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Revista Acadêmica Educação e Cultura em Debate

A EDUCAÇÃO COMO APARELHO IDEOLÓGICO DE DOMINAÇÃO


CAPITALISTA: A DISCIPLINA QUE DOCILIZA CORPOS E MENTES

Halana Joyce Souza de Oliveira

Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo analisar as relações de exploração do trabalho no
mundo capitalista, discutir sobre o papel que a educação vem desempenhando neste cenário,
como aparelho ideológico da classe dominante, assim como refletir acerca do real papel da
educação frente às desigualdades impostas pela luta de classes no sistema capitalista. Buscar-
se-á, deste modo, por intermédio da leitura dos autores Marx (2004), Gramsci (2001) e Chauí
(1984) pensar sobre a relação entre homem, trabalho e educação, a fim de desvelar a face oculta
da escola enquanto mecanismo de transformação social pelo viés da alienação e da inculcação
dos ideais dominantes como únicos vigentes, de modo que as condições sociais e materiais da
classe dominada sejam enxergadas como imutáveis. Analisar-se-á, ainda, no contato com o
pensamento de Freire (2005), Tonet (2016), Rodrigues (2007) e Althusser (2007), os meios
pelos quais a escola pode configurar como mecanismo de redenção e/ou de autonomia frente às
desigualdades impostas pelo capitalismo.

Palavras-Chave: Capitalismo. Educação. Trabalho. Alienação.

INTRODUÇÃO

O intuito desta pesquisa é analisar os aspectos alienantes do processo educacional


frente às desigualdades ocasionadas pelo capitalismo. Buscar-se-á compreender os
pormenores de um sistema educacional rendido aos moldes impostos pelo sistema capitalista.
Para assim pensar criticamente sobre como a educação no sistema capitalista não se configura
em um espaço de debate, reflexão e saber, opondo-se totalmente aos ideais utópicos
veiculados a seu respeito. Em contrapartida, têm-se uma educação voltada a servir e atender
às necessidades dos capitalistas, servindo à classes dominantes como mero aparelho
ideológico, no qual a repetição de conteúdos programáticos toma o espaço da reflexão crítica,
da análise sociológica e da busca pela construção da identidade e consciência de classe.
Dito isto, fez-se desafio a reflexão acerca da maneira como a mão-de-obra, fator
fundamental na produção e obtenção do lucro, é forjada nos mesmos moldes da produção
fabril, ou seja, é possível que a educação esteja configurada no mesmo modelo de produção
capitalista de uma fábrica, produzindo, ao invés de pensadores críticos e conscientes de seu
tempo, trabalhadores obedientes e alienados que irão contribuir para a manutenção e
perpetuação das desigualdades estabelecidas entre as classes.


Graduada em Pedagogia pela Faculdade Alfredo Nasser no semestre letivo 2018/2.

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Daí a importância de se pensar sobre o tema proposto, a fim de compreender melhor o


meio social. É fundamental para tanto entender o real papel da educação frente às
desigualdades sociais e à exploração burguesa sobre as classes menos abastadas. Para que,
partindo deste princípio, se possa buscar compreender a maneira como a educação é
condicionada à estrutura do capitalismo. Pensar sobre o que o sistema de ensino está
ensinando e a serviço de quem se aprende. Refletir sobre como o espaço escolar, que, em tese,
é enxergado por muitos como lugar de reflexão, adéqua-se ao modelo industrial capitalista. E,
assim, buscar pensar sobre possíveis maneiras de amenizar os impactos de um ensino
excludente, a favor de um espaço educacional justo, imparcial e equitativo.

1. O CAPITALISMO E A REIFICAÇÃO DO SER

Nas mais diversas definições do conceito de trabalho, desde as mais simples às mais
complexas, é lugar comum a relação entre a natureza humana e a transformação que o homem
produz na natureza mediante seus esforços. Tais concepções compreendem o trabalho como
elemento intrínseco à humanidade. O trabalho é visto como elemento essencial para a
construção e transformação do espaço. E, logo, na construção humana como reflexo do meio
construído individual ou coletivamente.
Segundo Marx, nos Manuscritos Econômico-Filosóficos, o trabalho humano é o que
diferencia os indivíduos dos demais animais, tornando-os conscientes de si mesmos, a ponto de
cada sujeito se ver como produtor de sua própria existência material que, por sua vez, reflete na
essência espiritual.

O engendrar prático de um mundo objetivo, a elaboração da natureza inorgânica é a


prova do homem enquanto ser genérico consciente, isto é, um ser que se relaciona
com o gênero enquanto sua própria essência ou [se relaciona] consigo enquanto ser
genérico. É verdade que também o animal produz. Constrói para si um ninho,
habitações, como a abelha, castor, formiga etc. No entanto, produz apenas aquilo de
que necessita imediatamente para si ou sua cria; produz unilateral[mente], enquanto
o homem produz universal[mente]; [...] Precisamente por isso, na elaboração do
mundo objetivo [é que] o homem se confirma, em primeiro lugar e efetivamente,
como ser genérico. Esta produção é a sua vida genérica operativa. Através dela a
natureza aparece como sua obra e a sua efetividade (Wirklichkeit). O objeto do
trabalho é portanto a objetivação da vida genérica do homem: quando o homem se
duplica não apenas na consciência, intelectual[mente], mas operativa,
efetiva[mente], contemplando-se, por isso, a si mesmo num mundo criado por ele.
(MARX, 2004, p. 85)

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O trabalho humano permite-lhe relacionar-se com o gênero humano enquanto sociedade,


relacionar-se consigo mesmo quanto pertencente à humanidade e relacionar-se com o objeto de
sua criação como reflexo desta humanidade, para que assim possa contemplar um mundo criado
por seu próprio esforço.
No entanto, o capitalismo que tem como força motriz a exploração do homem pelo
homem alterou as relações dos sujeitos para com o trabalho. Aqueles que possuem as condições
necessárias para produzir, donos dos meios de produção, oferecem aos não possuidores a
oportunidade do trabalho assalariado. Desta forma, surge assim, a classe trabalhadora que troca
sua força de trabalho (trabalho alienado) por dinheiro.

Na particularidade capitalista a atividade produtiva do homem só se manifesta


enquanto trabalho assalariado. Isto implica que o objeto de produção e o produto do
trabalho (trabalho que se objetivou) não pertencem ao trabalhador, lhe são retirados
pelo capitalista, o qual detém a propriedade privada dos meios de produção e, logo,
dos meios de vida do trabalhador. Seu produto lhe aparece então como estranho:
“[...] o objeto (Gegenstand) que o trabalho produz, o seu produto, se lhe defronta
como um ser estranho, como um poder independente do produtor” (MARX, 2004,
80).

