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Andressa Zamboni
Dimas Soares Jr.
Donizete Saldan
Edson Diogo de Almeida
Gianna Maria Círio
Organizadores José Yoshiro Oda
Dimas Soares Jr. Oswaldo da Silva Pádua
Edson Diogo de Almeida Ruy Seiji Yamaoka
Oswaldo da Silva Pádua
Õ E S N A
INOVAÇ T U R A
SER I C I C U L
A R A N Á
DO P OGIAS, MANE
JO E RE NTABILID
ADE
TECNOL
1ª Edição
INOVAÇÕES NA SERICICULTURA DO PARANÁ:
TECNOLOGIAS, MANEJO E RENTABILIDADE
Orgs.
GOVERNO DO PARANÁ
Secretaria da Agricultura e do Abastecimento
George Hiraiwa – Secretário de Estado
ABRASEDA
Renata Amano - Presidente
Vários autores.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-85065-00-3
APRESENTAÇÃO_________________________________________________09
PREFÁCIO_______________________________________________________11
INTRODUÇÃO____________________________________________________14
Introdução______________________________________________________21
bicho-da-seda_____________________________________________________23
Preços e custos___________________________________________________29
Considerações finais_______________________________________________30
Referências_______________________________________________________32
Introdução________________________________________________________35
Conclusões_______________________________________________________48
Referências_______________________________________________________50
OCORRÊNCIA DE NEMATOÍDES EM AMOREIRAIS E PRÁTICAS DE
CONTROLE
Introdução________________________________________________________52
Disseminação e manejo_____________________________________________59
Conclusões_______________________________________________________66
Referências_______________________________________________________67
Introdução________________________________________________________71
Considerações finais_______________________________________________80
Introdução________________________________________________________83
Metodologia______________________________________________________84
Considerações finais_______________________________________________92
Referências______________________________________________________95
ANEXO ________________________________________________________ 99
A P R E S E N TA Ç Ã O
apresentação
uNIDADES DE REFERÊNCIA
George Hiraiwa
Secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento
I N T R O D U Ç Ã O
Introdução
Oswaldo da Silva Pádua, Edson Luiz Diogo de Almeida,
Referências
Introdução
A criação de bicho-da-seda denomina-se sericicultura.
O bicho-da-seda é originário da China e vem sendo criado pelo
homem para obtenção de fios de seda há cerca de 5.000 anos.
Da China, o inseto foi introduzido no Japão, Turquestão, na Ásia
Central e Grécia. Em 1740, o bicho-da-seda passou a ser criado
na Espanha, França, Itália e Áustria.
No território brasileiro a introdução da sericicultura
ocorreu em 1848, no estado do Rio de Janeiro e, em 1922, na
cidade de Campinas/SP - onde foi criada a Indústria de Seda
Nacional S.A. A partir da década de 1930, a sericicultura tornou-
se uma importante atividade para a agroindústria brasileira e,
atualmente, o estado do Paraná é o maior produtor nacional de
casulos verdes de bicho-da-seda (BRENNER, 2010).
A atividade tem início com o cultivo da amoreira (Morus
sp.) 12 , passa pelo recebimento dos ovos - fornecidos pelas
indústrias da espécie adequada para a produção de fios
denominada Bombyx mori L. (Lepidoptera: Bombycidae) - e se
completa com a criação destas lagartas em galpões denominados
sirgarias. É desenvolvida no campo, principalmente pelos
agricultores familiares, constituindo uma atividade integrada
entre os produtores e indústrias.
A sericicultura é uma alternativa de geração de renda
Figura 3. Área média de amoreira (em ha) e produção média por sericicultor (em
toneladas). Safras 1985/86 a 2016/17.
Considerações Finais
A criação do bicho-da-seda como exploração comercial de
casulos é afetada por diferentes fatores, alguns em consonância
com a produção agropecuária de modo geral, outros específicos
da atividade, bem como fatores variáveis não controláveis e
imprevisíveis relacionados, por exemplo, as condições climáticas,
a oscilação econômica, a cotação do dólar, entre outros.
