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Artigo 273, CP

Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins


terapêuticos ou medicinais.
Art. 273 – Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais:
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa
§1º – Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito
para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado,
corrompido, adulterado ou alterado.
§1º-A – Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as
matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em
diagnóstico.
§ 1º-B – Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em
relação a produtos em qualquer das seguintes condições:
I – sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente;
II – em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior;
III – sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua
comercialização;
IV – com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade;
V – de procedência ignorada;
VI – adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente.

 O objeto jurídico protegido pela norma é a saúde pública.

 Trata-se de crime hediondo o artigo e seus parágrafos.

 A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “falsificar”, “corromper”,


“adulterar” ou “alterar”.

 O sujeito ativo pode ser cometido por qualquer pessoa, uma vez que se trata de crime
comum.

 Incorre nas mesmas penas quem fabrica, vende, importa, tem em depósito para
vender, distribui ou entrega para consumo o alimento que sofreu as ações do caput.

 O sujeito passivo é a coletividade.

 O elemento subjetivo é o dolo.

 O momento de consumação do crime se com dá com a prática da conduta à


corromper, adulterar, falsificar ou alterar, pouco importando se sobrevêm ou não
prejuízo.

 Trata-se de crime formal de perigo abstrato.

 Admite a tentativa.

Culpa
Art. 273, § 2º – Se o crime é culposo:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Aumento de pena
Art. 285 – Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao
definido no art. 267.
Se do desastre doloso resultar lesão grave ou gravíssima, se aumenta a pena da metade; se
resultar em morte, do dobro. Se culposo aumenta-se, respectivamente, da metade e da pena
aplicada ao homicídio + 1/3.

Art. 258 – Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave,
a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em
dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se
resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.
ANÁLISE DO ARTIGO 273, CP: INTRODUÇÃO

A Lei dos Remédios (Lei nº 9.677/98) trouxe algumas mudanças aos artigos 272 a 277 do
Código Penal brasileiro, que tratam de crimes que envolvem substâncias que - quando adulteradas -
podem trazer prejuízos à saúde. Entre estas substâncias, estão os medicamentos, que passaram a ter
novas diretrizes para o seu tratamento na legislação pátria, porém, estas mudanças também
trouxeram alguns questionamentos na doutrina, como – por exemplo – os reflexos da equiparação
entre medicamentos e cosméticos, presente na conduta determinada pelo artigo 273 CP.

A redação do artigo 273 CP, que tipifica a conduta de “Falsificação, corrupção ou adulteração
de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais”, traz o seguinte dispositivo em seu caput: “
Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais”,
porém a Lei dos Remédios, adicionou ao artigo o § 1° - A, que diz: “ Incluem-se entre os produtos a
que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os
cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico”. Da inclusão deste parágrafo, surge a
equiparação, para os fins deste crime, entre produtos medicamentosos , cosméticos e saneantes.

A doutrina traz conceitos diferentes para medicamentos, cosméticos e saneantes, isso tendo
em vista a destinação de cada um desses produtos como também os diferentes efeitos que podem
causar no organismo humano. Daí surge o questionamento: se tais substâncias possuem propósitos
tão distintos e, consequentemente, geram resultados diferentes, como aquiescer com uma
correspondência, no Código Penal, entre as condutas de falsificar, corromper ou alterar remédios,
cosméticos e saneantes?

Com isso, na análise destas três figuras é preciso confrontar o art. 273 CP com os princípios de
Proporcionalidade e Ofensividade, ainda mais com a inclusão de tal artigo no rol de crimes
hediondos.

1 A LEI DE REMÉDIOS: LEI N°9677/98

A Lei nº 9.677/98 alterou dispositivos do Capítulo III do Título VIII do Código Penal, incluindo
na classificação dos delitos considerados hediondos crimes contra a saúde pública e dando outras
providências. Modificou ainda, de maneira significante a redação do artigos 273 a ser comentado,
suscitando assim discussões acerca de sua constitucionalidade tendo em vista a violação a
determinados princípios básicos do Estado Constitucional e Democrático de Direito.

A edição da Lei em questão corrobora a política criminal adotada pelo Legislador pátrio, a
qual se baseia em uma política criminal de extrema punição, sendo o Direito Penal visto como o
único instrumento de controle das mais diversas formas de criminalidade existente. Assim, é comum
no ordenamento Jurídico Brasileiro a inflação da legislação penal especial, com a edição de leis
penais modificativas que têm por escopo aumentar as penas e restringir os possíveis benefícios aos
acusados, tendo consequências nefastas para o funcionamento do sistema penal e para a
credibilidade do sistema judiciário. Adotando tal política, o Legislador por meio dessa lei especial,
aumentou de maneira desproporcional as penas cominadas aos delitos dos artigos 272 e 273 do
Código Penal, criando novas figuras típicas e ainda, considerou o crime previsto no artigo 273 § 1º , §
1º A e § 1º B do Código Penal como sendo crime hediondo.