A propriedade privada propiciou, num cenário capitalista, a dominação do homem sobre


o homem por meio do trabalho. Aquele que possui os meios necessários para produzir e
transformar não é o mesmo que produz e transforma, ocasionando, assim, um distanciamento e
estranhamento entre o homem e o trabalho. Aquele que fabrica não é mais o fabricante e aquele
a quem pertence o objeto fabricado não é mais o que fabricou. Configura-se assim o trabalho
alienado.

[...] a propriedade privada capitalista. Aqui a divisão social do trabalho alcança seu
ápice: de um lado, os proprietários privados do capital (portanto dos meios,
condições e instrumentos da produção e da distribuição), que são também os
proprietários do produto do trabalho, e, de outro lado, a massa dos assalariados ou
dos trabalhadores despossuídos, que dispõem exclusivamente de sua força de
trabalho, que vendem como mercadoria ao proprietário do capital. (CHAUÍ, 1984,
p.63)

Nesse sentido ocorre a reificação do ser. A estrutura trabalhista no capitalismo


desenvolveu uma relação entre empregado e empregador, na qual o sujeito foi transformado em
mercadoria. Neste caso, a mercadoria lhe causa estranhamento, ao passo que o sujeito não mais
consegue se reconhecer quanto ser genérico no objeto fabricado.

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Consequentemente, quando arranca (entreisst) do homem o objeto de sua produção,


o trabalho estranhado arranca-lhe sua vida genérica, sua efetiva objetividade
genérica (wirkliche Gattungsgegenständlichkeit) e transforma a sua vantagem em
relação ao animal na desvantagem de lhe ser tirado o seu corpo inorgânico, a
natureza” (MARX, 2004, p. 85).

Desse modo, o trabalho como resultado da produção do meio pelo homem é substituído
pelo trabalho alienado. A alienação do trabalho acarreta no distanciamento do homem consigo
mesmo, como se a produção material interviesse diretamente na produção espiritual.

O trabalho externo, o trabalho no qual o homem se exterioriza, é um trabalho de


autossacrifício, de mortificação. Finalmente, a externalidade (Äusserlichkeit) do
trabalho aparece para o trabalhador como se [o trabalho] não fosse seu próprio, mas
de outro, como se [o trabalho] não lhe pertencesse, como se ele no trabalho não
pertencesse a si mesmo, mas a um outro. [...] Esta relação é a relação do trabalhador
com a sua própria atividade como uma [atividade] estranha, não pertencente a ele, a
atividade da miséria, a força como impotência, a procriação como castração. A
energia espiritual e física própria do trabalhador, a sua vida pessoal – pois o que é a
vida senão atividade – como uma atividade voltada contra ele mesmo, independente
dele, não pertencente a ele. O estranhamento-de-si (Selbstentfremdung), tal qual
acima o estranhamento da coisa. (MARX, 2004, p. 83)

Segundo Marx e Engels (2007) no período medieval o trabalho ainda possuía caráter
humano, uma vez que o trabalhador, ao executá-lo, sentia-se inteiramente ligado ao seu objeto
de trabalho. Diferente do trabalhador moderno que tem no objeto de trabalho apenas o meio de
obtenção de seu salário. A indústria moderna distanciou o trabalhador da concepção genérica
de trabalho. O caráter satisfatório do trabalho deu lugar ao descontentamento do trabalhador
que não se reconhece em sua produção.

É por isso que, nos artesãos medievais, ainda se encontrava um interesse por seu
trabalho específico e pela habilidade em executá-lo, o que muitas vezes podia
elevar-se até a um limitado sentido artístico. Mas é por isso, também, que cada
artesão medieval estava plenamente absorvido em seu trabalho, tinha com ele uma
aprazível relação servil e estava mais submetido a ele do que o trabalhador moderno,
para quem seu trabalho é indiferente [...] A grande indústria criou uma classe que
tem em todas as nações o mesmo interesse e na qual toda nacionalidade já está
destruída; uma classe que, de fato, está livre de todo o mundo antigo e, ao mesmo
tempo, com ele se defronta. A grande indústria torna insuportável para o trabalhador
não apenas a relação com o capitalista, mas sim o próprio trabalho. (MARX;
ENGELS, 2007, p.61)

Essas transformações nas relações de trabalho, advento do sistema capitalista, são frutos
da divisão social de classes. A classe detentora do poder – que, no caso do capitalismo, é a
classe que detém os meios necessários para a produção e fabricação de produtos com o objetivo
de gerar lucro – e a classe não possuidora dos meios de produção – que para satisfazer suas

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necessidades básicas, não possuindo meios para tal feito, fica a depender do trabalho que lhes é
ofertado – trocam a única coisa que lhes é cabível por outra coisa, o dinheiro. Nas palavras dos
autores:

O proletário, por exemplo, que, como qualquer outro ser humano, tem a vocação de
satisfazer as suas necessidades e que não consegue satisfazer nem mesmo as
necessidades que tem em comum com qualquer outro ser humano, que é subjugado
pela obrigatoriedade da jornada de trabalho de catorze horas diárias no mesmo nível
do animal de carga, rebaixado pela concorrência à condição de coisa, de mercadoria,
que é desalojado de sua posição de mera força produtiva, a única que lhe deixaram,
por outras forças produtivas mais poderosas – este proletário tem, já por isso, a
missão real de revolucionar suas condições. É claro que ele pode conceber isso
como sua “vocação”; ele também pode, caso queira fazer propaganda, expressar essa
sua “vocação” de tal maneira que a vocação humana do proletário seja fazer isto e
aquilo, tanto mais porque sua posição não lhe permite satisfazer nem mesmo as
necessidades que decorrem de sua condição natural mais imediata. (MARX;
ENGELS, 2007, p.280)

No modo de produção capitalista o homem não é mais visto como indivíduo, mas como
mão-de-obra, fonte de riquezas para aquele que paga por seu trabalho. Segundo Lombardi,
Saviani e Sanfelice (2002) Gaudêncio Frigotto afirma que:

Diferente do animal, que vem regulado por relações causais, programado por sua
natureza, e por isso não projeta sua existência, não a modifica, mas se adapta e
responde instintivamente ao meio, os seres humanos criam e recriam, pela ação
consciente do trabalho, sua própria existência. O trabalho humano, enquanto
atividade consciente, não é de caráter causal, mas teleológico. Engendra, por isso,
opção, escolha e liberdade. [...] Não se trata, porém, de uma escolha isolada, fora de
condições históricas socialmente construídas. Trata-se da célebre tese de Marx de
que “os homens fazem a história, mas não em condições escolhidas por eles”. As
condições não escolhidas se referem a um conjunto de determinações que
produziram uma determinada estrutura e superestrutura social que nos condiciona.
Não se trata, porém de uma estrutura e superestrutura produzidas por uma
causalidade relacionada às forças da natureza, mas de um processo teleológico
tecido nas relações de força ou de poder entre os próprios seres humanos.
(FRIGOTTO, 2002, p. 63).

