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Petiscos de economia e mundo digital
Edson Nova
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Copyright © 2018 by Edson Nova
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SUMÁRIO
Apresentação 11
Capítulo 1 13
Capítulo 2 18
Capítulo 3 24
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Apresentação
Nossos avós costumavam usar o colchão:
confortável para as costas, mas não para o dinheiro. Enfim
vieram os bancos e todo o sistema financeiro conhecido -
com um pouco de sorte e um monte de conhecimento sobre
o mercado financeiro restrito a poucos, é possível
conseguir ganhos interessantes. Mas eis que o mundo
digital veio dificultar ainda mais as coisas.
Grandes empresas de entretenimento e
comunicação viram seus mercados mudarem, bancos e
instituições financeiras não parecem nada a vontade com
essa histeria coletiva ao redor das criptomoedas, e até o
mundo acadêmico parece fascinado pela tal de b
lockchain:
tão comentada e tão pouco compreendida. As tecnologias
que deveriam nos proteger parecem nos expor ainda mais:
todos parecem temer que suas poupanças sejam vítimas de
mãos bobas. Mas na informação há salvação!
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Este livreto apresenta três artigos curtos e
objetivos, para ajudar aqueles que se interessam por
economia, mundo digital, informação, mas ainda não
entenderam por onde começar a entender. O primeiro
artigo apresenta a mudança de modelo econômico que está
acontecendo nas empresas de informação, comunicação e
entretenimento, importante para profissionais e aqueles
que apenas querem ser expectadores mais esclarecidos.
O segundo artigo trata das criptomoedas: sua
origem, de onde vem o seu valor em comparação com as
moedas tradicionais, e como consegui-las. O terceiro artigo
explica o que é a tão comentada blockchain, e porque esse
sistema vai muito além da sua aplicação nas
criptomoedas.
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Capítulo 1
Quem viveu os anos 1990 se lembra de uma palavra
usada amplamente por artistas, editores, profissionais da
mídia, e com uma carga de drama e horror no nível
máximo - a palavra é pirataria! Qualquer um que já tivesse
feito uma cópia caseira de qualquer produto midiático se
sentia um criminoso hediondo… Mas uma nova geração
nasceu, e já com computadores e banda larga. Essa mesma
geração cresceu, e já com smartphones nas mãos. Eis que
uma nova geração de executivos chegou às empresas
midiáticas, e já não se fala mais na palavra execrável.
Na verdade, até que se tentou falar em “pirataria
digital” nos anos 2000, quando as cópias passaram a ser
feitas com mais facilidade e distribuídas na internet, mas a
gíria não pegou. O que será que mudou? Há muitas formas
em que os detentores de direitos autorais podem agir para
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se proteger, mas a maioria das pessoas que replica
conteúdo não comete realmente um crime.
Então como as empresas, que investem na
produção, podem se adaptar a isso? Olha que não foi fácil…
Aliás, continua não sendo fácil! A trajetória dos jornais
deixa bem claras as tentativas e transições. A primeira
fase, ainda nos anos 1990, foi da transcrição: o mesmíssimo
jornal da banca era colocado na tela do computador, mas
apenas para assinantes, e sem nenhuma imagem para não
parar de vez a banda “nada-larga” da época.
No começo do novo século começou a ser feito
conteúdo exclusivo para a web, mas o modelo de
monetização ainda era baseado em assinaturas:
justificadas por uma série de outros serviços online que
vinham de brinde (quem não lembra das pitorescas salas
de bate-papo?).
Somente perto da virada para os anos 2010 os
jornais passaram a produzir conteúdo exclusivo para a
internet em larga escala e acessível a não assinantes. Essa
prática reflete uma mudança técnica (popularização da
banda larga), cultural (os hábitos dos novos internautas
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são soberanos, quem não quer pagar sempre dá um jeito de
conseguir o conteúdo de graça), e econômica. Essa última
merece mais que um parêntese.
São muitos os estudiosos que acreditam ter havido
uma mudança no modelo econômico das indústrias de
produtos culturais e midiáticos. Na era analógica, o
modelo era baseado na venda de cópias (daí a importância
de demonizar a pirataria). Porém, esse modelo estaria
sendo agora superado por outro, típico da era digital (daí o
desaparecimento da palavra execrável). Em vez de vender
cópias do produto midiático (seja música, livro ou notícia),
a monetização agora se baseia na construção de uma
marca forte o bastante para cativar uma audiência,
aproveitada para propaganda e venda de outros produtos
licenciados.
Ou seja, a notícia deixaria de ser um produto para
ser um serviço; se ela for gratuita atende a um público
maior; se o público for maior, existem mais opções de
publicidade associada a essa notícia.
A maior parte dos estudiosos acredita que os dois
modelos vão existir lado a lado, mas o novo modelo
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(informação e cultura como serviço digital) tende a se
tornar massivo que o modelo antigo (informação e cultura
como produtos copiados e vendidos no varejo) tende a ficar
restrito a mercados segmentados. Mas, enfim, qual a
consequência disso para quem trabalha com comunicação
corporativa? Olha, a vida fica um pouco mais complicada!
A começar pela publicidade. A digitalização e seu
novo modelo econômico até abrem mais possibilidades de
campanhas publicitárias (principalmente campanhas
segmentadas), mas dificulta o mapeamento do público e a
verificação da eficácia da campanha, pois o público está
muito mais disperso. A mesma dificuldade de chamar a
atenção de todas as pessoas certas, e de uma só vez, passa
a fazer parte da assessoria de imprensa.
O que dizer então da promoção de eventos e
atividades presenciais? É verdade que está mais fácil
incrementá-las com essa informação e cultura que
passaram a ser serviço. Mas o difícil é convencer as
pessoas a se desplugar e se reunir num só lugar com outros
de sua espécie. A mesma dificuldade existe na
comunicação interna: nesse modelo “em rede” as relações
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de trabalho estão muito mais fluidas. Aliás, a maior parte
dos artistas e jornalistas hoje em dia são empreendedores
individuais, que prestam serviço para as grandes
corporações.
Resumindo, o admirável mundo novo permite
milhões de possibilidades adicionais na hora de se
comunicar, mas tornou muito mais difícil despertar o
interesse, chamar a atenção e conseguir a concentração do
público com quem você quer se comunicar. Se nem os gurus
chegam a um consenso, imagina para nós mortais? Mas
trabalhando sempre, e pensando um pouquinho, até que
dá.
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Capítulo 2
A pergunta do título é até fácil de responder: são
moedas virtuais, que usam sistemas de computador que
trabalham de modo parecido com as instituições que
produzem e administram o dinheiro. Se ainda restam
dúvidas, e é provável que sim, significa que na verdade
você não sabe realmente o que são as moedas. Mas isso
também é fácil de entender.
No início da sociedade, cada um se especializou em
um tipo de trabalho, mas ainda precisavam dos produtos e
serviços uns dos outros. Vamos trocar! Primeiro veio a
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troca direta, mas como? Quanto vale cada coisa? Depende
de quanto trabalho cada coisa demanda para ser feita ou
encontrada. E assim deram as primeiras trocas: meu milho
pelo seu feijão. Depois veio a ideia de criar um objeto que
representasse o valor de tudo, chamado na Economia de
equivalente geral, mas você pode chamar só de dinheiro.
A escolha mais óbvia de objeto para funcionar como
equivalente geral eram os metais preciosos, como ouro e
prata (e são preciosos porque dão muito trabalho para
serem achados e tratados). A época do surgimento do
dinheiro foi a mesma de quando surgiram os países no
formato atual, o que não é mera coincidência.
Os novos governos se aliaram com as poucas
pessoas da sociedade civil que tinham riqueza e poder
suficientes para criar os bancos. Assim, toda a sociedade
concordou que o dinheiro precisava nascer e circular
apenas entre essas poucas instituições estatais e
bancárias. Parecia ser o mais seguro.
O próximo passo foi a moeda de papel. No início, seu
valor era garantido pelo ouro que os governos guardavam
- a quantidade de ouro limitava a quantidade de papel que
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podia ser impressa. Mas lembra que o valor das coisas
depende de quanto trabalho elas demandam? Pois é: o
mundo moderno ficou tão cheio de gente trabalhando, que
os metais preciosos guardados pelos governos não eram
mais suficientes para equivaler tanto valor produzido por
esse enorme volume de trabalho.
Assim nasceram as moedas fiduciárias. O nome
complicado significa apenas “dinheiro de papel sem
garantia em ouro”. Governos e bancos prometem que
aquele papel tem valor, e todos acreditam. Quando surge
um novo país que cria uma nova moeda, ele precisa
convencer os bancos e os outros governos do mundo que
seus cidadãos trabalham e geram valor suficiente para
justificar imprimir papel e chamá-lo de dinheiro.
Essa foi a ideia do ilustre desconhecido Satoshi
Nakamoto. Em 2008 alguém usou esse nome e publicou um
artigo explicando seu projeto para criar a própria moeda:
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o Bitcoin. Esse autor misterioso desapareceu, mas deixou o
caminho para as várias criptomoedas. Lembre-se que
dinheiro é apenas um documento que promete valor, mas
como convencer todos a confiar na sua promessa? Os
governos e bancos trabalham para supervisionar e
autorizar as transações financeiras; eles garantem que a
mesma quantia de dinheiro não possa ser usada duas
vezes, garantem que cada centavo é um documento único.
E é claro que nós pagamos a eles por isso, com impostos e
taxas bancárias. Nakamoto criou o sistema digital
chamado blockchain para imitar a forma como governos e
bancos trabalham.
Só é possível usar a criptomoeda dentro do
programa, e todos os computadores onde ele está instalado
e funcionando se conectam numa rede mundial. Cada
troca de moeda gera um registro; então vários
computadores do mundo todo são acionados para verificar
se a mesma moeda não está sendo usada duas vezes (o
sistema usa seu computador para fazer cálculos
matemáticos complexos, e criptografar toda a
informação).
