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Introdução
à Sagrada
Escritura
(02 créditos – 40 horas)
Autor:
José Edmilson Schinelo
Palavras-chave:
1. Revelação 2. Cânon 3. Inspiração 4. Geografia da Palestina
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Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe
multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que
norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do
seu curso.
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Objetivo Geral
Propiciar noções gerais acerca dos temas introdutórios às Sagradas Escrituras
judaico-cristãs, incluindo os conceitos de inspiração e verdade bíblica, informações sobre
geografia e história da Palestina, o processo de surgimento e redação dos textos e as
orientações da Igreja para o correto estudo da Bíblia.
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 75
ATIVIDADES ....................................................................................................... 77
Avaliação
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A prova presencial tem peso 7,0 e as atividades virtuais têm peso 3,0. Portanto, para calcular a
Média, o procedimento é o seguinte:
Se a Média Semestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda
poderá fazer o Exame. A média entre a nota do Exame e a Média Semestral deverá ser igual
ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina.
O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu
cronograma e tenha um controle de suas atividades:
Atividade 1.1
Ferramenta: Tarefas
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Atividade 2.1
Ferramenta: Questionário
Atividade 2.2
Ferramenta: Tarefas
Atividade 3.1
Ferramenta: Tarefas
Atividade 4.1
Ferramenta: Tarefas
Atividade 5.1
Ferramenta: Tarefas
* Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o
calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem).
** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade.
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BOAS VINDAS
Olá!
É muito bom ter você conosco! Você sabe que está começando um curso
acadêmico, desejo que muita gente em nosso país ainda não consegue realizar! Além
disso, trata-se de um curso de Teologia. Muitos repetirão a velha pergunta: “o que você vai
ganhar com isso?”. Possivelmente, você tem a resposta em seu coração, mas nem sempre
ela se traduzirá em palavras. E para algumas pessoas, as palavras não adiantariam, visto
que outra é a lógica do mercado. O mundo capitalista não é capaz de entender quem
deseja trilhar os caminhos de uma espiritualidade solidária e de um conhecimento mais
profundo acerca do transcendente e da experiência de fé das pessoas. Partilhamos de sua
alegria! Trilharemos juntos/as esse caminho.
Nesta disciplina, você é convidado/a a olhar a Bíblia com os olhos da fé, mas
também com a ajuda de outras ferramentas que as ciências nos oferecem. Algumas coisas
serão uma revisão do que você já viu em sua comunidade de fé. Outras poderão se
apresentar como novidade maior. Será uma matéria introdutória ao estudo da Bíblia.
Um abraço!
Edmilson Schinelo
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Pré-teste
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INTRODUÇÃO
Querido/a acadêmico/a,
Você está diante de um duplo desafio: por um lado, está iniciando um curso
acadêmico. Isto significa que seu olhar sobre a Bíblia continuará sendo um olhar de fé, a
partir de sua experiência pessoal e comunitária, mas com o acréscimo de outros critérios e
com ajuda de novas ferramentas e de outras ciências. Com certeza, isso será oportunidade
de crescimento, mas que precisa ser conjugado com o segundo esforço: não queremos
transformar o texto bíblico apenas num objeto de estudo. A Palavra de Deus continuará
sendo força transformadora e alimento para nossa espiritualidade cotidiana. A cada etapa
do processo, assuma conosco o compromisso de sempre valorizar essas duas dimensões.
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UNIDADE 1
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Seguimos aqui, com autorização do autor, a reflexão proposta por Ildo Bohn Gass (o título, inclusive é dele).
Cf. GASS, Ildo Bohn. Porta de Entrada da Bíblia. Série Uma Introdução à Bíblia. Vol 1. São Leopoldo/São Paulo:
CEBI/Paulus, 2003. Sugerimos que você adquira este livro pela linguagem simples e pela boa quantidade de
informações sobre Introdução à Bíblia.
2
A melodia normalmente cantada nas comunidades é de autoria da compositora metodista Simei Monteiro.
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Para quem usa traduções que não seguem o original hebraico (como é o caso da Bíblia da Ave Maria), é o
Salmo 118.
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A teologia é “um esforço de pensar o mistério... mistério que deve ser dito e não
calado, comunicado e não guardado para si” (GUTIÉRREZ, 1987). Por isso, a Palavra Divina
continua na vida do povo, nas comunidades. É o Divino Espírito, brisa divina, Ruáh,4 que
agiu na criação, na libertação do Egito, em Jesus e nas primeiras comunidades. É o mesmo
espírito que continua a agir na humanidade e no cosmos. Pense na profundidade dessa
teologia, expressada a seguir em forma de poesia, na canção Um hino ao Divino, de Zé
Vicente:
4
Ruáh é o termo hebraico traduzido depois para Pneuma (grego) e Espírito (português). É um termo feminino,
por isso a tradução “brisa”.
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Fonte: http://migre.me/h0xyB. Para ouvir a canção, acesse: http://migre.me/h0m3U.
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Além de ser lâmpada para os pés e luz para o caminho (cf. Sl 119,105), a Palavra
Divina que encontramos na Bíblia nos ajuda a crer em Deus e a ter a vida em Jesus (cf. Jo
20,30-31), a nos corrigir e a nos manter na retidão (cf. 2Tm 3,14-17), a verificar a solidez
da fé (cf. Lc 1,1-4). A Bíblia não nos foi legada para que creiamos nela, mas para que,
através dela, creiamos em Deus (cf. Jo 20,30-31). Não esqueçamos que crer é testemunhar
(Mt 7,21-27).
“Crer é uma experiência vital e comunitária; o mistério deve ser acolhido na oração
e no compromisso, é o momento do silêncio e da ação” (GUTIÉRREZ, 1990). É importante
não se esquecer deste dado para que sejamos capazes de, verdadeiramente e de coração
aberto, escutar o que Deus tem para nos dizer, do jeito que Deus quer nos dizer.
Portanto, mesmo num curso acadêmico, estudar a Bíblia é colaborar com a força
do Espírito nesse grande mutirão que quer tornar realidade ainda hoje o que de fato
significa a Palavra de Deus: acontecimento concreto na vida do mundo, encarnação (Jo
1,14). Por isso, insistimos: a Palavra de Deus é, acima de tudo, como a luz de um farol que
indica o caminho por onde andar. E não apenas ilumina. É também luz que aquece nossa
esperança e nosso coração. Nela encontramos sentido para a vida, como lemos no relato do
Caminho de Emaús (cf. Lc 24,13-35).
25-26). A Bíblia aqui não é utilizada para propósitos de ensino, não quer passar ou reforçar
uma doutrina. Jesus recorre à Bíblia para iluminar a realidade de sofrimento, de angústia,
de vida sem perspectivas daquelas duas pessoas.
Fonte: http://migre.me/gWjYJ
O curso também pretende (com rigor acadêmico, mas não se fechando a isso e
nem partindo disso) perscrutar as Escrituras com o auxílio também das ciências modernas,
percorrendo caminhos da pesquisa exegética moderna, sob a orientação da Igreja. Por isso,
será importante dedicarmos especial atenção ao que nos diz a Igreja sobre a leitura, o
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estudo e a vivência das Sagradas Escrituras. Três documentos nos acompanharão mais de
perto e vamos sempre recorrer a eles:
Quantas vezes você já ouviu a expressão “sentar-se à mesa”? Quantas vezes você
fez isso com sua família, amigos e amigas? Era essa a prática mais comum de Jesus! Mas a
mesa é elemento importante de
todas as culturas.
