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Formada em Licenciatura em História, Mestre em Ciências Sociais Aplicadas e Doutoranda em Ciências Sociais
Aplicadas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Ponta Grossa, Paraná, Brasil.
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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11& 13thWomen’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017,ISSN 2179-510X
informa que desde o surgimento dos primeiros estudos sobre o autismo, na década de 1940, várias
teorias surgiram na tentativa de explicar o fenômeno, sendo as principais: as Teorias Psicogênicas,
as Teorias Biológicas e as Teorias Psicológicas.
De acordo com Castela (2013), as Teorias Psicogênicas foram as primeiras a elaborarem
hipóteses para explicar a etiologia do autismo. Apesar das diferenças entre os autores, de maneira
geral o autismo era definido enquanto uma perturbação afetiva cujo agente desencadeador era o mal
relacionamento mãe-filho. Assim, ainda que o ambiente familiar fosse compreendido como
“doente”, havia uma ênfase na figura materna definida ora como “rígida e perfeccionista” ora como
“indiferente” e “emocionalmente fria”. (CASTELA, 2013, p. 11).
Tendo em vista a histórica relação autismo e maternidade, o presente artigo tem como
objetivo analisar o processo de culpabilização das mães de autistas, tendo como base dois trabalhos
essenciais na história do TEA: o artigo “Autistic disturbances of affective contact”,publicado em
1943, de autoria do psiquiatra Leo Kanner, e o livro A Fortaleza Vazia, escrito pelo psicanalista
Bruno Bettelheim e lançado nos Estados Unidos em 1967.
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Na apresentaçãodo perfil dos membros das famílias das crianças por ele estudadas, Kanner
descreveu-as enquanto pessoas “inteligentes”, “obsessivas” e “pouco amorosas”, quese dedicavam
mais a assuntos de cunho científico e filosófico e atribuíam pouco valor ao convívio com os outros.
Tais observações estendiam-se para os casamentos que, conforme sua interpretação, também eram
marcados pelo distanciamento emocional. Em suas palavras, a “[...] questão, a saber, é, em que
medida, este fato tem contribuído para a condição das crianças. A solidão delas desde o início da
vida faz com que seja difícil atribuir o quadro inteiro exclusivamente ao tipo das primeiras relações
parentais com o nosso paciente.” (KANNER, 1943, p. 250).
De acordo com Lima (2014), em 1949 Leo Kanner voltou a publicar um novo estudo sobre
o autismo, dessa vez atribuindo maior ênfasena relação autismo e personalidade das mães e dos
pais. É nesse momento que surge o que ficou conhecido como a “teoria da mãe-geladeira”,a qual
responsabiliza as mães pelo surgimento do autismo em seus filhos. Conforme nos informa Lima
(2014, p. 111), Leo Kanner fez a seguinte descrição:
Na maioria dos casos, a gravidez não havia sido bem-vinda e ter filhos era nada mais que
uma das obrigações do casamento. A falta de calor materno em relação ao filho ficaria
evidente desde a primeira consulta, pois a mãe demonstrava indiferença, distanciamento
físico ou mesmo incômodo com a aproximação da criança. A dedicação ao trabalho, o
perfeccionismo e a adesão obsessiva a regras seriam outros dos traços dos pais, e os dois
últimos explicariam o seu conhecimento de detalhes do desenvolvimento do filho. Mais que
isso, os pais muitas vezes se dedicariam a estimular a memória e o vocabulário de sua
criança autista, tomando o filho como objeto de “observação e experimentos”. Mantido
desde cedo em uma “geladeira que não degela” (ibid, p. 425), o autista se retrairia na
tentativa de escapar de tal situação, buscando conforto no isolamento.
Leo Kanner contribuiu tanto para a construção de um novo campo de estudos e atuação
referentes ao psiquismo humano como para a emergência de um estigma que durante décadas
perseguiu – e infelizmente ainda persegue – as mães de crianças diagnosticadas com autismo.
(DARRÉ, 2013; LIMA, 2014).
Cabe destacarmos que a obra de Kanner está inserida num contexto de intensa
responsabilização da mãe em relação ao desenvolvimento, principalmente emocional, dos filhos.
