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DIREITO AMBIENTAL

NOTA DE AULA 08
TUTELA PROCESSUAL CIVIL E RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA

Profa. Geovana Cartaxo


Monitores: Juliana Martins e Marcos França

TUTELA PROCESSUAL

Como já estudado, a Constituição Federal de 1988, estabelece, no art. 225, que os


causadores, seja pessoa física ou jurídica, de danos ambientais respondem penal,
administrativa e civilmente, de forma independente e sem configurar bis in iden:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se
ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as
presentes e futuras gerações. [...] § 3º As condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas,
a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados. (grifo nosso).

A Lei nº 6.938, Política Nacional do Meio Ambiente, por sua vez, determina que
aquele que ocasionar dano ambiental fica responsável, independente de culpa, por
repará-lo. A PNMA estabelece, a partir de então, a responsabilidade civil objetiva por
dano ambiental. A objetividade da responsabilidade civil, no entanto, não é uma
responsabilização arbitrária, para que ela seja determinada é necessária a comprovação
de um nexo causal existente entre o acontecimento e o dano ambiental.

Para que a responsabilidade seja comprovada e haja a reparação dos danos


causados há a necessidade, via de regra, de um processo judicial. Entretanto, com relação
ao Direito Ambiental, diversos mecanismos do processo judicial tradicional não podem
ser implementados em razão das suas particularidades, tais como a dificuldade de
comprovação de um nexo causal entre o autor e o dano, a inexistência de critérios fixos
para sua determinação, a dificuldade de se determinar uma valoração econômica do bem
e até mesmo o tempo em que o dano ambiental pode efetivamente vir a causar efeitos.
Por esse motivo, o processo civil em matéria ambiental tem algumas peculiaridades que o
diferencia do processo tradicional, dentre elas cumpre destacar:

1) A solidariedade na obrigação de reparar o dano: a solidariedade significa que


todo aquele que contribuiu para o dano ambiental tem responsabilidade total na
reparação ou indenização. Dessa forma, pode-se cobrar de qualquer um deles a
obrigação da dívida por inteiro, ou de todos eles ou de apenas uma parte, a critério
de quem irá cobrar1 2.
2) A imprescritibilidade dos danos ambientais: tendo em vista que as
consequências de um desastre, por exemplo, podem se perdurar por muito tempo e
acarretar prejuízos não visualizados de pronto, os danos ambientais são
imprescritíveis, isto é, não existe um prazo para uma ação ambiental. O que
acontece nos demais ramos do direito é que há a previsão legal de um prazo após o
qual não se pode mais propor uma ação judicial sobre aquele fato, perdendo,
assim, a pessoa lesada, o direito de buscar a reparação do dano judicialmente3.

1
Por exemplo, supondo que há um dano ambiental em determinada área de floresta ocasionada pela poluição
advinda de um centro industrial composto por 5 empresas (A,B,C,D e E) próximo à região, todas nas mesmas
condições socioambientais. Todas as 5 empresas têm responsabilidade objetiva sobre o dano causado e são
condenadas a reparar o dano reconstruindo a floresta e pagando o valor de 5.000 reais de indenização. Na
execução, pode-se cobrar tanto a reconstrução como os 5.000 reais de A, como pode-se cobrar a reconstrução de
um quarto da floresta e 1.250 reais de A, de B e de C. Esse mecanismo é importante para assegurar o cumprimento
da obrigação de reparar, dando ao credor a possibilidade de escolher onde cobrar o ressarcimento do dano. Em
hipóteses de falência, por exemplo, opta-se por cobrar da outra empresa que poderá arcar com a quantia
dispendida para a reparação.
2
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL? AÇÃO CIVIL PÚBLICA? DANO AMBIENTAL? CONSTRUÇÃO
DE HIDRELÉTRICA? RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA? ARTS. 3º, INC. IV, E 14, § 1º,
DA LEI 6.398/1981? IRRETROATIVIDADE DA LEI? PREQUESTIONAMENTO AUSENTE: SÚMULA
282/STF? PRESCRIÇÃO? DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO: SÚMULA 284/STF?
INADMISSIBILIDADE. 1. A responsabilidade por danos ambientais é objetiva e, como tal, não exige a
comprovação de culpa, bastando a constatação do dano e do nexo de causalidade. 2. Excetuam-se à regra,
dispensando a prova do nexo de causalidade, a responsabilidade de adquirente de imóvel já danificado
porque, independentemente de ter sido ele ou o dono anterior o real causador dos estragos, imputa-se ao
novo proprietário a responsabilidade pelos danos. Precedentes do STJ. 3. A solidariedade nessa hipótese
decorre da dicção dos arts. 3º, inc. IV, e 14, § 1º, da Lei 6.398/1981 (Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente). 4. Se possível identificar o real causador do desastre ambiental, a ele cabe a responsabilidade
de reparar o dano, ainda que solidariamente com o atual proprietário do imóvel danificado. 5.
Comprovado que a empresa Furnas foi responsável pelo ato lesivo ao meio ambiente a ela cabe a
reparação, apesar de o imóvel já ser de propriedade de outra pessoa jurídica. 6. É inadmissível discutir em
recurso especial questão não decidida pelo Tribunal de origem, pela ausência de prequestionamento. 7. É
deficiente a fundamentação do especial que não demonstra contrariedade ou negativa de vigência a tratado ou lei
federal. 8. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido. Decisão Vistos, relatados e discutidos os
autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de
Justiça "A Turma, por unanimidade, conheceu em parte do recurso e, nessa parte, negou-lhe provimento, nos
termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins, Herman
Benjamin e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora. (REsp 1056540 / GO, Superior
Tribunal de Justiça, 2ª Turma, , 25/08/2009)
3
ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL - DIREITO AMBIENTAL- AÇÃO CIVIL PÚBLICA?
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL? IMPRESCRITIBILIDADE DA REPARAÇÃO DO DANO
3) Possibilidade de inversão do ônus da prova4: numa ação judicial civil, é dever

