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Autores

Andressa Zamboni
Dimas Soares Jr.
Donizete Saldan
Edson Diogo de Almeida
Gianna Maria Círio
Organizadores José Yoshiro Oda
Dimas Soares Jr. Oswaldo da Silva Pádua
Edson Diogo de Almeida Ruy Seiji Yamaoka
Oswaldo da Silva Pádua

Õ E S N A
INOVAÇ T U R A
SER I C I C U L
A R A N Á
DO P OGIAS, MANE
JO E RE NTABILID
ADE

TECNOL
1ª Edição
INOVAÇÕES NA SERICICULTURA DO PARANÁ:
TECNOLOGIAS, MANEJO E RENTABILIDADE

Dimas Soares Júnior

Edson Luiz Diogo de Almeida

Oswaldo da Silva Pádua

Orgs.
GOVERNO DO PARANÁ
Secretaria da Agricultura e do Abastecimento
George Hiraiwa – Secretário de Estado

fIAÇÃO DE SEDA BRATAC S/A


Shigueru Taniguti Júnior – Presidente

ABRASEDA
Renata Amano - Presidente

INSTITUTO AGRONôMICO DO PARANÁ


Florindo Dalberto – Diretor Presidente
Tiago Pellini – Diretor de Pesquisa

INSTITUTO PARANAENSE DE ASSISTêNCIA TéCNICA E


ExTENSÃO RURAL
Richard Golba – Diretor Presidente
Paulo Cesar Hidalgo – Diretor Técnico

REVISÃO - Mara Csiszer

PROJETO SEDA: O fIO qUE TRANSfORMA | UEL


SUPERVISÃO GRÁfICA - Paula Napo
PROJETO GRÁfICO - Nabil Slaibi e Kevin Diniz
DIAGRAMAÇÃO - Kevin Diniz
CAPA - Nabil Slaibi

DISTRIBUIÇÃO - Fiação de Seda Bratac S/A


2ª EDIÇÃO – 50 exemplares

IMPRESSO NA GRÁfICA DO INSTITUTO EMATER

Catalogação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da


Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


I58 Inovações na sericicultura do Paraná : tecnologias, manejo e
rentabilidade / Dimas Soares Júnior, Edson Luiz Diogo
de Almeida, Oswaldo da Silva Pádua: orgs. – Londrina :
ABRASEDA : IAPAR, 2018.
103 p. : il.

Vários autores.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-85065-00-3

1. Bicho-da-seda – Criação – Paraná. 2. Amoreira –


Manejo. 3. Solos – Fertilidade. 4. Nematoda em plantas.
I. Soares Júnior, Dimas. II. Almeida, Edson Luiz Diogo de.
III. Pádua, Oswaldo da Silva. IV. Associação Brasileira da
Seda. V. Instituto Agronômico do Paraná.
CDU 638.2(816.2)

Bibliotecária: Solange Gara Portello – CRB-9/1520


Autores

Andressa Cristina Zamboni Machado


Engenheira Agrônoma
Mestre e Doutora em Agronomia
Pesquisadora da Área de Proteção de Plantas do IAPAR

Dimas Soares Júnior


Engenheiro Agrônomo
Mestre em Administração
Doutor em Agronomia
Pesquisador da Área de Socioeconomia do IAPAR

Edson Luiz Diogo de Almeida


Engenheiro Agrônomo
Mestre em Agronomia
Extensionista Rural do EMATER/PR

Gianna Maria Círio


Engenheira Agrônoma
Mestre em Agronomia
Analista do DERAL/SEAB

João Donizete Saldan


Administrador de Empresas
Supervisor de Produção de Matéria Prima da Fiação de Seda
Bratac S/A

José Yoshihiro Oda


Administrador de Empresas
Gerente de Produção da Matéria Prima da Fiação de Seda
Bratac S/A

Oswaldo da Silva Pádua


Técnico em Agropecuária
Extensionista Rural do EMATER/PR

Ruy Seiji Yamaoka


Engenheiro Agrônomo
Mestre em Agronomia
Pesquisador Colaborador da Área de Fitotecnia do IAPAR
Equipe técnica de acompanhamento das
unidades de referências

INSTITUTO EMATER FIAÇÃO DE SEDA BRATAC S/A

Alaércio Francisco da Silva - Alto Adilson Cesário Leite – Iretama


Piquiri Aparecido Barbosa dos Santos - Nova
Cloves José Rosa - Luiziana Esperança
Donizete Augusto dos Santos - Xambrê Carlos Antoniassi – Altônia
(in memoriam) Donizeti Franzoia – Indianópolis
Douglas Basoni Alves - Tapira Edson Ribeiro – Astorga
Eduardo Libanori - Cruzeiro do Sul Fábio José Galhardi – Tapira
Eliseu Souza dos Santos - Santa Cruz Francisco Osmar dos Santos - Cruzeiro
do Monte Castelo / Santa Mônica do Sul
Florisval Rodrigues Calixto - Iretama Francisco Roberto Cardoso - Alto
Genivaldo Pestana - Ivaté Paraná
Jorge Luiz Pereira de Oliveira - Altônia Francismar Cesar Sichinelli - Santa
José Sergio Righetti - Mandaguaçu Cruz do Monte Castelo / Santa Mônica
Marcos Ferreira Batista - Tuneiras João Affonso Filho - Nova Esperança
D’Oeste José Ferreira da Conceição – Altônia
Mario Nativo Bravin - Alto Paraná Lucio Faccina – Astorga
Oswaldo da Silva Pádua - Nova Espe- Marcos Antônio Urbano – Mandaguaçu
rança Rafael da Silva Filho - Tuneiras do
Paulo Lavac - Altônia Oeste
Reginaldo Volpato - Indianópolis Roberto Teixeira - Nova Esperança
Sidney Galhardo - Terra Boa Sergio Cardoso – Luiziana
Wilson Lopes Silva - Astorga Sidney Faúne – Rondon
Valdinei de Souza - Terra Boa
Vanderlei Salomão – Ivaté
Sumário

APRESENTAÇÃO_________________________________________________09

PREFÁCIO_______________________________________________________11

INTRODUÇÃO____________________________________________________14

EVOLUÇÃO E CONDIÇÃO ATUAL DA SERICICULTURA NO PARANÁ

Introdução______________________________________________________21

Características, usos e obtenção______________________________________22

Participação do Brasil e do Paraná na produção de casulos do

bicho-da-seda_____________________________________________________23

Desempenho da produção de casulos no Paraná_________________________26

Preços e custos___________________________________________________29

Considerações finais_______________________________________________30

Referências_______________________________________________________32

CONDIÇÃO ATUAL E MANEJO DA FERTILIDADE DO SOLO EM AMOREIRAIS

Introdução________________________________________________________35

Características quimicas dos solos____________________________________37

Extração de nutrientes pelas plantas de amoreiras_______________________43

Aproveitamento de ramas de amoreira_________________________________44

Avaliação dos teores de nutrientes presentes nas ramas e folhas

da massa foliar produzida, nos restos das colheitas de amoreira

no campo, e nos restos da cama de criação_____________________________47

Conclusões_______________________________________________________48

Referências_______________________________________________________50
OCORRÊNCIA DE NEMATOÍDES EM AMOREIRAIS E PRÁTICAS DE

CONTROLE

Introdução________________________________________________________52

Nematoides em amoreira no Brasil____________________________________53

Disseminação e manejo_____________________________________________59

Conclusões_______________________________________________________66

Referências_______________________________________________________67

DESCRIÇÃO, IMPACTOS E POTENCIALIDADES DAS PRINCIPAIS

INOVAÇÕES NO MANEJO DE AMOREIRAIS E SIRGARIAS

Introdução________________________________________________________71

Inovações nos sistemas de produção de casulos verdes___________________72

Considerações finais_______________________________________________80

A RENTABILIDADE DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE CASULO VERDES

Introdução________________________________________________________83

Metodologia______________________________________________________84

Análise econômicas das unidades acompanhadas________________________86

Considerações finais_______________________________________________92

Referências______________________________________________________95

ANEXO ________________________________________________________ 99
A P R E S E N TA Ç Ã O
apresentação
uNIDADES DE REFERÊNCIA

Este belo livro é o resultado de um árduo trabalho de 4


anos, que só foi possível graças aos trabalho em conjunto dos
técnicos da Emater, IAPAR e Fiação de Seda Bratac.
Após um detalhado estudo de potencialidade, foram
escolhidos 18 produtores do bicho-da-seda que serviram como
modelo para uma produção exemplar, com indicadores de
qualidade, produtividade e rentabilidade mais próximos possíveis
dos níveis ideais.
Através de acompanhamentos periódicos das equipes,
todos os 18 produtores foram muito bem orientados e cumpriram à
risca todas as instruções, provando que é perfeitamente possível
produzir com mais qualidade e maior produtividade, otimizando a
área disponível para a criação do bicho-da-seda, com os mesmos
recursos humanos, e ainda aumentando consideravelmente a
receita destes produtores.
Os trabalhos continuam e esperamos que contribua para
uma maior conscientização de todos os produtores do bicho-
da-seda, e que possamos ter, em breve, muitos produtores nos
mesmos moldes das unidades de referência.
Produtores produtivos e satisfeitos é o primeiro passo
para o sucesso da cadeia da seda!

Fiação de Seda Bratac s.a.


Shigueru Taniguti Junior
Diretor Presidente
P R E F Á C I O
Prefácio

Com os primeiros registros de produção de casulos verdes


registrados ainda na década de 1930, foi a partir de 1970, com
a chegada das indústrias processadoras, que a Sericicultura
paranaense se consolidou como importante componente da pauta
de produção agropecuária do estado.
A organização do setor e a forte vinculação da atividade
às nossas características climáticas, edáficas e sociais levaram
o Paraná a ocupar no inicio dos anos 1980 a condição de maior
produtor brasileiro de casulos verdes, posição não abandonada
desde então.
Um dos elementos para a manutenção dessa história de
sucesso tem sido a permanente colaboração entre o Estado e
o setor privado, observada por exemplo na Câmara Técnica do
Complexo Seda, a qual, criada em 2004, é hoje um dos melhores
exemplos de articulação e parceria público - privada presente
entre as cadeias agroindustriais paranaenses, trabalhando não
somente no desenvolvimento de políticas públicas específicas,
como as Patrulhas Sericícolas, como também para aumentar
o alcance entre os sericicultores, das políticas públicas mais
amplas como o Pronaf, o Prosolos, e os Programas de Calcário e
Fósforo, de Estradas Rurais, de Microbacias, Habitação Rural, de
Irrigação Noturna entre outros.
Assim, é com grande satisfação que constatamos mais
um exemplo dessa cooperação virtuosa materializado nessa
obra, que congrega esforços da Fiação de Seda Bratac S/A e da
Secretaria da Agricultura e do Abastecimento por meio de seu
Departamento de Economia Rural (DERAL) e de suas vinculadas
Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural
(EMATER/PR) e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).
Esse esforço conjunto permitiu oferecer nesse documento,
uma visão atualizada sobre tecnologias e inovações para o manejo
de amoreirais e sirgarias, e, ancorando-se no acompanhamento de
uma rede de unidades produtivas familiares, apontar a viabilidade
econômica da atividade nesse novo momento na qual essa se
encontra.
Sendo assim, acreditamos que esse trabalho se constitui
em importante contribuição para todos aqueles envolvidos no
Complexo Agroindustrial da Seda no Paraná, colaborando para
que se ampliem as já importantes contribuições ambientais,
econômicas e sociais que este setor vem oferecendo à sociedade
paranaense.
Desejamos a todos uma excelente leitura. Esse é um livro
que nos faz parar para pensar e literalmente nos leva a acreditar
que juntos podemos inovar nossa própria história.

George Hiraiwa
Secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento
I N T R O D U Ç Ã O
Introdução
Oswaldo da Silva Pádua, Edson Luiz Diogo de Almeida,

Dimas Soares Júnior

Ainda que as primeiras iniciativas para a implantação da


atividade tenham sido registradas em 1932, foi a partir do começo
dos anos 1970, com a instalação de indústrias de processamento
e o emprego de novas tecnologias produtivas, que a sericicultura
se consolidou como importante alternativa aos sistemas de
produção familiares do Paraná, levando o estado a superar a
produção paulista na safra 1985/86 quando assumiu a condição
de maior produtor nacional (WATANABE et. al., 2000), posto não
abandonando desde então.

Sua aptidão à pequenas áreas, seu caráter ambientalmente


correto - uma vez que não exige a utilização de agrotóxicos nos
tratos culturais e não gera resíduos poluentes - e o potencial
distributivo de sua cadeia produtiva - já que a renda gerada na
produção primária dinamiza as economias locais, - levaram a
atividade a estar presente em 245 dos 399 municípios do estado
na safra 1997/98.
Contudo, entre as safras 2011/12 e 2014/15, ainda que
tenha mantido a liderança incontestável na produção de casulos
verdes no país, o Paraná diminuiu sua contribuição na produção
total nacional em 6,2 pontos percentuais, resultado do aumento de
9,4% na produção brasileira, face à somente 2,0% de incremento
na produção paranaense entre as duas safras.