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Os donos dos computadores que verificam e
autorizam as transações ganham taxas sobre o valor
movimentado, igual aos bancos (nada mais justo, já que a
sua máquina será usada para verificar a transação de
alguém). Quando a transação é autorizada pelo grupo de
computadores avaliadores, todos os computadores do
mundo recebem o histórico criptografado. Por isso, quanto
maior a rede, maior a garantia de que cada moeda seja
única.
Assim como o governo imprime uma quantia
limitada de dinheiro, o sistema “fabrica” moedas virtuais
com um limite, para evitar a inflação. A quantidade de
moedas fabricadas vem caindo ano a ano, até chegar o
momento em que vai parar. Para ganhá-lo será necessário
comprar com dinheiro normal ou trocar por trabalho:
certamente nenhuma novidade.
Em resumo, o dinheiro é só um documento com
promessa de valor, que usa um sistema complexo para
garantir que cada centavo seja único. Teoricamente,
qualquer um que puder recriar esse sistema, como o
misterioso Nakamoto, pode criar uma nova moeda. E mais:
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o blockchain p
ermite criar, trocar e evitar duplicação de
qualquer documento digital. O sistema das criptomoedas
ainda pode revolucionar muito mais a forma de trocar
informação.
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Capítulo 3
A valorização das criptomoedas foi tão grande em
2017 que passou a chamar a atenção também daqueles que
não são aficionados por tecnologias digitais. O B
itcoin,
primeira e mais importante criptomoeda, até sofreu uma
desvalorização no final de janeiro de 2018, mas ainda
assim fechou o mês com um valor de US$ 10 mil por
unidade.
Porém, a polêmica cresceu na mesma proporção.
Vários governos e entidades financeiras fizeram críticas
ao dinheiro virtual, associando-o a atividades ilegais. Nem
os economistas são unânimes sobre como classificar esses
ativos.
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Já a tecnologia que permitiu o surgimento das
criptomoedas é diferente. A b
lockchain despertou o
interesse de bancos como JP Morgan, HSBC, Santander e
Bank of America. Até o Banco Central do Brasil já flertou
com a possibilidade de usar esse sistema. E, acredite, ele
pode revolucionar muito mais que o setor bancário. Mas o
que é a blockchain?
Como se sabe, o dinheiro é apenas um documento
com promessa de valor. O papel dos governos e instituições
financeiras é garantir que cada centavo seja um
documento único, que só pode ser usado uma vez por cada
pessoa. A blockchain é um sistema virtual que faz o
mesmo. Todos os computadores que usam o programa
formam uma rede e, na hora de usar a criptomoeda numa
transação, literalmente o mundo inteiro verifica se aquela
moeda é única.
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Assim, a única forma de fraudar criptomoedas é
hackeando milhões de computadores potentes de todos os
lugares do mundo - é mais difícil que hackear os sistemas
atuais de governos e bancos. Fica fácil entender o interesse
por esse programa mesmo por aqueles que criticam as
criptomoedas: a blockchain pode garantir que qualquer
documento seja único. Governos e empresas podem
registrar seus dados com mais segurança. Um diploma
emitido pela faculdade na blockchain, por exemplo, teria
validade global. Ou seja, é possível eliminar uma série de
burocracias nacionais e internacionais para emitir e
autenticar documentos. Pode ser o fim das intermináveis
idas ao cartório, nada agradáveis.
O FUTURO É COLABORATIVO
A colaboração em rede já é uma realidade na
cultura e na economia. Agora, também será o futuro (quer
dizer, já é o presente) da segurança da informação. É
inovador e simples: mais seguro do que esconder os dados é
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dar uma cópia para o mundo inteiro, e deixar que milhões
de pessoas independentes garantam a validade da
informação.
Curioso que o autor desse programa seja
desconhecido. Em 2008 foi publicado o artigo que explica e
inaugura a b
lockchain, assinado por Satoshi Nakamoto.
Mas ninguém sabe quem é ele, ou provavelmente eles. Fato
é que o porquinho das criptomoedas pode aumentar a
segurança de qualquer informação, já é um caminho sem
volta, e qualquer negócio pode se beneficiar.
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O que concluímos?
Que não concluímos coisa alguma! As tecnologias
mudam com cada vez mais velocidade, e é difícil
acompanhar todos os resultados possíveis de seu uso na
economia. Para isso existem diversos pesquisadores de
Ciências Econômicas nas universidades brasileiras. A
economia nacional acompanha a tendência de diversos
outros setores sociais e vive uma crise considerável, e a
informação ainda é a arma mais poderosa. Aos que querem
proteger suas poupanças de uma mão boba: paciência e
vida longa!
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SOBRE O AUTOR
Edson Nova é formado em Jornalismo pela
Universidade Federal de Sergipe (UFS), já tendo atuado em
redação de jornal e assessorias de comunicação. Em 2017
concluiu o mestrado em Comunicação pela UFS. A
dissertação abordou as relações entre economia,
comunicação e tecnologias digitais. Tendo como objeto a
indústria fonográfica, a dissertação conta com entrevistas
exclusivas de grandes executivos do mercado brasileiro de
música. Continua desenvolvendo pesquisas e trabalhos em
comunicação estratégica.
www.facebook.com/edsonnova
www.twitter.com/edsonnova
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