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INTENSIVO I

Flávio Tartuce
Direito Civil
Aula 02

ROTEIRO DE AULA

Parte Geral do Código Civil de 2002

1. Pessoa natural

Em provas de Direito Civil empregar a expressão “pessoa natural” ou “pessoa humana” (CF, art. 1º, III) - não empregar
“pessoa física” (expressão mais ligada ao Direito Tributário ou Direito Bancário) ou “homem” (utilizada pelo CC/16).

1.1. Conceitos iniciais sobre a pessoa natural

CC, art. 1º: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.

Considerações:

I – A capacidade mencionada pela Lei é a capacidade de direito ou de gozo que todas as pessoas têm sem distinção. É a
capacidade para ser sujeito de direitos e deveres.

Há ainda a capacidade de fato ou de exercício que é aquela para exercer direitos. Algumas pessoas não a têm. Tratam-
se dos incapazes dos artigos 3º e 4º do CC/02, os quais foram alterados recentemente pelo Estatuto da Pessoa com
Deficiência.

II – Fórmula: capacidade de direito/gozo (sujeito de direitos e deveres) + capacidade de fato/exercício (para exercer) =
capacidade civil plena.

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III – Conceitos correlatos à capacidade:

1º: Legitimação: capacidade especial para determinado ato ou negócio jurídico.

Exemplo (CC, arts. 1.647 e 1.649): a lei exige para determinados atos a outorga conjugal, sob pena de anulabilidade
(nulidade relativa). A outorga conjugal pode ser de duas espécies:

• Uxória: esposa.
• Marital: marido.

Dispositivos legais (referentes ao exemplo):

• Exemplo: CC, art. 1.647: “Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do
outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
(...)”.
• Consequência: CC, art. 1.649: “A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647),
tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de
terminada a sociedade conjugal”.

2º: Legitimidade: capacidade processual (CPC/15, art. 17 – CPC/73, art. 3º).

Observação n. 1: a própria Lei utiliza legitimação e legitimidade como expressões sinônimas, mas há distinção. Exemplo:
CC, art. 12, parágrafo único: “Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau”. A Lei utilizou a expressão
“legitimação” quando na verdade seria “legitimidade” (o “caput” prevê medidas processuais).

3º: Personalidade: soma de caracteres ou aptidões da pessoa. Significa aquilo que a pessoa é para si e para a sociedade
(Adriano de Cupis/Maria Helena Diniz).

Considerações a respeito da personalidade:

a) Distinção entre personalidade e capacidade:


• Personalidade (“queed”): essência.
• Capacidade (“quantum”): medida da personalidade (só um dos seus aspectos).

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b) Início da personalidade:

CC, art. 2º: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção,
os direitos do nascituro”.

Nascituro é aquele que foi concebido, mas ainda não nasceu. Há três correntes sobre a situação jurídica do nascituro:

• Teoria natalista: o nascituro não é pessoa, pois a personalidade começa do nascimento com vida (Silvio
Rodrigues, Caio Mario e San Tiago Dantas).
• Teoria da personalidade condicional: segundo o professor, essa teoria equivale à natalista. Segundo ela, o
nascituro é pessoa se nascer com vida (Washington de Barros Monteiro, Serpa Lopes e Arnaldo Rizzardo).
• Teoria concepcionista: o nascituro é pessoa, tendo direitos da personalidade desde a concepção (Silmara
Chinellato, Francisco Amaral, Maria Helena Diniz, Giselda Hinoraka, Alvaro Villaça, Pablo Stolze e Pamplona,
Cristiano Chaves e Rosenvald e Flavio Tartuce).

