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APLICAÇÃO DO CONTROLE
ESTATÍSTICO DE PROCESSO (CEP)
PARA AVALIAR O PROCESSO DE
DEFUMAÇÃO DO SALAME
Cristina Rodrigues da Silva Turcato (UFSM)
cris-juju@hotmail.com
Regiane Klidzio (UFSM)
regiane@urisan.tche.br
Nádya Regina Bilibio Antonello (URI)
nadya@urisan.tche.br
1 INTRODUÇÃO
A qualidade nos alimentos vem sendo um assunto de extrema importância na indústria
alimentícia. No entanto, a qualidade de alimentos, significa na visão do consumidor nada mais
que a satisfação de características como sabor, aroma, aparência, embalagem, preço e
disponibilidade. Às vezes a condição intrínseca de “segurança alimentar” é ignorada quando
se refere aos aspectos relacionados à influência deste alimento sobre a saúde do consumidor.
Atualmente, a mídia tem apresentado números crescentes de casos de intoxicação
alimentar que, antes de indicar que pioraram os cuidados na fabricação e manuseio de
alimentos, indicam uma melhora nos sistemas de saúde identificando e notificando casos.
O salame é um produto que consiste da mistura de carne crua de suíno ou de suíno e
bovino, adicionado de toucinho, sais, agentes de cura e temperos, salame em envoltórios
naturais (tripas) ou artificiais (sintéticas), curado, fermentado, maturado, dessecado e
submetido ou não a defumação.
No Brasil, a Instrução Normativa n.º 22, de 31/07/2000 regulamenta quanto aos
requisitos técnicos de identidade e qualidade para oito tipos de salames, tendo como
características diferenciais a matéria prima (espécie animal), a granulometria da carne e do
toucinho, a condimentação e o processamento de defumação ou não.
O processo de defumação é realizado em fumeiros fechados onde são armazenados os
salames. Este processo prolonga ainda mais o tempo de conservação.
A temperatura de defumação alta pode ocasionar alguns problemas tecnológicos em
relação à segurança do produto. Sendo assim, o principal objetivo da defumação é atribuir
propriedades especiais melhorando o sabor, a aparência, o cheiro e, principalmente a
conservação do produto.
Neste contexto, o objetivo deste artigo é avaliar o processo de defumação utilizando a
técnica de CEP (Controle Estatístico de Processo) para verificar a capabilidade do processo.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Salame
Entende-se por salame, o produto cárneo industrializado obtido de carne suína ou
suína e bovina, adicionado de toucinho, ingredientes, salame em envoltórios naturais e/ou
artificiais, curado, fermentado, maturado, defumado ou não e dessecado (BRASIL, 2000). O
produto final se conserva a temperatura ambiente e apresenta um aumento da vida de
prateleira.
Devido ao alto teor de gordura e a baixa atividade de água, a oxidação da fração
lipídica é uma das principais causas da diminuição da qualidade durante a vida de prateleira
dos salames (SINGH, 1996; SUMMO et al., 2006).
A fabricação de salame ocorre em duas fases: na primeira, há a fermentação com a
ocorrência simultânea de acidificação e de formação de cor durante sete dias; a segunda,
conhecida como maturação, consiste na desidratação como decorrência da fermentação, por
vinte e três dias. Ao final deste período, o salame deverá apresentar pH entre 5,2 a 5,4 e
atividade de água igual a 0,87, caracterizando a finalização do processo. Ambas as fases
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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008
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A figura anterior mostra que o processo produtivo inicia seu ciclo com a chegada da
matéria-prima na empresa de embutidos, passando por todas as etapas até chegar ao fumeiro,
local onde o produto será defumado, logo a seguir é extraído do fumeiro e armazenado em
local apropriado. Ao final de todo o processo, segue para embalagem e posterior expedição.
2.2 Processo de Defumação
O Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal
(RIISPOA) define como produtos embutidos todo produto elaborado com carnes ou órgãos
comestíveis curados ou não, condimentado, cozido ou não, defumado e dessecado ou não,
tendo como envoltório tripas, bexigas ou outras membranas animais.
A defumação das carnes aplicada após o processo de cura, visa conferir propriedades
organoléticas especiais e contribuir para sua conservação. Porém, isoladamente não deve ser
considerada como um processo de conservação.
O RIISPOA define os produtos defumados como sendo aqueles que após o processo
de cura são submetidos à defumação para lhes dar cheiro e odor característicos, além de um
maior prazo de vida comercial por desidratação parcial (AD1, 2007).
Antigamente, consumiam-se carnes salgadas e defumadas. Essas carnes se
conservavam sem necessidade de refrigeração e eram preparadas em épocas de fartura para
serem consumidas em épocas de escassez de alimentos.
Após o término dos processos de cura, a maioria dos produtos curados é submetida ao
processo de defumação. A defumação, que é o processo de deixar as carnes em contato com a
fumaça produzida pela combustão (queima) das madeiras.
