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RECURSO ESPECIAL NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - LEI

13.105 DE 16 DE MARÇO DE 20151

Amanda Martins Chaves2


Brenda Rocha Caramês3

RESUMO

O presente trabalho versa sobre o instituto do Recurso Especial no Novo Código de


Processo Civil - Lei 13.105 de 16. de março de 2015. Será apresentado a definição de
recurso no processo civil e a lógica dos princípios como informadores no Novo Direito.
Em seguida, será cotejado, a matéria específica sobre o Recurso Especial, onde serão
abordadas a previsão constitucional e no CPC de 2015, as hipóteses de cabimento, os
pressupostos gerais e específicos para a interposição, as mudanças operadas pelo Novo
Código, o Recurso Especial Repetitivo e o Agravo em Recurso Especial.

Palavras-chaves: Recursos. Lei 13.105 de 16 de março de 2015. Recurso Especial.


Admissibilidade. Hipóteses de cabimento. Pressupostos. Mudanças.

1. INTRODUÇÃO

Segundo Alexandre Freitas Câmara4 o recurso é o instrumento voluntário de


impugnação das decisões judiciais com capacidade de, no mesmo processo, promover a
reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão impugnada. Trata-
se da manifestação do inconformismo do recorrente em relação ao pronunciamento
judicial materializado, por exemplo, em uma sentença ou em um acórdão.
Nesse diapasão, Marinoni5 preleciona que “recurso é um meio voluntário de
impugnação de decisões judiciais, interno ao processo, que visa à reforma, à anulação

1
Artigo elaborado como instrumento avaliativo da disciplina de Direito Processual Civil II, ministrada
pelo Profº Pedro Bentes do curso Bach. em Direito da Universidade Federal do Pará .
2
Discente regularmente matriculada, sob o nº 201306140179, no 5º semestre do curso Bach. em Direito
da Universidade Federal do Pará <amandachaves.ufpa@gmail.com>
3
Discente regularmente matriculada, sob o nº 201106140130, no 5º semestre do curso Bach. em Direito
da Universidade Federal do Pará <caramesbrenda@gmail.com>
4
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015.
5
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015. P. 923.
ou ao aprimoramento da decisão atacada”. Ademais, só se admite recurso para impugnar
decisão judicial e nem todo pronunciamento judicial poderá ser impugnado mediante
recurso.
Com efeito, nosso objeto de estudo concentra-se no Recurso Especial,
notadamente, na sua disciplina à luz do Novo Código de Processo Civil. Cuida-se de
recurso excepcional interposto ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses elencadas
pelo art. 105, inciso III da CF/88. No CPC/2015 encontraremos seu regramento nos arts.
específico nos artigos 1.029 a 1.035. Nos artigos 1.037 a 1.041, CPC/2015 situa-se a
disciplina dos recursos extraordinário e especial repetitivos. No art. 1.042 é tratado o
recurso de agravo em recurso extraordinário e especial, e, por fim, nos artigos 1.043 e
1.044, estão dispostas as regras sobre o processamento dos embargos de divergência em
REsp e RExt, que não serão abordados neste trabalho.

2. O PROCESSO CIVIL E OS PRINCÍPIOS

O Novo Código de Processo Civil - Lei 13.105 de 16 de março de 2015, no seu


primeiro capítulo dispõe sobre as normas fundamentais do processo civil. O Código de
2015 deve ser interpretado a partir de suas premissas conjugando-as para se obter a
lógica e compreensão do novo sistema. Sobre o processamento dos feitos nos tribunais e
os recursos, destacam-se os princípios da celeridade, uniformização, estabilidade,
coerência, integridade, segurança jurídica, instrumentalidade das formas.
A construção do processo civil brasileiro é a partir de um modelo estabelecido
pela Carta Magna, o denominado modelo constitucional de processo civil. Esse modelo
é composto pelos seguintes princípios: devido processo legal, isonomia, do juiz natural,
da inafastabilidade da jurisdição, do contraditório e ampla defesa, da motivação das
decisões e da duração razoável do processo. Chama-se a atenção para o que a doutrina
denominou de panprinciologismo 6. A nova orientação processual civil constitui um
sistema principiológico de normas, há de se atentar para que isso não signifique um

6
THEODORO JÚNIOR, Humberto; BAHIA, Alexandre Melo Franco; NUNES, Dierle; PEDRON,
Flávio Quinaud. Novo CPC: Fundamentos e Sistematização. 2ª edição, rev., atual., e ampl. Rio de
Janeiro: Forense, 2015. p. 62
2
aumento dos poderes do magistrado. Contudo, juízes, assim como todos os demais
sujeitos do processo estão sob a égide da norma. Ou seja, antes de invocar por um
princípio, este precisa estar envolvido na moldura da norma.