Tal resultado, decorrente da conjuntura do mercado


internacional associada a aspectos econômicos, demográficos
e sociais internos, resultou na redução de 38,4% na área das
amoreiras destinadas à alimentação das lagartas de bicho da
seda, de 20,0% do número de sericicultores e de 25,2% no número
de barracões destinados à atividade. Saliente-se que a redução
na produção somente não foi mais drástica devido ao incremento
de 47,3% na produtividade média observada no mesmo período
(CÍRIO, 2016).
Consolidou-se assim, um cenário em que se tornou
ainda mais premente para os sericicultores, a necessidade de
adoção de tecnologias que permitissem não somente melhorar
a eficiência técnica como também a gestão de suas unidades
produtivas, visando suprir informações para a tomada de decisões
e o aperfeiçoamento dos processos, com vistas a garantir a
permanência na atividade.
Para dar suporte a tais mudanças e, em alinhamento com
as diretrizes institucionais do Instituto Paranaense de Assistência
Técnica e Extensão Rural (EMATER/PR), a equipe de Assistência
Técnica e Extensão Rural (ATER) em sericicultura mobiliza-se para
a adoção da estratégia de implantação de unidades referenciais,
visando a construção de referências técnicas e econômicas que
permitam melhor qualificar as ações de difusão e transferência de
tecnologias tradicionalmente realizadas, constituindo assim uma
rede de unidades produtivas voltadas à inovação.
Tal Rede, definida como sendo

“...um conjunto de propriedades


representativas de determinado sistema
de produção familiar, que após processo
de otimização visando ampliação de sua
eficiência e sustentabilidade, conduzido
por agricultores e técnicos, servem como
referência técnica e econômica para as
outras unidades por elas representadas.”
(MIRANDA e DOLIVEIRA, 2005).

tem por objetivos complementares: i) levantar demandas de


pesquisa a partir de diagnósticos nas propriedades; ii) realizar
testes, ajustes e validação de tecnologias; iii) ofertar tecnologias e
ou atividades que ampliem a eficiência dos sistemas de produção;
iv) disponibilizar informações e propor métodos para orientar os
agricultores na gestão da propriedade rural; iv) servir como polo
de difusão e capacitação de técnicos e agricultores; e v) subsidiar
formulação de políticas de promoção da agricultura familiar.
Implementada pela EMATER/PR e pelo Instituto Agronômico
do Paraná (IAPAR) em outros sistemas de produção desde o ano
de 1998, esta estratégia é particularmente potencializada no setor
sericícola, pela parceria que une, nessa condição específica,
a ATER e a pesquisa agropecuária públicas com a iniciativa
privada, por meio da Fiação de Seda Bratac S/A, que por meio da
parceria firmada em 2014 participa ativamente da constituição da
Rede, mobilizando para tanto sua equipe de agentes de apoio à
sericicultura.
Assim, foram selecionadas na safra 2014/2015, 18
unidades produtivas localizadas em 14 diferentes municípios
da Macrorregião Noroeste, responsável por 60% da produção
estadual, onde se encontram 1.008 produtores distribuídos em 77
municípios (CÍRIO, 2018), as quais recebem acompanhamento
técnico e econômico específico da equipe da EMATER/PR em
parceria com os profissionais da Bratac. A Figura 1 apresenta
a localização das unidades de referências acompanhadas nas
safras 2016/2017 e 2017/2018. 1

Figura 1. Localização das Unidades de Referências da Rede em Sericicultura


acompanhadas nas safras 2016/2017 e 2017/2018.

Fonte: LASE/IAPAR a partir de dados da pesquisa.

Completados quatro anos do acompanhamento destas


unidades, foi possível identificar as diferenças nos resultados obtidos
por meio das inovações introduzidas por ajustes nos processos
produtivos ou por novos produtos como máquinas e equipamentos,
os quais possibilitaram também a redução da penosidade do
trabalho, resultando em níveis de produtividade 64% superiores à
média estadual no período de análise.
Com a estabilidade de preços e a alta demanda de fios de
1 A cada safra foram acompanhadas 18 unidades produtivas, totalizando 21
unidades acompanhadas ao longo do período em decorrência de mudanças na composição
do grupo com pode ser visto na página 97.
qualidade - característica presente no produto brasileiro e que o
diferencia no mercado internacional - a obtenção de maiores índices
de produtividades pode resultar no aumento do rendimento das
famílias dedicadas à sericicultura no estado, com respostas positivas
nos setores de produtos e serviços dos pequenos municípios
paranaenses e na atração de novas gerações de produtores,
viabilizando processos de sucessão familiar, gerando emprego e
renda no campo e impactando positivamente a qualidade de vida e o
desenvolvimento regional.
Tendo por objetivo, apresentar alguns dos resultados obtidos
nos trabalhos desenvolvidos no âmbito da Rede de Unidades de
Referências em Sericicultura, essa publicação organiza-se em cinco
capítulos além dessa introdução.
No primeiro, Gianna Maria Círio (Departamento de Economia
Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento) discute a
evolução e a condição atual da sericicultura no Paraná,
detalhando aspectos conjunturais sumariamente aqui abordados.
Nos capítulos seguintes, dois importantes temas para o manejo
de amoreirais: A condição atual e o manejo da fertilidade dos
solos e A ocorrência de nematoides e práticas de controle,
são discutidos respectivamente por Ruy Seiji Yamaoka e Andressa
Cristina Zamboni Machado, pesquisadores do IAPAR.
Os impactos e potencialidades das principais inovações
no manejo de amoreirais e sirgarias, tema apresentado por José
Yoshihiro Oda da Fiação de Seda Bratac S/A, apresenta a descrição
de algumas das novas tecnologias de produtos e processos voltadas
para a sericicultura.
Finalmente, o capítulo preparado por Edson Luiz Diogo de
Almeida, Oswaldo da Silva Pádua (EMATER/PR), Dimas Soares
Júnior (IAPAR) e João Donizete Saldan (Fiação de Seda Bratac S/A)
apresenta dados referentes à Rentabilidade dos sistemas de
produção de casulos verdes, obtidos a partir do acompanhamento
das unidades de referências nas quatro últimas safras (2014/15,
2015/16, 2016/17 e 2017/18).

Referências

CIRIO, G. M. Sericultura no Estado do Paraná Safra


2015/16 – Relatório Takii. Governo do Paraná. Secretaria de Estado
da Agricultura e do Abastecimento. Departamento de Economia
Rural. Disponível em: http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/
deral/.../2017/Sericicultura_2016_17.pdf. Acesso em 08 mar. 16.

MIRANDA, Márcio; DOLIVEIRA, Diniz Dias. Redes de


Referências: Um dispositivo de pesquisa & desenvolvimento para
apoiar a promoção da agricultura familiar paranaense. In: Conselho
Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária
(ed.). Redes de Referências: Um dispositivo de pesquisa &
desenvolvimento para apoiar a promoção da agricultura
familiar. Campinas, 2005. p.9-19.

WATANABE, J. K.; YAMAOKA, R. S.; BARONI, S. A. Cadeia


produtiva da seda: Diagnósticos e demandas atuais. Londrina:
IAPAR, 2000. 129 p.
C A P Í T U L O U M
Evolução e Condição Atual da
Sericicultura no Paraná

Gianna Maria Cirio


Evolução e condição atual da
sericicultura no paraná

Gianna Maria Cirio

Introdução
A criação de bicho-da-seda denomina-se sericicultura.
O bicho-da-seda é originário da China e vem sendo criado pelo
homem para obtenção de fios de seda há cerca de 5.000 anos.
Da China, o inseto foi introduzido no Japão, Turquestão, na Ásia
Central e Grécia. Em 1740, o bicho-da-seda passou a ser criado
na Espanha, França, Itália e Áustria.
No território brasileiro a introdução da sericicultura
ocorreu em 1848, no estado do Rio de Janeiro e, em 1922, na
cidade de Campinas/SP - onde foi criada a Indústria de Seda
Nacional S.A. A partir da década de 1930, a sericicultura tornou-
se uma importante atividade para a agroindústria brasileira e,
atualmente, o estado do Paraná é o maior produtor nacional de
casulos verdes de bicho-da-seda (BRENNER, 2010).
A atividade tem início com o cultivo da amoreira (Morus
sp.) 12 , passa pelo recebimento dos ovos - fornecidos pelas
indústrias da espécie adequada para a produção de fios
denominada Bombyx mori L. (Lepidoptera: Bombycidae) - e se
completa com a criação destas lagartas em galpões denominados
sirgarias. É desenvolvida no campo, principalmente pelos
agricultores familiares, constituindo uma atividade integrada
entre os produtores e indústrias.
A sericicultura é uma alternativa de geração de renda

1 “Amoreira”, ”amora”, “cultivo da amoreira”, “cultivo da amora”, serão utilizados


como sinônimos ao longo desse livro sempre em referência à Morus sp.
para muitos produtores do meio rural e está presente em cerca
de 40 países, nas últimas décadas, a produção de fios de seda
e a indústria têxtil a ela vinculada vem apresentando intensa
transformação.

Características, usos e obtenção


A seda é uma fibra proteica usada na indústria têxtil, sendo
uma matéria prima de alto custo, e altamente valorizada devido
aos seus atributos únicos em caimento, brilho, leveza, maciez
e resistência, além de caraterísticas químicas e físicas como:
pH neutro, elasticidade, ausência de eletricidade estática, alta
capacidade de absorção. Somadas, suas características tornam
seu uso confortável como tecido, principalmente em camisas,
vestidos, blusas, gravatas, xales, luvas, assim como para tecidos
de decoração, cortinas, estofados e almofadas, podendo também
ser utilizada para fins eletrônicos, aeronáuticos e na medicina.
A fibra de seda natural é um filamento contínuo da
proteína, produzido pelas lagartas de certos tipos de mariposas.
As lagartas expelem, através das glândulas, o líquido da seda (a
fibroína) envolvido por uma goma (a sericina) que se solidifica
imediatamente quando em contato com o ar.
Estima-se que a produção de seda corresponda a menos
de 0,2% das fibras têxteis e é considerada como uma fibra
ecológica, por ser obtida a partir dos casulos de bicho-da-seda
produzidos por tecnologias amigas do ambiente que envolvem
pequenas quantidades de fertilizantes e sem uso de inseticidas.
O Brasil é o único produtor de fio de seda em escala
comercial no Ocidente e o Paraná, a partir da década de 1980,
tornou-se o principal produtor nacional de casulos do bicho-
da-seda, segundo dados da Secretaria da Agricultura e do
Abastecimento que, por meio de seu Departamento de Economia
Rural (DERAL) acompanha o desempenho da atividade desde a
safra de 1985/86 até hoje.

Participação do brasil e do paraná na


produção de casulos do bicho-da-seda
No Brasil, a sericicultura em escala comercial teve início
no estado de São Paulo e apresentou um desempenho crescente
até seu auge na década de 1980 e início dos anos 1990. Ainda
hoje é desenvolvida no estado, embora com menos sericicultores.
No Paraná, a atividade chegou no final da década de
1950, mas foi no início da década de 1980 que o estado se tornou
o maior produtor nacional, respondendo por 53% da produção de
casulos e, desde de meados da década de 1990 até o presente,
responde por cerca de 90% da produção brasileira (Figura 1).
Figura 1. Produção brasileira e paranaense de casulos do bicho-da-seda, em
toneladas. ano -1 - 1986 a 2016.

Fonte: IBGE, SEAB, BRATAC - Elaboração SEAB/DERAL.

