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D I R E ITO P E NAL

Tati Rivoire

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AÇÃO CONTROLADA E ATUAÇÃO
POLICIAL NA REPRESSÃO ÀS DROGAS
CONTROLLED ACTION AND NARCOTICS REPRESSION
CARRIED OUT THROUGH POLICE OPERATIONS
Rodrigo Carneiro Gomes

RESUMO ABSTRACT
Alega ser a existência do crime organizado uma demonstração de The author claims that organized crime denotes
poder paralelo não legitimado pelo povo, e que ocupa espaços a parallel power that has not been validated by
deixados pelas deficiências do Estado democrático de Direito. the people and that has filled the gaps left by
Afirma que um dos instrumentos operacionais de combate ao crime deficiencies in the democratic rule of Law.
organizado utilizados é a “ação controlada”, por meio da “entrega He states that “controlled action” is one of the operational
vigiada”, que objetiva possibilitar a identificação do maior número tools for fighting organized crime, carried out by means of a
de integrantes de uma quadrilha ou organização criminosa. “controlled delivery”, with a view to enabling identification of
Nesse sentido, aborda a atual Lei de Entorpecentes – que as many gang or criminal organization members as possible.
apresenta novas disposições sobre a “ação controlada” – bem Therefore he refers to the recent anti-narcotics legislation
como as convenções internacionais que prevêem a adoção de – which introduces a new set of rules for “controlled
tal procedimento. action” – as well as to the international conventions
that support the adoption of such measure.
PALAVRAS-CHAVE
Direito Penal; Lei n. 11.343/2006 – art. 53; crime organizado; KEYWORDS
lavagem de dinheiro; ação controlada; entrega vigiada; Conven- Criminal Law; Law No. 11,343/2006 – article 53; organized
ção de Viena, de 1988; Convenção de Palermo. crime; money laundering; controlled action; controlled
delivery; Vienna Convention of 1988; Palermo Convention.

Revista CEJ, Brasília, Ano XI, n. 38, p. 60-66, jul./set. 2007


1 INTRODUÇÃO 2 A AÇÃO CONTROLADA (LEI ou, mesmo que ele seja conhecido, não
Quando se menciona “crime organi- N. 9.034/1995), A ENTREGA pode ser incriminado.
zado”, lembramos o comércio de drogas VIGIADA (LEI N. 11.343/2006) A entrega vigiada torna-se uma
e armas em morros ou favelas e facções E O FLAGRANTE DIFERIDO verdadeira exceção ao princípio de que
criminosas, dentro de presídios, com es- Ação controlada, segundo a Lei n. toda autoridade que tem conhecimento
tatuto próprio, compartimentação, divi- 9.034, de 3 de maio de 1995 (lei federal de um delito no exercício de suas fun-
são de tarefas e hierarquia, a exemplo do brasileira que trata do crime organizado, ções deve denunciá-lo e persegui-lo. Por
PCC (Primeiro Comando da Capital), CV posteriormente alterada pelas Leis ns. uma questão de política criminal, consi-
(Comando Vermelho), ADA (Amigos dos 9.080/1995 e 10.217/2001), é a técnica dera-se mais conveniente não intercep-
Amigos), suas facções e fusões. investigativa que consiste no retarda- tar imediatamente esse carregamento
Dentre os diversos e múltiplos con- mento da ação, necessariamente policial de droga para conseguir um resultado
ceitos jurídicos, econômicos, político- (em sentido estrito), repressiva, em favor mais positivo, ou seja, o desbaratamen-
sociais há um consenso. A existência do do controle e do acompanhamento das to de toda a organização criminosa.
crime organizado é demonstração de ações ilícitas, até o momento mais opor- A Juíza do TJPE Blanche Maymone
um poder paralelo não legitimado pelo tuno para a intervenção. Pontes Matos, em artigo publicado no In-
povo, que ocupa lacunas deixadas pelas O art. 2º, inc. II, da Lei n. 9.034/1995 fojus, em 12/4/20022, leciona a respeito
deficiências do Estado democrático de trata desse mecanismo específico de da ação controlada:
Direito e demonstra a falência do mode- combate ao crime organizado sem aludir Tem como característica principal
lo estatal de repressão à macrocriminali- à dimensão internacional: o retardamento da intervenção policial,
dade, que, no dia-a-dia, vem mostrando Art. 2º Em qualquer fase da per- apesar de o fato criminoso já se encon-
um Estado anêmico. secução criminal que verse sobre ação trar numa situação de flagrância, permi- 61
O dinheiro lavado (money laundry) praticada por organizações criminosas tindo a efetivação do chamado ´flagran-
atinge por ano, no mundo, 1/4 da econo- são permitidos (...): te prorrogado ou diferido´.