AMBIENTAL? PEDIDO GENÉRICO? ARBITRAMENTO DO QUANTUM DEBEATUR NA SENTENÇA:


REVISÃO, POSSIBILIDADE - SÚMULAS 284/STF E 7/STJ. 1.É da competência da Justiça Federal o processo
e julgamento de Ação Civil Pública visando indenizar a comunidade indígena Ashaninka-Kampa do rio Amônia.
2. Segundo a jurisprudência do STJ e STF trata-se de competência territorial e funcional, eis que o dano
ambiental não integra apenas o foro estadual da Comarca local, sendo bem mais abrangente espraiando-se por
todo o território do Estado, dentro da esfera de competência do Juiz Federal. 3. Reparação pelos danos materiais
e morais, consubstanciados na extração ilegal de madeira da área indígena. 4. O dano ambiental além de
atingir de imediato o bem jurídico que lhe está próximo, a comunidade indígena, também atinge a todos os
integrantes do Estado, espraiando-se para toda a comunidade local, não indígena e para futuras gerações
pela irreversibilidade do mal ocasionado. 5. Tratando-se de direito difuso, a reparação civil assume
grande amplitude, com profundas implicações na espécie de responsabilidade do degradador que é
objetiva, fundada no simples risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da culpa do
agente causador do dano. 6. O direito ao pedido de reparação de danos ambientais, dentro da logicidade
hermenêutica, está protegido pelo manto da imprescritibilidade, por se tratar de direito inerente à vida,
fundamental e essencial à afirmação dos povos, independentemente de não estar expresso em texto legal.
7. Em matéria de prescrição cumpre distinguir qual o bem jurídico tutelado: se eminentemente privado
seguem-se os prazos normais das ações indenizatórias; se o bem jurídico é indisponível, fundamental,
antecedendo a todos os demais direitos, pois sem ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer,
considera-se imprescritível o direito à reparação. 8. O dano ambiental inclui-se dentre os direitos
indisponíveis e como tal está dentre os poucos acobertados pelo manto da imprescritibilidade a ação que
visa reparar o dano ambiental. 9. Quando o pedido é genérico, pode o magistrado determinar, desde já, o
montante da reparação, havendo elementos suficientes nos autos. Precedentes do STJ. 10. Inviável, no presente
recurso especial modificar o entendimento adotado pela instância ordinária, no que tange aos valores arbitrados a
título de indenização, por incidência das Súmulas 284/STF e 7/STJ. 11. Recurso especial parcialmente conhecido
e não provido. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça "A Turma, por unanimidade, conheceu em parte do
recurso e, nessa parte, negou-lhe provimento, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs.
Ministros Castro Meira, Humberto Martins (Presidente), Herman Benjamin e Mauro Campbell Marques votaram
com a Sra. Ministra Relatora. Dr(a). ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, pela parte
RECORRENTE: ORLEIR MESSIAS CAMELI Dr(a). CLEITON CURSINO CRUZ(ADVOCACIA-GERAL
DA UNIÃO), pela parte RECORRIDA: FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO – FUNAI. (REsp 1120117 / AC,
Superior Tribunal de Justiça, 2ª Turma, 10/11/2009).
4
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DEFESA DO MEIO AMBIENTE. ACÓRDÃO
SUFICIENTEMENTE FUNDAMENTADO. RAZÕES DO AGRAVO QUE NÃO IMPUGNAM,
ESPECIFICAMENTE, A DECISÃO AGRAVADA. SÚMULA 182/STJ. ONUS PROBANDI. PRINCÍPIO
DA PRECAUÇÃO. ACÓRDÃO BASEADO EM FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL.
IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO DA MATÉRIA, NO MÉRITO, EM SEDE DE RECURSO
ESPECIAL, SOB PENA DE USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO STF. INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVA. POSSIBILIDADE. QUESTÕES AMBIENTAIS. CONTROVÉRSIA RESOLVIDA, PELO
TRIBUNAL DE ORIGEM, À LUZ DAS PROVAS DOS AUTOS E DO TERMO DE AJUSTAMENTO DE
CONDUTA FIRMADO ENTRE AS PARTES. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS 5 E 7 DO STJ.
ENCARGO EM RELAÇÃO AOS HONORÁRIOS PERICIAIS. PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E
DA RAZOABILIDADE. MATÉRIA SOLUCIONADA, PELO TRIBUNAL DE ORIGEM, EM FACE DOS
ELEMENTOS DE PROVA DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO, NA VIA ESPECIAL.
SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. I. Agravo interno aviado contra decisão publicada em
26/04/2018, que, por sua vez, julgara recurso interposto contra decisum publicado na vigência do CPC/2015. II.
Na origem, trata-se de Agravo de Instrumento interposto nos autos da Ação Civil Pública c/c obrigação de dar e
de fazer, manejada pelo Município de Bataguassu/MS em face da parte agravante, contra decisão que deferira
pedido de realização de perícia e invertera o ônus da prova, impondo, à agravante, o pagamento dos honorários
periciais, em 5 (cinco) dias após a entrega da proposta pelo expert. O Tribunal de origem negou provimento ao
recurso. III. Interposto Agravo interno com razões que não impugnam, especificamente, os argumentos da
decisão agravada - mormente quanto à suficiente fundamentação do acórdão -, não prospera o inconformismo,
quanto ao ponto, em face da Súmula 182 desta Corte. IV. O Tribunal de origem decidiu a controvérsia acerca da
inversão do ônus da prova sob o enfoque eminentemente constitucional, o que torna inviável a análise da
questão, no mérito, em sede de Recurso Especial, sob pena de usurpação da competência do STF. Precedentes do
STJ (AgRg no AREsp 584.240/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe de
daquele que propõe a ação comprovar a existência do nexo causal. No Direito
Ambiental, esse dever de comprovar, por meio das diligências probatórias, pode
ser transferido àquele que está sendo acusado do dano ambiental, devendo este
arcar com os custos de provar que não contribui para a produção do dano. Apesar
de não ser determinação legal, é um consenso doutrinário e pode ser concedida
pelo juiz por meio do despacho saneador (ope judicis);
4) Ativismo Judicial: a atuação dos magistrados, principalmente quando se trata de
produção de provas requeridas de ofício e de outros mecanismos específicos do
direito ambiental é forte, devendo o juiz ter uma postura mais ativa na averiguação
das provas e na determinação de mecanismos do processo civil.

