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XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006

Estudo da qualidade e de sua relação com o processo de produção dos


blocos cerâmicos utilizados na construção civil de Manaus

Wagner Queiroz Silva (UFAM) wbacana@vivax.com.br


Raimundo Pereira de Vasconcelos (UFAM) vasconcelos@ufam.edu.br
Satomi Murayama Chaar (UFAM) schaar@ufam.edu.br
Ruy José de Sá (UFAM) rjsa@hotmail.com

Resumo
O bloco cerâmico é um dos materiais tradicionalmente mais empregados em obras
convencionais, principalmente em alvenaria de vedação. Este estudo objetiva verificar a
qualidade desse material na Construção Civil de Manaus. Inicialmente, foi realizado um
levantamento de campo em empresas construtoras, identificando os principais problemas por
elas enfrentados quando da aplicação desse produto; e em seguida em empresas fabricantes
(olarias) para que fossem observados os processos de produção, transporte e distribuição.
Aproximadamente, 90% dos blocos provêm da região abrangida pelos municípios de
Manacapuru e Iranduba, o atual pólo oleiro do estado do Amazonas, concentrando cerca de
vinte e sete (27) empresas. Apesar desse pólo possuir grandes olarias, cuja capacidade de
produção pode chegar a 50.000 tijolos/dia, todo o processo é feito de forma empírica, não
havendo controle rígido sobre a produção, o que implica em perda de qualidade do produto
final. O principal defeito observado pelos engenheiros e construtores diz respeito à não-
uniformidade dimensional. A análise parcial dos resultados mostra que a insatisfação das
construtoras é causada principalmente por falta de controle de qualidade na produção.
Palavras-chave: Qualidade, produção, construção civil, bloco cerâmico, alvenaria de
vedação.

1. Introdução
Os materiais de construção são obtidos a partir dos recursos naturais, que passam por
processos de tratamentos e manufatura para serem então aplicados na indústria da construção
civil. Os processos de produção desses materiais influenciam na garantia de sua qualidade, e
para isso, o engenheiro deverá gerenciar de forma eficiente a utilização dos recursos e dos
materiais de construção com eles obtidos a fim de atingir esse objetivo. A qualidade, é
interessante salientar, se reveste da maior importância, pois garante a segurança, o conforto, a
estética, o prolongamento da vida útil das edificações, e por fim, mas não por menos
importante o menor custo.
O bloco cerâmico comum, conhecido como tijolo de oito furos, é ainda hoje um dos materiais
mais utilizados, sendo um dos símbolos da Construção Civil. Porém, é de conhecimento que
esse material é um dos que ocasiona elevado índice de perda, chegando a um valor médio de
13% (FURG, 2005).
Diante disso, observa-se a importância de se realizar um levantamento da qualidade dos
blocos cerâmicos para alvenaria de vedação (tijolo comum) que são produzidos no pólo oleiro
do estado do Amazonas, e ainda verificar qual a relação desta qualidade com os processos
produtivos que são adotados. Esta produção abastece quase que totalmente a capital do estado,
Manaus.