A produção mundial de casulos é dominada pela Ásia, no
entanto, a produção brasileira, e consequentemente do Paraná, é
bem conceituada devido à alta qualidade do produto, atendendo
nichos específicos de mercado, enquanto que China e Índia
produzem em larga escala.
A atividade apresenta vantagens tais como: baixo risco;
cultivo em pequenas áreas; baixo capital de giro; produção voltada
para o mercado internacional e cultura correta, limpa, viavelmente
econômica e justa. Os criadores têm garantia de venda porque a
atividade é mantida pelo sistema de integração com a indústria
que fornece as lagartas para criação e mudas de amoreiras e
adquire os casulos, com pagamento à vista. No Paraná, diferentes
instituições atendem aos aspectos da produção de casulos como
as organizações públicas de extensão rural e pesquisa (EMATER,
IAPAR, Universidades), as quais atuam integradas e voltadas
para melhor atender o desenvolvimento do segmento sericícola 34 .
3 O setor organiza-se em torno da Câmara Técnica do Complexo da Seda (CTCS)
do Estado do Paraná, criada pelo Decreto Estadual no 2544 de 04/02/2004 com o objetivo
de propor ações voltadas para a consecução do desenvolvimento do complexo da seda,
constituindo-se em um espaço de discussão, em caráter multissetorial, das questões mais
relevantes para o setor, Neste contexto a Câmara reúne agentes de diferentes segmentos
A sericicultura é reconhecida como atividade dependente
de mão de obra e, no auge de sua presença no estado do Paraná,
chegou a envolver mais de 14 mil produtores. No entanto, a
redução da mão de obra disponível no meio rural reduziu as
áreas de cultivo de amoreiras, a produção de casulos e o número
de sericultores na atividade e hoje, a atividade sericícola que
anteriormente demandava grandes áreas cultivadas e apresentava
baixos índices de produtividade, visa aumentar os níveis de
produtividade por hectare, o que tem atraído novos agricultores e
jovens para atividade.
A modernização da sericicultura traz novas oportunidades
de geração de renda. Observa-se então, a partir de meados
da década de 2010, uma necessária revisão da atividade com
a introdução de inovações tecnológicas que permitem, além da
adoção de máquinas e equipamentos para a redução do esforço
físico e dependência de mão de obra, também a modernização
do setor com a inserção de práticas agrícolas de uso corrente
em outras culturas, tais como: correção e adubação do solo;
uso de cultivares de amoreiras melhorados; espaçamentos
adequados para a mecanização do corte de amoreira; podas
corretas e irrigação. A adequação dos barracões/sirgarias quanto
a mecanização - incluindo sistemas de roldanas para elevação
de bosques acopladas em tratores; novas máquinas peladeiras
de casulos; elevação da altura das camas de criação; cortinas de
proteção, etc. também podem aumentar a eficiência do trabalho
reduzindo o trabalho braçal 45 .
desde a produção, industrialização, pesquisa, assistência técnica e também fornecedores
de insumos e serviços ligados a Sericicultura. Atualmente está em sua 56ª. reunião
ordinária e, entre seus diversos compromissos está a organização do Encontro Estadual de
Sericicultores, atualmente em sua 35ª edição.
4 Tais inovações estão detalhadas no capítulo 4 desse livro (p.75).
Referências
Introdução
O sucesso da produção sericícola depende principalmente
da quantidade e qualidade da folha de amoreira, o seu principal
alimento. Portanto é muito importante que se conheça a planta
profundamente quanto aos seus cuidados e exigências, para que
se realize o seu cultivo dentro do padrão mínimo necessário.
Para implantação do amoreiral é necessário que se
observem os fatores ambientais limitantes ao seu desenvolvimento,
tais como temperatura, umidade relativa do ar, precipitação, solo
e topografia, entre outros.