mia do planeta. No Brasil, a estimativa anual II – a ação controlada, que consis- Conforme ensina Luiz Flávio Go-
é de 10 a 15 bilhões de reais. te em retardar a interdição policial do mes, não se deve confundir flagrante
Segundo o Instituto Brasileiro de Pla- que se supõe ação praticada por orga- prorrogado e flagrante esperado, já
nejamento Tributário – IBPT, a sonegação nizações criminosas ou a ela vinculada, previsto em nosso direito. No segundo,
fiscal e o caixa dois – gêmeos siameses desde que mantida sob observação e a intervenção da autoridade se dá num
na economia brasileira – cresceram des- acompanhamento para que a medida momento certo, sem nenhuma vigilância
de 2001. Diz-se “gêmeos siameses” por- legal se concretize no momento mais permanente, a situação de flagrante não
que não há sonegação fiscal sem “caixa eficaz do ponto de vista da formação de é duradoura e a prisão tem que aconte-
dois”. O “caixa dois” das empresas alcan- provas e fornecimento de informações. cer imediatamente, diante da situação
çou a cifra de R$ 1,028 trilhão, em 2004 (Grifo nosso). de flagrância. No primeiro, a situação
e, em 2001, cerca de R$ 587,7 bilhões, o
que permite que 39,27% da arrecadação De modo sintético, pode-se dizer que estruturas de
anual do país saia do alcance da atual sustentação, ramificações do grupo, divisões de funções e
Receita Federal do Brasil. O destino mais
comum do dinheiro do crime organizado preexistência são características peculiares de uma
são os paraísos fiscais. organização criminosa.
De modo sintético, pode-se dizer
que estruturas de sustentação, ramifi- Discorre o professor e doutrinador de flagrância é duradoura e a vigilância
cações do grupo, divisões de funções Damásio E. de Jesus1 em referência à policial também o é, sendo que a auto-
e preexistência são características pecu- “entrega vigiada”: ridade policial somente espera o melhor
liares de uma organização criminosa. A O objetivo dessa forma de investi- momento de efetuar a prisão.
grande questão é como prevenir, con- gação é permitir que todos os integran- A ação controlada e a entrega vi-
trolar e reprimir o crescimento do crime tes da rede de narcotraficantes sejam giada são terminologias diversas, embo-
organizado. identificados e presos. Além disso, ga- ra usadas indistintamente, talvez porque
Para isso, um dos instrumentos de rantir maior eficiência na investigação, ambas tenham idêntico objetivo: maior
combate utilizados é a “ação controla- pois, quando a remessa da droga é eficácia probatória e repressiva na me-
da” por meio da “entrega vigiada” ou interceptada antes de chegar ao seu dida em que possibilitam a identificação
flagrante diferido. destino, ignora-se quem é o destinatário do maior número de integrantes de

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uma quadrilha ou organização criminosa. tenham substituído as anteriormente mencionadas, saiam
O conceito de ação controlada é mais amplo, pois permi- do território de um ou mais países, que o atravessem ou
te o controle e vigilância (observação e acompanhamento, no que nele ingressem, com o conhecimento e sob a supervisão
texto legal) de qualquer ação criminosa e não apenas a entrega de suas autoridades competentes, com o fim de identificar as
vigiada de entorpecentes3 e armas4, pois é instrumento de largo pessoas envolvidas em praticar delitos especificados no § 1º
espectro que pode ser utilizado na repressão de organizações do art. 3º desta Convenção. (Grifo nosso).