5) Desconsideração da Pessoa Jurídica5: existem diversas teorias de


desconsideração da personalidade jurídica, como a que só permite em caso de
fraude ou confusão patrimonial. A adotada pelo direito ambiental é a teoria
menor, prevista no CDC, em que há menos requisitos, bastando que se comprovar

03/12/2014; AgRg no REsp 1.473.025/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe
de 03/12/2014). V. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou orientação no sentido de que
"o princípio da precaução pressupõe a inversão do ônus probatório (AgRg no AREsp 183.202/SP, Rel.
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 10/11/2015, DJe 13/11/2015)" (STJ, AgInt no
AREsp 779.250/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 19/12/2016). Assim,
estando o acórdão recorrido em consonância com a jurisprudência sedimentada nesta Corte, merece ser
mantida a decisão ora agravada, em face do disposto no enunciado da Súmula 568 do STJ. VI. O Tribunal
de origem, à luz do contexto fático-probatório dos autos, concluiu que se trata de "verificação de
cumprimento das obrigações assumidas pela empresa agravante, no trato das questões ambientais, em
decorrência da atividade econômica que explora, decorrendo, logicamente, ônus em demonstrar que o
fornecimento de seus serviços à coletividade encontra-se conforme as obrigações constantes do referido
TAC e demais disposições ambientais". Nesse contexto, considerando a fundamentação adotada na origem, o
acórdão recorrido somente poderia ser modificado mediante o reexame dos aspectos concretos da causa e do
termo de ajustamento de conduta firmado entre as partes, o que é vedado, no âmbito do Recurso Especial, pelas
Súmulas 5 e 7 desta Corte. Precedentes do STJ. VII. O entendimento firmado pelo Tribunal a quo - no sentido de
que, "adotando-se os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, não seria justo onerar o Município de
Bataguassu, diante do fato inconteste de que é a CESP a causadora dos danos ambientais e, sendo a perícia
necessária para aferir a sua extensão e as medidas mitigadoras mais convenientes e oportunas, obrigando-o a
pagar as despesas com esta prova" -, não pode ser revisto, pelo Superior Tribunal de Justiça, em sede de Recurso
Especial, sob pena de ofensa ao comando inscrito na Súmula 7 desta Corte. Precedentes do STJ. VIII. Agravo
interno improvido. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao
agravo interno, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Herman Benjamin (Presidente),
Og Fernandes e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora. Ausente, justificadamente, o
Sr. Ministro Francisco Falcão. (AgInt no AREsp 1151766 / MS, Superior Tribunal de Justiça, 2ª Turma,
21/06/2018)
5
A personalidade jurídica é uma ficção que cria um “sujeito jurídico” com direitos e deveres independente do seu
dono ou administrador, como é o caso de empresas, autarquias, entidades públicas, fundações. Dessa forma, as
vontades da empresa, por exemplo, e de seu administrador são tratadas como coisas diferentes, havendo uma
barreira que não permite que um cometa danos ao outro, havendo essa separação inclusive no âmbito
patrimonial, a empresa e o dono possuem diferentes patrimônios. A desconsideração dessa personalidade jurídica
permite que, em casos de prejuízo, a responsabilidade ultrapasse a figura da empresa ou entidade e alcance
também seus donos ou administradores.
uma dificuldade na reparação do dano ocasionada pela pessoa jurídica6.

