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Breves comentários sobre a ética

argumentativa hoppeana
Hans-Hermann Hoppe se propõe a demonstrar a validade da lei de propriedade
privada, isto é, da ética libertária, em seus livros “Uma Teoria do Socialismo e do
Capitalismo”, “Economics and Ethics of Private Property”, além de em seus artigos e
palestras. Segundo seu argumento, o reconhecimento mútuo da autopropriedade (o
direito de controle exclusivo sobre o próprio corpo) é uma condição praxeológica
necessária para a possibilidade da realização da atividade argumentativa. Dessa forma,
qualquer tentativa de argumentar em favor de qualquer tipo de agressão implicaria numa
contradição performativa (na contradição performativa, o conteúdo da asserção
afirmada contradiz alguma condição pressuposta para que essa asserção pudesse ser
afirmada), uma vez que a condição para se estar argumentando em favor da violação do
direito de propriedade é o próprio reconhecimento desse direito como válido. Seguem
abaixo alguns trechos do Hoppe sobre sua ideia.

Eu demonstro que apenas a ética libertária de propriedade privada pode


ser justificada argumentativamente, uma vez que ela é a pressuposição
praxeológica para a argumentação; e que qualquer proposta ética
desviadora não-libertária pode ser mostrada estar em violação com essa
preferência. Tal proposta pode ser feita, claro, mas seu conteúdo
proposicional iria contradizer a ética pela qual cada um aceitou
preferência em virtude do próprio ato de fazer proposições, isto é, pelo
ato de entrar em uma argumentação. [1]

É este reconhecimento mútuo do controle exclusivo sobre seus


respectivos corpos, pressuposto por toda argumentação, que explica a
característica única da comunicação verbal de que ainda que os indivíduos
discordem do que está sendo dito, ainda é possível concordar, pelo menos,
que há discordância entre as partes. [2]

A estrutura do argumento é: (a) justificação é justificação proposicional


– declaração verdadeira a priori; (b) argumentação pressupõe auto
propriedade e o princípio de homestead – declaração verdadeira a priori; e
(c) então, nenhum desvio desta ética pode ser argumentativamente
justificado – declaração verdadeira a priori. [3]

Claramente, portanto, o princípio da universalização por si só não


forneceria qualquer conjunto positivo de normas que pudesse ser
demonstrada como justificada. No entanto, há outras normas positivas
contidas na argumentação, além do princípio da universalização. A fim de
reconhecê-las, é necessário apenas chamar a atenção para três fatos
relacionados. Primeiro que a argumentação não é somente uma questão
cognitiva, mas também prática. Segundo, que a argumentação, como uma
forma de ação, inclui o uso do recurso escasso do corpo de alguém. E
terceiro, que a argumentação é uma forma de interação livre de conflito.
Não no sentido de que há sempre concordância sobre o que foi dito, mas
no sentido de que uma vez que a argumentação está em desenvolvimento é
sempre possível concordar pelo menos com o fato de que há uma
discordância sobre a validade do que foi dito. E dizer isto não é nada
mais do que um reconhecimento mútuo de que o controle exclusivo
de cada pessoa sobre o seu próprio corpo deve estar pressuposto
enquanto houver argumentação (observe novamente que é
impossível negar este fato e afirmar que sua negação seja
verdadeira sem ter que implicitamente admitir a sua verdade). [4]

Consequentemente, teríamos que concluir que a norma contida na


argumentação é que todo mundo tem o direito de controle exclusivo sobre
o seu próprio corpo como seu instrumento de ação e cognição. Somente
se houver pelo menos um reconhecimento implícito do direito de
cada indivíduo sobre a propriedade de seu próprio corpo é que pode
haver argumentação. […]

Portanto, pode-se afirmar que toda vez que uma pessoa alega que
alguma afirmação pode ser justificada ela considera, pelo menos
implicitamente, a norma seguinte para ser justificada: “Ninguém tem o
direito de agredir o corpo de outra pessoa sem permissão e dessa
forma delimitar ou restringir o controle de outrem sobre o seu
próprio corpo”. Esta regra está contida no conceito de justificação
enquanto justificação argumentativa. Justificar significa justificar sem ter
que depender de coerção. [5]

Hoppe também argumenta a favor do homesteading lockeano, segundo o qual


os indivíduos tornam-se proprietários de recursos escassos ao se apropriarem
originalmente deles, isto é, ao ‘misturarem seu trabalho’ a ele, de maneira a atribuir a ele
uma extensão da sua autopropriedade, o que criaria um vínculo objetivo indireto entre o
recurso e o indivíduo (indireto porque o corpo do indivíduo foi o primeiro recurso a ser
usado [como meio, para se apropriar de outro recurso]). Além disso, poder-se-ia se
apropriar de um recurso já apropriado por outro indivíduo caso este desejasse realizar
uma troca voluntária, mas isso foge do escopo desta discussão.[6] Como dito,
o homesteading se daria devido ao fato de o sujeito estender parte de sua
personalidade ao objeto em questão, de maneira a vinculá-lo consigo. Isto só seria
possível porque o indivíduo já teria o direito de controle exclusivo sobre o próprio
corpo, o qual seria demonstrado válido durante atividade argumentativa.