Quanto ao solo, o tripé fertilidade, nutrição e adubação é
fundamental para o sucesso da produção de folhas de amoreiras.
Para tanto é importante que se conheça bem a relação entre a
composição química do solo e as necessidades nutricionais das
plantas, visando definir níveis de adubação para obtenção de boa
produtividade em padrões economicamente viáveis.
O solo para amoreira, fisicamente, deve possuir boa
profundidade para permitir um bom desenvolvimento do sistema
radicular; alto teor de matéria orgânica (5 a 10%); textura média
com menos de 35% de argila e argilosa entre 35 e 60% de argila;
saturação de base em torno de 60%; pH entre 6,2 e 6,8; umidade
em torno de 25% e boa fertilidade (ZANETTI, 2018). Devem ser
evitados plantios em solos estéreis, ácidos, alagadiços e rasos.
No
aspecto de fertilidade do solo é importante que se conheçam os
nutrientes disponíveis para absorção pelas plantas e eventuais
necessidades de correção antes da implantação das lavouras e
de reposição durante o cultivo.
As plantas, como todo ser vivo, necessitam de água e
de diferentes moléculas orgânicas para sua sobrevivência. Os
elementos que compõem a água (H 2 O) e qualquer molécula
orgânica (C. O, H) tem obviamente sua essencialidade comprovada.
Esses elementos são absorvidos pelas plantas a partir da água
absorvida pelas raízes e do CO 2 absorvido via fotossíntese.
Além desses três elementos não minerais (que compõe
cerca de 90% da matéria seca), as plantas são constituídas
por mais seis elementos que são exigidos em quantidades,
denominados de macronutrientes: nitrogênio (N), fósforo (P),
enxofre (S), potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Já entre
os micronutrientes que são exigidos em quantidades inferiores
temos: ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu), boro
(B), molibdênio (Mo), e cloro (Cl).
A adubação, que consiste no fornecimento de adubos/
fertilizantes ao solo ou às plantas, de modo a recuperar ou
conservar a sua fertilidade, suprindo a carência de nutrientes para
proporcionar condições ao pleno desenvolvimento das plantas,
deverá ser realizada com base na disponibilidade de nutrientes
no solo e na necessidade que as plantas apresentam para o seu
desenvolvimento e produção.
No cultivo da amoreira, uma questão importante que se
associa diretamente à produção de massa foliar e extração de
nutrientes é o desperdício que ocorre durante a colheita, pois as
partes mais velhas do ramo não são aproveitadas para alimentação
das lagartas. Essa sobra, além de consumir energia para sua
produção, proporciona consumo significativo de nutrientes.
Entretanto em termos nutricionais esta sobra não corresponde
a perdas, pois em seu manejo, através de roçada, é distribuída
novamente ao solo.
O presente estudo teve a finalidade de observar as reais
condições do solo das áreas de amoreira nas Unidades de
Referências da Rede em Sericicultura na Região Noroeste do
Paraná, a extração dos nutrientes nestas condições e confrontar
posteriormente os níveis de adubações que tem sido executados,
além de dimensionar as perdas nas colheitas.
MOe
a
m: Saturação por Al +3
b
V: Saturação por bases
c
CTC: Capacidade de trocas cátions
d
CO: Carbono. Para transformação em matéria orgânica, multiplicar por 1,724
e
MO: Matéria orgânica
Fonte: extraído de SBCS/NEPAR (2017, p.82).
Tabela 3. Interpretação para o fósforo e potássio disponível no solo (extraído por Mehlich -1) para o estado do Paraná.
Conclusões
Com base nos resultados obtidos e analisados podemos
concluir que:
− Os agricultores colaboradores das Unidades de Referências
em Sericicultura são produtores que já utilizam inovações
tecnológicas que permitem atingir produtividades médias de
casulos verdes por ha superiores àquelas observadas no
estado (1.042 kg.ha- 1 frente a 635 kg.ha- 1 ) 16 .