O auge da produção de seda no Brasil e no Paraná foi


obtido na safra 1986/87 quando o mercado interno consumia cerca
de 500 toneladas por ano. No início de 1990, com a abertura das
importações, o mercado interno encolheu para 50 toneladas/ano
e nesta época, muitas tecelagens fecharam suas portas para dar
lugar aos tecidos importados da Coréia do Sul e da China que
entraram no país.
Nos anos 1990, a produção de casulos no Brasil distribuía-
se nos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa
Catarina, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Espírito Santo,
Rio Grande do Norte e Roraima e na atividade fabril estavam as
empresas: Bratac, Kanebo-Fujimura, Cocamar, Kobes, Shoei e
Cooperseda (BRATAC, 2018).
A partir da segunda metade dos anos 1990, teve início
uma queda na atividade em decorrência de fatores conjunturais
tais como a sobrevalorização cambial - quando mais de 95%
da produção era destinada ao mercado externo; gerando a
necessidade de reorganização da cadeia produtiva devido a
fatores estruturais - destacando-se as baixas rentabilidades do
setor primário, produtividade e qualidade dos casulos; o monopólio
de material genético do bicho-da-seda; a baixa produtividade
e qualidade do amoreiral; as doenças do bicho-da-seda e as
dificuldades na administração da propriedade/atividade. Alguns
destes entraves podem ser atribuídos ao desenvolvimento da
atividade, predominantemente, em pequenas propriedades rurais
onde os produtores estão envolvidos em outras atividades, tanto
pecuárias como agrícolas (BARBOSA, 2018).
Em 1996 e 1997 teve início o declínio da atividade e a
consequente desativação e saída das diferentes empresas que
formavam o complexo da seda. Encerraram suas atividades as
empresas: Shoei e Kobes do Brasil (filial da Kobe Kiito do Japão)
- que era uma das maiores indústrias de fiação de seda do país
(CORNÉLIO, 2003) e também a Cooperseda - complexo formado
por 11 cooperativas entre as quais a Cotriguaçu (Cascavel), a qual
chegou à etapa final de desativação das unidades (PEGORARO,
1997), Coopagro (Toledo), Copagra (Nova Londrina) e Cocamar
(Maringá).
Em 2006, ocorreu queda na produção e no consumo
interno além da redução de exportação para o Japão em 60%.
Devido a forte concorrência chinesa somada à desvalorização
do dólar frente ao real, a Cocamar suspendeu a atividade de
industrialização de casulos de seda transferindo o processamento
da matéria-prima para a Bratac e continuou apenas com o apoio
técnico aos 460 sericicultores cooperados. Já em 2010, a Fujimura
do Brasil S.A. também encerrou suas atividades, permanecendo
no setor fabril, apenas a Fiação de Seda Bratac S.A 23 .
Entre os motivos que fizeram com que as empresas saíssem
do mercado, destacam-se: baixo incentivo governamental,
condições do câmbio desfavorável às exportações, diminuição
contínua de matéria-prima devido ao êxodo rural e os altos custos
para manter as fábricas operando com ociosidade (ROSA, 2005).
Atualmente, a produção brasileira de fios de seda é voltada
para a exportação, principalmente para países do continente
asiático e europeu, como Japão, França e Itália e, além do
Paraná, a sericicultura é encontrada, com menor expressão, nos
estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Desempenho da produção de casulos no


paraná
Observando-se os dados da atividade na safra 1985/86,
constata-se que a produção foi de aproximadamente seis mil
toneladas de casulos, em uma área de 22,4 mil hectares de
amoreiras e envolveu 2225 sericicultores (Figura 2). Na safra
1992/93, a sericicultura alcançou o seu auge no Paraná, ocupando
44 mil hectares de amoreiras e 8350 sericicultores, distribuídos
em 220 municípios. Naquela safra, a produção total foi de 14 mil
toneladas de casulos e, representou 74,4 % do total brasileiro de
2 A Fiação de Seda Bratac é uma empresa de capital 100% nacional e a atualmente
a única fiação em operação no Brasil, que trabalha com fios de seda tendo como principal
meta manter a qualidade e ainda aumentar a produtividade por agricultor e com isso atender
os mercados mais exigentes.
19 mil toneladas, correspondendo a um crescimento em produção
de cerca de 60% e de 50% em área com relação ao primeiro período
(ABRASEDA, 2009). Foram ocupados, naquela safra recorde,
mais de dez mil barracões ou sirgarias, com uma produção média
maior que 1,6 tonelada/sericicultor, uma produtividade de cerca
de 0,3 tonelada/hectare e uma área média perto de 5,2 hectare/
sericicultor.

Figura 2. Área de amoreiras (ha), produção de casulos verdes (t) e número de


sericicultores. Paraná. Safras 1985/86 a 2016/17.

Fonte: IBGE, SEAB, BRATAC - Elaboração SEAB/DERAL.

Apresentando continuas reduções até a safra 2014/15,


quando chegou ao seu limite inferior, a redução da atividade
estancou-se com a área cultivada de 3.731 ha de amoreiras,
produção de 2.430 t de casulos verdes e 1790 sericicultores na
atividade. Considerando-se a maior safra do período, verificada
em 1992/93, tais números representam 8,5% da área plantada;
17% da produção obtida e 21% do número de sericicultores na
atividade.
Em relação a área média de amoreira por sericicultor
(Figura 3), nos anos 1985/86 representava cerca de 10 hectares,
reduzida a 5,2 hectares em 1994/95, a 2 ha em 2006/07,
alcançando 2,09 ha na safra 2016/2017. Nestas safras foram
obtidas as seguintes produtividades: 267 kg.ha -1 ; 335 kg.ha -1 ;
560 kg.ha -1 e 622 kg.ha de amora -1 . A maior produtividade média
obtida foi 651 kg.ha -1 na safra 2014/15 que comparada com a de
1985/86 de 267 kg.ha -1 representou um incremento de 143%. A
redução das áreas por sericicultor e a busca pelo aumento da
produtividade estão presentes na atividade até os dias atuais.
Estima-se que a atividade gere um emprego direto para
cada hectare plantado, representando hoje perto de 4.000
empregos diretos e igual quantidade de empregos indiretos no
Paraná.

Figura 3. Área média de amoreira (em ha) e produção média por sericicultor (em
toneladas). Safras 1985/86 a 2016/17.

Fonte: IBGE, SEAB, BRATAC - Elaboração SEAB/DERAL


Preços e custos
O preço por quilograma de casulos é pesquisado
mensalmente pelo Departamento de Economia Rural (DERAL) e
convertido em dólares pelo preço comercial de compra do dia 15
(ou subsequente) de cada mês, consistindo nos preços médios
nominais mensais recebidos pelos agricultores (Figura 4).

Figura 4. Preços em reais e dólares por quilo de casulos do bicho-da-seda.


Período de 1995 a 2017.

Fonte: DERAL - SEAB/PR.

Em 2017, a média de preço por kg de casulos do bicho-da-


seda foi R$ 17,70 (US$ 6,68), porém, na prática, os sericicultores
ainda recebem prêmio por qualidade, o qual não foi considerado
nestes valores.
Já em relação aos custos de produção estimados pela
CONAB para o plantio convencional e com alta tecnologia, para
uma produtividade de 525 kg, verificou-se que, em 2014, o custo
de mão de obra no plantio convencional correspondeu a 42%
dos custos totais e para alta tecnologia cerca de 30% dos custos
(CONAB, 2017).

Considerações Finais
A criação do bicho-da-seda como exploração comercial de
casulos é afetada por diferentes fatores, alguns em consonância
com a produção agropecuária de modo geral, outros específicos
da atividade, bem como fatores variáveis não controláveis e
imprevisíveis relacionados, por exemplo, as condições climáticas,
a oscilação econômica, a cotação do dólar, entre outros.
A produção mundial de casulos é dominada pela Ásia, no
entanto, a produção brasileira, e consequentemente do Paraná, é
bem conceituada devido à alta qualidade do produto, atendendo
nichos específicos de mercado, enquanto que China e Índia
produzem em larga escala.
A atividade apresenta vantagens tais como: baixo risco;
cultivo em pequenas áreas; baixo capital de giro; produção voltada
para o mercado internacional e cultura correta, limpa, viavelmente
econômica e justa. Os criadores têm garantia de venda porque a
atividade é mantida pelo sistema de integração com a indústria
que fornece as lagartas para criação e mudas de amoreiras e
adquire os casulos, com pagamento à vista. No Paraná, diferentes
instituições atendem aos aspectos da produção de casulos como
as organizações públicas de extensão rural e pesquisa (EMATER,
IAPAR, Universidades), as quais atuam integradas e voltadas
para melhor atender o desenvolvimento do segmento sericícola 34 .
3 O setor organiza-se em torno da Câmara Técnica do Complexo da Seda (CTCS)
do Estado do Paraná, criada pelo Decreto Estadual no 2544 de 04/02/2004 com o objetivo
de propor ações voltadas para a consecução do desenvolvimento do complexo da seda,
constituindo-se em um espaço de discussão, em caráter multissetorial, das questões mais
relevantes para o setor, Neste contexto a Câmara reúne agentes de diferentes segmentos
A sericicultura é reconhecida como atividade dependente
de mão de obra e, no auge de sua presença no estado do Paraná,
chegou a envolver mais de 14 mil produtores. No entanto, a
redução da mão de obra disponível no meio rural reduziu as
áreas de cultivo de amoreiras, a produção de casulos e o número
de sericultores na atividade e hoje, a atividade sericícola que
anteriormente demandava grandes áreas cultivadas e apresentava
baixos índices de produtividade, visa aumentar os níveis de
produtividade por hectare, o que tem atraído novos agricultores e
jovens para atividade.
A modernização da sericicultura traz novas oportunidades
de geração de renda. Observa-se então, a partir de meados
da década de 2010, uma necessária revisão da atividade com
a introdução de inovações tecnológicas que permitem, além da
adoção de máquinas e equipamentos para a redução do esforço
físico e dependência de mão de obra, também a modernização
do setor com a inserção de práticas agrícolas de uso corrente
em outras culturas, tais como: correção e adubação do solo;
uso de cultivares de amoreiras melhorados; espaçamentos
adequados para a mecanização do corte de amoreira; podas
corretas e irrigação. A adequação dos barracões/sirgarias quanto
a mecanização - incluindo sistemas de roldanas para elevação
de bosques acopladas em tratores; novas máquinas peladeiras
de casulos; elevação da altura das camas de criação; cortinas de
proteção, etc. também podem aumentar a eficiência do trabalho
reduzindo o trabalho braçal 45 .
desde a produção, industrialização, pesquisa, assistência técnica e também fornecedores
de insumos e serviços ligados a Sericicultura. Atualmente está em sua 56ª. reunião
ordinária e, entre seus diversos compromissos está a organização do Encontro Estadual de
Sericicultores, atualmente em sua 35ª edição.
4 Tais inovações estão detalhadas no capítulo 4 desse livro (p.75).
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FIAÇÕES DE SEDA


(ABRASSEDA). Dados Estatísticos da ABRASSEDA e
mundial. 28 set. 2009. Acesso em: 03 mai. 2018.

BARBOSA, M.Z. - Aspectos das cadeias produtivas da


seda e do sisal no Brasil – ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/
seto1-0406.pdf. Acesso em: 03 mai. 2018.

BRATAC. Empresa. Disponível em: http://www.bratac.com.


br/bratac/pt/index.php Acesso em: 03 mai. 2018.

BRENNER, A.P. Análise da Conjuntura Agropecuária


Safra 2010/2011. Governo do Paraná. Secretaria de Estado
da Agricultura e do Abastecimento. Departamento de Economia
Rural.

CIRIO, G. M. Sericultura no Estado do Paraná Safra


2015/16 – Relatório Takii. Governo do Paraná. Secretaria de
Estado da Agricultura e do Abastecimento. Departamento de
Economia Rural. Disponível em: http://www.agricultura.pr.gov.br/
arquivos/File/deral/.../2017/Sericicultura_2016_17.pdf.

CONAB. Custos de produção, período de 2014 a


2017.CONAB/DIGEM/SUINF/GECUP. Acesso em: 15 mai. 2018.
CORNÉLIO, R. C. Maior parte da produção vai para
outros países. O Estado de São Paulo. São Paulo, 24 ago. 2003.
Disponível em: https://www.jcnet.com.br/editorias_
noticias.php?codigo=25146&ano=2003&p=. Acesso em: 03 mai.
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PEGORARO, P. Liquidação da Cooperseda chega à


fase mais difícil. Folha de Londrina. Londrina, 02 ago 1997.
Economia e Negócios. Disponível em https://www.folhadelondrina.
com.br/economia/liquidacao-da-cooperseda-chega-a-fase-mais-
dificil-34024.html. Acesso em: 02 mai. 2018.

ROSA, G. O. Estudo de caso sobre a implantação do


sistema de manutenção produtiva total na indústria de fios
de seda Cocamar, no período de 2004 a 2005. 2005. 117f.
Monografia (Graduação em Engenharia da Produção) – Centro
de Ciências Tecnológicas, Universidade Estadual de Maringá,
Maringá. 2005.
C A P Í T U L O D O I S
Condição atual e manejo da fertilidade
do solo em amoreirais

Ruy Seiji Yamaoka


Condição atual e manejo da
fertilidade do solo em amoreirais

Ruy Seiji Yamaoka

Introdução
O sucesso da produção sericícola depende principalmente
da quantidade e qualidade da folha de amoreira, o seu principal
alimento. Portanto é muito importante que se conheça a planta
profundamente quanto aos seus cuidados e exigências, para que
se realize o seu cultivo dentro do padrão mínimo necessário.
Para implantação do amoreiral é necessário que se
observem os fatores ambientais limitantes ao seu desenvolvimento,
tais como temperatura, umidade relativa do ar, precipitação, solo
e topografia, entre outros.
Quanto ao solo, o tripé fertilidade, nutrição e adubação é
fundamental para o sucesso da produção de folhas de amoreiras.
Para tanto é importante que se conheça bem a relação entre a
composição química do solo e as necessidades nutricionais das
plantas, visando definir níveis de adubação para obtenção de boa
produtividade em padrões economicamente viáveis.
O solo para amoreira, fisicamente, deve possuir boa
profundidade para permitir um bom desenvolvimento do sistema
radicular; alto teor de matéria orgânica (5 a 10%); textura média
com menos de 35% de argila e argilosa entre 35 e 60% de argila;
saturação de base em torno de 60%; pH entre 6,2 e 6,8; umidade
em torno de 25% e boa fertilidade (ZANETTI, 2018). Devem ser
evitados plantios em solos estéreis, ácidos, alagadiços e rasos.
No
aspecto de fertilidade do solo é importante que se conheçam os
nutrientes disponíveis para absorção pelas plantas e eventuais
necessidades de correção antes da implantação das lavouras e
de reposição durante o cultivo.
As plantas, como todo ser vivo, necessitam de água e
de diferentes moléculas orgânicas para sua sobrevivência. Os
elementos que compõem a água (H 2 O) e qualquer molécula
orgânica (C. O, H) tem obviamente sua essencialidade comprovada.
Esses elementos são absorvidos pelas plantas a partir da água
absorvida pelas raízes e do CO 2 absorvido via fotossíntese.
Além desses três elementos não minerais (que compõe
cerca de 90% da matéria seca), as plantas são constituídas
por mais seis elementos que são exigidos em quantidades,
denominados de macronutrientes: nitrogênio (N), fósforo (P),
enxofre (S), potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Já entre
os micronutrientes que são exigidos em quantidades inferiores
temos: ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu), boro
(B), molibdênio (Mo), e cloro (Cl).
A adubação, que consiste no fornecimento de adubos/
fertilizantes ao solo ou às plantas, de modo a recuperar ou
conservar a sua fertilidade, suprindo a carência de nutrientes para
proporcionar condições ao pleno desenvolvimento das plantas,
deverá ser realizada com base na disponibilidade de nutrientes
no solo e na necessidade que as plantas apresentam para o seu
desenvolvimento e produção.
No cultivo da amoreira, uma questão importante que se
associa diretamente à produção de massa foliar e extração de
nutrientes é o desperdício que ocorre durante a colheita, pois as
partes mais velhas do ramo não são aproveitadas para alimentação
das lagartas. Essa sobra, além de consumir energia para sua
produção, proporciona consumo significativo de nutrientes.
Entretanto em termos nutricionais esta sobra não corresponde
a perdas, pois em seu manejo, através de roçada, é distribuída
novamente ao solo.
O presente estudo teve a finalidade de observar as reais
condições do solo das áreas de amoreira nas Unidades de
Referências da Rede em Sericicultura na Região Noroeste do
Paraná, a extração dos nutrientes nestas condições e confrontar
posteriormente os níveis de adubações que tem sido executados,
além de dimensionar as perdas nas colheitas.