Foi fundamental a associação entre uma maternidade inadequada e os problemas comportamentais e
emocionais da criança nos estudos realizados desde a década de 1920, pela psicanálise, sobre a
criança e a importância da figura materna para o seu desenvolvimento psíquico. De acordo com
Darré (2013), trabalhos como os desenvolvidos por John Bowlby (1950), René Spitz (1955) e
mesmo por Leo Kanner expressam não apenas anseios teóricos, mas também políticos: o desamparo
da criança não ocorria apenas quando a mesmaera desassistida materialmente, pois a falta de
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atenção, carinho e de tempo para o cuidado também não deixavam de se caracterizar como formas
veladas de abandono. Assim, para evitar a maternidade inadequada, vários teóricos se dedicaram na
elaboração de manuais cujo cerne não era apenas orientar as mulheres a serem mães, mas também
impor um determinado tipo de maternidade, aquela apregoada pelo saber médico. Para garantir que
as mulheres seguiriam tais normativas, não raro houve a utilização da“tecnologia afetiva da
culpa”(DOUGLAS, 2014), criando uma associação entre maternidade e culpa.(FORNA 1999;
DARRÉ, 2013).
Desta forma, Lima (2014) destaca que os argumentos de Kanner estavam de acordo com os
preceitos que norteavam a psiquiatria, naquele momento marcada pela valorização da criança e pela
influência (tanto teórica quanto na prática clínica) das teorias psicanalíticas.
Gostaria de fazer mais uma digressão, pois a razão pela qual começamos por imputar o
colapso de Laurie à ambivalência das figuras maternas parece ter importância teórica
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considerável, sobretudo pelo fato de, na literatura, as atitudes da mãe serem consideradas
como fator etiológico do autismo infantil.
Ao longo deste livro mantenho minha convicção de que, em autismo infantil, o agente
precipitador é o desejo de um dos pais de que o filho não existisse. (BETTELHEIM, 1987,
p. 137).
Nas palavras de Cavalcanti e Rocha (2001, p. 63), Bruno Bettelheim “[...] atribuía a sua
etiologia à impossibilidade da mãe de reconhecer os movimentos antecipatórios e responder às
demandas do seu bebê, privando-o da sua presença e de seu investimento, indispensáveis à
constituição do eu”.No caso Laurie, citado acima, o afastamento emocional da mãe da menina era
expresso em ações como, por exemplo, voltar a trabalhar mesmo com a menina sendo pequena (seis
meses de idade) deixando-a sob o cuidado de babás “indiferentes”. Bettelheim descreveu a mãe de
Laurie como uma pessoa “bastante senhora de si, exageradamente senhora de si”, além de ser “[...]
uma pessoa narcisista, que provavelmente se debatia para manter um tênue vínculo com a
realidade.” (BETTELHEIM, 1987, p. 109). Não podemos ignorar que descrever as características e
os comportamentos maternos não significava apenas contextualizar o ambiente em que a criança
estava inserida, mas colocar a mãe no cerne do debate.
A compreensão de que a rejeição familiar, em especial a materna, estimulava as crianças a
entrarem numa “fortaleza vazia” como mecanismo de proteção fez com que Bettelheim defendesse
que o melhor a fazer em relação às crianças diagnosticadas como autistas era afastá-las do convívio
de sua família. (GRINKER, 2010). A Escola Ontogenética de Chicago foi o espaço em que o
psicanalista pôde colocar em prática suas propostas terapêuticas, sendo que uma das principais
medidas tomadas pela instituição era a proibição de visitas das mães e dos pais às crianças, o que
transformava a escola (na percepção de Bettelheim) em um espaço em que a criança era livrada de
todos os prejuízos causados pela família.
Leo Kanner, além de ser o primeiro a descrever o autismo enquanto um quadro diagnóstico
diferenciado, foi também o primeiro a apresentar a hipótese da influência familiar no aparecimento
do fenômeno, elaborando inclusive o termo “mãe-geladeira”. Entretanto, apesar de Bruno
Bettelheim, em certa medida, continuar o caminho aberto por Kanner, a percepção dos dois
pesquisadores não foi a mesma. Em outras palavras, o autismo de Kanner não é o mesmo de Bruno
Bettelheim.
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A primeira diferenciação entre ambos está na etiologia do autismo: ainda quetenha
argumentado que as relações familiares, em especial maternas, fossem marcadas por uma escassez
de expressão de afetividade, Leo Kannerdefendeu, em“Autistic disturbances of affective
contact”que o autismo era uma síndrome comportamental única com uma predisposição genética; já
Bettelheim alegava que se tratava de uma patologia psicológica em que, na base, estava uma família
doente.
