iapar ou
pela Fundacentro não são suficientes para aferir a ausência de
exposição a agente insalubre calor, vez que o índice de aferição
da insalubridade é o IBUTG e não somente a temperatura do
local.
Mencione-se, por oportuno, que as variações de
temperatura ocorridas durante o dia ou entre as estações
climáticas do ano não alteraram a condenação, pois deve-se
considerar a sobrecarga térmica mais desfavorável, conforme
previsto na NHO 06.
De se ressaltar que a perícia é prova técnica, sendo o
perito considerado auxiliar do Juízo, qualificado para verificar
possível existência de insalubridade, pois o Juízo não possui
conhecimentos técnicos para apurar fatos que escapam da sua
área de atuação.
É certo que o Juízo não está adstrito à conclusão pericial.
Não se pode olvidar, todavia, da necessária constatação de
outros elementos para descaracterizar a prova pericial, que
constitui meio essencial de verificação do ambiente de trabalho
insalubre.
Apesar da extensa argumentação da reclamada em
face do laudo pericial, não se constatam elementos
probatórios contrários e mais convincentes. (págs. 523-
529 – recurso ordinário)

Conclui-se, portanto, que a controvérsia foi


equacionada sob a ótica de que o laudo pericial foi conclusivo no
sentido da existência de trabalho exercido em condições insalubres
(agente calor) acime dos limites de tolerância, de acordo com o
disposto na NR 15 da portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho e
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da NHO 6 (Avaliação da Exposição Ocupacional ao Calor da Fundacentro


- Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho). Ou seja, houve tanto a constatação por perícia quanto o
enquadramento legal, não havendo prova em sentido contrário da
reclamada capaz de alterar o julgado. Assim, a reclamada, ao expor a
tese circunscrita em decisão por afronta ao princípio da reserva
legal e dos arts. 5º, II, da CR/88 e 189, 190, 192 e 195 da CLT, bem
como contrariedade à Súmula nº 448, I, do TST, não aborda todos os
fundamentos utilizados em sede regional que delimitam o
prequestionamento da controvérsia.
Em segundo lugar, quanto ao tema "Horas extras.
Horas in itinere", para fins de atendimento da Lei nº 13.015/2014, a
parte transcreveu o seguinte trecho, in verbis:

HORAS EXTRAS
(...)
O ajuste da compensação com os empregados, com dois dias de
antecedência, não restou comprovado nos autos, por documentos ou prova
oral (fls. 426/427). Assim, ainda que a reclamada alegue que havia "ajuste
verbal" para as compensações, não há qualquer prova deste nos autos.
Note-se que, neste particular, não há qualquer desrespeito ao princípio da
autodeterminação coletiva, pois o fundamento para a invalidação do regime
está no descumprimento de requisito previsto no próprio ACT.
Ademais, dispõe a Súmula 61, deste e. Regional:
"INVALIDADE DO BANCO DE HORAS. INTEGRAÇÃO DAS
HORAS IN ITINERE À JORNADA DE TRABALHO. A integração das
horas in itinere à jornada de trabalho invalida o banco de horas se importar
desrespeito ao limite máximo de duas horas extras diárias (art. 59 da CLT),
por se tratar de tempo à disposição do empregador".
Analisando os controles de jornada, com a integração das horas "in
itinere" (no caso, 1 hora - sentença - fl. 434), há horas extras habituais
excedentes a 2 horas diárias (v.g. fls. 187, 200, 201, 202, 203, 219 etc.),
tornando inválido o banco de horas adotado pela reclamada.
(...)

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No particular da invalidação do banco de horas por conta da ausência


do prévio aviso negociado, tem-se que o levante recursal suscitou os quais
não se encontra o "ajuste prévio", válido seria o sistema de compensação,
sob pena de violação e contrariedade aos precitados dispositivo e Súmula,
além de afronta ao princípio da legalidade (CF, 5º, II), pedido e
fundamentos não apreciados no venerando acórdão. (págs. 559-560
das razões de recurso de revista)

A decisão regional adotou como fundamentos para


manter a decisão que considerou inválido o regime de banco de horas
os seguintes fundamentos, in verbis:

O MM. Julgador de origem invalidou o banco de horas,


deferindo horas extras e reflexos, nos seguintes termos:
"Foram juntados aos autos Banco de Horas com vigência de 1º de maio de
2009 a 30 de abril de 2011 (fls. 165/171), 1º de maio de 2011 a 30 de abril de 2013
(fls. 141/147) e 1º de maio de 2013 a 30 de abril de 2014 (fls. 151/157).
Pois bem: no entendimento deste Juízo, a pactuação firmada coletivamente é
plenamente válida. Contudo, constato que no caso concreto a Demandada não se
utilizou da faculdade de compensar horas através da sistemática prevista no
instrumento normativo. Note-se que a cláusula 12ª, § 3º, dos ACTs
2009/2011 e 2011/2013, prevê que o Empregador e o trabalhador
deverão fixar a jornada a ser cumprida em comum acordo, com o
prazo de dois dias de antecedência (§ 4º). No mesmo sentido é a
cláusula 13ª do ACT 2013/2014. Embora a defesa alegue que
assim procedeu, não fez prova da sua alegação, fato impeditivo do
direito ao recebimento de labor extraordinário (CPC/2015, artigo
373, II)" (fls. 433/435).
Ainda, em razão do descumprimento da cláusula coletiva
relativa ao banco de horas, deferiu uma multa convencional por
cada ACT violado e juntado com a inicial (fl. 436).
Postula a reclamada a exclusão das horas extras, inclusive
a multa coletiva acessória. Sustenta que os ACTs autorizam a
compensação por meio de banco de horas, que devem ser
respeitados, em razão do princípio da autodeterminação
coletiva; que a anuência do reclamante está comprovada
mediante "documento escrito e o amplo conhecimento
quantitativo"; que todos os requisitos para a compensação estão
presentes, citando, como exemplo, a indicação do saldo de
horas nos analíticos de horas individuais e o ajustamento verbal
e consensual para as compensações; e que as horas "in itinere"
não tem o condão de invalidar o banco de horas, pois se tratam
de horas fictícias (fls. 469/473).
Pois bem.
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fls.12