3. RECURSO ESPECIAL: Previsão Constitucional e no Código de Processo Civil


de 2015

O Recurso Especial é tratado juntamente com o Recurso Extraordinário nos


artigos 1.029 a 1041 do CPC/2015 (incluindo REsp e RExt repetitivos, agravo e
embargos de divergência nestes recursos). A compreensão desses recursos no Novo
Código de Processo Civil pressupõe a visão do Superior Tribunal de Justiça e do
Supremo Tribunal Federal como Cortes de interpretação e de precedentes, e não mais
como meros Tribunais de controle de jurisprudência7.
No que tange ao STJ e ao manejo de REsp, o código de 2015 atribui àquele
Tribunal a conotação de Corte Suprema, ou seja, uma Corte de vértice, cujo acesso
atente para hipóteses de relevante violação à lei infraconstitucional, em oposição à ideia
de terceira instância ordinária. Embora o processamento do Resp esteja descrito no
CPC, é na Constituição Federal/1988, em seu artigo 105, III e alíneas, que encontramos
as hipóteses de cabimento do recurso em estudo. O referido dispositivo prevê que:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


[...]
III – julgar, em recurso especial, as causas decididas em
única ou última instância, pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelo Tribunal dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de
lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja
atribuído outro tribunal.

Por outro lado, insta salientar quais os pressupostos8 gerais e específicos


necessários para o cabimento do recurso especial. É o que será tratado a seguir.

7
ARENHART, Sérgio Cruz; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. O Novo Curso de
Processo Civil. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
8
FREIRE, Rodrigo da Cunha Lima; SÁ, Renato Montans. Processo Civil III: Recursos cíveis e outros
meios de impugnação às decisões judiciais. São Paulo: Saraiva, 2012.
3
3.1. Pressupostos gerais
a) Prequestionamento (“causas decididas”)
Há três acepções conhecidas para o vocábulo prequestionamento: a parte deve
alegar previamente a matéria federal controvertida; a parte deve alegar e o Tribunal a
quo deve decidir previamente a matéria federal controvertida; e o Tribunal a quo deve
decidir previamente a matéria federal controvertida.
Para o Superior Tribunal de Justiça, o prequestionamento significa que a
matéria federal controvertida deve ser decidida previamente pelo Tribunal a quo. É o
que basta. Normalmente o Tribunal a quo só decide a matéria federal controvertida
quando a parte alega. No entanto, o Tribunal a quo poderá agir de ofício quando a
matéria federal controvertida for de ordem pública (por exemplo: ilegitimidade para a
causa ou ausência de citação de litisconsorte necessário) ou quando se tratar de reexame
necessário, por exemplo.
Importa, para o prequestionamento, que a matéria federal controvertida seja
enfrentada pelo Tribunal a quo, pouco importando que isso decorra de uma alegação da
parte ou que o Tribunal tenha agido de ofício. Alguns entendem que o
prequestionamento é a atividade da parte, mas que o requisito constitucional exigido é a
decisão do Tribunal. Trata-se de um mero jogo de palavras.
Se a matéria federal controvertida não for decidida pelo Tribunal a quo, caberá
ao recorrente interpor o recurso de embargos de declaração (embargos de declaração
prequestionadores). Esses embargos não serão tidos como protelatórios. Caso o
Tribunal a quo permaneça omisso, a despeito da interposição dos embargos de
declaração, caberá ao recorrente interpor recurso especial por violação ao disposto no
art. 1022 do NCPC.
Corrigido o problema, e proferida nova decisão pelo Tribunal a quo, o
recorrente poderá, então, interpor o recurso especial a respeito da matéria principal.
Vale destacar que o Superior Tribunal de Justiça tem admitido o chamado
prequestionamento implícito, que se dá quando o Tribunal a quo enfrenta a questão
federal controvertida, mas não menciona explicitamente a norma legal violada.