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Assim, foi realizada uma pesquisa de campo no âmbito da cidade de Manaus, em empresas
construtoras com a finalidade de verificar a utilização desse material. Em seguida, foram
realizadas visitas técnicas às olarias de grande porte localizadas no pólo oleiro do Estado a
fim de se observar o processo de produção e os possíveis problemas e erros que estejam
ocorrendo. Depois, foram coletadas amostras do produto para ensaios segundo as normas da
ABNT. Atualmente, a pesquisa está na fase final da realização de tais ensaios.
Ao final dessa pesquisa, pretende-se utilizar os resultados obtidos para chamar a atenção dos
profissionais da área quanto à adequação desse produto as normas técnicas e principalmente
propor a melhoria da sua qualidade, com a correção de eventuais erros constatados no
processo de produção.
2. Qualidade na Construção Civil
As obras civis utilizam grandes quantidades dos mais diversos tipos de materiais. Muitos
deles provêm de diferentes localidades e passam por diferentes processos de produção. No
entanto, todos devem atender a especificações de tal forma que satisfaçam os critérios de
resistência, durabilidade, estética, conforto e segurança em obras.
Os processos de fabricação e tratamentos que os materiais recebem, procuram não só criar
peças de qualidade, como também, facilitar o manuseio, armazenamento e transporte dos
mesmos para um melhor aproveitamento em obras, sem perdas excessivas.
Todo esquema de fabricação, qualquer que seja o tipo de material de construção, deve seguir
padrões técnicos que busquem a melhor formatação do produto final para que este atenda as
qualidades esperadas e cumpra assim com sua função. Além disso, deve haver um controle de
qualidade sobre o material durante a fase de fabricação, no momento de seu emprego, tanto na
fase de construção quanto durante a vida útil do material e sempre que forem feitas alterações
em algum dos processos de fabricação.
Na construção civil o controle dos materiais é de fundamental importância, pois dele depende
principalmente a segurança de uma obra. Caso não haja controle, podem ocorrer falhas
gravíssimas causadas pela má qualidade do material, gerando atrasos, despesas não previstas e
acidentes.
A qualidade é algo que tem sido cada vez mais questionado no mercado, principalmente pelos
clientes que investem nas obras e esperam ver resultados satisfatórios. Nota-se que hoje há
uma preocupação maior em se ter qualidade nos materiais utilizados na construção civil.
Percebendo isso o governo federal implantou o Programa Brasileiro de Qualidade e
Produtividade no Habitat (PBQP-H). Esse programa tem por finalidade fomentar a garantia da
qualidade na construção civil combatendo a não-conformidade intencional nos materiais de
construção.
Na maioria das vezes, porém, nos deparamos com situações em que os materiais são
fabricados e até mesmo comercializados fora das especificações. Sem o devido controle de
qualidade esses materiais com não-uniformidade continuam circulando e acabam sendo
empregados. Cabe ao engenheiro civil orientar a inspeção e o controle de todos os materiais
utilizados em obras de modo a evitar problemas futuros.
3. O controle de qualidade
Os materiais de construção devem atender a diversas especificações para que haja um mínimo
de garantia de qualidade no setor de construção civil. Assim, a qualidade destes materiais
estará então vinculada à conformidade dos padrões pré-estabelecidos com base nas normas
técnicas que definem esses padrões.

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A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui em seu acervo Métodos de