6
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. INSOLVÊNCIA PROCESSUAL E CONFUSÃO PATRIMONIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA. POSSIBILIDADE. 1. ADESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA DA SOCIEDADE CONSTITUI MEDIDA EXCEPCIONAL, APLICÁVEL SOMENTE NOS
CASOS EM QUE EVIDENCIADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS LEGALMENTE DEFINIDAS. NO DIREITO
POSITIVO, A TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ? DISREGARD
DOCTRINE ? ESTÁ DISCIPLINADA NO ART. 2º DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS, NO
ART. 28 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, NO ART. 4º DA LEI N. 9.605/98 E NO ART. 50
DO CC/02. 2. O ART. 50 DO CÓDIGO CIVIL DISPÕE QUE ?EM CASO DE ABUSO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA, CARACTERIZADO PELO DESVIO DE FINALIDADE, OU PELA
CONFUSÃO PATRIMONIAL, PODE O JUIZ DECIDIR, A REQUERIMENTO DA PARTE, OU DO
MINISTÉRIO PÚBLICO QUANDO LHE COUBER INTERVIR NO PROCESSO, QUE OS EFEITOS
DE CERTAS E DETERMINADAS RELAÇÕES DE OBRIGAÇÕES SEJAM ESTENDIDOS AOS BENS
PARTICULARES DOS ADMINISTRADORES OU SÓCIOS DA EMPRESA JURÍDICA.? 3. NA
HIPÓTESE, ALÉM DA INSOLVÊNCIA PROCESSUAL, CONSTATADA PELA DIFICULDADE DE
SATISFAÇÃO DA DÍVIDA, TAMBÉM HÁ INDICATIVOS DE CONFUSÃO PATRIMONIAL,
DECORRENTE DA ATITUDE DA PRÓPRIA DEVEDORA QUE, PARA GARANTIR A EXECUÇÃO,
TERIA OFERTADO BEM PERTENCENTE A OUTRA PESSOA JURÍDICA, COMPONENTE DO MESMO
GRUPO ECONÔMICO. 4. PRECEDENTE DA CASA: ?NÃO HÁ ÓBICE PARA QUE SE ESTENDAM OS
EFEITOS DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ÀS EMPRESAS
PERTENCENTES AO MESMO GRUPO ECONÔMICO, SOBRETUDO QUANDO FRUSTRADAS AS
INÚMERAS TENTATIVAS DO CREDOR EM RECEBER O QUE LHE É DEVIDO, SENDO A ELAS
GARANTIDA A DEFESA PELOS MEIOS PROCESSUAIS ADEQUADOS.? (ACÓRDÃO N.680334,
20120020027328AGI, RELATOR: ANTONINHO LOPES, 4ª TURMA CÍVEL, DJE: 04/06/2013. PÁG.: 130).
5. ENFIM. A TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA, QUANTO AOS
PRESSUPOSTOS DE SUA INCIDÊNCIA, SUBDIVIDE-SE EM DUAS CATEGORIAS: TEORIA
MAIOR E TEORIA MENOR DA DESCONSIDERAÇÃO (COELHO, FÁBIO ULHÔA. DIREITO
COMERCIAL, VOL 2. SÃO PAULO: SARAIVA). A TEORIA MAIOR NÃO PODE SER APLICADA
COM A MERA DEMONSTRAÇÃO DE ESTAR A PESSOA JURÍDICA INSOLVENTE PARA O
CUMPRIMENTO DE SUAS OBRIGAÇÕES. EXIGE-SE, AQUI, ALÉM DA PROVA DE
INSOLVÊNCIA, A DEMONSTRAÇÃO DE DESVIO DE FINALIDADE OU A DEMONSTRAÇÃO DE
CONFUSÃO PATRIMONIAL. A PROVA DO DESVIO DE FINALIDADE FAZ INCIDIR A TEORIA
(MAIOR) SUBJETIVA DA DESCONSIDERAÇÃO. O DESVIO DE FINALIDADE É
CARACTERIZADO PELO ATO INTENCIONAL DOS SÓCIOS EM FRAUDAR TERCEIROS COM O
USO ABUSIVO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. A DEMONSTRAÇÃO DA CONFUSÃO
PATRIMONIAL, POR SUA VEZ, FAZ INCIDIR A TEORIA (MAIOR) OBJETIVA DA
DESCONSIDERAÇÃO. A CONFUSÃO PATRIMONIAL CARACTERIZA-SE PELA INEXISTÊNCIA,
NO CAMPO DOS FATOS, DE SEPARAÇÃO P ATRIMONIAL DO PATRIMÔNIO DA PESSOA
JURÍDICA E DO DE SEUS SÓCIOS, OU, AINDA, DOS HAVERES DE DIVERSAS PESSOAS
JURÍDICAS. A TEORIA MAIOR DA DESCONSIDERAÇÃO, SEJA A SUBJETIVA, SEJA A
OBJETIVA, CONSTITUI A REGRA GERAL NO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO, POSITIVADA
NO ART. 50 DO CC/02. A TEORIA MENOR DA DESCONSIDERAÇÃO, POR SUA VEZ, PARTE DE
PREMISSAS DISTINTAS DA TEORIA MAIOR: PARA A INCIDÊNCIA DA DESCONSIDERAÇÃO
COM BASE NA TEORIA MENOR, BASTA A PROVA DE INSOLVÊNCIA DA PESSOA JURÍDICA
PARA O PAGAMENTO DE SUAS OBRIGAÇÕES, INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE
DESVIO DE FINALIDADE OU DE CONFUSÃO PATRIMONIAL. PARA ESTA TEORIA, O RISCO
EMPRESARIAL NORMAL ÀS ATIVIDADES ECONÔMICAS NÃO PODE SER SUPORTADO PELO
TERCEIRO QUE CONTRATOU COM A PESSOA JURÍDICA, MAS PELOS SÓCIOS E/OU
ADMINISTRADORES DESTA, AINDA QUE ESTES DEMONSTREM CONDUTA
ADMINISTRATIVA PROBA, ISTO É, MESMO QUE NÃO EXISTA QUALQUER PROVA CAPAZ DE
IDENTIFICAR CONDUTA CULPOSA OU DOLOSA POR PARTE DOS SÓCIOS E/OU
ADMINISTRADORES DA PESSOA JURÍDICA. NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO, A
TEORIA MENOR DA DESCONSIDERAÇÃO FOI ADOTADA EXCEPCIONALMENTE, POR
EXEMPLO, NO DIREITO AMBIENTAL (LEI Nº. 9605/98, ART. 4º) E NO DIREITO DO
CONSUMIDOR (CDC, ART. 28, §§ 2 E 5º). DA EXEGESE DO § 2º DEFLUI, EXPRESSAMENTE, A
POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO, POIS "AS SOCIEDADES INTEGRANTES DOS GRUPOS
SOCIETÁRIOS E AS SOCIEDADES CONTROLADAS, SÃO SUBSIDIARIAMENTE RESPONSÁVEIS
6) Não existe fato consumado no Direito Ambiental: segunda a súmula 613 do
Superior Ttribunal de Justtiça: não se admite a aplicação da teoria do fato
consumado em tema de Direito Ambiental (Súmula 613, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 09/05/2018, DJe 14/05/2018)7.

