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MARINGÁ
2019
JOSÉ CAMPOS DE ARAÚJO RIBEIRO NETO
Orientador:
Prof. Dr. Arthur Gualberto Bacelar da Cruz Urpia.
Co-orientador: Prof. Dr. Paulo Ferraresi Pegino.
MARINGÁ
2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
CDD –332.45
Leila Nascimento – Bibliotecária – CRB 9/1722
Biblioteca Central UniCesumar
Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
JOSÉ CAMPOS DE ARAÚJO RIBEIRO NETO
Banca Examinadora:
________________________________________
Prof. Arthur Gualberto Bacelar da Cruz Urpia,
UNICESUMAR (orientador)
________________________________________
Profa. Dra. Iara Carnevale de Almeida –
UNICESUMAR
________________________________________
Profa. Dra. Andréia de Abreu Siqueira – FATEC
MARINGÁ
2019
AGRADECIMENTOS
A minha esposa Renata Fabrício Alves Pereira, que me forneceu total apoio nos
momentos de cansaço, tristeza e finais de semanas dedicados aos estudos e à
escrita da dissertação. Sem o seu apoio e companheirismo essa jornada seria muito
mais dura e frustrante.
Ao meu coorientador Prof. Dr. Paulo Ferraresi Pegino que aceitou e me deu total
apoio na decisão de unir o tema Finanças à Gestão do Conhecimento, mesmo
quando parecia uma tarefa impossível.
Ao meu orientador Prof. Dr. Arthur Gualberto Bacelar da Cruz Urpia pela sua
dedicação, paciência, comprometimento e fundamental auxilio na condução e
conclusão da dissertação. Além do mais, tenho grande gratidão pelos seus
aconselhamentos na vida acadêmica e pessoal.
Aos meus pais que mesmo à distância me incentivaram e apoiaram nos momentos
de dificuldade, além de proporcionarem muito carinho e amor.
ST – Seguimentos de Texto
X² – Qui-quadrado
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 10
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA........................................................................ 12
1.2 HIPÓTESE................................................................................................... 12
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA....................................................................... 12
1.3.1 Objetivo Geral............................................................................................ 12
1.3.2 Objetivos Específicos................................................................................ 13
1.4 JUSTIFICATIVA........................................................................................... 13
1.4.1 Aderência do tema ao PPGGCO............................................................... 14
1.5 ESTRUTURA DO ESTUDO......................................................................... 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................... 16
2.1 CONTRATO DE HEDGE............................................................................. 16
2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO................................................................. 23
2.2.1 Ciclos da Gestão do Conhecimento........................................................ 27
2.2.1.1 Ciclo de Bukowitz e Willians........................................................................ 28
2.2.1.2 Ciclo Wiig..................................................................................................... 31
2.2.1.3 Ciclo de Meyer e Zack................................................................................. 35
2.2.1.4 Ciclo de McElroy.......................................................................................... 37
2.2.1.5 Ciclo da Dalkir.............................................................................................. 38
3 METODOLOGIA.......................................................................................... 43
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA............................................................... 43
3.2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA PESQUISADA – COCAMAR
COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL.......................................................... 44
3.3 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS.......................................................... 46
3.4 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA............................... 47
3.5 TÉCNICA DE ANÁLISE DOS DADOS........................................................ 48
5 CONCLUSÃO.............................................................................................. 70
REFERÊNCIAS........................................................................................... 72
APÊNDICES................................................................................................ 77
ANEXOS...................................................................................................... 92
10
1 INTRODUÇÃO
1.2 HIPÓTESE
1.4 JUSTIFICATIVA
1
Disponível em: <https://www.unicesumar.edu.br/presencial/cursos-mestrado/gestao-do-conheciment
o-nas-organizacoes/#tab_linhas-de-pesquisa>. Acesso em: 22 ago. 2018.
15
Além desta introdução, esta dissertação contém mais quatro capítulos, que
são: o Referencial Teórico, Metodologia, Apresentação e Análise dos Resultados, e a
Conclusão.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
além de não apresentar garantia e padronização (BIANCHI et al., 2014). Assaf Neto
(2011, p. 301) descreve que os contratos de swap são “acordos estabelecidos entre
duas partes visando a troca de fluxos de caixa futuros por um certo período de
tempo, obedecendo a uma metodologia previamente definida”. Dessa maneira, as
partes envolvidas trocam fluxos financeiros, não havendo troca dos ativos
negociados (SILVA NETO, 2002).
Os contratos de swap são realizados entre duas partes, sendo exigido pela
legislação brasileira que uma delas seja uma instituição financeira. A maioria dessas
negociações é liquidada financeiramente ao término do contrato, não envolvendo
desembolso no início da operação (CVM, 2015). No Brasil é muito comum a
realização de contrato de hedge por meio do swap cambial que, segundo Atsumi
(2009, p. 59), ocorre normalmente através da “troca da variação da taxa do câmbio
pela variação da taxa de juros, ou seja, uma das partes compra a variação do
câmbio e a outra a variação dos juros”.
A construção do conhecimento ocorre a partir dos dados, uma vez que estes
registram fatos ocorridos em determinado período. Apesar dos dados, por si só, não
apresentarem alto impacto e relevância, os mesmos são a matéria prima
fundamental para a criação da informação. Os dados associados e interpretados
geram a informação que irá agregar valor e impactar no comportamento e
julgamento dos indivíduos receptores da mensagem. Por sua vez, esses indivíduos
em posse da informação estabelecem comparações, conexões e conversações que
possibilitam a criação do conhecimento (DAVENPORT; PRUSAK, 1999).
Para comprar as etapas do ciclo proposto pela Dalkir (2011), bem como os
ciclos estudados pela autora, Davila et al. (2015) construiu um quadro que resume
as fases de cada ciclo. Os ciclos e suas fases podem ser identificados no Quadro 3:
Segundo Wiig (1993), cada etapa do ciclo apresenta uma função principal que
deverá ser apoiada por funções fundamentais, conforme o Quadro 5.