Características químicas dos solos


Para avaliar o potencial produtivo dos solos das Unidades
de Referências em Sericicultura foram coletadas, na safra
2016/17, amostras de solos em duas profundidades (0 a 20 cm e
20 a 40 cm). Os resultados das análises estão consolidados na
Tabela 1.
A interpretação dos resultados baseou-se no “Manual
de Adubação e Calagem para o Estado do Paraná” publicado
recentemente pelo Núcleo Paranaense da Sociedade Brasileira
de Ciência do Solo, trabalho que envolveu um grupo de 73
autores. De cunho aplicado, o manual traz desde informações
básicas e orientações sobre a obtenção de dados e critérios para
adubação e calagem, até orientações para a definição de doses
e estratégias de aplicação de corretivos de solo e nutrientes
para maioria das espécies comercialmente cultivadas no estado
(SBCS/NEPAR, 2017).
Essas orientações proporcionam máximas produções física
ou de interesse - considerando também os aspectos econômicos
- e sendo utilizadas as seguintes classes de interpretação para
os diferentes elementos analisados:
− Muito baixo: teor que proporciona até 40% da produção máxima;
− Baixo: teor que proporciona de 40% a 70% da produção máxima;
− Médio: teor que proporciona de 70% a 90% da produção máxima;
− Alto: teor que proporciona de 90% a 100% da produção máxima;
− Muito alto: teor que pode proporcionar limitação de produção; e
− Condição a evitar: teor que pode proporcionar decréscimo
de produção, por desequilíbrio nutricional ou toxidez pelo
excesso do nutriente, e risco de contaminação ambiental.
Nas Tabelas 2 a 5 são apresentados os níveis de
interpretação de atributos químicos do solo de acordo com
resultados de pesquisas existentes no Paraná. Confrontando os
valores destas tabelas com os resultados das análises dos solos
das Unidades de Referências apresentados na Tabela 1, verifica-
se que os solos destas unidades produtivas se encontram em
condições privilegiadas, conforme as análises apresentadas na
Tabela 6, como detalhamos a seguir:

− pH: todos os solos estão com níveis acima do médio que é de


5,6;
− Al: todos os solos apresentam teor de alumínio baixo (7%) a
muito baixo (93%);
− Ca: 7% com teor muito baixo, 27% médio a alto e 60% alto e
7% muito alto;
− Mg: 7% das unidades com teor baixo, 67% médio, 7% alto e
20% muito alto;
− K: 13% com níveis baixos, 47% médio e 40% entre médio a
muito alto;
− P: 20% das áreas com níveis muito baixo a médio, 40% muito
alto e 40% em condições elevadíssimas as quais devem ser
evitadas;
Tabela 1. Resultados das análises de solos das Unidades de Referências em Sericicultura, 0-20cm e 20-40cm. Safra 2016/17.
Fonte: Dados da pesquisa (IAPAR/ Laboratório de Solos).
Tabela 2. Interpretação para parâmetros químicos do solo para o estado do Paraná.

MOe

a
m: Saturação por Al +3
b
V: Saturação por bases
c
CTC: Capacidade de trocas cátions
d
CO: Carbono. Para transformação em matéria orgânica, multiplicar por 1,724
e
MO: Matéria orgânica
Fonte: extraído de SBCS/NEPAR (2017, p.82).

Tabela 3. Interpretação para o fósforo e potássio disponível no solo (extraído por Mehlich -1) para o estado do Paraná.

Fonte: extraído de SBCS/NEPAR (2017, p.83).


Tabela 4. Interpretação para enxofre e alguns micronutrientes disponíveis no
solo para o estado do Paraná.

Fonte: extraído de SBCS/NEPAR (2017, p.84).

Tabela 5. Condição da fertilidade do solo nas Unidades de Referências em


Sericicultura, comparativamente aos padrões definidos para o estado do Paraná,
segundo a SBCS/NEPAR. Safra 2016/2017. Em %.

Fonte: Dados da pesquisa (IAPAR/ Laboratório de Solos).

± ± V%: 20% da área com saturação de bases de baixo a médio e


80% de alto a muito alto;
± ± C: Níveis de carbono variando de 33% baixo, 33% médio e
33% de alto a muito alto;
± ± MO: bastante variado, desde baixo (33%), médio (27%), alto
(27%) e muito alto (13%);
± ± CTC: 93% das áreas estão com Capacidade de Troca de
Cátions de muito baixo a alto;
± ± CTCE: 93% das áreas estão com Capacidade de Troca de
Cátions Efetivas variando de médio e muito alto e 7% muito
baixo; e
± ± M: a saturação por alumínio em condições muito baixa (87%
das áreas) e o restante13% no nível médio.
Verifica-se, portanto, que os solos onde estão instaladas
as Unidades de Referências em Sericicultura não apresentam
grandes problemas químicos que possam interferir no
desenvolvimento do amoreiral.

Extração de nutrientes pelas plantas de


amoreiras
O conhecimento da extração de nutrientes pelas plantas
de amoreira é fundamental para cálculo de reposição necessária
para uma boa condição de produção de folhas.
Para tanto foram coletadas em algumas das unidades, as
10 primeiras folhas do ápice do caule, amostrando 30 folhas cada
unidade; separadas as folhas por posição, sendo então pesadas,
secadas, trituradas e analisadas quimicamente no laboratório. Na
Tabela 6 estão apresentados os teores de macro e micronutrientes
presentes nas 10 primeiras folhas dos ramos dos amoreirais das
Unidades de Referências na safra 2016/17.
Os resultados desta safra mostram a mesma tendência
apontada no trabalho realizado por Pavan (2003) na safra
2002/2003: teores de N, P, K, Cu e Zn em níveis maiores nas
folhas mais novas; de Ca, B e Mn em níveis maiores nas folhas
mais velhas e o de Mg praticamente sem alteração. Contudo,
comparando os totais de nutrientes extraídas pelas 10 primeiras
folhas na safra 2016/17, podemos observar uma extração muito
menor de nitrogênio (392,58 g/kg de massa seca), níveis superiores
de extração para o K, Ca, Mg, Cu, B e Mn, e níveis similares para
P e Zn. Esse nível inferior de N pode estar refletindo na menor
produção e na qualidade dos casulos.
Aproveitamento de ramas de amoreira
O corte de ramas de amoreira está associado a diversos
fatores que interferem no desenvolvimento vegetativo das plantas,
destacando-se o clima (temperatura, precipitação, luminosidade,
etc.), a nutrição e fertilidade, o manejo do amoreiral e a data de
disponibilidade de lagartas pelas empresas, fatores esses que
definem a época de criadas das lagartas e, consequentemente, a
data de colheitas das folhas de amoreira.

Tabela 6. Resultados das análises de nutrientes presentes nas 10 primeiras


folhas dos ramos dos amoreirais das áreas de Unidades de Referências em
Sericicultura. Safra 2016/17.

Fonte: Dados da pesquisa (IAPAR/ Laboratório de Solos)

Na Tabela 7 estão apresentados os resultados de


amostragens de produção de massa verde (ramas e folhas), a
parte não aproveitada na colheita de ramas para alimentação das
lagartas e o índice de perdas que ocorreu no campo a cada corte de
amoreira, na safra 2016/17.

A produção de massa verde, representada por ramas e folhas,


teve a sua média de 33,19 Kg em 10 metros de linhas, com variação
de 17,8 a 53,0 Kg, conforme a localização e a época de colheita.
Considerando um espaçamento de 1,50 metros nas entrelinhas,
tais números corresponderiam a uma produção média de 22,1 t.ha -
1
de massa verde de amoreira, valor um pouco acima da média
considerada por Pavan (2003) que foi de 18,0 t. ha -1 (PAVAN, 2003).
De toda a massa verde produzida, em média 50,06% correspondem
às folhas, parte importante para alimentação das lagartas.
Em toda colheita realizada por sericicultores normalmente
ocorre que parte das plantas que não são aproveitadas (parte do
caule sem folhas e parte das folhas muito velhas para alimentação
das lagartas), seja deixada no campo para posterior manejo com
roçada. Em função desta prática do manejo de resto cultural, os
nutrientes consumidos para produção desta parte das plantas não
são perdidos, pois são reaproveitadas para novas brotações.
Os resultados apresentados na Tabela 7, mostram ainda um
volume médio de 10,02 Kg por metro linear de amoreira, que não
é aproveitado, representando 30,35% de massa verde. Tal volume
pode ser considerado um desperdício, uma vez que consome
energia e nutrientes para sua produção. Dessa massa verde que
fica no campo, apesar de percentual de folhas menor, (30,87%)
poderiam ser melhor aproveitadas através de melhoria no manejo
do amoreiral e do planejamento das atividades da sericicultura.
Tabela 7. Produção de massa verde e sobras de colheita (ramas e folhas) e percentagem de perdas, observadas em 10 metros
de linhas de amoreira nas Unidades de Referências em Sericicultura, em diferentes épocas de corte, variedades e localidades.
Safra 2016/17.
Fonte: Dados da pesquisa (IAPAR/ Laboratório de Solos).
Avaliação dos teores de nutrientes
presentes nas ramas e folhas da massa
foliar produzida, nos restos das
colheitas de amoreira no campo e nos
restos da cama de criação
Por ocasião das colheitas de amoreira, em diferentes
localidades e épocas, foram realizadas também amostragens de
ramas e de folhas de amoreira em massa verde total produzida,
de restos das colheitas no campo e dos restos da cama de criação
(constituídas de ramas, um pouco de folhas não consumidas,
fezes das lagartas e de cal aplicado nas lagartas para prevenção
de doenças), para análise química de macro e micronutrientes.
Na Tabela 8 são apresentados os resultados médios dos teores
presentes na massa verde e resíduo úmido das condições
relatadas.

Tabela 8. Teores de nutrientes extraídos pelas ramas e folhas da massa foliar


total produzida, nos restos das colheitas no campo e nos resíduos da cama de
criação nas Unidades de Referências em Sericicultura. Safra 2016/17.

Fonte: Dados da pesquisa (IAPAR/Laboratório de Solos).

Tanto as ramas como as folhas são compostos de todos


elementos essenciais e necessitam de 6,36 kg de N, 0,93 kg de P,
7,67 kg de K, 4,69 kg de Ca, e 1,18 kg de Mg (macronutrientes),
e 1,73 g de Cu, 6,80 g de Zn, 10,22 g de B e 27,68 g de Mn
(micronutrientes) para produção de uma tonelada de massa
verde. As folhas, parte importante para alimentação das lagartas,
também se encontram com todos os nutrientes mais ou menos
semelhante aos ramos.
As análises realizadas em restos de colheita no campo e
nos restos da cama de criação mostram quantidades significativas
de todos os nutrientes que podem ser reaproveitadas. A roçada
que é realizada para rebaixar as touceiras permite deixar toda
massa na superfície, cujo nutrientes poderão ser reaproveitados,
reduzindo níveis de necessidade de adubação.
Já no resto da cama de criação existem nutrientes nas
seguintes quantidades por toneladas de material úmido, isto
é, na forma que se encontra no barracão: (N, 8,53 kg, P–1,49
kg, K–12,89 kg, Ca–14,66 kg, Mg–5,24 kg, Cu–1,80 g, Zn–8,79
g, B-18,91 g e Mn-51,85 g) O grande desafio é encontrar uma
maneira de distribuí-la no campo para melhor aproveitamento dos
nutrientes existentes.

Conclusões
Com base nos resultados obtidos e analisados podemos
concluir que:
− Os agricultores colaboradores das Unidades de Referências
em Sericicultura são produtores que já utilizam inovações
tecnológicas que permitem atingir produtividades médias de
casulos verdes por ha superiores àquelas observadas no
estado (1.042 kg.ha- 1 frente a 635 kg.ha- 1 ) 16 .
1 Os resultados técnicos observados nas unidades de referências estão detalha-
damente apresentados no capítulo 5.
− Os solos nas 15 unidades analisadas não apresentam grandes
limitações químicas que possam comprometer a produção de
amoreira.
− Para a produção de ramas de amoreira são consumidos energia
e nutrientes. Os teores de N, P, K, Cu e Zn apresentam-se em
maior quantidade nas folhas mais novas, enquanto os níveis
de Ca, B e Mn são maiores nas folhas mais velhas e o de
Mg tem praticamente os mesmos níveis em todas as folhas.
O teor mais baixo de N observado pode estar refletindo na
menor produção de casulos.
− A produção de massa verde representada por ramas e folhas
teve a sua média de 33,15 Kg em 10 metros de linhas, com
variação de 17,8 a 53,0 Kg, conforme a localização e a época
de colheita. Considerando um espaçamento de 1,50 metros
nas entrelinhas de amoreira representaria uma produção
média de 22,1 t.ha -1 de massa verde por hectare de amoreira,
um pouco acima da média considerada por Pavan (2003) que
foi de 18,0 t.ha -1
− De toda essa massa verde produzida, em média 50,06%
representam as folhas, parte importante para alimentação das
lagartas.
− A produção média de massa verde das unidades foi de 22,1
t.ha -1 . Desse volume total, em função da altura de corte das
ramas (somente a parte que é utilizada para alimentação),
em média 30,35% ficam no campo. Todo esse volume - que
pode ser considerado um desperdício - aliado a medidas
para redução de perdas são fundamentais para o aumento de
produtividade de casulos por unidade de área.
− A análise de nutrientes existentes nas ramas (caule e folhas)
revela boa nutrição em função das tecnologias que os
sericicultores das unidades já utilizam. Considerando a riqueza
de nutrientes presentes no resto da cama de criação deveriam
ser definidas estratégias para viabilizar a sua aplicação no
campo.


O presente estudo poderá ser complementado nas
próximas safras para que possam ser definidos os parâmetros
para adubação do amoreiral.

Referências

PAVAN M. A. Adubação para amoreira com base nas


análises de dolo e foliar e extração de nutrientes. IAPAR,
Londrina, 2003 (apostila) 28p.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. Núcleo


Estadual Paraná. SBCS/NEPAR. Manual de adubação e
calagem para o estado do Paraná. Curitiba, 2017. 482p.

ZANETTI, R. Cultura da amoreira. DEN/UFLA, Lavras/


MG, 2018. 10p.
C A P Í T U L O T R Ê S
Ocorrência de nematoídes em amoreirais
e práticas de controle

Andressa Cristina Zamboni Machado


O corr ê ncia de nematoides em
amoreirais e práticas de controle

Andressa Cristina Zamboni Machado

Introdução
Nos últimos anos, os fitonematoides tornaram-se motivo
de grande preocupação para a agricultura brasileira, seja pela sua
ampla distribuição geográfica, pois ocorrem em praticamente todas
as regiões de importância agrícola no país, mas, principalmente,
pela grande capacidade de causar perdas de produtividade em
culturas como soja, algodão, feijão, café, entre outras.
Segundo pesquisas recentes da Embrapa e da Aprosoja,
os danos provocados por nematoides podem chegar a alarmantes
R$ 35 bilhões por ano (MACHADO, 2015). Esse parasita ainda
é desconhecido por muitos produtores e não tem recebido a
importância devida. Isso se deve, em grande parte, à dificuldade
no reconhecimento dessas espécies a campo, que é feita através
da observação do sistema radicular, que pode ou não apresentar
sintomas típicos da presença desses organismos. A melhor forma
de identificar o problema, portanto, seria a amostragem da área
suspeita e envio das amostras a laboratório especializado para
identificação e quantificação da(s) espécie(s) presente(s) na
área.
Em levantamento recente realizado em cultivos de amoreira
no estado do Paraná, foram identificados alguns gêneros de
nematoides, entre eles Meloidogyne, um dos principais patógenos
da agricultura brasileira em plantas sintomáticas. Tal detecção
desencadeou estudos a respeito da reação de cultivares ou
porta-enxertos aos principais nematoides encontrados no estado,
além do manejo dessas espécies em pomares em formação ou
produção, objetivando-se evitar ou reduzir as possíveis perdas
causadas pelos nematoides.

Nematoides em amoreiras no Brasil


A amoreira pode ser parasitada por diversas espécies
de nematoides, sendo as mais comuns Meloidogyne spp.,
Pratylenchus spp. e Xiphinema spp. Outras espécies associadas
a essa frutífera incluem Helicotylenchus exallus, Criconemella
informis, Paratylenchus sp., Psilenchus hilarulus, Filenchus
sp., Tylenchorhynchus sp., Aphelenchus sp., Gracilacus sp.,
Rotylenchulus reniformis e Rotylenchus unisexus (Qiao, 2011;
Youssef; El-Nagdi, 2005; Katalan-Gateva, 1980), todas,
entretanto, de menor importância para as condições brasileiras.
Em relação aos nematoides de importância econômica
para a agricultura brasileira, os gêneros Pratylenchus spp. e
Meloidogyne spp. assumem papel relevante. A presença de
M. incognita em amoreira já foi relatada no Paquistão, China e
Irã (Qiao, 2011; Esfahani & Ahmadi, 2010; Youssef & El-
Nagdi, 2005), além da região Noroeste do Paraná (SILVA; PIZA;
CARNEIRO, 1992) e no estado de São Paulo (Gomes, 2018). No
Brasil, são relatadas ainda as espécies M. hapla e M. enterolobii,
associadas a galhas radiculares em amoreira no estado de São
Paulo (Rossi, 2002; Gomes, 2018; Paes-Takahashi et al.,
2015).
Os sintomas dos nematoides de galhas, Meloidogyne sp.,
em amoreira incluem a presença de engrossamentos radiculares
característicos, conhecidos por galhas radiculares (Figura 1),
típicos desse grupo de nematoides, e, como consequência da
menor absorção de água e nutrientes em função da presença das
galhas, sintomas de depauperamento da parte aérea podem ser
visualizados, como amarelecimento e queda de folhas, queda de
produção de frutos, podendo levar a planta à morte (Figura 2).
Para as espécies de Pratylenchus, duas delas são mais
comuns na cultura da amora, P. penetrans e P. vulnus. Ambas
as espécies ocorrem de maneira restrita no Brasil, sendo que
P. vulnus já foi assinalado em pessegueiros, framboeseiras, e
cafeeiros no país (Monteiro; Lordello, 1976; Rossi et al.
2000; Kubo, 2002). Em levantamento nematológico realizado no
Rio Grande do Sul verificou-se ainda a presença de P. zeae e P.
jordanensis em raízes de amoreira preta cv. Tupy (Gomes, 2018).
Entretanto, de maneira geral, não há informação relacionada à
patogenicidade e à resistência genética a diferentes espécies de
Pratylenchus na cultura da amoreira.

Figura 1. Galhas radiculares causadas pelo parasitismo de Meloidogyne


enterolobi em amoreira cultivar Miúra.
Os sintomas de Pratylenchus spp. são diferentes
daqueles causados pelos nematoides das galhas, ou seja, não
há a formação de galhas, apenas escurecimento do sistema
radicular, devido ao modo de parasitismo desses nematoides
(Figura 3). Tal escurecimento radicular pode ser facilmente
confundido com a presença de fungos de solo, que também
causam sintomas semelhantes, com apodrecimento das raízes.
Em função da destruição do sistema radicular, os mesmos
sintomas de depauperamento da parte aérea são visualizados na
presença de Pratylenchus spp. (Figura 2).

Figura 2. Sintomas da presença de nematoides em lavoura de amoreira no estado


do Paraná. (Foto: Ruy S. Yamaoka).
Figura 3. Lesões radiculares causadas pelo parasitismo de Pratylenchus jaehni
em citros (A e B) e café (C). (Fotos: A e B = Anderson S. Campos e Jaime Maia
dos Santos; C = Santino Aleandro da Silva).

Em levantamento recente realizado nas Unidades de


Referências em Sericicultura abrangendo as principais regiões
produtoras de amoreira para produção de casulos de bicho-da-
seda, com as amostras analisadas no Laboratório de Nematologia
do IAPAR, foram encontradas duas espécies de nematoides de
galhas em raízes: M. incognita e M. javanica, além de terem
sido identificadas as espécies Helicotylenchus dihystera e
Paratylenchus sp. (Quadro 1). Para as duas últimas espécies,
não existem relatos de sintomas ou perdas ocasionadas na cultura
da amora. A primeira apresenta ampla distribuição em nosso
país, parasitando vários hospedeiros, enquanto que a segunda,
apesar de já ter sido relatada parasitando a cultura da amora, é
de ocorrência mais restrita, não havendo informações a respeito
de sua relação com a cultura no Brasil.
Em função dos resultados obtidos no levantamento
nematológico realizado nas lavouras de amoreira do estado do
Paraná, estudos foram realizados, em condições de casa de
vegetação, para verificar a reação da cultivar Miúra, uma das
principais utilizadas no estado, aos nematoides de galhas que
ocorrem nas regiões agrícolas do Paraná.

Quadro 1. Lista de municípios do estado do Paraná, quantidade de amostras


coletadas e espécies de nematoides identificadas nas Unidades de Referências
em Sericicultura. Safra 2016/17.

Fonte: Dados da pesquisa (IAPAR/Laboratório de Nematologia).

Os nematoides avaliados foram M. incognita e M. javanica,


devido à ocorrência de ambos nas amostras analisadas, além de
M. paranaensis e M. enterolobii, importantes, respectivamente,
para café e frutíferas, como a goiabeira. Os resultados mostraram
que a cultivar Miúra multiplicou M. javanica, M. enterolobii e M.
paranaensis, mas se mostrou resistente a M. incognita (Tabela 1).
Tabela 1. Reação de amoreira cv. Miúra aos nematoides Meloidogyne incogni-
ta, M. javanica, M. enterolobii e M. paranaensis, baseada no fator de reprodu-
ção dos nematoides (FR). Ensaio conduzido em casa de vegetação no Instituto
Agronômico do Paraná, Londrina, PR.

1
FR indica a capacidade de multiplicação dos nematoides, ou seja, indica quantas
vezes a população aumentou ou diminuiu durante o período experimental. 2 R =
resistente; S = suscetível.
Fonte: Dados da pesquisa (IAPAR/Laboratório de Nematologia).

A reação de amoreira à M. incognita é controversa,


com resultados de resistência e suscetibilidade encontrados na
literatura. Aparentemente existe diferença na reação entre as
cultivares, mas também pode existir especialização do nematoide
em nível de raças fisiológicas, com reação contrastante nessa
espécie vegetal. De qualquer forma, o ensaio conduzido pelo
Instituto Agronômico do Paraná foi repetido, para confirmação
dos resultados e a reação de resistência da cultivar Miúra foi
confirmada, o que representa opção interessante para o cultivo
de amoreira em áreas infestadas por esse nematoide.
Entretanto, em se tratando das outras espécies de
nematoides das galhas avaliadas, a cultivar Miúra apresentou-
se como suscetível, devendo ser evitada em áreas infestadas
por esses nematoides. Vale salientar que as três espécies são
consideradas bastante agressivas para seus hospedeiros e que,
inclusive, pode ocorrer morte de plantas na presença desses
nematoides. Portanto, em áreas infestadas por M. javanica, M.
paranaensis ou M. enterolobii, o cultivo de amoreira deve ser
evitado, até que se tenham informações a respeito de cultivares
ou porta-enxertos com resistência.

