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22/08/2019 RR - 770-74.2011.5.03.

0106

A C Ó R D Ã O

2 . ª Turma

GMDMA /AT

RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.015/2014

1 - HORAS EXTRAS. TEMPO DE DESLOCAMENTO EM VIAGENS PARA PARTICIPAÇÃO EM


CURSOS E TREINAMENTOS . 1.1 . É assente no âmbito desta Corte o
entendimento de que, via de regra, o tempo destinado à realização de
cursos e treinamentos, sobretudo quando exigidos pela empresa,
caracteriza tempo à disposição, nos moldes do art. 4.º da CLT, devendo
ser considerado como parte integrante da jornada de trabalho. Afinal,
nesse período, a participação do empregado se dá em razão do contrato de
trabalho, no interesse e benefício do empregador, e por determinação
deste, o que caracteriza sujeição ao seu poder hierárquico e disciplinar.
Além disso, não há liberdade do empregado para dispor de seu tempo como
lhe aprouver. 1.2 . Todavia, conforme salientou a Exma. Ministra Dora
Maria da Costa nos autos do ARR-330-59.2016.5.23.0005 (DEJT 26/10/2018),
não é razoável computar-se o tempo de deslocamento entre a residência e o
aeroporto, bem como entre o aeroporto de destino e o hotel, uma vez que
constituem eventos comuns que ocorrem com todo trabalhador que depende de
transporte público (ou privado) para o deslocamento da residência para o
trabalho e vice-versa (aqui incluído o hotel em que se hospeda no local
de destino, considerado como seu domicílio durante a viagem). Recurso de
revista conhecido e parcialmente provido.

2 - SALÁRIO POR EQUIPARAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. INTEGRAÇÃO DE PRÊMIOS.


VANTAGEM PERSONALÍSSIMA DO PARADIGMA. DESCABIMENTO. 2.1 . Esta Corte tem o
firme entendimento de que eventuais desníveis salariais resultantes de
vantagens personalíssimas devidas ao paradigma não possuem caráter
discriminatório. No caso dos autos, o Tribunal Regional, com base na
prova documental proferida nos autos, consignou expressamente que não
havia o pagamento regular de prêmios, e que tal parcela somente era
oferecida em situações específicas (recompensa pela eficiência na
prestação de serviços, assiduidade e/ou cumprimento de metas),
constituindo, pois, gratificação de incentivo, razão pela qual não
ostentava natureza salarial e, portanto, não deveria integrar a base de
cálculo das diferenças deferidas . 2.2. Nesse cenário, para se chegar à
conclusão exposta pela reclamante, sobretudo de que a parcela fosse paga indiscriminadamente pelo
exercício do cargo, seria necessário o revolvimento do acervo fático-probatório dos autos, vedado em sede
recursal extraordinária, nos termos da Súmula 126 do TST. Consoante já afirmado acima, esta Corte firmou o
entendimento no sentido de que, se o patamar remuneratório alcançado pelo paradigma advém de situação
personalíssima, tal situação torna indevida a equiparação salarial, ou, no caso, que tal parcela componha a
base de cálculo do salário equitativo, conforme exceção contida no item VI da Súmula 6 do TST. Recurso de
revista não conhecido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n . ° TST-RR-770-


74.2011.5.03.0106 , em que é Recorrente KELLY CHRISTIANE FERNANDES e
Recorrido ITAÚ UNIBANCO S.A.

Em julgamento proferido em 2/9/2015 (seq. 16), esta Turma deu provimento


ao Recurso de Revista da reclamante, para acolher a preliminar de
nulidade por negativa de prestação jurisdicional arguida, tendo
determinado o retorno dos autos ao Tribunal de origem.

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Após novo julgamento pela Corte Regional, retornam os autos a esta Corte,
com novo recurso de revista da reclamante.

Foram apresentadas contrarrazões.

Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho,


consoante o art. 95, § 2.º, II, do RITST.

É o relatório.

VOTO

1 – CONHECIMENTO

Satisfeitos os pressupostos genéricos de admissibilidade, passa-se ao


exame dos específicos do recurso de revista.

1.1 - HORAS EXTRAS. TEMPO DE DESLOCAMENTO EM VIAGENS PARA PARTICIPAÇÃO EM


CURSOS E TREINAMENTOS

O Tribunal Regional deu provimento ao recurso ordinário interposto pelo


reclamado, mediante os seguintes fundamentos:

Horas extras

O juízo de origem considerou como tempo à disposição do reclamado o tempo de deslocamento de ida e
volta para viagens, assim entendido aquele despendido em apresentação antecipada para vôos, tempo de vôo,
de deslocamento até hotel e retorno ao aeroporto, excluído apenas o tempo de deslocamento de casa-
aeroporto-casa, equiparado àquele para ir e voltar do local de trabalho normal (fl. 668).

O pedido e a condenação surpreendem. O cerne da questão é saber se este tempo pode ser compreendido no
art.4º da CLT.

Registre-se a similitude com a matéria em torno do direito às horas in itinere que passa por três aspectos:
local de difícil acesso ou não servido por transporte público, a circunstância de o empregador fornecer a
condução e a incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada e os do transporte público
regular (inc. II da Súmula 90/TST).

E nesta perspectiva, não acompanho a condenação imposta.