PELAS OBRIGAÇÕES DECORRENTES DESTE CÓDIGO". AO ACOLHER A TEORIA MENOR, DÚVIDA


NÃO HÁ EM SE CONSIDERAR QUE O § 2º DO ART. 28 DA LEI N. 8.078/90 AMPARA UM NOVO
CAPÍTULO NO INSTITUTO DO LEVANTAMENTO DO VÉU DA PESSOA JURÍDICA, O QUAL SE
COADUNA COM O PRINCÍPIO GERAL DA ORDEM ECONÔMICA, COMO POSITIVADO PELA CF?88,
QUE PREVÊ A DEFESA DO CONSUMIDOR (CF, ART. 170, INC. V). VERIFICADO, PORTANTO, QUE A
PESSOA JURÍDICA ESTÁ SENDO OBSTÁCULO AO RESSARCIMENTO DOS PREJUÍZOS CAUSADOS
AO AUTOR, EM ESPECIAL, POR NÃO POSSUIR PATRIMÔNIO DISPONÍVEL PARA SATISFAZER O
CRÉDITO. PORTANTO, DEVE SER ACOLHIDA A TEORIA MENOR DA DESCONSIDERAÇÃO, COMO
PREVISTA NO § 2º E 5º DO ART. 28, INDEPENDENTEMENTE DE PROVA QUANTO À EXISTÊNCIA
DE CONDUTA CULPOSA OU DOLOSA POR PARTE DOS SÓCIOS E ADMINISTRADORES
INDICADOS? (JUIZ GIORDANO RESENDE COSTA). 6. RECURSO IMPROVIDO.
7
PROCESSUAL CIVIL. AMBIENTAL. PARQUE NACIONAL DE ILHA GRANDE. DANO
ECOLÓGICO. DISPENSA DE PROVA TÉCNICA DA LESIVIDADE DA CONDUTA.
IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DE ÁREA CONSOLIDADA EM PREJUÍZO DO
MEIO AMBIENTE. APLICAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL. I - Na origem se trata de ação civil pública
ajuizada pelo MPF com posterior litisconsórcio ativo do ICMBIO. Objetiva a demanda a demolição de
imóvel de lazer e recuperação de mata ciliar na margem do Rio Paraná (área de preservação permanente à
margem de rio federal) no entorno do Parque Nacional de Ilha Grande. Conforme o relatório de fiscalização do
ICMBIO, trata-se de construção recente: o imóvel fora erigido em 2009 (dois anos antes da elaboração do
relatório em 2011). II - Na sentença se entendeu pela improcedência da ação. Apelaram Ministério Público
Federal e o ICMBIO. No TRF da 4a Região, anulou-se a sentença, para que fosse realizada perícia para
provar o dano ambiental. III - Em relação à indicada violação do art. 535 do CPC/1973 pelo Tribunal a quo,
não se vislumbra a alegada omissão da questão jurídica apresentada pelo recorrente. Nesse panorama, a
oposição dos embargos declaratórios caracterizou, tão somente, a irresignação do embargante diante de decisão
contrária a seus interesses, o que não viabiliza o referido recurso. IV - Descaracterizada a alegada omissão,
tem-se de rigor o afastamento da suposta violação do art. 535 do CPC/1973, conforme pacífica
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. V - Induvidosa a prescrição do legislador, no que se refere à
posição intangível e ao caráter non aedificandi da Área de Preservação Permanente - APP, nela
interditando ocupação ou construção, com pouquíssimas exceções (casos de utilidade pública e interesse
social), submetidas a licenciamento administrativo. VI - Precedente em situação análoga: "o Código
Florestal qualifica como área de preservação permanente (APP) não o acidente topográfico em si, mas a
vegetação de restinga que lá se faz presente" (REsp n. 1.462.208/SC, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, Dje 6/4/2015). Nesse sentido também: (REsp n. 1.344.525/SC, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, julgado em 25/8/2015, Dje 10/11/2015.) VII - Necessidade de restauração da área
degradada. Precedentes: AgRg no REsp n. 1.367.968/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
DJe 12/3/2014, REsp n. 1.394.025/MS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 18.10.2013, AgRg no
AREsp n. 327.687/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, Dje 26/8/2013), REsp n.
1.307.938/GO, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 16/9/2014, EDcl no Ag n.
1.224.056/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 6/8/2010), AgRg no REsp n.
1.206.484/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 29/3/2011, REsp n. 1.175.907/MG,
Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe 25/9/2014. VIII - O STJ, em casos idênticos, firmou
entendimento no sentido de que, em tema de Direito Ambiental, não se admite a incidência da teoria do
fato consumado. Nesse contexto, devidamente constatada a edificação, em área de preservação
permanente, a concessão de licenciamento ambiental, por si só, não afasta a responsabilidade pela
reparação do dano causado ao meio ambiente, mormente quando reconhecida a ilegalidade do aludido
ato administrativo, como na hipótese. Nesse sentido: STJ, REsp n. 1.394.025/MS, Rel. Ministra Eliana
Calmon, Segunda Turma, DJe de 18/10/2013; REsp n. 1.362.456/MS, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, DJe de 28/6/2013. IX - Na forma da jurisprudência também, "'o novo Código
Florestal não pode retroagir para atingir o ato jurídico perfeito, os direitos ambientais adquiridos e a
coisa julgada, tampouco para reduzir de tal modo e sem as necessárias compensações ambientais o
patamar de proteção de ecossistemas frágeis ou espécies ameaçadas de extinção, a ponto de transgredir
o limite constitucional intocável e intransponível da 'incumbência' do Estado de garantir a preservação
INSTRUMENTOS PROCESSUAIS