O trabalhador, sujeitado a essa estrutura pré-determinada de relações de trabalho, ainda


se vê de certa forma agradecido pela oportunidade de ter um emprego. É uma relação de
dependência, na qual o empregador detentor dos meios de produção ao empregar o trabalhador
imagina fazer a este uma espécie de favor social. Isso ocorre principalmente mediante a
concorrência por vagas entre os próprios trabalhadores e a baixa oferta de empregos, decorrente
da implantação crescente de técnicas de produção cada vez mais avançadas, por meio das quais
o homem é substituído em larga escala por equipamentos mais eficientes e com menor custo de
produção para a burguesia.

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Um incremento no capital humano individual aumenta as condições de


empregabilidade do indivíduo, o que não significa, necessariamente que por
aumentar suas condições de empregabilidade, todo indivíduo terá seu lugar
garantido no mercado [...] Simplesmente, porque no mercado não há lugar para
todos. “Empregabilidade” não significa, então, para o discurso dominante, garantia
de integração, se não melhores condições de competição para sobreviver na luta
pelos poucos empregos disponíveis: alguns sobreviverão, outros não. (GENTILI,
2002, p. 54).

Essa parcela de seres humanos vende a sua força de trabalho em troca dos subsídios
necessários à obtenção dos recursos mínimos para a sua sobrevivência, como moradia,
alimentação e vestuário. Apesar da relação de exploração entre as classes, a sociedade de
massas, maior parte da população, se mantém refém deste processo. Submissa, aceita a
realidade na qual está inserida como verdade absoluta e vê no modo como vive o único
possível.

[...] os indivíduos não podem perceber que a realidade da classe decorre da


atividade de seus membros. Pelo contrário, a classe aparece como uma coisa em si e
por si e da qual o indivíduo se converte numa parte, quer queira, quer não. É uma
fatalidade do destino. (CHAUÍ, 1984, p.78)

Parte deste controle social é possibilitada pelo fato de que a classe dominante vende,
através de um processo ideológico, suas ideias como universais. A ideologia dominante aparece
como a única válida no imaginário coletivo e serve como mecanismo de alienação e submissão
da classe dominada perante os ideais elaborados pelos dominantes.

As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes, isto é, a


classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força
espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios da produção
material dispõe também dos meios da produção espiritual, de modo que a ela estão
submetidos aproximadamente ao mesmo tempo os pensamentos daqueles aos quais
faltam os meios da produção espiritual. As ideias dominantes não são nada mais do
que a expressão ideal a das relações materiais dominantes, são as relações materiais
dominantes apreendidas como ideias; portanto, são a expressão das relações que
fazem de uma classe a classe dominante, são as ideias de sua dominação. (MARX;
ENGELS, 2007, p.48)

Parte deste processo ideológico, a ideia da meritocracia. No mundo capitalista, a


competição é enxergada pelos sujeitos como elemento natural. É fato que o ser humano, por
sua natureza animal, compete com outros desde seu estado primitivo. Entretanto, a ideia que é
vendida e aceita pela classe explorada é a de que existe igualdade neste processo competitivo.

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A ideologia dominante prega a ilusão de que, através de seus esforços, qualquer indivíduo
conseguirá atingir altos patamares sociais na sociedade na qual está inserido. Faz parte da
mentalidade do proletariado a ideia de que sua situação de subordinado é passageira, fruto de
seu desempenho, relacionada ao tamanho de seu esforço e que, no entanto, depende apenas
dele a obtenção dos meios necessários para melhorar sua condição de vida.

A ideologia burguesa, através de seus intelectuais, irá produzir ideias que confirmem
essa alienação, fazendo, por exemplo, com que os homens creiam que são desiguais
por natureza e por talentos, ou que são desiguais por desejo próprio, isto é, os que
honestamente trabalham enriquecem e os preguiçosos, empobrecem. Ou, então, faz
com que creiam que são desiguais por natureza, mas que a vida social, permitindo a
todos o direito de trabalhar, lhes dá iguais chances de melhorar – ocultando, assim,
que os que trabalham não são senhores de seu trabalho e que, portanto, suas
“chances de melhorar” não dependem deles, mas de quem possui os meios e
condições do trabalho. Ou, ainda, faz com que os homens creiam que são desiguais
por natureza e pelas condições sociais, mas que são iguais perante a lei e perante o
Estado, escondendo que a lei foi feita pelos dominantes e que o Estado é
instrumento dos dominantes.(CHAUÍ, 1984, p.78-79)

Neste cenário, burguesia e Estado trabalham juntos. Um financiando os interesses do


outro. Toda classe que alcança o poder produzirá meios para se manter no poder. O poder que o
Estado possui, de decisão e criação de leis, é muita das vezes, refém do poder financeiro das
grandes corporações. O que move o mundo capitalista é o capital e, nesta realidade, o dinheiro
compra e transforma até mesmo as ideias.

Os burgueses pagam bem o seu Estado e fazem com que a nação inteira também o
faça para que eles, os burgueses, possam pagar mal sem correr perigo; eles
asseguram para si, mediante bom pagamento aos serviçais do Estado, uma força
protetora, uma polícia; eles contribuem de bom grado e fazem toda a nação pagar
altos tributos para que eles possam, sem correr riscos, descontar novamente dos seus
trabalhadores, como tributo (como desconto do salário), aquilo que pagaram.
(MARX; ENGELS, 2007, p. 198)

O Estado serve assim aos interesses da burguesia. E se coloca muita das vezes como
mecanismo de alienação. Propaga os ideais dominantes como se fossem interesses gerais.
Criam leis que os beneficiam, dissemina sua ideologia como se fosse para o bem geral e
promovem uma política ideológica que oprime e dá poder a quem se quer oprimir e a quem
paga por poder.

O Estado aparece como a realização do interesse geral (por isso Hegel dizia que o
Estado era a universalidade da vida social), mas, na realidade, ele é a forma pela
qual os interesses da parte mais forte e poderosa da sociedade (a classe dos

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proprietários) ganham a aparência de interesses de toda a sociedade. (CHAUÍ, 1984,


p.69)

A concepção que faz parte do imaginário coletivo da classe dominada é de que, sob o
domínio da burguesia, são mais livres que antes, uma vez que o emprego garante a estes os
recursos mínimos para sua sobrevivência, que outrora eram incertos e duvidosos. Porém, a
realidade é que o proletariado vive uma falsa liberdade, em um mundo que, apesar de ser
criado através do seu trabalho, não reflete suas vontades e no qual o indivíduo, construtor do
meio no qual está inserido, não se reconhece enquanto construtor. Um lugar em que as coisas
fabricadas não espelham o reflexo do fabricante, onde o artesão, o construtor, o operário não
passam de uma coisa.
2. CAPITALISMO, ALIENAÇÃO E EDUCAÇÃO

Segundo Marx, a sociedade capitalista é resultado do domínio da classe burguesa


sobre a classe proletariada. Para ele, toda a história humana se resume nesse jogo de
dominação social. A história da humanidade baseia-se na disputa pelo poder entre as camadas
sociais. Através de uma luta incessante as classes intercalam-se no poder durante todo o curso
da existência humana.

