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NOTA DE AULA 08
TUTELA PROCESSUAL CIVIL E RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA
TUTELA PROCESSUAL
A Lei nº 6.938, Política Nacional do Meio Ambiente, por sua vez, determina que
aquele que ocasionar dano ambiental fica responsável, independente de culpa, por
repará-lo. A PNMA estabelece, a partir de então, a responsabilidade civil objetiva por
dano ambiental. A objetividade da responsabilidade civil, no entanto, não é uma
responsabilização arbitrária, para que ela seja determinada é necessária a comprovação
de um nexo causal existente entre o acontecimento e o dano ambiental.
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Por exemplo, supondo que há um dano ambiental em determinada área de floresta ocasionada pela poluição
advinda de um centro industrial composto por 5 empresas (A,B,C,D e E) próximo à região, todas nas mesmas
condições socioambientais. Todas as 5 empresas têm responsabilidade objetiva sobre o dano causado e são
condenadas a reparar o dano reconstruindo a floresta e pagando o valor de 5.000 reais de indenização. Na
execução, pode-se cobrar tanto a reconstrução como os 5.000 reais de A, como pode-se cobrar a reconstrução de
um quarto da floresta e 1.250 reais de A, de B e de C. Esse mecanismo é importante para assegurar o cumprimento
da obrigação de reparar, dando ao credor a possibilidade de escolher onde cobrar o ressarcimento do dano. Em
hipóteses de falência, por exemplo, opta-se por cobrar da outra empresa que poderá arcar com a quantia
dispendida para a reparação.
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PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL? AÇÃO CIVIL PÚBLICA? DANO AMBIENTAL? CONSTRUÇÃO
DE HIDRELÉTRICA? RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA? ARTS. 3º, INC. IV, E 14, § 1º,
DA LEI 6.398/1981? IRRETROATIVIDADE DA LEI? PREQUESTIONAMENTO AUSENTE: SÚMULA
282/STF? PRESCRIÇÃO? DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO: SÚMULA 284/STF?
INADMISSIBILIDADE. 1. A responsabilidade por danos ambientais é objetiva e, como tal, não exige a
comprovação de culpa, bastando a constatação do dano e do nexo de causalidade. 2. Excetuam-se à regra,
dispensando a prova do nexo de causalidade, a responsabilidade de adquirente de imóvel já danificado
porque, independentemente de ter sido ele ou o dono anterior o real causador dos estragos, imputa-se ao
novo proprietário a responsabilidade pelos danos. Precedentes do STJ. 3. A solidariedade nessa hipótese
decorre da dicção dos arts. 3º, inc. IV, e 14, § 1º, da Lei 6.398/1981 (Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente). 4. Se possível identificar o real causador do desastre ambiental, a ele cabe a responsabilidade
de reparar o dano, ainda que solidariamente com o atual proprietário do imóvel danificado. 5.
Comprovado que a empresa Furnas foi responsável pelo ato lesivo ao meio ambiente a ela cabe a
reparação, apesar de o imóvel já ser de propriedade de outra pessoa jurídica. 6. É inadmissível discutir em
recurso especial questão não decidida pelo Tribunal de origem, pela ausência de prequestionamento. 7. É
deficiente a fundamentação do especial que não demonstra contrariedade ou negativa de vigência a tratado ou lei
federal. 8. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido. Decisão Vistos, relatados e discutidos os
autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de
Justiça "A Turma, por unanimidade, conheceu em parte do recurso e, nessa parte, negou-lhe provimento, nos
termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins, Herman
Benjamin e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora. (REsp 1056540 / GO, Superior
Tribunal de Justiça, 2ª Turma, , 25/08/2009)
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ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL - DIREITO AMBIENTAL- AÇÃO CIVIL PÚBLICA?
