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A diferença mais óbvia, já mencionada, está relacionada aos propósitos dos dois tipos de

escrita. Livros expositivos buscam transmitir conhecimento - conhecimento a respeito de


experiências que o leitor teve ou poderia ter tido. Os imaginativos buscam comunicar a
experiência mesma - e, se conseguem, dão ao leitor algo com que se deleitar. Por causa
de suas intenções distintas, os dois tipos de obras têm apelos diferentes para o intelecto e
para a imaginação. A diferença básica entre a literatura expositiva e a imaginativa
conduz a outra diferença. Por causa de seus objetivos radicalmente diversos, esses dois
tipos de escrita necessariamente usam a linguagem de modo diferente. O autor
imaginativo tenta maximizar as ambiguidades latentes das palavras, para ver se consegue
alcançar toda a riqueza e toda a força inerentes a seus múltiplos sentidos. Ele toma as
metáforas como unidades de sua construção do mesmo modo que o autor lógico usa as
palavras afiadas à exatidão de um único sentido. Dante disse que A Divina Comédia
deveria ser lida como se tivesse sentidos diversos, porém relacionados; isso se aplica, de
modo geral, à poesia e à ficção. A lógica da escrita expositiva almeja um ideal de clareza
inequívoca. Nada deve ficar nas entrelinhas. Tudo que é relevante e formulável deve ser
dito da maneira mais explícita e clara possível. Em contraste, a escrita imaginativa
depende tanto daquilo que é sugerido quanto daquilo que é dito. A multiplicação de
metáforas praticamente coloca mais conteúdo entre as linhas do que nas palavras que
estão nelas. Em sua totalidade, o poema, o conto e o romance dizem algo que nenhuma
de suas palavras diz ou pode dizer.

Desse fato, tiramos outra instrução negativa. Não procure termos, proposições ou
argumentos na literatura imaginativa. Esses recursos são lógicos, não poéticos. Como
disse uma vez o poeta Mark Van Doren, "Na poesia e no teatro, a afirmação é um dos
meios mais obscuros". Aquilo que um poema lírico "afirma", por exemplo, não pode ser
encontrado em nenhuma de suas sentenças. E o todo, que inclui todas as palavras em suas
relações e reações mútuas, diz algo que nunca pode ser preso na camisa de força das
proposições. (Porém, a literatura imaginativa contém elementos que são análogos a
termos, proposições e argumentos, e vamos discuti-los em breve.)

Claro que podemos aprender com a literatura imaginativa, com poemas, narrativas e
sobretudo, talvez, com peças teatrais - mas não no mesmo sentido em que aprendemos
com livros científicos e filosóficos. Aprendemos com a experiência - a experiência que
temos no curso de nossa vida cotidiana. Assim, também, podemos aprender com as
experiências substitutas, ou criadas artisticamente, que a ficção produz em nossa
imaginação. Nesse sentido, os poemas e as narrativas tanto ensinam quanto provocam
deleite. Mas o sentido em que a ciência e a filosofia nos ensinam é diferente. As obras
expositivas não nos proporcionam experiências originais, elas comentam as experiências
que já tivemos ou que podemos ter. É por isso que parece correto dizer que os livros
expositivos fundamentalmente ensinam, ao passo que os livros imaginativos só ensinam
de modo derivado, criando experiências com as quais podemos aprender. Para aprender
com esses livros, temos de pensar nós mesmos sobre a experiência; para aprender com
cientistas e filósofos, primeiro temos de tentar entender aquilo que eles pensaram

(1) Os elementos da ficção são seus episódios e acontecimentos, seus personagens e


pensamentos, falas, sentimentos e ações deles. Cada uma dessas coisas é um elemento do
mundo criado pelo autor. Ao manipular esses elementos, o autor conta sua história. Elas
são como os termos de um discurso lógico. Assim como você precisa chegar a um acordo
com um autor expositivo, nesse caso você precisa ficar a par dos detalhes dos
acontecimentos e da caracterização. Você não terá apreendido uma história enquanto não
tiver familiaridade com seus personagens, enquanto não tiver vivido através dos
acontecimentos vividos por eles. (2) Nas proposições, os termos estão relacionados. Os
elementos da ficção estão relacionados pela cena ou pano de fundo total contra o qual se
destacam, em primeiro plano. O autor imaginativo, como vimos, cria um mundo no qual
seus personagens "vivem, movem-se e são". A versão análoga, para a ficção, da regra que
lhe recomenda encontrar as proposições de um autor, pode, portanto, ser enunciada desta
maneira: familiarize-se com esse mundo imaginário conheça-o como se fosse um
observador da cena torne-se um dos membros de sua população, disposto a ficar amigo
dos personagens, capaz de participar com empatia da vida deles, assim como faria em
relação às ações e paixões de um amigo. Se você conseguir fazer isso, os elementos da
ficção terão deixado de ser peças isoladas, movidas mecanicamente num tabuleiro. Você
terá encontrado as conexões que lhes dão vida como membros de uma sociedade viva. (3)
Se há movimento num livro expositivo, trata-se do movimento do argumento, uma
transição lógica das evidências e causas às conclusões nelas baseadas. Na leitura desses
livros, é necessário seguir o argumento. Assim, após ter descoberto seus termos e
proposições, cabe-lhe analisar seu raciocínio. Há na leitura interpretativa de ficção um
último passo análogo. Você se familiarizou com os personagens. Você se reuniu a eles no
mundo imaginário em que vivem, deu seu consentimento às leis de sua sociedade,
respirou seu ar, provou sua comida, viajou por suas estradas. Agora você tem de segui-los
em suas aventuras. A cena ou pano de fundo, a ambiência social, é (como a proposição)
um tipo de conexão estática entre os elementos da ficção. O desenrolar do enredo (como
os argumentos ou o raciocínio) é a conexão dinâmica. Aristóteles disse que o enredo é a
alma da narrativa. O enredo é sua vida. Para ler bem um romance, é preciso que você
mantenha seu dedo no pulso da narrativa, que você acompanhe seu ritmo.

Outro aviso: as regras mencionadas aplicam-se sobretudo a romances e peças teatrais.


Aplicam-se a poemas desde que estes tenham alguma linha narrativa. Mas as regras não
deixam de valer para poemas não narrativos, ainda que a conexão seja muito menos
próxima. Um poema é a representação de uma experiência concreta, assim como uma
longa narrativa, e tenta recriar aquela experiência no leitor. Há um começo, um meio e
um fim até no mais curto dos poemas, assim como há uma sequência temporal em toda
experiência, por mais breve e fugidia. E ainda que o elenco seja muito pequeno num
poema curto, sempre há pelo menos um personagem - o enunciador do poema.

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