1.1 O CRIME DE FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE


PRODUTOS DESTINADOS A FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS
Anterior à edição da Lei nº 9.677/98, o art. 273 do Código Penal tinha a seguinte redação:
"Alterar substância alimentícia ou medicinal: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa".
Porém, com a modificação que ocorreu, o artigo em questão começou a prescrever o seguinte:
“Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais”.
Analisando a estrutura do art. 273 atual, presente no Código penal, percebe-se que tem como bem
jurídico a incolumidade pública, ou seja, a saúde pública a ser protegida. Tal conduta tem como
sujeito ativo qualquer pessoa, sendo um crime comum e como sujeito passivo a coletividade
(MIRABETE; FABBRINI, 2011, p. 1575).

Tem o caput, tipo objetivo: falsificar (referir como verdadeiro algo que não é); corromper
(estragar, desnaturar, decompor); adulterar (modificar, mudar para pior o produto) e alterar
(modificar sua qualidade, podendo suprimir total ou parcial qualquer elemento da sua composição
substituindo-o por outro inferior). O elemento subjetivo presente é o dolo genérico, sendo a vontade
livre e consciente de falsificar, corromper, adulterar ou alterar com conhecimento da destinação a
consumo da substância e do perigo comum. Segundo Mirabete e Fabbrini (2011, p. 1576) não há a
necessidade de fim especial de agir.

É considerado crime plurissubsistente, uma vez que admite tentativa, e sua consumação se
dá no momento em que são praticadas as condutas previstas no tipo penal independente de
resultado (crime formal). Apresenta-se como crime comum já que qualquer pessoa pode ser sujeito
ativo tendo a coletividade (cuja saúde é posta em risco pelas condutas realizadas) como sujeito
passivo. Possui como objeto material os produtos que sejam destinados a fins terapêuticos ou
medicamentos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico (SEADI, 2002, p. 51-52).

É crime de perigo abstrato, embora existam doutrinadores que acreditem ser crime de perigo
concreto, como Rogério Greco, que afirma que o simples fato de colocar em perigo a incolumidade
pública já caracteriza o crime, não precisando, desse modo, de resultado para caracterizá-lo
(ANDREUCCI, 2007, p. 578).

Há as qualificadoras quando a partir daquela conduta do agente, resulte lesão corporal grave
ou morte. Sendo a pena aumentada para todos os casos, quando o agente agir com culpa ou com
dolo, bem como determinado o art. 258, que tem embasamento no art. 285 do Código Penal
(PRADO, 2008, p. 757 - 758).

A pena prevista é de dez anos de reclusão e máxima de 15 anos, sendo instituída por uma
ação penal pública incondicionada, sendo admitida ainda a forma dolosa, prevista no § 2o com pena
de detenção, de 1 a 3 anos, e multa.

2 A QUESTÃO DOS MEDICAMENTOS, COSMÉTICOS E SANEANTES

O crime do art. 273 CP, traz em sua redação - como elementos normativos - as figuras do
medicamento, cosmético e saneante e para uma que se possa compreender com precisão a conduta
descriminada pelo Código Penal e mesmo se propor uma reflexão sobre se as penas cominadas são
justas ou não, é preciso analisar a definição de cada uma dessas figuras.

Ao tratar deste crime, Cezar Roberto Bitencourt (2011a, p. 513) define medicamento como
sendo uma “substância destinada à cura ou ao alívio de doenças, bem como ao combate de males e
enfermidades; já cosméticos são definidos, pelo mesmo autor, como sendo “produtos destinados à
limpeza, conservação e maquiagem da pele” e saneantes são entendidos como produtos de limpeza
geral.
A própria Lei n° 5.991/73, que trata sobre o comercio de drogas, medicamentos, insumos
farmacêuticos e correlatos, qualifica medicamento como sendo “produto farmacêutico,
tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de
diagnóstico”, em complemento a esta ideia, Seadi (2002, p.53) afirma que estes produtos seriam
especialidades farmacêuticas próprias para auxiliar na prevenção, avaliação e cura da dor. Estes
conceitos ajudam a distanciar medicamentos de cosméticos e saneantes.

Trata-se de um fato de que por serem substâncias industrialmente manipuláveis os


cosméticos e saneantes podem desencadear reações no organismo, tais quais processos alergênicos,
porém estes efeitos são menos gravosos do que o que pode ser gerado por um remédio tarja preta
(aqueles que devem ser prescritos por receita médica e que podem causar dependência), por
exemplo. Logo,” falsificar, corromper, adulterar ou alterar” um desses remédios tarja preta não seria
a mesma coisa do que realizar as mesmas condutas com um produto cosmético ou um saneante,
pois as consequências não seriam as mesmas.