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL? IMPRESCRITIBILIDADE DA REPARAÇÃO DO DANO
3) Possibilidade de inversão do ônus da prova4: numa ação judicial civil, é dever
03/12/2014; AgRg no REsp 1.473.025/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe
de 03/12/2014). V. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou orientação no sentido de que
"o princípio da precaução pressupõe a inversão do ônus probatório (AgRg no AREsp 183.202/SP, Rel.
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 10/11/2015, DJe 13/11/2015)" (STJ, AgInt no
AREsp 779.250/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 19/12/2016). Assim,
estando o acórdão recorrido em consonância com a jurisprudência sedimentada nesta Corte, merece ser
mantida a decisão ora agravada, em face do disposto no enunciado da Súmula 568 do STJ. VI. O Tribunal
de origem, à luz do contexto fático-probatório dos autos, concluiu que se trata de "verificação de
cumprimento das obrigações assumidas pela empresa agravante, no trato das questões ambientais, em
decorrência da atividade econômica que explora, decorrendo, logicamente, ônus em demonstrar que o
fornecimento de seus serviços à coletividade encontra-se conforme as obrigações constantes do referido
TAC e demais disposições ambientais". Nesse contexto, considerando a fundamentação adotada na origem, o
acórdão recorrido somente poderia ser modificado mediante o reexame dos aspectos concretos da causa e do
termo de ajustamento de conduta firmado entre as partes, o que é vedado, no âmbito do Recurso Especial, pelas
Súmulas 5 e 7 desta Corte. Precedentes do STJ. VII. O entendimento firmado pelo Tribunal a quo - no sentido de
que, "adotando-se os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, não seria justo onerar o Município de
Bataguassu, diante do fato inconteste de que é a CESP a causadora dos danos ambientais e, sendo a perícia
necessária para aferir a sua extensão e as medidas mitigadoras mais convenientes e oportunas, obrigando-o a
pagar as despesas com esta prova" -, não pode ser revisto, pelo Superior Tribunal de Justiça, em sede de Recurso
Especial, sob pena de ofensa ao comando inscrito na Súmula 7 desta Corte. Precedentes do STJ. VIII. Agravo
interno improvido. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao
agravo interno, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Herman Benjamin (Presidente),
Og Fernandes e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora. Ausente, justificadamente, o
Sr. Ministro Francisco Falcão. (AgInt no AREsp 1151766 / MS, Superior Tribunal de Justiça, 2ª Turma,
21/06/2018)
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A personalidade jurídica é uma ficção que cria um “sujeito jurídico” com direitos e deveres independente do seu
dono ou administrador, como é o caso de empresas, autarquias, entidades públicas, fundações. Dessa forma, as
vontades da empresa, por exemplo, e de seu administrador são tratadas como coisas diferentes, havendo uma
barreira que não permite que um cometa danos ao outro, havendo essa separação inclusive no âmbito
patrimonial, a empresa e o dono possuem diferentes patrimônios. A desconsideração dessa personalidade jurídica
permite que, em casos de prejuízo, a responsabilidade ultrapasse a figura da empresa ou entidade e alcance
também seus donos ou administradores.
uma dificuldade na reparação do dano ocasionada pela pessoa jurídica6.
