Sei sulla pagina 1di 6

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2019.0000723620

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


1009827-58.2018.8.26.0011, da Comarca de São Paulo, em que é apelante SUL
AMERICA COMPANHIA DE SEGURO SAUDE, é apelado EDUARDO GABY
MASKOBI.

ACORDAM, em 2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de


São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de
conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JOSÉ


JOAQUIM DOS SANTOS (Presidente sem voto), GIFFONI FERREIRA E
MARCIA DALLA DÉA BARONE.

São Paulo, 3 de setembro de 2019.

ALVARO PASSOS
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Voto nº 32311/TJ – Rel. Alvaro Passos – 2a Câm. de Direito Privado


Apelação cível nº 1009827-58.2018.8.26.0011 (proc. digital)
Apelante: SUL AMÉRICA COMPANHIA DE SEGURO SAÚDE
Apelado: EDUARDO GABY MASKOBI
Comarca: São Paulo 5ª V. C. F. R. Pinheiros
Juiz(a) de 1º Grau: Luciana Bassi de Melo

EMENTA

CONTRATO Prestação de serviços Plano de


saúde Resilição fundada na inadimplência do
segurado, o qual depositou em juízo o valor devido
(objeto de discussão em outro feito), inexistindo
comprovação de ter sido, ele, notificado, nos termos
do art. 13, parágrafo único, II, da Lei nº 9.656/98
Abusividade Inteligência da Súmula nº 94 desta
Corte Dano moral Configuração Manutenção
do montante, estabelecido em R$ 5.000,00
Recurso improvido.

Vistos.

Trata-se de recurso interposto contra a r.


sentença de fls. 249/252, cujo relatório se adota, que julgou parcialmente
procedente o pedido deduzido em ação de indenização por danos morais,
condenando a ré no pagamento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais),
devidamente corrigidos, além de impondo-lhe os ônus decorrentes da
sucumbência.

Inconformada, empresa sustenta, em suas

Apelação Cível nº 1009827-58.2018.8.26.0011 - São Paulo - Voto nº 32311 clb168 2


PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

razões recursais e em síntese, reiterando os termos de sua contestação


(com o prequestionamento da matéria), que não cometeu qualquer ato
ilícito que pudesse ensejar sua condenação, já que o cancelamento do
plano de saúde do autor ocorreu por sua inadimplência, decorrente de
depósito judicial em valor inferior ao devido; que é necessário respeitar os
princípios da autonomia da vontade, dos termos contratados e do pacta
sunt servanda; que ausente ilicitude em sua conduta, deve de ser afastado
o dever de indenizar.

Com resposta, subiram os autos para


reexame.

É o relatório.

De início, anota-se que são incidentes ao


caso as regras do Código de Defesa do Consumidor, nos termos, inclusive,
do enunciado da Súmula nº 608 do Colendo STJ1.

No mais, a apelante alega que a rescisão


ocorrida foi motivada pela inadimplência do segurado, o qual depositou, em
Juízo, valor menor do que o devido.

Vale relembrar, como constou na r.


sentença, que isso ocorreu em virtude de discussão travada na ação nº
1019082-98.2017.8.26.0003, proposta pelo segurado, por ter sofrido
aumento que considerou abusivo.

Ora, havendo controvérsia acerca do prêmio


a ser pago e depositando judicialmente o segurado, não há como considera-
lo inadimplente. Daí a conduta da apelante ser abusiva.

Além disso, não se vislumbra ter havido


qualquer comunicação por parte da apelante, nos termos do art. 13,

1
Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, salvo os
administrados por entidades de autogestão.

Apelação Cível nº 1009827-58.2018.8.26.0011 - São Paulo - Voto nº 32311 clb168 3


PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

parágrafo único, II, da Lei nº 9.656/98, o qual é bem claro ao dispor que o
“consumidor seja comprovadamente notificado até o quinquagésimo dia de
inadimplência”.

Lembre-se, por oportuno, que a falta de


pagamento de um dos boletos não opera, de imediato, a rescisão da
avença, nos termos do que dispõe a Súmula nº 94 desta Corte2.