2.1 A IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA OFENSIVIDADE, PROPORCIONALIDADE E


RAZOABILIDADE PARA A DISCUSSÃO

Nesta discussão, é de grande relevância a análise de alguns Princípios constitucionais que


podem auxiliar na elucidação do debate sobre o art. 273 CP, no caso, é relevante a verificação dos
seguintes Princípios: Ofensividade, Proporcionalidade e Razoabilidade.

Quanto ao Princípio da Ofensividade, este pode ser entendido como aquele que mantém a
relação entre um bem jurídico tutelado e a uma conduta que gere uma lesão efetiva ou um perigo
concreto (DE JESUS, Damásio, 2010, p.52). Em relação ao Princípio da Proporcionalidade, Damásio
de Jesus (2010, p. 53) afirma que “a pena não pode ser superior ao grau de responsabilidade pela
prática do fato”. Além disso, Bitencourt (2011b, p.55) afirma que a Proporcionalidade deve obedecer
os seguintes parâmetros: adequação teleológica (finalidade política para qual uma lei é criada);
necessidade (“o meio não pode exceder os limites indispensáveis e menos lesivos possíveis à
conservação do fim legítimo que se pretende”; e proporcionalidade em strictu sensu (apregoa a
aplicação dos meios adequados para que se cumpra a lei, sem que - para isso – sejam usados
recursos desproporcionais).

Quanto ao Princípio da Razoabilidade, tem-se que este se assemelha à Proporcionalidade,


porém não são idênticos. A Razoabilidade é entendida como “aquilo que tem aptidão para atingir os
objetivos a que se propões, sem, contudo representar excesso algum” (grifo nosso)(BITENCOURT,
2011b, p. 57). Logo, percebe-se que a Razoabilidade não se assenta só em uma mesura ponderal
entre o que prescreve um crime e a pena que é dosada, mas sim em uma postura inteligível sobre a
necessidade do quantum de pena, funciona – como Bitencourt (2011b, p. 57) afirma – como um
controlador do Princípio da Proporcionalidade.

Na análise do caso em tela, observa-se uma inadequação da equiparação entre fármacos,


cosméticos e saneantes. Visto que os cosméticos e saneantes não possuem um poder de lesividade
tão grande quanto os remédios quimicamente manipulados, logo não são tão ofensivos, e a pena
estipulada para a conduta de “falsificar, corromper, adulterar ou alterar” estes produtos cosméticos
e saneantes não é proporcional e nem razoável considerando a necessidade da existência de um tipo
penal para coibir tal crime. Como afirma Seadi (2002, p.91-92):
A desproporcionalidade entre a possibilidade do dano ocasionado por uma dessas condutas
tipificadas no parágrafo 1° e a penalização correspondente é tamanha que a punição mínima
cominada no delito do artigo 273 do Código Penal é mais elevada que a do homicídio simples.

3 A INCLUSÃO DO ARTIGO 273 ENTRE O ROL DE CRIMES HEDIONDOS

Os crimes hediondos são tratados inicialmente na Constituição Federal, 1988, art°5, inciso
XLII, bem como são identificados como aqueles crimes repugnantes que geram indignação por parte
da sociedade. Posterior à Constituição Federal, foi criada uma legislação única com a tarefa de definir
alguns crimes como sendo hediondos e estabelecendo as regras que devem ser aplicadas a tais
condutas praticadas.A Lei nº 9.695/98 incluiu o art. 273 do Código Penal no rol dos crimes
hediondos, dando o mesmo tratamento ao agente que comete essas condutas com o que é dado aos
homicidas, traficantes, estupradores dentre outros encontrados no rol taxativo da Lei n° 8.072/1990.
Sem contar o aumento desproporcional da pena, incluindo os § 1º-A e o §1º-B ao artigo, § 1o (quem
importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou
entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado).

O legislador de 1998 considerou a conduta tipificada no art. 273 tão lesiva que ponderou que
a mesma deveria ser encaixada no rol dos crimes hediondos, regulado pela Lei no 8.072/90, sendo
encaixado em um crime que tenha alto grau de reprovabilidade por parte da sociedade uma vez que
tais condutas possuem um elevado potencial ofensivo sendo aplicados a eles uma punição mais
severa por parte do Estado. A pena inicial para os crimes hediondos é de dez a quinze anos de
reclusão e multa, ou seja, aquele que adulterar, por exemplo, um bronzeador, utilizando de uma
marca famosa para vender um produto cosmético de sua fabricação não causando nenhum dano
imediato à saúde, vai cumprir a pena equiparando-se a um crime de estupro de vulnerável.