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DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. INSOLVÊNCIA PROCESSUAL E CONFUSÃO PATRIMONIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA. POSSIBILIDADE. 1. ADESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA DA SOCIEDADE CONSTITUI MEDIDA EXCEPCIONAL, APLICÁVEL SOMENTE NOS
CASOS EM QUE EVIDENCIADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS LEGALMENTE DEFINIDAS. NO DIREITO
POSITIVO, A TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ? DISREGARD
DOCTRINE ? ESTÁ DISCIPLINADA NO ART. 2º DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS, NO
ART. 28 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, NO ART. 4º DA LEI N. 9.605/98 E NO ART. 50
DO CC/02. 2. O ART. 50 DO CÓDIGO CIVIL DISPÕE QUE ?EM CASO DE ABUSO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA, CARACTERIZADO PELO DESVIO DE FINALIDADE, OU PELA
CONFUSÃO PATRIMONIAL, PODE O JUIZ DECIDIR, A REQUERIMENTO DA PARTE, OU DO
MINISTÉRIO PÚBLICO QUANDO LHE COUBER INTERVIR NO PROCESSO, QUE OS EFEITOS
DE CERTAS E DETERMINADAS RELAÇÕES DE OBRIGAÇÕES SEJAM ESTENDIDOS AOS BENS
PARTICULARES DOS ADMINISTRADORES OU SÓCIOS DA EMPRESA JURÍDICA.? 3. NA
HIPÓTESE, ALÉM DA INSOLVÊNCIA PROCESSUAL, CONSTATADA PELA DIFICULDADE DE
SATISFAÇÃO DA DÍVIDA, TAMBÉM HÁ INDICATIVOS DE CONFUSÃO PATRIMONIAL,
DECORRENTE DA ATITUDE DA PRÓPRIA DEVEDORA QUE, PARA GARANTIR A EXECUÇÃO,
TERIA OFERTADO BEM PERTENCENTE A OUTRA PESSOA JURÍDICA, COMPONENTE DO MESMO
GRUPO ECONÔMICO. 4. PRECEDENTE DA CASA: ?NÃO HÁ ÓBICE PARA QUE SE ESTENDAM OS
EFEITOS DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ÀS EMPRESAS
PERTENCENTES AO MESMO GRUPO ECONÔMICO, SOBRETUDO QUANDO FRUSTRADAS AS
INÚMERAS TENTATIVAS DO CREDOR EM RECEBER O QUE LHE É DEVIDO, SENDO A ELAS
GARANTIDA A DEFESA PELOS MEIOS PROCESSUAIS ADEQUADOS.? (ACÓRDÃO N.680334,
20120020027328AGI, RELATOR: ANTONINHO LOPES, 4ª TURMA CÍVEL, DJE: 04/06/2013. PÁG.: 130).
5. ENFIM. A TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA, QUANTO AOS
PRESSUPOSTOS DE SUA INCIDÊNCIA, SUBDIVIDE-SE EM DUAS CATEGORIAS: TEORIA
MAIOR E TEORIA MENOR DA DESCONSIDERAÇÃO (COELHO, FÁBIO ULHÔA. DIREITO
COMERCIAL, VOL 2. SÃO PAULO: SARAIVA). A TEORIA MAIOR NÃO PODE SER APLICADA
COM A MERA DEMONSTRAÇÃO DE ESTAR A PESSOA JURÍDICA INSOLVENTE PARA O
CUMPRIMENTO DE SUAS OBRIGAÇÕES. EXIGE-SE, AQUI, ALÉM DA PROVA DE
INSOLVÊNCIA, A DEMONSTRAÇÃO DE DESVIO DE FINALIDADE OU A DEMONSTRAÇÃO DE
CONFUSÃO PATRIMONIAL. A PROVA DO DESVIO DE FINALIDADE FAZ INCIDIR A TEORIA
(MAIOR) SUBJETIVA DA DESCONSIDERAÇÃO. O DESVIO DE FINALIDADE É
CARACTERIZADO PELO ATO INTENCIONAL DOS SÓCIOS EM FRAUDAR TERCEIROS COM O
USO ABUSIVO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. A DEMONSTRAÇÃO DA CONFUSÃO
PATRIMONIAL, POR SUA VEZ, FAZ INCIDIR A TEORIA (MAIOR) OBJETIVA DA
DESCONSIDERAÇÃO. A CONFUSÃO PATRIMONIAL CARACTERIZA-SE PELA INEXISTÊNCIA,
NO CAMPO DOS FATOS, DE SEPARAÇÃO P ATRIMONIAL DO PATRIMÔNIO DA PESSOA
JURÍDICA E DO DE SEUS SÓCIOS, OU, AINDA, DOS HAVERES DE DIVERSAS PESSOAS
JURÍDICAS. A TEORIA MAIOR DA DESCONSIDERAÇÃO, SEJA A SUBJETIVA, SEJA A