Isso porque o tempo de deslocamento, de comparecimento antecipado para vôos, tempo de vôo, de
deslocamento aeroporto-hotel até o local em que a prestação de serviços efetivamente acontecerá não é
tempo de disposição, nos termos do art. 4º da CLT. Tempo à disposição é aquele que se define quando o
empregado já está no local de trabalho e aguardando o início do serviço. Este tempo em questão é como
aquele tempo gasto para ir e vir ao local de trabalho, só que em circunstâncias atípicas, de viagens, cursos e
treinamentos, razão pela qual ele é evidentemente maior do que o tempo ordinariamente gasto. Mas a sua
essência é de deslocamento, de idas e vindas ao local em que se dará efetivamente a prestação de serviço. O
fato de o tempo ser maior em decorrência de viagens não autoriza a alteração da sua essência para impor
pagamento de horas extras.

Diferentemente, as horas itinerantes foram captadas pela legislação consolidada para serem tidas como
tempo à disposição do empregador e objeto de horas extras. Há previsão legal, assim como o tempo em
regime de prontidão e outras situações legais específicas, que não se enquadram na hipótese.

Não vejo margem na lei para imposição de condenação de horas extras sob este título, diferentemente do que
acontece com as horas in itinere , que contam com regra própria na CLT e na jurisprudência consolidada.

Lembre-se ainda do maquinista, integrante da categoria "c", que também conta com regra própria, do art. 58,
§ 1º, da CLT. Este dispositivo refere-se ao período de deslocamento dentro das malhas ferroviárias, ou seja,
ao tempo de viagem do maquinista do ponto em que assume a máquina até o local de efetivo início da
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prestação laborativa, ou ainda do alojamento em que eventualmente se encontre hospedado (em regime de
prontidão) até o local de assunção dos trabalhos. E o deslocamento casa/trabalho aí não se inclui, fazendo
também jus às horas in itinere.

Confira-se:

EMENTA: TEMPO DE DESLOCAMENTO CASA-TRABALHO E VICE-VERSA. Por ausência de


previsão legal, indefere-se o pedido de pagamento de horas extras em relação ao tempo despendido pelo
trabalhador no deslocamento da casa ao trabalho e vice-versa, no período de sobreaviso, mormente quando a
reclamada não fornece ao trabalhador o transporte, o que inviabiliza o enquadramento da situação como
horas "in itinere? (Processo: 5. 00544-2008-066-03-00-2 RO(RO -30957/08) 8ª Turma - Relator: Denise
Alves Horta - Publicação: 14/02/2009).

Provejo para excluir a condenação em horas extras decorrentes de tempo à disposição com deslocamentos
em dias de cursos e treinamentos e respectivos reflexos.

Nas razões do recurso de revista, sustenta a reclamante, em síntese, que


o dispêndio de tempo no trajeto entre sua residência e o Aeroporto
Internacional de Confins, bem como o tempo de deslocamento de ida e volta
em viagens, e entre o aeroporto de destino e o hotel, devem todos ser
considerados tempo à disposição do empregador, uma vez que revertem
exclusivamente em prol da empresa. Aponta violação do art. 4.º da CLT.
Transcreve arestos.

Pois bem.

É assente no âmbito desta Corte o entendimento de que, via de regra, o


tempo destinado à realização de cursos e treinamentos, sobretudo quando
exigidos pela empresa, caracteriza tempo à disposição, nos moldes do art.
4.º da CLT, devendo ser considerado como parte integrante da jornada de
trabalho. Afinal, nesse período, a participação do empregado se dá em
razão do contrato de trabalho, no interesse e benefício do empregador, e
por determinação deste, o que caracteriza sujeição ao seu poder
hierárquico e disciplinar. Além disso, não há liberdade do empregado para
dispor de seu tempo como lhe aprouver.

Corroboram esse posicionamento os seguintes julgados:

HORAS EXTRAS ORIUNDAS DE CURSOS DE RECICLAGEM. O TRT registrou situação fática em que
o autor era obrigado a participar de cursos de reciclagem. Para se chegar à conclusão de que o autor não
participou desses cursos, necessário seria o revolvimento de fatos e provas, procedimento vedado pela
Súmula 126/TST. Acrescente-se ser correta a decisão do Regional que invalidou a norma coletiva que previa
que não deveriam ser remuneradas as horas despendidas em cursos de reciclagem. Com efeito, a
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, interpretando o artigo 4º da CLT, vem se firmando no
sentido de considerar como tempo à disposição do empregador as horas destinadas à realização de curso de
aperfeiçoamento do empregado. No que se refere à jurisprudência indicada, inviável o conhecimento do
recurso em razão do que dispõe o artigo 896, § 4º, da CLT. Recurso de revista não conhecido. (RR-17300-
22.2009.5.17.0014, Rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, DEJT 26/2/2016).

RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR. CURSO


DE RECICLAGEM. VIGILÂNCIA 1. A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, inspirada na
norma do artigo 4º da CLT, sinaliza no sentido de considerar à disposição do empregador o tempo gasto na
participação de cursos de aperfeiçoamento profissional de caráter obrigatório. Precedentes. 2. Recurso de
revista de que se conhece e a que se dá provimento. (RR-2845-71.2012.5.12.0051, Rel. Min. João Oreste
Dalazen, 4ª Turma, DEJT 28/3/2014).

RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR.