34
Para Wiig (1993), as empresas têm que trabalhar mais espertas, ou seja,
utilizar o conhecimento para trabalhar de forma inteligente. Para isso, a organização
necessita sistematizar o melhor conhecimento disponível e identificar as melhores
formas de geri-lo. Dessa maneira, será possível desenvolver tarefas com maiores
especializações e, consequentemente, aproveitar os recursos da empresa no
desenvolvimento produtos, serviços e geração de valor.
O ciclo proposto por Meyer e Zack (1996 apud DALKIR, 2011) percorre um
caminho que gira em torno das Fontes e dos Usuários. As fontes servem como base
de dados e informações que serão utilizados por diferentes usuários, conforme a
Figura 5:
De acordo com Dalkir (2011), o ciclo proposto por Meyer e Zack (1996) é
dividido em cinco fases:
Dalkir (2011) ainda ressalta que esse repositório de conhecimento poderá ser
refinado para que a empresa atenda suas demandas específicas. No entanto, torna-
se necessário a utilização de tecnologias de informação, bem como um
conhecimento interno do negócio e dos vieses do ambiente externo à organização.
Dorow, Calle e Rados (2015, p. 12) contribuem afirmando que nesse clico, “embora
não seja apresentada de forma explícita existe também a noção da necessidade de
uma constante renovação, evitando que se atinja um estado obsoleto do
conhecimento disponível”.
Avaliar Contextualizar
Atualizar
Conforme descrito pela Figura 1, o ciclo proposto por Dalkir é formado por
fases divididas em:
Captura e Criação do Conhecimento: segundo Dalkir (2011), essa fase busca
a identificação e posterior codificação do conhecimento e o know-how interno da
organização, bem como a apropriação do conhecimento existente no ambiente
externo. Essa fase proporciona a identificação dos conhecimentos internos que
antes não eram percebidos, além da criação de novos conhecimentos.
Ainda de acordo com Dalkir (2011), uma vez que esse conhecimento seja
capturado, criado e inventariado, o mesmo deverá passar por um processo avaliativo
que estabeleça critérios para a sua aceitação. Nesse sentido, cria-se um filtro que
elimina informações excessivas e desnecessárias, tornando o acesso ao
conhecimento um caminho prático e objetivo. Para identificar a validade do
conhecimento frente ao contexto vivenciado, algumas questões podem ser
indagadas: este conteúdo é válido ou valioso ao ponto de ser adicionado ao
armazenamento do capital intelectual da organização? Esse conhecimento é
aprimorado ou totalmente novo? Essas perguntas possuem o intuito de avaliar se
esse conhecimento deverá dar continuidade à próxima fase do ciclo, ou seja, ao
compartilhamento e disseminação.
3 METODOLOGIA
O estudo apresenta uma natureza aplicada, uma vez que gera conhecimento
com aplicações práticas e envolve verdades, solução de problemas objetivos e
interesses locais. A pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa que contribuirá
para aprofundar o fenômeno estudado, uma vez que a pesquisa possui o objetivo
geral de verificar quais as contribuições do ciclo da Gestão do Conhecimento na
tomada de decisão sobre hedge cambial na Cocamar Cooperativa Agroindustrial.
Essa natureza de pesquisa se faz pertinente, visto que a pesquisa qualitativa
possibilita interpretar dados, povos e ambientes que não podem ser simplesmente
tabulados e quantificados (TRIVIÑOS, 2006).
Paraná, sudoeste do Mato Grosso do Sul e oeste paulista. Alguns fatos cronológicos
marcantes da cooperativa podem ser identificados no Quadro 7:
3
Disponível em: <http://www.iramuteq.org/>. Acesso em: 27 nov. 2018.
50
Toda a vez que for escolhida uma análise, surgirá uma nova janela
perguntando se você deseja manter a Lematização (Lematisation).
Deixe selecionado SIM (OUI), pois assim o software utilizará o
dicionário de formas reduzidas para processar a análise. Nessa
janela você também poderá editar as formas ativas e suplementares,
se assim desejar, clicando em Preferences. É indicado que o
pesquisador selecione quais as classes gramaticais deseja
considerar ativas na análise (0= palavras são eliminadas; 1= palavras
são ativas; 2= palavras são suplementares). Uma vez feita essa
alteração nas preferências da lematização, ela se manterá nas
análises subsequentes para um mesmo corpus. O pesquisador pode
alterá-las novamente no momento que desejar (CAMARGO; JUSTO,
2013b, p. 11).
O Corpus geral foi constituído por dois textos (Apêndice C), separado por 190
seguimentos de texto (ST) com aproveitamento de 152 (80,00%). Emergiram 6.761
ocorrências – palavras, formas ou vocábulos – com um total de 1.128 palavras
distintas e 332 palavras com uma única ocorrência. Os dois textos foram oriundos
das entrevistas com o gerente financeiro da cooperativa e o especialista da área de
hedge. O conteúdo analisado foi categorizado em seis diferentes classes, conforme
Figura 9: Classe 1 com 25 ST (16,4%); Classe 2 com 31 ST (20,4%); Classe 3 com
27 ST (17,8%); Classe 4 com 26 ST (17,1%); Classe 5 com 23 ST (15,1%); Classe 6
com 20 ST (13,2%).
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa (2019) e gerados pelo aplicativo Iramuteq.
53
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa (2019) e gerados pelo aplicativo Iramuteq.
F
onte: Elaboração própria com dados da pesquisa (2019).