1 Os resultados técnicos observados nas unidades de referências estão detalha-
damente apresentados no capítulo 5.
− Os solos nas 15 unidades analisadas não apresentam grandes
limitações químicas que possam comprometer a produção de
amoreira.
− Para a produção de ramas de amoreira são consumidos energia
e nutrientes. Os teores de N, P, K, Cu e Zn apresentam-se em
maior quantidade nas folhas mais novas, enquanto os níveis
de Ca, B e Mn são maiores nas folhas mais velhas e o de
Mg tem praticamente os mesmos níveis em todas as folhas.
O teor mais baixo de N observado pode estar refletindo na
menor produção de casulos.
− A produção de massa verde representada por ramas e folhas
teve a sua média de 33,15 Kg em 10 metros de linhas, com
variação de 17,8 a 53,0 Kg, conforme a localização e a época
de colheita. Considerando um espaçamento de 1,50 metros
nas entrelinhas de amoreira representaria uma produção
média de 22,1 t.ha -1 de massa verde por hectare de amoreira,
um pouco acima da média considerada por Pavan (2003) que
foi de 18,0 t.ha -1
− De toda essa massa verde produzida, em média 50,06%
representam as folhas, parte importante para alimentação das
lagartas.
− A produção média de massa verde das unidades foi de 22,1
t.ha -1 . Desse volume total, em função da altura de corte das
ramas (somente a parte que é utilizada para alimentação),
em média 30,35% ficam no campo. Todo esse volume - que
pode ser considerado um desperdício - aliado a medidas
para redução de perdas são fundamentais para o aumento de
produtividade de casulos por unidade de área.
− A análise de nutrientes existentes nas ramas (caule e folhas)
revela boa nutrição em função das tecnologias que os
sericicultores das unidades já utilizam. Considerando a riqueza
de nutrientes presentes no resto da cama de criação deveriam
ser definidas estratégias para viabilizar a sua aplicação no
campo.
O presente estudo poderá ser complementado nas
próximas safras para que possam ser definidos os parâmetros
para adubação do amoreiral.
Referências
Introdução
Nos últimos anos, os fitonematoides tornaram-se motivo
de grande preocupação para a agricultura brasileira, seja pela sua
ampla distribuição geográfica, pois ocorrem em praticamente todas
as regiões de importância agrícola no país, mas, principalmente,
pela grande capacidade de causar perdas de produtividade em
culturas como soja, algodão, feijão, café, entre outras.
Segundo pesquisas recentes da Embrapa e da Aprosoja,
os danos provocados por nematoides podem chegar a alarmantes
R$ 35 bilhões por ano (MACHADO, 2015). Esse parasita ainda
é desconhecido por muitos produtores e não tem recebido a
importância devida. Isso se deve, em grande parte, à dificuldade
no reconhecimento dessas espécies a campo, que é feita através
da observação do sistema radicular, que pode ou não apresentar
sintomas típicos da presença desses organismos. A melhor forma
de identificar o problema, portanto, seria a amostragem da área
suspeita e envio das amostras a laboratório especializado para
identificação e quantificação da(s) espécie(s) presente(s) na
área.
Em levantamento recente realizado em cultivos de amoreira
no estado do Paraná, foram identificados alguns gêneros de
nematoides, entre eles Meloidogyne, um dos principais patógenos
da agricultura brasileira em plantas sintomáticas. Tal detecção
desencadeou estudos a respeito da reação de cultivares ou
porta-enxertos aos principais nematoides encontrados no estado,
além do manejo dessas espécies em pomares em formação ou
produção, objetivando-se evitar ou reduzir as possíveis perdas
causadas pelos nematoides.
1
FR indica a capacidade de multiplicação dos nematoides, ou seja, indica quantas
vezes a população aumentou ou diminuiu durante o período experimental. 2 R =
resistente; S = suscetível.
Fonte: Dados da pesquisa (IAPAR/Laboratório de Nematologia).