VIGILÂNCIA. CURSO DE RECICLAGEM. Conquanto o curso de aperfeiçoamento profissional beneficie
o trabalhador, inegável que a atividade empresarial de serviço organizado de vigilância, de forma
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preponderante, beneficia-se com a qualificação de seus empregados, pois disso depende a empresa para sua
própria existência e funcionamento, nos termos da Lei 7.102/83, alterada pela Lei 8.863/94, regulamentada
pelo Decreto 1.592/95. Se realizado o curso fora da jornada normal de trabalho, o período destinado ao
treinamento de seus empregados deve ser considerado como tempo à disposição do empregador, segundo
reza o art. 4º da CLT, e, consequentemente, remunerado como horas extras. Nesse sentido segue a
jurisprudência desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido (RR-2851-80.2012.5.12.0018, Rel. Min.
Augusto César Leite de Carvalho, 6ª Turma, DEJT 7/2/2014).

HORAS EXTRAS. CURSO DE RECICLAGEM. Conquanto no Direito do Trabalho se admita certa margem
de flexibilização, em que se permite a obtenção de benefícios pelos empregados, com concessões mútuas, as
normas que possibilitam essa flexibilização não autorizam a negociação para ampliação da jornada de
trabalho, uma vez que o art. 4º da CLT, ao estabelecer que 'Considera-se como de serviço efetivo o período
em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens', deixa clara a
previsão legal sobre a matéria, não abrindo espaço à negociação coletiva para piorar a condição do
empregado. Assim, eventual negociação que estabeleça que o tempo despendido em curso de reciclagem não
será considerado como hora extra atenta contra o princípio insculpido no art. 9º da CLT, não observa o tempo
legalmente considerado de serviço (art. 4º da CLT). Recurso de Revista de que não se conhece. (RR-1693-
49.2010.5.03.0005, Rel. Min. João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, DEJT 24/8/2012).

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE PARTICIPAÇÃO EM CURSO DE


RECICLAGEM E TREINAMENTO. CRITÉRIO DE PROMOÇÃO AUTOMÁTICA. Integra a jornada de
trabalho o período em que a reclamante encontra-se participando de cursos oferecidos pelo Banco, voltados a
apresentar aos seus funcionários os serviços que serão comercializados por eles. Embora não se tenha notícia
sobre a obrigatoriedade da presença em tais eventos, consta do acórdão prolatado pelo Tribunal Regional que
a participação era uma dos critérios da promoção automática. Tal circunstância revela, ainda que
implicitamente, a obrigatoriedade de participação. Recurso de revista conhecido e provido. (RR-89300-
77.2001.5.09.0093, Rel. Min. Lélio Bentes Corrêa, 1ª Turma, DEJT 3/9/2010).

Por sua vez, o tempo gasto em deslocamento para o local de realização dos
cursos, pelo mesmo motivo (o fato de estar cumprindo ordens do
empregador, com sujeição ao poder hierárquico e disciplinar, e limitação
à liberdade de ir e vir), deve ser considerado como tempo à disposição do
empregador. Nesse sentido:

(...) B) RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. DESLOCAMENTO PARA PARTICIPAÇÃO EM


CURSOS PRESENCIAIS. As horas utilizadas pelo reclamante em viagens, realizadas em decorrência
do contrato de trabalho e, portanto, no interesse e em benefício da reclamada, uma vez que
extrapolam a jornada de trabalho, devem ser consideradas como extras, pois caracterizam tempo à
disposição do empregador, na esteira da diretriz do art. 4° da CLT . Contudo, não se mostra razoável
considerar o interregno em que o empregado se desloca para o aeroporto bem como o período em que lá
permanece realizando os procedimentos para o embarque como tempo de serviço, para efeito de apuração de
horas extras, e sua consequente remuneração, pois nesse período o trabalhador não se encontra à disposição
do seu empregador, aguardando ou executando ordens, mas apenas espera o momento do embarque, não se
amoldando referida situação àquela prevista no art. 4º da CLT. Dessa forma, o tempo à disposição do
empregador nos casos de viagem deve ser somente aquele no qual o empregado está efetivamente em
trânsito, porquanto o deslocamento para o aeroporto e o tempo de espera para embarque constituem eventos
comuns que ocorrem com todo trabalhador que depende de transporte público regular para o deslocamento
de sua residência para o trabalho e vice-versa. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido. (ARR-
330-59.2016.5.23.0005, Rel. Min. Dora Maria da Costa, 8.ª Turma, DEJT 26/10/2018)

"(...) HORAS EXTRAS. DESLOCAMENTO EM VIAGENS. TEMPO À DISPOSIÇÃO DO


EMPREGADOR. ART. 4º DA CLT. Inviável o conhecimento do recurso de embargos por violação dos arts.
5º, II, 7º, XXXV e XVI, da Constituição Federal, 58, 59 da CLT e contrariedade às Súmulas 90, 324 e 325 do
TST, os quais não tratam de horas extras decorrentes de deslocamento em viagens. Com efeito, o pagamento,
como extra, do tempo à disposição do empregador durante o período de deslocamento em viagens encontra
amparo legal no art. 4º da CLT, segundo o qual " considera-se como de serviço efetivo o período em que o
empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial
expressamente consignada ". Ademais, a própria reclamada assevera que as viagens foram executadas por
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sua determinação, restando imperativa a incidência do dispositivo celetista transcrito. Há precedentes.


Recurso de embargos não conhecido. (...)" (E-ED-RR- 1883400-76.2000.5.09.0003, Rel. Min. Augusto
César Leite de Carvalho, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 12/8/2011)

"EMBARGOS. HORAS EXTRAS. DESLOCAMENTO. TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR.