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como uma mesa, em não sendo assim, ficaremos a balançar, não teremos firmeza. É em
função e a partir da nossa Vida real e cotidiana que vamos ao texto sagrado (por isso, aliás,
é sagrado).
É para a nossa Vida que buscamos luzes, motivações, força, ânimo. Buscamos
descobrir a vontade (o desígnio/desejo) de Deus para transformar nossas vidas e a Vida
nas/das Igrejas e na sociedade, a fim de que estas se pareçam um pouco mais com o Reino
de Deus. Não por menos, repetimos diariamente: “Venha a nós o teu Reino!” (Mt 6,10; Lc
11,2).
Uma segunda imagem: Mesa significa espaço de partilha da palavra. Nós mesmos,
quando precisamos dialogar com uma pessoa ou grupo, costumamos dizer: “vamos sentar à
mesa”. A mesa nos congrega, faz-nos sentar ao seu redor, sugere a comunhão, a
comunidade. É na mesa que partilhamos a comida, o cotidiano, as ideias e os sentimentos.
Tirar a mesa é tirar a comunhão. Assim também, a leitura bíblica certamente será mais rica
se feita em comunidade, “ao redor de uma mesa”. Leia com atenção o que nos diz a Dei
Verbum:
A terceira imagem: mesa significa comida repartida. É sonho de Deus que seus
filhos e filhas tenham vida abundante (Jo 10,10). O Reino de Deus é sempre comparado
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Eis os textos: Mc 6,30-44 e 8,1-10; Mt 14,13-21 e 15,32-39; Lc 9,10-17; Jo 6,1-15.
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A letra do texto, seu sentido literal, é importante. Mas importa acima de tudo
buscar o seu sentido teológico, o seu espírito. Lemos em 2 Cor 3,6 que “a letra mata, mas o
Espírito é que dá vida”. Como aponta o Salmo 1, como nos alertam os profetas e as
profetizas, as Escrituras querem mostrar o caminho da justiça.
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Para maior aprofundamento ler: CRB. Leitura Orante da Bíblia. Col. Tua Palavra é Vida. V. 1.São Paulo: Loyola,
1990.
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tiveram que explicar a si mesmas e aos outros por que a parusia prometida (a manifestação
gloriosa da vinda de Cristo) tardava tanto e não acontecia imediatamente, como Paulo e
os/as primeiros/as discípulos/as acreditavam. Em função disso, a base de toda teologia é a
esperança do Reino de Deus e a elaboração espiritual (não só intelectual) desta espera
(LAFONT, 1999). Foi necessário então, que a memória do Ressuscitado (que é o mesmo
Crucificado), aquilo que Ele disse e fez, fosse reinterpretada gradativamente e fosse
transmitida, primeiro por meio da tradição oral, depois através de escritos que, mais tarde,
vieram a ser o que chamamos de Segundo Testamento ou Novo Testamento.
Desta forma, tanto a teologia como a formação cristã geral se afastaram muito da
Bíblia. De tal forma que para muita gente, mesmo com a facilidade de acesso ao texto
(graças à invenção da imprensa), a Bíblia se tornou livro de gabinete ou enfeite de estante.
No Brasil Império, por exemplo, era comum conventos de religiosos e famílias nobres
possuírem no centro da casa uma estante para a Bíblia e no centro do pátio um pelourinho
para que os negros escravizados fossem chicoteados. Já não se fazia mais qualquer ligação
entre Bíblia e Vida.
Com o Concilio Vaticano II, tanto a teologia como a vida da Igreja passou
novamente a se deixar interrogar pela Bíblia. O Evangelho voltou a ser a referência. Muito
rapidamente, volta a se espalhar um desejo de se conhecer e viver a Palavra. Na América
Latina, de forma especial, floresce um forte movimento bíblico, na busca de se matar a sede
da Palavra. E a Bíblia volta a impulsionar o testemunho profético. Milhares de irmãos e
irmãs deram a vida pela missão a partir do apelo escutado na Bíblia. Dom Oscar Romero,
bispo católico de El Salvador, assassinado no dia 24 de março de 1980, é um exemplo.
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bíblico: ler a Bíblia para iluminar a Vida. Fez-se e ainda se faz a atualização da leitura do
Êxodo.
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na “construção teológica” de que a Igreja é no “novo Povo de Deus”, expressão tão cara à
religião judaica.
Além disso, também os samaritanos, desde antes de Cristo, sempre fizeram uso do
Pentateuco como seu livro sagrado (ainda que numericamente menores, os samaritanos
existem até os dias de hoje como grupo religioso autônomo). Antes de ser um “livro
cristão”, portanto, a Bíblia foi e é um livro judeu-samaritano.
Fonte: http://migre.me/mskTN
Saber que a Bíblia é um livro que compartilhamos entre diversas religiões e culturas
não empobrece sua importância para nós cristãos. Até porque preservamos uma chave de
leitura específica, que para nós é ponto de
partida e ponto de chegada: o evento da
Ressurreição. Este dado de fé dá um novo
sentido a cada texto, tanto do Primeiro como
do Segundo Testamento (mais adiante
explicaremos o motivo do uso desta
terminologia).
Quando ainda era escuro...
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Nos itens 6 e 7 você vai observar que as imagens retratam figuras negras. Trata-se de um “exercício de
mudança de óculos”. Se não é possível afirmar que Jesus era negro, também não há como afirmar que fosse
branco. Mas normalmente não estranhamos quando vemos pinturas em que Jesus é retratado com cabelos
loiros e olhos azuis (versão europeia). As imagens utilizadas são um trabalho dos “Pintores de Mafa”, de
Camarões. Confira www.jesusmafa.com.
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Os evangelhos não são biografia de Jesus. Quando foram escritos, não tinham a
intenção de narrar nos detalhes o que se passou com o Nazareno. Com certo grau de
humor, costumamos dizer o seguinte: se quisermos saber direitinho como foi a vida de
Jesus, teremos que esperar nossa ressurreição e perguntar a ele. Mas é possível que a
pergunta não faça mais sentido. Agora, se
desejamos conhecer a experiência que as
primeiras comunidades fizeram à luz do que
Jesus disse e fez, aí sim podemos ler os
evangelhos. E como as comunidades eram
diferentes entre si, é normal que um mesmo
fato a respeito da vida de Jesus tenha sido
registrado de forma diferente por cada O anúncio a Maria
comunidade.
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O texto que segue é extraído de SCHINELO, Edmilson. O porquê das diferenças entre os evangelhos.
Disponível em http://www.cebi.org.br/noticias.php?secaoId=21¬iciaId=5137. Acesso em: 24 out. 2014.
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Para nosso olhar de fé, sabemos que a inspiração divina permitiu essa
multiplicidade de relatos exatamente para que pudéssemos seguir aprendendo que as
diferenças nos enriquecem e nos complementam. Se assim não fosse apenas um evangelho
teria sido suficiente. As diferenças entre os evangelhos, portanto, são fruto em primeiro
lugar da vontade divina. Mas também de outras condições. Vejamos algumas.
Esta é uma das razões pelas quais um relato difere do outro (confira, a título de
curiosidade, o relato do episódio de Jesus caminhando sobre as águas na versão de Mc
6,45-52 e na versão de Jo 6,16-21; se quiser, confira também com Mt 14,22-33). Veja
também como a oração do Pai Nosso é diferente em Lc 11,1-4 e em Mt 6,9-13.
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seriam diferentes as histórias de sua vida se escritas nos anos que sucederem sua morte
por gente ainda sofrendo ameaças, das histórias contadas por seus familiares e escritas por
um neto seu que não o conheceu pessoalmente, 30 anos depois, já vivendo no Rio de
Janeiro. Bem diferente seria também uma versão escrita por uma pessoa de algum país
europeu que apenas escutou relatos orais. É impossível que a situação de quem escreve
não se reflita no texto.
c) Destinatários diferentes
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Mateus ele diz que os discípulos não devem entrar em terras de samaritanos (Mt 10,5). O
evangelho de Lucas tem como destinatárias as comunidades cristãs do mundo greco-
romano, menos presas às tradições judaicas. O texto de Mt 10,5 não caberia no evangelho
de Lucas.10
No essencial os evangelhos
A filha de Jairo
coincidem: Deus envia seu filho ao mundo, ele
forma um grupo de seguidoras/es e vive
servindo aos pobres; sua forma de agir acaba
desagradando as autoridades judaicas e
romanas e por esse motivo é assassinado na
cruz; mas ressuscita e as primeiras
anunciadoras do novo são as mulheres. Esse
fio comum perpassa os quatro relatos: Marcos, Mateus, Lucas e João.
Outro exemplo: na
genealogia de Mateus, Jesus é
descendente de Abraão (Mt 1,2).
Como Abraão é pai do povo de Israel,
Jesus é, portanto, um bom judeu. Já
em Lucas, Jesus não é descendente
apenas de Abraão, mas de Adão (Lc
3,38). Em sua visão mais
Visita dos Magos
universalista, Lucas apresenta Jesus
10
Marcos tem bastante influência aramaica, pode ter sido fruto de comunidades judaicas da Palestina (apesar de
muitos acharem que teve sua redação final em Roma. A redação final de João pode ter se dado na Ásia
Menor, mas as tradições do “Discípulo Amado” são mais antigas e devem remontar às primeiras comunidades.
O assunto será aprofundado no momento oportuno.
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Outro exemplo é a última frase que Jesus teria dito na cruz, antes da morte.
Enquanto Marcos cita o Salmo 22,2 (Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste!), Lucas
cita o Salmo 31,6: Em tuas mãos entrego o meu espírito!
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f) Um exercício prático
Tomemos o relato das
mulheres indo ao túmulo na
madrugada da ressurreição,
presente nos quatro evangelhos: Mc
16,1-8; Mt 28,1-10; Lc 24,1-11 e Jo
20,1-18. Muitas diferenças podem
ser observadas entre os relatos.
Propomos aqui que identifiquemos
O túmulo vazio
apenas algumas, com base na
resposta às seguintes perguntas: a)
quem são as mulheres que vão ao túmulo na madrugada da ressurreição? Quem está lá
para avisar as mulheres que Jesus está vivo ou para dirigir-lhes alguma palavra? Qual a
reação das mulheres?
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UNIDADE 2
Com certeza, muitas das informações que serão apresentadas nesta unidade já são
de seu conhecimento. É importante, entretanto, que você faça uma boa revisão. Em relação
às informações novas, você poderá ampliá-las com a pesquisa pessoal. Leia com atenção,
interaja e converse com seus/suas colegas de sala virtual. E, principalmente, confira os
textos bíblicos sugeridos.
11
O termo hebraico berit e sua tradução grega diatéque significam tanto o acordo realizado (aliança) como a
expressão deste pacto (testamento). Foi Tertuliano (por volta do ano 200) que cunhou a expressão Novo
Testamento, na época em que começam a surgir as primeiras listas de livros do que viria a ser o NT.
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cristãs, constitui-se como aliança definitiva: o envio do Seu próprio Filho ao mundo (Mc
12,16; Rm 8,3).
Gn Js Is Sl
Ex Jz Jr Jó
Lv (1+2)Sm Ez Pr
Nm (1+2)Rs 12 ”Profetas Rt
Dt Menores” Ct
Os Jl Am Ab Jn Mq Ecl
Na Hab Sf Ag Zc Ml Lm
Est
Dn
Esd-Ne
(1+2)Cr
Observe como se forma a sigla TaNaK:
- Torah (que na Bíblia Cristã corresponde ao Pentateuco);
- Nebiîm (os nossos livros Históricos + os Profetas)
- Ketubîm (de maneira geral, correspondem aos nossos Sapienciais)
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mesma época da invasão do Brasil pelos portugueses, era muito forte o entusiasmo por
redescobrir a cultura da Antiguidade. Foi o tempo em que, na Europa, se redescobriram as
obras de arte e de literatura da Grécia, de Roma, etc. Havia a ideia de “voltar às fontes”
mais antigas. Outra razão é porque algumas práticas da Igreja Católica Romana,
combatidas por Lutero, eram legitimadas, recorrendo-se a textos desses livros do cânon
grego. Esse clima influenciou a Igreja e, por isso, Lutero defendeu a ideia de que era
preciso voltar ao texto hebraico do Primeiro Testamento, que era o mais antigo da Bíblia.
Além da diferença básica (o tempo em que foram escritos, antes de Cristo e depois
de Cristo), transcreveremos aqui outras diferenças apontadas por Ildo Bohn Gass (2005ª,
p.18-19). Compare com atenção.
Enquanto o Primeiro Testamento levou uns mil anos para ser escrito, o Segundo
foi escrito no período de apenas uns cem anos. O processo é sempre o mesmo: o fato
acontece, é transmitido de boca em boca por tradição oral, espalha-se por vários grupos
em lugares diversos, é celebrado e só depois é fixado por escrito.
O Segundo Testamento foi todo escrito em grego, enquanto a maioria dos livros do
Primeiro foi escrita em hebraico e algumas partes em aramaico. Os que foram escritos em
grego (Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc) não fazem parte da
Bíblia Hebraica, adotada pelas Igrejas Evangélicas.
d) Quase todo o Primeiro foi escrito em Israel. O Segundo foi escrito em vários
lugares.
Há também diferenças de cultura e de lugar. A maior parte do Primeiro Testamento
foi escrita ou editada em Israel. Só o livro do profeta Ezequiel, do Segundo Isaías (capítulos
40 a 55), partes do Pentateuco (Gn 1-11, por exemplo), bem como alguns Salmos foram
escritos na Babilônia. Já os livros do Segundo Testamento foram escritos em vários lugares
com situações diferentes: Síria, Grécia, Ásia Menor, Roma.
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As informações resumidas neste e nos próximos parágrafos podem ser ampliadas com a leitura do
capítulo 7 de MANNUCCI, Valério. Bíblia, Palavra de Deus: curso de introdução à Sagrada Escritura.
São Paulo, Paulinas, 1985, p. 108-124.
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13
Informações extraídas de WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento. 4. ed. São Paulo: Paulus; São
Leopoldo: Sinodal, 2005, p. 41.
14
S. Jerônimo, Praef. In 2 Chron. Eusebii: PL 27,223. Apud MANNUCCI, 1985, p. 13.
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Roterdan, e depois reimpresso por outras Parte da página 336 do NT em grego de Erasmo, o
pessoas. primeiro "Textus Receptus". O destaque é uma
parte de Jo 18. Fonte: http://migre.me/h2PwC
Observe esta evolução por meio do
gráfico abaixo .16
15
A expressão foi usada pela primeira vez no prefácio da segunda edição do NT grego publicada pelos irmãos
Elzevir em 1633: “Textum ergo habes nunc ab omnibus receptum, in quo nihil immutatum aut corruptum
damus”. Disponível em http://www.theopedia.com/Textus_Receptus. Acesso em 13/dez/2013.
16
Extraído de WEGNER, Uwe, 2005, p. 45.