OBJETIVA, CONSTITUI A REGRA GERAL NO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO, POSITIVADA
NO ART. 50 DO CC/02. A TEORIA MENOR DA DESCONSIDERAÇÃO, POR SUA VEZ, PARTE DE
PREMISSAS DISTINTAS DA TEORIA MAIOR: PARA A INCIDÊNCIA DA DESCONSIDERAÇÃO
COM BASE NA TEORIA MENOR, BASTA A PROVA DE INSOLVÊNCIA DA PESSOA JURÍDICA
PARA O PAGAMENTO DE SUAS OBRIGAÇÕES, INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE
DESVIO DE FINALIDADE OU DE CONFUSÃO PATRIMONIAL. PARA ESTA TEORIA, O RISCO
EMPRESARIAL NORMAL ÀS ATIVIDADES ECONÔMICAS NÃO PODE SER SUPORTADO PELO
TERCEIRO QUE CONTRATOU COM A PESSOA JURÍDICA, MAS PELOS SÓCIOS E/OU
ADMINISTRADORES DESTA, AINDA QUE ESTES DEMONSTREM CONDUTA
ADMINISTRATIVA PROBA, ISTO É, MESMO QUE NÃO EXISTA QUALQUER PROVA CAPAZ DE
IDENTIFICAR CONDUTA CULPOSA OU DOLOSA POR PARTE DOS SÓCIOS E/OU
ADMINISTRADORES DA PESSOA JURÍDICA. NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO, A
TEORIA MENOR DA DESCONSIDERAÇÃO FOI ADOTADA EXCEPCIONALMENTE, POR
EXEMPLO, NO DIREITO AMBIENTAL (LEI Nº. 9605/98, ART. 4º) E NO DIREITO DO
CONSUMIDOR (CDC, ART. 28, §§ 2 E 5º). DA EXEGESE DO § 2º DEFLUI, EXPRESSAMENTE, A
POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO, POIS "AS SOCIEDADES INTEGRANTES DOS GRUPOS
SOCIETÁRIOS E AS SOCIEDADES CONTROLADAS, SÃO SUBSIDIARIAMENTE RESPONSÁVEIS
6) Não existe fato consumado no Direito Ambiental: segunda a súmula 613 do
Superior Ttribunal de Justtiça: não se admite a aplicação da teoria do fato
consumado em tema de Direito Ambiental (Súmula 613, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 09/05/2018, DJe 14/05/2018)7.
AÇÃO POPULAR
e a restauração dos processos ecológicos essenciais (art. 225, § 1º, I)' (AgRg no REsp n. 1.434.797/PR, Rel.
Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 17/5/2016, DJe 7/6/2016)" (STJ, AgInt no AgInt no
AREsp n. 850.994/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe de 19/12/2016.) X -
Ademais, as exceções legais, previstas nos arts. 61-A a 65 do Código Florestal (Lei n. 12.651/2012), não
se aplicam para a pretensão de manutenção de casas de veraneio, como na hipótese. Nesse sentido: STJ, AgInt
nos EDcl no REsp n. 1.447.071/MS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de 2/2/2017;
AgInt nos EDcl no REsp n. 1.468.747/MS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de
6/3/2017; AgRg nos EDcl no REsp n. 1.381.341/MS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
DJe de 25/5/2016. Nesse mesmo sentido também: AgInt no AgInt no AgInt no AREsp n. 747.515/SC, Rel.
Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, julgado em 9/10/2018, DJe 15/10/2018; AgInt no REsp n.
1.419.098/MS, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 15/5/2018, DJe 21/5/2018. [...]
XIII - Agravo interno provido para dar provimento ao recurso especial do ICMBIO a fim de cassar
o acórdão recorrido e determinar a recuperação da área degradada e a indenização dos prejuízos, nos
parâmetros fixados no juízo de liquidação. (AgInt no REsp 1572257 / PR, Agravo Interno no Recurso
Especial 2015/0309092-7, Ministro FRANCISCO FALCÃO (1116) , 2ª turma - STJ, 21/03/2019).
