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RESUMO
O presente artigo descreve as melhores práticas empregadas pelo mundo na gestão adequada dos
cabos elétricos isolados de média tensão, presente nas redes coletoras dos parques eólicos,
considerando as ações de cornissionamento e manutenções preventivas, preditivas e conetivas. O
mtigo aborda a f01ma de realizar ensaios de tensão aplicada utilizando corrente altemada com
fi-equência reduzida, da ordem de O, 1 Hz, a técnica conhecida corno Very Low Frequency - VLF,
substituindo o ensaio comumente realizado em co1Tente contínua, que apresenta efeitos danosos aos
cabos. Também sã.o apresentados os ensaios de tangente delta e descargas parciais, que avaliam o
grau de envelhecimento do material isolante dos cabos elétricos e falhas na sua isolação, de tal
forma a permitir a identificação antecipada da provável ocorrência de falhas. Este mtigo apresenta
também as técnicas mais avançadas em termos de identificação da falha, reduzindo o tempo e
aumentando a precisão da localização. Com a aplicação das técnicas descritas, busca-se a maior
disponibilidade e confiabilidade da rede coletora dos parques eólicos, com menores custos para
realizar a sua gestão, de acordo com padrões intemacionais de excelência.
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1 INTRODUÇÃO
As redes coletoras dos parques eólicos empregam cabos isolados de média tensão, que
depois de instalados apresentam urna expectativa de vida aproximada de 30 anos. Ao longo deste
tempo é possível que ocorram falhas durante sua operação e estas falhas em geral afetam a isolação
e a blindagem do cabo.
A falha na isolação é urna das formas mais comuns de problema que os cabos podem
apresentar e o motivo pode ser deconente de não conformidades na sua fabricação, por problemas
na instalação ou ainda devido as suas condições de utilização.
Durante a instalação dos cabos podem ocorrer problemas no lançamento quando não são
observados os limites de tracionamento, ocasionando destaque das camadas isolantes e
sernicondutoras. Para isso deve ser elaborado tm1 estudo especifico que no mínimo deve observar o
material do condutor, a forma de tração e o método de instalação.
Falhas prematuras na isolação também podem ser ocasionadas por problemas na operação
do cabo, um dos motivadores pode ser ocasionado pelo fato do cabo ter sido submetido à
sobretensões por descargas atmosféricas, por exemplo.
Problemas desta natureza in1pedern que seja possível aproveitar toda a vida útil estin1ada dos
cabos, além do fato que durante a utilização várias falhas podem ocorrer impactando a operação.
Tendo em vista a in1portância do emprego dos cabos isolados nas redes coletoras dos
parques eólicos é possível notar a relevância em realizar a gestão adequada deste impo1iante ativo.
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Em função destes aspectos os conceitos de gestão apresentados neste artigo não se limitam a
referências nacionais, mas também em normas intemacionais relacionadas a esta aplicaçã.o, em
especial os Guias do IEEE (Jnstitute of Electrical and Electronics Engineers ), que é a maior
associaçã.o do mundo de promoção da inovação tecnológica.
A gestão deste ativo considera uma serie de ações, dentre as quais serão tratadas neste artigo
manutenções de âmbito preventivo, preditivo e co1Tetivo.
Contudo, caso ocona a falha de um cabo elétrico isolado de média tensão faz -se necessária
uma ação de manutenção conetiva. Uma das primeiras ações para realizar a manutenção conetiva
nessas condições é de localizar o ponto exato onde ocorreu a falha, conforme será descrito a seguir.
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A metodologia comumente utilizada no Brasil para realizar esse tipo de ensaio emprega o
uso de tensã.o em corrente contínua. Esse método é padronizado pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT, nas normas NBR-7287 para cabos com isolação em XLPE e NBR-7286
para cabos com isolaçã.o em EPR.
Citando um exemplo onde será realizado o ensaio em um cabo com isolaçã.o de 20/35 kV, as
normas da ABNT estabelecem que deve ser aplicada a tensão de 96 kV durante 15 minutos [1-2].