Disseminação e manejo
A principal forma de disseminação de nematoides em
lavouras perenes frutíferas, como a amoreira, é através de
mudas infectadas. Apesar dos esforços dos órgãos legais para
impedir o trânsito e entrada de mudas infectadas por nematoides
e outras pragas em áreas indenes, ainda falta a conscientização
por parte dos produtores a respeito do problema causado por
esses patógenos. É dever do produtor exigir mudas sadias, com
certificado fitossanitário de origem, para impedir a entrada de
nematoides em sua lavoura, pois, uma vez infestada a área, sua
erradicação é praticamente impossível.
Para salientar o papel das mudas na disseminação de
nematoides em lavouras de amoreira, Paes-Takahashi et al.
(2015) relataram que, em duas interceptações realizadas em
caminhões ambulantes no estado de São Paulo pela equipe
da Defesa Agropecuária, mudas de amoreira com sintomas de
galhas nas raízes, típicas do parasitismo de Meloidogyne spp.,
foram encontradas. A partir de análise bioquímica realizada por
laboratório de Nematologia especializado, constatou-se que as
mudas estavam infectadas por M. enterolobii, uma das espécies
de nematoides de galhas mais agressivas à frutíferas em nosso
país, como goiabeira, aceroleira, entre outras.
Além das mudas infectadas, o maquinário agrícola
utilizado nas operações dentro da lavoura também apresenta
papel importante na disseminação de nematoides dentro e entre
lavouras diferentes. Se o mesmo maquinário for utilizado por vários
produtores de uma mesma região e um deles tiver a presença de
nematoides em sua lavoura, o risco desses serem disseminados
para outras lavouras é grande. Além disso, como a distribuição
dos nematoides na lavoura é irregular, nem todos os talhões
podem apresentar o patógeno - ou podem apresentar diferentes
níveis de infestação - e o uso de maquinário agrícola dentro da
lavoura pode aumentar a distribuição desses patógenos. Isso
porque o solo aderido nas partes do implemento agrícola, como
o rodado, leva consigo grande quantidade de ovos e juvenis dos
nematoides, que vão sendo depositados no decorrer do trajeto
percorrido pelo maquinário.
Nesse sentido, o ideal é lavar o maquinário agrícola a cada
talhão ou propriedade em que foi utilizado, para somente após
esse procedimento ser utilizado em outro local. Na impossibilidade
de realizar tal procedimento, deve-se, pelo menos, deixar a área
infestada por nematoides para ser trabalhada ao final do processo,
quando as demais áreas com menor infestação ou isentas da
presença desses patógenos já tenham sido trabalhadas.
Além desses cuidados, outro fator deve ser levado em
consideração. O parasitismo desses nematoides em plantas
daninhas que ocorrem na lavoura, bem como em culturas
utilizadas em consórcio com a amoreira, é um fator agravante,
uma vez que tais plantas podem aumentar consideravelmente
as populações dos nematoides no solo, aumentando o prejuízo
à cultura principal. Portanto, o conhecimento prévio acerca da
reação de plantas que serão cultivadas na área de amoreira é
de suma importância para garantir o sucesso da lavoura e evitar
maiores danos.
Dessa forma, cultivo em fuste da amoreira, ou seja, aquele
em que se forma um arbusto ou árvore, técnica de cultivo difundida
pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA),
geralmente consorciado com outros cultivos, deve ser visualizado
com cautela em áreas infestadas por nematoides. A amoreira,
nesse sistema de cultivo, pode ser consorciada com o coco, com
a cultura do chá ou mesmo do café, que proporcionam sombra
para as amoreiras, fornecendo quantidade considerável de folha
para a criação do bicho-da-seda e alimentação de animais, além
de produzir ramos que podem ser podados e utilizados como
fonte de lenha (Globo Rural, 2014).
Em algumas regiões do Estado do Paraná, aptas para a
produção de café, a consorciação do mesmo com amoreiras pode
ser opção para os produtores, mas as principais variedades de
café são bastante suscetíveis a M. incognita e M. paranaensis,
duas espécies que também parasitam a cultura da amoreira.
Nesse caso, o incremento populacional gerado pelo cultivo de
duas espécies de plantas suscetíveis aos nematoides pode levar
a perdas significativas em ambas as culturas, além de reduzir sua
longevidade.
Além das espécies utilizadas em consorciação com a
amoreira, é possível também, especialmente em pequenas
propriedades, o plantio de culturas anuais entre as linhas da
amoreira, visando o uso mais racional do solo. Isso permite a
subsistência e até a geração de renda adicional para o produtor,
com consequente redução dos custos de implantação da lavoura.
Entretanto, o plantio de culturas anuais em áreas infestadas
por nematoides é impraticável, pois culturas como feijão,
abóbora, milho, feijão azuki, hortaliças, adubos verdes etc. são
hospedeiras dos nematoides que acometem a cultura da amoreira,
podendo causar um aumento populacional desses patógenos e,
consequentemente, incrementar os danos à cultura principal.
Para o adequado manejo dos nematoides, algumas
espécies vegetais podem ser cultivadas quando da renovação
da lavoura ou nas entrelinhas das plantas instaladas, visando
a redução populacional desses patógenos. Entre os adubos
verdes, as crotalárias são as mais estudadas para o manejo
dos nematoides e têm mostrado possibilidades práticas de
utilização nos sistemas de produção de cultivos perenes. Entre
elas, a Crotalaria spectabilis destaca-se pela quantidade de
resultados positivos para o manejo de M. incognita, M. javanica
e P. brachyurus (Figura 4A) (Calegari; Machado, 2013).
Outra espécie de crotalária, a C. breviflora, apresenta a mesma
característica de resistência aos nematoides citados, porém sua
utilização em cultivos perenes é facilitada pelo reduzido porte
das plantas (Figura 4B). Algumas cultivares de feijão guandu,
como o ‘Anão IAPAR 43’, também apresentam resistência aos
nematoides citados e podem ser utilizadas nas entrelinhas dos
cultivos de amoreira (Figura 4C) (Machado, 2017).
Figura 4. Crotalaria spectabilis (A), C. breviflora (B) e guandu anão (C) (Fotos:
Piraí Sementes).

Além das leguminosas, outras plantas podem ser utilizadas,


como as aveias, uma vez que resultados de pesquisas indicam
que algumas cultivares de aveia branca, como a IPR Afrodite, são
resistentes aos nematoides de galhas M. incognita, M. javanica,
M. paranaensis e M. enterolobii. (http://www.iapar.br/arquivos/
File/Sementes_e_Mudas /ipr_afrodite.pdf). As duas primeiras
espécies são bastante importantes em lavouras de soja e milho
em todo o país, além de parasitarem uma gama de hospedeiros,
incluindo a amoreira, enquanto M. paranaensis é problema
sério e limitante em áreas cafeeiras, principalmente no estado
do Paraná e, a última espécie, M. enterolobii, causa sérios
prejuízos a culturas frutíferas, especialmente goiabeiras. No
caso de lavouras perenes, a aveia IPR Afrodite poderia ser ótima
opção para cultivo na entrelinha, reduzindo consideravelmente a
população dos nematoides.
Outras opções para o manejo de nematoides incluem, ainda,
a utilização de nematicidas químicos e biológicos (Machado,
2017). Na cultura da amoreira, a aplicação de nematicidas
químicos ainda não é recomendada, uma vez que não existem
nematicidas registrados para a cultura (Agrofit, 2018). Em
relação aos nematicidas biológicos, muitos deles são registrados
para um alvo específico, ou seja, para a espécie de nematoide
em questão, independente da cultura, o que proporciona opção
de utilização em culturas não contempladas pelos registros
de nematicidas químicos. A maioria deles apresenta registro
para Meloidogyne spp., justamente as principais espécies de
nematoides que ocorrem em amoreirais no estado do Paraná.
Os fungos também têm se destacado como agentes
potenciais para controle biológico, seguidos das bactérias.
Parasitam ovos, predam juvenis e adultos, produzem substâncias
tóxicas aos nematoides ou ainda apresentam efeito desorientador
de nematoides pela transformação de exsudatos radiculares, como
observado em relação à bactéria Bacillus firmus. A experiência
adquirida nos trabalhos com produtos biológicos realizados
em casa de vegetação no Instituto Agronômico do Paraná, em
culturas diversas, mostra que alguns microrganismos têm uma
eficiência de redução da multiplicação dos nematoides de, pelo
menos, 60%. Entretanto, os experimentos de campo mostram
grande variação nos resultados quanto à redução populacional
dos nematoides no solo. Isso ocorre porque os microrganismos
utilizados como agentes de controle biológico ainda são bastante
dependentes das condições edafoclimáticas que ocorrem na
lavoura, independente da tecnologia de aplicação adotada.
Em cultivos perenes, a utilização de nematicidas biológicos
se dá de duas maneiras: a primeira, na implantação da lavoura,
onde é aplicado diretamente na cova de plantio, ou então, após
implantação da lavoura, em pulverização ao redor do colo das
plantas, seguindo-se a linha de plantio. Entretanto, para que
o produtor possa usufruir de todos os benefícios da utilização
de um agente de controle biológico como aliado no manejo de
nematoides, é necessária a adoção de uma série de ferramentas
complementares de manejo, de modo a criar condições favoráveis
para que o microrganismo seja efetivo. Um agente de controle
biológico aplicado em solo extremamente pobre, degradado, sob
condições climáticas adversas, como veranicos, provavelmente
não conseguirá atuar de maneira adequada. O aumento da
matéria orgânica no solo é essencial para o sucesso do agente
microbiano e a rotação de culturas e/ou a utilização de plantas
de cobertura vegetal, como citado anteriormente, promovem um
microclima bastante favorável para que o controle biológico tenha
efetividade. Portanto, para que consigamos obter os benefícios do
controle biológico, necessariamente deve-se seguir os preceitos
do manejo integrado de nematoides, ou seja, a adoção de duas
ou mais ferramentas de maneira integrada e adequadamente
planejada, principalmente no que diz respeito à cobertura vegetal
do solo.
Conclusões
Considerando-se a grande importância que os nematoides
têm assumido na agricultura brasileira e a dificuldade de controlar
tais patógenos, a necessidade de realizar análises nematológicas
fica evidente, uma vez que, para a adoção de qualquer das medidas
de manejo acima descritas, é imprescindível uma identificação
correta das espécies presentes na lavoura, possibilitando melhor
direcionamento na adoção de medidas de manejo, como rotação
de culturas e o plantio de variedades resistentes. A recomendação
específica para coleta de amostras nematológicas em culturas
perenes é que esta deve ser realizada na projeção da saia da
cultura, limpando-se a camada superficial do solo e tomando-se
o cuidado de coletar solo juntamente com raízes secundárias -
mais finas e superficiais - uma vez que as raízes mais grossas
não apresentam nematoides em quantidade e qualidade para as
análises.
O agricultor deve informar-se com a assistência técnica em
sua região qual a melhor opção para o envio de suas amostras,
pois existem vários laboratórios de nematologia aptos a realizar
tais análises. De posse dos resultados, o agricultor deve procurar
por um especialista no assunto em cooperativas, institutos de
pesquisa ou universidades para que ele obtenha informações
confiáveis e eficientes para o adequado manejo do nematoide
presente em sua lavoura. Com a união dos esforços entre o
agricultor, a extensão rural e o nematologista, poderemos conviver
com o problema que os nematoides representam, evitando
prejuízos e gastos desnecessários por parte do agricultor com
ferramentas de manejo inadequadas.
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C A P Í T U L O Q U AT R O
Descrição, impactos e potencialidades das principais
inovações no manejo de amoreirais e sirgarias

José Yoshihiro Oda


Descrição, impactos e potencialidades
das principais inovações no manejo de
amoreirais e sirgarias

José Yoshihiro Oda

Introdução
A sericicultura tem sido marcada nos últimos anos pela
oferta de um conjunto de tecnologias capazes de reduzir o tempo
e o esforço físico demandados nas operações, com reflexos
positivos na produtividade, na renda e na qualidade de vida dos
sericicultores.

C ada vez mais presentes no ambiente produtivo, tais
tecnologias se traduzem em inovações, as quais tem se mostrado
serem capazes também de ampliar a atratividade da atividade e
consequentemente, no contexto do estrato da agricultura familiar
no qual essa se encontra inserida, aumentar as oportunidades de
sucessão nas unidades produtivas com a permanência dos jovens
no campo, colocando-se como alternativa viável para a geração
de emprego e renda para sistemas de produção familiares.
N esse sentido são apresentadas aqui uma série de
inovações possíveis de serem implementadas na atividade
sericícola, descrevendo-se o impacto dessas sob a perspectiva
da penosidade do trabalho 17 e demanda de mão de obra.

1 Compreendida aqui como a(s) característica(s) presentes na execução


de diferentes atividades as quais, embora não causem danos efetivos à saúde do
trabalhador, tornam o trabalho fisicamente mais desgastante.
Inovações nos sistemas de produção de casulos
verdes

Adoção de cultivares apropriados e de


tecnologias de plantio
A s cultivares mais recomendadas pela Fiação de Seda
Bratac S/A (Bratac) são a Tailandesa e a Thaichi (Figura 1), as
quais apresentam boa quantidade de massa, bom pegamento e
rápido crescimento. O plantio deve ser feito preferencialmente
de março a junho, utilizando estacas fornecidas pela Bratac, as
quais precisam estar maduras para o plantio.
A ssim que o produtor recebe as mudas deve cortar
as estacas com cerca de 30 cm de comprimento e mantê-las
submersas em água por no máximo 24 horas para melhorar a
capacidade de pegamento. Já o espaçamento entre linhas deve
ser regulado de acordo com o manejo: manual cerca de 1,30
metro, com trator 1,50 metro, mantendo o espaçamento entre
mudas em cerca de 30 cm. Atenção deve ser dada também para
a posição das gemas, as quais devem ser mantidas para cima e
as ramas bem fixadas no solo, evitando a formação de bolsões de
ar.
A pós o plantio a lavoura deve ser mantida limpa, tomando
cuidado para não abalar as estacas (ramas). Quando a planta
estiver com cerca de 30 cm de altura realiza-se a primeira poda
a 5 cm do solo, para aumentar a quantidade de ramas. Após 20
dias da poda, orienta-se a realização de uma adubação química,
utilizando-se preferencialmente a formulação 20-05-20.
Figura 1. Cultivares recomendada para plantio, Taichi (a) e Tailandesa (b).

Fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

Irrigação dos amoreirais


S istemas de irrigação por aspersão (Figura 2) e
gotejamento já estão presentes nos amoreirais, reduzindo os
impactos negativos dos períodos de estiagem. Sua viabilidade
econômica torna-se mais efetiva em sistemas diversificados
e para a sua implantação é imprescindível a realização de um
projeto técnico por profissionais especializados.

Figura 2. Amoreiral irrigado por sistema de aspersão.


Fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

Elevação das camas de criação


Mesmo reconhecendo que o sistema tradicional de
camas construídas ao nível do piso da sirgaria mantém suas
características de baixo custo, facilidade de limpeza e de
remoção dos restos da cama de criação, a elevação das camas
tem oferecido vantagens consideráveis como a diminuição da
penosidade por meio da redução do esforço na coluna, a maior
facilidade na distribuição das lagartas e para o abastecimento de
folhas, além do aumento do espaço para criação (Figura 3).

Figura 3. Tipos de cama de criação, no chão (a) e elevado (b).

Fonte: Fiação de Seda Bratac S/A e EMATER/PR.

Utilização de carrinho de transporte de


amoreira no barracão
A utilização do carrinho de transporte (Figura 4) possibilita
a redução do trabalho e do esforço dispendidos em uma das
operações de maior demanda de tempo na atividade, a alimentação
das lagartas.
C onsiderando um barracão com 18 metros de comprimento,
três camas de criação e três caixas de lagartas por criada, estima-
se que na 5ª idade larval, a utilização do carrinho reduza em
7.400 metros a distância percorrida dentro do barracão, além de
não necessitar transportar manualmente os feixes de amoreira.

Figura 4. Modelos de carrinhos utilizados.

Fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

Automação da subida dos bosques


Quando as lagartas iniciam o processo de produção de fios,
os bosques são colocados sobre as camas para que as mesmas
possam começar a desenvolver seus casulos. O tradicional
sistema de manuseio manual dos bosques conta hoje com quatro
alternativas que facilitam a execução da operação: sistema
semiautomático com manuseio total da cama e acionamento
dos bosques com auxílio de uma manivela; sistema com uso do
martelete; e sistemas motorizados, com motor elétrico adaptado
ou com motor elétrico integrado (Figura 5).
Figura 5. Diferentes alternativas para manuseio dos bosques: manual (a),
semiautomática com auxílio de manivela (b), com utilização do martelete (c), com
motor elétrico adaptado (c), com motor elétrico original (e).

Fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

Qualquer das novas alternativas reduz a penosidade da operação,


apresentando, contudo, ganhos diferenciados no rendimento operacional.
A título de exemplo, o Quadro 1 abaixo detalha como se observa a
economia de mais de 16 horas com a operação de emboscamento de
três caixas de lagartas. A opção pela implantação de um ou outro sistema
deve considerar o tamanho do barracão e a capacidade de investimento
do agricultor.

Quadro 1. Comparativo do tempo gasto na operação de emboscamento com a


utilização do sistema manual 1 a 1 e do sistema motorizado 1 .

Automação da colheita dos casulos


C om os casulos prontos devem-se iniciar as operações
de colheita e limpeza, que consistem em retirar os casulos dos
bosques e eliminar os primeiros fios produzidos pelo bicho-da-
seda antes da formação do casulo, a chamada anafaia.
Tais operações, antes realizadas independentemente e
com dois equipamentos distintos, pode hoje ser efetuada com uma
máquina peladeira modificada (Figura 6) que combina a colheita
e limpeza em um único dispositivo, proporcionando a economia
de cerca de nove horas e 45 minutos para o processamento da
produção dos casulos obtidos em três caixas de lagartas.
Figura 6. Equipamentos para os sistemas tradicional (a) e modificado (b) de
limpeza dos casulos.

Fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

Colheita mecanizada da amoreira


A colheita deve ser feita nos horários mais frescos do
dia e o corte pode ser feito manualmente ou com trator (Figura
7). No armazenamento deve-se ter cuidado para manter o
ambiente bem úmido e as amoreiras acomodadas soltas e em pé.
Considerando os aspectos associados à biologia da lagarta, as
variações climáticas e ao rendimento operacional, torna-se uma
das operações mais complexas da atividade.
P redomina hoje o tradicional sistema de corte manual com a
utilização do “ferrinho”, mas já se encontram disponíveis no mercado
máquinas especialmente desenvolvidas para a mecanização
da operação, as quais oferecem uma economia de até 25 horas,
quando considerada a quantidade de amoreiras a serem colhidas
para a produção de três caixas de lagartas (Quadro 2).

Quadro 2. Descrição e comparativo do tempo gasto na operação de colheita com


a utilização do sistema manual com “ferrinho” e mecanizada 1 .

1
Considerando a produção para três caixas de lagartas, 40.000 lagartas/caixa,
120.000 lagartas no total; consumo de 50 g de amora/lagarta, 6.000 kg de amora
no total; 20 kg/feixe de amora, 300 feixes consumidos.

Fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

Figura 7. Operações na colheita manual (a) e mecanizada de amoreiras (b).


Fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

Considerações finais
F oram descritas aqui sete inovações em processos
produtivos da sericicultura, as quais, do plantio à colheita da
amoreira, da preparação das camas de criação à colheita de
casulos, são capazes de diminuir em muito a penosidade do
trabalho, elevar o rendimento operacional e a rentabilidade da
atividade.
Três dessas inovações, associadas a operações críticas
no que diz respeito à demanda operacional: emboscamento,
colheita de amora e de casulos, podem representar uma
economia cerca de 51 horas de trabalho na produção de uma
criada de três caixas de lagartas - quantidade mais frequente na
sericicultura paranaense - representando assim maior tempo livre
e/ou disponível para outras atividades presentes em sistemas de
produção diversificados.
C ontudo, para que esse conjunto de inovações esteja
presente em um número cada vez maior de propriedades
sericícolas, faz-se necessário um esforço articulado de todos os
segmentos que compõem a cadeia produtiva, incluindo aí o Estado
e suas instituições de pesquisa e desenvolvimento, no sentido
de promover políticas públicas de apoio ao setor, facilitando o
acesso à tais inovações.
N esse sentido, a implantação das chamadas “patrulhas
sericícolas” 28 , ação da Secretaria de Estado da Agricultura e
do Abastecimento concebida no âmbito da Câmara Técnica do
Complexo da Seda do Estado do Paraná, as quais tem permitido
otimizar diferentes operações na condução da atividade, é
um exemplo de como podem ser gestadas políticas públicas
adequadas, inovação e desenvolvimento do setor.

2 Conjunto composto por um trator com potência de 65 cv, uma carreta, uma
roçadeira, uma corrente de ferro, um distribuidor de calcário, um subsolador e uma
máquinas de tirar casulos. O Anexo 1 apresenta a relação de “Patrulhas Sericícolas”
disponibilizadas no Paraná.
C A P Í T U L O C I N C O
A rentabilidade dos sistemas de
produção de casulos verdes

Edson Luiz Diogo de Almeida,


Dimas Soares Júnior,
Oswaldo da Silva Pádua
João Donizete Saldan
A rentabilidade dos sistemas de
produção de casulo verdes

Edson Luiz Diogo de Almeida, Dimas Soares Júnior,


Oswaldo da Silva Pádua, João Donizete Saldan

Introdução
Ainda que as inovações apresentadas no capítulo anterior
sejam apropriadas para a melhoria da produção e produtividade
do sistema produtivo, a gestão dos fatores de produção é condição
de fundamental importância para a rentabilidade da atividade
sericícola.
A introdução de conceitos de gestão e análise de
resultados é essencial para a profissionalização e crescimento dos
produtores envolvidos, bem como aos técnicos e outros setores
da cadeia produtiva da seda, pois proporciona o entendimento do
funcionamento da produção, possibilita que resultados possam
ser atingidos mais rapidamente, incentiva a busca de inovações
e a implementação de boas práticas de gestão nas propriedades
envolvidas com a atividade.
Entretanto, mesmo que os primeiros estudos para a
gestão na sericicultura tenham sido propostos ainda nos anos
1980 (SOUZA, 1982), os diagnósticos da atividade no Paraná têm
sido focados em aspectos tecnológicos (ATAÍDE, 2007; LUCENA
et al., 2008; ATAÍDE et al. 2010) e as análises econômicas
realizadas com dados secundários (PANUCCI-FILHO; CHIAU;
PACHECO, 2011) ou baseadas em estudos de casos individuais
(NASCIMENTO; ESPEJO; PANUCCI-FILHO, 2010), tornando
oportunos trabalhos de maior abrangência que envolvam a coleta
de dados nas condições de solo, clima e disponibilidade de meios
de produção das unidades produtivas familiares, predominantes
na sericicultura estadual.
Nesse sentido, o presente estudo analisa um conjunto de
indicadores técnicos e econômicos obtidos a partir do trabalho
de acompanhamento de unidades referenciais conduzido pelo
Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural
(EMATER/PR), com o suporte das Redes de Referências para
a Agricultura Familiar, projeto de pesquisa e desenvolvimento
desenvolvido pela EMATER/PR e IAPAR, em parceria, para o
sistema de produção sericícola, com a Fiação de Seda Bratac
S/A (BRATAC).

Metodologia
O acompanhamento das unidades e a coleta dos dados
foi realizado por profissionais da EMATER/PR e da BRATAC,
sendo os registros dos custos obtidos junto aos produtores e a
empresa integradora, uma vez que ela é a fornecedora exclusiva
das principais matérias primas e equipamentos utilizados 19 .
Os dados analisados correspondem as safras
2014/2015, 2015/2016, 2016/2017 e 2017/2018, envolvendo 21
sericicultores 210 distribuídos por 16 municípios de cinco das sete
1 A relação da equipe técnica envolvida pode ser vista na página 04. A descrição
das transações recorrentes entre a indústria e sericicultores está presente em Soares Júnior
(1998).
2 A cada safra foram acompanhadas 18 unidades produtivas, totalizando 21
unidades acompanhadas ao longo do período em decorrência de mudanças na composição
do grupo, como pode ser observado no Quadro 1. O mapa com a localização das unidades
acompanhadas na safra 2017/2018 encontra-se na página 20.
principais regiões produtoras do estado.
O cálculo dos indicadores para a realização da análise
econômica, obedeceu aos seguintes procedimentos:

- Custo Operacional Efetivo (COE): Desembolsos


com a aquisição de insumos e serviços + mão de obra extra
familiar permanente e temporária + desembolsos com conservação
e reparos + taxas e impostos pagos + despesas com terceiros
(assistência técnica, seguro, recepção, limpeza, secagem,
energia, frete, aluguéis, etc.).

- Custo Operacional Total (COT): COE + depreciações

- Margem Bruta Efetiva (MEB): Receita bruta – COE

- Margem Bruta Operacional (MBO): Receita bruta – COT

Uma vez que a mão de obra familiar não foi remunerada


no cálculo da margem bruta operacional, estimou-se a sua
remuneração em salários mínimos mensais 311 , por meio da
divisão do valor correspondente da margem bruta operacional
pela área da amoreira (em ha), dividindo-se o valor então obtido
pelo salário mínimo nacional vigente nos anos de 2015 a 2018,
respectivamente de R$ 788,00, R$ 880,00, R$ 937,00 e R$ 954,00
mensais:

- Remuneração da mão de obra familiar (RMOF):


M BO / Área de amoreira (em ha) / Salário mínimo nacional

3 Ainda que sejam desenvolvidas entre oito a noves criadas por ano, optou-
se por calcular o valor em salários mínimos mensais no sentido de facilitar as análises
comparativas.
vigente / 12

Análise Técnica e Econômica das Unidades


Produtivas Acompanhadas

O Quadro 1 a seguir apresenta a relação das unidades


produtivas acompanhadas e a média observada nas quatro
safras de análise para alguns parâmetros técnicos da atividade
sericícola.
Observa-se que a área média de amoreira é de 2,97 ha e a
moda calculada foi de 2,0 ha. Onze das unidades acompanhadas
obtiveram produtividade abaixo de 1.000 kg de casulos verde.
ha de amoreira -1 , dez unidades obtiveram produtividade acima
de 1.000 kg de casulos verde. ha de amoreira -1 e apenas uma
dessas obteve produtividade acima de 1.500 kg de casulos verde.
ha de amoreira -1 . De toda sorte, todas alcançaram resultados que
ultrapassam em muito a produtividade média estadual, a qual no
período em questão alcançou 635 kg de casulos verde ha. de
amoreira -1 , com valores em média 64% superiores, sendo que,
em quatro unidades a produtividade observada foi mais que duas
vezes superior à média do estado (Figura 1).
Quadro 1. Relação das unidades de referências acompanhadas e parâmetros técnicos médios observados na atividade
sericícola. Safras 2014/15, 2015/16, 2016/17 e 2017/18.
SAFRAS ACOMPANHADAS Produção Nº médio de Produtividade média
Código Área média de caixas de kg casulos 1aA.
da Município média de kg casulos 1aA.
2014/15 2015/16 2016/17 2017/18 casulos 1aA. lagartas.no de caixas de
unidade amora -1 -1 -1 ha amora-1
(kg.criada ) criadas lagartas
1 Alto Paraná X X X X 3,20 2.944 5,2 568 931
2 Altonia X X X X 3,23 2.675 4,7 579 828
3 Astorga X X X X 7,13 6.254 10,0 681 877
4 Astorga X X X X 1,95 2.861 5,8 493 1.471
5 Cruzeiro do Sul X X X X 3,63 3.621 6,2 582 998
6 Indianópolis X X X X 2,55 2.139 4,1 521 839
7 Iretama X X X X 2,00 1.673 3,2 524 836
8 Iretama X X X X 3,13 2.559 5,3 489 822
9 Ivaté X X X X 2,10 2.138 3,9 554 1.018
10 Luiziana X X X X 2,00 2.115 4,0 532 1.058
11 Mandaguaçu X X X X 2,28 3.015 5,3 567 1.309
12 Nova Esperança X 1,90 1.517 3,0 501 799
13 Nova Esperança X X 4,20 5.111 8,3 620 1.217
14 Nova Esperança X X 1,90 1.991 3,3 613 1.048
15 Nova Esperança X X 1,80 1.643 3,0 542 913
16 Santa Mônica X X 2,82 3.161 5,7 557 1.121
17 Sta. Cruz Monte Castelo X X X X 3,31 2.855 5,7 505 883
18 Tapira X X X X 1,96 3.070 4,5 689 1.567
19 Terra Boa X X X 1,70 1.657 2,9 582 975
20 Tuneiras do Oeste X X X X 6,40 6.424 12,0 534 1.004
21 Xambrê X X X X 3,13 3.945 7,2 554 1.374
Média 2,97 3.018 5,4 561 1.042
Moda 2,00
Paraná1 2,09 635

1
Dados médios do estado do Paraná considerando as quatro safras em análise. (Fonte: CÍRIO, 2018).
Fonte: Dados da pesquisa.
Figura 1. Área de amoreira (ha) e produtividade de casulos verdes (kg.ha de
amoreira -1 ) nas unidades de referências acompanhadas. Resultados médios das
safras 2014/2015 a 2017/2018 1 .