Na perspectiva de Bruno Bettelheim, Leo Kanner, ao não cogitar a hipótese de que
experiências emocionais extremas pudessem estar na origem do autismo, atribuindo-lhe um caráter
inato, ignorava os ensinamentos do “pai da psicanálise”. Nas palavras do psicanalista infantil,
Infelizmente, por Kanner concluir ser esse distúrbio inato, não chegou a levantar a questão
que, especialmente a partir de Freud, consideramos essencial para a compreensão de uma
conduta psicológica, a saber: Por que se comportará uma pessoa de uma determinada
maneira e não de outra? Essa questão não pode ser evitada, a menos que presumamos que o
comportamento é assumido sem que a pessoa tenha uma oportunidade de opção no assunto,
como nos movimentos espasmódicos de um paraplégico. Mas se não conseguimos levantar
essa questão, não conseguiremos compreender a motivação da pessoa e somos facilmente
tentados a imputar qualquer anomalia inerente o que obviamente não faz sentido em termos
de conduta convencional. (BETTELHEIM, 1987, p.417)
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O autor nos informa que, anos mais tarde, mais especificamente na década de 1960, pediu desculpas aos familiares por
suas ideias terem colaborado para estigmatizar inúmeras mães.
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Bruno Bettelheim chegou a comparar as crianças autistas com os prisioneiros de campos de concentração,
argumentando que um dos fatores que o faziam acreditar que a gênesis do autismo era afetiva era o fato de que no
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Ao falar sobre Bruno Bettelheim, os três casos por ele analisados na obra e a associação
entre autismo e uma maternidade imperfeita, Roy Grinker nos diz:
De acordo com Bettelheim, a mãe de Laurie causou autismo da filha por trabalhar durante a
infância da menina, deixando-a aos cuidados de babás. A mãe de Marcia, viúva com pouco
tempo de casada, casou-se depois com um homem que não amava de verdade e que não
queria filhos. Ele cedeu, no entanto, apesar de ter dito à equipe de Bettelheim que “o bebê
realmente não me interessa”. Joey, o terceiro caso, falava muito mais que Laurie e Marcia,
mas era quase completamente incapaz de se comunicar. Isso se deveria a sua mãe “pensar
nele mais como se fosse um objeto que uma pessoa” [...]. Esses pais supostamente doentes
eram, de acordo com seu ponto de vista, capazes de superar as próprias psicopatologias
para criar uma criança normal de forma adequada. Quando lhe diziam, por exemplo, que
não queriam filhos, ou que dividiam-se entre a vida profissional e doméstica, Bettelheim
supunha que eram mentalmente perturbados. (GRINKER, 2010, p. 93).
Esse processo de culpabilização das mães em relação ao autismo dos filhos não pode ser
compreendido sem mencionarmos aquilo que Forna (1999) denominou de “cultura da culpa da
mãe”. Segundo a autora, esse sentimento está tão enraizado em nossas representações sobre a
maternidade que chega a ser naturalizado. Desde a descoberta da gravidez, as mulheres vivenciam
tal fenômeno. É a partir do momento em que descobrem que estão gestando que tem início um
intenso processo de regulamentação do corpo feminino:há um controle sobre o que a mulher come e
bebe,passando a questionamentos acerca da escolha do tipo do parto e sua postura no período pós-
parto e, posteriormente, em todo o processo de educação das crianças. O comportamento da
mulher/mãe é constantemente esquadrinhado e julgado, sendo a mesma sempre vista com
desconfiança, seja pelo Estado, pelo saber acadêmico, pelas pessoas de seu convívio e, não raro, por
elas mesmas. (FORNA, 1999; DOUGLAS, 2014; COLKER, 2015).
Nesse sentido, Douglas (2014) argumenta que “mães do autismo” é uma expressão do
controle paternalista em relação à maternidade embasadono discurso científico que, por sua vez,
colaborou na criação da dicotomia mãe boa versus mãe má. As mães de autistas são uma das
inúmeras categorias entre as “mães ruins” ou inadequadas. A autora defende também que o
processo de culpabilização das mães pelo autismo de seus filhos não pode ser adequadamente
compreendido fora da história ocidental e do lugar nela destinado à mulher e à mãe, principalmente
no pós-Segunda Guerra Mundial, em que houve todo um discurso tentando reduzir a feminilidade à
maternidade compulsória.
decorrer do período em que foi prisioneiro nunca encontrou crianças autistas. Grinker (2010) nos chama a atenção
para o fato de que, na perspectiva de Bettelheim, a diferença entre os guardas da SS e as mães seria que estas últimas
chegam primeiro na vida das crianças, num momento em que são frágeis e não possuem elementos para acreditarem
que vale a pena viver.
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Considerações Finais
A distinção entre o normal e o patológico ganhou cada vez mais importância no pós-
guerra. Nesse processo, a preocupação crescente com a criança (seu desenvolvimento emocional e
suas dificuldades no processo de aprendizagem) proporcionou o surgimento de uma literatura
acadêmica que, ao dedicar atenção às crianças, impactou significativamente na vida das mulheres
que, cada vez mais, foram instigadas a olharem para si e observarem não apenas suas ações, mas
também seus pensamentos. A tecnologia afetiva da culpa, para utilizarmos os termos de Douglas
(2014), foi um importante instrumento nesse processo.