Disseminação e manejo
A principal forma de disseminação de nematoides em
lavouras perenes frutíferas, como a amoreira, é através de
mudas infectadas. Apesar dos esforços dos órgãos legais para
impedir o trânsito e entrada de mudas infectadas por nematoides
e outras pragas em áreas indenes, ainda falta a conscientização
por parte dos produtores a respeito do problema causado por
esses patógenos. É dever do produtor exigir mudas sadias, com
certificado fitossanitário de origem, para impedir a entrada de
nematoides em sua lavoura, pois, uma vez infestada a área, sua
erradicação é praticamente impossível.
Para salientar o papel das mudas na disseminação de
nematoides em lavouras de amoreira, Paes-Takahashi et al.
(2015) relataram que, em duas interceptações realizadas em
caminhões ambulantes no estado de São Paulo pela equipe
da Defesa Agropecuária, mudas de amoreira com sintomas de
galhas nas raízes, típicas do parasitismo de Meloidogyne spp.,
foram encontradas. A partir de análise bioquímica realizada por
laboratório de Nematologia especializado, constatou-se que as
mudas estavam infectadas por M. enterolobii, uma das espécies
de nematoides de galhas mais agressivas à frutíferas em nosso
país, como goiabeira, aceroleira, entre outras.
Além das mudas infectadas, o maquinário agrícola
utilizado nas operações dentro da lavoura também apresenta
papel importante na disseminação de nematoides dentro e entre
lavouras diferentes. Se o mesmo maquinário for utilizado por vários
produtores de uma mesma região e um deles tiver a presença de
nematoides em sua lavoura, o risco desses serem disseminados
para outras lavouras é grande. Além disso, como a distribuição
dos nematoides na lavoura é irregular, nem todos os talhões
podem apresentar o patógeno - ou podem apresentar diferentes
níveis de infestação - e o uso de maquinário agrícola dentro da
lavoura pode aumentar a distribuição desses patógenos. Isso
porque o solo aderido nas partes do implemento agrícola, como
o rodado, leva consigo grande quantidade de ovos e juvenis dos
nematoides, que vão sendo depositados no decorrer do trajeto
percorrido pelo maquinário.
Nesse sentido, o ideal é lavar o maquinário agrícola a cada
talhão ou propriedade em que foi utilizado, para somente após
esse procedimento ser utilizado em outro local. Na impossibilidade
de realizar tal procedimento, deve-se, pelo menos, deixar a área
infestada por nematoides para ser trabalhada ao final do processo,
quando as demais áreas com menor infestação ou isentas da
presença desses patógenos já tenham sido trabalhadas.
Além desses cuidados, outro fator deve ser levado em
consideração. O parasitismo desses nematoides em plantas
daninhas que ocorrem na lavoura, bem como em culturas
utilizadas em consórcio com a amoreira, é um fator agravante,
uma vez que tais plantas podem aumentar consideravelmente
as populações dos nematoides no solo, aumentando o prejuízo
à cultura principal. Portanto, o conhecimento prévio acerca da
reação de plantas que serão cultivadas na área de amoreira é
de suma importância para garantir o sucesso da lavoura e evitar
maiores danos.
Dessa forma, cultivo em fuste da amoreira, ou seja, aquele
em que se forma um arbusto ou árvore, técnica de cultivo difundida
pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA),
geralmente consorciado com outros cultivos, deve ser visualizado
com cautela em áreas infestadas por nematoides. A amoreira,
nesse sistema de cultivo, pode ser consorciada com o coco, com
a cultura do chá ou mesmo do café, que proporcionam sombra
para as amoreiras, fornecendo quantidade considerável de folha
para a criação do bicho-da-seda e alimentação de animais, além
de produzir ramos que podem ser podados e utilizados como
fonte de lenha (Globo Rural, 2014).
Em algumas regiões do Estado do Paraná, aptas para a
produção de café, a consorciação do mesmo com amoreiras pode
ser opção para os produtores, mas as principais variedades de
café são bastante suscetíveis a M. incognita e M. paranaensis,
duas espécies que também parasitam a cultura da amoreira.