A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das lutas de classes.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, burgueses de
corporação e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante
oposição uns aos outros, travaram uma luta ininterrupta, ora oculta ora aberta, uma
luta que terminou sempre ou por uma transformação revolucionária da sociedade
inteira, ou pela destruição das duas classes em conflito. (MARX, ENGELS, 2005,
p.40)

Através de seu trabalho, o homem transformou por milênios o meio social ao qual
esteve inserido. Essas transformações, por sua vez, transcendem gerações e influenciam os
homens em seu pensamento e aprendizado, geração após geração. Desse modo, o homem de
seu tempo parece possuir uma visão embaçada da realidade na qual está inserido. Segundo
Rodrigues, o trabalhador não reconhece a relação de exploração a que está sujeitado e
assimila tal realidade como a única possível.

Na cabeça dos homens que vivem sob este sistema, isso é percebido, no plano das
ideias, como algo normal, natural. Ao trabalhador lhe parece natural que certas
pessoas tenham que trabalhar em troca de um salário para viver, como se isso

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sempre houvesse existido e, mais ainda, como se tivesse que continuar existindo
para sempre. Esse indivíduo não vê a sociedade capitalista como uma sociedade
historicamente construída pela luta entre uma classe com intenção de ser a classe
dominante e outras classes, que acabaram sendo submetidas a esta. (RODRIGUES,
2007, p.37)

Essa concepção de mundo pronto e acabado, como se a realidade fosse imutável,


expressa a representação dos ideais dominantes propagados pelo senso comum como verdade
absoluta. A classe dominante de seu tempo dissemina suas ideias como universais e estas, por
sua vez, são absorvidas pela classe dominada e assimiladas com um único propósito: manté-la
sob controle.

[...] toda nova classe que toma o lugar de outra que dominava anteriormente é
obrigada, para atingir seus fins, a apresentar seu interesse como o interesse comum
de todos os membros da sociedade, quer dizer, expresso de forma ideal: é obrigada a
dar às suas ideias a forma da universalidade, a apresentá-las como as únicas
racionais, universalmente válidas. (MARX; ENGELS, 2007, p. 48)

Toda classe que assume o poder busca, através da dominação, manter-se no poder.
Isso ocorre de maneira ostensiva e na maioria das vezes de maneira silenciosa, ideológica.
Para isso, a classe dominante conta com um aparelho ideológico irrefutável, a escola. A
educação figura neste cenário como mecanismo de afirmação das ideologias dominantes,
auxiliando na disseminação de sua cultura como única e universal.

Os Aparelhos ideológicos de Estado funcionam de um modo massivamente


prevalente pela ideologia, embora funcionando secundariamente pela repressão,
mesmo que no limite, mas apenas no limite, esta seja bastante atenuada, dissimulada
ou até simbólica. (Não há aparelho puramente ideológico). Assim a escola e as
Igrejas <educam> por métodos apropriados de sanções, de exclusões, de seleção,
etc., não só os seus oficiantes, mas as suas ovelhas. (ALTHUSSER, 2007, p. 47)

A classe dominada é insistentemente atacada por silenciosos e penetrantes açoites


simbólicos, que são deferidos com uma única finalidade, manter a ordem social estabelecida.
Segundo Althusser, várias são as estratégias dominantes para difundir seus ideais. A família, a
igreja, o exército, mas nenhum tão eficaz quanto a escola.

Grande número destas virtudes contrastadas (modéstia, resignação, submissão, por


um lado, cinismo, desprezo, altivez, segurança, categoria, capacidade para bem-falar
e habilidade) aprende-se também nas Famílias, nas Igrejas, na Tropa, nos Livros,
nos filmes e até nos estádios. Mas nenhum Aparelho Ideológico de Estado dispõe
durante tanto tempo da audiência obrigatória (e ainda por cima gratuita)
(ALTHUSSER, 2007, p. 66)

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Por meio de uma educação técnica voltada a atender às necessidades do mercado de


trabalho, a escola vende a ideia de um mundo em que o trabalho é, de fato, o caminho mais
provável, quando não, o único. Todo o apanhado de regras a que os alunos são submetidos
causa a sensação de destinação e submissão necessárias para que a ordem estabelecida seja
vista como natural.

A escola ensina também as <regras> dos bons costumes, isto é, o comportamento


que todo o agente da divisão do trabalho deve observar, segundo o lugar que está
destinado a ocupar: regras da moral, da consciência cívica e profissional, o que
significa exatamente regras de respeito pela divisão social-técnica do trabalho, pelas
regras da ordem estabelecida pela dominação de classe. (ALTHUSSER, 2007, p. 21)

Não se pode negar, contudo, a existência de uma dicotomia na educação atual.


Enquanto a classe dominada recebe uma educação técnica em escolas sucateadas com caráter
puramente profissionalizante, a classe dominante recebe uma educação elitizada mais
completa e complexa, com a finalidade de manter a desigualdade social e aumentar o
distanciamento intelectual e cultural entre dominante e dominado.

Na escola atual, em função da crise profunda da tradição cultural e da concepção da


vida e do homem, verifica-se um processo de progressiva degenerescência: as
escolas de tipo profissional, isto é, preocupadas em satisfazer interesses práticos
imediatos, predominam sobre a escola formativa, imediatamente desinteressada. O
aspecto mais paradoxal reside em que este novo tipo de escola aparece e é louvado
como democrático, quando na realidade, não só é destinado a perpetuar as diferenças
sociais, como ainda a cristalizá-las em formas chinesas. (GRAMSCI, 2001, p. 49).

Para Gramsci (2001), a escola não pode ser dividida em classes. O autor defende a
ideia de escola unitária, sem distinção entre os valores absorvidos por classes diferentes, para
que desta forma cada classe possa produzir seus próprios intelectuais. Segundo Rodrigues,

Fica claro que a preocupação de Gramsci é abrir a todas as classes, e não apenas às
dominantes, a capacidade de formar seus próprios intelectuais, pois sem isso a luta
pelo poder fica extremamente desequilibrada nas sociedades complexas. Se todos
não tiverem acesso a uma escola que lhes permita uma formação cultural básica, que
possa ser eventualmente expandida em seguida, a "batalha das ideias’' vai ser
sempre ganha pelas classes dominantes. (RODRIGUES, 2007, p. 80)

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Assim, torna-se inevitável a formação de uma consciência coletiva pouco lúcida e


esclarecida, distante de uma consciência de classe que possa defender o interesse dos
trabalhadores e que lute por uma possível ascensão. O espaço escolar deveria ser o lugar
propício para o desenvolvimento da tomada de consciência e do esclarecimento intelectual
dos sujeitos. No entanto, até mesmo a figura do professor, que remete ao esclarecimento
intelectual, aparece na maioria dos casos, na luta de classes, como mera ferramenta de
perpetuação dos interesses de uma classe que não é a dele. Segundo Althusser, são raros os
professores, que lutam pelo fim da perpetuação das desigualdades, pois a maioria sequer tem
consciência deste processo.