Os dois principais mecanismos de proteção do meio ambiente, principalmente com


relação ao âmbito de bem coletivo, é a Ação Popular e a Ação Civil Pública. Os
instrumentos de proteção ambiental, visualizados na AP e na ACP partem, enquanto ação
coletivas, da percepção do caráter de direito difuso do bem ambiental, que pertence a
todas as pessoas.

Na proteção jurídica por ações coletivas destacam-se alguns princípios como o


interesse jurisdicional do conhecimento do mérito, devendo, caso haja a desistência da
ação pelo seu autor, assumir sua posição; a máxima prioridade da tutela protetiva, em que
devem ser apreciadas primeiro; disponibilidade motivada da ação coletivas; máximo
benefício da tutela provisória; maior amplitude e efetividade da tutela coletiva e a
obrigatoriedade da execução coletiva.

AÇÃO POPULAR

A ação popular é um instrumento previsto na CF/88, art.5, LXXIII, trazendo que


“qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”. Na ação popular, como já ficou claro,
qualquer cidadão pode utilizar-se dela referente aos danos ambientais. Possui, assim, uma
legitimidade ativa bastante ampliada, bastando a comprovação de que o autor está em gozo
dos direitos políticos.

e a restauração dos processos ecológicos essenciais (art. 225, § 1º, I)' (AgRg no REsp n. 1.434.797/PR, Rel.
Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 17/5/2016, DJe 7/6/2016)" (STJ, AgInt no AgInt no
AREsp n. 850.994/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe de 19/12/2016.) X -
Ademais, as exceções legais, previstas nos arts. 61-A a 65 do Código Florestal (Lei n. 12.651/2012), não
se aplicam para a pretensão de manutenção de casas de veraneio, como na hipótese. Nesse sentido: STJ, AgInt
nos EDcl no REsp n. 1.447.071/MS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de 2/2/2017;
AgInt nos EDcl no REsp n. 1.468.747/MS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de
6/3/2017; AgRg nos EDcl no REsp n. 1.381.341/MS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
DJe de 25/5/2016. Nesse mesmo sentido também: AgInt no AgInt no AgInt no AREsp n. 747.515/SC, Rel.
Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, julgado em 9/10/2018, DJe 15/10/2018; AgInt no REsp n.
1.419.098/MS, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 15/5/2018, DJe 21/5/2018. [...]
XIII - Agravo interno provido para dar provimento ao recurso especial do ICMBIO a fim de cassar
o acórdão recorrido e determinar a recuperação da área degradada e a indenização dos prejuízos, nos
parâmetros fixados no juízo de liquidação. (AgInt no REsp 1572257 / PR, Agravo Interno no Recurso
Especial 2015/0309092-7, Ministro FRANCISCO FALCÃO (1116) , 2ª turma - STJ, 21/03/2019).
A ação popular já é prevista desde a Constituição de 1934, quando era permitida
por suborno, peita, peculato e concussão, no entanto, não teve grande utilização, pois
vinculava o autor ao pagamento de custas. A previsão da inexistência de custas
processuais ou ônus sucumbenciais foi importante para incentivar a utilização da ação
popular. A ação popular visa anular ato lesivo, portanto, a única possibilidade de pedido é
a anulação de um ato.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A ação civil pública, outro instrumento essencial para a defesa dos direitos difusos e
coletivos, é regulada pela Lei nº 7.347, de 1985, visando defender o meio ambiente, o
consumidor, os bens e interesses de valor paisagístico, histórico, artístico, turístico. A
ACP consagrou o Ministério Público como órgão responsável pela defesa dos direitos
coletivos e também na área cível, tendo um papel importantíssimo para a ACP. A ACP
pode ter pedidos relacionados ao cumprimento de obrigação de fazer, não fazer e/ou
condenação em dinheiro (o STF afirma que não há bis in idem se forem feitos mais de um
pedido em uma única ação).

Podem propor a ACP: MP, Defensoria Pública, União, Estado, Municípios,


autarquia, empresa pública, fundação, sociedade de economia mista e ONGs, constituídas a
pelo menos um ano e que inclua entre as suas finalidades a defesa dos valores a qual se
presta a ACP8.