A ação popular já é prevista desde a Constituição de 1934, quando era permitida
por suborno, peita, peculato e concussão, no entanto, não teve grande utilização, pois
vinculava o autor ao pagamento de custas. A previsão da inexistência de custas
processuais ou ônus sucumbenciais foi importante para incentivar a utilização da ação
popular. A ação popular visa anular ato lesivo, portanto, a única possibilidade de pedido é
a anulação de um ato.
A ação civil pública, outro instrumento essencial para a defesa dos direitos difusos e
coletivos, é regulada pela Lei nº 7.347, de 1985, visando defender o meio ambiente, o
consumidor, os bens e interesses de valor paisagístico, histórico, artístico, turístico. A
ACP consagrou o Ministério Público como órgão responsável pela defesa dos direitos
coletivos e também na área cível, tendo um papel importantíssimo para a ACP. A ACP
pode ter pedidos relacionados ao cumprimento de obrigação de fazer, não fazer e/ou
condenação em dinheiro (o STF afirma que não há bis in idem se forem feitos mais de um
pedido em uma única ação).
coletivos, auxilia para projetos voltados a defesa desses direitos, com um conselho que irá
gerir o fundo. Outro ponto importante é a possibilidade de um Termo de Ajustamento da
Conduta (TAC), que é permitido aos órgãos responsáveis por propor ACP, em especial o
MP. Ajustamento não significa transigência no cumprimento das obrigações legais, o MP
não pode fazer concessões de direitos. O ajustamento se refere a acordos em que sejam
impostas soluções para que os investigados corrijam sua conduta de acordo com a
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Esses requisitos das ONGs podem ser desconsiderados pelo Juiz a depender das circunstâncias do caso.
determinação legal. O TAC é permitido antes mesmo do ajuizamento da ação, mas não
transita me julgado, podendo outro órgão prosseguir a ACP. O acordo, antes de assinado
deve ser tornado público para que outras pessoas participem e opinem no TAC.
A ACP, assim como as demais ações ambientais, não faz coisa julgada por falta de
provas, tendo em vista a possibilidade de se conseguir prova determinada situação a longo
praz.
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PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TERMO DE ACORDO DE REGIME ESPECIAL
(TARE). ILEGITIMIDADE ATIVA. MINISTÉRIO PÚBLICO. NATUREZA TRIBUTÁRIA. 1. Ação Civil
Pública proposta pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios em face do distrito Federal e da
empresa Fast &Food Importação, Logística e Distribuição Ltda., objetivando a suspensão da execução do
Termo de Acordo de Regime Especial - TARE - assinado entre os ora recorrentes, do qual resultou
isenção de ICMS, porquanto referido ato estaria causando prejuízo à livre concorrência e ao patrimônio
público. 2. Alforria fiscal indevida é objeto de ação popular, que não se confunde com ação civil pública,
interditando a legitimatio ad causam ativa originária ao Ministério Público, que, in casu, atua como custos
legis, assumindo a demanda, apenas, na hipótese de desistência. 3. Deveras, é cediço na Corte que o
Ministério Público não tem legitimidade para propor ação civil pública com o objetivos tributários, escopo
visado na demanda com pedido pressuposto de nulificação do TARE. Precedentes: AgRg no REsp 710.847/RS,
Rel. Min. Francisco Falcão, DJ 29.08.2005; AgRg no REsp 495.915/MG, Rel. Min. Denise Arruda, DJ de
04/04/2005; RESP 419.298/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 06/12/2004 4. Deveras, a premissa do pedido do
Ministério Público de que a estratégia fiscal, por via oblíqua, atinge os demais contribuintes, revelando interesses
transindividuais violados, é exatamente a que inspirou o legislador a vetar a legitimatio do Parquet com alteração
do parágrafo único do art. 1º da Lei da Ação Civil Pública, que o deslegitima a veicular "pretensões que
envolvam tributos". (Art. 1º § único da Lei 7.347/85, com a redação dada pela Medida Provisória 2.180/2001) 5.