Nesse caso, o incremento populacional gerado pelo cultivo de
duas espécies de plantas suscetíveis aos nematoides pode levar
a perdas significativas em ambas as culturas, além de reduzir sua
longevidade.
Além das espécies utilizadas em consorciação com a
amoreira, é possível também, especialmente em pequenas
propriedades, o plantio de culturas anuais entre as linhas da
amoreira, visando o uso mais racional do solo. Isso permite a
subsistência e até a geração de renda adicional para o produtor,
com consequente redução dos custos de implantação da lavoura.
Entretanto, o plantio de culturas anuais em áreas infestadas
por nematoides é impraticável, pois culturas como feijão,
abóbora, milho, feijão azuki, hortaliças, adubos verdes etc. são
hospedeiras dos nematoides que acometem a cultura da amoreira,
podendo causar um aumento populacional desses patógenos e,
consequentemente, incrementar os danos à cultura principal.
Para o adequado manejo dos nematoides, algumas
espécies vegetais podem ser cultivadas quando da renovação
da lavoura ou nas entrelinhas das plantas instaladas, visando
a redução populacional desses patógenos. Entre os adubos
verdes, as crotalárias são as mais estudadas para o manejo
dos nematoides e têm mostrado possibilidades práticas de
utilização nos sistemas de produção de cultivos perenes. Entre
elas, a Crotalaria spectabilis destaca-se pela quantidade de
resultados positivos para o manejo de M. incognita, M. javanica
e P. brachyurus (Figura 4A) (Calegari; Machado, 2013).
Outra espécie de crotalária, a C. breviflora, apresenta a mesma
característica de resistência aos nematoides citados, porém sua
utilização em cultivos perenes é facilitada pelo reduzido porte
das plantas (Figura 4B). Algumas cultivares de feijão guandu,
como o ‘Anão IAPAR 43’, também apresentam resistência aos
nematoides citados e podem ser utilizadas nas entrelinhas dos
cultivos de amoreira (Figura 4C) (Machado, 2017).
Figura 4. Crotalaria spectabilis (A), C. breviflora (B) e guandu anão (C) (Fotos:
Piraí Sementes).
A G R O F I T: SISTEMA DE AGROTÓXICOS
FITOSSANITÁRIOS. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento - Coordenação-Geral de Agrotóxicos e Afins/
DFIA/DAS, 2018. Disponível em: http://extranet.agricultura.gov.
br/ agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Acesso em 02 abr.18
Introdução
A sericicultura tem sido marcada nos últimos anos pela
oferta de um conjunto de tecnologias capazes de reduzir o tempo
e o esforço físico demandados nas operações, com reflexos
positivos na produtividade, na renda e na qualidade de vida dos
sericicultores.
C ada vez mais presentes no ambiente produtivo, tais
tecnologias se traduzem em inovações, as quais tem se mostrado
serem capazes também de ampliar a atratividade da atividade e
consequentemente, no contexto do estrato da agricultura familiar
no qual essa se encontra inserida, aumentar as oportunidades de
sucessão nas unidades produtivas com a permanência dos jovens
no campo, colocando-se como alternativa viável para a geração
de emprego e renda para sistemas de produção familiares.
N esse sentido são apresentadas aqui uma série de
inovações possíveis de serem implementadas na atividade
sericícola, descrevendo-se o impacto dessas sob a perspectiva
da penosidade do trabalho 17 e demanda de mão de obra.
1
Considerando a produção para três caixas de lagartas, 40.000 lagartas/caixa,
120.000 lagartas no total; consumo de 50 g de amora/lagarta, 6.000 kg de amora
no total; 20 kg/feixe de amora, 300 feixes consumidos.