criminosas ligadas ao contrabando e no pagamento ou recebi- Art. 11. Entrega Vigiada
mento de propina, na forma da Convenção das Nações Unidas 1. (...) as Partes adotarão as medidas necessárias, dentro
contra a Corrupção, incorporada legalmente por meio do De- de suas possibilidades, para que se possa recorrer, de forma
creto n. 5.687/2006. Pode-se considerar, assim, que a entrega adequada, no plano internacional, à entrega vigiada, com
vigiada é uma das modalidades de ação controlada. base nos acordos e ajustes mutuamente negociados, com a
Encontra-se em vigor, desde o mês de outubro de finalidade de descobrir as pessoas implicadas em delitos es-
2006, a novíssima lei de entorpecentes, que revogou a Lei n. tabelecidos de acordo com o parágrafo 1º do Artigo 3º e de
10.409/2002, com novas disposições sobre a “ação controlada” encetar ações legais contra estes. (...) 3. As remessas ilícitas,
ou “não-interdição policial”, na terminologia da lei. cuja entrega vigiada tenham sido negociadas poderão, com
o consentimento das partes interessadas, ser interceptadas e
O conceito de ação controlada é (...) amplo, autorizadas a prosseguir intactas ou tendo sido retirados ou
pois permite o controle e vigilância (observação subtraídos, total ou parcialmente, os entorpecentes ou subs-
tâncias psicotrópicas que continham.
e acompanhamento, no texto legal) de
qualquer ação criminosa e não apenas a 3.2 CONVENÇÃO DE PALERMO (CONTRA O
entrega vigiada de entorpecentes e armas (...) CRIME ORGANIZADO TRANSNACIONAL)
Em 12/3/2004 foi editado o Decreto n. 5.015/2004, que
A Lei n. 11.343/2006, em seu art. 53, permite a utilização incorpora ao ordenamento jurídico brasileiro a “Convenção de
desse misto de mecanismo e técnica legal e investigativo policial Palermo” ou “Convenção das Nações Unidas contra o Crime
com os seguintes traços peculiares: procedimento investigatório; Organizado Transnacional”, adotada por 147 países, em vigor,
desnecessidade de autorização judicial; oitiva do representante internacionalmente, no mês de setembro do ano de 2003. Além
62 do Ministério Público; repressão de crime de tráfico de drogas e de trazer uma definição para “participação em grupo criminoso
outros reprimidos pela Lei n. 11.343/2006; não-atuação policial organizado”, também aborda a “entrega vigiada”, nos seguintes
permitida em lei; aplicação na repressão contra portadores de termos: técnica que consiste em permitir que remessas ilíci-
drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utiliza- tas ou suspeitas saiam do território de um ou ma is Estados,
dos em sua produção; objeto do delito e autores presentes no os atravessem ou neles entrem, com o conhecimento e sob o
território brasileiro (não necessariamente todos os integrantes controle das suas autoridades competentes, com a finalidade
do grupo de traficantes ou da organização criminosa); finalida- de investigar infrações e identificar as pessoas envolvidas na
de de identificar e responsabilizar maior número de integrantes sua prática. (Grifo nosso).
de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação De plano se observa que a “entrega vigiada”, muito mais
penal cabível; e autorização mediante conhecimento do itine- do que uma técnica operacional e de combate ao crime orga-
rário provável e identificação dos agentes do delito ou de co- nizado, é técnica de investigação de infrações, ou seja, o órgão
laboradores. do Estado com atribuições para seu uso como recurso eficiente
A questão será mais detidamente analisada no tópico so- contra ações de organizações criminosas deve ser o de investi-
bre requisitos e condições de execução da ação controlada. gação penal, sob a supervisão do Ministério Público e do Poder
Judiciário, com agentes de investigação especialmente treinados
3 A AÇÃO CONTROLADA E A ENTREGA VIGIADA para tal atividade, o que, inevitavelmente, leva à conclusão de
NAS CONVENÇÕES INTERNACIONAIS que deva ser exercida pela Polícia Judiciária.
3.1 CONVENÇÃO DE VIENA DE 1988 A Convenção de Palermo dá a definição de organização cri-
(CONTRA O TRÁFICO DE DROGAS) minosa ou participação em grupo criminoso organizado, na ter-
A entrega vigiada (na Lei n. 9.034/1995 é referida como minologia adotada internacionalmente. A partir dessa definição,
“ação controlada”) é aludida como procedimento previsto e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Conselho da Justiça
recomendado pelas Nações Unidas, na Convenção de Viena Federal (CJF) e o Tribunal Regional Federal da 4ª Região baixa-
de 1988 (Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e ram resoluções e recomendações fixando nova competência e
Substâncias Psicotrópicas). especialização das varas no julgamento de ações empenhadas
Os arts. 1º, l, e 11 da referida Convenção Internacional con- por organizações criminosas (Resolução n. 517 do CJF e Reco-
ceituam entrega vigiada nos seguintes termos: mendação n. 3 do CNJ).
