O grupo de trabalho da Operação Lava Jato na Procuradoria-
Geral da República formalizou, ontem, um pedido de demissão coletiva. Saíram todos os procuradores para deixar claro um protesto contra a procuradora-geral, Raquel Dodge. Ao encaminhar o pedido de homologação da delação premiada de Léo Pinheiro ao Supremo, ela pediu o arquivamento de denúncias contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o irmão do presidente do STF, José Ticiano Dias Toffoli. Ambos, Maia e Toffoli, apoiaram nos bastidores o reencaminhamento de Dodge ao cargo de comando da PGR. (Globo)
Enquanto isso... De acordo com o DataFolha, 54% dos
brasileiros consideram ótimo ou bom o desempenho do ministro da Justiça, Sergio Moro. O presidente Jair Bolsonaro conta com 29% no mesmo quesito. (Folha)
Nem por isso — ou justamente por isso — a situação de Moro
está mais confortável na Esplanada. De acordo com Mônica Bergamo, a cúpula da Polícia Federal está convencida de que Bolsonaro quer mexer no órgão com o objetivo de atingir seu ministro. Quer humilhar. (Folha)
Pois é. Os delegados já dão como certa a demissão de Maurício
Valeixo, o diretor-geral da PF de confiança de Moro. Ontem, durante uma coletiva, quando perguntado sobre a troca de comando, o ministro silenciou e, três minutos depois, encerrou a entrevista alegando ter outros compromissos. (Estadão)
E... Valeixo saiu de férias, conta Lauro Jardim. (Globo)
Aliás... O ex-presidente Fernando Henrique foi entrevistado,
ontem, por Pedro Bial em seu programa. Falou de Moro. “Foi um erro dele aceitar”, sugeriu. “Ele não tem as características de um líder político. Se eu estivesse lá, me demitiria.” (GShow) Enquanto isso... Hoje é o prazo final para Bolsonaro apreciar a Lei do Abuso de Autoridade. Ele deverá fazer 36 vetos. (G1)
O presidente autorizou, ontem, a apresentação de uma
proposta para que se mude a emenda do teto de gastos. Hoje, o governo é proibido de aumentar suas despesas num ritmo superior ao da inflação. O ministro da Economia, Paulo Guedes, é contra. Mas com o Orçamento contingenciado, outros ministros pressionam a Casa Civil e os militares pressionam o presidente diretamente. Não será fácil. “O teto está sólido aqui”, afirmou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. “Não adianta aumentar gasto se não reduzir a despesa. O que está pressionando o teto é inflação baixa e indexação do orçamento, então é isso que tem de resolver.” (Estadão)
Adriana Fernandes: “Não é surpresa nenhuma que o debate
sobre a flexibilização do teto de gastos iria mais cedo ou mais tarde estourar em meio ao avanço dos efeitos nocivos do contingenciamento forte das despesas do Orçamento. A ala política do presidente, inclusive ele próprio, se deu conta de que o arrocho não vai acabar. Ainda que entrem nos cofres os bilhões e bilhões esperados do megaleilão de petróleo para o pré-sal. Esse era o modelo fiscal desenhado pela equipe que criou o teto: controlar as despesas para que o avanço das receitas produza um ajuste mais rápido, levando as contas públicas a saírem do vermelho, situação que se encontra desde 2014. O que não estava no script é a demora do governo e no Congresso em apresentar outras sugestões para reduzir o gasto obrigatório, além da reforma da Previdência. Antes de mudar as regras do teto, governo e Congresso precisam agora se concentrar em aprovar medidas para diminuir as despesas obrigatórias. É para já. A crise fiscal de curto prazo está aí mostrando a sua cara.” (Estadão)
Em sua tradicional fala à porta do Alvorada, Bolsonaro partiu
ontem para o ataque a Michelle Bachelet, alta comissária para os Direitos Humanos da ONU e ex-presidente do Chile. “Está acusando que não estou punindo policiais que estão matando muita gente”, disse. “Ela está defendendo direitos humanos de vagabundos.” Completou no Twitter. “Diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai.” Bolsonaro respondia a uma entrevista coletiva de Bachelet, dada em Genebra. “Observamos no Brasil uma redução do espaço cívico e democrático, caracterizado por ataques contra defensores de direitos humanos e restrições impostas ao trabalho da sociedade civil”, ela afirmou. A alta-comissária também alertou para o aumento das mortes por policiais. “Vimos que a alta da violência atinge mais as pessoas de ascendência africana.” (G1)