Considerações finais
F oram descritas aqui sete inovações em processos
produtivos da sericicultura, as quais, do plantio à colheita da
amoreira, da preparação das camas de criação à colheita de
casulos, são capazes de diminuir em muito a penosidade do
trabalho, elevar o rendimento operacional e a rentabilidade da
atividade.
Três dessas inovações, associadas a operações críticas
no que diz respeito à demanda operacional: emboscamento,
colheita de amora e de casulos, podem representar uma
economia cerca de 51 horas de trabalho na produção de uma
criada de três caixas de lagartas - quantidade mais frequente na
sericicultura paranaense - representando assim maior tempo livre
e/ou disponível para outras atividades presentes em sistemas de
produção diversificados.
C ontudo, para que esse conjunto de inovações esteja
presente em um número cada vez maior de propriedades
sericícolas, faz-se necessário um esforço articulado de todos os
segmentos que compõem a cadeia produtiva, incluindo aí o Estado
e suas instituições de pesquisa e desenvolvimento, no sentido
de promover políticas públicas de apoio ao setor, facilitando o
acesso à tais inovações.
N esse sentido, a implantação das chamadas “patrulhas
sericícolas” 28 , ação da Secretaria de Estado da Agricultura e
do Abastecimento concebida no âmbito da Câmara Técnica do
Complexo da Seda do Estado do Paraná, as quais tem permitido
otimizar diferentes operações na condução da atividade, é
um exemplo de como podem ser gestadas políticas públicas
adequadas, inovação e desenvolvimento do setor.
2 Conjunto composto por um trator com potência de 65 cv, uma carreta, uma
roçadeira, uma corrente de ferro, um distribuidor de calcário, um subsolador e uma
máquinas de tirar casulos. O Anexo 1 apresenta a relação de “Patrulhas Sericícolas”
disponibilizadas no Paraná.
C A P Í T U L O C I N C O
A rentabilidade dos sistemas de
produção de casulos verdes
Introdução
Ainda que as inovações apresentadas no capítulo anterior
sejam apropriadas para a melhoria da produção e produtividade
do sistema produtivo, a gestão dos fatores de produção é condição
de fundamental importância para a rentabilidade da atividade
sericícola.
A introdução de conceitos de gestão e análise de
resultados é essencial para a profissionalização e crescimento dos
produtores envolvidos, bem como aos técnicos e outros setores
da cadeia produtiva da seda, pois proporciona o entendimento do
funcionamento da produção, possibilita que resultados possam
ser atingidos mais rapidamente, incentiva a busca de inovações
e a implementação de boas práticas de gestão nas propriedades
envolvidas com a atividade.
Entretanto, mesmo que os primeiros estudos para a
gestão na sericicultura tenham sido propostos ainda nos anos
1980 (SOUZA, 1982), os diagnósticos da atividade no Paraná têm
sido focados em aspectos tecnológicos (ATAÍDE, 2007; LUCENA
et al., 2008; ATAÍDE et al. 2010) e as análises econômicas
realizadas com dados secundários (PANUCCI-FILHO; CHIAU;
PACHECO, 2011) ou baseadas em estudos de casos individuais
(NASCIMENTO; ESPEJO; PANUCCI-FILHO, 2010), tornando
oportunos trabalhos de maior abrangência que envolvam a coleta
de dados nas condições de solo, clima e disponibilidade de meios
de produção das unidades produtivas familiares, predominantes
na sericicultura estadual.
Nesse sentido, o presente estudo analisa um conjunto de
indicadores técnicos e econômicos obtidos a partir do trabalho
de acompanhamento de unidades referenciais conduzido pelo
Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural
(EMATER/PR), com o suporte das Redes de Referências para
a Agricultura Familiar, projeto de pesquisa e desenvolvimento
desenvolvido pela EMATER/PR e IAPAR, em parceria, para o
sistema de produção sericícola, com a Fiação de Seda Bratac
S/A (BRATAC).
