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GÊNERO NA ÁFRICA
Jimi O.Adésínà
Professor de Sociologia
Universidade de Rhodes, África do Sul
Sociological Review african 14 (1) 2010
1. Introdução
Grande parte da discussão sobre o estado das ciências sociais e humanas na África
tem sido impulsionada por reclamação e pessimismo. Muito deste debate advém do
caráter imperial da divisão global do trabalho na produção do conhecimento. A fuga de
cérebros, a crise e o estado de nossas faculdades impossibilitam a capacitação da nova
geração de estudiosos africanos que são o foco de nossos esforços. O ponto deste
trabalho é a preocupação de Paulin Hountondji (1992, 1997) sobre a crise ou
“extroversão” teórica dos estudos de gênero Africano. Relacionado a isso, portanto, é
Dipesh Charkrabathy (2000) que aborda sobre o imperativo da "provincialização
europeia”, em outras palavras, a autora clarifica que para entender a Europa e seus
sistemas de conhecimento dominantes precisamos entendê-la como produtos específicos
de um local específico (idiográfica) em vez da ideias e dos princípios de que são
inerentemente universalistas em seus poderes explicativos (nomotética). O resultado é o
imperativo de elevar, para um olhar global, as diferentes "bibliotecas" da África.
Usando o sociológico como nosso ponto de partida, vamos explorar obras existentes que
demonstram distintos valores epistêmicos na paisagem da sociologia Africana.
Para este fim, vamos nos concentrar nas obras de dois pesquisadores africanos, Ifi
Amadiume e Oyeronke Oyewumi, como exemplos de tais contribuições epistêmicas
distintas dentro da sociologia Africana. Em seus casos específicos, as suas obras
produziram rupturas epistemológicas nos discursos globais em torno da compreensão
sociológica das relações de gênero e como nós entendemos o “gênero”. Vamos ilustrar
tais contribuições seminais, explorando os seus esforços de teorizar a “matrifocalidade”.
Sugerimos ainda que o conceito de matrifocalidade produzido em suas obras nos
oferecem a base heurística, não só para a compreensão das relações de gênero mas para
as questões de identidade e um melhor controle sobre a tarefa política da luta por
igualdade entre os sexos. Amadiume e Oyewumi demonstraram o que pode ser
alcançado quando permitimos aos dados etnográficos locais falar sobre como fazemos
Sociologia, de maneira que são distintamente epistêmicas no resultado.
Anteriormente, fez uma distinção entre os três tipos de estudo de gênero dentro
das ciências sociais africanas: “regurgitação”, “gênero como protesto”, e obras de
distintos significados epistêmicos (Adesina 2006). Gênero como “regurgitação” trouxe
categorias (conceitos, teorias e paradigmas) sobre as condições locais. Embora os dados
e o sociólogo podendo ser local, a narrativa e a análise, trouxe como suas extensões o
discurso de estudos Euro-Americanos. Este método demonstrou resultados sobre os
estudos de gênero articulados aos princípios da cultura Africana e a ideia desta cultura
atrelada em termos académicos ocidentais (Zeleza 2006b: 202). Estas obras
implementaram os dados locais sem desafiar as teorias recebidas, seus marcos
conceituais reforçam, em vez de alterar os termos do direito internacional sobre a
divisão do trabalho intelectual (Adesina 2001, 2006, 2008).
O “gênero como protesto”, buscou negar os termos da divisão internacional do
trabalho intelectual em que a África e os africanos forneceram os dados e os parceiros
euro-americanso em contrapartida ofereceram a teoria. Muitas vezes, estes estudos
poderam gerar uma grande quantidade de materiais, mas não necessariamente puderam
gerar novos conhecimentos epistêmicos que marca a distinção do local e dos dados
etnográficos. Pelo contrário, a endogeneidade exigiu que tratássemos os dados
etnográficos locais não simplesmente como itens de narrativas acadêmicas, mas que
explorássemos o grau de distintas percepções epistêmicas ou a levar a uma instigante
ruptura com esta mesma epistemologia.
Ifi Amadiume e Oyeronke Oyewumi representam tais empreendimentos em que
a endogeneidade produziu rupturas epistemológicas nos estudos de gênero. Eles
oferecem insights sobre como uma nova geração de sociólogos africanos podem
enfrentar o desafio da recuperação intelectual. Eu falarei de “re-apropriação” do
conceito de “matrifocalidade” ou de sociedades “matricentristas” para ilustrar o ponto.
2. Matrifocalidade
3. Re-apropriação da matrifocalidade
4. Teorizando o matriarcado
O valor das ideias seminais dos estudos de gênero Africano representado pelos
trabalhos de Amadiume, Oyewumi e os outros é não somente na ruptura epistemológica
sobre como entendemos as relações de gênero para além do determinismo biológico.
