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PROCESSO Nº TST-AIRR-325-72.2018.5.12.

0005

A C Ó R D Ã O
6ª Turma
GDCCAS/fe  

AGRAVO DE INSTRUMENTO. LEI 13.467/2017.


SUSPENSÃO DO PROCESSO TRABALHISTA ATÉ A
DECISÃO DO TRIBUNAL MARÍTIMO SOBRE O
NAUFRÁGIO QUE RESULTOU EM MORTE DO
EMPREGADO. Por meio da presente demanda,
a parte autora busca a responsabilização
dos reclamados pelo danos decorrentes do
acidente de trabalho sofrido pelo seu
esposo, tripulante desaparecido em
naufrágio do barco pesqueiro em que
laborava. As recorrentes sustentam a
necessidade de suspensão do feito até a
decisão do Tribunal Marítimo no
julgamento do recurso interposto contra
a conclusão   de   inquérito   administrativo
elaborado   pela   Capitania   dos   Portos.
Fundamentam   sua   pretensão   no   art.   313,
VII,   do   CPC.   A   delimitação do acórdão
regional é de que a discussão no
presente processo — responsabilidade
civil do empregador por acidente de
trabalho — não se relaciona com a
discussão existente no Tribunal
Marítimo, por isso, não existe a
necessidade de suspensão do processo.
Além disso, afirmou que as provas dos
autos são suficientes para o julgamento
do presente processo. Nesse contexto, a
presente decisão não depende do
julgamento do Tribunal Marítimo, não se
apresentando a hipótese de suspensão
prevista no art. 313, VII, do CPC.
Pedido de suspensão indeferido.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR.
PENSÃO MENSAL. TRANSCENDÊNCIA. O
processamento do recurso de revista na
vigência da Lei 13.467/2017 exige que a
causa ofereça transcendência com relação
aos reflexos gerais de natureza
econômica, política, social ou jurídica,
a qual deve ser analisada de ofício e
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previamente pelo Relator (artigos 896-A,


da CLT, 246 e 247 do RITST). Ausente a
transcendência, o recurso não será
processado. Se presente a transcendência
prossegue-se na análise dos pressupostos
do recurso.
No caso, em relação à "responsabilidade
civil do empregador" e à "pensão mensal"
deferida à autora, a responsabilização
dos recorrentes decorreu do exame dos
elementos de prova dos autos, os quais
foram suficientes à constatação do dano,
do nexo causal e da conduta culposa da
empregadora quanto ao naufrágio
ocorrido, do qual decorreu a morte do
cônjuge da autora. As matérias debatidas
não possuem transcendência econômica,
política, jurídica ou social. Agravo de
instrumento de que se conhece e a que se
nega provimento porque não reconhecida a
transcendência.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Agravo   de   Instrumento   em   Recurso   de   Revista   n°  TST­AIRR­325­
72.2018.5.12.0005, em que é Agravante JORGE SEIF E OUTRO e Agravado
MARIA NAINA BEZERRA ALVES.

Trata-se de agravo de instrumento interposto com o


fim de reformar o despacho que denegou seguimento ao recurso de
revista apresentado contra decisão regional publicada em 26/11/2018,
na vigência da Lei 13.467/2017.
Contraminuta e contrarrazões apresentadas.
Desnecessária   a   remessa   dos   autos   ao   Ministério
Público do Trabalho.
É o relatório.

V O T O

AGRAVO DE INSTRUMENTO
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CONHECIMENTO
Conheço do agravo de instrumento porque tempestivo
e regular a representação. Preparo satisfeito.

MÉRITO
SUSPENSÃO DO PROCESSO TRABALHISTA ATÉ A DECISÃO DO
TRIBUNAL MARÍTIMO SOBRE O NAUFRÁGIO QUE RESULTOU EM MORTE DO
EMPREGADO.
Trata­se  de  pedido  de  suspensão  do  feito,  a  teor
do   art.   313,   VII,   do   CPC,   até   o   julgamento   final   do   recurso
interposto   da  conclusão   de  inquérito   administrativo  elaborado   pela
Capitania dos Portos.
Por meio da presente demanda, a parte autora busca
a responsabilização dos reclamados pelo danos decorrentes do
acidente de trabalho sofrido pelo seu esposo, tripulante
desaparecido em naufrágio do barco pesqueiro em que laborava.
As recorrentes sustentam a necessidade de
suspensão do feito até a decisão do Tribunal Marítimo no julgamento
do recurso interposto contra a conclusão de inquérito administrativo
elaborado   pela   Capitania   dos   Portos.   Fundamentam   sua   pretensão   no
art. 313, VII, do CPC. 
A   delimitação do acórdão regional é de que a
discussão no presente processo — responsabilidade civil do
empregador por acidente de trabalho — não se relaciona com a
discussão existente no Tribunal Marítimo, por isso, não existe a
necessidade de suspensão do processo. Além disso, afirmou que as
provas dos autos são suficientes para o julgamento do presente
processo.
Nesse contexto, a presente decisão não depende do
julgamento do Tribunal Marítimo, não se apresentando a hipótese de
suspensão prevista no art. 313, VII, do CPC.
Pedido de suspensão indeferido.