VIOLAÇÃO DO ARTIGO 896 DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO NÃO
CARACTERIZADA. 1. Consoante previsão do artigo 4º da CLT, " considera-se como de serviço efetivo o
período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo
disposição especial expressamente consignada ". 2. Comprovado, nos autos, o trabalho em sobrejornada e
que as viagens de trabalho realizadas pelo reclamante ocorriam por determinação da reclamada, incensurável
se revela a decisão por meio da qual se condenou a ré ao pagamento, como labor extraordinário, do período
em que o obreiro estava viajando. 3. Inviável, de outro lado, o conhecimento do recurso de revista
empresarial ante a alegada violação dos artigos 7º, XIII e XVI, da Constituição da República e 58 e 59 da
CLT, visto que tais dispositivos não tratam especificamente de horas extras decorrentes de deslocamento em
virtude de viagens. Precedentes da SBDI-I. 4. Recurso de embargos não conhecido." (E-RR - 2291900-
14.2001.5.09.0009, Relator Ministro Lelio Bentes Corrêa, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, DEJT 03/09/2010)

Dessa forma, o tempo de deslocamento em viagens deve ser considerado como


tempo à disposição do empregador, de modo que o Tribunal Regional, ao
excluir o período em questão, incorreu em ofensa ao art. 4.º da CLT.

CONHEÇO do recurso, por violação do art. 4.º da CLT .

1.2 – SALÁRIO POR EQUIPARAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. INTEGRAÇÃO DE PRÊMIOS.


VANTAGEM PERSONALÍSSIMA

O Tribunal Regional consignou o seguinte:

RECURSO DO RECLAMADO

Equiparação

O reclamado alega que não foram preenchidos os requisitos do art. 461 da CLT.

A equiparação pretendida foi reconhecida em relação aos modelos indicados Vera Lúcia e Ozanan José.

Os fundamentos da condenação basearam-se na prova oral de fls. 662-664.

O Banco insiste na diferença de produtividade e perfeição técnica entre a reclamante e os paradigmas


em função de porte de agência e tempo de serviço superior a dois anos.

Não restam dúvidas de que a reclamante ocupou o cargo de gerente operacional em agências do Banco.

No primeiro aspecto, segundo o preposto do Banco, o serviço de gerente operacional é o mesmo em todas as
agências, sendo o que importa é o porte (fl. 662-v).

Neste contexto, destaca-se que a prova oral revela o fato de a reclamante ter trabalhado como gerente
operacional em agências de grande e médio porte.

Aliás, ressalte-se a informação da testemunha Ozanan, um dos paradigmas, no sentido de que é possível que
um gerente saia de uma agência de grande porte e retorne para uma agência de médio/pequeno porte,
inclusive, isso ocorreu com a testemunha; informou ainda que a reclamante foi gerente operacional em
agências de médio e grande porte; que acredita que todos os gerentes operacionais pudessem trabalhar em
qualquer porte de agência (fl. 663).

A testemunha Lauro também informou que função e as atividades do gerente operacional são as mesmas
independentemente da agência (fl. 663).

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Assim, a alegação em torno de diferenças de salário em razão de se ocupar o cargo de gerente operacional
em determinada agência do banco caiu por terra e não prevalece diante da prova oral produzida.

Quanto à diferença de tempo de serviço entre a reclamante e os modelos, vejamos o contexto probatório.

Em depoimento, a reclamante declarou que a paradigma Vera Lúcia era gerente operacional desde 2004 (fl.
662).

Segundo a defesa, a reclamante passou a gerente operacional I em 2004 e, em 2006, passou a gerente
operacional personnal (fl. 448); que a paradigma passou a gerente operacional personnal em 2004 (fl. 449).

A prova documental confirma que a reclamante passou a gerente operacional personnal em 05/2006 (fl. 461)
e que a paradigma Vera Lúcia ocupava esta função desde 03/2004 (fl. 555).

Quanto ao outro modelo, Ozanan José, a prova documental revela que não há exata correspondência entre os
cargos ocupados por ele e a reclamante (fls. 584 e fls. 461). Ressalte-se o fato de que este modelo foi
transferido de empresas, pois era funcionário do BANCO BEMGE.

Em seu depoimento, também se infere tal fato: foi transferido do BEMGE, de Uberlândia para Belo
Horizonte, por volta de 2000/2001 (fl. 663). Segundo seu depoimento, por ocasião da sua transferência, veio
para a unidade administrativa, que era o local que coordenava o serviço de várias agências; que em torno de
2005 foi para a Agência Afonso Pena. O doc. de fls. 584 informa que desde 2005 passou a ocupar
a função de gerente operacional III.

Por outro lado, a questão da diferença de tempo na mesma função passa, necessariamente, pela constatação
das diversas nomenclaturas adotadas no Banco: gerente operacional I, gerente operacional personnal, gerente
operacional III. Tal fato contrasta com a prova oral de identidade de função entre a reclamante e os
paradigmas, todos atuando como gerente operacional.

A equiparação salarial não pode encontrar óbice na nomenclatura das funções, até porque, o BANCO não
tem quadro organizado de cargos e salários para se eximir da aplicação do art. 461 da CLT.