O método de defumação varia de acordo com os produtos, tipos de defumador e
madeiras a serem utilizados, mas pode-se descrever um método geral, cujos passos estão
indicados a seguir:
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Segundo Vieira (1999), o gráfico de controle típico exibe três linhas paralelas:
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Os gráficos de controle servem para examinar se o processo está ou não sob controle,
ou seja, indicar se somente causas aleatórias estão atuando sobre este processo. Eles
sintetizam um amplo conjunto de dados, usando métodos estatísticos para observar a
variabilidade dentro do processo, baseado em dados de amostragem. Pode informar em
determinado tempo como o processo está se comportando, se ele está dentro dos limites pré-
estabelecidos, sinalizando, assim, a necessidade de procurar a causa de variação, mas não nos
mostrando como eliminá-la (RYAN, 2000).
Existem vários tipos de gráficos de controle, conforme os valores característicos ou
finalidade, podendo-se dividi-los em gráficos de controle por atributo e gráficos de controle
por variável.
a) Gráficos de controle para atributos: Existem duas grandes categorias de gráficos de
controle para atributos: aqueles que classificam os itens em conformes ou não-
conformes, como é o caso dos gráficos da fração defeituosa ou do número de
defeituosos, e aqueles que consideram o número (quantidade) de não conformidades
existentes, tais como os gráficos do número de defeitos na amostra ou por unidade.
b) Gráficos de controle para variável: Não podem ser utilizadas para características de
qualidade que não podem ser medidas, pois o controle do processo exige a
monitoração da média e da variabilidade das medidas. Os gráficos de controle para
variáveis utilizam dados que podem ser medidos ou que sofrem uma variação
contínua.
Além destes gráficos existe o gráfico para medidas individuais, o qual tem apenas uma
medida de característica (n=1). Esse gráfico é usado na avaliação da produção de pequenos
lotes, processo onde medidas individuais são necessárias, ou ainda quando as observações da
característica de qualidade não são independentes.
Com as amostras de tamanho n=1, os gráficos de X e R são substituídos pelos gráficos
de controle para medidas individuais – gráficos de X (média) e MR (amplitude móvel). Para
fazer esse gráfico, segundo Vieira (1999), necessita-se estimar a variabilidade através da
amplitude móvel de duas observações sucessivas.
Embora os gráficos de controle tradicionais sejam uma ferramenta fundamental para
aplicações do controle estatístico de processo (CEP), suas utilizações são desafiadas por
muitos ambientes industriais, pois não há nenhuma razão científica em usar as técnicas
tradicionais, em virtude de induzir a conclusões errôneas e facilitar a uma falta de segurança
de que o processo esteja sob controle estatístico com falha na identificação de variação
sistemática do processo (MONTGOMERY, 1997).
2.4 Capacidade do Processo
Capacidade é a medida da variabilidade de um processo estável em relação às
especificações de projeto. Em outras palavras, esse conceito está associado a capacidade de
um processo de produzir produtos cujos resultados atendam as especificações de projeto.
Segundo este conceito, um processo pode ser classificado quanto a capacidade, em:
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No. of obs.
0
20 25 30 35 40 45 50
X <= Category Boundary
A figura 4 apresenta o gráfico de controle para medidas individuais, pois com os dados
coletados observou-se que o tamanho da amostra é n=1. Neste caso, utilizou-se os gráficos de
controle X e MR para os mesmos.
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Gráfico de controle X e MR
Histograma da média (X) Gráfico X: 38,553; Sigma: 2,0599; n: 1
55
50
45 44,732
40
38,553
35
32,373
30
25
20
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 5 10 15 20 25 30 35
14
12
10
8 7,5925
6
4
2 2,3243
0 0,0000
-2
0 5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30 35
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gráficos de controle são refeitos. Este procedimento será executado sempre que o processo
esteja fora de controle estatístico.
Durante o processo de defumação houve variações elevadas na temperatura, na qual o
responsável fez uma ação corretiva com a finalidade de a temperatura voltar ao normal.
Verificou-se então que a temperatura influencia no processo do salame, pois é na defumação
que se define um ótimo produto.
Através desta pesquisa concluiu-se que o processo de defumação é um ponto crítico
para garantir a qualidade do salame.
Para que haja uma melhoria no processo de defumação, sugere-se a colocação um
sensor de temperatura o qual avisa que a temperatura está acima da especificação, isto faz
com que a empresa elimine as possíveis causas e as novas ocorrências do processo.
REFERÊNCIAS
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http://www.uov.com.br/biblioteca/513/como_fabricar_embutidos_e_defumados.html> Acesso em 22 nov. 2007.
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http://www.uov.com.br/biblioteca/477/dicas_para_melhorar_a_qualidade_dos_produtos.html> Acesso em 22
nov. 2007.
AD3. Propriedades da carne defumada. Disponível em: <
http://www.uov.com.br/biblioteca/514/propriedades_da_carne_defumada.html> Acesso em 22 nov. 2007.
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de julho de 2000. Regulamento técnico de identidade e qualidade de salame. Publicada no Diário Oficial da
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MONTGOMERY, D. C. Introduction to statistical quality 3ed. v.2, USA: John Wiley e Sons. 1997.
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