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Resumo
O bloco cerâmico é um dos materiais tradicionalmente mais empregados em obras
convencionais, principalmente em alvenaria de vedação. Este estudo objetiva verificar a
qualidade desse material na Construção Civil de Manaus. Inicialmente, foi realizado um
levantamento de campo em empresas construtoras, identificando os principais problemas por
elas enfrentados quando da aplicação desse produto; e em seguida em empresas fabricantes
(olarias) para que fossem observados os processos de produção, transporte e distribuição.
Aproximadamente, 90% dos blocos provêm da região abrangida pelos municípios de
Manacapuru e Iranduba, o atual pólo oleiro do estado do Amazonas, concentrando cerca de
vinte e sete (27) empresas. Apesar desse pólo possuir grandes olarias, cuja capacidade de
produção pode chegar a 50.000 tijolos/dia, todo o processo é feito de forma empírica, não
havendo controle rígido sobre a produção, o que implica em perda de qualidade do produto
final. O principal defeito observado pelos engenheiros e construtores diz respeito à não-
uniformidade dimensional. A análise parcial dos resultados mostra que a insatisfação das
construtoras é causada principalmente por falta de controle de qualidade na produção.
Palavras-chave: Qualidade, produção, construção civil, bloco cerâmico, alvenaria de
vedação.
1. Introdução
Os materiais de construção são obtidos a partir dos recursos naturais, que passam por
processos de tratamentos e manufatura para serem então aplicados na indústria da construção
civil. Os processos de produção desses materiais influenciam na garantia de sua qualidade, e
para isso, o engenheiro deverá gerenciar de forma eficiente a utilização dos recursos e dos
materiais de construção com eles obtidos a fim de atingir esse objetivo. A qualidade, é
interessante salientar, se reveste da maior importância, pois garante a segurança, o conforto, a
estética, o prolongamento da vida útil das edificações, e por fim, mas não por menos
importante o menor custo.
O bloco cerâmico comum, conhecido como tijolo de oito furos, é ainda hoje um dos materiais
mais utilizados, sendo um dos símbolos da Construção Civil. Porém, é de conhecimento que
esse material é um dos que ocasiona elevado índice de perda, chegando a um valor médio de
13% (FURG, 2005).
Diante disso, observa-se a importância de se realizar um levantamento da qualidade dos
blocos cerâmicos para alvenaria de vedação (tijolo comum) que são produzidos no pólo oleiro
do estado do Amazonas, e ainda verificar qual a relação desta qualidade com os processos
produtivos que são adotados. Esta produção abastece quase que totalmente a capital do estado,
Manaus.
Assim, foi realizada uma pesquisa de campo no âmbito da cidade de Manaus, em empresas
construtoras com a finalidade de verificar a utilização desse material. Em seguida, foram
realizadas visitas técnicas às olarias de grande porte localizadas no pólo oleiro do Estado a
fim de se observar o processo de produção e os possíveis problemas e erros que estejam
ocorrendo. Depois, foram coletadas amostras do produto para ensaios segundo as normas da
ABNT. Atualmente, a pesquisa está na fase final da realização de tais ensaios.
Ao final dessa pesquisa, pretende-se utilizar os resultados obtidos para chamar a atenção dos
profissionais da área quanto à adequação desse produto as normas técnicas e principalmente
propor a melhoria da sua qualidade, com a correção de eventuais erros constatados no
processo de produção.
2. Qualidade na Construção Civil
As obras civis utilizam grandes quantidades dos mais diversos tipos de materiais. Muitos
deles provêm de diferentes localidades e passam por diferentes processos de produção. No
entanto, todos devem atender a especificações de tal forma que satisfaçam os critérios de
resistência, durabilidade, estética, conforto e segurança em obras.
Os processos de fabricação e tratamentos que os materiais recebem, procuram não só criar
peças de qualidade, como também, facilitar o manuseio, armazenamento e transporte dos
mesmos para um melhor aproveitamento em obras, sem perdas excessivas.
Todo esquema de fabricação, qualquer que seja o tipo de material de construção, deve seguir
padrões técnicos que busquem a melhor formatação do produto final para que este atenda as
qualidades esperadas e cumpra assim com sua função. Além disso, deve haver um controle de
qualidade sobre o material durante a fase de fabricação, no momento de seu emprego, tanto na
fase de construção quanto durante a vida útil do material e sempre que forem feitas alterações
em algum dos processos de fabricação.
Na construção civil o controle dos materiais é de fundamental importância, pois dele depende
principalmente a segurança de uma obra. Caso não haja controle, podem ocorrer falhas
gravíssimas causadas pela má qualidade do material, gerando atrasos, despesas não previstas e
acidentes.
A qualidade é algo que tem sido cada vez mais questionado no mercado, principalmente pelos
clientes que investem nas obras e esperam ver resultados satisfatórios. Nota-se que hoje há
uma preocupação maior em se ter qualidade nos materiais utilizados na construção civil.