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- Da Héxaplas: http://www.gutenberg.org/files/36610/36610-h/36610-h.htm
- De antigos papiros:
- http://ccat.sas.upenn.edu/rak//lxxjewpap/PGiessB.jpg
- http://ccat.sas.upenn.edu/rak//lxxjewpap/PLitL202b.JPG
- http://ccat.sas.upenn.edu/rak//lxxjewpap/POxy1075.jpg
- Do Código Sinaítico:
- http://www.snpcultura.org/vol_codex_sinaiticus_um_dos_maiores_tesouros_escritos_mundo.html
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voltada para a liturgia, isso é, para servir como base de todos os folhetos litúrgicos, e outros
textos emanados a partir da CNBB.
Bíblia Ave Maria – traduzida por frei João José Pedreira de Castro, é uma
adaptação da tradução francesa dos Monges de Maredsous (Bélgica). Vem
sendo editada no Brasil desde 1958. É uma Bíblia que harmoniza as
dificuldades existentes no texto. É vista como uma Bíblia para a oração. É
editada pela Ave Maria.
Que critério adotar a escolha de uma Bíblia? Em primeiro lugar, é sempre bom ter
mais do que uma edição. A diversidade e a comparação sempre enriquecem. É bom ter
clareza do uso que deseja fazer do texto sagrado. Para aprofundar o estudo, indicamos a
Bíblia de Jerusalém, a Bíblia do Peregrino e Almeida.
É bom ter cuidado com as chamadas versões bíblicas para crianças. Normalmente
elas trazem o texto bíblico sem nenhuma anotação crítica e apresentam grandes mudanças
na linguagem, o que por vezes pode introduzir distorções acentuadas em relação ao
original. Continua em voga o uso de publicações intituladas “História(s) Sagrada(s)”, e
também é preciso ter alguma cautela com sua utilização. Antes do Concílio Vaticano II, era
corrente no meio católico a publicação desse tipo de coletânea bíblica, composta a partir de
uma seleção arbitrária de textos. Descontextualizados, os textos podem induzir o leitor a
interpretações que nem sempre se aproximam efetivamente do que o texto se propunha a
dizer. Além disso, os textos escolhidos têm a tendência de reforçar o machismo e o
patriarcado (com raras exceções, quase sempre se “esquece” das mulheres!).
acompanhado por notas críticas, incluindo em alguns casos referências aos manuscritos
originais e às variações que eles apresentam.
Lembre-se de que uma Bíblia de estudo, por melhor que seja, será sempre fruto do
esforço teológico de um grupo de exegetas e outros especialistas bíblicos. Isso significa que
as anotações paralelas tendem a serem modificadas – incorporando os avanços na pesquisa
bíblica e as novidades na Teologia, a cada nova edição do texto sagrado.
Uma dica importante: procure ter em sua casa pelo menos duas versões bíblicas
sendo que uma delas deve ser tipicamente de estudo. É salutar para o aprofundamento nos
estudos bíblicos dedicar atenção ao modo como as diversas versões bíblicas lidam com os
textos. Para um/a estudante da teologia, é fundamental que suas leituras bíblicas sejam
acompanhadas pelo uso sistemático de comentários aos textos bíblicos, pois neles se
encontram os debates teológicos e as interpretações atualmente mais aceitas. É comum que
existam divergências e mesmo contradições entre os comentários bíblicos, cabendo ao leitor
fazer uma síntese própria.
- Introdução aos livros: a maioria das Bíblias traz um breve comentário para cada livro,
indicando aspectos estruturais referentes à organização e divisão do texto, como também
algumas informações no que se refere aos conteúdos teológicos presentes no texto.
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Algumas Bíblias possuem também uma introdução aos grandes blocos temáticos, tais como
Pentateuco, Profetas, Evangelhos, Cartas Paulinas etc.
- Concordância bíblica: presente em algumas edições, este recurso é muito utilizado nos
estudos bíblicos populares e mesmo na catequese. Em geral, a concordância bíblica está no
final da Bíblia, sendo organizada por ordem alfabética dos principais vocábulos, veja como
exemplo um fragmento extraído da Bíblia TEB:
- Mapas: Esse é um recurso essencial para que se possa entender onde estão Israel, os
povos com os quais se relacionou ao longo de sua história, as regiões e as divisões políticas
por que passou a região. Através dos mapas, percebe-se a geografia da região e, de forma
mais elaborada, pode-se chegar até mesmo a visualizar o uso teológico da realidade natural
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- http://www.descomplicandoabiblia.com/mapas-biblicos/
- http://mapasbiblicos.blogspot.com.br/
- http://www.bibliafacil.com.br/mapas.php
- Notas de rodapé, ao pé de página e/ou nas laterais do texto: são anotações feitas pelo
tradutor ou pelo editor da Bíblia. As notas refletem as posições teológicas do tradutor e, por
isso, há grande diversidade em seu conteúdo. Sua função é auxiliar a leitura por meio de
informações complementares ou apontar ligações existentes entre aquele texto e outros
textos bíblicos. Veja como exemplo um fragmento do evangelho de Mateus na versão bíblica
da TEB:
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Repare que existem duas maneiras de oferecer mais informações sobre o texto
bíblico. Na primeira delas, observe a lateral do texto onde estão indicadas passagens
bíblicas diretamente relacionadas ao tema tratado no versículo. Exemplificando, olhe o
versículo 7, nele menciona-se que Salomão gerou a Roboão. Agora veja na lateral da página
a citação bíblica sugerida (1Cr 3,10-14). Escolha outra anotação e procure relacioná-la com
o vocábulo e/ou versículo bíblico. Sempre que você queira aprofundar seu conhecimento
sobre a importância de um texto bíblico, esse deve ser um dos recursos utilizados.
A outra forma de anotação que aparece no texto é aquela que fica na parte de
baixo, também chamado de RODAPÉ, ali existem diversas informações que também serão
muito úteis no estudo e na reflexão bíblica. Na nota “a” você encontra uma leitura de
conjunto sobre os primeiros capítulos do evangelho de Mateus; já na letra “c”, há um
esclarecimento sobre o sentido do vocábulo gerar. Escolha outra passagem bíblica e
exercite o uso desse recurso didático.
Sempre que encontrar na leitura bíblica algum versículo em que apareçam moedas,
pesos e medidas existentes no tempo de Jesus e/ou da Primeira Aliança, é conveniente que
você procure verificar o que isso realmente significa. Os autores bíblicos podem aguçar seus
ouvintes/leitores fantasiando valores ou medidas, para que estes percebam em
profundidade a mensagem que o texto quer trazer. Um exemplo: 1Rs 10,14 afirma que
Salomão recebia por ano 666 talentos de ouro (evidentemente um exagero). Neste caso, é
importante manter o original, porque é o único lugar do Primeiro Testamento em que este
número aparece. Mas é importante saber o quanto seria em quilos, quase 23.000! Ou seja,
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o texto pode ser uma denúncia da exploração de Salomão sobre seu povo, assim como o
Império Romano explorou depois as comunidades cristãs (Ap 13,18).
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- Uso litúrgico dos textos bíblicos: poucas Bíblias trazem esse recurso, interessante para
leitores/as que gostam de acompanhar no dia-a-dia as celebrações em sua comunidade.
Verifique em sua Bíblia se ela oferece esse recurso e identifique as leituras propostas para
esta semana. Como exemplo apresentamos um fragmento retirado da Bíblia Pastoral:
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UNIDADE 3
“Cânon” é uma palavra grega que significa régua (uma cana mesmo, instrumento
usado para medir). Cânon, portanto, quer dizer “medida”, “norma” ou “lista”. Na tradução
grega do livro de Gênesis, por exemplo, o termo cânon é utilizado para falar de uma medida
- nossas bíblias costumam traduzir por “cesto” – onde se colocavam os pães ou outros
alimentos (cf. Gn 40,16-18).
Nos primeiros séculos do Cristianismo, o termo “cânon” era utilizado para designar
as normas de fé e as regras de vida que cabiam no “cesto” da Igreja, o que não fugia àquilo
que as comunidades entendiam como tendo sido herança de Jesus e do período apostólico.
Esse emprego do termo perdurou até o século III. A partir do século IV, entretanto, o termo
passou a designar a relação de “livros bíblicos tidos como inspirados”.
O cânon bíblico é, portanto, a relação dos livros reconhecidos pela Igreja como
inspirados, propostos aos fiéis como Palavra de Deus. Livros canônicos são aqueles
considerados “na medida certa” da Palavra de Deus, isto é, aqueles que foram reconhecidos
como inspirados por Deus e formam o conjunto da Sagrada Escritura. Por isso são a
“medida” para avaliar a fidelidade da nossa caminhada. São o conjunto de escritos que
servem de guia à nossa caminhada de fé. Ajudam a julgar se estamos ou não no mesmo
rumo da estrada da fé que seguiram nossos antepassados (cf. Hb 11).
O processo de definição do cânon tem uma longa história e não é o mesmo para
todas as denominações cristãs. Pelo ano 400, Jerônimo, que coordenou a tradução da Bíblia
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para o latim (Vulgata), chamou os sete livros que não constam na “Bíblia Evangélica” de
“deuterocanônicos”.17 Deutero, em grego, significa segundo. Então, deuterocanônico
significa, por assim dizer, “canônico de segunda lista”. Note-se que alguns desses livros,
como Judite, Tobias e Eclesiástico foram escritos primeiramente em hebraico, mas o original
se tinha perdido. Quando os rabinos fixaram a lista dos livros sagrados, nos anos 80 d.C.,
eles ficaram excluídos do cânon judaico, possivelmente porque só havia cópias em grego.
Com certa ingenuidade, muita gente imagina que o Segundo Testamento tenha
ficado pronto já na era apostólica ou no máximo, no final do primeiro século. É importante
saber que, apesar do uso antigo dos atuais 27 livros, a definição do cânon é bastante tardia.
A bem da verdade, portugueses e espanhóis já haviam invadido o continente americano,
matavam os povos indígenas, escravizavam negros em nome da Bíblia, e ainda havia
discussões e debates em torno do cânon.
Não se preocupe se não entender tantas datas e nomes agora. Mas para saber
como foi complexa a formação do cânon do Segundo Testamento, veja as informações que
apresentaremos a seguir de forma resumida.
17
A distinção entre protocanônicos e deuterocanônicos foi retomada mais tarde por Sixto de Siena (sec. XVI).
Apesar de imprecisa (na verdade não havia no início uma lista fechada), perdura até hoje no mundo católico.
Eusébio de Cesareia preferiu falar de omologoumenoi e antilegoumenoi ou amphiballomenoi.
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A primeira lista de livros do que veio a ser mais tarde o Segundo Testamento data
do ano 200. É um documento conhecido como Código de Muratori. Nessa lista, entretanto,
não são citadas a carta aos Hebreus, a carta de Tiago e as duas cartas de Pedro. Orígenes
(sec. III) questionou a autoria de 2 Pedro e 2 e 3 João. O cânon claromontano (que
remonta ao sec. IV) não cita a carta aos Hebreus. O cânon monseniano (cerca de 360) não
cita Hebreus e Judas. O Códice Sinaítico (sec. IV) inclui na lista do Novo Testamento a Carta
de Barnabé e um livrinho muito agradável conhecido como Pastor de Hermas; o Códice
Alexandrino (sec. V) considera como inspiradas e inclui as duas cartas de São Clemente.
Até o século VI, alguns pais da Igreja continuavam levantando dúvidas sobre a
carta aos Hebreus, a carta de Tiago, as duas de Pedro, a Segunda e Terceira de João, a
carta de Judas e o Apocalipse. Os principais argumentos para as dúvidas eram os seguintes:
Hebreus e a Segunda Carta de Pedro têm um estilo diferente das Cartas de Paulo e da
Primeira de Pedro respectivamente. Em Tiago e Judas, algumas questões doutrinais
pareciam suspeitas. A temática da Segunda e Terceira Cartas de João parecia muito
comum. O Apocalipse parecia muito obscuro. Todos esses questionamentos voltaram com a
Reforma Protestante no século XVI. Diante da polêmica com os reformadores, a Igreja
católica reafirmou o cânon tradicional do Segundo Testamento no Concílio de Trento em
1546.
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Livros apócrifos são aqueles livros que não estão no cânon da Bíblia. Apócrifo é uma
palavra grega e quer dizer “oculto”, “guardado”. Usa-se essa terminologia porque os livros,
embora tenham sido escritos na época bíblica ou pouco depois, não constam no cânon e
são apresentados como uma manifestação de Deus revelada somente depois de ficar muito
tempo “oculta”.
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Os principais livros “apócrifos” que não constam nem no cânon evangélico nem no
católico, são assim classificados:
a) Apócrifos judaicos:
b) Apócrifos cristãos:
Além dos livros canônicos, dos deuterocanônicos e dos apócrifos, existem ainda
outros documentos mencionados pela Bíblia, mas dos quais não se têm mais notícias. Foram
perdidos.
No Primeiro Testamento, são citados: o “Livro das Guerras de Javé” (Nm 21,14); o
“Livro do Justo” (Js 10,13; 2Sm 1,18); o “Livro dos Anais de Salomão” (1Rs 11,41); o “Livro
dos Anais dos Reis de Judá” (1Rs 14,29); o “Livro dos Anais dos Reis de Israel” (1Rs 15,31).
No Segundo Testamento, Paulo fala de cartas suas que se perderam e não são conhecidas
por nós. Isso pode ser conferido em 1Cor 15,9.
Tais informações nos permitem concluir que o cânon que hoje temos em nossas
Bíblias é fruto de uma seleção. Foi preciso optar entre deixar fora alguns livros e incluir
outros. Essa seleção foi determinada por situações de conflito na Igreja e de debates
teológicos acalorados. A intenção principal foi selecionar um conjunto de escritos que
servissem de guia à caminhada de fé. No caso do Segundo Testamento, caíram no
esquecimento e no desuso especialmente os textos que não valorizavam tanto a divindade
como a humanidade de Jesus.
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O Pentateuco (em hebraico, Torah) é atribuído a Moisés pela tradição judaica. Mas
nenhum desses livros traz informação alguma a respeito de quem seria o seu autor. Além
de ninguém ter assinado os textos, o final da obra narra a própria morte e o sepultamento
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de Moisés (Dt 34). Mesmo assim, ainda hoje, a comunidade judaica atribui a Moisés a
redação do Pentateuco (cf. Jo 5,46).
É evidente que não foi Moisés o autor desse conjunto de livros. É possível que a
redação das Escrituras tenha se iniciado na época do rei Salomão. Cerca de 300 anos
separam, então os fatos do êxodo e a época em que se fez uma primeira redação a seu
respeito. Por que então associar o Pentateuco com Moisés?
Certamente isso se deve ao fato de Moisés ter sido o grande personagem que, ao
lado de Mirian e Aarão, liderou a fuga do
Egito e a caminhada pelo deserto. Ora, a
tradição antiga coloca a doação da lei no
monte Sinai, quando Moisés estava com
o povo no deserto. Consequentemente,
a tradição posterior passou a atribuir a
Moisés tudo o que tivesse a ver com lei.