Embora as teorias que enfatizam os fatores neurobiológicos do autismo predominem na
literatura sobre o tema, compartilhamos com Douglas (2014) a compreensão de que tal assunto não
pode ser entendido como algo que não tenha mais influência sobre as mães de autistas.Ainda hoje, a
relação culpa e maternidade é presente na vida das mães, em especial aquelas cujos filhos possuem
algum transtorno ou deficiência, embora se expressem de diferentes modos e com diversos porta-
vozes.
Colker (2015) aponta que, não raro, os profissionais que possuem contato direto com mães
e crianças com transtornos ou deficiências(médicos, assistentes sociais, professores, etc.) são os
primeiros a estigmatizarem as mães, culpabilizando-as pelas dificuldades de suas crianças.Não
importa o que a mãe faça, ela sempre será culpada. Conforme a autora, se a mãe está sempre
presente na escola, buscando conhecer a metodologia de ensino adotada e, inclusive, muitas vezes
criticando-as, são consideradas agressivas e invasivas, além de, em muitos casos, serem vistas com
maus olhos pela equipe pedagógica. Se não estão constantemente na escola, são acusadas de
negligentes. Tais afirmações, sem dúvidas, também podem ser estendidas às mães de autistas.
Além disso, os estigmas culturais no autismo ainda são presentes. Embora não se diga mais
que elas são “frias”, “pouco amorosas” e, portanto, a causa dos males das crianças, os dedos
acusadores continuam com uma nova roupagem: na crítica à facilidade na aceitação das terapias
medicamentosas, na suposta não aceitação da diferença dos filhos, na imposição de uma luta
constante. Assim, terminamos esse artigo ressaltando a importância da articulação entre autismo,
maternidade e deficiência como um meio de entender uma determinada forma de “viver nas
margens”, longe dos discursos da maternidade idealizada.
Referências
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ARAPI. Spécial Kanner. França, 1995. Disponível em: <http://www.cra-rhone-
alpes.org/cid/opac_css/index.php?lvl=bulletin_display&id=1465>. Acesso em: 28 jun. 2017.
CASTELA, Catarina Andrade. Representações sociais e atitudes face ao autismo. 2013, 100 f.
Dissertação (Mestrado em Psicologia da Educação)– Universidade do Algarve, Portugal, 2013.
CAVALCANTI, Ana Elisabeth; ROCHA, Paulina. Autismo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.
FEINSTEIN, Adam. A History of Autism: Conversations with the Pioneers. London: Wiley-
Blackwell, 2010.
FORNA, Aminatta. Mãe de Todos os Mitos: como a sociedade modela e reprime as mães. Rio de
Janeiro: Ediouro, 1999.
KANNER, Leo. Autistic disturbances of affective contact. The Nervous Child,New York, n. 2, p.
217-250, 1943.
MACHADO, JuliaD. et al. DSM-5: principais mudanças nos transtornos de crianças e adolescentes.
In:REY,J. M. (Ed.).IACAPAP e-Textbook of Child and Adolescent Mental Health.(Edição em
português por Dias Silva F.). Genebra: International Association for Child and Adolescent
Psychiatry and Allied Professions, 2015.
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Astract: The autism is defined by the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
(DSM–5) as a Neurodevelopment disorder, being the Autism Spectrum Disorder (ASD) a category
diagnosed as light, moderated and severe.Although the term “autism” have been used for the first
time by the psychiatric Eugene Bleuler to describe one of the schizophrenia symptoms, by the early
1940s (1943) , with the publication of the article “Autistic disturbances of affective contact”, with
the authorship from the psychiatric Leo Kanner, the term has been used to make references to a new
nosological frame, referred in that article, has been called by Kanner as“autistic disturbs of affective
contact”.So, although the so called “blaming of the mothers” on autism was already, somehow,
present in the inaugural work of Leo Kanner, it is in the 1960’s, with the Austrian psychoanalyst
Bruno Bettelheim, this notion gain more emphasis and is popularized. The principal Bettelheim’s
work about the theme –The Empty Fortress: Infantile Autism and the Birth of the Self, published
for the first time in 1967 – become a reference in the field, which possibilities to the psychoanalyst
a recognition while a specialist in autism, inand out the academic field.Having in mind the
importance of both authors, and their respective works, the propose of this communication is to
present the following works emphasizing in the way those works were appropriated in favor to
reduce the femininity to the simple exercise of an maternity under supervision of the medical
knowledge.
Keywords: Autism. Maternity. Blame of mothers.
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