A prova testemunhal revela que a função e as atividades do gerente operacional são as mesmas no
reclamado, o que independente até mesmo da agência (fl. 663). Portanto, esta diferença de nomenclaturas
que o próprio Banco faz não é legítima e não correspondente a realidade contratual que revela o mesmo nível
daqueles que exerciam a função de gerente operacional.

As testemunhas comprovaram que os modelos indicados e a reclamante desempenhavam a mesma função, de


gerente operacional, e que trabalharam em agências de médio e grande porte.

Assim, a diferenciação de salário praticada pelo reclamado não está legitimidada. Nenhuma prova foi feita
pelo banco sobre o trabalho da reclamante não ser de igual valor. Nenhuma prova de diferença de
produtividade e de perfeição técnica foi produzida pelo reclamado, cujo ônus lhe competia, lembrados o art.
818/CLT, inc. I, art. 333/CPC, e ainda, a Súmula 06/TST.

Foram excluídas da base de cálculo das diferenças salariais as parcelas personalíssimas, como anuênios e
prêmios concedidos, sendo que a gratificação de função foi mantida por se tratar de verba de natureza salarial
(fl.667).

Acompanho.

A gratificação de função não é personalíssima, aliás, a sua integração para fins das diferenças salariais se
deve exatamente em razão de ter sido reconhecida a identidade de função. Portanto, a sua exclusão
da base de cálculo implica esvaziar a norma esculpida no art. 461 da CLT.

Tanto é verdade que a gratificação de função não é verba de caráter pessoal que não acompanha o paradigma
se este passar a ocupar cargo diverso. Como verba de caráter funcional, é diretamente vinculada ao cargo
ocupado pelo empregado, sendo devida a todo aquele que prestar o mesmo serviço. Uma vez que a
reclamante e os paradigmas exerciam as mesmas funções, a autora também faz jus ao pagamento

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da gratificação de função no mesmo valor pago aos modelos, exceto quanto ao adicional por tempo de
serviço que, por sua vez, integra a base da gratificação e é verba personalíssima. Confira-se previsão na
norma coletiva (fl. 225, 256).

Assim já me pronunciei no julgamento do Processo: 3. 00791-2001-021-03-00-1 RO(RO -18277/03), 1ª


Turma -Publicação: 28/11/2003.

No que tange a exclusão dos reflexos das diferenças sobre a PLR, a questão não reside no reconhecimento de
natureza salarial da verba.

A PLR é paga sobre o salário-base do empregado acrescidos de verbas fixas de natureza salarial e, portanto,
as diferenças salariais resultantes da equiparação repercutem no cálculo da PLR, por força de norma coletiva
(fl.244).

Provejo parcialmente, para determinar que a base de cálculo da gratificação de função da reclamante, para
efeito de equiparação salarial, não considere o adicional de tempo de serviço dos paradigmas.

Em resposta aos embargos declaratórios da autora, o Tribunal a quo


consignou o seguinte:

No que refere-se à equiparação salarial e o entendimento da Turma Julgadora de excluir da base de cálculo as
parcelas a título de prêmios, mais uma vez, a reclamante faz o uso inadequado dos embargos de
declaração. As razões de embargos de fls. 737 traduzem o mero inconformismo da reclamante com o
entendimento adotado no acórdão de que os prêmios constituem verba personalíssima. Não cabem embargos
para polemizar com o resultado do julgamento na tentativa de reforma da decisão. Provejo, em parte,
para corrigir erro material, sem imprimir efeito modificativo ao julgado e declarar que a sua participação em
curso durante a licença-maternidade deu-se nos dias 10, 11 e 12 de agosto de 2009, sendo nestes dias que
impõe-se a condenação, em dobro, já deferida pelo acórdão.

Reconhecida a nulidade do julgado por negativa de prestação


jurisdicional, retornaram os autos ao Tribunal Regional de origem para a
prolação de nova decisão sobre a matéria, ocasião em que assim se
pronunciou:

Acolhida pelo TST prefacial de nulidade do julgado, por negativa de prestação jurisdicional, suscitada por
KELLY CHRISTIANE FERNANDES, conforme os r. fundamentos de fls. 970/972, in verbis :

(...)

Ficou assentado, portanto, que a decisão deve conter sucintamente os requisitos necessários para que as
partes possam exercer a ampla defesa por meio dos recursos previstos, caracterizando negativa de prestação
jurisdicional ausência de pronunciamento específico, apesar da oportuna oposição de embargos de
declaração sobre aspectos fáticos relevantes ao correto enquadramento jurídico e solução do litígio. Assim,
decretada a nulidade parcial do acórdão Regional proferido ao julgamento dos embargos de declaração, foi
determinado o retorno dos autos para que se manifeste a respeito da natureza jurídica da verba prêmio para
fins de apuração das diferenças salariais decorrentes do pleito equiparatório.

Passo, então, ao exame da matéria sanando a omissão verificada.

Saliento, de início, que os prêmios, quando oferecidos com fins de recompensa pela eficiência na prestação
dos serviços, assiduidade no comparecimento ao trabalho ou por ter o trabalhador atingido determinada
meta, aumentando sua produtividade, constituem gratificação de incentivo e não ostentam natureza salarial.

Objetivando incentivar e recompensar atributos individuais, sua concessão depende da circunstância concreta
de se aferir a ação pessoal do empregado em relação à empresa, estipulando o empregador, via de regra,
condições a que se subordinam sua concessão.