Questionamentos como esse têm sido alvo de debates já que tornar hedionda essa fraude
em cosméticos seria uma maneira de desviar a atenção daquilo que é essencial, banalizando assim o
conceito de crime hediondo. Fere ainda princípios norteadores do Direito Penal, os assegurados na
Constituição Federal, bem como os direitos fundamentais que devem garantir aos cidadãos formas
de punição que devem ser proporcionais ao bem atingido, o que se percebe que não ocorre com a
legislação em tela (SEADI, 2002, p.48). Sendo assim, ao inserir o art. 273 CP no rol de crimes
hediondos apenas é levada em conta a importância do bem jurídico que é tutelado, ou seja, a saúde
publica, mas, equiparar cosméticos e saneantes a medicamentos é impróprio ainda quando são
incorridas as mesmas penas, sob o ponto de vista de tais condutas não possuírem a mesma
gravidade das que são inclusas na Lei de Crimes Hediondos.

4 CLASSIFICAÇÃO DO CRIME

Segundo CAPEZ, o crime consiste em: Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto
destinado a fins terapêuticos ou medicinais, com pena de reclusão de dez a quinze anos, e multa, a
tutela penal do referido crime é a saúde Pública.

Elementos Objetivos e Subjetivos do Tipo

a) Elementos Objetivos do Tipo: Trata-se de crime de ação múltiplas, que corresponde as


mesma do art. 272, difere, no entanto, quanto ao objeto material que são produtos
destinados para fins terapêuticos ou seja aquele destinado á prevenção, melhora ou cura de
doenças. Inclui-se entre os produtos, os medicamentos, as matérias-primas, os insumos
farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico.

b) Elemento Subjetivo do Tipo: É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de


corromper, adulterar, falsificar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais.

Sujeitos do Delito

a) Ativo: Qualquer pessoa (crime comum).

b) Passivo: Coletividade (sociedade), uma vez que se trata de crime contra a incolumidade
pública.

Consumação e Tentativa

a) Consuma-se com o ato de corromper, adulterar, falsificar ou alterar produto destinado a


fins terapêuticos ou medicinais, presume-se o perigo à coletividade, trata-se, portanto,
de crime de perigo abstrato. Não é necessário que o produto chegue a ser
comercializado ou consumido.
b) Admite se a tentativa.

Causas de Aumento, Agravantes e Atenuantes

É punido também quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de
qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado corrompido, adulterado ou
alterado.

De acordo com CAPEZ, se o crime é culposo, pena de detenção de três anos e multa, a
modalidade culposa não abrange a conduta falsificar, prevista no caput desde artigo. A qualificadora
para o artigo em estudo aplica-se o disposto no art. 258 CP, salvo quanto ao definido no art. 267.

Ação Penal

É crime de ação penal pública incondicionada. Portanto independe de representação do


ofendido ou seu representante legal É cabível a suspensão condicional do processo na modalidade
culposa (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
 FALTA CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DO CRIME (SE É CRIME
COMUM, FORMAL, UNISSUBJETIVO, ETC);
 FALTA JURISPRUDÊNCIAS SOBRE O CRIME;
 FALTA PONTOS CONTROVERTIDOS SOBRE A LEI DE DROGAS E
SOBRE O CONTRABANDO.
FAVOR ACRESCENTAR AQUI ANTES DA CONCLUSÃO PARA O
ESTUDO DOS COLEGAS E REENVIAR NO EMAIL DE CADA UM.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, considerando-se a redação atual do art. 273 CP e de sua posterior inclusão
no rol de crimes hediondos, percebe-se que a equiparação entre medicamentos, cosméticos e
saneantes afronta os Princípios da Ofensividade, Proporcionalidade e Razoabilidade, pois há uma
inadequação entre a conduta em si com a dosimetria da pena cominada.

Além disso, a classificação como crime hediondo é errônea, pois – ao se valorar apenas o bem
jurídico do resguardo à saúde pública – desconsidera-se a conduta em um plano fático, que – na
prática – é menos gravosa que as demais também consideradas hediondas.

Artigo 274, CP
Emprego de processo proibido ou de substância não permitida
Art. 274 – Empregar, no fabrico de produto destinado a consumo, revestimento,
gaseificação artificial, matéria corante, substância aromática, anti-séptica,
conservadora ou qualquer outra não expressamente permitida pela legislação
sanitária:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

 O objeto jurídico protegido pela norma é a saúde pública.


 A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “empregar”.
 Trata-se de lei penal em branco, uma vez que depende de complementação efetuada por outra
lei.
 O sujeito ativo pode ser cometido por qualquer pessoa, uma vez que se trata de crime comum.

Objeto material: produto fabricado e destinado a consumo (qualquer tipo de produto).