Art. 1º: (...)
l) Por “entrega vigiada” se entende a técnica de deixar 3.3 CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
que remessas ilícitas ou suspeitas de entorpecentes, subs- CONTRA A CORRUPÇÃO
tâncias psicotrópicas, substâncias que figuram no Quadro I Reza o art. 2º da Convenção das Nações Unidas contra a
e no Quadro II anexos nesta Convenção, ou substâncias que Corrupção: por “entrega vigiada” se entenderá a técnica con-

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sistente em permitir que remessas ilícitas técnica operacional válida e eficaz para porta aplicações múltiplas, o que lhe
ou suspeitas saiam do território de um obter esclarecimentos e provas sobre garante alto grau de eficácia. Pode ser
ou mais Estados, o atravessem ou en- operações internacionais de branquea- utilizada, por exemplo, na entrega de car-
trem nele, com o conhecimento e sob a mento de capitais. gas, de mercadorias ou de drogas ilegais
supervisão de suas autoridades compe- e tem características próprias como: a)
tentes, com o fim de investigar um delito 3.6 PONTOS DIVERGENTES NAS coordenação das ações: exige uniformi-
e identificar as pessoas envolvidas em CONVENÇÕES INTERNACIONAIS dade e disciplina dos executores; b) coo-
sua ocorrência. Ao contrário do que ocorre em rela- peração: plena entre as agências envolvi-
ção à ação controlada quanto ao tráfico de das, tanto entre as autoridades da origem
3.4 CONVENÇÃO INTERAMERICANA drogas (Convenção de Viena de 1988 e Lei como as responsáveis pelo acompanha-
CONTRA TRÁFICO DE ARMAS – CIFTA de Entorpecentes – Lei n. 11.403/2006) e mento da remessa da carga, mercadoria
O art. 7º da Convenção Interame- à ação controlada quanto ao tráfico de ar- ou droga ao destino final; c) celeridade:
ricana contra a Fabricação e o Tráfico mas (Convenção Interamericana contra a adequação e urgência da resposta penal
Ilícitos de Armas de Fogo, Munições, Fabricação e o Tráfico Ilícitos de Armas de do aparelho estatal ao princípio da opor-
Explosivos e outros Materiais Correlatos Fogo, Munições, Explosivos e outros Mate- tunidade investigativa, para otimização
(CIFTA) estabelece: riais Correlatos – CIFTA), a Convenção de da colheita probatória.
7. Entrega vigiada: técnica que con- Palermo e a Convenção das Nações Unidas A ação controlada admite alterna-
siste em deixar que remessas ilícitas ou contra a Corrupção não especificam qual tivas de execução, permitindo eleger,
suspeitas de armas de fogo, munições, o objeto da remessa ilícita ou suspeita, ou como procedimento operacional, a in-
explosivos e outros materiais correlatos seja, não há determinação de um objeto terdição, a substituição ou o acompanha-
saiam do território de um ou mais Es- específico que deva ter a remessa e des- mento da remessa, conforme seja mais
tados, os atravessem ou neles entrem, locamento controlado pelo órgão policial, oportuno ou adequado.
com o conhecimento e sob a supervisão admitindo, implicitamente, que seja o mais Na interdição, a entrega de carga,
de suas autoridades competentes, com o amplo possível, desde que associado a prá- mercadoria ou drogas ilegais é interrom-
fim de identificar as pessoas envolvidas ticas relacionadas ao crime organizado. pida com a apreensão destas. Na alter-
no cometimento de delitos mencionados A Convenção de Palermo, como nativa de substituição, a carga, merca-
no art. IV desta Convenção. convenção vocacionada ao combate do doria ou droga ilegal é substituída, antes
crime organizado transnacional, é um de ser entregue ao destinatário final, por 63
3.5 RECOMENDAÇÃO DO GAFI dos instrumentos atuais mais avançados outro produto qualquer, um simulacro,
Entre as quarenta recomendações existentes no mundo, com especial des- sem risco de perda ou extravio, o que se
do Grupo de Ação Financeira sobre La- taque para as medidas de cooperação convencionou chamar de “entrega lim-
vagem de Dinheiro – Financial Action jurídica ou assistência jurídica mútua e pa”. Na modalidade acompanhamento,
Task Force on Money Laundering (GAFI/ confisco de bens. a mercadoria ilícita não tem o encami-
FATF) – está a entrega controlada de va-
lores conhecidos ou presumidos como A ação controlada admite alternativas de execução,
sendo produto do crime. permitindo eleger, como procedimento operacional, a
Veja-se a Recomendação n. 36:
interdição, a substituição ou o acompanhamento da remessa,
36. A cooperação entre as autori- conforme seja mais oportuno ou adequado.
dades competentes adequadas dos di-
versos países deveria ser fomentada no Não se há de olvidar os demais nhamento e transporte interrompidos e
âmbito das investigações. Neste domí- instrumentos normativos, mencionados nem é substituída: a operação clandes-
nio, uma técnica de investigação válida alhures, que cuidam dessa técnica inves- tina é acompanhada o tempo todo, sob
e eficaz consistiria na entrega controla- tigativa especial ou mecanismo específico vigilância, com a identificação do maior
da de valores conhecidos ou presumidos de combate ao crime organizado, referi- número possível de integrantes da orga-
como sendo produto do crime. Os países dos acima, como o Decreto n. 3.229, de nização criminosa, do modus operandi e
seriam incitados a apoiar essa técnica, 29/10/1999, que promulga a Convenção de uma quantidade maior de mercado-
sempre que possível. Interamericana contra a Fabricação e o rias ilícitas.
Tráfico Ilícito de Armas de Fogo, Muni- A Lei n. 9.034/1995, a respeito de
Posteriormente, foram editadas ções, Explosivos e outros Materiais Cor- ação praticada por organizações crimi-
notas interpretativas a essas recomenda- relatos (CIFTA), e o Decreto n. 5.687, de nosas ou a ela vinculado, prevê como
ções. A Nota Interpretativa n. 4 da Reco- 31/1/2006, que promulga a Convenção únicas restrições à utilização do mecanis-
mendação n. 36 estatui que a utilização das Nações Unidas contra a Corrupção. mo da “ação controlada” a observação
dessas técnicas (entrega controlada) e acompanhamento com o objetivo de
deverá ser fortemente incrementada e 4 A AÇÃO CONTROLADA: que a medida legal se concretize no mo-
que a entrega controlada de fundos pro- REQUISITOS E EXECUÇÃO mento mais eficaz do ponto de vista da
venientes, de modo certo ou presumido, A técnica especial de investigação formação de provas e fornecimento de
de atividades criminosas constitui uma policial chamada “ação controlada” com- informações. Não explicita a necessidade

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de autorização judicial, ao contrário do que acontece com a in- portadas. (Grifo nosso).
filtração policial e interceptação ambiental. No novo ordenamento jurídico, encontra-se em vigor a
Mas na fiscalização, prevenção e repressão ao uso, pro- atual Lei de Entorpecentes, cujo art. 53 impõe a seguinte ordem
dução e tráfico de drogas ilícitas, há a estipulação de determi- normativa:
nadas condições, antes previstas no art. 33, inc. II, da Lei n. Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa
10.409/2002 e atualmente previstas na Lei n. 11.343/2006, art. aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previs-
53, inc. II e seu parágrafo único, com aperfeiçoamento técnico, tos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério
efetividade da norma e flexibilização da rotina policial. Público, os seguintes procedimentos investigatórios:
A Lei n. 11.343/2006, publicada no Diário Oficial da União (...)
– DOU, em 24/8/2006, em seu art. 75, revogou expressamente II – a não-atuação policial sobre os portadores de drogas,
a Lei n. 10.409/2002. A mencionada lei entrou em vigor em seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em
8/10/2006, ou seja, 45 dias após a sua publicação. sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com
Na revogada Lei n. 10.409/2002, assim como na lei atual, a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de
não há menção expressa à “entrega controlada” ou “ação vigia- integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo
da”. O legislador preferiu a terminologia “não-atuação policial” a da ação penal cabível.
fim de “identificar e responsabilizar maior número de integrantes Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a
de operações de tráfico e distribuição”, sem adentrar a polêmica autorização será concedida desde que sejam conhecidos o iti-
caracterização dos traficantes em atuação na forma de associação nerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de
para tráfico, quadrilha/bando ou organização criminosa. colaboradores.