ANÁLISE PRÉVIA DA TRANSCENDÊNCIA

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Conforme   o   art.   896­A   da   CLT   (Lei   13.467/2017),


incumbe   ao   Tribunal   Superior   do   Trabalho   o   exame   prévio   da   causa
objeto   do   recurso   de   revista,   com   relação   aos   reflexos   gerais   de
natureza econômica, política, social ou jurídica.
Nos termos do art. 246 do Regimento Interno do c.
TST,   o   exame   da   transcendência   incide   nos   recursos   de   revista
interpostos contra decisão de TRT publicada a partir de 11/11/2017,
caso   dos   autos,   em   que   a   decisão   regional   foi   publicada   em
26/11/2018.
Verifica­se   o   caráter   inovatório   das   alegações
referentes   ao   "dano   moral"   e   à   "necessidade   de   demonstração   da
dependência econômica para fins de percebimento de pensão mensal",
trazidas somente em agravo de instrumento. Nesse sentido, em razão
de   os   referidos   tópicos   não   terem   sido   trazidos   no   de   recurso   de
revista apresentado, não serão objeto do presente exame. 

RESPONSABILIDADE  CIVIL   DO  EMPREGADOR.   ACIDENTE  DE


TRABALHO. NAUFRÁGIO
Assim decidiu o eg. TRT quanto ao tema:

"A autora narrou, na inicial, que seu esposo desaparecido, Leonardo


Adão, integrava a tripulação da embarcação denominada "JORGE SEIF
JÚNIOR", a qual veio a naufragar em 20 de outubro de 2016. Em
decorrência do naufrágio, 17 pescadores sobreviveram, 1 faleceu e 6
continuam desaparecidos. Assevera que a Marinha do Brasil encerrou as
buscas no dia 31.10.2016, ante a baixa probabilidade de localizar qualquer
sobrevivente. Conforme consta da Certidão de Registro Especial, foi
declarada a morte presumida do esposo da demandante (fls. 15-16). Em
razão do infortúnio, requereu a condenação dos réus ao pagamento de
pensão mensal vitalícia pelo acidente de trabalho.
Em defesa, a ré não negou o ocorrido, mas alegou que a embarcação
na qual estava o tripulante desaparecido possuía todas as licenças,
documentos, autorizações e equipamentos obrigatórios exigidos pelas
autoridades competentes, salientando que, no momento do acidente, ele
utilizava todos os equipamentos de proteção individual e estava
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devidamente cadastrado no rol de tripulantes da embarcação junto à


Capitania.
Sustentou que a embarcação estava navegando em tempo bom e mar
calmo, no entanto, na madrugada do dia 20.10.2016, foi atingida por uma
onda repentina que acabou por virá-la.
Rebate o pedido de pensão vitalícia, aduzindo que: não restou
demonstrado a dependência econômica; a autora já percebe pensão
previdenciária; que a certidão de morte presumida "não garante que de fato
o empregado Leonardo Adão esteja falecido"; não há demonstração do
prejuízo material; inexiste culpa das rés pelo acidente marítimo ocorrido.
Após a juntada do Inquérito Administrativo IAFN n° 08/2016 (fls.
194-334), da Marinha do Brasil - Capitania dos Portos de Santa Catarina, os
demandados reafirmam a isenção de responsabilidade pelo naufrágio.
Refutam a conclusão de que a "causa determinante do acidente foi a
abertura de escotilha do porão durante as condições de mar adversas, o que
permitiu a entrada de água na parte interna da embarcação" (fl. 361), bem
como sustentam que "o naufrágio só ocorreu porque, um evento da natureza
e de maneira repentina atingiu a embarcação" (fl. 362).
Decidindo a controvérsia, o Juízo de origem condenou os réus ao
pagamento de pensão mensal vitalícia, sob os seguintes fundamentos (fls.
381-382):