Ao citar o pai da ex-presidente no tweet que depois apagou,
Bolsonaro incitou o repúdio generalizado de todas as forças políticas, no Chile. “Uma liderança política séria deve ter argumentos e não fazer ataques”, disse o deputado Issa Kort, da União Democrática Independente, de direita. (Globo)
Sebastián Piñera: “Apesar de ser legítimo ter visões distintas
sobre o governo que tivemos nos anos 1970 e 80, devemos expressá-las com respeito às pessoas. Não compartilho em absoluto da alusão feita pelo presidente Bolsonaro a uma ex- presidente do Chile, especialmente em um tema tão doloroso como a morte de seu pai.” (CNN Chile)
Pois é... Também na ONU as condenações ao presidente
brasileiro foram generalizadas. Neste momento, a diplomacia brasileira luta por um assento no Conselho de Direitos Humanos da entidade. Precisa de um mínimo de 97 votos. E, segundo o jornalista Jamil Chade, a janela para consegui-los está fechando. (UOL)
Alberto Bachelet morreu no posto de general de Brigada Aérea,
aos 51 anos, em março de 1974. Comandava as finanças da Força Aérea chilena quando foi preso durante a ditadura de Augusto Pinochet. Foi encapuçado por longos períodos, apanhou, enfiaram lâminas sob suas unhas. Não aguentou a tortura e sofreu um infarto do miocárdio. Era a terceira vez que havia sido preso pelo regime. (G1) De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, os outros países têm inveja do Brasil pelo acesso que a família presidencial tem a Donald Trump. “Ficou claro que Eduardo Bolsonaro será muito bem-vindo.” (Exame)
Boris Johnson teve seu segundo dia seguido de derrotas na
Câmara dos Comuns, ontem, quando os parlamentares lhe negaram o desejo de convocar novas eleições. 298 deputados votaram pelo pleito contra 44, mas ele precisava de uma maioria de dois terços do colegiado — 430 ou mais. Os trabalhistas afirmam que serão favoráveis a uma nova eleição, mas apenas quando estiverem seguros de que Johnson não terá como tirar o Reino Unido da União Europeia sem algum tipo de acordo que amenize os impactos econômicos. (Guardian)
Na terça-feira, os deputados aprovaram uma lei que impede o
movimento sem acordo. Mas ainda há uma corrida por ser feita. A lei precisa ser também aprovada pela Câmara dos Lordes, a Casa alta do parlamento britânico. Faz parte da complexa estrutura política do país. Eles, os nobres, não têm poder de veto. Tampouco são eleitos. Mas precisam avaliar cada projeto antes que seja encaminhado para a rainha. Com a assinatura da rainha, que tampouco tem poder de veto, vira lei. O que tanto os lordes quanto a rainha podem fazer é postergar. Um grupo de nobres simpáticos ao Brexit ameaçaram fazê-lo. Durante a madrugada, desistiram. Até amanhã devem reencaminhar aos Comuns o texto aprovado. Os deputados então o enviam à rainha. É uma corrida. A partir da terça-feira Boris Johnson pode encerrar a Legislatura, o que lhe dá um prazo de 23 dias sem votações. Quando retomar, o jogo zera — e os parlamentares teriam de apresentar nova lei e tudo reinicia. Se não houver lei até 31 de outubro, Johnson pode tirar sem acordo o Reino da UE. (Guardian)
Há, ainda, um mistério. Em teoria foi sem querer, mas um
deputado trabalhista incluiu como proposta de discussão o acordo entre Reino Unido e União Europeia que havia sido negociado pela ex-premiê Theresa May. Os deputados o derrotaram três vezes, no que propiciou a renúncia de May. Por um lapso procedimental dos conservadores de Johnson, o texto foi aprovado por aclamação para que seja incluído na pauta. Se acidente ou parte de algum plano, ainda não está claro. (Business Insider)
Então... Ontem, entre Johnson e o líder trabalhista Jeremy
Corbyn, foi uma troca de insultos só, como apenas o Parlamento Britânico é capaz. Assista.