Ensaios e Especificações próprios para os blocos cerâmicos. Para o controle do produto,
distinguem-se dois tipos de características a serem avaliadas: os atributos e as variáveis (12).
Atributos são as características de caráter qualitativo, geralmente observadas a olho nu, como
presença de manchas, fissuras, defeitos visíveis em geral. Variáveis são as características
geralmente verificadas através dos ensaios, como a resistência mecânica, índices físicos,
medidas de comprimento, etc.
O controle de qualidade deve abranger ainda quatro etapas (MESENGUER, 1991):
- A primeira é a analise das especificações de produção, abrangendo a matéria-prima e os
processos de fabricação.
- A segunda etapa é a determinação dos limites aceitáveis.
- A terceira etapa é a verificação das propriedades, tanto das variáveis como dos atributos.
- A quarta etapa é a analise dos resultados e a conclusão, atestando se o material está
aprovado ou reprovado para uso.
4. Ensaios Técnicos
Os ensaios técnicos para os materiais de construção têm por finalidade principal a sua
caracterização como forma de controle de produção. São ensaios realizados logo após o
recebimento do material dos fornecedores. A norma em vigor que rege os blocos cerâmicos
para alvenaria é a ABNT NBR 15270.
A implantação de um laboratório para verificação de qualidade de blocos cerâmicos é simples
e de baixo custo. Os equipamentos necessários básicos são: balança, paquímetro, peneiras,
aparelho de carga e estufa (MÀS, 2002).
5. Processo de fabricação do bloco cerâmico comum
A fabricação dos blocos cerâmicos é feita em unidades industriais denominadas olarias;
geralmente estão localizadas em áreas próximas às jazidas de argila para facilitar e reduzir
custos de transporte da matéria-prima.
O processo de fabricação consiste nas seguintes etapas (BAUER, 1994): extração da matéria-
prima argila e transporte até a olaria, tratamento da argila, modelagem da peça, secagem,
cozimento, resfriamento, armazenamento e distribuição.
É importante observar que o controle da qualidade da matéria-prima deve ser feito em
laboratório através da análise da argila empregada.
6. Metodologia utilizada
Para o conhecimento da atual situação do bloco cerâmico comum no mercado foi realizada
uma pesquisa de campo em empresas construtoras através de um questionário elaborado, cuja
finalidade era conhecer os problemas enfrentados, e opiniões e sugestões quanto à qualidade
do bloco empregado em alvenaria de vedação.
Foram empregadas ferramentas estatísticas de forma que os resultados fossem representativos
do mercado local.
Assim, para que a representatividade da atual situação do mercado da construção civil na
cidade de Manaus fosse válida, as empresas selecionadas atendiam a dois requisitos:
- Trabalhar no ramo de construção de alvenaria de vedação (construção de edificações, casas,
muros);

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- Ter um regime de trabalho permanente, com obras em andamento.


Portanto, observa-se que atendendo a estes requisitos a empresa tem como avaliar de forma
mais precisa os principais problemas envolvendo o tijolo comum encontrado no mercado
atualmente. A definição das empresas que foram pesquisadas foi feita a partir de uma lista
disponibilizada pelo SINDUSCON-AM, onde constavam os nomes e contatos de sessenta e
quatro empresas construtoras que trabalham com serviços de alvenaria. Desta lista foram
selecionadas 25 (vinte e cinco) empresas em atividade, consideradas representativas para o
objetivo do trabalho.
As olarias, por outro lado, foram escolhidas segundo sua participação no mercado, de acordo
com a capacidade de produção, de modo que fossem as mais representativas deste mercado.
Nas visitas técnicas foram abordadas questões como métodos de produção, controle da
matéria-prima, recursos empregados, capacidade de produção e por fim a avaliação dos
envolvidos no processo.
Para os ensaios laboratoriais foram adquiridas amostras segundo a norma NBR 15270-1. As
amostras foram selecionadas aleatoriamente e transportadas com segurança ao Laboratório de
Ensaio de Materiais (LEM) da Faculdade de Tecnologia da Universidade Federal do
Amazonas, onde os ensaios estão sendo realizados.
7. Ensaios realizados em laboratório
Para a presente pesquisa, os ensaios técnicos estão sendo feitos segundo as seguintes normas
brasileiras:
- NBR 15270-1. Componentes cerâmicos. Parte 1: Blocos cerâmicos para alvenaria de
vedação – Terminologia e requisitos.
- NBR 15270-3. Componentes cerâmicos. Parte 3: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural
e de vedação – Métodos de ensaio.
Como já foi dito, para o controle de qualidade serão verificados os atributos e as variáveis.
Para os atributos foi realizada uma inspeção geral de acordo com a NBR 15270-1, e para a
verificação das variáveis estão sendo feitos ensaios de:
- Determinação das Características Geométricas
- Determinação do Índice de Absorção de Água
- Determinação da Resistência à Compressão
8. Resultados obtidos e Sugestões
Identificou-se que, 64% das empresas construtoras entrevistadas na cidade de Manaus,
utilizam os blocos cerâmicos de oito furos para alvenaria de vedação. Os 36% restantes
empregam outro material nesse tipo de serviço. Os resultados mostraram que 88% das
empresas não estão satisfeitas com a qualidade do material. Apenas 12% afirmaram que não
enfrentam problemas significativos com o uso desse bloco.
Durante as entrevistas observou-se que todos os engenheiros e profissionais da área se
mostraram conhecedores dessa realidade. Todos os entrevistados apontaram para problemas
de produção e transporte, mesmo aqueles que se disseram satisfeitos.
Dentre os principais problemas identificados, verifica-se que: 40% das empresas construtoras
apontaram a quebra dos blocos durante o transporte. 72% o problema das dimensões não
uniformes; 64% reclamaram de deformações e outros defeitos visíveis, incluindo cor (mais ou

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menos queimado), trincas e ondulações; 44% reclamaram das dificuldades de se trabalhar


com o bloco cerâmico, englobando tempo de execução, custo final de alvenaria, manuseio e
rendimento na obra; 32% apontaram problemas de resistência mecânica. Houve também
reclamações quanto ao tamanho dos furos (28%). Não houve reclamação alguma quanto à
absorção de água.
Outro dado observado é o fato de que empresas que realizam algum tipo de controle de
qualidade sobre o material recebido somam somente 43,8%; enquanto que os 56,2% restantes
não realizam nenhum controle.
Dentre as empresas que não utilizam o bloco cerâmico comum, observa-se que 55,6%
utilizam o modelo de bloco cerâmico estrutural.
Identificou-se na pesquisa de campo que todas as empresas consumidoras do bloco cerâmico
comum adquirem o material proveniente do estado do Amazonas, sendo que 90% provêm do
pólo oleiro do Estado. Essa região, compreendida pelos municípios de Iranduba e
Manacapuru está localizada próxima a capital, sendo ligada por meio rodoviário com travessia
de balsa no Rio Negro.
Identificou-se ainda, que existem atualmente 27 (vinte e sete) olarias em atividade nessa
região que abastece Manaus, sendo que, do total, 25% são olarias de grande porte com
capacidade de produção que pode chegar a 50.000 tijolos por dia. Outros 25% são de médio
porte com capacidade média de 30.000 tijolos diários. Os 25% restantes são olarias de
pequeno porte que não passam de 10.000 tijolos por dia. Com base nas informações
anteriores, a amostragem para os ensaios laboratoriais foi feita levando-se em conta somente
as olarias de grande porte. Além disso, do total (seis olarias de grande porte), uma não fabrica
mais o bloco comum, trabalhando apenas com a produção do bloco cerâmico estrutural e
telhas.
Portanto foram selecionadas as 5 (cinco) maiores olarias do pólo oleiro para serem submetidas
a avaliação de conformidade.
Dos resultados dos ensaios, duas marcas já foram completamente analisadas, e foram
reprovadas em quase todos os ensaios, exceção feita ao ensaio de absorção de água, no qual se
verificou que todas estão de acordo com a norma. Um dado importante é que os valores
individuais obtidos nos ensaios de características geométricas e de resistência à compressão
apresentaram grande dispersão, indicando má homogeneidade nas características dos blocos
de um mesmo lote. A variação de largura em uma das amostras analisadas alcançou o valor de
2,6%. No ensaio de resistência, a variação nessa mesma amostra foi de 12,7%. Vale salientar
que a norma apenas especifica os valores e as tolerâncias admissíveis, não fazendo menção
sobre a variação dos dados. No entanto, entende-se que esta deve ser a menor possível para
que haja uniformidade. A seguir a Tabela 1 apresenta os resultados de duas marcas analisadas
em ensaios de resistência à compressão e absorção de água.

Valores médios obtidos em ensaios


Marca
Resistência à compressão
(MPa) Absorção de água (%)
A 1 18
B 1,28 17
NBR 15270-1 y ≥ 1,5 Mpa 8% ≤ AA ≤ 22%
Tabela I – Resultados obtidos em ensaios laboratoriais.

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9. Conclusões finais
A análise dos resultados obtidos com o questionário revela que ocorrem problemas de
qualidade no bloco cerâmico produzido no pólo oleiro do Estado do Amazonas. Os resultados
também revelaram que, embora o bloco cerâmico seja o material mais empregado em
alvenaria de vedação, o número de empresas insatisfeitas é muito elevado.
Verificou-se que 43,8% das empresas, ao receber os lotes, realizam algum controle de
qualidade que, no entanto, apenas distingue entre lotes de má qualidade e lotes que podem ser
utilizados em obra. São geralmente feitos por meio de simples inspeção geral (feita
visualmente) e de ensaios de resistência mecânica à compressão em laboratório.
Dentre os profissionais entrevistados, a grande maioria apontou que a razão para a falta de
qualidade dos blocos cerâmicos está na ausência de controle de qualidade dentro da olaria,
durante o processo de fabricação. Os principais problemas citados foram quanto à quebra
durante o transporte, a não-uniformidade dimensional dos lotes e a ocorrência de defeitos
visíveis oriundos de queima incorreta, tais como trincas e empenamentos. A maior
reclamação foi de que os blocos apresentam dimensões de largura, altura e comprimento
muito variadas em um mesmo lote. A causa pode estar na forma como os blocos são cortados
e/ou no processo de secagem e queima que pode ocasionar retração diferenciada em blocos de
um mesmo lote.
Outras reclamações detectadas dizem respeito à baixa resistência mecânica e a defeitos
visíveis, como fissuras e empenamento. Engenheiros e profissionais da área afirmam que a
causa da má qualidade está no processo de queima e na forma como são transportados os lotes
até a cidade; afirmam também que as olarias mantêm sua produção baseada somente em
empirismo e utilizam matéria-prima não adequada ao tipo de bloco cerâmico desejado.
A visita técnica as olarias confirmaram estes problemas. O processo de queima dos tijolos
realizado atualmente é feito de modo que parte do lote sofre maior ação do calor, ocorrendo
uma queima diferenciada. Isso fica claro ao se verificar que lotes inteiros apresentam vários
blocos com diferentes colorações. Em alguns casos, em um mesmo lote, foram encontrados
blocos completamente queimados (coloração escura) e incompletamente queimados
(coloração clara). O problema neste caso está no tipo de forno que é utilizado, onde a lenha
(combustível) é colocada de tal forma que os blocos no centro do forno recebem ação direta
do fogo, enquanto que os blocos periféricos não. O ideal é o uso de um forno do tipo
contínuo, onde ocorre uma queima melhor distribuída ao longo do lote. Não foi identificado
nenhum forno do tipo contínuo em nenhuma das olarias visitadas.
Quanto ao tipo de transporte realizado até a cidade ocorrem dois problemas diferentes: O
primeiro, os blocos, ao fim do processo de produção, são armazenados no caminhão de
maneira incorreta sem nenhuma proteção. O ajuste para encaixe é feito “amarrando” um bloco
com outro, empilhando em colunas de grandes alturas (altura do caminhão). A preocupação
maior é quanto o número de blocos a serem transportados e não a integridade do lote. Os
caminhões disponíveis nas olarias também são, em sua maioria, veículos antigos e com
problemas mecânicos, o que agrava a situação do transporte.
O segundo problema são as rodovias que ligam os municípios oleiros à cidade de Manaus.
Estas, apesar de se encontrarem no geral em razoáveis condições de tráfego, apresentam em

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alguns trechos grandes quantidades de buracos.