4
Portanto, havendo prequestionamento implícito, o recorrente não precisará opor
embargos de declaração. No entanto, se a matéria federal controvertida for enfrentada
apenas pelo voto vencido, o recorrente terá que opor os embargos de declaração
prequestionadores, para a admissão do recurso especial.

b) Decisão final (“em única ou última instância”)


Para a interposição do recurso especial, o recorrente deve esgotar todas as
instâncias recursais ordinárias, vale dizer, não cabe recurso especial quando ainda cabe
outro recurso como a apelação, o agravo, os embargos infringentes, o recurso ordinário
etc.

c) Órgão “a quo” (“pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos


Estados, do Distrito Federal e Territórios”)
Para o cabimento do recurso especial, o órgão a quo deve ser um Tribunal
Local, vale dizer, não cabe recurso especial contra decisão de Tribunal Superior, contra
decisão de juízo de primeira instância, nem contra decisão de Turma ou de Colégio
Recursal de Juizado Especial9.

d) Matéria de direito
No recurso especial se analisa apenas a questão de direito, porque cabe ao
Superior Tribunal de Justiça interpretar, em última instância, o Direito Federal,
proferindo decisões paradigmáticas. Não se admite discutir o fato, porque este se limita
ao caso. O fato é apenas um iter procedimental para discutir o direito. Assim, não pode
haver reexame de prova em recurso especial.
Vale destacar, porém, que o recurso especial pode versar sobre matéria
probatória, desde que esta seja uma matéria de direito. Alguns exemplos: o tribunal
inverteu erroneamente o ônus da prova; o tribunal deixou de apreciar a prova; o tribunal
admitiu uma prova ilegal; o Tribunal admitiu a produção da prova mediante
procedimento diverso do previsto em lei.

9
Enunciado 203 da súmula do Superior Tribunal de Justiça - STJ
5
Igualmente se considera matéria de direito a qualificação jurídica dada ao fato.
Por exemplo: o contrato é de locação ou de comodato? Por outro lado, o Superior
Tribunal de Justiça também não admite recurso especial para interpretação de cláusula
contratual. Ademais, nada impede a utilização do recurso especial para a interpretação e
o controle da aplicação de cláusulas gerais, materiais ou processuais, como a cláusula
geral da boa-fé.

3..2 Pressupostos específicos


Os pressupostos específicos para o cabimento do recurso especial, previstos
nas alíneas do inciso III do art. 105 da CF, são os seguintes:
a) Violação à lei federal
Vale dizer, a decisão recorrida contrariar tratado ou lei federal, ou negar -lhes
vigência (não cabe recurso especial por violação à Súmula; violação a tratado que
integre o bloco constitucional, conforme o § 3º do art. 5º da CF – tratado sobre direitos
humanos, aprovado, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros –, desafiará recurso extraordinário; negar
vigência é uma forma de violar).

b) Negativa de vigência à lei federal, em razão de a decisão recorrida julgar válido ato
de governo local contestado em face de lei federal
Se julgar válida uma lei local, contestada em face de uma lei federal, caberá
recurso extraordinário, porque o legislador pressupõe que existe violação a uma regra
constitucional sobre competência legislativa.

c) Dissídio jurisprudencial
Vale dizer, a decisão recorrida der à lei federal interpretação divergente da
que lhe haja atribuído outro tribunal (para fatos semelhantes, os Tribunais apresentam
soluções jurídicas diversas. Por exemplo: no acórdão recorrido, um Tribunal diz que o
solteiro não faz jus aos benefícios da lei do bem de família; e no acórdão paradigma,
outro Tribunal afirma que o solteiro faz jus aos benefícios da lei do bem de família).
Importante assinalar que no recurso especial interposto por dissídio jurisprudencial, os
6
acórdãos confrontados devem ser proferidos por Tribunais diversos Ademais, o dissídio
jurisprudencial deve ser atual.