PROCESSO Nº TST-AIRR-1107-58.2015.5.09.0073

O chamado banco de horas consiste em sistema de


compensação de jornada e, assim, impõe, além da pactuação
coletiva, nos termos do inciso XIII, do artigo 7º, da
Constituição Federal, a observância do disposto no parágrafo 2º,
do artigo 59 consolidado (labor diário não superior a 10 horas) e
existência de controles mensais das horas extras praticadas e
compensadas.
Quando há adoção do sistema de compensação através do
"banco de horas", o empregador deve comprovar a regular
observância do sistema por meio de controles mensais do saldo
de horas, positivo ou negativo, de modo que o empregado tenha
ciência da compensação e dos saldos de horas a compensar,
impedindo que o regime se dê ao arbítrio do empregador e,
também, apenas se admite o pagamento do saldo das horas
excedentes não compensadas quando do término do contrato de
trabalho.
Na hipótese, há acordo individual (fl. 176) e os ACTs
autorizam a compensação por meio do banco de horas.
Contudo, estabelecem que:
"(...) Parágrafo Terceiro: No que tange a compensação disposta nesta
cláusula, competirá ao empregador, de comum acordo com seus empregados,
fixar a jornada de trabalho para efeito de compensação dentro das normas aqui
estabelecidas. Desta forma, tem-se como cumpridas as exigências legais, sem a
necessidade de manifestação expressa e formal das partes.
Parágrafo Quarto: A jornada a ser compensada deverá ser acordada, na
forma do parágrafo terceiro desta cláusula, com 2 (dois) dias de antecedência"
(v.g. cláusula 13ª, ACT 2013/2014 - fl. 44, destaques acrescidos).
O ajuste da compensação com os empregados, com
dois dias de antecedência, não restou comprovado nos autos,
por documentos ou prova oral (fls. 426/427). Assim, ainda
que a reclamada alegue que havia "ajuste verbal" para as
compensações, não há qualquer prova deste nos autos. Note-
se que, neste particular, não há qualquer desrespeito ao
princípio da autodeterminação coletiva, pois o fundamento
para a invalidação do regime está no descumprimento de
requisito previsto no próprio ACT.
Ademais, dispõe a Súmula 61, deste e. Regional:
"INVALIDADE DO BANCO DE HORAS. INTEGRAÇÃO DAS HORAS IN
ITINERE À JORNADA DE TRABALHO. A integração das horas in itinere à jornada
de trabalho invalida o banco de horas se importar desrespeito ao limite máximo de
duas horas extras diárias (art. 59 da CLT), por se tratar de tempo à disposição do
empregador".
Analisando os controles de jornada, com a integração
das horas "in itinere" (no caso, 1 hora - sentença - fl. 434),
há horas extras habituais excedentes a 2 horas diárias (v.g.
fls. 187, 200, 201, 202, 203, 219 etc.), tornando inválido o
banco de horas adotado pela reclamada.
Portanto, devidas as horas extras e reflexos, como
decidido na origem.
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fls.13

PROCESSO Nº TST-AIRR-1107-58.2015.5.09.0073

(...) (págs. 532-534 – recurso ordinário)

A tese da reclamada foi no sentido de que "é


lícito o sistema de compensação de horas extras - prorrogações de
horas de trabalho com as respectivas reduções - quando estabelecido
por meio de convenção ou acordo coletivo de trabalho (artigo 7º,
XXVI e 8°, III, CF c/c 611, CLT), em face do que dispõe os artigos
7º, inciso XIII, da CF/88 e 59, § 2º, da CLT." Alegou, ainda, que
"logrou êxito em demonstrar o cumprimento do requisito formal
indispensável à validade do banco de horas, qual seja, autorização e
regulamentação do regime em negociação coletiva, frente aos Acordos
Coletivos de Trabalho juntados aos autos." (págs. 560-561)
Entretanto, a tese contida em sede regional -
suficiente de per si a manter a decisão recorrida -, foi no sentido
de que não houve o alegado ajuste prévio exigido pela norma criada
pelas partes (Acordo Coletivo), pois "Embora a defesa alegue que assim
procedeu, não fez prova da sua alegação, fato impeditivo do direito ao
recebimento de labor extraordinário (CPC/2015, artigo 373, II)" (fls.
433/435)". Ou seja, a questão foi discutida sob o enfoque do ônus da prova
quanto ao próprio cumprimento da norma coletiva em que foi clausulada a
matéria – fundamento autônomo -, o qual sequer foi objeto de transcrição
pela reclamada, o que prejudica a análise do seu recurso, no particular.
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de
instrumento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo de
instrumento e, no mérito, negar-lhe provimento.
Brasília, 13 de fevereiro de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


ALEXANDRE AGRA BELMONTE
Ministro Relator

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