Uma vez que o hedge tenha sido solicitado, o especialista da área realiza os
trâmites necessários à contratação. Caso o especialista da área não esteja na
organização, a contratação do hedge cambial poderá ser feita pelo próprio gerente
financeiro, ou pelo analista financeiro. Para finalizar a operação, o gerente financeiro
atua como procurador da cooperativa, sendo o responsável por analisar e assinar a
documentação necessária. Frente a alguma eventualidade ou ausência do gerente
financeiro, a cooperativa possui outros procuradores que detêm o conhecimento e a
autonomia de autorizar e assinar a documentação do hedge cambial.
então a gente sempre está discutindo as formas, o que mudou, a legislação, se tem
algo novo”. O especialista explica ainda que: “a gente repassa o material, por
exemplo, eu fui lá e eles me deram uma apostila. A gente pega essa apostila e
passa para o outro que nem foi e discute. Se é uma operação diferente, por
exemplo, ah a gente viu tal coisa lá, eu vou com ele sento e explico”. Dessa
maneira, constantemente os colaboradores estão se atualizando com as novas
legislações, metodologias e informações essenciais ao desenvolvimento das
operações. Além disso, faz-se importante frisar que o compartilhamento do
conhecimento é algo corriqueiro entre eles, pois constantemente se reúnem e
trocam materiais.
eles estão fazendo as operações lá. Então para saber se está bom o
preço ou se não está bom o preço eles estão usando dólar do
momento. Eles estão usando o dólar do momento para fazer o mark-
up deles e quando eles compram futuro eles estão comprando, tipo,
em dólar e a gente teria que comprar o dólar aqui também.
A relação entre as palavras e radicais também podem ser observadas por meio
da Análise Fatorial por Correspondência, que permite realizar associação do texto
entre as palavras, considerando a frequência de incidência de palavras e classes,
representando-as em um plano cartesiano, tal como demonstrado na Figura 12:
62
Legenda
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa (2019) e gerados pelo aplicativo Iramuteq.
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa (2019) e gerados pelo aplicativo Iramuteq.
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa (2019) e gerados pelo aplicativo Iramuteq.
Outro método de análise realizado foi a nuvem de palavras, que pode ser
vista na Figura 15. Esse método agrupa as palavras e as organiza graficamente em
função da sua frequência.
67
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa (2019) e gerados pelo aplicativo Iramuteq.
Por meio da Figura 15, é possível observar que as palavras são distribuídas
de forma aleatória, sendo que as palavras mais frequentes aparecem de um
tamanho superior e como maior destaque. Esse fenômeno reflete a maior ocorrência
das palavras ao longo do corpus de análise da pesquisa. Nesse sentido, ganham
notoriedade as palavras e expressões: “dólar”, “setor financeiro”, “área comercial”,
“especialista de hedge”, “fechar”, “corretora de câmbio”, “cooperativa”, “sistema de
informação”, “banco”, “software” e “informação”. As palavras em evidência são um
reflexo do processo de decisão e operacionalização do hedge cambial. Ao centro
está o dólar, moeda alvo do hedge da cooperativa, ao seu redor a área comercial
que solicita ao setor financeiro o hedge. Por sua vez, o especialista de hedge recorre
ao mercado financeiro e, por intermédio da corretora de câmbio, fecha o hedge
cambial com um determinado banco. Todo esse processo utiliza um software para
acesso a informações, além de ser acompanhado e registrado por meio de um
sistema de informação.
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câmbio, bem como planilhas de Excel que auxiliam em simulações. Esse processo
reflete a etapa de Captura e Criação do Conhecimento do ciclo da Dalkir. Já a
Classe 2, que representa os Processos e Envolvidos na Decisão de Hedge Cambial,
integra as etapas de Captura e Criação, bem como Compartilhamento e
Disseminação. Essas etapas ficam evidenciadas uma vez que a área comercial
necessita obter e compartilhar informações ao setor financeiro referente à
necessidade da contratação do hedge cambial.
5 CONCLUSÃO
dará início a um novo ciclo. Todo esse processo apresenta sucesso e se alinha aos
componentes requisitados pela Gestão do Conhecimento: Pessoas, Processos e
Tecnologias. As pessoas envolvidas, detentoras do capital intelectual, estão em
constante treinamento e aprimoramento, que foi evidenciado no dendograma pela
Classe 5 (Capacitação dos Envolvidos). Os processos referentes ao hedge cambial
são bem delimitados, claros e disseminados, além da empresa possuir um grande
suporte tecnológico em forma de softwares e sistemas de informação, tal como foi
evidenciado pelo dendograma gerado com a Classe 6 (Fontes de Informações).
O estudo realizado poderá, ainda, ser utilizado como modelo para que outras
cooperativas ou empresas expostas à variação do câmbio criem ou estruturem suas
operações de hedge cambial a partir das etapas do Ciclo de Gestão do
Conhecimento da Dalkir. Além disso, outro possível desdobramento futuro desta
pesquisa é: realizar uma análise comparativa do processo de tomada de decisão
envolvendo o hedge cambial, tendo como foco o ciclo do conhecimento, entre
cooperativas do mesmo setor.
72
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
CRUZ, A. C. da; LIMA, J. E. de. Efetividade nas operações de hedge com contratos
de boi gordo da BM&FBOVESPA. Revista de Economia e Administração, São
Paulo, v. 8, n. 1, p. 120-140, jan./mar. 2009.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. reimpr. São Paulo: Atlas,
2014.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
APÊNDICES
Palavra Substituição
Mercado Financeiro mercado_financeiro
Mercado mercado_financeiro
Economia Internacional economia_internacional
Curva de Juros curva_de_juros
Hedge operações_de_hedge_cambial
Operação de Hedge operações_de_hedge_cambial
Hedge Cambial operações_de_hedge_cambial
A gente a_gente
Analista Financeiro analista_fianceiro
Gerente Financeiro gerente_financeiro
Gerente gerente_financeiro
Indicadores Financeiros indicadores_financeiros
Indicadores indicadores_financeiros
Corretora corretora_de_câmbio
Instituição Financeira instituição_financeira
Relatórios Econômicos relatórios_econômicos
Planilha de Excel planilha_de_excel
Planilha planilha_de_excel
Operação Comercial operação_comercial
Operação operação_comercial
Norma Interna norma_interna
Norma norma_interna
Setor Financeiro setor_financeiro
Financeiro setor_financeiro
Área Comercial área_comercial
Comercial área_comercial
78
Edinei que você já entrevistou, eles estão fazendo as operações lá. Então para
saber se está bom o preço ou se não está bom o preço eles estão usando dólar do
momento. Eles estão usando o dólar do momento para fazer o mark-up deles e
quando eles compram futuro eles estão comprando, tipo, em dólar e a gente teria
que comprar o dólar aqui também. Nesse momento a gente pode usar a simulação
só para passar para ele:
- Oh, o dólar para maio quanto seria?