Desde que concedido com as características que configuram sua verdadeira natureza jurídica, o prêmio não
deve ser conceituado como salário, traduzindo, antes, verdadeira liberalidade patronal.
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Releva ponderar, todavia, que, se os valores pagos sob falso título de prêmio corresponderem, realmente, à
contraprestação de serviços, deverão ser conceituados como salário, integrando a remuneração para os
efeitos legais.

No caso em exame, os demonstrativos de pagamento de fls. 167/217 demonstram que não havia o pagamento
de prêmios, de forma regular, na constância da pactuação.

Forçoso concluir, portanto, que estes somente foram oferecidos com fins de recompensa pela eficiência na
prestação de sérvios, assiduidade e/ou cumprimento de metas, constituindo, pois, gratificação de incentivo e,
portanto, não ostentando natureza salarial, em que pesem todas as argumentações postas pela reclamante em
seus embargos de declaração.

Ademais, não é demais ressaltar que as vantagens de caráter personalíssimo, tais como adicional por tempo
de serviço, gratificações, prêmios, horas extras e comissões não devem ser consideradas para fins de
equiparação salarial.

Dessa forma, considerando que a documentação acostada aos autos demonstrou que a aferição dos prêmios
dependia de uma série de circunstâncias, precipuamente do próprio esforço pessoal do empregado, não há
como considerá-la na apuração das diferenças salariais como pretendido pela embargante.

Assim, repito, em razão da natureza jurídica indenizatória que envolve a parcela, não há que se falar em sua
integração e reflexo legal, nada havendo a deferir no aspecto.

De outro lado, note-se que, segundo o § 2º do art. 30 da Lei nº 10.101/00 (que regulamenta a PLR), é vedado
o pagamento de antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da
empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil.

Os demonstrativos de pagamento colacionados aos autos evidenciam a irregularidade na forma da quitação.

Assim é que as parcelas oferecidas sob título PR, não atendem às exigências da Lei 10.101/00, pelo que se
faz correta a decisão (sentença, fls.667, mantida neste aspecto pelo v. acórdão embargado, fls. 729) que
reconheceu, nelas, natureza salarial.

Provimento conferido nestes termos.

Foram mais uma vez opostos embargos declaratórios pela autora sobre a
questão, suscitando a seguinte manifestação da Corte a quo :

FUNDAMENTOS

Alegando contradição na decisão de Embargos de Declaração de fis. 977/980, a reclamante requer seja dado
provimento a estes novos embargos, para esclarecer efetivamente a natureza jurídica dos prêmios percebidos.
Insiste que a decisão necessita de esclarecimentos, pois, a seu ver, tratando-se os prêmios por cumprimento
de metas e sendo a produtividade da reclamante e do modelo iguais, o entendimento da douta Turma no
sentido de que a sua natureza jurídica é indenizatória, estar-se-ia violando o art. 461 da CLT.

Sem razão, contudo.

A matéria referente à base de cálculo das diferenças salariais decorrentes do pleito equiparatório, com a não
inclusão da parcela prêmio, foi regularmente analisada e decidida na decisão de Embargos de Declaração de
fls. 977/980, de forma explícita e fundamentada, quanto ao entendimento da Egrégia Turma em relação à
hipótese específica dos autos, inexistindo omissão, contradição ou obscuridade que possa resultar no
provimento destes embargos.

Decidiu a E. Turma, de forma explícita e fundamentada, que no caso destes autos, a análise dos
demonstrativos.de pagamento de fls. 167/217 evidenciou que não havia o pagamento regular de prêmios à
reclamante. Donde, forçosa a conclusão de que tal parcela somente era oferecida em situações específicas
(recompensa pela eficiência na prestação de serviços, assiduidade e/ou cumprimento de metas), constituindo,

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pois, gratificação de incentivo, razão pela qual não ostenta natureza salarial e, portanto, não integra a base de
cálculo das diferenças deferidas.

Essa a tese explícita e fundamentada do Acórdão embargado, que requer outro recurso apropriado, em caso
de inconformismo, porque o mérito da decisão não pode ser reformado na mesma instância.

Como visto, a prestação jurisdicional está completa, em decisão fundamentada, quanto aos motivos que
levaram à manutenção da r. sentença. Restaram pré-questionados e rejeitados todos os argumentos em
sentido diverso e afastadas as teses contrárias, defendidas pela Embargante, pelo entendimento da Súmula nº
297 do Colendo TST.

Na verdade, pretende a Embargante o reexame do mérito, o que desafia apresentação de recurso próprio, que
não o de Embargos de Declaração, em razão de seus estreitos limites objetivos, enumerados taxativamente
no artigo 535 CPC.

Nos termos do artigo 897-A CU, os Embargos de Declaração somente podem conferir efeito modificativo ao
julgado em caso de omissão, contradição, ou manifesto equívoco no exame do recurso, porque sua finalidade
não é de reformar o mérito da sentença, mas apenas corrigir falha ou falta de expressão formal do
pronunciamento judicial, o que não acontece na hipótese.

Nego provimento.

Irresignada, recorre a reclamante sob o argumento, em síntese, de que as


parcelas pagas ao paradigma a título de prêmios devem integrar a base de
cálculo de seu salário por equiparação.

Aduz que o próprio reclamado, às fls. 452, afastou o rótulo de "parcela


personalíssima" dos prêmios, ao assegurar que eles decorrem eminentemente
do exercício do cargo de Gerente Operacional, e não uma gratificação
pessoal em razão da avaliação subjetiva de produtividade, evidenciando a
sua natureza contraprestativa. Aponta violação dos arts. 7.º, VI, da
Constituição Federal, 461 e 468 da CLT.