Além da elevada sobretensão empregada durante o ensaio pesa o fato que a tensão aplicada
é contínua, causando a polarização do material isolante, o que é prejudicial a sua vida útil, conforme
já foi evidenciado em vários artigos do IEEE. Um destes artigos cita que "Esta metodologia de teste
não detecta dete1minados tipos de defeitos de isolamento e induz cargas elétricas, que podem
agravar os defeitos existentes no isolamento de cabos extrudados já em operação" [3].
Para contornar esse problema a solução mais adequada é realizar o ensaio em corrente
alternada, onde a fiequência de relaxação da polarização do dielétrico pode ser respeitada.
Entretanto fica a ressalva que a aplicação de tensã.o em COITente alternada para cabos de longa
extensão impõe uma elevada carga elétrica no equipamento que fornecerá essa energia, o que pode
inviabilizar a realização deste tipo de ensaio em campo, devido à falta de equipamentos p01táteis
com esta capacidade [4].
O valor da fi·equência utilizada neste tipo de ensaio é da ordem de O, 1 Hz, sendo então
denominado de Ve1y Low Frequerzcy - VLF. Nã.o há nenhuma norma da ABNT que padroniza a
realização de ensaios em VLF, po1tanto este artigo utiliza como referência o Guia 400.2 do IEEE,
onde estão estabelecidos os critérios para a realização deste tipo de ensaio.
De acordo com o Guia 400.2 do IEEE é possível realizar este ensaio com fi·equência entre
0,01 Hz e 0, 1 Hz, contudo o valor mais comum de ser utilizado é 0,1 Hz [5].
Também estão previstos 3 momentos da vida do cabo par·a realizar os ensaios, sendo eles:
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Corno exemplo, considerando um cabo de tensão 35 kV, deve ser aplicado 39 kV de tensão
rrns ou 55 kV de pico, quando realizado o ensaio de Instalação com a forma de onda senoidal.
Po1ianto a tensão aplicada de 39 kV é apenas 1,95 vezes maior do que o valor nominal suportável
pelo cabo, valor este muito menor do que a referência da ABNT.
Utilizando urna tensão menor, por meio da corrente altemada, é possível obter o mesmo
resultado de avaliação da conformidade do cabo sem induzir nenhum tipo de dano ao mesmo.
4 DIAGNÓSTICO EM CABOS
Os ensaios relacionados à manutenção preditiva devem ser feitos de forma que o cabo não
sofra danos permanentes. O Guia 400.2 do IEEE fomece as recomendações para que manutenções
do tipo preditivas sejam feitas em VLF, empregando os seguintes tipos de ensaio:
Um ângulo 8 elevado significa que há muita corrente resistiva circulando pelo material
isolante em relação à corrente capacitiva, indicando um possível problema no material isolante. O
diagrama de fasores da figura 1, concebido pelo IEEE, ilustra o resultado obtido por este ensaio .
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Para uma correta ação preditiva é necessário comparar os resultados com um histórico do
cabo em questão, para que seja possível dete1minar se o mesmo está em envelhecin1ento acelerado,
moderado ou estável, confi:ontando também com os parâmetros de referência do IEEE.
Uma boa prática a ser considerada é o ensaio de tensão aplicada em VLF monitorado pela
tangente delta. Esta medida une os conceitos de ação preventiva e preditiva. Essa combinação
fomece o resultado típico de ensaio de tensão aplicada (Aprovado ou Não Aprovado), porém
durante a etapa de aumento de tensão a tangente delta é medida.
Realizar a tangente delta durante esta etapa é vantajoso porque dependendo deste resultado é
possível aumentar ou din1inuir o tempo de ensaio de tensão aplicada. O aspecto relevante deste
monitoramento é minimizar o tempo de solicitação do dielétrico além da tensão nominal (tempo do
ensaio de tensão aplicada) caso a tangente delta esteja dentro dos valores recomendados.
Por outro lado a experiência de campo indica que se deve aumentar o tempo de solicitação
do dielétrico caso a tangente delta esteja instável, o que indica uma maior probabilidade de falha.
Com este acréscin1o no tempo aumenta a probabilidade de ocorrência da falha durante do ensaio de
tensão aplicada, evitando o desligamento inesperado da rede durante a operação do cabo.