Além da doutrina contemporânea, a teoria concepcionista tem prevalecido no STJ:

• Cabe dano moral pela morte do pai do nascituro ocorrida antes do seu nascimento (REsp n. 399.028/SP e Ag.Rg.
no Ag.Rg. no AREsp n. 150.297/DF).
• Caso Rafinha Bastos x Wanessa Camargo (REsp n. 1.487.089/SP).
• O STJ tem posição consolidada de que cabe indenização por seguro DPVAT em favor do nascituro: REsp n.
1.120.676/SC (3ª Turma; ano: 2011) e REsp n. 1.415.727/SC (4ª Turma; ano: 2014).

Por fim, o Enunciado n. 1 (1ª Jornada de Direito Civil): “A proteção que o Código Civil de 2002 defere ao nascituro
alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura”.

1.2. Teoria das incapacidades. Os incapazes no Código Civil de 2002 (CC, arts. 3º e 4º)

I – Considerações sobre o Estatuto da Pessoa com Deficiência.

a) Tais dispositivos (artigos 3º e 4º do Código Civil) foram alterados pela Lei n. 13.146/15, o Estatuto da Pessoa com
Deficiência (EPD).

O EPD regulamenta a Convenção de Nova Iorque, a qual é um tratado de direitos humanos que tem força de emenda à
Constituição (CF, art. 5º, § 3º).

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b) Premissas fundamentais do EPD e da Convenção de Nova Iorque (art. 3º):

• Igualdade.
• Inclusão com autonomia.
• Vedação da discriminação.

A premissa que guiava o tema era “dignidade-vulnerabilidade”. Atualmente, ela foi substituída pela premissa
“dignidade-igualdade”.

c) A pessoa com deficiência passa a ser capaz.

Para os atos existenciais familiares sempre haverá capacidade plena. Exemplos (EPD, art. 6º): casar, constituir união
estável, praticar atos reprodutivos, adotar e exercer planejamento familiar.

As eventuais restrições somente atingem os atos patrimoniais (EPD, arts. 83 e 84). A regra passa a ser a tomada de
decisão apoiada para esses atos (CC, art. 1.783-A): procedimento judicial em que a própria pessoa com deficiência, por
sua iniciativa, indica apoiadores para auxiliá-la no ato (duas pessoas idôneas).

d) Somente em casos excepcionais caberá a ação de restrição para atos patrimoniais.

• CPC de 2015: ação de interdição relativa (art. 747 a 758)


• Estatuto da Pessoa com Deficiência: ação de instituição de curatela parcial (art. 84).

No direito posto, que está em vigor, a ação adotada seria a de interdição relativa (CPC).

II – Análise dos artigos 3º e 4º do Código Civil.

a) Antes do EPD:

Art. 3º: absolutamente incapazes (representação) Art. 4º: relativamente incapazes (assistência)
I – Menores de 16 anos (impúberes). I – Maiores de 16 e menores de 18 anos (púberes).
II – Enfermos e deficientes mentais sem discernimento. II – Ébrios habituais, viciados em tóxicos e pessoas com
discernimento reduzido.
III – Pessoas que por causa transitória ou definitiva não III – Excepcionais sem desenvolvimento completo
puderem exprimir vontade. IV – Pródigos.

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• Foram revogados os três incisos do art. 3º. A previsão do inc. I continua no “caput”; a do inc. II desapareceu do
sistema; e a do inc. III foi para o inc. III do art. 4º.
• No art. 4º foi retirada a menção à pessoa com discernimento reduzido (inc. II) e revogado o inc. III. Continuam
os incisos I e IV.

b) Após o EPD:

Art. 3º: absolutamente incapazes (representação) Art. 4º: relativamente incapazes (representação)
Menores de 16 anos (impúberes) - *1 I – Maiores de 16 anos e menores de 18 anos (menores
Observação: não existem mais maiores de idade que púberes) - *2
sejam absolutamente incapazes.
II – Ébrios habituais e viciados tóxicos. - *3
III – Pessoas que por causa transitória ou definitiva não
puderem exprimir vontade. - *4
IV – Pródigos. - *5

Observações (de acordo com os * acima):

*1 – CC, art. 3º: menores de 16 anos (impúberes).