3.3. O que mudou


Afirma-se que houve uma verdadeira reestruturação na disciplina do recurso
especial, a partir de definição mais exaustiva do procedimento. Em muitos artigos, por
exemplo, reflete-se o posicionamento da jurisprudência do STJ. Inicialmente, destaca-se
o § 2º do art. 1.029, CPC/2015. Este dispositivo menciona que, em sede de recurso
especial ou de recurso extraordinário fundado em dissídio jurisprudencial, é vedado ao
tribunal inadmiti-lo com base em fundamento genérico de que as circunstâncias fáticas
são diferentes, sem demonstrar a existência da distinção.
Isso quer dizer que, o recorrente que traz como fundamento do recurso, o
dissídio jurisprudencial, deve confrontar o acórdão recorrido e o acórdão paradigma,
demonstrando a divergência. Do mesmo modo, a Corte, para inadmitir o recurso, deverá
apresentar fundamentação lógica, devendo o julgador indicar expressamente as razões
pelas quais entende que as circunstâncias fáticas são distintas.
Outra importante mudança é a trazida pelo art. 1.029, § 3º, CPC/2015, no que
toca à possibilidade de desconsideração de vícios formais não graves de recurso
tempestivo e determinar sua correção. Esse novo senso surge, especialmente, para
combater a chamada “jurisprudência defensiva”, onde os tribunais acabam criando
argumentos para impedir o desenvolvimento do procedimento recursal no seu
nascedouro. De outra banda, não sanado o vício, o recurso excepcional não será
admitido, segundo entendimento contido no enunciado 220, do Fórum Permanente de
Processualistas Civis (FPPC), nos seguintes termos:

Enunciado 220. (art. 1.029, § 3º). O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Formatted: Line spacing: single
Tribunal de Justiça inadmitirá recurso extraordinário ou recurso especial
quando o recorrente não sanar o vício formal de cuja falta foi intimado para
corrigir. (Grupo: Recursos Extraordinários).

O § 4º do art. 1.029, CPC/2015 remete ao recurso especial e ao recurso


extraordinário interposto em incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR),
tema inédito trazido pelo CPC de 2015, que é detalhadamente abordado nos artigos 976
7
a 987. Trata o § 4º da suspensão nacional dos processos em que se discuta questão
federal constitucional ou infraconstitucional, por ocasião da interposição de Resp ou
RExt.
O § 5º do art. 1.029 disciplina a competência para apreciar requerimento de
efeito suspensivo pelo manejo de Resp ou RExt. Segundo a regra contido neste
dispositivo, a petição será dirigida: I – ao tribunal Superior respectivo, no período
compreendido entre a interposição do recurso e sua distribuição, ficando o relator
designado para seu exame prevento para julgá-lo; II- ao relator, se já distribuído o
recurso; III – ao presidente ou vice-presidente do tribunal local, no caso de o recurso ter
sido sobrestado, nos termos do art. 1.037. Nesse sentido, estão superadas as súmulas
634 e 635 do STF, segundo entendimento contido nos enunciados 221 e 222 do
FPPC10:
Enunciado 221. (art. 1.029, § 50). Fica superado o enunciado 634 da súmula
do STF após a entrada em vigor do CPC (“Não compete ao Supremo
Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a
recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na
origem”). (Grupo: Recursos Extraordinários).

Enunciado 222. (art. 1.029, § 50, I) Fica superado o enunciado 635 da súmula
do STF após a entrada em vigor do CPC (“Cabe ao presidente do tribunal de
origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda
pendente do seu juízo de admissibilidade”). (Grupo: Recursos
Extraordinários).

O artigo 1.030, parágrafo único, CPC/2015 traz uma das maiores e mais
importantes inovações quanto ao REsp e ao RExt: o juízo de admissibilidade a cargo da
Corte excepcional. Assim, o juízo a quo não tem mais a incumbência de fazer esse
juízo, cabendo-lhe apenas recepcionar o recurso, intimar o recorrido para apresentar
contrarrazões e, após, remeter o recurso ao STJ (Resp) ou STF (RExt). Essa norma
também se aplica ao RExt interposto contra decisão de turma recursal, consoante
entendimento trazido pelo enunciado de nº 362 do FPPC.
Em relação aos Resp’s e RExt’s, pendentes de admissibilidade ao tempo da
entrada em vigor do CPC, vale o entendimento contido no enunciado nº 365 do FPPC:
Enunciado 365. (art. 1.046; art. 1.030, parágrafo único). Aplica-se a regra do
art. 1.030, parágrafo único, aos recursos extraordinário e especial pendentes

10
Fórum Permanente de Processualistas Civis.
8
de admissibilidade ao tempo da entrada em vigor do CPC, de modo que o
exame da admissibilidade destes recursos competirá ao STF e ao STJ.
(Grupo: Direito intertemporal e disposições finais e transitórias).

