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1 INTRODUÇÃO
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Estudante de Pós-Graduação. Universidade Federal de Sergipe – UFS. E-mail: carinadsa@yahoo.com.br
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Universidade Federal de Sergipe – UFS
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Universidade Federal de Sergipe – UFS
Para compreender os processos de criminalização dos movimentos sociais
optou-se por percorrer um caminho que passa pela discussão teórica das categorias
Estado, ideologia, sociedade civil e hegemonia, a partir de uma leitura marxista, em
especial de Gramsci. Entende-se que aí residem os fundamentos através dos quais é
possível compreender como esses processos de hegemonia revelam conflitos de
classes que têm origem na produção e reprodução da vida material na sociedade
capitalista.
Gramsci, histórica e concretamente situado no período pós-primeira guerra e
de ascensão do fascismo na Itália, esteve preocupado em compreender a função do
intelectual na sociedade, considerando inseparavelmente as dimensões educativa e
política e a organização da cultura organicamente ligada ao poder dominante (direção
social que se impõe pelo domínio das esferas da coerção e do consenso) na
sociedade (MONASTA, 2010).
De acordo com Gramsci (1982), cada grupo social, com fundamento na
posição de ocupação no mundo da produção, cria, de forma orgânica, sua camada de
intelectuais que dá homogeneidade e consciência da função que ocupa. Mas Gramsci
chama a atenção para as mediações que existem nessa relação entre os intelectuais
orgânicos e o mundo da produção. Ela é, portanto, “’mediatizada’, em diversos graus,
por todo o contexto social, pelo conjunto das superestruturas” (GRAMSCI, 1982, p.
10). Na esfera da sociedade civil essa relação se dá através dos aparelhos privados
de hegemonia (partidos políticos, sindicatos, escolas, igrejas etc.) e na sociedade
política ou Estado “que correspondem à função de ‘hegemonia’ que o grupo
dominante exerce em toda a sociedade e àquela de domínio direto ou de comando,
que se expressa no Estado e no governo ‘jurídico’” (GRAMSCI, 1982, p. 11). Assim, o
autor elucida
Gramsci propõe, nesse sentido, uma nova relação entre economia e política e
a distinção entre sociedade política – “aparelho de coerção estatal” – e sociedade civil,
conforme traz Simionatto (2011, p. 71), ao afirmar que, para Gramsci, “[...] a sociedade
civil compreende o conjunto de relações sociais que engloba o devir concreto da vida
cotidiana, da vida em sociedade, o emaranhado de instituições, ideologias, projetos e
interesses de classe distintos e, portanto, espaço de disputa pela hegemonia”. É no
terreno da sociedade civil, espaço político de conflito entre as classes sociais, que se
inscrevem os movimentos sociais na disputa pela direção social e ideológica na esfera
do consenso (hegemonia).
Em A Ideologia Alemã, Marx (2009, p. 67) afirma que “as ideias da classe
dominante, ou seja, a classe que é o poder material dominante da sociedade é, ao
mesmo tempo, o seu poder espiritual dominante”. Portanto, a ideologia para Marx,
assim como para Gramsci, tem base material na realidade concreta da produção e
reprodução da vida material e a forma como ela se organiza. No entanto, em Gramsci,
conforme Cardoso (2005) chama atenção, a ideologia não tem significado negativo,
como ilusão ou ideia falsa da realidade, mas é entendida como uma concepção de
mundo, expressa em diferentes níveis.
A ideologia na obra de Gramsci é um dos conceitos fundamentais, como
elemento que tem “um peso decisivo na organização da vida social e se torna força
material quando ganha a consciência das massas” e “[...] podem possibilitar o
encaminhamento de processos revolucionários ou conservadores por parte de grupos
e classes sociais”. Para Gramsci, a ideologia se expressa de maneira diversa, em
diferentes níveis no conjunto cultural: senso comum, religião, filosofia, etc.
(SIMIONATTO, 2011, p. 77).
3 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
IAMAMOTO, Marilda Vilela; CARVALHO, Raul de. Relações sociais e Serviço Social
no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 33. ed. São Paulo:
Cortez, 2011.