E mais ainda. Passou a atribuir a Moisés
a própria autoria de todos os escritos a
respeito da lei.
Fonte: http://migre.me/h044S
Se Moisés tivesse escrito o livro
do Deuteronômio, provavelmente falaria na primeira pessoa (“eu comecei a inculcar esta
lei...”) e não na terceira pessoa (“Moisés começou a inculcar esta lei...” – Dt 1,5). E, como
já dissemos, não há como Moisés descrever sua própria morte.
A autoria de quase metade dos Salmos é atribuída a Davi, que tinha a fama de
poeta e cantor. Além disso, segundo os livros das Crônicas, Davi foi o grande promotor do
culto em Jerusalém. Tudo isso fez de Davi uma figura intimamente ligada à oração. Então
se atribui a ele a autoria dos Salmos, possivelmente em sua homenagem.
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UNIDADE 4
Na tradição da igreja católica sempre se afirmou que Deus é o ‘autor’ da Bíblia’, por
isso, o livro sagrado foi ‘escrito’ pela vontade divina. Na cultura judaica e mesmo nas
primeiras comunidades cristãs, não havia nenhuma dificuldade em perceber o mistério de
Deus intervindo diretamente na formação das comunidades e alimentando-as pelos
sacramentos e por suas palavras. A Dei Verbum ajuda a entender isso melhor ao afirmar
que:
(...) para escrever os livros Sagrados, Deus escolheu homens, que utilizou
na posse das faculdades e capacidades que tinham, para que, agindo Deus
neles e por meio deles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores,
tudo aquilo e só aquilo que ele quisesse (DV 11).
Afirmar a inspiração divina dos livros que compõe a Bíblia não é acreditar em
‘mágica’ ou mesmo aceitar que Deus manipula o ser humano lhe ditando as palavras a
escrever (Tomás de Aquino afirmava que Deus é o autor principal e o ser humano é o autor
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instrumental, mas um instrumento que interage). Pelo contrário, é perceber que a Bíblia
“não caiu pronta do céu”. Deus não se revela de forma mágica, nem ditou a Bíblia para
alguém. Por outro lado, revelou-se na experiência de vida, no cotidiano das pessoas e do
povo.
Conclua essa reflexão lendo em sua Bíblia: 2Tm 3,14-17; 2Pd 1,20-21.
A Bíblia é, sim o livro das verdades de nossa fé. Entretanto, nossa dificuldade
muitas vezes esteve no fato de compreendermos verdade bíblica a partir da lógica do
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O alcance da verdade bíblica está naquilo que importa à nossa salvação e não em
outros conhecimentos de ordem natural, científica e até mesmo cultural. Além disso, é bom
saber que a Bíblia não transmite verdades acabadas, mas uma Verdade que vai sendo
descoberta, revelada: o próprio Deus.
Uma questão que precisa ser vista com muito cuidado é a confusão de quem
afirma que a Bíblia contém tudo o que o ser humano, de todos os tempos, precisa para ser
feliz. Esta posição teológica recebe o nome de fundamentalismo e ela basicamente surgiu
no final do século XIX como uma reação ao liberalismo teológico (principalmente o método
de leitura bíblica histórico-crítico). Foi sistematizada em 1940 pelo pastor batista Walter
Conner, no livro A Doutrina Cristã. O fundamentalismo parte do pressuposto de que tudo
deve estar fundado na Palavra de Deus, pois a Bíblia é infalível, contém as verdades
necessárias à vida cristã e social. Onde houver discordância entre a Bíblia e a ciência
moderna, o cristão deve ficar com a Bíblia. Onde houver diferenças quanto a usos e
costumes, deve prevalecer a opinião expressa no texto sagrado.
A inspiração divina dos textos bíblicos só pode ser percebida quando entramos em
diálogo com a vida concreta do povo, quando situamos nossa existência diante de um Deus
que usou a história para caminhar conosco. A fé no Emanuel (Deus conosco) passa
necessariamente pela história e pelo que nela fazemos em nome de Deus.
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Eis os documentos: Carta encíclica Providentíssimus Deus (PD), de Papa Leão XIII,
em 1893; Carta encíclica Spiritus Paraclitus (SP), de Papa Bento XV, em 1920; Carta
encíclica Divino Afflante Spiritu (DAS), Papa Pio XII, em 1943; Instrução Sancta Mater
Ecclesia, da Pontifícia Comissão Bíblica, 1964; Constituição dogmática Dei Verbum (DV),
documento do Concílio Vaticano II, 1965; A Interpretação da Bíblia na Igreja, da Pontifícia
Comissão Bíblica, 1993; e a exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, de Bento XVI,
2010.
Por tradição apostólica entende-se a continuidade das ações da Igreja nesses dois
mil anos de cristianismo. Apesar de crises na igreja e na própria sociedade, a mensagem
cristã sempre se fez presente, pois o Espírito Santo assegurou que nunca faltassem
testemunhas fiéis da Boa Notícia. A tradição apostólica é indicativa de que mesmo com suas
limitações a igreja é um sinal da aproximação do Reino de Deus. A Dei Verbum, em seu
número 9, demonstra a vinculação entre tradição e sagradas Escrituras:
Derivando ambas da mesma fonte divina, formam como que uma coisa só e
tendem ao mesmo fim. Com efeito, a sagrada Escritura é palavra de Deus
enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição,
por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos apóstolos a
palavra de Deus, confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos
apóstolos, para que os sucessores destes, com a luz do Espírito de verdade,
conservem-na, exponham-na e difundam-na fielmente na sua pregação.
18
Durante a preparação do Concílio Vaticano II e em alguns de seus documentos conclusivos, essa expressão
designa o que está ocorrendo de novo na realidade, seja da igreja ou da sociedade. Não se trata de qualquer
novidade, mas daquilo que provoca na igreja novo ímpeto missionário, criatividade e capacidade de ampliar o
sentido do testemunho cristão no presente.
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impedindo o diálogo da fé e da Bíblia com outras ciências. Aos poucos, esta mentalidade
vem sendo superada.
Já no final do século XIX, o pontificado de Leão XIII impulsionou os estudos
bíblicos. Mas foi o Vaticano II que abriu caminhos para o diálogo entre a fé, o estudo bíblico
e outros campos do conhecimento, tais como a História, a Arqueologia, a Antropologia e a
Linguística. Cada uma dessas ciências traz contribuições aos conhecimentos bíblicos e abre
novas perspectivas de interpretação dos textos.
a) A História
Superada esta fase, a pesquisa bíblica pode recorrer ao estudo das fontes
históricas existentes na Palestina e dispersas pelos países vizinhos, para conhecer a
realidade da época de Jesus, de Paulo e das comunidades cristãs.
b) A linguística
Para os exegetas – estudiosos do texto bíblico nas línguas originais, isso trouxe
inúmeras vantagens: a) Uma língua morta não sofre mais acréscimos quanto a novas
palavras, fato este que assegura um vocabulário razoavelmente restrito; b) Não ocorrem
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mais modificações no que tange ao significado de cada palavra, cabendo ao exegeta apenas
relacionar os sentidos já estabelecidos historicamente e, quando possível determinar
quando foram agregados a uma mesma palavra outros significados; c) Estabiliza-se a
estrutura gramatical, tornando-se acessível ao estudioso o conhecimento das regras e das
exceções aceitas naquela língua.
mundo descrito e/ou presente no texto amplia-se, criando em alguns casos barreiras
intransponíveis.
c) A arqueologia
Inicialmente, os estudos
arqueológicos eram vistos como parte
complementar à reflexão histórica,
condicionados ao método e a maneira
como se pensava a História no século XIX.