Consectariamente, qualquer ação, ainda que não ostente tipicidade estrita tributária, mas que envolva "pretensão
tributária", consoante dicção legal, torna interditada a legitimatio ad causam do Ministério Público. 6. Outrossim,
restando sub judice ação declaratória de inconstitucionalidade perante a Corte Maior, revela-se precipitado
pretender submetê-la ao crivo incidental e difuso de órgão jurisdicional hierarquicamente subordinado, revelando
notória ausência de interesse recursal. 7. Recursos especiais providos. Decisão Vistos, relatados e discutidos
estes autos, acordam os Ministros da PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos
votos e das notas taquigráficas a seguir, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro José
Delgado, por unanimidade, dar provimento aos recursos especiais, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Teori Albino Zavascki, Denise Arruda e José Delgado (voto-vista) votaram com o Sr. Ministro
Relator. Ausente o Sr. Ministro Francisco Falcão.
Instrumentos AÇÃO POPULAR AÇÃO CIVIL PÚBLICA
Legitimidade Qualquer cidadão MP, Defensoria, Entidades
administrativas (União,
estados, municípios,
autarquia, fundações,
empresas públicas,
sociedades de economia
mista) e ONGs (com mais de
1 ano constituídas e
pertinência temática)
Pedidos Anular ato lesivo Fazer
Não fazer
Indenizar
Previsão Constituição Federal Lei nº 7.347/85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 18. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2010.
QUESTÕES
1. (FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XX - Primeira Fase) - No curso de
obra pública de construção de represa para fins de geração de energia hidrelétrica em rio que
corta dois estados da Federação, a associação privada Sorrio propõe ação civil pública
buscando a reconstituição do ambiente ao status quo anterior ao do início da construção, por
supostos danos ao meio ambiente.
Considerando a hipótese, assinale a afirmativa correta.
A - Caso a associação Sorrio abandone a ação, o Ministério Público ou outro legitimado
assumirá a titularidade ativa.
B - Caso haja inquérito civil público em curso, proposto pelo Ministério Público, a ação civil
pública será suspensa pelo prazo de até 1 (um) ano.
C - Como o bem público objeto da tutela judicial está localizado em mais de um estado da
federação, a legitimidade ativa exclusiva para propositura da ação civil pública é do
Ministério Público Federal.
D - Caso o pedido seja julgado improcedente por insuficiência de provas, não será possível a
propositura de nova demanda com o mesmo pedido.
2. (FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIX - Primeira Fase) - Pedro, em
visita a determinado Município do interior do Estado do Rio de Janeiro, decide pichar e
deteriorar a fachada de uma Igreja local tombada, por seu valor histórico e cultural, pelo
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico-Cultural – INEPAC, autarquia estadual.
Considerando o caso em tela, assinale a afirmativa correta.
A - Pedro será responsabilizado apenas administrativamente, com pena de multa, uma vez que
os bens integrantes do patrimônio cultural brasileiro não se sujeitam, para fins de tutela, ao
regime de responsabilidade civil ambiental, que trata somente do meio ambiente natural.
B - Pedro será responsabilizado administrativa e penalmente, não podendo ser
responsabilizado civilmente, pois o dano, além de não poder ser considerado de natureza
ambiental, não pode ser objeto de simultânea recuperação e indenização.
C - Pedro, por ter causado danos ao meio ambiente cultural, poderá ser responsabilizado
administrativa, penal e civilmente, sendo admissível o manejo de ação civil pública pelo
Ministério Público, demandando a condenação em dinheiro e o cumprimento de obrigação de
fazer.
D - Pedro, além de responder administrativa e penalmente, será solidariamente responsável
com o INEPAC pela recuperação e indenização do dano, sendo certo que ambos responderão
de forma subjetiva, havendo necessidade de inequívoca demonstração de dolo ou culpa por
parte de Pedro e dos servidores públicos responsáveis.