O bom desenvolvimento global, em sua meta, deve integrar a qualidade social,
econômica e ambiental entre os meios envolvidos. Ao observar o crescimento econômico de um país, portanto, intuitivamente considera-se “como conseqüências do desenvolvimento das relações dos homens entre si, no processo de produção, e destes com a natureza” (Sabroza e Leal). Todavia, observam-se inclusões distantes destas. Desde os primeiros povos, os recursos naturais são utilizados para suprir as necessidades humanas. Com o avanço do desenvolvimento, porém, este uso passou a ser cada vez mais intenso e superior aos recursos disponíveis. Devastações ambientais, então, passaram a acontecer, espécies da fauna e da flora extintas (algumas intencionalmente por razões econômicas) para movimentar o meio econômico mundial. Projetos setoriais, como o de erradicação global da varíola, utilizou do desenvolvimento econômico para concretizar a meta de tornar nula as mortes por esta doença. Os lucros do capital internacional e nacional para a industrialização, também resultou no investimento às áreas de pesquisa e tecnologias, como antibióticos, inseticidas, atenção ao parto, o que diminuiu o índice de mortalidades infantil e materna, entre outros. Políticas preventivas também ganharam força neste período. A economia capitalista procura incentivar a busca um acesso completo a todos de todos os recursos disponíveis. Isto, neste planeta com esta população, é impossível. Segundo Sabroza e Leal, “A desigualdade é estrutural em todas as sociedades de classes” e que é “uma disfuncionalidade do sistema, uma questão de quantidade insuficiente de recursos.” Esperava-se, portanto, o desenvolvimento e subdesenvolvimento simultâneos, contemplando unificação econômica e desigualdade sócio-espacial. Com o desenvolvimento econômico, diferentes locais e forças se uniram para descentralizar e maior circular o capital financeiro, atribuindo novos pólos de trabalho. Este processo gerou uma grande migração de pessoas em busca de melhores condições de renda, ocupando cada vez mais áreas urbanas. A maioria delas viveram em locais inóspitos, sem saneamento básico, higiene e segurança. Junto a isto, a migração carregou riscos a saúde na transmissão tanto de doenças infecciosas quanto de doenças crônicas. Entre os anos 40 e 80, a “expectativa de vida aumentou em todas as regiões do Brasil, mas o Nordeste, em 1980, atinge apenas os níveis que o Sul já apresentava há quarenta anos.”, descreve Sabroza e Leal sobre os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 1986. Segundo Oliveira (1989), o decréscimo deveu-se à diminuição da mortalidade precoce, principalmente da mortalidade infantil. O aumento populacional dos idosos também gera uma transformação no caráter epidemiológico dos grupos sociais, crescendo a freqüência de indivíduos com problemas crônicos. O desafio de abastecer um grande contingente populacional “alavancou a agricultura e gerou a necessidade de fertilização das terras aráveis” (Tambellini & Miranda, 2012). O uso indiscriminado de agrotóxicos, a falta de controle sobra a infecção hospitalar, o envenenamento dos cursos de água são exemplos do inadequado manejo dos bens econômicos do país. A VIII Conferência Nacional da Saúde estabeleceu princípios para direcionar as relações entre o Estado e suas instituições e os indivíduos. Atualmente, o conceito de saúde foi profundamente modificado, pelo desenvolvimento de políticas e tescnologias preventivas e curativas, muito além do equilíbrio, adaptação e resistência aos agressores externos. Publicado no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2006), o Relatório de Desenvolvimento Humano diz que os impactos relacionados à qualidade e oferta de água não impactam apenas a saúde de um povo, mas também seu desenvolvimento. No final do século XIX, a melhoria no saneamento começou a mudar o cenário da saúde mundial. “Nos Estados Unidos, medidas no controle do abastecimento de água fizeram, por si só, uma redução para metade da mortalidade no primeiro terço do século XX”, apresenta Tambellini & Miranda (2012). Este e outros dados revelam o valor do acesso à água de qualidade, saneamento básico e saúde para reduzir os quadros de morbidade de cada país. Diante dos recursos finitos, de uma sociedade sedenta de consumi-lo, um engatinhado crescimento no sistema de saúde e saneamento básico, além de ecossistemas comprometidos, faz-se necessária a compostura de cidadãos que buscam uma maior equidade de direitos e desenvolvimento que agridam minimamente os bens naturais, o meio ambiente e o povo que nele vive. REFERÊNCIAS IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1986 PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. 2006 Oliveira, L. 1989. A mortalidade infantil e a dinâmica social. In: Perfil estatístico de crianças e mães do Brasil. Rio de janeiro: Fundação IBGE/UNICEF. Saboza, P. C. & Leal, M. C.. Saúde, Ambiente e Desenvolvimento: Alguns conceitos fundamentais. Tambellini, A. T. & Miranda, A. C.. 2012. Temas Fundamentais da Reforma Sanitária. 5 Desenvolvimento, Trabalho, Saúde e Meio Ambiente. Cidadania e Saúde. Rio de Janeiro: Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES).