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LEAN OFFICE: METHODOLOGY IN A PROJECT MANAGEMENT OFFICE

Article · June 2013

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5 authors, including:

Marco Aurélio Gronovicz Maria Isabel Pereira de Bittencourt


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Maria Do Carmo Duarte Freitas Alexandre Biz


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LEAN OFFICE:
UMA APLICAÇÃO EM ESCRITÓRIO DE PROJETOS
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LEAN OFFICE: UMA APLICAÇÃO EM ESCRITÓRIO DE PROJETOS

LEAN OFFICE: METHODOLOGY IN A PROJECT MANAGEMENT OFFICE

Marco Aurélio Gronovicz


Universidade Federal do Paraná – UFPR
E-mail: marco.gronovicz@uol.com.br

Maria Isabel Pereira de Bittencourt


Universidade Federal do Paraná – UFPR
E-mail: mariaisabelpb@gmail.com

Silvana Bárbara Gonçalves da Silva


Universidade Federal do Paraná – UFPR
E-mail: silvana_bgs@hotmail.com

Maria do Carmo Duarte Freitas


Universidade Federal do Paraná – UFPR
E-mail: mcf@ufpr.br

Alexandre Augusto Biz


Universidade Federal do Paraná – UFPR
E-mail: biz@ufpr.br

RESUMO

Relata-se o uso do Lean Manufacturing no chão de fábrica e sua aplicação em empresas


principalmente no Japão e Estados Unidos desde a década de 70, na busca de identificar
desperdícios, visualizar os processos que envolvam a transformação física, verificar a dependência
entre operações, mudar lay-out e controlar uma máquina tangível facilitam a aplicação dos conceitos
neste tipo de ambiente. No caso da construção civil, recebeu a denominação de Lean Construction.
Estudos recentes avaliam a aplicação nas áreas administrativas, passando a ser chamado de Lean
Office. A transferência do chamado Lean Manufacturing para outros segmentos requer um estudo
minucioso e detalhado dos processos envolvidos e do fluxo de informação. O estudo coletou
informações em um ambiente administrativo com características especificas, comparando o fluxo dos
principais processos e ferramentas utilizados com o conceito Lean Office. Portanto, o artigo apontar
as principais fontes de desperdício e a aplicabilidade do conceito Lean para promover melhorias em
um escritório de projetos de engenharia por meio de levantamento bibliográfico e documental,
entrevistas não padronizadas e um estudo de caso. Como resultado, verificou-se que nos principais
processos utilizados pelo escritório existem fontes de desperdícios geradas principalmente pelo fator
humano e pela cultura de trabalho, o que impacta diretamente na gestão, no fluxo de informação e no
cliente.

Palavras-chave: Lean Office, escritório de projetos, fluxo de informação, desperdício.

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Gestão & Conhecimento, v. 7, n.1, jan./jun. 2013: 48 - 74 48
LEAN OFFICE:
UMA APLICAÇÃO EM ESCRITÓRIO DE PROJETOS
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ABSTRACT

The use of Lean Manufacturing on the shop floor has been applied by companies mainly in Japan and
the United States since 70´s. Identifying waste, seeing what processes involving physical
transformation, to check the dependency among operations, changing layout and controlling a tangible
machine facilitate the concepts’ application in this kind of environment. In construction areas, it was
called Lean Construction. The newest studies check its application on business areas, being called as
Lean Office. The Lean Manufacturing’s transference to another areas requires a more thorough and
detailed analysis of the involved processes and also the information flow. The goal of this paper was
collected information on the characteristic business environment by comparing the main process flows
and tooling’s used according the Lean Office concept. So, this paper tries to check the applicability
level of the Lean Office concept improving an engineering project management office by researches,
interviews and a case. The result achieved by this paper show that on the main process used by the
Project Management Office there are waste sources, most of them are produced by the human factor
and by the work culture, which directly impact the management, the information flow and in the
customer.

Keywords: Lean Office, Project Management Office, Information Flow, Waste.

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UMA APLICAÇÃO EM ESCRITÓRIO DE PROJETOS
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1. INTRODUÇÃO

A competitividade tem obrigado as empresas a desenvolverem processos


inovadores buscando dessa forma a satisfação e a fidelização dos seus clientes. As
organizações convivem com ambiente complexo e de rápidas mudanças. Elas são
obrigadas a oferecer cada vez mais produtos e serviços customizados e dependem
diariamente de um fluxo de informações preciso e pontual, de processos eficientes e
eficazes para manter um desempenho competitivo no curto prazo e uma base de
conhecimento sólida para enfrentar e sobreviver.

A denominada Lean Manufacturing é uma das metodologias que vem sendo


utilizada nas empresas para promover melhorias e reduzir desperdícios no chão de
fábrica desde a década de 70. É mais comum utilizar a aplicação dos conceitos Lean
na manufatura, pois é neste campo que se observam os maiores índices de
agregação de valor (HINES, et al, 2000).

Do Lean Manufacturing surgiu o Construction aplicado na construção civil e


o Office na área de serviços.

O objetivo principal desta pesquisa é avaliar qual o nível de aplicabilidade do


Lean Office, e como seu uso pode melhorar a gestão em um ambiente
administrativo. Como estudo de caso, avaliou-se um escritório de projetos da área
de engenharia na cidade de Curitiba utilizando como técnicas de investigação a
observação direta, entrevistas e análise documental, o qual serviu como base para
identificação dos seus principais processos e posterior comparação com essa
metodologia.

2. A EVOLUÇÃO DO LEAN

O Lean Production ou Lean Manufacturing, também conhecido como


Sistema Toyota de Produção (STP) teve início efetivo no Japão na década de 1950,
mais especificamente na Toyota. De acordo com Womack et al. (1996), Eiiji Toyoda
e Taiichi Ohno, da Toyota, buscaram uma forma mais eficiente de gerenciar a
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produção por meio da eliminação dos desperdícios gerados pela alta produção, com
o objetivo de reduzir custos e aumentar a qualidade e a velocidade de entrega do
produto ao cliente. A Figura 1 ilustra cronologicamente a evolução do Lean.

Figura 1 – Evolução da metodologia Lean

Linha do tempo do Lean


Período / Autor Evento Marcante
Lean Manufacturing

1940 TWI – Training within Industry Service


Charles Allen

2ª Guerra Mundial – Japão em crise

1950
Eiiji Toyoda e STP – Sistema Toyota de Produção
Taiichi Ohno

1970 Início do avanço mundial no setor de serviços

Primeiras tentativas de adaptação do Lean


1972 nas áreas administrativas
Theodore Levitt

Surge o termo Produção Enxuta no


John Krafcik 1988
International Motor Vehicle Program (IMVP)

1990 The Machine that Changed the World


James W. Womack
e Daniel T. Jones

Lean Construction

1992 Application of the New Production


Lauri Koskela Philosophy in the Construction

1992-2000 IGLC: International Group for Lean


Construction (divulgação mundial da filosofia)
Gregory Howell e
Glenn Ballard

2003 8 Passos para o Lean Office


D. Tapping e
T. Shuker

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1992 Application of the New Production


Lauri Koskela Philosophy in the Construction

1992-2000 IGLC: International Group for Lean


Construction (divulgação mundial da filosofia)
Gregory Howell e
Glenn Ballard

2003 8 Passos para o Lean Office


D. Tapping e
T. Shuker
Lean Office

Fonte: Autores, 2012

O STP foi popularizado no ocidente por James P. Womack e Daniel T. Jones


com o lançamento do livro “The machine that changed the world”. Essa obra,
publicada em 1990 é um estudo sobre a indústria automobilística mundial realizada
pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) despertando a partir de então, o
interesse de outros ramos industriais, criando uma nova forma de pensamento, o
Lean Thinking.

Womack & Jones (1996) definiram o Lean Manufacturing como uma


abordagem que busca uma forma melhor de organizar e gerenciar os
relacionamentos de uma empresa com seus clientes, cadeia de fornecedores,
desenvolvimento de produtos e operações de produção, segundo a qual é possível
fazer cada vez mais com menos (menos equipamento, menos esforço humano,
menos tempo, etc.). Shingo (1996) complementa como um sistema de absoluta
eliminação de desperdícios. Ohno (1997) confirma ao dizer que a ideia básica do
Lean Manufacturing está na redução de sete tipos de desperdícios identificados:

- defeitos nos produtos;


- excesso de produção de mercadorias desnecessárias;
- estoques de mercadorias à espera de processamento ou consumo;
- processamento desnecessário;
- movimento desnecessário de pessoas;
- transporte desnecessário de mercadorias; e
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- espera dos funcionários pelo equipamento de processamento para finalizar o


trabalho ou por uma atividade anterior.

Womack e Jones (1996) ressaltam que um desperdício esta no projeto de


produtos e serviços que não atendem as necessidades dos clientes, mas alerta que
existe um antídoto contra o desperdício: o Lean Thinking, que é uma forma de
agregar valor, alinhar as ações que criam valor, realizar essas atividades
ininterruptamente e atuar cada vez mais de forma eficaz e com agilidade.

O Lean Institute (2009) com sede no Brasil, afirma que o Lean Thinking
consiste na busca pela maximização do valor dos processos pela contínua
eliminação de desperdícios. Trata-se de uma filosofia gerencial inspirada nas
práticas e resultados do STP cujos princípios são basicamente:

- definir o que o cliente valoriza: é o cliente e não a empresa que define o que é
valor;
- mapear o fluxo de valor: categorizar todos os processos em: aqueles que
realmente geram valor, aqueles que não geram valor, mas são importantes e
finalmente aqueles que não geram valor, os quais devem ser eliminados do
fluxo;
- criar fluxos contínuos: deve-se obter fluidez para os processos que restaram
evitando a produção por áreas. Com maior agilidade para desenvolver,
produzir e distribuir a empresa pode atender a necessidade dos clientes
quase que imediatamente.

Originário do Lean Production, o Lean Construction teve início na década de


90, com a publicação do trabalho Application of the new production philosophy in the
construction industry. Depois foi criado o IGLC – International Group for Lean
Construction, para divulgar mundialmente os novos conceitos e o Lean Institute em
1988 (LORENZON E MARTINS, 2006). Esses autores definem que:

A produção é um fluxo de materiais e/ou informações desde a matéria-prima


até o produto acabado. Nesse fluxo o material pode estar sendo
processado, inspecionado ou movimentado, ou ainda estar esperando - pelo
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processamento, inspeção ou movimentação. Tais atividades às quais o
material pode ser submetido são inerentemente diferentes. O
processamento representa o aspecto de conversão do sistema de
produção; a inspeção, a movimentação e a espera representam os aspectos
de fluxo da produção. Os processos referentes a fluxos podem ser
caracterizados por tempo, custo e valor. Valor refere-se ao atendimento das
necessidades dos clientes. Em grande parte dos casos, somente as
atividades de processamento proporcionam a agregação de valor ao
produto.

No Lean Construction, o fator crucial é ter o usuário final como elemento


central, pois o modelo baseia-se na geração de valor para ele. Constata também
que um processo produtivo é capaz de gerar valor somente quando as atividades de
conversão e processamento transformam as matérias-primas nos produtos
desejados pelos clientes. (FORMOSO apud 2000, ROCHA, 2008).

Por fim, o Lean Office que avançou durante a década de 1970 para o setor
de serviços na economia mundial e fez com que pesquisadores começassem a se
preocupar com qualidade, eficiência e a produtividade desses serviços. A autora
também afirma que nessa área as características fundamentais – intangibilidade,
simultaneidade e heterogeneidade, tornam seu entendimento mais complexo (REIS,
2004).

Neste contexto Levitt (1976) verificou que poderia haver benefícios


adaptando-se para este segmento a mesma filosofia do Lean Manufacturing, que se
destacou em soluções para baixar os custos, aumentar a qualidade e a flexibilidade.
Os serviços eram vistos como algo feito por indivíduos para indivíduos, com muitas
variáveis aleatórias, sendo difíceis de controlar ou programa (REIS, 2004).

Em contrapartida, o autor destaca que as funções na manufatura eram


realizadas por maquinários e auxiliadas por pessoas, num ambiente centralizado e
organizado. Com esta visão dominante, as pessoas aceitavam sem questionar uma
maior variabilidade, relacionada à qualidade e eficiência.

Zaki (2009) também afirma que os processos no chão de fábrica são fáceis
de observar, pois os desperdícios (sucatas) e retrabalho (operações paralelas) são
identificados de forma clara. Já em um escritório há fluxos de informação e

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atividades conduzidos por pessoas em equipamentos de informática, não sendo


fisicamente visível em certos momentos o resultado das diversas atividades.

Dentro de uma empresa, os escritórios são setores que integram diversos


processos, por isso a aplicação do Lean Office é recomendada. Podem-se eliminar
desperdícios e acelerar a velocidade dos processos (LAGO; CARVALHO; RIBEIRO,
2008).

Reis (2004) traz que a definição da aplicação da linha de produção nos


escritórios se resume em alguns fatores, os quais se destacam os seguintes:

- limitar o poder de decisão dos colaboradores. Eles teriam definição de suas


tarefas, levando à padronização e qualidade do serviço por eles realizado;
- divisão do trabalho, o qual seria dividido em pequenas tarefas, permitindo a
especialização dos funcionários e maior controle em cada parte do todo;
- padronização dos serviços. Com uma variabilidade limitada, é possível
aumentar a previsibilidade e o planejamento do trabalho dentro dos
escritórios.

Lago, Carvalho e Ribeiro (2008) destacam as principais ferramentas do Lean


Office, adaptadas por Tapping e Shuker (2003) e Picchi apud Reis (2004):

- 5S: simplificar o ambiente de trabalho, através da redução ou eliminação de


atividades que não geram valor. A denominação 5S provém das cinco etapas
que devem ser seguidas: SEIRI: Separação (separar o que é necessário do
que é inútil); SEITON: Arrumação (definir o local para arrumar tudo o que é
necessário, para que se possa facilmente localizar, utilizar e devolver ao
local); SEISO: Limpeza (um ambiente limpo mantém um bom funcionamento
dos trabalhos); SEIKETSU: Normalização (criar regras para manter os três
primeiros “S”); e SHITSUKE: Disciplina (o objetivo é sustentar os resultados
obtidos através da aplicação dos outros “S”, convertendo-as em rotina).
- Value Stream Mapping (VSM): Ferramenta utilizada para visualização dos
processos, fluxos de materiais e de informação. Caracteriza o estado atual
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(problemas e causas) e define o estado futuro (desejado) do fluxo de valor.


Em um escritório, os processos se resumem a dados e informações, portanto
o VSM analisa o fluxo de informação, identificando desperdícios.
- Criar um fluxo “puxado” (pull) e nivelado: é organizar o trabalho para que a
informação aconteça através do processo sem criar “stocks” (informação
parada). Deve-se assegurar o nivelamento da carga de trabalho para que as
pessoas e os recursos sejam utilizados da melhor maneira possível, evitando
concentração de trabalho em uma só pessoa ou área e a sobreposição de
atividades.
- Células de trabalho: Reorganização de recursos e pessoas, organizando-as
de acordo com a sequencia das atividades. As vantagens são: redução do
tempo, do espaço e dos recursos, rapidez no processo e melhora na
produtividade.
- Método FIFO (First in – First out): Todas as informações devem ser
processadas seguindo a ordem de entrada no fluxo.
- Trabalho padronizado: Estabelece procedimentos específicos para as
operações e tarefas a serem executadas por cada pessoa.

Liker e Hoseus (2008) afirmam que é possível que o mapeamento do


processo seja a ferramenta lean mais usada. O caminho do produto é acompanhado
desde a matéria-prima até o bem de consumo finalizado, documentando os
processos que agregam valor e os passos desperdiçados. Qualquer atividade que
custe tempo e dinheiro e não agrega valor é definida como perda.

A partir dos conceitos verificados, utilizar uma ou algumas ferramentas Lean,


integrar apenas parte dos envolvidos nos processos e não implantar a cultura entre
os colaboradores de forma efetiva, não garantem, isoladamente, o êxito com seu
uso ou aplicação.

3. O FLUXO DE INFORMAÇÕES

É importante o entendimento do fluxo de informações, pois ele está ligado à


aplicação da filosofia Lean em qualquer área de interesse. Moura (1995) afirma que
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em todas as atividades da empresa está presente a informação. Ao mesmo tempo


em que se constitui no principal insumo das organizações, a informação também
representa o meio de sincronizar as diversas funções, processos e setores de uma
empresa, em busca de seus objetivos.

Ainda segundo o autor, para que um determinado processo possa ser


executado conforme o nível de desempenho desejado, além do fluxo de
transformação de entradas em saídas, deve ser definido o fluxo de informação em
que são providas as informações necessárias ao processo. Outro fato destacado é
que há uma informalidade na gestão em geral, na qual as informações estão
presentes nas cabeças das pessoas ou em documentos de difícil recuperação.

Nonaka e Takeuchi (2008), ao criarem a “Teoria da Criação do


Conhecimento Organizacional”, contrapõem este pensamento, pois observam que,
ao contrário da informação, o processo de construção do conhecimento está
relacionado com as crenças e os compromissos, estando relacionado à ação, e a
uma intenção específica. A informação é um meio necessário para extrair o
conhecimento, acrescentando-lhe algo ou o reestruturando. ainda afirma que o num
processo organizacional, o conhecimento é criado pelo fluxo de informação,
juntamente com as crenças e o compromisso de seu portador. Estes autores falam
da importância em se trabalhar o fluxo de informações e seu relacionando com o
conhecimento, pois ambos são específicos ao contexto, sempre se relacionando.
Também afirmam que informação e conhecimento dependem da situação, sendo
criados dinamicamente na interação social entre as pessoas.

Fusco e Sacomano (2007) afirmam que dentro de uma fábrica, por exemplo,
o fluxo de informações é transformado em uma seqüência paralela de operações.
Isto se dá porque o planejamento e o controle de produção mantêm relações entre
as funções, operando com essas informações.

Similarmente a um determinado contexto histórico e social, num ambiente


corporativo, as pessoas interagem e compartilham informações, construindo o
conhecimento dentro da empresa. Através de uma estratégia do líder, se dá o fluxo
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de informações e a construção do conhecimento pela interação dos membros da


organização com o ambiente, afetando seu comportamento de negócios (NONAKA e
TAKEUCHI, 2008).

Segundo estas teorias, o fluxo de informações deve ser analisado ao se


tratar de um estudo sobre Lean. Estas considerações mostram a importância de
conduzir conjuntamente o fluxo de atividades, de informações e o conhecimento
dentro da administração organizacional.

4. DESPERDÍCIOS NO AMBIENTE ADMINISTRATIVO

Na área administrativa, o que torna difícil a identificação de desperdícios é o


fato de que a maior parte das atividades diz respeito à geração de informações.
Cabem as seguintes interrogações: o que são estoques? O que são defeitos e falta
de matéria-prima? No ambiente fabril, a causa desses problemas normalmente é
visualizada imediatamente, mas numa área administrativa nem sempre isso fica
visível como uma máquina parada ou falta de matéria-prima. Lareau (2002)
descreveu trinta desperdícios administrativos possíveis de ser identificados
conforme ilustrado no Quadro 1.

Quadro 1 - Principais desperdícios encontrados em ambientes administrativos.

DESPERDÍCIO DESCRIÇÃO

ALINHAMENTO DE É a energia gasta por pessoas trabalhando com objetivos mal entendidos e
OBJETIVOS o esforço necessário para corrigir o problema. E reproduzir o resultado
esperado;

ATRIBUIÇÃO É o esforço usado para completar uma tarefa inapropriada e não necessária;

ESPERA É o recurso perdido enquanto pessoas esperam por informações, reuniões,


assinaturas, retorno de uma ligação e assim por diante;

MOVIMENTO É o esforço perdido em movimentações desnecessárias;

PROCESSAMENTO Um trabalho não executado da melhor forma é um desperdício de


processamento;

CONTROLE É a energia usada para controlar e monitorar e que não produz melhorias no
desempenho;

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VARIABILIDADE São recursos utilizados para compensar ou corrigir resultados que variam do
esperado;

ALTERAÇÃO É o esforço usado para mudar arbitrariamente um processo sem conhecer


todas as conseqüências e os esforços seguintes para compensar as
conseqüências inesperadas;

ESTRATÉGIA É o valor perdido ao implementar processos que satisfazem objetivos de


curto prazo, mas que não agregam valores aos clientes e investidores;

CONFIABILIDADE É o esforço necessário para corrigir resultados imprevisíveis devido as


causas desconhecidas;

PADRONIZAÇÃO É a energia gasta por causa de um trabalho não ter sido feito da melhor
forma possível por todos os responsáveis.

É a causada pela concorrência de dois processos, no melhor caso o


SUBOTIMIZAÇÃO desperdício será o trabalho duplicado, mas pode chegar ao
comprometimento de ambos os processos e na degradação do resultado
final;

AGENDA É a má utilização dos horários e da agenda;

Ocorre quando recursos são usados para criar e manter processos informais
PROCESSOS que substituem processos oficiais ou que conflitam com outros processo
INFORMAIS informais, e também os recursos utilizados para corrigir os erros causados
por este sistema.

FLUXO IRREGULAR Recursos investidos em materiais ou informações que se acumulam entre as


estações de trabalho e criam o desperdício de fluxo irregular;

REVISÃO É o esforço usado para inspeções e retrabalhos;


DESNECESSÁRIAS

ERROS São causados pelo esforço necessário para refazer um trabalho que não
pode ser utilizado;

TRADUÇÃO É o esforço requerido para alterar dados, formatos e relatórios entre passos
de um processo ou seus responsáveis;

INFORMAÇÃO Ocorre quando recursos são requeridos para reparar ou compensar as


PERDIDA conseqüências da falta de informações chave;

FALTA DE É o esforço necessário para transferir informações dentro de uma


INTEGRAÇÃO organização que não estão completamente integradas a cadeia de
processos utilizados;

IRRELEVÂNCIA Esforços empregados para lidar com informações desnecessárias ou

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esforços para fixar problemas que isso causa;

INEXATIDÃO É o esforço usado para criar informações incorretas ou pra lidar com as
conseqüências disso;

São todos os recursos aplicados a um serviço antes dele ser requerido, todo
INVENTÁRIO os matérias que estão sendo utilizados e todos os materiais que já estão
prontos para serem entregues e estão aguardando;

PROCESSOS São os recursos despendidos em processos secundários que ainda não


SECUNDÁRIOS podem ser utilizados pelos passos seguintes do processo;

ATIVOS São os equipamentos e prédios que não estão sendo utilizados de forma
SUBUTILIZADOS máxima;

TRANSPORTE Todo o transporte de materiais e informações, exceto aqueles utilizados para


entregar produtos e serviços aos clientes;

FALTA DE FOCO Ocorre toda vez que a energia e a atenção de um empregado não estão
voltadas para os objetivos críticos da organização;

Acontece quando comportamentos existentes, expectativas, procedimentos,


rituais, regulamentos, cargos e prioridades não estão reforçando, guiando e
ESTRUTURA orientando o melhor comportamento para redução de desperdícios e
também quando existe muita diferença entre a estrutura organizacional da
empresa e os elementos fundamentais encontrados nas organizações de
classe mundial;

DISCIPLINA Ocorre sempre que existir uma falha no sistema de identificação acurada e
reação rápida contra negligência, falta de responsabilidade e problemas
relacionados à disciplina esperada dos empregados;

DOMÍNIO Ocorre toda vez que uma oportunidade de aumentar o domínio de um


empregado sobre sua área de trabalho não for utilizada.

Fonte: Lareau, 2002.


Laureau (2002) complementa que a identificação dos desperdícios não é a
única dificuldade. Muitas vezes, métodos para aumentar a eficiência não são vistos
com muita normalidade pelo pessoal das áreas administrativas. Segundo Womack e
Jones (2004), transformar um escritório em um ambiente lean é, de maneira geral,
similar à estratégia usada na produção. A melhoria dos processos se dá através de
atividades que identificam os problemas e os desperdícios, eliminam os mesmos,
mensuram e avaliam as mudanças.

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Para entender o ambiente estudo cabe detalhar como é o funcionamento


dos escritórios de projetos.

5. ESCRITÓRIO DE PROJETOS

O Project Management Office (PMO) é o local central para conduzir,


planejar, organizar, controlar e finalizar as atividades do projeto, onde se pode obter
uma visão holística de todo o projeto. Além disso, reúne o time do projeto e todo o
material, equipamento e informações de suporte (VARGAS, 2003).

No Project Management Body of Knowledge – PMBOK (2004), manual de


referência mundial em boas práticas em Gerenciamento de Projetos, encontra-se
que os PMOs podem operar de modo contínuo, desde o fornecimento de funções de
apoio, na forma de treinamento, software, políticas padronizadas e procedimentos
até a gestão de todo o empreendimento.

Um projeto é um empreendimento com o objetivo identificável que consome


recursos e opera com prazos, custos e qualidade (KERZNER, 2002). De acordo com
o PMBOK (2004), é um esforço temporário empreendido para criar um produto ou
serviço ou resultado exclusivo. Temporário significa que têm um início e um final
bem definido. Seu término é alcançado quando seus objetivos tiverem sido
atingidos, quando se tornar claro que eles não serão ou não poderão ser atingidos
ou quando não existir mais a necessidade e ele for concluído.

Gerenciamento de Projetos é a aplicação do conhecimento, habilidades,


ferramentas e técnicas às atividades do mesmo, a fim de atender os seus requisitos,
realizado por meio de aplicação e integração dos processos de: iniciação,
planejamento, execução, monitoramento e controle e encerramento (PMBOK, 2004).

As atividades a serem cumpridas por um PMO são extensas e variam de


empresa para empresa em função de características internas e específicas de cada
uma, tais como estratégia, processos, estrutura e cultura.

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De acordo com Turati (2007), os processos gerenciais desenvolvidos para a


manufatura têm avançado. Ao se aplicar estes avanços a um escritório de projetos,
considerando as adequações necessárias, se consegue maior eficiência de seus
serviços além de reduções de custos.

6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este artigo tem como foco a aplicabilidade do Lean Office em um escritório


de projetos de engenharia. Trata-se de uma pesquisa exploratória que tem como
finalidade principal desenvolver e esclarecer o processo de desenvolvimento de um
produto, o projeto de engenharia, modificando conceitos e ideias e levantando as
informações necessárias para explorar o problema em questão. Envolve
levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudo de
caso (GIL, 1999).

O estudo foi realizado em um escritório de projetos de engenharia,


localizado em Curitiba, Paraná em maio de 2012. A motivação é dada porque o
escritório de projetos manipula uma quantidade de informações diárias as quais são
responsáveis pela alimentação e sequenciamento das atividades, não sendo
facilmente visíveis e mensuráveis os impactos gerados por atrasos, duplicidade,
espera etc. Para tanto, foi selecionado os principais tipos de desperdícios
administrativos encontrados na literatura, os quais foram analisados no escritório.

A pesquisa iniciou-se com a revisão bibliográfica, para posterior definição


dos procedimentos da coleta de dados como: observação direta, análise documental
e entrevistas (Figura 2).

Figura 2 - Delineamento da Pesquisa

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Fonte: Autores, 2012.

Antes do início do processo de coleta de dados, realizou-se um diagnóstico


da empresa, para o entendimento da sua estrutura e para conhecimento dos seus
setores e de suas atividades.

O fato de o escritório possuir vários projetos nas diferentes fases de


desenvolvimento (concepção, estudos de viabilidade, anteprojeto, projeto executivo
e aprovações de projeto), contribuiu para compreensão de todas as etapas do
processo e seu trâmite, em um prazo exequível para o desenvolvimento da
pesquisa.

As evidências do estudo basearam-se na análise do fluxograma de


atividades, de documentos e arquivos de projetos em desenvolvimento e já
concluídos pela empresa. Também na observação dos procedimentos internos como
da ficha de registro de projetos, onde são anotados os dados dos contratantes e
profissionais envolvidos, premissas de desenvolvimento de projeto, checklist,
controle de arquivos, informações e cópias, atas de reuniões e solicitações de
serviços.

A intervenção dos funcionários em todo o processo também foi observada,


como a cooperação entre os mesmos, repasse e registro de informações, controle

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da documentação, interatividade entre as diferentes áreas e participação nas


definições técnicas dos projetos.

Optou-se ainda pela elaboração de entrevistas semiestruturada com os três


diferentes setores da empresa. Com diferentes roteiros para as pesquisas, um para
a entrevista com a área: administrativa – atividade de controle financeiro e rotinas
administrativas – e técnicas (projetos hidráulicos e elétricos).

A etapa de análise do fluxo de informações possibilitou identificar os fluxos


de atividades da empresa, desde as que geram valor ou não, mas que apoiam o
processo até as que não têm valor significativo e geram os desperdícios que
ocorrem entre as atividades no escritório.

O levantamento bibliográfico permitiu afirmar que a maior parte das


atividades na área administrativa diz respeito à geração de informações e a
elaboração de um quadro comparativo dos principais desperdícios identificados com
base na classificação proposta por Lareau (2002).

Finalmente, termina-se o artigo com os resultados e dados analisados


discutem o que foi identificado na empresa pesquisada. Além de lista as
recomendações da equipe.

7. ESTUDO DE CASO

O estudo de caso foi desenvolvido em maio de 2010 em um escritório de


projetos de engenharia que atua no mercado desde 1977. A empresa conta com
uma equipe de dezoito pessoas entre sócios, técnicos e administrativo, distribuída
em uma sede térrea com aproximadamente 300m2. A administração da empresa é
realizada pelos sócios que acumulam também a função de diretores técnicos.

No setor de projetos, para cada área de atuação da empresa, além dos


diretores técnicos atuam os projetistas que são os responsáveis pela qualidade

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técnica dos trabalhos e são assistidos pelos auxiliares técnicos e estagiários. Na


Figura 3 é apresentado o organograma da empresa.

Figura 3 – Organograma do escritório de projetos

Diretor Técnico / Administrativo

Setor Administrativo Setor Técnico

- Secretária Hidráulica Elétrica


- Assistente Recepcionista
- Office Boy

- Diretor Técnico - Diretor Técnico


- Projetistas - Projetistas
- Auxiliar Técnico - Auxiliar Técnico
- Estagiários - Estagiários

Fonte: Autores, 2012.

O escritório tem como atividade fim a elaboração de Projetos Elétricos,


Telefônicos, Hidráulicos e de Prevenção Contra Incêndios de edifícios residenciais,
edifícios de escritórios, hotéis, hospitais, shopping, escolas, indústrias etc., com
atuação nacional e em Angola. As principais etapas de desenvolvimento do projeto
são:

Etapa 1: Após aprovada a proposta pelo cliente, o setor administrativo controla o


fluxo de informações através de uma ficha de organização de dados, que é
constituída pelos seguintes templates:

- dados do contratante;
- dados dos profissionais envolvidos no projeto;
- check list das premissas para desenvolvimento do projeto;

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- check list para a conferência final do projeto;


- controle de arquivos e informações recebidas;
- controle de arquivos e informações enviadas;
- controle de solicitação de cópias;
- trâmite de aprovação de projeto junto às Concessionárias, Corpo de
Bombeiros e Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP);
- atas de reunião;
- registro de solicitações do cliente e ou profissionais envolvidos.

O fluxograma da Figura 4 representa as etapas principais do processo de


desenvolvimento de projeto na empresa.

Figura 4 – Fluxograma de desenvolvimento do projeto

Fonte: Autores, 2012.

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O controle dos templates é realizado pelo setor administrativo enquanto o


preenchimento dos dados de engenharia é feito pelo setor técnico.

O fluxograma da empresa, que auxilia a compreensão da pesquisa, mostra


que há um fluxo de informações. Este está presente em todas as atividades da
empresa garantindo a transferência de conhecimento e as orientações necessárias,
para que não sejam gerados os desperdícios citados no quadro 1.

Etapa 2: Recebidos os dados necessários, inicia-se pelo setor técnico o


desenvolvimento do projeto e paralelamente busca-se os estudos de viabilidade de
implantação da obra junto as concessionárias. É de responsabilidade do setor
administrativo o acompanhamento da liberação da documentação das
concessionárias.
Etapa 3: De posse dos estudos de viabilidade e dos projetos complementares é
desenvolvido o anteprojeto e eventuais dúvidas são esclarecidas em reuniões
técnicas finalizando com a aprovação do cliente.
Etapa 4: Com o anteprojeto, finaliza-se o projeto executivo buscando aprovação
nos órgãos públicos e concessionárias.

Foram identificadas por meio de análise documental, observação direta e


entrevistas que existe um fluxo paralelo de informações entre as atividades, na qual
é possível identificar aquelas que agregam valor e as que não agregam. Além disso,
separaram-se quais são necessárias e aquelas que podem ser eliminadas, além dos
principais desperdícios. O Quadro 2 apresenta os detalhes e desperdícios das
atividades principais da empresa estudada.

Quadro 2 – Principais atividades da empresa

Atividade Entrada Responsável Saída Desperdício


pelo
Processamen
to
Proposta de serviço Solicitação do Diretoria e Definição de Alinhamento de
cliente Setor Custo e objetivos

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administrativo Registro da Falta de padronização


proposta
Cadastramento de Registro da Setor Informação perdida e
dados e proposta com os administrativo Registro das espera
organização de dados informações
arquivos e fornecidos pelo
documentação cliente

Concepção do Projetos Diretoria e Anteprojeto Ausência de


projeto arquitetônicos e Setor técnico alinhamento de
complementares objetivos, fluxo irregular,
espera, falta de
padronização.
Reuniões técnicas Anteprojeto e Diretoria e Projeto Agenda, ausência de
internas e externas documentação Setor técnico executivo alinhamento de
técnica objetivos, informação
perdida, espera.
Processo de Setor técnico e Projetos Agenda, informação
aprovação do Projeto setor aprovados perdida, espera,
projeto junto aos executivo administrativo variabilidade, falta de
órgãos públicos e alinhamento de
concessionárias objetivos
Entrega dos Projetos Setor Back-ups, Informação perdida,
Projetos aprovados administrativo documentos fluxo irregular, falta de
e protocolos. padronização.
Fonte: Autores, 2012.

O Quadro 3 correlaciona os desperdícios citados por Lareau (Quadro 1) com


aqueles identificados no escritório (Quadro 2).

