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A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não
o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia se passam
muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece [...] A
experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer
um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que
correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar,
pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar
para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a
opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo
da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos,
falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros,
cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e
espaço (LARROSA, 2002, p. 21 – 24).
Para o autor a leitura é o ato de se colocar em confronto com o texto, uma
leitura que ultrapasse a compreensão adentrando ao campo da experiência. Em
outras palavras, como a leitura de um determinado livro ou autor pode auxiliar a
interpretar o mundo de outra forma, de sentir os encontros com o mundo de uma
forma que ainda não sabemos experimentar.
A leitura aqui tem a relação direta com a subjetividade, pensar a leitura como
algo que nos transforma, ou seja, a leitura que nos passa:
É preciso existir um leitor ativo diante do texto, que coloque a sua própria
condição de leitor em jogo no que estar a ler, produzir uma relação entre texto e
subjetividade na eminência da emergência de um novo sujeito.
Letramento
É possível dizer que o letramento é uma “invenção” dos anos 80, é nesse
momento que o letramento começa a ser construído em diferentes países no Brasil
letramento, illettrisme, na França, literacia, em Portugal (SOARES, 2017)
O letramento é carregada de toda uma posição que opera de forma distinta da
alfabetização, o que segundo Kleiman (2005), o letramento assume um novo
significado, uma nova perspectiva cuja a função é colocar sobre uma nova ótica a
prática social da escrita e da leitura.
O letramento emerge na necessidade de se pensar novas abordagens
teóricos-metodológicas acerca do uso da leitura e da escrita. Ambas estavam
condicionada por muito tempo a princípios de pessoas letradas e iletradas.
Brasil essa nova perspectiva epistemológica foi designada como Estudos de
Letramento, a forma como a escrita e a leitura são utilizadas assume papeis socias
carregados de pluralidade e de heterogeneidade, imbrincados nas estruturas de
poder das sociedades.
A princípio se faz necessário diferencia alfabetização de letramento.
Alfabetização é compreendida como: ensinar a ler e escrever, interpretação e
compressão de códigos e símbolos alfabetização pode se entendida como uma
prática que visa o individual. O letramento sua vez é: uma prática que visa um
alcance social, fazer com que a escrita e a leitura sejam condicionadas as práticas
sociais cotidianas (KLEIMAN; ASSIS 2016).
Kleiman (2005), letramento não busca uma simplificação que acabe por
negar evidente hierarquização das práticas sociais, sejam elas: macroinstituicional,
as metodológicas etnográficas ou as metodológicas analíticas discursivas. Para
autora o letramento é uma concepção diversificada e multicultural das práticas que
envolvem a língua escrita:
SOARES, M. Letrar é mais que alfabetizar. Jornal do Brasil, 26 nov 2000. Disponível
em < http://www.quintalmagico.com.br/educar-e/letrar-e-mais-que-alfabetizar.html>
Acesso em 25/08/2019.
SOARES, M. Letramento: como definir, como avaliar, como medir. In: Letramento:
um tema em três gêneros. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2017a. cap. 3, p. 61–
121. ISBN 978-85-86583-16-2.