Em decorrência da conduta da empresa, é


imperioso o reconhecimento dos danos morais pela recusa injustificada de
cobertura, quando solicitada, o que, em momento de tormento e aflição, é
suficiente para aumentar a dor e o sofrimento daquele que se encontra em
situação de enfermidade. É o que se tem decidido sobre o assunto:

APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA C.C. INDENIZATÓRIA Procedência para


condenar a ré a restabelecer o plano de saúde da autora e pagar R$ 5.000,00 por
danos morais Inconformismo Plano de saúde que foi cancelado, sob
fundamentação inadimplência Preliminares de cerceamento de defesa e
ilegitimidade passiva que ficam rejeitas - Negativa de cobertura que se deu por
atraso de 12 dias no pagamento de uma única fatura por parte da estipulante, sem
notificação e enquanto a beneficiária realizava tratamento de diálise Abusividade
caracterizada - A cláusula contratual que permite rescisão imotivada e automática
no contrato coletivo, por afronta ao art. 13, II, da Lei 9656/98 e súmula 94 do TJSP
- Prática abusiva que fere a boa-fé objetiva e a função social do contrato Apesar
de o contrato em questão ter sido rotulado como contrato coletivo, no fundo ele se
assemelha ao contrato individual familiar já que o usuário é o beneficiário do plano
- Aplicação da normatização dos contratos individuais, que obsta a resilição
unilateral pretendida pela ré - Ademais os procedimentos de saúde cobertos pelos
planos não podem sofrer limitações quando o paciente ainda está em tratamento,
para proteção do direito à vida, previsto no artigo 5º da Constituição Federal -
Danos morais caracterizados Abusividade da negativa em atendimento de
2Súmula 94: A falta de pagamento da mensalidade não opera, per si, a pronta rescisão unilateral do
contrato de plano ou seguro de saúde, exigindo-se a prévia notificação do devedor com prazo
mínimo de dez dias para purga da mora.

Apelação Cível nº 1009827-58.2018.8.26.0011 - São Paulo - Voto nº 32311 clb168 4


PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

urgência que causou angústia na paciente além de resultar em negativação do seu


nome pela conta hospitalar Indenização que foi arbitrada com parcimônia e que
fica mantido Honorários majorados de acordo com o art. 85 § 11 do CPC
Decisão mantida Recurso improvido (TJSP; Apelação Cível
1110931-88.2016.8.26.0100; Relator (a): Silvério da Silva; Órgão Julgador: 8ª
Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 16ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 07/11/2018; Data de Registro: 21/11/2018).

PLANO DE SAÚDE COLETIVO. Rescisão por inadimplemento. Necessidade de


notificação prévia OPORTUNIZANDO AO DEVEDOR A purgação da mora. Art.
13, § único, inciso II, da referida lei dos planos de saúde. Requisitos legais não
atendidos. Manutenção do contrato determinada. Sentença de procedência. Muito
embora o contrato tenha sido firmado entre a operadora de planos de saúde e a
intermediadora, tendo o referido contrato sido celebrado em benefício DOS
AFILIADOS À DETERMINADA ENTIDADE DE CLASSE, inequívoca a natureza
consumerista da relação jurídica. Tratando-se de verdadeiro contrato de adesão.
Incidência do CDC E Lei 9.656/98. APLICAÇÃO POR ANALOGIA DO parágrafo
único do artigo 13 da Lei nº 9.656/98 aos planos coletivos, especialmente no que
concerne à vedação de rescisão unilateral. as relações contratuais são regidas
pelo imperativo da boa-fé objetiva, que veda a resolução unilateral e imotivada.
dano moral evidente. todavia, É ultra petita a decisão que fixa condenação
superior à pleiteada pelo autor. Aplicação do art. 492 do novo CPC (art. 460 do
CPC de 1973). PRECEDENTES. RECURSO parcialmente PROVIDO (TJSP;
Apelação Cível 1008330-67.2017.8.26.0100; Relator (a): Coelho Mendes; Órgão
Julgador: 10ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 36ª Vara Cível; Data
do Julgamento: 04/09/2018; Data de Registro: 04/09/2018).

E o montante mostra-se suficiente para


atender à dupla função do instituto indenizatório, não podendo ser de tal
monta que represente enriquecimento ilícito para uma parte, nem irrisório, a
ponto de não inibir a conduta tida como lesiva, não comportando qualquer
modificação.

Apelação Cível nº 1009827-58.2018.8.26.0011 - São Paulo - Voto nº 32311 clb168 5


PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Diante do resultado a que se chega, fica


majorada a verba honorária para 15% (quinze por cento) sobre o valor
atualizado da condenação, em observância ao disposto no art. 85, §§ 2º e
11, do novo CPC.

Por derradeiro, a fim de evitar a oposição de


embargos de declaração, única e exclusivamente voltados ao
prequestionamento e diante da manifestação da apelante a fls. 257, tenho
por expressamente prequestionada, nesta instância, toda a matéria,
consignando que não houve ofensa a qualquer dispositivo a ela
relacionado.

Pelo exposto, nego provimento ao


recurso.
ALVARO PASSOS
Relator

Apelação Cível nº 1009827-58.2018.8.26.0011 - São Paulo - Voto nº 32311 clb168 6

Potrebbero piacerti anche