- Seria x.
- A legal!
Ai ele vem aqui e fecha a operação dele. Ele usa isso, é claro Bolsa de Chicago
quanto é que tá soja de Chicago e tal e o dólar para poder fechar a operação dele. A
partir do momento que ele fechou a operação dele, então vamos supor que ele
fechou a um milhão de dólares, ele passa para o financeiro isso. Na verdade, ele
registra, nós temos um sistema integrado aqui, ele vai registrar essa operação, já vai
aparecer lá que como a operação está em dólar que é necessário uma trava
cambial, um hedge cambial, que cai na nossa mesa financeira ali com o Thiago,
para o Thiago ir atrás da operação. Claro que no dia a dia, como a gente está
falando de gestão do conhecimento, como é que essas informações rodam, as
vezes ele não precisa nem primeiro registrar a operação, por uma questão de como
o dólar é muito volátil ele pode já ligar para o Thiago e falar para o Thiago:
- Thiago, acabei de fechar um milhão de dólares para maio. Fecha para mim um
milhão de dólares.
Ele fecha, ele já registra e a gente formaliza na verdade.
Por telefone mesmo?
Essa ligação é por telefone ou ele vai lá na mesa do Thiago. As vezes se tá muito
volátil. Se não tá tão volátil pode fazer o registro e o Thiago bater lá. E a questão de
insumos, que ai é a questão de, vamos supor, importa polpa de pêssego, aquele
néctar da Purity, aquele suco em caixinha. Então tem girassol, polpa de pêssego,
algumas coisas que a gente importa. Ai geralmente o gerente de suprimentos ele
senta com o Thiago e ele fala olha estou com esse projeto, vou importar, vai ser
tanto pagamentos, tem que pagar no mês tal, mês tal, mês tal, qual que é o dólar
hoje projetado para esses meses? O Thiago entra no simulador, faz os dólares e ai
ele vê se o preço tá legal e se cobre o preço que ele está vendendo o néctar né. Ah,
então eu estou pagando tantos dólares, com o dólar a tanto ele vai travar esse dólar
e ai ele já sabe em reais quanto é o custo dele. Puts, mas não consigo vender o
néctar nesse preço.
A viabilidade do negócio que faz é o setor comercial e vocês só fazem a
operação?
Nós somos um prestador de serviço de contratação de operação financeira ou do
hedge cambial. Então nós fornecendo informações para eles, mas nós não fazemos
análise do produto, aqui análise econômico-financeira do produto não. Cada
comercial é que tem que saber se o preço que ele está pagando naquela matéria
prima com aquele dólar travado, se ele tem margem para poder vender isso no
80
mercado ou não. Então a gente só faz a parte de prestar informações. Tem uma
outra área dentro do financeiro que ai a gente faz a análise de viabilidade, por
exemplo de projetos, mas ai não tem nada a ver com hedge cambial. Pode até ter
uma parte do hedge cambial entrar é que, vamos supor, vou fazer uma fábrica nova
e boa parte dos equipamentos é importado, ai tudo bem, vou precisar do hedge
cambial, mas senão vou fazer uma fábrica, uma unidade nova, ai que é uma área
dentro do financeiro que faz a viabilidade. Quanto vai gerar de faturamento, mais ai
não tem nada a ver com hedge cambial.
E a decisão se faz o hedge ou não, como funciona? Toda negociação faz o
hedge ou algumas vocês não fazem e esperam vencer e pegar o dólar da
época?
A política nossa, nós temos uma norma aqui que a gente chama de Ato e tem o Ato
49 das diretrizes para a atuação no mercado financeiro que, por exemplo,
commodities. Para a área de commodities, se ele fechou operações aquele dia,
vamos supor que ele fechou lá, sei lá, vinte milhões de dólares em operações,
vendeu lá farelos de soja em dólar. Vinte milhões de dólares tá? A norma diz que ele
pode ficar em aberto de um dia para o outro até 0,2% do faturamento anual anterior,
do ano anterior. Então nós estamos em 2018, então em 2017 a área de grão faturou
próximo de 2 milhões de reais. 0,2 vai dar mais ou menos 4 milhões, então até 4
milhões de reais ele poderia ficar em aberto de um dia para o outro. 4 milhões de
reais hoje vai dar o que, um milhão e meio de dólares mais ou menos, para quem
fez vinte, então ele só poderia ficar em aberto um milhão e meio o resto ele teria que
contratar, é obrigado a contratar. O próprio sistema quando vai registrando já vai
colocando essa questão e ele só fala assim: oh, vou deixar em aberto esse um
milhão e meio que estou achando que vai, que o dólar vai ser melhor para mim. Se
der uma variação um milhão e meio não vai quebrar a Cocamar e é por isso que a
gente colocou um percentual bem baixo, para não dar muita margem de
especulação nenhuma. Tipo assim, não dá margem de especulação, então 0,2% do
faturamento dele do ano anterior que normalmente, como ele cresce todo ano, esse
ano vai ser maior ainda essa margem, tipo assim, ela tá faturando mais, mas usando
uma margem antiga. Então assim, ele tem que contratar e nas importações, por
exemplo, que como eu falei de compras lastreadas em dólar, seja importação ou
seja o preço em dólar, por exemplo, ele pode comprar um produto e o cara fala
assim: oh, esse produto você vai me pagar em reais, mas pelo dólar no dia 10.