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Para as medidas de descargas parciais o IEEE não fornece um histórico de dados para
comparação, de forma que o fabricante do cabo e do equipamento de medida de descargas parciais
deve ser consultado, caso não haja um histórico do cabo disponível.
5 LOCALIZAÇÃO DE FALHAS
A técnica de TDR apresenta urna limitação quanto ao valor da irnpedância Z que representa
a descontinuidade. Se esta for maior que cerca de 1O vezes a irnpedância característica Zo a técnica
de TDR torna-se ineficaz, de modo que equipamentos e técnicas auxiliares devem ser utilizados
para transformar falhas de alta in1pedância em falhas de baixa in1pedância, onde a técnica de TDR é
eficaz.
Existem diversas técnicas para reduzir a irnpedância da falha, tais corno descanegar urna
f01te descarga elétrica de um capacitar que é capaz de trazer a falha para impedâncias menores, ou
realizar urna "queima" da falha com urna tensão muito maior do que a nominal.
O Guia 1234 do IEEE apresenta as principais técnicas para reduzir a irnpedância de urna
falha para níveis onde seja possível realizar a pré-localização com o TDR [7].
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O modo mais popular e que apresenta bons resultados para a localização exata da falha é
realizar constantes descargas elétricas que irão basicamente fluir pela falha. Nesta ocasião tm1a forte
onda mecânica também é originada possibilitando assin1, com equipamentos acústicos específicos,
localizar exatamente a falha.
5 CONCLUSÃO
Ao longo do desenvolvimento deste trabalho foi possível observar que a forma construtiva
dos cabos elétricos de média tensão lhe confere robustez e confiabilidade, desde que instalado,
operado e mantido de forma apropriada.
O Brasil possui padrões para a realização das atividades de manutenção que divergem em
alguns aspectos das melhores práticas empregadas internacionalmente. Tal fato pode fazer com que
a manutenção não seja realizada adequadamente, podendo ocasionar falhas prematuras, ou ainda
dificultando o trabalho de gestão deste ativo.
É possível também realizar ensaios preditivos para monitorar as condições de operação dos
cabos. Esse trabalho pode ser feito através de ensaios como tangente delta e descargas parciais.
Para que seja possível avaliar os resultados de forma apropriada o ideal é que a realização
dos ensaios preditivos seja feita de forma regular, entre intervalos de tempo pré-estabelecidos, de tal
forma a compor um histórico comparativo.
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Contudo caso ocona uma falha é possível empregar técnicas que permitem realizar a
localização exata da falha, reduzindo o tempo de resolução do problema e consequentemente os
impactos fmanceiros resultantes.
REFERÊNCIAS
[1] ABNT - Associação Brasileira de No1mas Técnicas. NBR 7287: Cabos de potência com isolação
sólida extrudada de polietileno reticulado (XLPE) para tensões de isolamento de 1 kV a 35 kV. Rio
de Janeiro, 1992.
[2] ABNT - Associação Brasileira de No1mas Técnicas. NBR 7286: Cabos de potência com isolação
extrudada de bonacha etilenopropileno (EPR) para tensões de isolamento de 1 kV a 35 kV. Rio de
Janeiro, 2001.
[3] Moore, Mike. The testing methodologies of service aged medium voltage power cables as applied
to an operating wind farm . IEE. Estados Unidos, 2011.
[5] IEEE - Institute ofElectrical and Electronics Engineers. IEEE 400.2: IEEE Guideforfield testing of
shielded power cables systems using very low frequency (VLF) (less than I H:,) . EUA, 2013 .
[6] IEEE - Institute ofElectrical and Electronics Engineers. IEEE 400.3 : Guide for Partia! Discharge
Testing of Shielded Power Cable Systems in a Field Enviromnent. EUA, 2007
[7] IEEE - Institute of Electrical and Electronics Engineers. IEEE 1234: Guide for Fault Locating
Techniques on Shielded Power Cable Systems . EUA, 2007.
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BIOGRAFIAS
Gregório Souza - Mestre em Física Nuclear e aluno de Doutorado pela Universidade de São Paulo
(USP): Título da Disse1tação Mestrado pela USP: Projeto e implantação de melhorias na
blindagem biológica da instalação para estudos em BNCT
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