Lei penal em branco homogênea (legislação sanitária).

Elemento subjetivo: dolo. Não admite modalidade culposa.

Tentativa: admite (crime plurissubsistente).

Ação penal: pública incondicionada.

OBJETIVIDADE JURÍDICA

O bem jurídico penalmente tutelado é a saúde pública.


OBJETO MATERIAL

É o produto fabricado e destinado a consumo, compreendido como todo material produzido


em razão da intervenção humana, resultante de qualquer processo ou atividade, para ser utilizado
ou ingerido por um número indeterminado de pessoas. Não pode ter como destinatários indivíduos
certos e determinados, pois o art. 274 do Código Penal encontra-se capitulado entre os crimes contra
a incolumidade pública.

O fato de a lei referir-se ao “fabrico de produto destinado a consumo” autoriza a conclusão


no sentido de que o objeto material não se restringe unicamente às substâncias alimentícias ou
medicinais, podendo a conduta típica recair sobre qualquer tipo de produto destinado a consumo, a
exemplo dos artigos de perfumaria ou de higiene pessoal, brinquedos, roupas e calçados.

Imagine-se, a título ilustrativo, que durante a fabricação de um perfume venha a ser utilizada
substância aromática não expressamente permitida pela legislação sanitária. Nesse caso, é patente o
risco acarretado pela conduta, atentatória à saúde pública, pois revela-se idônea a causar irritações
na pele, alergias e outros danos aos destinatários do produto.

NÚCLEO DO TIPO

O núcleo do tipo é “empregar”, ou seja, utilizar ou aplicar alguma coisa. Nas lições de
Damásio E. de Jesus: O fato se perfaz com a conduta de utilizar, no fabrico de produto destinado a
consumo, revestimento (o invólucro que cobre o produto), gaseificação artificial (processo utilizado
na fabricação de refrigerantes ou de certas bebidas alcoólicas), matéria corante (substância utilizada
para dar cor aos alimentos), substância aromática (substância empregada para conferir determinado
aroma aos alimentos), substância antisséptica (substância utilizada para evitar a fermentação de
alimentos), conservadora (substância que retarda ou impede a deterioração de alimentos) ou
qualquer outra não expressamente permitida pela legislação sanitária (substâncias estabilizantes,
acidulantes, flavorizantes etc.).

Na parte final do art. 274 do Código Penal, o legislador valeu-se da interpretação analógica
(ou intra legem), contida na expressão “ou qualquer outra não expressamente permitida pela
legislação sanitária”, pois a imaginação humana e o avanço tecnológico impedem a previsão em lei
de todas as substâncias não permitidas expressamente pela legislação sanitária.

Além disso, cuida-se de lei penal em branco homogênea, pois o preceito primário depende
de complementação, a ser efetuada por outra lei. Com efeito, o intérprete precisa socorrer-se da
legislação sanitária para saber quais substâncias não são expressamente permitidas no tocante ao
fabrico de produto destinado a consumo.

SUJEITO ATIVO

O crime é comum ou geral. Pode ser cometido por qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO

É a coletividade (crime vago).

ELEMENTO SUBJETIVO

É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. Não se admite a modalidade


culposa.
CONSUMAÇÃO

Trata-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado: consuma-se


no momento em que o sujeito emprega, no fabrico de produto destinado a consumo, revestimento,
gaseificação artificial, matéria corante, substância aromática, antisséptica, conservadora, ou
qualquer outra não permitida expressamente pela legislação sanitária, pouco importando se
sobrevém ou não dano a alguém.

Constitui-se também em crime de perigo comum e abstrato, pois a lei presume, de forma
absoluta, o perigo à saúde pública, ou seja, a situação de risco à saúde de pessoas indeterminadas.

TENTATIVA

É possível, em face do caráter plurissubsistente do delito, permitindo o fracionamento do iter


criminis.

Exemplo: “A”, proprietário de uma fábrica clandestina de refrigerantes, adquire matéria


corante não expressamente permitida pela legislação sanitária, para empregá-la no fabrico da
bebida. Contudo, vem a ser surpreendido por fiscais da vigilância sanitária no instante em que iria
iniciar a mistura proibida e prejudicial à saúde pública.

AÇÃO PENAL

A ação penal é pública incondicionada.

LEI 9.099/1995

A pena mínima cominada ao delito é de um ano. Cuida-se, portanto, de crime de médio


potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, desde que presentes os
demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995.