Peço desculpa aos professores que, em condições terríveis, tentam voltar contra a
ideologia, contra o sistema e contra as práticas em que este os encerra, as armas que
podem encontrar na história e no saber que «ensinam». Em certa medida são heróis.
Mas são raros, e quantos (a maioria) não têm sequer um vislumbre de dúvida quanto
ao «trabalho» que o sistema (que os ultrapassa e esmaga) os obriga a fazer, pior,
dedicam-se, inteiramente e em toda a consciência à realização desse trabalho (os
famosos métodos novos!). Têm tão poucas dúvidas, que contribuem até pelo seu
devotamento a manter e a alimentar a representação ideológica da Escola que a torna
hoje tão «natural», indispensável-útil e até benfazeja aos nossos contemporâneos,
quanto a Igreja era «natural», indispensável e generosa para os nossos antepassados
de há séculos. (ALTHUSSER, 2007, p. 67-68)

Chega-se, assim, à concepção de intelectual orgânico de Gramsci. O intelectual


orgânico, como sujeito transformador social, defende sua classe e os valores que ela produz
em si, não estimulando a luta pela ascensão de classes, mas pelos valores intrínsecos contidos
em seu próprio espaço como abrangentes e significativos, em um contexto amplo e
universalizado. Rodrigues afirma que,

A burguesia, as classes dominantes em geral, possuem seus intelectuais orgânicos,


cuja função é fazer com que todos pensem com a cabeça da classe dominante,
inclusive e principalmente os dominados. Esta é a fonte da persuasão, do
convencimento, enfim, da hegemonia da classe burguesa. Do mesmo modo, os
dominados, a classe trabalhadora, possuem seus intelectuais, cujo objetivo é
desenvolver a concepção de uma contra-hegemonia. (RODRIGUES, 2007, p. 78)

Frente a todo esse emaranhado de aparelhos ideológicos, o intelectual orgânico, que


pode ser materializado na figura do professor, tem a função de buscar meios para que se
estabeleça uma relação igualitária entre as classes. Sua luta não deve ser em busca de uma
ascensão da classe dominada sobre a classe dominante. O que se espera é que, mesmo frente

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às desigualdades impostas pela exploração de uma classe sobre a outra através da


manipulação dos meios de produção, a classe dominada não acabe por internalizar de forma
errônea a ideia de que a única maneira de se emancipar deste processo aprisionador é se
tornando classe dominante. Segundo Paulo Freire,

O ser menos leva os oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra quem os fez menos. E
esta luta somente tem sentido quando os oprimidos, ao buscarem recuperar sua
humanidade, que é uma forma de criá-la, não se sintam opressores, nem se tornem,
de fato, opressores dos opressores, mas restauradores da humanidade em ambos. E
aí está a grande tarefa humanista e histórica dos oprimidos – libertar-se a si mesmos
e aos opressores. (FREIRE, 2005, p. 40)

Entretanto, é preciso observar que, apesar de o professor ser caracterizado como uma
figura pública, e de sua função poder ser exercida em diferentes lugares dentro do espaço
social, existe um lugar específico onde seu papel possui maior relevância e visibilidade: a
escola. O espaço escolar deveria permitir com maior intensidade que o professor
desempenhasse sua função enquanto intelectual orgânico, quando, no entanto, este se encontra
limitado e refém de um sistema educacional condicionado às necessidades capitalistas.

3. A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA CONDICIONADA ÀS NECESSIDADES


CAPITALISTAS

A educação, em muitos casos, é vista como mecanismo de redenção social. É lugar


comum depositar na educação a esperança de um futuro melhor. É atribuída à escola a tarefa de
ascender socialmente o indivíduo que, por meio de seus esforços e de seu merecimento. poderá
alcançar patamares elevados na sociedade em que vive.
Todavia, faz-se necessário salientar que os valores atribuídos à educação não se
relacionam com os fins a que esta instituição está condicionada. O progresso que se almeja
alcançar, mediante a quantidade de horas acadêmicas ou de certificados adquiridos, não passa
de utopia. Segundo o autor:

O que incorpora à sua prática é a ideia de progresso pessoal como algo cumulativo e
carente de limites, através da experiência da soma de anos de escolaridade, matérias
cursadas, créditos, títulos, etc., e de sua sempiterna insuficiência. Por outro lado, não
é difícil associar à escola a convicção de que qualquer tempo futuro será melhor:
frente ao cinza do presente escolar, o futuro de trabalho pode parecer pintado com
todas as cores do arco-íris; e, mesmo que se o anteveja cinza, pelo menos será
remunerado. (ENGUITA, 1989, p. 179).

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O espaço escolar passa a ser a esperança de ascensão econômica de milhares de


pessoas das classes financeiras menos favorecidas dentro do sistema capitalista, chamada por
Marx de Proletariado. Entretanto, a rotina escolar nada mais é para o autor do que um
preparatório para o mercado de trabalho, onde crianças e jovens são ensinados, desde cedo, a
adaptar-se à rotina de trabalho imposta pelas fábricas. No sistema capitalista, o trabalhador,
através de uma rotina desgastante, enriquece o empresário, seja ele um operário de uma
fábrica ou um professor em uma escola. Segundo Marx, no mundo capitalista, em uma
instituição de ensino privada, por exemplo, o ensino é visto como mercadoria e o professor
como o operário.

Se for permitido escolher um exemplo fora da esfera da produção material, então um


mestre-escola é um trabalhador produtivo se ele não apenas trabalha as cabeças das
crianças, mas extenua a si mesmo para enriquecer o empresário. O fato de que este
último tenha investido seu capital numa fábrica de ensinar, em vez de numa fábrica
de salsichas, não altera nada na relação (MARX, 2011, p. 706-707).