Cumpre verificar, portanto, a existência de culpa do


empregador pelo evento ocorrido.
Na contestação, o Réu alega que a embarcação veio a
naufragar por conta das más condições do mar, tendo uma onda
atingido o barco. Sustenta a existência de força maior como
excludente de sua responsabilidade.
Ocorre que o inquérito administrativo produzido pela
capitania dos portos (fls. 325 e seguintes), concluiu que "a
causa determinante do acidente foi a abertura da escotilha do
porão durante condições do mar adversas, o que permitiu a
entrada de água na parte interna da embarcação". O inquérito
indica ainda o tripulante que praticou o aludido ato.
O Réu se insurge quanto à conclusão chegada no
respectivo inquérito, aduzindo que a embarcação não foi
reflutuada a fim de se constatar inequivocamente suas
condições; levanta que a indicação da causa da rachadura do
casco alegada pelas testemunhas não é conclusiva, ao
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mencionar que "pode ter ocorrido" após a entrada de água pela


escotilha do porão; reafirmado que o acidente veio a ocorrer por
conta de uma onda perdida e repentina que atingiu o barco, o
que afasta a sua responsabilidade.
Inicialmente, cumpre salientar que sequer foi produzida
prova nestes autos com o intuito de rebater os fatos apurados no
inquérito.
Quanto às insurgências, não há elementos suficientes em
sua manifestação capaz de alterar a convicção desde Juízo. Isso
porque o fato de a escotilha do porão ter sido aberta é
incontroverso nos autos, sendo certo que tal evento, se não foi
determinante para a rachadura do casco do barco, ao menos
deve ter contribuído para tanto, o que, de toda forma, não
afastaria a responsabilidade do Réu pelo acidente ocorrido.
Entrementes, infere-se dos depoimentos prestados no
aludido inquérito, notadamente o do marinheiro Josimar
Francisco (fl. 309-310), que a rachadura do casco ocorreu antes
da onda atingir a embarcação, o que a fez adernar, e não que a
rachadura tenha sido causada pela onda, como quer fazer crer o
Réu. Nesse passo, é possível concluir que a rachadura tenha
ocorrido, de fato, pela entrada de água através da escotilha do
porão aberta indevidamente, o que, em última análise, causou o
acidente, conforme concluiu no inquérito.
Por tais motivos, com base nos fatos apurados no
inquérito administrativo, atribui-se ao Réu a responsabilidade
pelo acidente, afastando a tese defensiva de existência de
excludente de responsabilidade, uma vez que o acidente
certamente não ocorreu por força maior, e sim por fator
operacional.
A responsabilidade dos Réus está insculpida no art. 932,
III, do Código Civil: "São também responsáveis pela reparação
civil: (...) III - o empregador ou comitente, por seus
empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele." O dano material, no caso de
acidente de trabalho com óbito, consiste naquilo que o, com o
passamento, deixa de contribuir para o sustento e manutenção
de sua família, mais de cujus especificamente, na prestação de
alimentos às pessoas a quem ele devia, levando-se em conta a
duração provável de sua vida, nos termos do inciso II do art.
948 do Código Civil.
Presentes, portanto, os pressupostos da responsabilidade
civil: a) ação/omissão (conduta) do agente; b) dano
(material/moral) na vítima; c) nexo de causalidade (entre a
conduta e o dano); e d) culpabilidade (dolo/culpa) do agente; o
dever de indenizar é medida que se impõe, o que se passa a
analisar.
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No tocante à quantificação da pensão mensal vitalícia deferida à


viúva, adotou o sentenciante os parâmetros que seguem (fl. 383):
(...)

Insurgem-se os litigantes contra o julgado.


Os réus pretendem, em síntese, seja aplicada a teoria da
responsabilidade subjetiva, ao argumento de que não concorreram para o
naufrágio noticiado. Alegam que foram adotadas todas as medidas
necessárias para evitar o acidente de trabalho, o qual só ocorreu porque "um
evento da natureza ocorreu de maneira repentina e atingiu a embarcação"
(fl. 405). Reitera os argumentos de defesa quanto à pensão mensal e pedem,
assim, a exclusão da indenização, ou, subsidiariamente, a minoração do
montante arbitrado.
A autora, por sua vez, pede seja majorado o valor da pensão mensal
vitalícia.
Passo à análise.
No presente caso, é incontroverso o naufrágio do barco pesqueiro em
que o autor laborava, denominado "Jorge Seif Junior", ocorrido em
20.10.2016, por volta de 04h40min, e que resultou na morte de um
tripulante e o desaparecimento de outros seis, dos vinte e quatro que
estavam a bordo.
A fim de averiguar as causas do acidente, foi instaurado inquérito
administrativo junto à Capitania dos Portos de Santa Catarina, de cujo
relatório se depreende a seguinte sequência dos acontecimentos que
precederam o sinistro (fl. 330):

SEQUÊNCIA DOS ACONTECIMENTOS Conforme


apurado, em 19 de outubro de 2016, a embarcação pesqueira
"JORGE SEIF JUNIOR" fundeou nas proximidades da cidade
de Imbituba/SC, em função da impossibilidade de continuar as
atividades de pesca. Por volta das 04h, do dia 20 de outubro do
mesmo ano, o cozinheiro José Carlos dos Santos solicitou ao
condutor de máquinas de serviço, o sr. Antônio Ricardo
Reinaldo Paiva, para que ligasse a luz do porão para pegar
mantimentos. Também foi solicitada a presença do Sr. Josimar
Francisco Marinheiro, porém o Sr. Pedro Paulo da Costa acabou
indo em seu lugar, e o Sr. Josimar permaneceu no convés
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recebendo o material que vinha do porão. Durante esta


atividade, a embarcação foi invadida por ondas, que alagaram o
porão aberto. A partir daí a embarcação começou a naufragar e
o condutor de máquinas começou a avisar a tripulação sobre o
naufrágio. Na sequência, o Comandante da embarcação
solicitou socorro via rádio comunicador de bordo e alguns
tripulantes cortaram o cabo para acionar o bote salva-vidas. Há
(sic) aproximadamente duas horas após o naufrágio, a maioria
dos tripulantes foram resgatados pelo Navio Mercante BBC
CITRINE, que passava pelo local. Seis tripulantes estão
desaparecidos e um veio a falecer em decorrência do acidente.

De acordo com o laudo pericial apresentado no inquérito IAFN n°


08/2016 (fls. 275-280), embora não tenha sido possível realizar a perícia na
embarcação, visto que, em função da profundidade e distância da costa, ela
não foi recuperada. Pela sua documentação e as vistorias realizadas,
entendeu o perito que se encontrava em condições satisfatórias de
manutenção. Registrou, assim, que a causa determinante do naufrágio foi "o
embarque de água pela escotilha do porão da embarcação, que se
encontrava aberta em condições meteorológicas adversas" (laudo, fl. 280).
Consignou, ainda, o perito, acerca das condições ambientais no
momento do acidente, que "as condições meteorológicas, segundo
depoimentos e boletins meteorológicos, eram adversas e, portanto,
contribuíram para o evento" (fl. 281).
Ao final, em resposta aos quesitos, afirmou que os procedimentos de
segurança não foram seguidos, uma vez que a escotilha do porão não
poderia ter sido aberta em condições de mar adversas, ou seja, o fator
operacional contribuiu para a ocorrência do naufrágio (laudo, fl. 280).
Destarte, estão presentes os elementos configuradores da
responsabilidade civil, quais sejam o dano (evento morte), o nexo causal e a
culpa da ré (fator operacional), situação que compele os réus a responderem
pela supressão de rendimentos em decorrência do acidente de trabalho
(naufrágio) que vitimou o cônjuge da autora, o tripulante Leonardo Adão.
Neste passo, a pensão mensal devida em razão da morte do
empregado em acidente de trabalho tem o propósito de assegurar ao grupo
familiar a manutenção do padrão de rendimentos que possuía até a

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ocorrência do evento danoso, ou seja, o objetivo da pensão mensal é


restabelecer o status quo ante.
O disposto no art. 948 do Código Civil, que prevê o pagamento de
indenizações, "sem excluir outras reparações", demonstra que no campo da
responsabilidade civil foi adotado o princípio da restitutio in integrum, a
fim de que a indenização possibilite a reparação integral do dano, ou, pelo
menos, o mais próximo possível da integralidade.
Os beneficiários da pensão são as pessoas que sofreram prejuízo
material com a morte do acidentado, ou seja, seus familiares. No caso em
tela, é a viúva, ora demandante."