Então todo dia 10 a gente vai ver quanto foi o dólar e vai pagar em reais. É uma
compra que ele está fazendo indexado ao dólar, apesar de não ser uma importação.
Pode acontecer isso. Então, importações ou compras indexadas ao dólar, acima de
30 mil dólares ele tem que fechar. Até porque assim, ele vai comprar um negócio
que o valor todo do negócio pode perder isso, então as diretrizes são escritas e já
existe essa política.
Então essa decisão, por exemplo, se for possível deixar para o outro dia é o
comercial?
Comercial. Solicita trava. A gente só acompanha para ver se ele não deixou um
valor maior aberto. Mas normalmente ele não consegue você por que como o
sistema é integrado, toda negociação que ele coloca a gente consegue ver em
tempo real. Então a gente consegue ver em tempo real e o Thiago consegue ver: ah,
o cara fez vinte milhões de dólares e não contratou nada ainda, então ele já vai e
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fala que fez vinte milhões e não contrato nada ainda. Então ele tem que fechar o dia
dele, ele pode até esperar o momento que ele acha que vai ser melhor, mas ele está
correndo o risco. A gente sugere que ele faça sempre no mesmo momento,
normalmente tem sido feito assim e se ficar é para mais tarde. Mas a decisão,
vamos supor, se ele vai deixar o lastro que ele tem, vamos supor que hoje ele só
vendeu um milhão e meio de dólares ou comprou, enfim, ou compra futura, um
milhão e meio de dólares, que é a margem que ele pode deixar em aberto e ele
resolveu deixar em aberto, eu não posso falar nada para ele. Ele tá lastreado em
uma norma, a norma autoriza ele a fazer isso. No dia seguinte ele tem que fechar
essa transação. Então já soma, no dia seguinte ele já está com aquele um milhão e
meio que ficou para trás mais o que ele fizer no dia, então ele vai ter que fechar em
um milhão e meio no máximo. Então se ele fechar mais um milhão e meio, pelo
menos um milhão e meio ele vai ter que travar.
Especulação de algum tipo vocês fazem aqui?
Não! É proibido pela diretoria, não permite. Essa norma já veio para isso, já veio
para não deixar fazer algum tipo de especulação. Ai eu não sei, o Edinei tem lá,
quando ele faz o hedge dele de commodities ele tem as diretrizes deles lá. Ai eu
acho que ele te respondeu lá.
Como funciona a escolha dos derivativos que você vai usar? Se vai usar
opções, futuros, swap, contrato a termo?
Assim, normalmente a gente tem feito só o NDF, que é uma compra a termo no
balcão, que é o No Delivery Before, ou seja, você não tem entrega física, você faz
um futuro, só que futuro é de bolsa né, mas é um mercado balcão, um contrato a
termo. Normalmente a gente faz NDF porque o NDF é mais simples, dá menos
trabalho, é mais simples e você tem um ajuste que fechou a operação você já
credita em sua conta e você debita a sua conta. A gente até pode estudar outras
alternativas, mas normalmente não tem sido atraente, por exemplo opções, as vezes
que a gente cotou opções não tem sido atraente, pelo menos para o nosso negócio
o prêmio que você paga de largada não é atraente. Vem banco com tudo quanto é
tipo de opção de opções, os call os caps, não se passar daqui ou passar dali. Então
a gente não tem feito, porque mesmo que não tenha custos você de alguma forma
você tá dando uma especulada. Você ah não, só se passar de tanto, só se, de
alguma forma assim tá. É por isso que a gente não usa por exemplo aquelas
operações de duplo indexador que a gente chama ou de bi indexador. Você pega a
operação, você toma a operação e lá no final você vê, operação cambial ou uma
taxa pré de 6%. Se a variação cambial for 7 você paga 7, se for 2 você vai pagar, ou
melhor, se a operação for 7 você vai pagar o 6 da pré, se a variação cambial for 2
você vai pagar a variação cambial. Quando o dólar está nesses momentos que está
caindo, normalmente a gente tem muito oferta disso, o banco vem vender como se
fosse a coisa mais. Oh estou te colocando a variação cambial mais zero, você pode
pagar zero na operação. É pode, mas nós já tivemos a experiência de que qualquer
fala errada do ministro o negócio vira e o risco é muito grande, então a gente não
faz. A gente dá sempre preferência para as operações que são prefixadas, ou seja,
já tem uma taxa de juros definida para a operação e o hedge sempre no caso a
caso. Fechou a operação, fecha o dólar. Sempre no caso a caso e as modalidades
normalmente o NDF é o que resolve o nosso problema, não tem assim. O NDF na
verdade, se você pensar assim, a mais o Swap, o NDF é um Swap, é o Swap
82
cambial careca que a gente chama porque você tá transformando uma variação
cambial que você teria em uma taxa pré. Então você tá trocando cambial por pré,
você pode daí fazer um Swap de pré por DI, você pode fazer vários Swaps, o NDF
não deixa de ser um Swap. Vamos supor que hoje está 3,60 e você está fazendo a
4, você travou a 4, então hoje está 3,60 você está admitindo essa variação
percentual entre 4 e 3,60, você está trocando por essa taxa pré. Então o dólar
poderia ser 3 ou poderia ser 5, não eu travei ela em 4. Você trocou uma variação
cambial que você tinha em uma taxa pré, então ele é um Swap. Basicamente é isso
que a gente usa. As outras que a gente usa sempre não dá preço.
Nesse processo do hedge cambial mesmo, quem é que está envolvido de
funcionário, colaborador?