Segundo Marx (2011), no sistema capitalista, o controle social é exercido pelas


pessoas que detêm o maior poder financeiro, ou seja, a classe mais alta economicamente,
chamada pelo autor de Burguesia. O Proletariado vende sua força de trabalho para a
Burguesia em troca de dinheiro. Os donos dos meios de produção, através da exploração desta
força de trabalho, acumulam riquezas, enquanto o trabalhador garante, com o trabalho
oferecido, apenas a sua subsistência. Para Marx:

No mercado, o que se contrapõe diretamente ao possuidor de dinheiro não é, na


realidade, o trabalho, mas o trabalhador. O que este último vende é sua força de
trabalho. Mal seu trabalho tem início efetivamente e a força de trabalho já deixou de
lhe pertencer, não podendo mais, portanto, ser vendida por ele. O trabalho é a
substância e a medida imanente dos valores, mas ele mesmo não tem valor nenhum.
(MARX, 2011, p. 742).

A organização do sistema capitalista quebra toda a possibilidade de resistência por


parte da classe operária que, mesmo compondo a maior parte da população, mantém-se
dominada por uma minoria burguesa. Neste sentido, a educação figura como um dos
principais mecanismos de dominação social no sistema capitalista. Nas palavras do autor,
mediante a “coerção muda”, a classe dominante sela o domínio capitalista sobre o trabalhador.

Não basta que as condições de trabalho apareçam num pólo como capital e no outro
como pessoas que não têm nada para vender, a não ser sua força de trabalho.

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Tampouco basta obrigá-las a se venderem voluntariamente. No evolver da produção


capitalista desenvolve-se uma classe de trabalhadores que, por educação, tradição e
hábito, reconhece as exigências desse modo de produção como leis naturais e
evidentes por si mesmas. (MARX, 2011, p.983).

Desse modo, a educação se configura refém do sistema capitalista. Um treinamento


sobre como seguir regras e se adaptar ao tempo do relógio, usar uniformes, fazer filas e seguir
as instruções do chefe sem esclarecimento intelectual, apenas cumprindo rotinas enfadonhas e
tarefas complexas das quais nem se faz ideia de sua funcionalidade. Segundo o autor:

A escola, entretanto, exerce um importante papel. [...] as relações sociais em seu


interior preparam os indivíduos para aceitar e incorporar-se sem muitas fricções às
relações de produção, mais exatamente, às relações ou ao processo de trabalho
dominantes. (ENGUITA, 1989, p. 191).

Assim, a classe operária assume seu papel, internalizando os discursos de um futuro


melhor, obtido através de uma educação redentora e indispensável ao sucesso futuro.
Entretanto, o que se percebe é uma educação seletiva, elitista e meritocrática, que prepara
desde a infância a criança para aceitar esta realidade sem que nenhum questionamento ou
movimento contrário adquira maior relevância.

4. O SISTEMA DE ENSINO A SERVIÇO DA REPRODUÇÃO DOS VALORES DA


CLASSE DOMINANTE

O trabalho sempre esteve vinculado à humanidade. Através dele, o homem obteve seu
sustento e os meios cabíveis para alcançar o progresso que se vislumbra hoje. Ainda através
do trabalho, foram formados os laços entre os sujeitos e forjada a sociedade humana. No
mundo antigo, ainda que o trabalho fosse destinado às classes inferiores, girava em torno dele
uma atmosfera criativa e potencializadora das habilidades humanas. Nessa perspectiva, o
trabalho na sociedade capitalista moderna teve sua gênese alterada.
Com o crescimento do capitalismo e a divisão social em classes, o trabalho passou a
ser objeto de negação humana. O trabalho deixa de ser voltado para o atendimento às
necessidades humanas e adquire caráter de mera reprodução e acumulação do capital: o
indivíduo que possuir meios para não trabalhar é também o mais poderoso. Não trabalhar
passa a ser sinônimo de status, até mesmo diante daqueles que trabalham. Para Marx (apud
TONET, 2016, p. 77):

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A força de trabalho é, pois, uma mercadoria que seu proprietário, o trabalhador


assalariado, vende ao capital. Para que? Para viver. Pois bem, a força de trabalho em
ação, o trabalho mesmo, é a própria atividade vital do trabalhador, a própria
manifestação da sua vida. E é esta atividade vital que ele tem que vender a outro
para assegurar-se os meios de vida necessários. Quer dizer que sua atividade vital
não é para ele mais do que um meio para poder existir. Trabalha para viver. O
trabalhador nem sequer considera o trabalho parte da sua vida; para ele é muito mais
um sacrifício da sua vida. [...] Para ele a vida começa ali onde terminam estas
atividades.

Na sociedade capitalista atual, a maioria da população é excluída do acesso aos


produtos materiais que ela mesma ajudou a produzir. Para além dos bens materiais, é excluída
ainda do acesso a aspectos espirituais, morais, artísticos, criativos e intelectuais, que passam a
figurar como privilégios de poucos, não por seu esforço, mas pela simples acumulação do
capital a qual esse grupo está vinculado.

Essa forma de trabalho foi denominada por Marx de “trabalho associado” ou


“associação livre dos produtores livres”. Uma forma de trabalho que se caracteriza
pelo domínio livre, consciente e coletivo dos produtores sobre o processo de
produção e distribuição da riqueza. Na medida em que todos trabalhem, segundo as
suas possibilidades, e possam apropriar-se daquilo de que necessitam, segundo as
suas necessidades, estará posta a matriz para a justa articulação entre espírito e
matéria, subjetividade e objetividade (TONET, 2016, p.78)

Neste cenário, figura a educação como elemento dominante de formação social. A classe
dominante, chamada por Marx de burguesia, utiliza-se da educação como mecanismo de
manutenção do seu poder na sociedade atual. Os valores ensinados na escola para crianças das
classes menos abastadas, são superficiais e imbuídos de ideologias, com um único propósito: a
formação de mão-de-obra para o capital. “Com a entrada em cena da sociedade de classes,
também a educação foi, por assim dizer, “sequestrada”, isto é, organizada, em seu conteúdo e
em seus métodos, de modo a atender os interesses das classes dominantes”. (TONET, 2016, p.
79)
A educação é configurada, assim, de maneira a reproduzir os valores da classe
dominante, fazendo com que a classe dominada aproprie-se deles como se fossem seus. O
conteúdo é ministrado nas escolas como se o aluno fosse um recipiente vazio, no qual todo
aquele emaranhado de informações sobre como ele deve ser e agir é depositado.

Ora, a educação é um poderoso instrumento para a formação dos indivíduos. Mas,


como já vimos, nas sociedades de classes ela é organizada de modo a servir à
reprodução dos interesses das classes dominantes. Na sociedade capitalista isto é
ainda mais forte e insidioso porque as aparências indicam que uma formação de boa

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qualidade é acessível a todos, enquanto a essência evidencia que tanto o acesso


universal quanto a qualidade não passam de uma falácia. (TONET, 2016, p. 81)

Assim, é mantida a desigualdade que afeta a classe dominada e esta se mantém sob
controle, aceitando seu destino, como se toda a segregação a qual é submetida fosse parte
natural de sua existência.