Gradativamente, a Arqueologia foi
tornando-se uma ciência específica, cujo
trabalho concentra-se em escavações, em
Escavações em Jericó mostram camadas de
lugares denominados sítios arqueológicos diferentes civilizações. Acervo pessoal,
Edmilson Schinelo
(terrenos em que existem ‘restos’ de uma
cultura do passado) e, pela interpretação dos dados obtidos.
demais povos que habitaram a região. Alguns achados, por sua divulgação e/ou quantidade
de material que apresentam sobre o passado, provocam especulações e mesmo
preocupação junto às igrejas. Por exemplo, houve preocupação quanto aos Manuscritos do
Mar Morto, em Kumran, mas ao mesmo tempo, ampliou-se o conhecimento sobre os
essênios e o contexto judaico do século I.
d) A Antropologia
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É importante para quem lê a Bíblia (ou qualquer livro sagrado), desenvolver uma
percepção sobre o tempo e o contexto cultural em que aquelas “palavras” foram
pronunciadas e propostas como forma de conduta diante da realidade. A fidelidade a Deus
muitas vezes aparece nos textos bíblicos como observância de regras de pureza (como
aparece em diversos capítulos do Levítico), formas de se vestir e se relacionar com as
pessoas (cuidados na relação homem – mulher, restrições ao diálogo e convivência com
estrangeiros etc). Boa parte deste modo de proceder deixou de ter sentido nos tempos
atuais, pois muita coisa mudou no mundo (inclusive para melhor), tornando-se essencial
para os fiéis identificar o que permanece válido para os dias atuais.
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UNIDADE 5
A história do povo da Bíblia teve como palco principal uma área que não passa de
uma pequena região em relação ao tamanho do nosso planeta e mesmo em relação ao
tamanho do Brasil. E menor que Sergipe, o estado menor do Brasil.
Compare os números: o Brasil tem 8 milhões, 516 mil e 37 quilômetros quadrados.
A Palestina tem apenas 25 mil quilômetros quadrados. Isso quer dizer que a Palestina é 340
vezes menor que o Brasil. No conjunto do planeta, não passa de uma pequena porção de
terra espremida entre o Mar Mediterrâneo e o Deserto Siro-arábico.
Confira nos mapas a seguir.
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Na Palestina não existem grandes rios. O Jordão (que será destacado nos próximos
mapas) é de muita importância para o povo palestino, mas quase insignificante se
comparado aos rios da Mesopotâmia (Mesopotâmia, em grego, significa “entre rios").
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Mas esse pequeno pedaço de terra está localizado num lugar estratégico muito
importante, porque liga três grandes continentes, a saber: África, Ásia e Europa. A Europa
do lado oeste, onde está o Mar Mediterrâneo. A Ásia do lado leste, sul e norte e a África do
lado sudoeste. São como três grandes cordas que dão um nó na Palestina.
Tendo uma localização estratégica, era passagem obrigatória, tanto para o
comércio como para a guerra, entre os povos desses três continentes. Era a porta para os
europeus que vinham pelo mar e a ligação terrestre entre o Egito e a Mesopotâmia, que
foram o berço das mais antigas civilizações. Qualquer desequilíbrio ou conflito entre essas
grandes civilizações repercutia necessariamente na Terra de Israel, com consequências
muitas vezes trágicas.
Nos primórdios do povo da Bíblia, na época de Abraão, havia um grande fluxo
migratório entre a Mesopotâmia e o Egito. A família de Abraão foi uma família de retirantes,
como acontece tanto entre o Nordeste e Sudeste do Brasil. Como o Nordeste brasileiro,
também a Terra Prometida era uma terra sujeita à seca. Essa realidade transparece na
história de Jacó, que foi obrigado a migrar com toda a família para o Egito, conforme as
bonitas estórias da Bíblia (Gn 42ss).
Fonte: http://migre.me/h0LLI
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a) A planície litorânea
E uma região agrícola por excelência Ao norte, é interrompida pelo monte Carmelo
que abre a grande planície fértil de Esdrelon ou Jezrael em direção ao Mar da Galileia. A
parte sul desta planície é fértil. Nela estavam as principais cidades dos filisteus. Mais ao
centro. temos a planície do Saron ao longo da costa marítima e a Sefelá, região entre a
planície de Saron e as montanhas de Judá. Ao longo dessa faixa litorânea, passava uma das
estradas que ligava o Egito com a Mesopotâmia.
b) O planalto central
O planalto central é também chamado de montanhas da Cisjordânia. Cisjordânia
quer dizer “antes, aquém do Jordão”, naturalmente para quem se posiciona no lado oeste
do rio onde se encontra a cidade de Jerusalém. Estende-se pela região montanhosa do
interior. De norte a sul, temos:
- as montanhas de Neftali e a planície de Esdrelon ou Jezrael ao norte,
- as montanhas da Samaria ou de Efraim ao centro,
- mais ao sul, as montanhas de Judá, mais tarde Judeia, isto é, a partir da dominação dos
persas (539-333 aC.).
No planalto central, encontram-se as cidades bíblicas mais importantes: Samaria,
Siquém, Silo, Jerusalém, Belém, Hebron e outras.
Os montes que se destacam são: Meron, de 1208m de altitude, Tabor de 588m,
Garizim, de 880m, Ebal, de 940m, Silo, sobre o qual estava Jerusalém, de 770m de altitude.
No declive leste da serra de Judá, a leste e sudeste de Jerusalém, descendo até o
rio Jordão e o mar Morto, se encontra o deserto de Judá.
As regiões desérticas se ampliam em torno do mar Morto, na metade sul do vale do
Jordão e no Negueb ao sul.
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d) O planalto transjordânico
O planalto transjordânico também é conhecido por planalto de Galaad ou
montanhas da Transjordânia. Transjordânica significa “além do Jordão”. Ergue-se do lado
leste do rio Jordão e vai, pouco a pouco, baixando de nível até confundir-se com o Deserto
Siro-arábico. O Monte Nebo aí se destaca (802m).
Tanto na Cis como da Transjordânia, a maioria dos rios e córregos secam no verão,
tendo água somente próximo às suas desembocaduras no Jordão. Na Transjordânia, os rios
perenes são: Jarmuc, ao norte, Jaboc, ao centro, Arnon e Zered, a leste do mar Morto.
À Esquerda a Fonte de Dã, na Alta Galileia em contraste com o Deserto da Judeia (Imagens: Edmilson Schinelo,
acervo próprio)
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REFERÊNCIAS
CONCÍLIO VATICANO II, Constituição Dei Verbum, n. 10. Cf. Compêndio do Vaticano II,
Vozes, 1987.
CRB. Leitura Orante da Bíblia. Col. Tua Palavra é Vida. V. 1. São Paulo: Loyola, 1990.
GASS, Ildo Bohn. Porta de Entrada da Bíblia. Série Uma Introdução à Bíblia. Vol 1. São
Leopoldo/São Paulo: CEBI/Paulus, 2003.
GHISLAIN LAFONT. Modelli della Teologia nella Storia. In: La Teologia tra la Rivelazione
e la Storia. Bologna: Ed. Dehoniane, 1999.
WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento. 4. ed. São Paulo: Paulus; São Leopoldo:
Sinodal, 2005.
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SUGESTÕES DE LEITURA
GASS, Ildo Bohn (org). Uma Introdução à Bíblia: Porta de entrada. São Leopoldo,
CEBI/Paulus, 2002.
MANNUCCI, Valério. Bíblia, Palavra de Deus: curso de introdução à Sagrada Escritura.