Nas razões de recurso de revista, ao requerem a


reforma do acórdão regional, as recorrentes sustentam que o
naufrágio decorreu exclusivamente de uma "onda perdida", e não por
culpa da tripulação. Ressaltam a impossibilidade de se prever o
infortúnio e alegam a ausência de condições adversas que
inviabilizasse a navegação em alto mar, indicando ofensa ao art.
393, parágrafo único, do CC. Sustentam a exclusão de sua
responsabilização, por força maior, haja vista a ausência de nexo de
causalidade entre a conduta dos recorrentes e o evento danoso.
Alegam, ainda, ter havido a responsabilização objetiva, em afronta
aos arts. 7º, XXVIII, da CF, 186 e 927, caput, do CC, ressaltando a
ausência de culpa ou dolo pelo acidente.
A   matéria   diz   respeito   à   responsabilização   das
recorrentes   ao   pagamento   de   indenização   à   autora   (pensão   mensal),
relacionada à morte de tripulante, seu cônjuge, ocorrida em razão do
naufrágio do barco pesqueiro no qual trabalhava.
Há registro, a teor dos elementos de prova, quanto
ao   fato   de   o   naufrágio   ter   decorrido   do   embarque   de   água   pela
escotilha   do   porão,   que   se   encontrava   aberta   em   condições
meteorológicas adversas e delimitação no sentido de os procedimentos
de segurança não terem sido seguidos.
O   eg.   TRT,   ao   verificar   o   dano,   o   nexo   de
causalidade e, ainda, a conduta culposa da reclamada, relacionada ao
fator operacional constatado, manteve a decisão que consignou pela
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responsabilidade   das  recorrentes   pela  supressão   dos  rendimentos   em


decorrência do acidente de trabalho verificado.  

PENSÃO MENSAL. VIÚVA
Eis o teor do acórdão regional:

"Em relação aos titulares do pensionamento, este é o ensinamento do


doutrinador Sebastião Geraldo de Oliveira (In: Indenizações por acidente
do trabalho ou doença ocupacional. 2. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: LTr,
2006, p. 217-221):
(...)
Nesse caso, evidentemente a esposa é a principal prejudicada, pela
redução imediata da renda familiar. A Certidão de Registro Especial,
carreada em fls. 15-16, evidencia que existia relação matrimonial.
Em razão do princípio da reparação integral, o termo inicial para o
pagamento da pensão mensal é a data da ocorrência do dano (data do
óbito), qual seja, 20.10.2016 (fl. 15), como reconhecido em sentença.
A própria lei que trata do assunto prevê como limite para o
pagamento da pensão a duração provável da vida da vítima, de acordo com
o disposto no art. 948, II, do Código Civil.
Para estabelecer a "duração provável da vida da vítima" utiliza-se a
tábua completa de mortalidade, publicada anualmente pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE - que retrata, mediante
critérios científicos, a expectativa de vida do brasileiro, de acordo com sua
idade.
As informações divulgadas pelo IBGE são oficiais e conferem
segurança à informação, por ser uma instituição de reconhecida idoneidade
e competência. Referidos dados são utilizados para obter a expectativa de
vida para fins de cálculo de benefício previdenciário, por disposição
expressa no § 8º do art. 29 da Lei nº 8.213/91, o que demonstra a
confiabilidade da publicação.
Neste sentido, meu posicionamento é de que tal indenização é devida
até que o empregado completasse 75 anos de idade (média de idade do
povo brasileiro).

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No entanto, entendo que deva haver a limitação do pensionamento na


hipótese de ocorrência de morte da viúva, caso essa ocorra em período
anterior à ora imposta, a fim de evitar-se discussões futuras.
Por todo o exposto, entendo bem aquilatada a decisão de primeira
instância que entendeu devido à viúva MARIA NAINA BEZERRA
ALVES, o pagamento de pensão mensal equivalente a 2/3 (dois terços) da
remuneração à época do óbito, "levando em conta o 13º salário e o terço
constitucional de férias, ambos pelos seus duodécimos, chegando, portanto,
ao valor mensal devido de R$1.382,60" (fl. 383). A indenização é limitada a
esta fração, tendo em vista a exclusão da cota-parte que caberia à
subsistência do empregado (despesas pessoais), equivalente a 1/3 (um
terço)."