A terminologia “ação controlada”, em termos de técnica São condições comuns para a execução de uma ope-
operativo-policial, é mais abrangente e representa melhor a ração controlada, decorrentes da Lei n. 11.343/2006 e da re-
idéia do trabalho de acompanhamento, vigilância e investiga- vogada lei de entorpecentes e da praxe policial: a) oitiva do
ção policial, pois não se trata apenas de “não-atuação policial”. Ministério Público; b) autorização judicial; c) conhecimento do
Outra vantagem da terminologia “ação controlada” é que esta itinerário provável e identificação dos agentes do delito ou de
carrega o conceito de “controle” de ações de associações, qua- colaboradores; d) planejamento operacional; e) controle inter-
drilhas e organizações criminosas voltadas para o tráfico de no pelo registro e ciência aos órgãos de inteligência policial.
drogas, seus precursores químicos, como também de armas, Deixou de ser condição para a execução da ação controlada
64 contrabando e propina. a solicitação formal ou o prévio ajuste de compromisso en-
Dispunha o art. 33 da revogada Lei n. 10.409/2002: tre as autoridades responsáveis, na origem e no destino, que
Art. 33. Em qualquer fase da persecução criminal relativa ofereçam garantia contra a fuga dos suspeitos ou de extravio
aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previs- das drogas ilícitas. Embora a garantia contra a fuga e contra o
tos na Lei n. 9.034, de 3 de maio de 1995, mediante autoriza- extravio de drogas tenha deixado de ser uma exigência legal,
ção judicial, e ouvido o representante do Ministério Público, os persiste sua utilidade como recomendação para que o policial
seguintes procedimentos investigatórios: observe esses parâmetros, a fim de evitar questionamentos fu-
turos. A alteração é bem-vinda, pois, na redação anterior, havia
Deixou de ser condição para a execução da doutrinadores do quilate de Luiz Flávio Gomes que propalavam
que o mecanismo de ação controlada só poderia ser utilizado
ação controlada a solicitação formal ou o
na hipótese de tráfico internacional de drogas, o que nulificava
prévio ajuste de compromisso entre as o avanço legislativo de cinco anos antes e tornava morto o tex-
autoridades responsáveis, (...) que ofereçam to legal na medida em que a autoridade policial brasileira, por
princípio de soberania, deve proceder à investigação nos limi-
garantia contra a fuga dos suspeitos ou de tes do território brasileiro, ponto de partida da investigação. Ao
extravio das drogas ilícitas. pensar de forma contrária, os policiais brasileiros só poderiam
recorrer à ação controlada quando a investigação fosse iniciada
(...) por autoridade estrangeira, tornando a investigação uma ação
II – a não-atuação policial sobre os portadores de produ- passiva, mediante provocação, e não proativa, como urge.
tos, substâncias ou drogas ilícitas que entrem no território bra- A novel Lei n. 11.343/2006 traz como novidade que a
sileiro, dele saiam ou nele transitem, com a finalidade de, em “não-atuação policial”, ou melhor, a ação controlada, poderá
colaboração ou não com outros países, identificar e responsa- ser executada também para identificação de portadores dos
bilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e precursores químicos (produtos químicos que podem ser des-
distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. viados para a fabricação de drogas ilícitas ou substâncias psi-
Parágrafo único. Na hipótese do inc. II, a autorização será cotrópicas). Isso porque a fiscalização da comercialização de
concedida, desde que: produtos químicos que possam ser utilizados como insumos na
I - sejam conhecidos o itinerário provável e a identifica- produção de drogas (por exemplo, o permanganato de potás-
ção dos agentes do delito ou de colaboradores; sio, que pode ser usado tanto na indústria do vestuário como no
II - as autoridades competentes dos países de origem ou refino da cocaína) é regulamentada na forma da lei, mediante
de trânsito ofereçam garantia contra a fuga dos suspeitos ou fiscalização da Polícia Federal. É fundamental que seja mantida
de extravio dos produtos, substâncias ou drogas ilícitas trans- sob controle, principalmente porque o Brasil é o país sul-ame-

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ricano com setor químico-industrial mais tem como determinar um itinerário pro- incapaz de consumar o furto, logo, não
desenvolvido. vável da droga; terá, na realidade, uma há que se afastar a punição, a ponto de
O controle de produtos químicos no vaga idéia do itinerário, não mais que reconhecer configurado o crime impos-
Brasil teve início com a edição da Medida isso. sível, pela absoluta ineficácia dos meios
Provisória n. 756, de 8/12/1994, converti- A “entrega vigiada”, como técni- empregados. Precedentes. 2. Recurso
da na Lei n. 9.017, de 30/3/1995, que es- ca investigativa, não gera ação policial provido7.