1
PR:Dados médios do estado do Paraná considerando as quatro safras em análise.
(Fonte: CÍRIO, 2018).
Fonte: Dados da pesquisa.

O Quadro 2 apresenta a síntese dos indicadores econômi-


cos médios calculados para cada uma das unidades produtivas
nas quatro safras acompanhadas.
Quadro 2. Indicadores econômicos da atividade sericícola nas unidades de referências acompanhadas. Resultados médios das
safras 2014/2015 a 2017/2018.
2 2,3 2 2
RB2 COE COT MBE2 MBO RMOF
Preço
Código da a (em SM2
Município casulos 1 A (R$.ha de (R$.ha de (R$.ha de (R$.ha de (R$.ha de
unidade mensal.ha
(R$.kg-1) amora-1) amora-1) amora-1) amora-1) amora-1)
de amora-1)
1 Alto Paraná 18,76 18.107 5.945 8.812 12.162 9.294 0,82
2 Altonia 18,57 16.466 4.246 5.741 12.220 10.725 0,95
3 Astorga 19,12 17.454 4.077 6.382 13.377 11.073 0,98
4 Astorga 17,95 27.187 8.149 11.255 19.038 15.932 1,41
5 Cruzeiro do Sul 19,23 20.572 5.801 8.304 14.770 12.268 1,09
6 Indianópolis 18,71 16.339 5.918 8.224 10.421 8.115 0,72
7 Iretama 18,42 16.119 3.914 5.061 12.205 11.058 0,98
8 Iretama 18,10 15.260 4.119 5.722 11.141 9.537 0,85
9 Ivaté 18,47 19.258 6.586 8.322 12.672 10.936 0,97
10 Luiziana 19,16 21.379 6.172 9.038 15.207 12.341 1,09
11 Mandaguaçu 19,02 26.763 7.206 10.645 19.557 16.118 1,43
12 Nova Esperança 19,54 15.837 3.454 6.484 12.383 9.352 0,85
13 Nova Esperança 17,96 23.506 4.838 6.921 18.668 16.584 1,49
14 Nova Esperança 20,87 22.449 4.711 9.118 17.737 13.330 1,16
15 Nova Esperança 11,94 16.871 4.665 7.302 12.205 9.569 0,86
16 Santa Mônica 19,83 22.922 6.736 10.426 16.187 12.496 1,09
17 Sta. Cruz Monte Castelo 17,33 15.798 4.974 7.799 10.824 7.999 0,71
18 Tapira 19,16 31.407 7.711 11.304 23.696 20.102 1,78
19 Terra Boa 19,44 19.892 4.554 6.846 15.338 13.045 1,15
20 Tuneiras do Oeste 18,87 19.583 4.743 6.357 14.841 13.226 1,17
21 Xambrê 19,31 27.618 6.939 9.092 20.679 18.526 1,65
Média 18,56 20.514 5.498 8.055 15.016 12.458 1,10
1
Valores em R$ deflacionados para abril/2018 pelo Índice Geral de Preços –
Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Varga (FGV).
2
RB: Receita Bruta; COE: Custo Operacional Efetivo; COT: Custo Operacional
Total; MEB: Margem Bruta Efetiva; MBO: Margem Bruta Operacional; RMOF:
Remuneração da mão de obra familiar; SM: Salário Mínimo Nacional.
3
No cálculo do Custo Operacional Total (COT) não se considerou a remuneração
da mão de obra familiar.
Fonte: Dados da pesquisa.

O cálculo da receita bruta levou em consideração a


média de preço recebido pelo casulo de primeira, os prêmios por
qualidade e valores de casulos outros entregues pelos produtores.
A média geral de preço recebido pelo casulo de primeira (casulos
1ªA) ficou em R$ 18,56 (Figura 2), sendo que o menor e o maior
valor médio recebidos foram de R$ 17,47 na safra 2015/2016 e
R$ 19,94 na safra 2017/2018.

Figura 2. Preço médio do casulo verde 1ª A recebido nas unidades de referências


acompanhadas. Resultados médios das safras 2014/2015 a 2017/2018. (em
R$.kg -1 ) 1 .

1
Valores em R$ deflacionados para abril/2018 pelo Índice Geral de Preços –
Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Varga (FGV).
Fonte: Dados da pesquisa.
A receita bruta média por hectare nas unidades
acompanhadas foi de R$ 20.513,61 e o custo operacional efetivo
médio por hectare foi de R$ 5.497,90, proporcionando uma
margem bruta efetiva de RS 15.015,71 (Figura 3).

Figura 3. Receita bruta total, custo operacional efetivo e margem bruta efetiva
calculadas para as unidades de referências acompanhadas. Resultados médios
das safras 2014/2015 a 2017/2018. (em R$.ha -1 ) 1 .

1
Valores em R$ deflacionados para abril/2018 pelo Índice Geral de Preços –
Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Varga (FGV).
Fonte: Dados da pesquisa.

Considerando o custo operacional total por hectare de


R$ 8.055,13, a margem bruta operacional por hectare na média
das unidades acompanhadas chegou a R$ 12.458,48 alcançando
uma amplitude de R$ 12.103,59 (Figura 4), a qual suscita a
possibilidade de ajustes para ampliação da rentabilidade no
universo de sericicultores do estado.
Figura 4. Receita bruta total, custo operacional total e margem bruta operacional
calculadas nas unidades de referências acompanhadas. Resultados médios das
safras 2014/2015 a 2017/2018. (em R$.ha -1 ) 1 .

1
Valores em R$ deflacionados para abril/2018 pelo Índice Geral de Preços –
Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Varga (FGV).
Fonte: Dados da pesquisa.

Fazendo-se a conversão dos valores da margem bruta


operacional nas unidades acompanhadas, pode-se concluir que,
em média, estes produtores obtiveram 1,10 salários mínimos
mensais. ha de amoreira -1 (Figura 5).

Considerações Finais
Nestes quatro anos de acompanhamento foi possível
identificar a diferença de resultados obtidos nestas unidades,
nas quais alguns produtores, com pequenos ajustes e cuidados
na criação, atingiram produtividades superiores a 1.500 kg de
casulos. ha de amoreira -1 , enquanto a média de produtividade
paranaense no mesmo período foi de 635 kg casulos. ha de
amoreira -1 .
Ao encontro dos resultados observados por Sabbag,
Nicodemo e Oliveira (2013), o presente estudo permite afirmar
que a sericicultura remunera os demais custos de produção e
deixa margem para a remuneração da mão de obra familiar.
Como a atividade ocupa em torno de um equivalente-homem por
ha de amoreira, considerando os resultados médios, seriam 1,10
salários mínimos mensais por pessoa, sendo que em 11 das 18
unidades produtivas acompanhadas a remuneração foi superior
a um salário mínimo. Tal valor pode ser considerado aceitável
quando considerado o custo de oportunidade da mão de obra
rural nas regiões estudadas, a presença de outras atividades
na unidade produtiva - ampliando as receitas - e a pauta de
outras oportunidades de empreendimento para os sericicultores
acompanhados.

Figura 5. Remuneração da mão de obra familiar em salários mínimos mensais


calculada para as unidades de referências acompanhadas. Resultados médios das
safras 2014/2015 a 2017/2018. (em salários mínimos mensais. ha de amoreira -1 ).
Fonte: Dados da pesquisa.

Considerando as possibilidades de inovações que podem


ser implantadas no sistema produtivo (colhedora mecanizada de
amoreiras, climatização de barracões, automatização de subida
e descida de bosques, colhedora de casulos, camas suspensas,
carrinhos para distribuição de ramas, sistema mecanizado
de limpeza da cama de criação, controle de luminosidade,
temperatura e alimentação no barracão, etc.), existe a perspectiva
da necessária redução da penosidade do trabalho em aspectos
como aqueles apontados por Pinto, Murofose e Carvalho (2015),
aumentando a eficiência da mão de obra e disponibilizando tempo
para outras atividades no sistema produtivo.
Ao encontro do observado por Silva e Hespanhol (2009),
conclui-se ainda que a atividade pode aumentar a atratividade para
a sucessão familiar, favorecendo a permanência dos jovens no
campo com qualidade de vida para as famílias; contribuir também
para a preservação do ambiente rural, dada a sua condição de
não utilização de agroquímicos e servir como fonte de incremento
da renda e permanência dos sistemas de produção familiares.
Complementarmente, a articulação público-privado
concretizada para a implantação e acompanhamento da Rede de
Unidades de Referências em Sericicultura permitiu uma intensa
troca de experiências nos quatro anos de execução do trabalho,
com a realização de 144 visitas técnicas, 72 tardes de campo com
a presença de 1.200 produtores e quatro encontros estaduais
com a presença de aproximadamente 1.400 agricultores em cada
um destes.
Contudo, é importante considerar que toda atividade
está sujeita aos processos políticos e econômicos que podem
alterar as condições encontradas nestas últimas safras, o que
sugere a necessidade da continuidade de estudos como o aqui
apresentado, bem como de análises que incorporem as condições
de risco, utilizando para tanto bases de dados constituídas em
projetos de pesquisa como o que propiciou o presente trabalho.

Referências

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na base territorial do Paraná centro e identificação de
gargalos tecnológicos. 2007. 130 f. Dissertação (Mestrado
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sericicultores no território Paraná Centro. Ciência Rural, Santa
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LUCENA, E. S. et al. Diagnóstico da sericicultura durante


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NASCIMENTO, C.; ESPEJO, M. M. S. B.; PANUCCI-


FILHO, L. A análise custo-volume-lucro em meio à gestão do
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PANUCCI-FILHO, L.; CHIAU, A. V.; PACHECO, V. O custo


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PINTO, N. F.; MUROFUSE, N. T.; CARVALHO, M. Processo


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agroindustrial da seda: Uma análise a partir da nova economia
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Administração) - Escola de Administração de Empresas de São
Paulo da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 1982.
A N E X O
Anexo 1. Relação das “Patrulhas Sericícolas” disponibilizadas pela Secretaria de
Agricultura e do Abastecimento em municípios sericícolas paranaenses.

Fonte: Câmara Técnica do Complexo da Seda do Estado do Paraná.


Com uma perspectiva cada vez mais promissora, fruto do interesse e valorização do mercado
internacional pela qualidade dos fios de seda brasileiros, a Sericicultura nacional retoma a
produção de casulos do bicho da seda e vivência o aumento da produtividade e rentabilidade
do setor. Nos últimos anos, tem apresentado crescimento constante e sustentável,
constituindo-se em agente estratégico de transformação econômica e social. A Sericicultura se
desenvolve de forma ambientalmente correta, socialmente ética e economicamente
responsável, que fixa o homem no campo e promove a sucessão familiar rural, fortalecendo os
pequenos municípios do Brasil. A obra “Inovações da Sericicultura do Paraná” oferece um
panorama rico e diversificado da cultura da seda, englobando aspectos conjunturais (históricos,
econômicos, estatísticos e sociais), fitossanitários e tecnológicos. Almejamos que sua leitura
propicie a todos os envolvidos - direta e indiretamente - dados que incentivem o motive ainda
mais o aprofundamento das pesquisas agrícolas e do desenvolvimento de inovações
tecnológicas, gerando novas iniciativas que produzam o fortalecimento de toda a cadeia
produtiva da seda.

ABRASEDA - Associação Brasileira da Seda

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