Metodologia
O acompanhamento das unidades e a coleta dos dados
foi realizado por profissionais da EMATER/PR e da BRATAC,
sendo os registros dos custos obtidos junto aos produtores e a
empresa integradora, uma vez que ela é a fornecedora exclusiva
das principais matérias primas e equipamentos utilizados 19 .
Os dados analisados correspondem as safras
2014/2015, 2015/2016, 2016/2017 e 2017/2018, envolvendo 21
sericicultores 210 distribuídos por 16 municípios de cinco das sete
1 A relação da equipe técnica envolvida pode ser vista na página 04. A descrição
das transações recorrentes entre a indústria e sericicultores está presente em Soares Júnior
(1998).
2 A cada safra foram acompanhadas 18 unidades produtivas, totalizando 21
unidades acompanhadas ao longo do período em decorrência de mudanças na composição
do grupo, como pode ser observado no Quadro 1. O mapa com a localização das unidades
acompanhadas na safra 2017/2018 encontra-se na página 20.
principais regiões produtoras do estado.
O cálculo dos indicadores para a realização da análise
econômica, obedeceu aos seguintes procedimentos:
3 Ainda que sejam desenvolvidas entre oito a noves criadas por ano, optou-
se por calcular o valor em salários mínimos mensais no sentido de facilitar as análises
comparativas.
vigente / 12
1
Dados médios do estado do Paraná considerando as quatro safras em análise. (Fonte: CÍRIO, 2018).
Fonte: Dados da pesquisa.
Figura 1. Área de amoreira (ha) e produtividade de casulos verdes (kg.ha de
amoreira -1 ) nas unidades de referências acompanhadas. Resultados médios das
safras 2014/2015 a 2017/2018 1 .
1
PR:Dados médios do estado do Paraná considerando as quatro safras em análise.
(Fonte: CÍRIO, 2018).
Fonte: Dados da pesquisa.
1
Valores em R$ deflacionados para abril/2018 pelo Índice Geral de Preços –
Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Varga (FGV).
Fonte: Dados da pesquisa.
A receita bruta média por hectare nas unidades
acompanhadas foi de R$ 20.513,61 e o custo operacional efetivo
médio por hectare foi de R$ 5.497,90, proporcionando uma
margem bruta efetiva de RS 15.015,71 (Figura 3).
Figura 3. Receita bruta total, custo operacional efetivo e margem bruta efetiva
calculadas para as unidades de referências acompanhadas. Resultados médios
das safras 2014/2015 a 2017/2018. (em R$.ha -1 ) 1 .
1
Valores em R$ deflacionados para abril/2018 pelo Índice Geral de Preços –
Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Varga (FGV).
Fonte: Dados da pesquisa.
1
Valores em R$ deflacionados para abril/2018 pelo Índice Geral de Preços –
Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Varga (FGV).
Fonte: Dados da pesquisa.
Considerações Finais
Nestes quatro anos de acompanhamento foi possível
identificar a diferença de resultados obtidos nestas unidades,
nas quais alguns produtores, com pequenos ajustes e cuidados
na criação, atingiram produtividades superiores a 1.500 kg de
casulos. ha de amoreira -1 , enquanto a média de produtividade
paranaense no mesmo período foi de 635 kg casulos. ha de
amoreira -1 .
Ao encontro dos resultados observados por Sabbag,
Nicodemo e Oliveira (2013), o presente estudo permite afirmar
que a sericicultura remunera os demais custos de produção e
deixa margem para a remuneração da mão de obra familiar.
Como a atividade ocupa em torno de um equivalente-homem por
ha de amoreira, considerando os resultados médios, seriam 1,10
salários mínimos mensais por pessoa, sendo que em 11 das 18
unidades produtivas acompanhadas a remuneração foi superior
a um salário mínimo. Tal valor pode ser considerado aceitável
quando considerado o custo de oportunidade da mão de obra
rural nas regiões estudadas, a presença de outras atividades
na unidade produtiva - ampliando as receitas - e a pauta de
outras oportunidades de empreendimento para os sericicultores
acompanhados.
Referências
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