No caso de o juízo a quo tentar impedir a subida do recurso excepcional


alegando inadmissibilidade, caberá reclamação, nos termos dos enunciados 211 e 212
do FPPC:
Enunciado 211. (art. 988, I; art. 1.030). Cabe reclamação, por usurpação da
competência do Superior Tribunal de Justiça, contra decisão de presidente ou
vice-presidente do tribunal de 2º grau que inadmitir recurso especial não
repetitivo. (Grupo: Ordem dos Processos nos Tribunais e Recursos
Ordinários).

enunciado 212. (art. 988, I, art. 1.030).Cabe reclamação, por usurpação da


competência do Supremo Tribunal Federal, contra decisão de presidente ou
vice-presidente do tribunal de 2º grau que inadmitir recurso extraordinário
não repetitivo. (Grupo: Ordem dos Processos nos Tribunais e Recursos
Ordinários).

No art. 1.032, CPC/2015, encontramos outro regramento inédito que se


coaduna com os princípios da cooperação e aproveitamento dos atos processuais: a
conversão de REsp em RExt e vice-versa. Sabe-se que um dos pressupostos para o
recurso extraordinário é a demonstração de repercussão geral (art. 103, § 3º, CF/88).
Pode ocorrer de, ao analisar o REsp, o STJ identificar que o caso versa sobre questão
constitucional ensejando o manejo de RExt. Nestes casos, o novel código traz a
disposição para que o relator do REsp conceda o prazo de 15 dia para que o recorrente
demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão
constitucional. Em seguida, o STJ irá remeter o julgado ao STF, que não ficará
vinculado à conclusão do STJ (art. 1.032, parágrafo único, CPC/2015).
O caminho inverso também pode ser feito. Quando, da análise de RExt, o STF
considerar como reflexa a ofensa à Constituição, por pressupor a revisão da
interpretação de lei federal ou tratado, irá remeter os autos ao STJ para julgamento
como REsp. O art. 1.034, parágrafo único do CPC/2015, traz, ineditamente, a aplicação
do efeito translativo nos recursos especiais e os extraordinários. Nesse sentido, admitido
o REsp ou o RExt por um fundamento, devolve-se ao tribunal superior o conhecimento
dos demais fundamentos para a solução do capítulo impugnado.

9
No art. 1.035, § 2º, CPC/2015, encontra-se uma mudança sutil quanto à
exposição da repercussão geral. O código de 1973 fala que a repercussão geral deve ser
demonstrada em preliminar do RExt, em tópico específico. A redação dada pelo
CPC/2015 determina que a repercussão geral seja demonstrada de forma fundamentada,
independentemente de preliminar ou tópico específico, entendimento este corroborado
pelo enunciado nº 224 do FPPC.
O art. 1.035, CPC/2015 amplia as hipóteses presumidas de repercussão geral.
Na novel legislação, além das hipóteses previstas pelo Código de 1973 (recurso para
impugnar decisão contrária à súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal), há mais
duas: sempre que o recurso impugnar acórdão que tenha sido proferido em julgamento
de casos repetitivos ou tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei
federal, nos termos do art. 97 da CF/88.

3.4.. Do Recurso Especial Repetitivo


Maior inovação é no que tange ao processamento dos REsp e RExt repetitivos.
Trata-se do julgamento em bloco destes recursos disciplinado no art. 1.036 e seguintes.
Entende-se que seria um retrabalho para o STJ e para o STF afirmar inúmeras vezes a
mesma solução a respeito de determinada questão. Sendo o STJ e o STF Cortes de
interpretação e de precedentes, a completa análise de determinada questão em uma
única oportunidade é tendencialmente suficiente para que essas Cortes tenham por
adimplidas suas funções paradigmáticas.
O procedimento que visa à solução dos recursos repetitivos obedece a cinco
etapas distintas: a) seleção de recursos fundados em idêntica controvérsia de direito (art.
1.036); b) afetação da questão como repetitiva (art. 1.037); c) instrução da controvérsia
(art. 1.038); d) decisão da questão repetida; e e) irradiação dos efeitos da decisão para os
casos repetidos (arts. 1.039 e 1.040).
A inovação trazida também diz respeito à quantidade de recursos a serem
escolhidos para serem representativos da controvérsia. Consoante o art. 1.036, § 1º, não

10
apenas um, e sim, dois ou mais recursos poderão ser objetos do “pinçamento”11. Para
tanto, não só os casos individuais, mas também o processos coletivos poderão ser
suspensos, seguindo entendimento do enunciado nº 364 do FPPC.