Hoje eu tenho um operador que é o Thiago que opera, ele é o responsável, o dono
da área ali, o dono do processo. Como eu uso muito a corretora, quando a gente
precisa cotar 10 bancos, 15 bancos é a corretora que, o Thiago liga para a corretora,
é a corretora que está cotando isso ai, então eu não preciso de operações porque eu
não faço diretamente, eu faço indiretamente. Então hoje, no hedge cambial
diretamente eu tenho o Thiago que cota e fecha a operação, eu que estou sempre
acompanhando ou tirando dúvidas dele nessa parte e os outros três funcionários da
área financeira que eu tenho aqui, porque nossa área é muito terceirizada né, os
outros três, todos eles conhecem o básico para poder operar, porque como o Thiago
é sozinho eu preciso de backup, porque se ele sair de férias os outros três, aliás
todo mundo sabe o trabalho de todo mundo e como é uma área enxuta, todo mundo
tem que saber o trabalho de todo mundo. É claro que o cara não é o especialista
daquilo, mas ele tem que saber o básico para poder operar quando o cara sai de
férias ou quando o cara não veio trabalhar, teve um curso ou alguma coisa assim.
Então diretamente da área financeira é um mais três que dão o suporte que são
backup, digamos, e o gerente. Na área comercial, quem tá envolvido na área
comercial que tá solicitando esse hedge. E na contabilidade, que quando a gente
fecha a posição no final do mês a gente passa isso para a contabilidade que vai
lançar no sistema ai também é terceirizado.
As informações ficam no sistema e todo mundo tem acesso?
Hoje todo mundo tem acesso inclusive a contabilidade, não sei se Thiago te mostrou
o sistema, chegou a ter oportunidade, mas assim você entra no sistema, você puxa
lá no portal do Windows mesmo é bem amigável, você puxa as operações que estão
finalizadas e estão pendentes, em aberto, por departamento. Você puxa como quiser
as operações e ainda no final do mês você tem ainda os relatórios contábeis e ai
você fecha aquelas operações. Fechou aqui você não vai contratar mais nada, não
vai liquidar mais nada e esse relatório o Thiago dá o ok para a contabilidade, a
contabilidade entra lá e já vê o relatório. Fechou o mês? Fechei. Vai lá e fecha o
mês. Se a qualquer momento a contabilidade quiser entrar e ver as informações que
estão lá também podem. Então hoje o sistema ele é bem transparente para todo
mundo ter acesso.
Você falou que vocês aqui travam o preço aqui ou pelo menos contam e
solicita a corretora que façam o contrato junto às instituições financeiras. O
preço do dólar vocês que mandam para eles ou vocês tem um patamar?
Assim, vamos supor. O comercial fala assim, olha precisa fechar uma operação e eu
preciso de um dólar, eu estou fazendo o meu mark-up lá, minha precificação e eu
estou partindo de um dólar, vamos supor que está na tela 3,60, redondo, até 3,5950,
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porque ele trabalha com quatro casos decimais, 3,5950 está dentro do meu mark-up.
Abaixo disso não dá para fechar, quando ele está vendendo né? Até ali ele
consegue vender esse dólar e está bom para ele. Então o que a gente faz, o Thiago
entra na corretora e fala que precisa vender um milhão de dólares tá, e quanto é que
tá agora? O cara diz 3,6010. Tem alguma notícia que está para sair, banco central
vai fazer algum leilão, alguma coisa? Não, a princípio não tem nada, então cota e
fecha com o melhor, porque 3,6010 está bem acima. Mas se liga lá e o cara diz
assim: olha o mercado agora tá 3,5950, tá no limite, cotas os bancos, cota os
bancos e ninguém tá pagando 3,5950 a gente volta para o comercial. Ai fala olha, o
mercado não está pagando o que você quer. Posso trabalhar numa faixa menor ou
você quer refazer o seu cálculo? Ai ele, ai a decisão é dele de como é que ele quer
trabalhar isso ai. Se por exemplo o mercado começa a cair e pode acontecer do
mercado cair rápido, ai ele fala não, não, fecha no mercado que estiver porque se
cair mais eu acabo levando ferro aqui. Então ele sempre tem uma gordura ali que
ele, para queimar. Mas normalmente que ele que passam qual é o nível que eles
querem fechar e mais uma vez vai de a gente voltar a informação do tipo, olha,
agora está 3,6010 mas o banco central vai entrar em leilão, leilão de compra e isso
ai deve subir, deve ir para, deve subir, a gente nunca garante para ele que vai, mas
pode ser que o mercado suba porque o banco central vai entrar com um leilão daqui
a meia hora, você consegue segurar meia hora? As vezes ele fala não cara eu tenho
medo que esse negócio caia depois, então fecha. Beleza, mas a gente sempre dá a
orientação: olha existe uma possibilidade do mercado subir um pouquinho mais e
você ganhar um pouquinho mais nesse dólar. Não, vamos fechar agora? Então
beleza. As vezes ele faz o seguinte: vamos esperar, mas se cair de 3,60 você fecha,
porque as vezes ele fica com medo de baixar. Então a gente dá a ordem para a
corretora: vamos esperar o leilão e se até lá cair de 3,60 você pode fechar com o
melhor. Então a corretora fica com uma ordem, a gente deixa uma ordem na
corretora.
O contato com a corretora, tanto com o comercial o contato é feito como?
Telefone?
Telefone, tem o messenger interno aqui , tem o whatsapp interno aqui pelo sistema,
mas a corretora é o telefone e o whatsapp mesmo, o mais é telefone. Normalmente
telefone. E e-mail para formalizar. A corretora manda o boleto e avisa: cotei, cotei
com esses bancos, fechei com esse aqui e os dados da operação ela manda por e-
mail, o boleto para formalizar. A ordem sai por telefone e até dá o fechado. Olha
fechei com o Bradesco, tem que vim o boleto formalizando, o contrato, mas vem um
boleto formalizando a operação por e-mail. (23:19)
E a questão de treinamento desse pessoal que está envolvido na questão de
hedge? Como é que funciona? Vocês fazem treinamento interno?
Na verdade, como hoje eu só tenho o Thiago só, o Thiago na verdade foi treinado
mais por mim. Eu venho de mesa de operação de banco e tal, então eu fui
ensinando o Thiago e ao mesmo tempo colocando ele para fazer alguns cursos.