Na realidade, a escola é hoje o principal mecanismo de legitimação meritocática de


nossa sociedade, pois supõe-se que através dela tem lugar uma seleção objetiva dos
mais capazes para o desempenho das funções mais relevantes, às quais se associam
também recompensas mais elevadas. (ENGUITA, 1989, p. 192).

Paulo Freire (2005), ao desenvolver sua crítica à educação, utiliza-se do termo


“educação bancária” para descrever o modelo de educação no qual o aluno é visto como
recipiente vazio. Neste modelo, o conteúdo é depositado de modo direto, sem que haja a
necessidade de problematizá-lo e contextualizá-lo. No segundo modelo de educação, chamado
pelo autor de “educação problematizadora”, o conteúdo é apresentado de maneira a promover
o autoconhecimento, ou conhecimento de si mesmo e do mundo em que se encontra inserido
o sujeito capaz de desmitificar, por meio da reflexão crítica e do diálogo, o universo que o
cerca. O autor argumenta sobre este aspecto:

Mais uma vez se antagonizam as duas concepções e as duas práticas que estamos
analisando. A “bancária”, por óbvios motivos, insiste em manter ocultas certas
razões que explicam a maneira como estão sendo os homens no mundo e, para isto,
mistifica a realidade. A problematizadora, comprometida com a libertação, se
empenha na desmitificação. Por isto, a primeira nega o diálogo, enquanto a segunda
tem nele o selo do ato cognoscente, desvelador da realidade. (FREIRE, 2005, p. 83).

A educação não reflexiva é fruto do desejo da classe dominante de se manter no poder.


Por este motivo, é manipulada para que a maioria da população seja envolta em conteúdos
aplicados de acordo com o que se deseja que aprendam. A verdade apresentada como absoluta
mantém o universo do aluno finito e fácil de manobrar. Assim, mantém-se uma população
dócil e submissa, onde a maioria dominada serve aos interesses da minoria dominante.

5. EDUCAÇÃO PARA ALÉM DO CAPITALISMO

O homem, ao longo da história, através de suas relações naturais e culturais, produziu,


acumulou e transmitiu uma quantidade sem fim de informações e conhecimento por todo o
globo. Faz parte da formação social humana se apropriar destes saberes acumulados, para que,

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assim, possam transformar o mundo em que se vive ao mesmo passo que o indivíduo é
transformado por ele.

A educação é, certamente, uma das dimensões de grande importância para a


reprodução social. Ela existe desde os primeiros momentos da vida social, pois, ao
contrário dos animais, os homens não nascem sabendo o que devem fazer para se
reproduzir socialmente. A educação é condição imprescindível para que os seres
humanos singulares se tornem, de fato, membros do gênero humano. Por isso eles
precisam se apropriar do patrimônio – material e intelectual/cultural - acumulado,
em cada momento, pela humanidade contribuindo, ao mesmo tempo, para a
construção deste mesmo patrimônio. A forma e a medida em que este processo de
apropriação/efetivação se derem nos permitirá aferir o estágio concreto em que se
encontra o ser social. (TONET, 2012, p.144)

A educação configura-se, deste modo, como elemento específico do gênero humano na


compreensão do mundo e dos sujeitos que nele habitam. No entanto, a educação ofertada nas
escolas, educação transmitida através do ensino de conteúdos programáticos, robóticos e
alienantes, representa, na verdade, o simples repasse dos valores da classe burguesa como
universais, com o intuito de manter a classe trabalhadora imergida no modelo de dominação
econômica capitalista.

Sem dúvida, é necessário que a classe trabalhadora tenha acesso ao conhecimento


historicamente sistematizado e acumulado, pois sem o patrimônio – cognitivo,
tecnológico e artístico - amealhado até o momento pela humanidade seria, para ela,
impossível tanto iluminar o processo da sua libertação como construir uma outra e
superior forma de sociabilidade. A burguesia pode opor a isso inúmeros obstáculos,
mas não pode impedir totalmente, pois isso significaria a sua própria morte!
Contudo, ainda que este acesso da classe trabalhadora ao conhecimento
historicamente sistematizado seja necessário, não é condição suficiente para embasar
a luta pela sua emancipação. (TONET, 2012, p.146)

Far-se-á necessário, para além desta educação conteudista, pragmática e imbuída de


valores intencionalmente pensados como anestesias sociais, pensar um modelo de ensino que
atenda às necessidades imediatas dos discentes. Uma educação que utilize uma roupagem
socialmente concreta, para que, assim, se possa intermediar uma relação entre discentes e o
contexto social no qual estes estão inseridos.

Por que não estabelecer uma “intimidade” entre os saberes curriculares


fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos? Por
que não discutir as implicações políticas e ideológicas de um tal descaso dos
dominantes pelas áreas pobres da cidade? A ética de classe embutida neste descaso?
(FREIRE, 1996, p. 30)

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Neste cenário, faz-se de fundamental importância a figura do professor como intelectual


formador de opiniões, mediador do conhecimento. Não apenas transmissor dos conteúdos, mas
como orientador no sentido de conduzir o discente a pensar sobre si e sobre o meio no qual está
inserido. Orientar sobre a importância da reflexão crítica e sobre o exercício da dúvida, fazer
saber, como sugere Freire, que “uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos
demasiado certos de nossas certezas.” (FREIRE, 1996, p.28).

Percebe-se, assim, a importância do papel do educador, o mérito da paz com que


viva a certeza de que faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar os
conteúdos, mas também, ensinar a pensar certo. Daí a impossibilidade de vir a
tornar-se um professor crítico se, mecanicamente memorizador, é muito mais um
repetidor cadenciado de frases e de ideias inertes do que um desafiador. O
intelectual memorizador, que lê horas a fio, domesticando-se ao texto, temeroso de
arriscar-se, fala de suas leituras quase como se estivesse recitando-as de memória –
não percebe, quando realmente existe, nenhuma relação entre o que leu e o que vem
ocorrendo no seu país, na sua cidade, no seu bairro. Repete o lido com precisão, mas
raramente ensaia algo pessoal. Fala bonito de dialética, mas pensa
mecanicistamente. Pensa errado. É como se os livros todos, a cuja leitura dedica
tempo farto, nada devessem ter com a realidade de seu mundo. A realidade com que
eles têm que ver é a realidade idealizada de uma escola que vai virando cada vez
mais um dado aí, desconectado do concreto. (FREIRE, 1996, p. 27).

O modelo de ensino ofertado à classe trabalhadora tem seu alicerce na distinção de


classes. Auxilia a burguesia na produção de mão-de-obra alienada, não somente pelo conteúdo
oferecido, mas, pela forma como este é conduzido em sala de aula pelo professor. Uma das
armadilhas mais eficazes deste sistema de ensino é a naturalização da exploração capitalista. O
sujeito é impossibilitado de reconhecer as reais condições em que se materializa sua existência.
Uma relação de exploração que, através da educação, é internalizada como realidade imutável.