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

O emprego de processo proibido ou de substância não permitida é crime comum (pode ser
cometido por qualquer pessoa); formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado
(consuma-se com a prática da conduta criminosa, prescindindo-se da superveniência do resultado
naturalístico); de perigo comum e abstrato (a lei presume a situação de perigo à saúde pública); de
forma livre (admite qualquer meio de execução); vago (tem como sujeito passivo um ente destituído
de personalidade jurídica, qual seja, a coletividade); instantâneo (consuma-se em um momento
determinado, sem continuidade no tempo); em regra comissivo; unissubjetivo, unilateral ou de
concurso eventual (pode ser praticado por uma só pessoa, mas admite o concurso); e normalmente
plurissubsistente (a conduta criminosa pode ser fracionada em diversos atos).

FORMAS QUALIFICADAS PELO RESULTADO: ART. 285 DO CÓDIGO PENAL

O art. 285 do Código Penal determina a incidência das regras contidas em seu art. 258 ao
crime de emprego de processo proibido ou de substância não permitida. Embora a lei tenha utilizado
a expressão “formas qualificadas pelo resultado”, cuidam-se de causas de aumento da pena.

Portanto, se do fato resultar lesão corporal de natureza grave (ou gravíssima), aumentar-se-á
pela metade a pena privativa de liberdade; se resultar morte, aplicar-se-á a pena em dobro. São
hipóteses de crimes preterdolosos, pois o resultado agravador (lesão corporal grave ou morte) há de
ser produzido a título de culpa.
CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR

Se a conduta consistir na exposição à venda ou venda de mercadoria ou produto alimentício,


cujo fabrico haja desatendido a determinações oficiais, quanto ao peso e composição, estará
caracterizado o crime tipificado pelo art. 2.º, inc. III, da Lei 1.521/1951 – Crimes contra a Economia
Popular, punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

 FALTA JURISPRUDÊNCIAS SOBRE O CRIME;


 FALTA PONTOS CONTROVERTIDOS.

FAVOR ACRESCENTAR AQUI ANTES DA CONCLUSÃO PARA O


ESTUDO DOS COLEGAS E REENVIAR NO EMAIL DE CADA UM.

CRIME HEDIONDO: FALSIFICAR, CORROMPER,


ADULTERAR OU ALTERAR PRODUTO DESTINADO A FINS
TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS

A Lei n.º 9.695, de 20 de agosto de 1998, alterou a Le i n.º 8.072, de 25 de julho de 1990,
para incluir, no rol de delitos hediondos, o crime de "falsificação, corrupção, adulteração ou
alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais", previsto no art. 273 do Código
Penal, sujeitando os infratores às penas de 10 a 15 anos de reclusão e multa. Antes de 1998 esse
crime não era considerado hediondo, ou seja, o crime previsto no art.273 do CP não era considerado
tão gravoso (conceito de crime hediondo: crime de extremo potencial ofensivo, o qual se denomina
crime “de gravidade acentuada”). Os crimes hediondos causam uma repulsão social muito grande
haja vista a ação ilícita, a sua gravidade e meios pelo qual o executou. Contudo, a tipificação do crime
do art. 273 do CP ainda sofre muitas críticas, pois de acordo com a sua redação, equipara produtos
cosméticos e saneantes aos medicamentos e viabiliza uma desproporcionalidade quanto à pena
instaurada e o dano causado. Para tanto, será analisado o tipo em questão, observando suas
peculiaridades e analisando sua redação, entendendo por que foi acrescido no rol dos crimes
hediondos.

A nova nomenclatura condenatória despertou muita perplexidade à época e ainda hoje, nos
aplicadores da lei e especialistas. De fato, com a edição da Lei Nº 9.677/98, a pena mínima desse
ilícito passou a ser elevada em dez vezes e a máxima em cinco, circunstância merecedora de efetiva
reflexão.

Nesta perspectiva, algumas questões são relevantes:

· Qual o motivo do legislador elevar o crime previsto no art.273 do Código Penal ao rol
de crime hediondo?

· Existem críticas feitas por doutrinadores e aplicadores do Direto a tal norma legal?
A Constituição da República apresentou em seu art. 5º, XLIII, uma determinação para o
legislador infraconstitucional, para que este desse tratamento penal mais severo à prática da tortura,
ao terrorismo, ao tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e aos crimes hediondos.

A Lei dos Crimes Hediondos – Lei Nº 8.072/90 – é a legislação infraconstitucional que


representa esta grande transformação. A partir dela o Direito Penal passou a abordar de maneira
diferenciada determinados crimes; estes que, segundo legisladores, são de maior gravidade social,
justamente por serem considerados bem mais repugnantes e desprezíveis.

Diante disso, faz-se relevante a abordagem do princípio da proporcionalidade. Tal princípio é


considerado implícito e segundo Paulo Bonavides,

Constitui-se no instrumento mais poderoso de garantia dos direitos


fundamentais contra possíveis excessos perpetrados com o preenchimento do
espaço aberto pela Constituição ao legislador para atuar formulativamente
no domínio das reservas legais[1].