A ACP inova em dois pontos fundamentais, inicialmente, permite ao MP a


realização de inquérito civil, facilitando a comprovação fática do dano ambiental, e
também estabelece o fundo de defesa dos direitos difusos a ser financiado com as
condenações em dinheiro pelas ACP e constituindo uma renda para a defesa dos direitos

coletivos, auxilia para projetos voltados a defesa desses direitos, com um conselho que irá
gerir o fundo. Outro ponto importante é a possibilidade de um Termo de Ajustamento da
Conduta (TAC), que é permitido aos órgãos responsáveis por propor ACP, em especial o
MP. Ajustamento não significa transigência no cumprimento das obrigações legais, o MP
não pode fazer concessões de direitos. O ajustamento se refere a acordos em que sejam
impostas soluções para que os investigados corrijam sua conduta de acordo com a

8
Esses requisitos das ONGs podem ser desconsiderados pelo Juiz a depender das circunstâncias do caso.
determinação legal. O TAC é permitido antes mesmo do ajuizamento da ação, mas não
transita me julgado, podendo outro órgão prosseguir a ACP. O acordo, antes de assinado
deve ser tornado público para que outras pessoas participem e opinem no TAC.

Havendo desistência de qualquer um dos outros sujeitos que propuserem a ACP, o


MP deve assumir a condição de autor da causa. Além disso, para que haja o arquivamento
de inquérito civil pelo MP, evitando a proposição de uma ACP, deve haver motivação e o
envio para o Conselho Superior do MP.

A ACP, assim como as demais ações ambientais, não faz coisa julgada por falta de
provas, tendo em vista a possibilidade de se conseguir prova determinada situação a longo
praz.

O foro da ACP é o do local onde aconteceu o dano, mas frequentemente há o


deslocamento de danos ambientais para a Justiça Federal. 9

9
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TERMO DE ACORDO DE REGIME ESPECIAL
(TARE). ILEGITIMIDADE ATIVA. MINISTÉRIO PÚBLICO. NATUREZA TRIBUTÁRIA. 1. Ação Civil
Pública proposta pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios em face do distrito Federal e da
empresa Fast &Food Importação, Logística e Distribuição Ltda., objetivando a suspensão da execução do
Termo de Acordo de Regime Especial - TARE - assinado entre os ora recorrentes, do qual resultou
isenção de ICMS, porquanto referido ato estaria causando prejuízo à livre concorrência e ao patrimônio
público. 2. Alforria fiscal indevida é objeto de ação popular, que não se confunde com ação civil pública,
interditando a legitimatio ad causam ativa originária ao Ministério Público, que, in casu, atua como custos
legis, assumindo a demanda, apenas, na hipótese de desistência. 3. Deveras, é cediço na Corte que o
Ministério Público não tem legitimidade para propor ação civil pública com o objetivos tributários, escopo
visado na demanda com pedido pressuposto de nulificação do TARE. Precedentes: AgRg no REsp 710.847/RS,
Rel. Min. Francisco Falcão, DJ 29.08.2005; AgRg no REsp 495.915/MG, Rel. Min. Denise Arruda, DJ de
04/04/2005; RESP 419.298/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 06/12/2004 4. Deveras, a premissa do pedido do
Ministério Público de que a estratégia fiscal, por via oblíqua, atinge os demais contribuintes, revelando interesses
transindividuais violados, é exatamente a que inspirou o legislador a vetar a legitimatio do Parquet com alteração
do parágrafo único do art. 1º da Lei da Ação Civil Pública, que o deslegitima a veicular "pretensões que
envolvam tributos". (Art. 1º § único da Lei 7.347/85, com a redação dada pela Medida Provisória 2.180/2001) 5.
Consectariamente, qualquer ação, ainda que não ostente tipicidade estrita tributária, mas que envolva "pretensão
tributária", consoante dicção legal, torna interditada a legitimatio ad causam do Ministério Público. 6. Outrossim,
restando sub judice ação declaratória de inconstitucionalidade perante a Corte Maior, revela-se precipitado
pretender submetê-la ao crivo incidental e difuso de órgão jurisdicional hierarquicamente subordinado, revelando
notória ausência de interesse recursal. 7. Recursos especiais providos. Decisão Vistos, relatados e discutidos
estes autos, acordam os Ministros da PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos
votos e das notas taquigráficas a seguir, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro José
Delgado, por unanimidade, dar provimento aos recursos especiais, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Teori Albino Zavascki, Denise Arruda e José Delgado (voto-vista) votaram com o Sr. Ministro
Relator. Ausente o Sr. Ministro Francisco Falcão.
Instrumentos AÇÃO POPULAR AÇÃO CIVIL PÚBLICA
Legitimidade Qualquer cidadão MP, Defensoria, Entidades
administrativas (União,
estados, municípios,
autarquia, fundações,
empresas públicas,
sociedades de economia
mista) e ONGs (com mais de
1 ano constituídas e
pertinência temática)
Pedidos Anular ato lesivo Fazer
Não fazer
Indenizar
Previsão Constituição Federal Lei nº 7.347/85

RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA

Como já referido, o processo ambiental adota a teoria menor da desconsideração da


PJ. Na teoria menor não há a necessidade de se comprovar fraude, irregularidade ou desvio do
patrimônio, no direito ambiental basta que a pessoa jurídica seja usada para dificultar o
cumprimento das obrigações decorrentes de determinação de ação ambiental na
reparação do dano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 18. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2010.

QUESTÕES
1. (FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XX - Primeira Fase) - No curso de
obra pública de construção de represa para fins de geração de energia hidrelétrica em rio que
corta dois estados da Federação, a associação privada Sorrio propõe ação civil pública
buscando a reconstituição do ambiente ao status quo anterior ao do início da construção, por
supostos danos ao meio ambiente.
Considerando a hipótese, assinale a afirmativa correta.
A - Caso a associação Sorrio abandone a ação, o Ministério Público ou outro legitimado
assumirá a titularidade ativa.
B - Caso haja inquérito civil público em curso, proposto pelo Ministério Público, a ação civil
pública será suspensa pelo prazo de até 1 (um) ano.
C - Como o bem público objeto da tutela judicial está localizado em mais de um estado da
federação, a legitimidade ativa exclusiva para propositura da ação civil pública é do
Ministério Público Federal.
D - Caso o pedido seja julgado improcedente por insuficiência de provas, não será possível a
propositura de nova demanda com o mesmo pedido.