A ideologia fatalista, imobilizante, que anima o discurso neoliberal anda solta no


mundo. Com ares de pós-modernidade, insiste em convencer-nos de que nada
podemos contra a realidade social que, de histórica e cultural, passa a ser ou a virar
“quase natural”. Frases como “a realidade é assim mesmo, que podemos fazer?” ou
“o desemprego no mundo é uma fatalidade do fim do século” expressam bem o
fatalismo desta ideologia e sua indiscutível vontade imobilizadora. É importante ter
sempre claro que faz parte do poder ideológico dominante a inculcação nos
dominados da responsabilidade por sua situação. Daí a culpa que sentem eles, em
determinado momento de suas relações com seu contexto e com as classes
dominantes por se acharem nesta ou naquela situação desvantajosa. (FREIRE, 1996,
p. 83)

Neste sentido, a educação deve adquirir um viés transformador. Far-se-á tarefa


importante da prática decente promover de maneira integral a formação da consciência crítica e

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social dos discentes. Assim a educação, poderá, através da figura do professor enquanto
intelectual orgânico da classe proletária, incutir nos sujeitos a ideia da consciência de classe,
contra o individualismo e contra o fatalismo, mostrando-lhes a possibilidade de se assumir
como agente transformador do mundo no qual estão inseridos.

Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as


condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o
professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se
como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador,
realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar. (FREIRE, 1996, p.
41)

Do mesmo modo que a escola serve aos interesses dominantes, ela também poderá
servir ao desmantelamento deste sistema desigual. A educação segundo Freire, é “uma forma
de intervenção no mundo. Intervenção que além do conhecimento dos conteúdos, bem ou mal
ensinados e/ou aprendidos, implica tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante,
quanto o seu desmascaramento.” (FREIRE, 1996, p. 98). É preciso, no entanto, ter cuidado
com os extremos. Esta transformação, por sua vez, não representa necessariamente um
movimento de rebeldia, nem de tomada do poder de uma classe sobre outra, mas da
importância de se ter consciência das classes estabelecidas para que se possa, a partir dessa
percepção, evidenciar ações que amenizem as diferenças pela promoção gradual da equidade
entre elas. Como nas palavras de Freire:

Não se trata obviamente de impor à população explorada e sofrida que se rebele, que
se organize para defender-se, vale dizer, para mudar o mundo. Trata-se, na verdade,
de simultaneamente com o trabalho específico de cada um desses campos, desafiar
os grupos populares para que percebam, em termos críticos, a violência e a profunda
injustiça que caracterizam sua situação concreta. Mais ainda, que sua situação
concreta não é destino certo ou vontade de Deus, algo que não pode ser mudado.
(FREIRE, 1996, p. 79-80)

A verdadeira e única luta na qual a educação não peca ao entrar, é a luta pela equidade
de direitos, pelo respeito ao gênero humano em sua totalidade e da consciência e criticidade a
respeito do mundo. E neste sentido fazer-se entender que por mais que este sistema pareça
imutável, há no simples ato de reconhecê-lo, uma forma de protesto.

Tenho afirmado e reafirmado o quanto realmente me alegra saber-me um ser


condicionado, mas capaz de ultrapassar o próprio condicionamento. A grande força
sobre que alicerçar-se a nova rebeldia é a ética universal do ser humano e não a do
mercado, insensível a todo reclamo das gentes e apenas aberta à gulodice do lucro. É
a ética da solidariedade humana. (FREIRE, 1996, p. 129)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Segundo Paulo Freire, o ideal do oprimido não deve jamais ser o de assumir o lugar dos
que oprimem, mas libertar a si e aos oprimidos. Afinal, uma vez que uma classe usa de seu
conhecimento para promover a dominação sobre a outra, o verdadeiro propósito da aventura da
educação fracassou. Segundo Freire “Quando a educação não é libertadora, o sonho do
oprimido é ser o opressor”. (apud BIAGOLINI, 2009, p. 66).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou a análise e reflexão acerca do papel


da escola e do professor em uma perspectiva que se mostra atual e condizente com a realidade
do processo educacional na sociedade capitalista. A escola, pensada por este viés, foi
apresentada como mera ferramenta de repetição, reprodução e alienação, fatores que a tornam
distante da escola pensada como espaço de produção intelectual.
Pôde-se desta forma, refletir acerca de vários aspectos referentes à prática educacional
no que diz respeito ao seu desígnio e ao modo como, de fato, ela é concretizada. Buscou-se,
assim, entender as razões por que ela é ofertada de maneira diferente, de acordo com a classe
social e com o perfil do aluno e da escola que este pertence. Entender as razões que levam a
educação das classes menos abastadas a ensinar valores voltados a políticas elitistas como, por
exemplo, a ideia da meritocracia, que defende uma verdade incorreta a respeito da ascensão
social, vista como diretamente ligada ao tamanho do esforço do discente durante seu período
escolar.
É fundamental compreender também que a educação ofertada para a classe proletária
baseia-se em princípios educativos voltados aos interesses dominantes e distantes da realidade
do aluno, com o único propósito de reafirmar este distanciamento. Enquanto o que se espera do
espaço escolar é que atenda de maneira igualitária a todas as classes.
Com isso, pode-se refletir acerca das reais condições de ensino, as quais as classes
menos abastadas estão sujeitas, para assim poder pensar estratégias para que as disparidades
apontadas neste artigo possam ser amenizadas. Através de uma educação menos mecânica,
entende-se que o aluno poderá ser conduzido a um esclarecimento e a uma maturidade
intelectual que o permita enxergar as configurações reais do mundo no qual ele está inserido, a
fim de que, partindo disso, seja possível para ele permear este sistema de maneira menos

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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alienada e que, de modo mais consciente, crítico, por meio do enfrentamento da mera educação
disciplinadora de corpos e mentes alienadas.

Abstract: This research aims to analyze the relations of labor exploitation in the capitalist
world, discuss the role that education has played in this scenario as the ideological apparatus
of the ruling class, as well as to reflect on the real role of education in face of the inequalities
imposed by the struggle of classes in the capitalist system. In this way, through the authors
Marx (2004), Gramsci (2001), Chauí (1984), we try to think about the relation between man,
work and education, in order to unveil the hidden side of the school as a mechanism of social
transformation by the bias of alienation and inculcation of dominant ideals as unique. So that,
through this, the conditions, social and material, of the dominated class are seen by them as
immutable. It will also be analyzed through Freire (2005), Tonet (2016), Rodrigues (2007),
Althusser (2007) the means by which the school can be configured as a mechanism of
redemption and / or autonomy in face of the imposed inequalities by capitalism.

Keywords: Capitalism. Work. Education. Alienation.

REFERÊNCIAS

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