Seu inventário constituiria uma contribuição notável para os estudos sociológicos
globais.
No entanto, matrifocalidade nos estudos de gênero Africano tem valor heurístico
além de como nós teorizamos gênero. Eles fornecem um quadro analítico para dar
sentido a uma gama de outros fenômenos sociais: repensando rede de parentesco, e
como nós teorizamos “identidade”, etc.
Muito do discurso em torno da identidade nos últimos vinte anos tem procurado
distinguir entre as questões de raça, etnia, religião, etc, de pessoas. Falar de identidade
política, por exemplo, geralmente refere-se a formas de construção social de auto
individualidade (individual ou coletivo) e suas implicações para o ativismo social.
Grande Parte da lógica subjacente a esses discursos, especialmente em torno de raça e
etnia, deriva da logica patrifocal e patriarcal, é dentro da lógica de descendência
patrilinear e patrifocal que a obsessão com a certeza do vínculo biológico-genético da
criança para o pai torna-se a base para a construção dos limites de inclusão e de
exclusão.
Com limites racialistas de marcação de pigmentação, e tornando-se atributos
fisiológicos marcadores de certeza genética, e fundação de ideologias racistas e práticas
sociais. Sistemas de parentesco de matrifocalidade e matricentrista oferece bases
diferentes para pensar através do conceito e significado do princípio da identidade. A
matrifocalidade não é só transcendente da bio-lógica (determinismo biológico) que os
atributos sociais marcam inexoravelmente na biologia, mas em suas implicações para a
identidade e a ordem social inclusiva. Se a criança é uma criança do composto, a criança
pertence ao composto, independentemente do património.
Isso torna a categoria “colorido” ou “Biracial” (pior “mulato” ainda) ridículo.
Podemos ver isso na África Ocidental, na rede de parentesco Africano-Americano e
entre os vários povos indígenas na África Austral. O princípio da maternidade
compartilhada- daí matrifocalidade, é fundamental para isso. Tais contextos, de acordo
com Nkiru Nzegwu (2005) de paternidade podem ser mais sociais do que biológicos. A
instituição e a prática da paternidade social nos fornecer a base para repensar a
maternidade compartilhada.
A inclusão se baseia em um compromisso com a comunidade e não com a
biologia e a certeza da genética. Da mesma forma, categorias como “criança” (cf.
Isiugo-Abanihe 1984, 1985), parece-me manifestamente insuficiente em uma relação
social complexa, que representaria uma distorção fundamentada no paradigma
patrifocal.
A implicação do acima exposto é que precisamos repensar completamente as
categorias que usamos dando sentido a ascendência e a laços de parentesco dentro de
seus respectivos contextos. Muitas categorias que usamos como matrilinearidade, e
patrilinearidade ou ascendência dupla, tornam-se inadequadas para dar sentido ao
fenômeno social que definem as nossas experiências vividas, que são muito mais
complexas do que tais ideias podem capturar.
Igualmente importantes são as implicações das obras de Amadiume e Oyewumi,
a ideia de matrifocalidade para a equidade de gênero. Primeiro, a biologia não
determina a sociabilidade e patrilinearidade patriarcado, e patrifocalidade não são
primordiais a associação humana. Em Segundo Lugar, da unidade principal da casa e de
parentesco, sistemas de produção econômica e de propriedade, para a administração
política da esfera pública, matricentrista sugere uma lógica diferente da patrifocalidade
e exclusão das mulheres do patriarcado. A econômica e / ou o domínio público da
política e sociabilidade não são inerentemente humanos ou Africanos.
Mesmo onde podemos falar de patrilinearidade, não sugere-se ana-fêmea e
subordinação ou inferioridade. Chamadas “sociedades patrilineares” são de fato
“multilineares”, com crianças sendo capazes de atrair recursos para o status social e
posição das permutações múltiplas de descendência que está disponível a partir de
qualquer um dos lados da paternidade-social ou biológica.
Finalmente, para os ativistas e estudiosos africanos as obras de Amadiume e
Oyewumi dão a base para se apropriar do “passado útil” de uma diversidade de histórias
dos africanos pré-coloniais. Como Amadiume (1997:23) afirmou: Como feministas
europeias... buscar formas historicamente possíveis de sua opressora estrutura familiar
patriarcal ... inventando como única alternativa a paternidade e as relações afetivas...no
caso Africano não precisamos inventar nada. Nós já temos uma história e legado de uma
cultura das mulheres com base em um matriarcado e em seus relacionamentos afetivos a
isso deve ser dado um lugar central na análise e investigação social.