Quadro 3 – Correlação entre os desperdícios de Lareu (2002) e Escritório pesquisado

LEAN OFFICE IDENTIFICADO NO ESCRITÓRIO

Alinhamento de objetivos: é a energia gasta Ausência de alinhamento de objetivos: não são


por pessoas trabalhando com objetos mal repassadas na totalidade ou com clareza as
entendidos e o esforço necessário para informações necessárias para o desenvolvimento das
corrigir o problema e chegar ao resultado atividades, ocorrendo falhas na informação;

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esperado;

Espera: é o recurso perdido enquanto Espera excessiva: a espera por definições,


pessoas esperam informações, reuniões, assinaturas e retorno de ligações geram acúmulo de
assinaturas, o retorno de uma ligação, etc. trabalho e fluxo irregular das atividades,
principalmente nas interfaces externas
(concessionárias de energia, água e esgoto, Corpo
de Bombeiros, cliente);

Processamento: um trabalho não executado Processamento deficiente: trabalho não executado


da melhor forma é desperdício de da melhor forma e não atendendo as definições pré-
processamento; estabelecidas;

Variabilidade: são recursos utilizados para Variabilidade das definições recebidas:


compensar ou corrigir resultados que variam desperdício de recursos para correção de trabalhos
do esperado; fora dos padrões estabelecidos;

Agenda: é a má utilização dos horários e da Otimização da agenda: má utilização dos horários


agenda; nas atividades desenvolvidas fora do escritório;

Fluxo irregular: recursos investidos em Fluxo irregular: interrupção e acúmulo de atividades


materiais ou informações que se acumulam no fluxo normal, devido a fatores externos
entre as estações de trabalho e criam o (concessionárias de energia, água e esgoto, Corpo
desperdício de fluxo irregular; de Bombeiros, cliente);

Checagem desnecessárias: é o esforço Checagem desnecessária: tempo gasto para as


usado para inspeções e retrabalhos; verificações e retrabalhos;

Informação perdida: ocorre quando recursos Informação perdida: recursos gastos para reparar a
são requeridos para reparar ou compensar as falta de informação retrabalha.
conseqüências da falta de informação chave;

Padronização: é a energia gasta por causa Falhas na utilização da padronização: desperdício


de um trabalho não ter sido feito da melhor de tempo para readequação do trabalho;
forma possível por todos os responsáveis.

Fonte: Autores, 2012.


Sugere-se que essa melhoria seja feita através de ações como:

- organizar uma reunião de início de projeto, com toda a equipe envolvida


promovendo o alinhamento de todas as informações e especificações
necessárias ao seu desenvolvimento;
- estabelecer e controlar o tempo adequado para a realização das atividades
evitando esperas excessivas;

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- incentivar a melhoria da qualidade das entregas entre atividades atendendo


as definições pré-estabelecidas para a manutenção do nível do trabalho;
- criar uma metodologia para compartilhamento e divulgação da agenda das
respectivas áreas com o objetivo de reduzir o tempo gasto com
deslocamentos desnecessários;
- definir com os envolvidos em cada etapa o melhor fluxo de atividades
evitando interrupções;
- estimular o uso de um banco de dados único para todos os envolvidos no
projeto diminuindo verificações e retrabalhos; e
- padronizar via sistema informatizado a forma de registro de dados e de
documentação de forma a facilitar o acesso as informações e evitar perdas.

Com essas ações é possível proporcionar aumento de eficiência,


produtividade e qualidade gerando redução de desperdícios e custos.

Além disso, outro aspecto relevante observado é a necessidade da mudança


de cultura dos colaboradores porque a maioria dos desperdícios envolve mais
questões relacionadas a fatores e comportamento humano voltado a falta de
comunicação, estímulo a participação e desconhecimento da metodologia Lean.

Recomenda-se ainda uma orientação, treinamento e conscientização dos


colaboradores neste sentido.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se por meio da revisão bibliográfica que a aplicação do conceito


Lean Office é importante para a melhoria contínua dos processos e redução dos
desperdícios em ambientes administrativos. As ferramentas utilizadas podem
mapear um processo, identificar atividades que agregam valor, as que não agregam,
mas são importantes e aquelas que não agregam e devem ser eliminadas. Também
os desperdícios tornam-se evidentes, o que possibilita o redesenho do processo
visando à melhoria contínua.

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Portanto, o objetivo principal da pesquisa que foi o de avaliar qual o nível de


aplicabilidade do Lean Office foi atingido conforme demonstrado no Quadro 3. O
escritório apresenta muitos desperdícios e um fluxo de informações que contribui
para o aumento das perdas evidenciando a necessidade de sua aplicação para
promover a melhoria da gestão no ambiente administrativo.

O estudo de caso permitiu identificar fontes de desperdícios no fluxo de


processos e de informações no escritório, que devem ser corrigidos ou melhorados,
demonstrando a possibilidade de aumentar a eficiência, a eficácia e
consequentemente os ganhos.

Este trabalho serve de consulta pra pesquisas futuras sobre o tema


comprovando através desta investigação, que independente do ambiente, quer seja
chãos de fábrica, construção civil ou serviços, o Lean pode se tornar uma ótima
ferramenta para aumentar a competitividade do negócio.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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