No art. 3º há um critério etário de incapacidade absoluta o que independe de ação específica – não há ação de
interdição de menor de idade.

Cuidado: os menores impúberes podem praticar atos de menor complexidade, desde que demonstrem discernimento
bastante para tanto (Enunciado n. 138 – 3ª Jornada) (atos-fatos jurídicos).

*2 – CC, art. 4º, I: menores entre 16 e 18 anos (púberes).

No art. 4º, I há um critério etário de incapacidade relativa sem necessidade de ação específica – não há ação de
interdição de menor de idade.

O menor púbere pode praticar atos civis mais complexos sem assistência, por determinação legal. Exemplos: casar (com
autorização especial), fazer testamento, reconhecer filho, ser testemunha e aceitar mandato extrajudicial (“ad
negotia”).

Observações em relação à emancipação:

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▪ A emancipação está prevista no CC, art. 5º e nela há a antecipação dos efeitos da maioridade para data anterior aos 18
anos. Cuidado: o menor emancipado continua menor, mas passa a ser um menor capaz, para efeitos civis.

▪ Modalidades de emancipação:

• Voluntária: por concessão dos pais (escritura pública), tendo o filho 16 anos completos.
• Judicial: é aquela por suprimento do juiz, tendo o menor 16 anos completos.
• Legal:

✓ Matrimonial (casamento).
✓ Exercício de emprego público efetivo.
✓ Colação de grau em ensino superior.
✓ Estabelecimento civil/empresarial ou existência de relação de emprego, tendo o menor 16 anos
completos e recebendo economia própria (emancipação laboral ou profissional).

▪ Em regra, a emancipação é irrevogável, salvo nos casos de invalidação do casamento.

*3 – CC, art. 4º, II: ébrios habituais (viciados em álcool) e viciados em tóxicos.

Aqui há necessidade de uma ação de interdição relativa, com laudo médico, apontando a sentença quais os atos que a
pessoa pode praticar.

*4 – CC, art. 4º, III: pessoas que por causa transitória ou definitiva não puderem exprimir vontade – antiga previsão do
inc. III do art. 3º. Exemplo: pessoa em coma profundo: é relativamente incapaz, o que não tem o menor sentido - o PL n.
757/15 pretende corrigir este erro.

Observação: atualmente, o surdo-mudo, o cego e o senil são capazes, em regra.

*5 – CC, art. 4º, IV: pródigos: pessoas que gastam de maneira destemperada o seu patrimônio, o que pode reduzi-los à
penúria. Exemplo: viciado em jogo.
Observações:

• CC, art. 1.782: a sua interdição somente diz respeito a atos de disposição direta de bens (vender, doar,
emprestar, hipotecar, transigir).
• O pródigo pode se casar livremente? Sim, pois não se trata de um ato de disposição direta de bens.

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• O regime de bens do seu casamento é comunhão parcial, pois o pródigo não está no art. 1.641 do Código Civil
(separação obrigatória).
• Para fazer pacto antenupcial há necessidade de assistência, sob pena de anulabilidade? Correntes:

✓ Não (José Fernando Simão): não há previsão desse ato no art. 1.782 do CC.
✓ Sim (Carlos Roberto Gonçalves) (posição majoritária): o ato entra em “alienar”.

• O pródigo pode testar? Sim, pois o ato é de disposição “post mortem”, não havendo prejuízo a ele.

III – Observações finais sobre a teoria das incapacidades

a) O ausente não é absolutamente incapaz pelo Código Civil de 2002 – ele era pelo Código de 1916. Observações:

• Ausente é aquele que desapareceu sem deixar notícias (local incerto e não sabido).
• A ausência equivale à morte presumida.

b) Os índios, indígenas ou silvícolas não são relativamente incapazes pelo Código Civil de 2002 (art. 4º, parágrafo único).
A sua situação é regulada por lei especial (Lei n. 6.001/73 – Estatuto do Índio).

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