Percebendo isso o governo federal implantou o Programa Brasileiro de Qualidade e
Produtividade no Habitat (PBQP-H). Esse programa tem por finalidade fomentar a garantia da
qualidade na construção civil combatendo a não-conformidade intencional nos materiais de
construção.
Na maioria das vezes, porém, nos deparamos com situações em que os materiais são
fabricados e até mesmo comercializados fora das especificações. Sem o devido controle de
qualidade esses materiais com não-uniformidade continuam circulando e acabam sendo
empregados. Cabe ao engenheiro civil orientar a inspeção e o controle de todos os materiais
utilizados em obras de modo a evitar problemas futuros.
3. O controle de qualidade
Os materiais de construção devem atender a diversas especificações para que haja um mínimo
de garantia de qualidade no setor de construção civil. Assim, a qualidade destes materiais
estará então vinculada à conformidade dos padrões pré-estabelecidos com base nas normas
técnicas que definem esses padrões.
9. Conclusões finais
A análise dos resultados obtidos com o questionário revela que ocorrem problemas de
qualidade no bloco cerâmico produzido no pólo oleiro do Estado do Amazonas. Os resultados
também revelaram que, embora o bloco cerâmico seja o material mais empregado em
alvenaria de vedação, o número de empresas insatisfeitas é muito elevado.
Verificou-se que 43,8% das empresas, ao receber os lotes, realizam algum controle de
qualidade que, no entanto, apenas distingue entre lotes de má qualidade e lotes que podem ser
utilizados em obra. São geralmente feitos por meio de simples inspeção geral (feita
visualmente) e de ensaios de resistência mecânica à compressão em laboratório.
Dentre os profissionais entrevistados, a grande maioria apontou que a razão para a falta de
qualidade dos blocos cerâmicos está na ausência de controle de qualidade dentro da olaria,
durante o processo de fabricação. Os principais problemas citados foram quanto à quebra
durante o transporte, a não-uniformidade dimensional dos lotes e a ocorrência de defeitos
visíveis oriundos de queima incorreta, tais como trincas e empenamentos. A maior
reclamação foi de que os blocos apresentam dimensões de largura, altura e comprimento
muito variadas em um mesmo lote. A causa pode estar na forma como os blocos são cortados
e/ou no processo de secagem e queima que pode ocasionar retração diferenciada em blocos de
um mesmo lote.
Outras reclamações detectadas dizem respeito à baixa resistência mecânica e a defeitos
visíveis, como fissuras e empenamento. Engenheiros e profissionais da área afirmam que a
causa da má qualidade está no processo de queima e na forma como são transportados os lotes
até a cidade; afirmam também que as olarias mantêm sua produção baseada somente em
empirismo e utilizam matéria-prima não adequada ao tipo de bloco cerâmico desejado.
A visita técnica as olarias confirmaram estes problemas. O processo de queima dos tijolos
realizado atualmente é feito de modo que parte do lote sofre maior ação do calor, ocorrendo
uma queima diferenciada. Isso fica claro ao se verificar que lotes inteiros apresentam vários
blocos com diferentes colorações. Em alguns casos, em um mesmo lote, foram encontrados
blocos completamente queimados (coloração escura) e incompletamente queimados
(coloração clara). O problema neste caso está no tipo de forno que é utilizado, onde a lenha
(combustível) é colocada de tal forma que os blocos no centro do forno recebem ação direta
do fogo, enquanto que os blocos periféricos não. O ideal é o uso de um forno do tipo
contínuo, onde ocorre uma queima melhor distribuída ao longo do lote. Não foi identificado
nenhum forno do tipo contínuo em nenhuma das olarias visitadas.
Quanto ao tipo de transporte realizado até a cidade ocorrem dois problemas diferentes: O
primeiro, os blocos, ao fim do processo de produção, são armazenados no caminhão de
maneira incorreta sem nenhuma proteção. O ajuste para encaixe é feito “amarrando” um bloco
com outro, empilhando em colunas de grandes alturas (altura do caminhão). A preocupação
maior é quanto o número de blocos a serem transportados e não a integridade do lote. Os
caminhões disponíveis nas olarias também são, em sua maioria, veículos antigos e com
problemas mecânicos, o que agrava a situação do transporte.
O segundo problema são as rodovias que ligam os municípios oleiros à cidade de Manaus.
Estas, apesar de se encontrarem no geral em razoáveis condições de tráfego, apresentam em
Os resultados obtidos em laboratório com a análise de duas (2) marcas dentre as olarias de
grande porte oriundas do pólo oleiro do estado do Amazonas confirmam a falta de qualidade
do produto. A não-uniformidade dimensional (características geométricas) e a resistência à
compressão abaixo da mínima exigida por norma foram confirmadas com os ensaios. Durante
as visitas técnicas realizadas nas olarias, observou-seu que as técnicas utilizadas são
insuficientes para que a qualidade do material seja garantida. Assim, pode-se concluir que a
falta de controle sobre a matéria-prima e sobre a produção geram a má qualidade dos blocos e
Referências
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