2. (FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIX - Primeira Fase) - Pedro, em
visita a determinado Município do interior do Estado do Rio de Janeiro, decide pichar e
deteriorar a fachada de uma Igreja local tombada, por seu valor histórico e cultural, pelo
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico-Cultural – INEPAC, autarquia estadual.
Considerando o caso em tela, assinale a afirmativa correta.
A - Pedro será responsabilizado apenas administrativamente, com pena de multa, uma vez que
os bens integrantes do patrimônio cultural brasileiro não se sujeitam, para fins de tutela, ao
regime de responsabilidade civil ambiental, que trata somente do meio ambiente natural.
B - Pedro será responsabilizado administrativa e penalmente, não podendo ser
responsabilizado civilmente, pois o dano, além de não poder ser considerado de natureza
ambiental, não pode ser objeto de simultânea recuperação e indenização.
C - Pedro, por ter causado danos ao meio ambiente cultural, poderá ser responsabilizado
administrativa, penal e civilmente, sendo admissível o manejo de ação civil pública pelo
Ministério Público, demandando a condenação em dinheiro e o cumprimento de obrigação de
fazer.
D - Pedro, além de responder administrativa e penalmente, será solidariamente responsável
com o INEPAC pela recuperação e indenização do dano, sendo certo que ambos responderão
de forma subjetiva, havendo necessidade de inequívoca demonstração de dolo ou culpa por
parte de Pedro e dos servidores públicos responsáveis.

3. (CESPE - 2007 - OAB - Exame de Ordem - 2 - Primeira Fase) - Com relação à


responsabilidade por danos ambientais, assinale a opção correta.
A - A responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente, por ser de natureza
objetiva, exige a caracterização de culpa para efeito de obrigação de reparar os prejuízos
causados.
B - Em razão da necessidade de melhor proteção ao meio ambiente, é objetiva a natureza das
responsabilidades penal e administrativa por danos causados a esse bem jurídico.
C - A responsabilidade civil em matéria ambiental é de caráter objetivo, prescindindo-se, para
sua caracterização, do elemento culpa e do nexo causal entre a conduta e o evento danoso.
D - A natureza objetiva da responsabilidade civil por danos ambientais inspira-se em um
postulado de eqüidade, pois aquele que obtém lucros com uma atividade deve responder por
eventuais prejuízos dela resultantes, independentemente de culpa, sendo igualmente
irrelevante saber se a atividade danosa é lícita ou ilícita.

4. (CESPE - 2011 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal) - Acerca do papel do MP na efetivação


da proteção normativa ao ambiente, assinale a opção correta.
A - Em caso de desistência infundada ou abandono da ação civil pública por associação
legitimada, somente outro ente legitimado poderá assumir a titularidade ativa, cabendo ao
MP, nesse caso, acompanhar a ação na condição de fiscal da lei.
B - Deve o MP acompanhar ação popular ambiental, cabendo-lhe apressar a produção da
prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe
facultado, ainda, em qualquer caso, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.
C - Admite-se o litisconsórcio facultativo entre os MPs da União, do DF e dos estados na ação
civil pública em defesa de interesses e direitos relacionados ao ambiente.
D - A iniciativa do MP de propor ação civil pública ambiental somente pode ocorrer de ofício
ou mediante provocação de servidor público, no cumprimento de dever funcional.
E - Apenas o MP e as associações que tenham a proteção ao meio ambiente entre suas
finalidades institucionais dispõem de legitimidade para ingressar em juízo na defesa de
interesses difusos resultantes de dano ambiental.

5. (NC-UFPR - 2013 - TJ-PR - Juiz) - Considere as seguintes afirmativas sobre a defesa do


meio ambiente em juízo:
1. A ação civil pública, a ação civil de improbidade administrativa, a ação popular e o
mandado de segurança coletivo são instrumentos que podem ser utilizados na defesa do
meio ambiente.
2. Para figurar no polo ativo da ação civil pública em defesa do meio ambiente, não se
exige da associação que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
3. Para propor a ação civil pública, o Ministério Público pode prescindir do inquérito
civil.
4. O julgamento antecipado e de improcedência da ação civil pública não obsta a
propositura de nova ação, com idêntico fundamento, com base em nova prova.
Assinale a alternativa correta.
A - Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
B - Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
C - Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
D - Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.

6. (CESPE - 2018 - PGM - Manaus - AM - Procurador do Município) - Considerando o que


dispõe a CF a respeito da proteção ao meio ambiente, julgue o item subsequente.
Qualquer pessoa é parte legítima para propor ação popular para anular ato lesivo ao meio
ambiente.
( ) Certo
( ) Errado

7. (CESPE - 2016 - PGE-AM - Procurador do Estado) - Acerca de competências ambientais


legislativas, ação popular e espaços territoriais especialmente protegidos, julgue o item a
seguir.
Situação hipotética: Determinado empreendimento obteve licença ambiental do estado X sem
observância das exigências normativas previstas, o que resultou em lesão ao meio ambiente.
Assertiva: Nessa situação, brasileiro naturalizado, residente e eleitor no estado Y, terá
legitimidade para ajuizar ação popular no juízo competente contra o estado X com o objetivo
de anular o ato concessório.
( ) Certo
( ) Errado

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