tabeleceu normas de controle e fiscaliza- repressiva, embora possa tê-la como Recurso especial. Penal. Tentativa
ção sobre produtos e insumos químicos conseqüência, num momento futuro e, de furto em supermercado. Delito pra-
que possam ser destinados à elaboração assim, não há de ser confundida com o ticado sob vigilância. Crime impossível
de cocaína em suas diversas formas, e de “flagrante esperado”. Como há um mero não configurado8. (...)
outras substâncias entorpecentes ou que “acompanhamento” ou “vigilância”, o (...) Não obstante o estabelecimen-
determinem dependência física ou psí- efetivo policial destinado à ação contro- to comercial estar equipado com siste-
quica. Atualmente, vige a Lei n. 10.357, lada é restrito, limitado, sem recursos mas de segurança, não se exclui a pos-
de 27/12/2001, regulamentada pelo De- materiais e humanos adequados para sibilidade de lesão. Os sistemas de vigi-
creto n. 4.262, de 10/06/2002. uma atuação repressiva estatal imediata lância são auxiliares do estabelecimento
O Anexo I da Portaria n. 1.274/MJ, que acarrete a prisão dos suspeitos iden- comercial no combate aos delitos, não
de 21 de agosto de 2003, relaciona em tificados, o que feriria os fins da Lei n. garantindo, de forma peremptória, que
quatro listas os produtos químicos su- 9.034/1995, do Decreto n. 5.015/2004 e certos crimes jamais ocorrerão9.
jeitos a controle e fiscalização da Polícia instrumentos legislativos correlatos, pois Os precedentes estão em harmonia
Federal (acetona, ácido clorídrico, ácido não revelada, ainda, toda a cadeia de do- com os julgados do STJ e do STF, que, no
lisérgico, anidrido propiônico, cloreto de mínio e divisão de tarefas. caso de roubo, entendem que o delito
etila, efedrina, dentre outros). se consuma com a posse da res furtiva,
São imprescindíveis o Certificado 5 A AÇÃO CONTROLADA mediante violência, não importando se o
de Licença de Funcionamento – CLF, NOS TRIBUNAIS: CAMPANA bem expropriado está ou não sob a vi-
documento que habilita a pessoa jurídi- E VIGILÂNCIA POLICIAL gilância da vítima. Portanto, é reforçado
ca a exercer atividade não-eventual com No Habeas Corpus n. 40.436, rela- o entendimento de que a “vigilância” ou
produtos químicos sujeitos a controle e tora a Ministra Laurita Vaz5, decidiu-se: “campana”, em si, não torna o crime im-
fiscalização (válido por um ano, contado (...) 1. Não se deve confundir fla- possível ou o flagrante preparado: 65
da data de sua emissão), e a Autorização grante preparado com esperado - em Embargos de divergência no recur-
Especial – AE, documento que habilita a que a atividade policial é apenas de so especial. Penal. Crime contra o patri-
pessoa física ou jurídica a exercer, even- alerta, sem instigar qualquer mecanis- mônio. Consumação do crime de roubo.
tualmente, atividade com produtos quí- mo causal da infração. Posse tranqüila da res. Desnecessidade.
micos sujeitos a controle e fiscalização, 2. A “campana” realizada pe- Precedentes do STJ e do STF.
sempre que se tratar de fabricação, pro- los policiais à espera dos fatos não se 1. O crime de roubo se consuma
dução, armazenamento, transformação, amolda à figura do flagrante prepara- no momento em que o agente se torna
embalagem, compra, venda, comercia- do, porquanto não houve a instigação possuidor da res furtiva mediante grave
lização, aquisição, posse, doação, em- e tampouco a preparação do ato, mas ameaça ou violência, ainda que não ob-
préstimo, permuta, remessa, transporte, apenas o exercício pelos milicianos de tenha a posse tranqüila do bem, sendo
distribuição, importação, exportação, vigilância na conduta do agente crimi- prescindível que saia da esfera de vigi-
reexportação, cessão, reaproveitamento, noso, tão-somente à espera da prática lância da vítima. Precedentes do STJ e
reciclagem, transferência e utilização de da infração penal6. do STF. 2. Embargos acolhidos10.