Então eu treinei ele no dia a dia, quando ele começou cinco anos atrás eu fui
treinando ele no dia a dia e colocava ele. Banco do Brasil abria um curso eu
colocava ele no Banco do Brasil. A corretora, ele foi lá e ficou um dia inteiro com a
corretora vendo como a corretora fazia. Então assim, é curso, mas na prática fui eu
que ensinei ele as primeiras, a ele operar. Aí faz cursos, estágio na corretora,
quando tem as vezes um seminário rápido, uma palestra rápida, as vezes um banco
vem e traz alguém para falar só de hedge e estou sempre levando ele junto. Então
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ele vai buscando essas informações e fora que ele estuda lá, enfim, por conta ali.
Mas o treinamento mais eu que acabei dando para ele e juntando com cursos fora e
a corretora.
E esses outros envolvidos, que você falou que tem mais três que não estão
envolvidos diretamente na operação de hedge, mas que dão suporte caso
precise? Eles vão para cursos também?
Não! Esses ai é basicamente o que o Thiago ensina para eles. O Thiago passa para
eles o básico e assim, se tiver que. Assim, se o Thiago sair, por exemplo, vamos
supor que amanhã o Thiago fala que vai sair, ai um desses três consegue tocar
como se ele tivesse de férias e eu vou ter que tomar uma decisão se vou passar um
desses três para a posição do Thiago ou se vou contratar alguém de fora. Daí eu
contrataria alguém que já tivesse um conhecimento do assunto e só conhecer a
cultura da empresa. Mas a princípio os outros três é o Thiago que passa. Nesse
assunto de hedge cambial eu tenho um pouco de vantagem que as vezes nem todo
gerente financeiro veio dessa área. Então eu por exemplo, eu vim dessa área, então
eu tenho uma facilidade muito grande porque se o Thiago sai eu consigo colocar
qualquer um, estruturar a operação eu consigo fazer. Diferente, por exemplo de um
crédito rural que eu tive que aprender porque não era o meu negócio. Então assim, o
crédito rural eu tive que buscar cursos e eu tive que aprender com os nossos
especialistas da área, tive que aprender com eles. No caso do câmbio e derivativos
é o contrário que é a minha área que eu vim mesmo. Eu comecei em mesa de
operações de banco.
Vocês têm alguma necessidade de passar essas informações para conselho
administrativo, superintendência, dessa contratação de hedge? Eles têm
alguma participação?
A superintendência tem, não no dia a dia, no dia a dia a gente tem alçada para se o
negócio for fechado casado nós temos alçada. Como a gente não fecha nada sem
está casado com o negócio, claro se a gente fosse fechar, se aparecesse algum
negócio a gente fecharia e iria para a superintendência. Mas a gente não precisa.
Como a alçada nossa nessa, a gente só faz casado, então não preciso cada negócio
levar para a superintendência. Antigamente tinha isso, levava para a
superintendência dar o visto dela, mas ai a própria superintendência falou assim:
mas vem cá, isso aqui tudo tá casado ali? Agora com o sistema ainda. Ele falou
assim, não precisa trazer tudo para cá. O que a gente faz é no final do mês, ai sim é
passado para eles um relatório de todas as operações, mas não só de hedge. A
gente passa NDF, a gente passa ACC, rural investimento BNDES, tudo que a gente
pegou de operações, posições, posições do caixa, as aplicações financeiras. No
final do mês segue um relatório com tudo que foi contratado. Então ele tá
acompanhando, no dia a dia não, no dia a dia é eu mesmo que tomo, como a gente
faz sempre casado e eu sou procurador, então eu tenho que assinar todas as
operações que são fechadas. O banco mando um NDF, um termo de conformação,
enfim, que valida a operação no caso um câmbio de ACC ou um câmbio pronto, um
contrato, como eu sou um procurador esses câmbios têm que passar primeiro por
mim. Eu assino e outro procurador assina, quando eu pego esses contratos eu vejo
se tem alguma coisa estranha, por exemplo, se alguém estiver especulando eu já
vou pegar ali. Tipo, essa época não é época de fazer operação de farelo, operação
grande. Se apareceu uma operação de dois milhões aqui eu chamo para entender a
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operação. Então é uma forma que a gente tem de garantir, todos os contratos que
eles fecham e o comercial não é o procurador. Então é uma maneira que a gente
tem de controlar o comercial, porque os contratos deles têm que passar por um
procurador. Os outros procuradores só assinam um contrato de câmbio, de
commodities se eu estiver assinado antes. Ai passou pelo meu crivo ali e não do
comercial, o comercial não assina.
Toda operação você assina? Porque, por exemplo, se você tiver um
treinamento fora, não estiver aqui? Como que faz nesse caso?
Assim, normalmente, a não ser que eu esteja de férias ai fica outra procuradora, eu
passo para outra procuradora. Nós somos em oito, nove procuradores. Quando eu
estou aqui no dia a dia todas as operações eu assino, se eu estiver fora e a
operação for de um ou dois dias para ser creditado, que não precisa da assinatura
na hora, eu chegando eu assino. Agora se eu vou ficar um tempo maior ou é
urgente, por exemplo a gerente contábil assina por mim, porque ela também é
procuradora. Então ai a preferência ou é eu ou a gerente contábil. Ai tem a gerente
jurídica, que também assina, a gerente de TI, a gerente de auditoria que era da
minha área inclusive, ela era coordenadora da minha área e agora virou gerente de
auditoria, então ela também é procuradora. Ela também assina também. Claro que
assim, quando eu estou aqui passa por mim, se não passa pela gerente contábil ou
de auditoria. Que são as duas que também entendem da operação. Porque a
gerente contábil já foi minha gerente lá atrás, também foi gerente financeiro e a
auditora foi minha coordenadora, então conhece bem o regime, o sistema.
O sistema também fica aberto para esse pessoal e até para a
superintendência?
O superintendente pode entrar a qualquer momento e ver tudo que foi contratado
naquele momento. Até aquele momento o que tá em aberto e o que tá contratado
ele consegue ver.