Nas   razões   recursais,   as   reclamadas   sustentam   a


ausência de garantia de que o matrimônio da autora e de seu cônjuge
duraria   eternamente,   o   que   afasta   a   condenação   ao   pagamento   da
pensão mensal. 
A   matéria   diz   respeito   à   condenação   das
recorrentes   ao   pagamento   de   pensão   mensal   à   autora,   cônjuge   do
empregado das recorrentes, falecido em razão do naufrágio.
Ao   verificar   o   dano,   o   nexo   de   causalidade   e   a
conduta   culposa   da   empregadora,   o   eg.   TRT   registra   a   prova   da
relação matrimonial existente, mantendo a condenação das reclamadas
ao   pagamento   de   pensão   mensal   à   autora,   por   ser   a   principal
prejudicada   pela   redução   imediata   da   renda   familiar.   Determinou,
assim, que  a pensão mensal, deferida até a data em que o empregado
completasse 75 anos, fosse limitada à data da morte da autora, caso
ocorra primeiro. 

PENSÃO   MENSAL.   BENEFÍCIO   PREVIDENCIÁRIO.


CUMULAÇÃO. LIMITAÇÃO
Embora   as   recorrentes   sustentem,   quanto   à   pensão
mensal,   que   ela   deve   considerar   a   idade   do   recorrente   Jorge,
produtor   rural   responsável   pelo   seu   pagamento,   para   fins   de
limitação   temporal   e,   ainda,   corresponder   à   diferença   entre   o
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salário   percebido   pelo   tripulante   e   o   benefício   previdenciário


percebido   em   razão   de   sua   morte,   verifica­se   que   o   eg.   TRT   não
adotou tese quanto a tais questões.
Nesse sentido, a ausência de prequestionamento da
matéria,   a   teor   da   Súmula   297,   I,   desta   c.   Corte,   inviabiliza   o
exame da transcendência no tema.

De   tal   modo,   na   análise   dos   temas   do   recurso   de


revista   trazidos   para   exame   da   causa,   não   se   vislumbra
transcendência a ser reconhecida:

a) Transcendência econômica  – não se afigura debate que
conduza   à   conclusão   de   que   há   valores   pecuniários   de
excessiva monta;
b) Transcendência   política  –   não   se   verifica   decisão
contrária à súmula do TST ou do STF.  No que se refere à
"pensão   mensal",   delimitada   a   relação   matrimonial
existente entre a autora e o de cujus, o deferimento de
pensão   mensal   está   em   consonância   com   os   seguintes
julgados:   RR   ­   104400­56.2011.5.17.0010   (Data   de
Julgamento:   15/05/2019,   Relatora   Ministra:   Delaíde
Miranda   Arantes,   2ª   Turma,   Data   de   Publicação:   DEJT
24/05/2019),   RR   ­   681400­41.2009.5.09.0892   (Data   de
Julgamento: 27/03/2019, Relator Ministro: Augusto César
Leite   de   Carvalho,   6ª   Turma,   Data   de   Publicação:   DEJT
29/03/2019),   RR   ­   679­86.2012.5.12.0012   (Data   de
Julgamento: 27/02/2019, Relatora Ministra: Maria Helena
Mallmann,   2ª   Turma,   Data   de   Publicação:   DEJT
01/03/2019), AIRR   ­   1392­04.2016.5.10.0812   (Data   de
Julgamento: 20/02/2019, Relatora Ministra: Dora Maria da
Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/02/2019);

c) Transcendência social – não se verifica causa contida


no recurso de revista, atrelada à pretensão do
reclamante/recorrente, quanto a direito social
Firmado por assinatura digital em 21/08/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.13

PROCESSO Nº TST-AIRR-325-72.2018.5.12.0005

constitucionalmente assegurado;
d) Transcendência jurídica – a matéria debatida não traz
novidade para o fim de elevar o exame do tema em torno
da interpretação da legislação trabalhista.

Não   se   vislumbra,   portanto,   transcendência   a   ser


reconhecida. 

ISTO POSTO

ACORDAM  os   Ministros   da   Sexta   Turma   do   Tribunal


Superior   do   Trabalho,  por unanimidade, conhecer do agravo de
instrumento e, no mérito, negar-lhe provimento porque não
reconhecida a transcendência. 
Brasília, 21 de agosto de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


CILENE FERREIRA AMARO SANTOS
Desembargadora Convocada Relatora

Firmado por assinatura digital em 21/08/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

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