Todos esses problemas juntos ocasionam perdas excessivas durante o transporte. Os blocos
centrados na carroceria sofrem maiores tensões e costumam trincar, chegando até mesmo a
quebrar por inteiro.
Com relação à matéria-prima, alguns ceramistas revelaram que foram executados ensaios
técnicos para verificação da qualidade da argila local. No entanto, estes ensaios foram
realizados há mais de 10 anos e desde então todo o processo tem sido feito baseado naquela
experiência adquirida. Vale ressaltar que as características da argila local podem ser
facilmente conhecidas através de pesquisas acadêmicas, o que já vem sendo feito.
O fato mais importante observado é que as olarias não têm tido problemas comerciais com o
tipo de processo adotado. Apesar da maioria das empresas se sentirem insatisfeitas, a
demanda pelo bloco não diminui, e isso representa, para o oleiro, vantagem econômica, visto
que para se realizar alterações no processo de produção ou mesmo efetuar o controle de
qualidade haverá um aumento de custo na produção. Do modo com que é fabricado o bloco, o
custo de produção é baixo e a rentabilidade é boa. Porém, com a adesão do estado e do setor
da construção civil ao PBQP-H, esta é uma situação que deverá mudar, forçando as empresas
oleiras que desejam permanecer no mercado a se adaptarem às normalizações vigentes.
Outro grave problema identificado é a formação de entulho no canteiro de obras, pois os
blocos danificados no transporte e aqueles que são descartados muitas vezes são jogados em
lugares inapropriados, gerando prejuízos ambientais. Algumas empresas reutilizam material
para tentar reduzir perdas, como mostra a Figura 1. Mesmo no parque das olarias são
observados lotes de entulho devido às perdas na produção.

Figura 1 – Lote de blocos cerâmicos não-conformes

Os resultados obtidos em laboratório com a análise de duas (2) marcas dentre as olarias de
grande porte oriundas do pólo oleiro do estado do Amazonas confirmam a falta de qualidade
do produto. A não-uniformidade dimensional (características geométricas) e a resistência à
compressão abaixo da mínima exigida por norma foram confirmadas com os ensaios. Durante
as visitas técnicas realizadas nas olarias, observou-seu que as técnicas utilizadas são
insuficientes para que a qualidade do material seja garantida. Assim, pode-se concluir que a
falta de controle sobre a matéria-prima e sobre a produção geram a má qualidade dos blocos e

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consequentemente a desvalorização do material frente ao mercado.


O custo final da execução de alvenaria aumenta quando é empregado um material de
qualidade inferior àquele que apresenta conformidade, devido ao aumento do consumo de
material. Esse é o motivo pelo qual diversas empresas preferem adotar outros materiais, como
blocos estruturais, painéis ou mesmo concreto, sendo esses materiais unitariamente mais
caros. A vantagem destes é o consumo de material reduzido na fase de execução e
acabamento.
Há razões suficientes para justificar um maior investimento na produção dos blocos tendo em
vista que a cerâmica argilosa traz melhor conforto térmico e acústico, sendo um material leve,
de baixo custo por ter na argila sua matéria-prima, que é facilmente moldada. O custo da
montagem de um laboratório para ensaios com bloco cerâmico não é alto, e problemas como a
falta de uniformidade podem ser resolvidos com alguns ajustes no processo de produção.
Assim, conclui-se que o bloco cerâmico de qualidade, que se apresente dentro das
especificações de norma, é um material superior aos demais utilizados em alvenaria de
vedação. Logo, o aprimoramento de seu processo de produção resultará na melhoria da
qualidade da Construção Civil e maior desenvolvimento da indústria cerâmica local.

Referências
ANDRADE, Lucimara Aparecida Schambeck. Uma proposta metodológica para a inspeção da qualidade em
blocos cerâmicos para alvenaria em canteiros de obras. Dissertação de Mestrado. Florianópolis, UFSC.
Abril/2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Componentes cerâmicos. Parte 1: Blocos
cerâmicos para alvenaria de vedação – Terminologia e requisitos. – NBR 15270-1.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Componentes cerâmicos. Parte 3: Blocos
cerâmicos para alvenaria estrutural e de vedação – Métodos de ensaio. – NBR 15270-3.
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