No entanto, com fulcro no princípio da proporcionalidade, o constituinte reservou aos crimes


de menor potencial ofensivo tratamento penal mais brando, enquanto que, aos considerados de
maior repercussão social e jurídica, aplica-se tratamento penal mais severo. O legislador
constitucional se incumbiu de fazer esta distinção ao elencar os crimes supracitados no texto do
referido art. 5º, XLIII. Pela gravidade exacerbada que possuem e pela nocividade social que
representam, podendo até mesmo ser considerados mais graves que os crimes hediondos, já foram
arrolados na própria Constituição Federal.

DESENVOLVIMENTO

O art.273 que relata os crimes de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de


produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e estabelece o seguinte:

Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a


fins terapêuticos ou medicinais:

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem
em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o
produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.

§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os


medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os
saneantes e os de uso em diagnóstico.

§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no
§ 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições:

I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária


competente;

II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso


anterior;

III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua


comercialização;
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade;

V - de procedência ignorada;

VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária


competente.

Modalidade culposa

§ 2º - Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Antes de 1998 este crime não era considerado hediondo, todavia com o intuito de proteger o
ser humano e considerando a gravidade que a falsificação, adulteração e demais verbos arrolados no
tipo penal causam à vítima, esse crime foi elevado ao status de hediondo.

De acordo com Cezar Roberto Bitencourt[2], o bem jurídico protegido é a segurança pública,
ou seja, a saúde pública, uma vez que se trata de um crime que poderá afetá-la e causar grande
impacto.

O sujeito ativo do crime pode ser qualquer indivíduo que pratique uma das ações
discriminadas no tipo penal independentemente da qualidade de produtor ou comerciante.
Consequentemente, o sujeito passivo é a coletividade que terá a saúde lesada e colocada a perigo
pela ação do sujeito ativo como também os que foram prejudicados por adquirirem os produtos
falsificados, corrompidos, adulterados ou alterados.

O tipo penal traz como núcleos os seguintes verbos:

1- Falsificar: dar ou referir como verdadeiro o que de fato não o é;

2- Corromper: estragar, infectar;

3- Adulterar: contrafazer, deturpar;

4- Alterar: modificar, transformar.

Será responsabilizado da mesma maneira, quem importar, ou seja, fazer vir do exterior,
vender, comercializar, expor à venda, tiver em depósito para vender, distribuir ou entregar a
consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.

Pelo que se constata, trata-se de um crime comissivo, pois o tipo é composto de ações e não
omissões, necessitando da atuação ativa do sujeito, sendo que qualquer um está pré-disposto a
acometer o crime, sendo tratado, portanto, como crime de perigo comum.

Para alguns autores, como Damásio E. de Jesus[3], há a possibilidade de concurso de pessoas


neste delito, caso em que o empregado o comete em comum acordo com o seu patrão, desde que
haja “ a)pluralidade de condutas; b)relevância causal de cada uma; c) liame objetivo; d) identidade de
infração para todos os participantes.”

O elemento subjetivo é o dolo representado pela vontade consciente de praticar qualquer


uma das condutas arroladas no tipo penal. Ressalta-se que no caput do artigo não há exigência de
elemento subjetivo especial do tipo, nas demais hipóteses exige-se esse elemento, que consiste no
especial fim de agir – para vender – do §1º.
O crime está consumado na prática de qualquer dos atos descritos, sendo possível ocorrer a
tentativa uma vez que as condutas contém uma seqüência, ou seja, faz-se necessário vários atos para
que ocorra o delito.

A doutrina o trata como um crime comum, vez que não exige qualquer qualidade ou
condição especial do sujeito ativo, formal, pois o crime não causa transformação no mundo exterior
e permanente, nas modalidades de “terem depósito” e “expor à venda”.

Retomando aos questionamentos propostos no início deste artigo tem-se o seguinte: Qual o
motivo do legislador elevar o crime previsto no art.273 do Código Penal ao rol de crime
hediondo?

Necessário se faz contextualizar a época em que foi publicada da Lei dos Remédios – Lei Nº
9.677/98 – uma vez que foi em um período de especial comoção social quando a empresa Schering
do Brasil produziu determinado lote do medicamento anticoncepcional - MICROVLAR – de conteúdo
totalmente ineficaz. São as famosas pílulas de farinha. Após adquirirem o medicamento e o
ingerirem, determinado número de mulheres engravidou o que ocasionou no ajuizamento de várias
ações de indenização contra a empresa, uma vez que esta se silenciou acerca dos fatos durante um
longo período. Depois de várias denúncias realizadas pelos meios de televisão, a empresa trouxe à
tona a alegação de que teria ocorrido um roubo de um dos lotes do produto, o que não foi
confirmado.