produtos químicos sujeitos a controle e Ou seja, o acompanhamento da
fiscalização. movimentação e das ações do grupo 6 CONCLUSÃO
Um ponto de crítica da antiga Lei criminoso organizado pelos órgãos po- Embora haja dificuldades materiais,
n. 10.409/2002, e que persiste na Lei n. liciais para atuação posterior, de forma com as quais o Estado continuará se de-
11.343/2006, é o requisito exigido para mais eficiente para a colheita probató- parando para alcançar todos os integran-
a autorização judicial, de que sejam co- ria, não torna o futuro flagrante um ato tes da organização de criminosos, como
nhecidos o itinerário provável e a identi- nulo, nem torna o crime impossível. O a insuficiência de informações sobre o
ficação dos agentes do delito ou de co- mesmo raciocínio vale para a vigilância destino final das cargas, mercadorias ou
laboradores. A razão é que a técnica da eletrônica: drogas ilícitas, a proporcionalidade e dis-
ação controlada busca a real identificação Recurso especial. Penal. Furto. Su- ponibilidade de recursos e a possibilida-
dos integrantes de grupos de traficantes permercado. Segurança por meio de de de falta de acordo com as autoridades
e, caso esses já fossem conhecidos e pas- vigilância eletrônica. Crime impossível. internacionais, a legislação federal asse-
síveis de individualização, ao tempo da Absoluta ineficácia do meio empregado. gura um instrumento eficaz de combate
representação policial o recurso à ação Não-configuração. ao crime organizado, a utilização da ação
controlada seria dispensável. Por outro 1. A presença de sistema eletrônico controlada, que deve estar atrelada às
lado, a não ser que haja informante ou de vigilância no estabelecimento comer- ações de inteligência policial.
interceptação telefônica, o Estado não cial não torna o agente completamente

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NOTAS E REFERÊNCIAS
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másio de Jesus, fev.2002. Disponível em: <www.damasio.com.br/ novo/
html/frame_artigos.htm>.Acesso em: 8 ago. 2005.
2 MATOS, Blanche Maymone Pontes. Crime organizado: considerações acerca
de sua definição e dos meios operacionais de investigação e prova discipli-
nados pela lei específica. Infojus - Informativo Jurídico Eletrônico. Disponível
em: <http://www.infojus.com.br/webnews/noticia.php?id_noticia=1366&>.
Acesso em: 8 ago. 2005.
3 Convenção de Viena de 1988 - Convenção contra o Tráfico Ilícito de En-
torpecentes e Substâncias Psicotrópicas, aprovada pelo Decreto Legislativo
162, de 14/9/91 e incorporada ao ordenamento jurídico pátrio pelo Decreto
n. 154 de 26/6/1991.
4 Convenção Interamericana contra a Fabricação e o Tráfico Ilícitos de Armas
de Fogo, Munições, Explosivos e outros Materiais Correlatos, adotada pelo
Decreto n. 3.229/99, complementado pelo Decreto n. 5.941/2006.
5 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Quinta Turma, HC n. 40436, Relª Minis-
tra Laurita Vaz, DJ de 2/5/2006, p. 343.
6 No mesmo sentido: _________________. HC n. 32.708, Relª Min. Lauri-
ta Vaz, DJ de 2/8/2004, p. 448.
7 _________________. REsp n. 554.233, Relª Min. Laurita Vaz, DJ de
26/9/2005, p. 436. No mesmo sentido: REsp n. 751.156, idem, DJ de
13/11/2006, p. 289.
8 ________. Sexta Turma, REsp n. 508.224, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa,
DJ de 9/5/2005, p. 485.
9 ________. Quinta Turma, REsp n. 633.656, Rel. Min. José Arnaldo da Fon-
seca, DJ de 8/11/2004, p. 285.
10 ________. Terceira Turma, EREsp n. 235.205, Relª Ministra Laurita Vaz, DJ
de 29/11/2004, p. 223.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
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branco. 5. ed. São Paulo: Manole, 2005.
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SZNICK, Valdir. Crime organizado: comentários. São Paulo: Leud, 1997.

Artigo recebido em 2/2/2007.

Rodrigo Carneiro Gomes é delegado da Polícia Federal e pro-


fessor da Academia Nacional de Polícia, em Brasília – DF.

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