Saliento, de início, que deixo de analisar o preenchimento dos rigores


formais impostos pela Lei 13.015/2014, uma vez que a irresignação se deu
contra acórdão proferido em sede de recurso ordinário em janeiro de 2012,
publicado em 2.2.2012, cujos embargos de declaração foram todos
rejeitados ou providos sem efeitos modificativos, inclusive o que motivou
a interposição do atual recurso de revista em dezembro de 2015.

No mais, não assiste razão à autora.

Esta Corte tem o firme entendimento de que eventuais desníveis salariais


resultantes de vantagens personalíssimas devidas ao paradigma não possuem
caráter discriminatório.

Nesse sentido é a Súmula 6, VI, do TST, em sua parte inicial:

VI - Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT, é irrelevante a circunstância de que o desnível salarial
tenha origem em decisão judicial que beneficiou o paradigma, exceto : a) se decorrente de vantagem
pessoal ou de tese jurídica superada pela jurisprudência de Corte Superior; (...)"

No caso dos autos, o Tribunal Regional, com base na prova documental


proferida nos autos, analisadas as alegações de ambas as partes,
devolvidas em profundidade àquela Corte, consignou expressamente que não
havia o pagamento regular de prêmios, e que tal parcela somente era
oferecida em situações específicas (recompensa pela eficiência na
prestação de serviços, assiduidade e/ou cumprimento de metas),
constituindo, pois, gratificação de incentivo, razão pela qual não
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ostentava natureza salarial e, portanto, não deveria integrar a base de


cálculo das diferenças deferidas .

Ao contrário do que alega a autora, não se verifica à fl. 452 dos autos
nenhuma confissão da ré de que a parcela possuísse natureza salarial, mas
pelo contrário, a alegação era de que se tratava de parcela de caráter
personalíssimo, devida pelo resultado.

Nesse cenário, para se chegar à conclusão exposta pela reclamante, sobretudo de que a parcela
fosse paga indiscriminadamente pelo exercício do cargo, seria necessário o revolvimento do acervo fático-
probatório dos autos, vedado em sede recursal extraordinária, nos termos da Súmula 126 do TST.

Consoante já afirmado acima, esta Corte firmou o entendimento no sentido de que, se o patamar
remuneratório alcançado pelo paradigma advém de situação personalíssima, tal situação torna indevida a
equiparação salarial, ou, no caso, que tal parcela componha a base de cálculo do salário equitativo, conforme
exceção contida no item VI da Súmula 6 do TST. Nesse sentido, os seguintes precedentes desta Corte:

EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 13.015/2014. CPTM. EQUIPARAÇÃO SALARIAL.


DIFERENÇAS SALARIAIS DECORRENTES DA CONVERSÃO DO SALÁRIO PARA URV. DECISÃO
JUDICIAL. VANTAGEM PESSOAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 6, ITEM VI, DO TST. O artigo 461
da CLT estabelece serem devidas as diferenças salariais, a título de equiparação salarial, quando o
empregado exerce idêntica função, de igual valor, na mesma localidade, para o mesmo empregador, sem
nenhuma distinção de sexo, nacionalidade ou idade. Entretanto, o desnível salarial decorrente de vantagem
pessoal do paradigma afasta o direito à equiparação salarial, como estabelece o item VI da Súmula nº 6 do
TST: "Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT, é irrelevante a circunstância de que o desnível salarial
tenha origem em decisão judicial que beneficiou o paradigma, exceto se decorrente de vantagem pessoal, de
tese jurídica superada pela jurisprudência de Corte Superior ou, na hipótese de equiparação salarial em
cadeia, suscitada em defesa, se o empregador produzir prova do alegado fato modificativo, impeditivo ou
extintivo do direito à equiparação salarial em relação ao paradigma remoto" (destacou-se). Assim, a
jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o acréscimo remuneratório obtido a partir da
conversão do salário em URV, determinado em razão de ação judicial em que se ordene esse procedimento,
implica vantagem personalíssima ao patrimônio jurídico do trabalhador. Precedentes. Recurso de embargos
conhecido e desprovido. (E-ED-RR - 906-51.2012.5.02.0078 , Relator Ministro: José Roberto Freire
Pimenta, Data de Julgamento: 04/04/2019, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
Publicação: DEJT 12/04/2019)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. APELO


INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. [...] EQUIPARAÇÃO SALARIAL. DIFERENÇA
REMUNERATÓRIA DECORRENTE DE VANTAGEM PERSONALÍSSIMA. I - Restou patenteado pelo
regional que a apontada disparidade entre as remunerações entre autor e paradigma decorreu do fato de que
este, ao longo da contratualidade, exerceu cargos de maior complexidade, auferindo, nesse período
gratificações e avanços de níveis superiores ao cargo ocupado pelo agravante. II - Trata-se, portanto, de
vantagem pessoal conferida ao paradigma e não conferida ao autor, que, por si só, é suficiente a diferenciar
as duas realidades funcionais de modo a não permitir a pretensa equiparação. III - Diante dessas premissas
fáticas, indicativas de que a diferença salarial decorreu de vantagem pessoal adquirida pelo paradigma, avulta
a convicção de que, para se reconhecer violação dos artigos 7º, incisos VI e XXX, da CF/88; 461, caput, §§
1º e 2º, da CLT; e contrariedade à Súmula 6, item III, desta Corte, demandaria o revolvimento dos fatos e
provas dos autos, defeso em sede de recurso de revista a teor da Súmula nº 126/TST. IV - Vale ressaltar que a
norma contida no artigo 5º, inciso II, da Constituição, erige, em regra, princípio genérico do ordenamento
jurídico, cuja afronta se existente, o seria apenas de forma reflexa e não direta, pois dependeria do prévio
exame da matéria à luz da legislação ordinária e das provas dos autos, inviabilizando o recurso de revista
interposto, no particular. V - A propósito, vem a calhar a Súmula nº 636 do STF, segundo a qual "Não cabe
recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação
pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida". VI - Não é
demais registrar que em processos envolvendo a mesma controvérsia (equiparação remuneratória em relação
à vantagem pessoal reconhecida exclusivamente em favor do paradigma), esta Corte tem reiteradamente
decidido no sentido da impossibilidade de condenação ao pagamento da diferença salarial. Precedentes. VII -
Assim, estando a decisão recorrida em conformidade com a atual iterativa e notória Jurisprudência desta
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Corte, emerge o óbice do artigo 896, § 7º, da CLT, em razão do qual sobressai inviável a arguição de
dissenso pretoriano. VIII - Agravo de instrumento a que se nega provimento. (AIRR-990-23.2011.5.01.0205,
Rel. Min. Antonio José de Barros Levenhagen, 5ª Turma, DEJT 10/02/2017)

RECURSO DE REVISTA. [...] PARADIGMA QUE ANTES DA PRIVATIZAÇÃO DA EMPRESA


RECLAMADA EXERCIA CARGO NÃO EQUIPARÁVEL HIERARQUICAMENTE SUPERIOR E,
APÓS, PASSOU A EXERCER O MESMO CARGO DO PARAGONADO, TÉCNICO EM
TELECOMUNICAÇÕES. MANUTENÇÃO DA REMUNERAÇÃO DAQUELE EM FACE DO
PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE SALARIAL. EQUIPARAÇÃO SALARIAL INDEVIDA. A tese do
acórdão regional é a de que restou comprovado que, antes da privatização da empresa reclamada, o autor e o
paradigma exerciam atividades distintas e ocupavam cargos não equiparáveis. A diferença salarial persistiu
após a privatização, pela observância da irredutibilidade salarial do paradigma, o qual, transposto para o
cargo de técnico em telecomunicações, teve de continuar a receber sua antiga remuneração do cargo então
hierarquicamente superior. Constata-se, portanto, que o patamar remuneratório diferenciado alcançado pelo
paradigma decorre de vantagem personalíssima alcançada pela atividade anterior à privatização,
circunstância que torna indevida a equiparação salarial, conforme a exceção contida no item VI da Súmula 6
desta Corte. Desse modo não há falar em violação do artigo 461 da CLT e o recurso de revista é inviável por
divergência jurisprudencial, nos termos da Súmula 333 do TST. Recurso de revista não conhecido. [...] (RR-
207100-16.2003.5.15.0053, Rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, 3ª Turma, DEJT 21/08/2015)

Ilesos, portanto, os dispositivos legais apontados.

NÃO CONHEÇO do recurso de revista quanto ao particular.

2 - MÉRITO

2.1 - HORAS EXTRAS. TEMPO DE DESLOCAMENTO EM VIAGENS PARA PARTICIPAÇÃO EM


CURSOS E TREINAMENTOS

Conhecido o recurso de revista por violação do art. 4.º da CLT, o seu


provimento é consectário lógico.

Todavia, conforme salientou a Exma. Ministra Dora Maria da Costa nos


autos do ARR-330-59.2016.5.23.0005 (DEJT 26/10/2018), entendimento ao
qual me filio, não é razoável computar-se o tempo de deslocamento entre a
residência da autora e o Aeroporto de Confins, bem como entre o aeroporto
de destino e o hotel, uma vez que constituem eventos comuns que ocorrem
com todo trabalhador que depende de transporte público (ou privado, no
caso) para o deslocamento da residência para o trabalho e vice-versa
(aqui incluído o hotel em que se hospeda no local de destino, considerado
como seu domicílio durante a viagem).

Diante do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso de revista para


condenar a reclamada ao pagamento do tempo de deslocamento efetivo nas
viagens, assim consideradas as horas em trânsito aéreo, excluído o tempo
de deslocamento para o aeroporto e o domicílio da autora, bem como o
tempo de espera para embarque.

Mantenho o valor arbitrado à condenação, por entendê-lo consentâneo às


parcelas deferidas na ação. Custas inalteradas.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade,


conhecer do recurso de revista quanto ao tema " Horas Extras. Tempo De Deslocamento Em
Viagens Para Participação Em Cursos E Treinamentos", por violação do art.
4.º da CLT, e, no mérito, dar-lhe parcial provimento para condenar a
reclamada ao pagamento do tempo de deslocamento efetivo nas viagens,
assim consideradas as horas em trânsito aéreo, excluído o tempo de
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deslocamento para o aeroporto e o domicílio da autora, bem como o tempo


de espera para embarque. Mantido o valor arbitrado à condenação. Custas
inalteradas.

Brasília, 14 de agosto de 2019.


Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

DELAÍDE MIRANDA ARANTES


Ministra Relatora

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