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Como é que vocês passam as informações, por exemplo, como vocês falou
que quando não está aqui e quem fica é o analista ou o gerente, como é que
você passa o que já desenvolveu até aqui? Como ocorre a transmissão dessas
informações?
Nós temos hoje um software interno, um sistema de controle interno que foi
desenvolvido justamente para controlar as operações em hedge. Então toda posição
da cooperativa está nesse sistema. Se eu não estou e alguém solicita o quanto que
está tomado de ACC ou de NDF, então a gente tem esse sistema, a pessoa pode ir
lá e emitir relatórios e ver a posição em determinada data, filtrar por produto, filtrar
por tipo de operação, por banco, por vencimento, essa é uma das ferramentas que a
gente utiliza e depois se tiver alguma coisa maior, por exemplo, tem uma operação a
ser contratada a gente passa através de e-mail. Então eu tenho uma operação que
precisa ser feita e eu vou sair na parte da tarde, ai eu deixo para ele através do e-
mail e paralelo a isso, o departamento que necessitou do hedge ele faz essa
solicitação no sistema. Então vem uma solicitação do departamento comercial no
sistema e fica registrado, até que o financeiro vá no mercado e contrate o hedge.
Então eu passo por e-mail que tem essa operação e ele consulta no sistema o valor
que tem que ser contratado o tipo de operação, o vencimento, o produto, tudo
através de sistema.
Vocês fazem treinamentos regulares? Como funciona capacitação para essa
área?
A cooperativa ela investe bastante nessa parte de treinamento, então como a gente
tem um grande relacionamento com as instituições financeiras, então os próprios
bancos acabam oferecendo esse tipo de treinamento para a gente. Recentemente
mesmo eu fiz um no Banco do Brasil que foi na parte de câmbio, exportação mesmo,
mas assim, todos os bancos oferecem. Anualmente a gente tem reciclagem de
treinamentos, alguns não tem custos, outros tem custos, mas a cooperativa oferece
isso para os colaboradores.
Mas ai vai todo mundo da equipe relacionada, ou você recebe o treinamento e
repassa para eles?
Geralmente a gente alterna, por exemplo, eu fiz esse ano ai no próximo ano que
tiver vai o analista.
Como acontece a transmissão do que você aprendeu para eles aqui?
A gente repassa o material, por exemplo, eu fui lá e eles me deram uma apostila. A
gente pega essa apostila e passa para o outro que nem foi e discute. Se é uma
operação diferente, por exemplo, ah a gente viu tal coisa lá, eu vou com ele sento e
explico. A mesma coisa com a gerência. A gerencia participa de muitos treinamentos
e quando ele chega dos treinamentos ele chega na mesa passa o material, eu dou
uma lida aí quando eu tenho dúvida eu vou até ele, então a gente sempre está
discutindo as formas, o que mudou, a legislação, se tem algo novo.
Essas decisões que vocês aqui da área de hedge tomam, vocês tem que
passar para um conselho administrativo, ou diretor, ou seja, um órgão
superior, acima na hierarquia?
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E nessa decisão subjetiva, por exemplo, você acredita no que pode acontecer
para daí tomar essa decisão?
Exatamente! A gente tem aí esse software que dá o indicador que foi divulgado no
dia e uma previsão. Então a previsão é que o FED não vai manter jutos, ai a gente
se baseia muito nas previsões dos economistas.
Economistas do próprio software, no caso?
Sim! O Boradcast mesmo são todos economistas, analistas de mercado financeiro
que traz essas informações. Então tem lá: os analistas acreditam que a taxa do FED
hoje vai se manter inalterada, ele não vai subir juros. A gente se baseia muito nisso,
informações de mercado em paralelo a gente faz um CAL, antes de vir aqui eu fiz
um CAL, a corretora de Curitiba liga para a gente e ela faz um CAL com tudo que vai
acontecer para o dia.
O que seria esse CAL?
Esse CAL ele pega tudo que tem de indicadores ao longo do dia e ele passa para a
gente uma tendência.
Taxa de juros, câmbio, pesquisa política talvez?
Isso! Câmbio, pesquisa eleitoral, indicadores macroeconômicos do Brasil, dos
Estados Unidos e Europa. Daí ele passa para a gente: hoje nós temos auxílio
desemprego nos Estados Unidos às nove horas e ele já dá uma chamada. Como lá
eles também são economistas, especialistas em mercado dá uma chamada da
corretora. A tendência é o câmbio abrir com leve alta, logo na abertura e ao longo do
dia vai depender da pesquisa IBOPE que vai sair tal horário. A gente faz esse Cal e
eles nos enviam também um demonstrativo que tem esse comentário por escrito e
os indicadores. Ai Estados Unidos, Brasil e Europa com o horário e daí a previsão do
indicador, qual que vai ser o valor que vai vir, por exemplo se vai aumentar juros se
não vai e daí a gente se baseia muito nesses relatórios. E ai ao longo do dia ele vai
dando pulsos de mercado, então ele envia relatório: a o dólar agora caiu devido a
investidores que entraram vendendo dólar no mercado. Ele dá também esse pulso
de mercado por e-mail.
E quando você tem essa decisão mais subjetiva para tomar, você decide se faz
agora ou mais tarde sozinho ou você conversa com analista, bate um papo?
A gente sempre faz essa decisão conjunta com a área comercial. Então o comercial
nos liga e solicita o hedge e a gente troca essas informações porque eles também
monitoram, eles também têm o software de mercado.
Até o hedge cambial eles fazem essa avaliação?
É eles tem lá a tela deles, se você vê ali eles tem uma tela com o dólar em tempo
real. Eu tenho no meu computador e eles tem em uma tela.
É que você me falou que eles fazem o hedge de Commodities né?
Isso, o hedge de commodities eles que fazem, os hedges financeiros e cambiais é o
financeiro que faz.
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ANEXOS