3.5. Agravo em recurso especial


De acordo com o art. 1.036, CPC/2015, “o interessado pode requerer, ao
presidente ou ao vice-presidente, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o
recurso especial ou o recurso extraordinário que tenha sido interposto
intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se
sobre esse requerimento”. Trata-se de decisão que poderá ser alvejada pelo recurso de
agravo (art. 1.036, § 3º).
Ainda, o art. 1.042 do CPC/2015, diz que cabe agravo contra decisão do
presidente ou do vice-presidente do tribunal que: I- indeferir o pedido de inadmissão de
recurso extraordinário ou recurso especial intempestivo (arts. 1.035, § 6º, e 1.036, § 2º);
II - inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial sob o fundamento de que o
acórdão recorrido coincide com a orientação firmada no precedente formado do
julgamento de recurso repetitivo (art. 1.040); III - inadmitir recurso extraordinário com
base na inexistência de repercussão geral (arts. 1.035, § 8º e 1.039, parágrafo único).
O prazo para interposição do agravo é de 15 dias, sendo que a sua petição deve
ser dirigida ao presidente ou vice-presidente do tribunal de origem. A interposição
independe do pagamento de custas e despesas postais.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Extrai-se, pois, que o Novo Código Processo Civil, mais que uma lei nova é
um novo sistema pautado na ideia de normas fundamentais e na teoria dos precedentes.
Percebe-se, nitidamente, a intenção do legislador em primar pela uniformização dos
julgados, e, no que tange ao Superior Tribunal de Justiça, vê-se a preocupação em

11
BAHIA, Alexandre Melo Franco; NUNES, Dierle; PEDRON, Flávio Quinaud; TEODORO JÚNIOR,
Humberto. Novo CPC: Fundamentos e Sistematização. 2ª edição, rev., atual., e ampl. Rio de Janeiro:
Forense, 2015.
11
determinar-lhe competência de Corte de vértice e de interpretação dos precedentes,
juntamente com o Supremo Tribunal Federal.
Ademais, foram criados mecanismos para coibir a chamada ‘jurisprudência
defensiva” como o uso da técnica da sanação e da primazia do julgamento de mérito. A
isenção de custas para a instauração de incidentes e dos recursos repetitivos é, no
mínimo, um estímulo ao acesso ao judiciário e reforça a lógica da uniformização. A
cooperação entre o STJ e o STF no julgamento do REsp e do RExt e a conversibilidade
desses recursos homenageia o princípio do aproveitamento dos atos.
A ampliação das hipóteses de repercussão geral confere também impulsiona o
julgamento em bloco das demandas. Por fim, a retirada do juízo de admissibilidade do
tribunal a quo, sem dúvida é uma das inovações que merece maior destaque. Além de
reduzir o julgamento dos pedidos de “destrancamento de recurso”, possibilita o acesso
às Cortes livrando-nos da má vontade dos tribunais de 2º grau. O Novo CPC é,
sobretudo, uma nova maneira de pensar o processo civil e o papel das Cortes
Superiores.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASTOS, Fabrício; FLEXA, Alexandre; e MACEDO, Daniel. Novo Código de

Processo Civil: temas inéditos, mudanças e supressões.3ª tiragem.Salvador: Juspodivm,

2015.

BRASIL. Lei 13.105 de 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo Civil.

Diário Oficial da União, Brasília, 16 mar. 2015. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm> Acesso

em 24 de novembro de 2015.

CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas,

2015.

FREIRE, Rodrigo da Cunha Lima; SÁ, Renato Montans. Processo Civil III: Recursos

cíveis e outros meios de impugnação às decisões judiciais. São Paulo: Saraiva, 2012.

MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; e MITIDIER, Daniel. Novo

código de Processo Civil Comentado. São Paulo: editora Revista dos Tribunais, 2015.

__________________. O Novo Curso de Processo Civil. São Paulo: Editora Revista

dos Tribunais, 2015.

TEODORO JÚNIOR, Humberto; BAHIA, Alexandre Melo Franco; NUNES, Dierle;

PEDRON, Flávio Quinaud. Novo CPC: Fundamentos e Sistematização. 2ª edição,

rev., atual., e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2015.

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