Posteriormente a este caso, surgiram vários outros medicamentos vendidos no Brasil que
sofreram falsificações em suas fórmulas, como o adulterado antibiótico Trioxina, o Merthiolate
vermelho e outros como o Androcur, falsificado na forma de farinha, utilizado para o tratamento de
câncer de próstata.

Para se combater estas práticas perigosas é que foi publicada a Lei Nº 9677 de 02 de julho de
1998, que passou a prescrever elevadas sanções para as condutas acima descritas, tais como
falsificar, corromper, adulterar ou alterar o produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.

A pressão para que fossem agravadas as conseqüências do delito foi provocada pelos meios
de comunicação da época e a opinião pública. Estes passaram a exigir do Congresso rigor no combate
a tal crime.

O crime do art. 273 do Código Penal foi qualificado como hediondo pela Lei Nº 9695 de 20 de
agosto de 1998, sendo que esta foi editada para corrigir falhas na Lei Nº 9677/98. Segundo Capez[4]
“acrescentou à Lei 8072/90 o inciso VII-B, no qual passou a constar o delito do art.273 do CP no rol
legal dos crimes hediondos”.

Existem críticas feitas por doutrinadores e aplicadores do Direto a tal norma legal?

Há diversas críticas acerca do parágrafo 1ºA do art. 273, cuja redação admite-se a ocorrência
de tal crime também em medicamentos, matérias-primas, insumos farmacêuticos, cosméticos,
saneantes e de uso em diagnósticos. Houve uma desproporção ao enquadrar tais delitos como crime
hediondo. Cosméticos são para uso externo e destinados a embelezamento, saneantes consiste em
produtos de limpeza, com fim de manter o ambiente limpo. Alguns doutrinadores como Luiz Regis
Prado[5] afirmam que “é por isso que a elaboração feita pelo legislador infraconstitucional vem
sendo devidamente criticada: desrespeitaram-se princípios constitucionais, quais sejam o da
subsidiariedade e da proporcionalidade.” Sendo assim, a Lei 9695/98 é uma das leis mais
controversas do ordenamento jurídico, pois fere princípios e limites da intervenção penal, devido a
pena prevista que é de 10 a 15 anos de reclusão e multa.
CONCLUSÃO

Diante do exposto, conclui-se que a qualidade de ser hediondo do crime previsto no art.273
do Código Penal apresenta diversos questionamentos que devem ser observados e discutidos pela
sociedade. O que o considera hediondo é a ofensa aos princípios da proporcionalidade e da
ofensividade em face do quantum da pena cominada. Não há como equiparar, na sua ofensibilidade
à saúde pública, produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais a meros cosméticos, ou seja,
produtos que servem ao embelezamento ou à preservação da beleza ou a simples saneantes,
produtos dirigidos à higienização ou à desinfecção ambiental. São tais produtos qualitativamente
autônomos e não suportam uma igualdade conceitual, nem devem receber, por isso, o mesmo
tratamento punitivo, fazendo com que haja uma desproporção entre o desvalor do injusto e a
gravidade da pena.

O legislador deveria ter se atentado à finalidade dos produtos antes de inserir os cosméticos
e saneantes no rol de produtos terapêuticos e medicinais, uma vez que fica contraditória a inserção
de tais produtos, e a fixação da pena que varia de dez a quinze anos. Nesse ponto, sem dúvida, pode-
se sustentar a falta de proporcionalidade entre a pena cominada e o possível resultado gerado pelo
delito.

Os agentes que praticam os crimes previstos no artigo 273 do Código Penal recebem o
mesmo tratamento que aqueles que cometem homicídio, tráfico de drogas, estupro entre outros.
Verifica-se, notoriamente a violação do princípio da proporcionalidade, que exige que se faça um
juízo de ponderação sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou posto em perigo
(gravidade do fato), e o bem de que pode alguém ser privado (gravidade da pena).

Desta forma, conclui-se que a maiorias dos juristas entende que o crime descrito no art.273
do CP, fere tanto o princípio constitucional da proporcionalidade, sendo, considerado, portanto,
inconstitucional, já que a desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um mandamento
obrigatório, mas a todo sistema jurídico, ou seja, o legislador agiu mais pela emoção do que pela
razão e legalidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITENCOURT, Cezar R. Tratado de direito penal: parte especial. 3. ed. São Paulo: Saraiva,
2008. v. 4.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 11ª ed. revista, atualizada e ampliada.
São Paulo: Malheiros Editores, 2001. p. 386.

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte geral, volume I, 7ª ed. revista e atualizada.
São Paulo: Saaraiva, 2004, p.512.

JESUS, Damásio E. de. Direito penal, volume 1 : parte geral / Damásio de Jesus. — 32. ed. —
São Paulo : Saraiva, 2011.

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