São Paulo: Paulinas, 1985.
KONINGS, J. A Bíblia nas suas origens e hoje. 2. ed. cor. Petrópolis: Vozes, 1999.
Métodos Para ler a Bíblia. Col. Estudos Bíblicos, N. 32. Petrópolis: Vozes; São Leopoldo:
Sinodal, 1991.
HARRINGTON, Wilfrid J. Chave para a Bíblia: a revelação, a promessa, a realização. 8.
ed. São Paulo: Paulinas, 1997.
MESTERS, Carlos. A Palavra de Deus na História dos Homens. Petrópolis: Vozes,
1984.
_________. Deus, onde estás? Petrópolis: Vozes, 1987.
_________. Flor sem defesa: uma explicação da Bíblia a partir do Povo. 5. ed. Petrópolis:
Vozes, 1999.
ARRENHEVEL, D. Assim se formou a Bíblia. São Paulo: Paulinas, 1986.
VOLKMANN, Martin e outros. Método Histórico-Crítico. São Paulo: CEDI, 1992.
DE VOUX, R. As instituições do Antigo Testamento.
MOORE, E. Jesus e as estruturas de seu tempo. São Paulo: Paulinas.
SCHELLDE, K. A comunidade de Kumran e a Igreja do Novo Testamento. São Paulo,
Paulinas, 1972.
SCHARBERT, J. Introdução à Sagrada Escritura. Petrópolis: Vozes, 1983.
Estudos Bíblicos, Nº 36. Petrópolis, Vozes.
CASAGRANDE, Moacir. Deus: ontem e Hoje. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
_________. Novo Testamento em 30 lições: um jeito fácil de entender. Campo Grande,
1992.
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ATIVIDADES
ATIVIDADE 1.1
Reação:
Outras
diferenças:
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ATIVIDADE 2.1
ATIVIDADE 2.2
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ATIVIDADE 3.1
É muito fácil perceber que na Bíblia há mais de uma corrente teológica. O jeito do
povo do Êxodo falar de Deus, por exemplo, é diferente do jeito de quem viveu na
corte de Salomão. Costumamos dizer que existem dois projetos ou duas linhas dentro
da Bíblia (na verdade, existem várias, mas é um jeito didático de tratarmos a
temática). Podemos afirmar que existe uma linha popular (que acredita numa
sociedade em que a Paz será fruto da Justiça) e uma linha oficial (a maioria desses
textos defende os interesses das cortes e dos grupos que controlam o poder).
Evidentemente, essas linhas se misturam, não existe apenas o “preto e o branco”.
Nesta atividade, você é convidado/a a fazer um exercício um pouco maior de
confronto de textos. Leia cada um dos textos citados na tabela abaixo e faça suas
anotações. Insistimos: leia com calma todos os textos!
O que você deve encaminhar:
a) um comentário geral sobre essas duas linhas e o que lhe chamou a
atenção.
b) um comentário específico acerca de dois dos temas abordados no
quadro abaixo (exemplo: situação das mulheres, dos estrangeiros ou dos
pobres e doentes, em relação às duas visões).
LINHA OFICIAL LINHA POPULAR
Afirma que Deus é favorável à opção pelo reinado Afirma que Deus condena a opção pelo reinado
(Primeiro Livro de Samuel, capítulo 9, versículos (Primeiro Livro de Samuel, capítulo 8, versículos 1
15 a 16 e capítulo 10, versículo 1) a 18 e capítulo 12, versículo 19)
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Exclui estrangeiros (Deuteronômio, capítulo 23, Inclui estrangeiros (Rute, capítulo 1, versículos 16
versículo 4. Se quiser aprofundar, leia ainda: e 17; Isaías, capítulo 56, versículo 3; Lucas,
Esdras, capítulos 9 e 10; Neemias, capítulo 13) capítulo 10, versículos 30 a 37. Se você quiser
aprofundar mais, veja também: todo o livrinho de
Jonas e Atos dos Apóstolos, capítulos 8 e 10)
É favorável ao templo (Segundo Livro de Samuel, É crítica ao templo (Segundo Livro de Samuel,
capítulo 7, versículos 1 a 3. Se quiser ler mais um capítulo 7, versículos 4 a 7; Isaías, capítulo 66,
texto, veja o capítulo 1 do profeta Ageu) versículos 1 a 2. Para aprofundar você pode ler
ainda: Jeremias, capítulos 7 e 26; Amós, capítulo
9, versículos 1 a 4; Miqueias, capítulo 3, versículo
12; Marcos, capítulo 11, versículos 15 a 18 e
capítulo 13, versículos 1 e 2)
Exclui mulheres, considerando-as impuras e Inclui mulheres, valorizando sua beleza, sua
inferiores (Levítico, todo o capítulo 12 e os sabedoria, seu corpo, sua vida (Provérbios,
versículos 19 a 30 do capítulo 15; João, capítulo capítulo 31, versículos 10 a 31. Se quiser
8, versículos 1 a 11) aprofundar mais sobre a valorização da mulher,
leia os livros de Rute, Judite, Ester e Cântico dos
Cânticos. Também Jesus resgata a dignidade das
mulheres)
Condena pobres e doentes como se pobreza e Vem em defesa dos pobres e doentes, apontando
doença fossem castigo de Deus por seus pecados as verdadeiras causas da pobreza [a figura de Jó
(no Livro de Jó, seus amigos representam a representa a teologia popular de resistência (leia
teologia oficial, a teologia da retribuição. Como Jó, capítulo 24, versículos 1 a 12 e capítulo 31).
amostra, leia os capítulos 4 e 5) Jesus vem nesta mesma corrente (Lucas, capítulo
13, versículos 1 a 5; João, capítulo 9, versículos 1
a 3)]
Obriga a observância das leis de pureza exterior Coloca no seu devido lugar os mandamentos de
(Marcos, capítulo 7, versículos 1 a 5) Deus (Marcos, capítulo 7, versículos 6 a 13) e
defende a pureza do coração, livre de roubos e
injustiças (Marcos, capítulo 7, versículos 14 a 23)
Exclui pessoas com deficiências físicas (Levítico, Inclui as pessoas com deficiências (Isaías,
capítulo 21, versículos 17 a 21; Deuteronômio, capítulo 29, versículos 18 e 19; capítulo 35,
capítulo 23, versículo 2) versículos 5 e 6; capítulo 56, versículos 3 a 5;
Mateus, capítulo 11, versículos 4 e 5; Atos dos
Apóstolos, capítulo 8, versículos 26 a 40)
ATIVIDADE 4.1
1. Você leu nesta unidade que o conceito de verdade para o povo da Bíblia é
diferente do que nós, influenciados/a pela racionalidade grega,
entendemos por verdade.
a) Explique com suas palavras o que é verdade para o mundo grego e o que é a
verdade para o mundo semita.
b) Leia Jo 8,31-32; Jo 18,37-38; Mt 10,26-28. Depois escreva um texto (máximo de
uma página) comentando o que é a verdade para Jesus.
2. Suponha que na sua comunidade um grupo de jovens se sinta desconfortável ao
ler textos como esses: Sl 137(136),8-9; Dt 23,2-3; 2Rs 23,25. E pede a você que
explique o conceito de inspiração bíblica. Produza um pequeno texto (máximo de uma
página) buscando apresentar uma resposta que não seja autoritária, mas madura e
convincente.
Faça um estudo do documento Dei Verbum (que se encontra disponível em
(http://migre.me/h0kov). Apresente seu comentário pessoal ao documento
(máximo duas páginas).
ATIVIDADE 5.1
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