Uma vez que o reconhecimento mútuo do direito de controle exclusivo sobre o


próprio corpo é uma condição praxeológica necessária para a atividade argumentativa,
esta defesa da ética seria transcendental, já que para negá-la, seria necessário assumi-la
como correta, o que seria contraditório, como afirmar que se está morto (é necessário
pressupor que se está vivo para afirmar que se está morto, uma vez que se fosse
assumido estar morto, o indivíduo sequer agiria). Não entrarei no mérito da questão
sobre esse reconhecimento do direito ser ou não ser um requisito para a ação
argumentativa, pois este não é o ponto, no momento. Assumirei que sim, tal
reconhecimento é conditio sine qua non da atividade argumentativa, para os devidos
fins. Isto é, é condição constitutiva da ação argumentativa o reconhecimento, por todas
as partes participantes na argumentação, da norma segundo a qual os indivíduos têm o
direito de controle exclusivo sobre os próprios corpos, ou seja, o direito de decisão
última sobre os recursos escassos usados primariamente para proporem suas ideias na
argumentação.

No entanto, até agora só podemos concluir exatamente o que foi dito e nada mais:
que o reconhecimento de uma tal norma é condição necessária para a atividade
argumentativa. Disso não se segue, porém, que tal norma é, de fato, válida. Quero dizer,
verificar que é praxeologicamente necessário pressupor uma determinada norma como
válida (isto é, como correta, verdadeira, legítima, deontologicamente justa) para realizar
a ação argumentativa não é suficiente nem necessário para concluir que tal norma é, de
fato, válida.

Tenho total ciência de que não se pode argumentar contra a validade da norma
sem entrar numa contradição performativa, porém, tal contradição demonstra apenas
uma incompatibilidade entre o que está sendo proposto e uma preferência subjetiva,
contingente, do sujeito argumentador. Nada disso tem a ver com o valor verdade do que
está sendo proposto, o que demonstrarei na formalização abaixo. Em suma, caso a ação
do indivíduo requira que ele aceite X como válido e, na ação, ele escolha julgar X como
inválido, então houve uma contradição – não como as contradições da lógica formal, na
qual duas afirmações autoexcludentes são afirmadas válidas ou inválidas
simultaneamente, violando o princípio de não contradição (⊢¬(p∧¬p)), mas sim uma
contradição performativa, prática, em que o conteúdo da ação é conflitante com uma
preferência que o indivíduo precisou fazer para agir de tal forma.
Nas contradições da lógica proposicional, o resultado é sempre falso, o que é
facilmente verificável numa tabela verdade, por mais que não seja necessário, uma vez
que proposições contraditórias são falsas por definição. Tem-se duas proposições,
ambas as quais não podem ser verdadeiras simultaneamente, nem falsas ao mesmo
tempo. Se uma delas é verdadeira, a outra precisa, necessariamente, ser falsa, pois, do
contrário, todo o alicerce da lógica formal estaria destruído. Isso é o mesmo que dizer
que há uma relação de disjunção exclusiva entre elas, pois ou uma é verdadeira, ou a
outra é verdadeira (se uma é verdadeira, a outra é “excluída” de poder conter este valor
verdade, por isso disjunção “exclusiva”). Kant fala sobre a existência de juízos
disjuntivos, na Analítica Transcendental, em seu livro Crítica da Razão Pura. Segundo
ele, o juízo disjuntivo encerra uma relação de duas ou mais proposições, porquanto a
esfera de uma exclui a da outra, isto é, se se exclui conhecimento de uma, então
necessariamente se adiciona à outra, e se se adiciona conhecimento a uma, então se
exclui da outra. Há, pois, num juízo disjuntivo, certa comunidade de conhecimentos, que
consiste em se excluírem reciprocamente, constituindo no todo o conteúdo de um só
conhecimento dado.[7]

Se uma proposição p afirma que um pentágono possui apótema e outra


proposição q afirma que pentágonos não possuem apótema, então é necessário que o
valor verdade de uma proposição seja diferente do da outra, pois ambas são
mutuamente excludentes, impossíveis de serem ou ambas verdadeiras ou ambas falsas, já
que se pentágonos não possuem apótema, então não há como haver um pentágono que
o possua, e se pentágonos possuem apótema, então não pode existir um que não o
possua. Portanto, afirmar ambas as proposições (um pentágono possui e não possui um
apótema) é o mesmo que afirmar a conjunção das duas (p∧q), o que é incorrer numa
contradição, uma vez que uma é a negação da outra (p∧¬p), e uma proposição
contraditória é falsa por definição. Formalizando, ((p∧q)↔(p∧¬p)⊢⊥).

No entanto, em se tratando de uma contradição performativa, não temos mais


duas proposições, como na lógica formal. Temos, agora, uma proposição e uma
condição pressuposta, de maneira que quando uma entra em conflito com outra, a
contradição prática se dá. Assim, se eu pressuponho que tenho direito de
autopropriedade, bem como meu interlocutor, e afirmo, numa argumentação, que não há
problema em agredir pessoas, ocorre aí uma contradição performativa, uma vez que o
conteúdo da minha asserção (a permissividade da agressão) contradiz um pressuposto
que eu escolhi assumir ao argumentar (a pressuposição da validade da norma de
propriedade). Porém, se tentarmos formalizar esta contradição, ver-nos-emos presos em
um problema. Se r é o reconhecimento da norma de propriedade como válida (o que
pode ser “convertido” para a proposição “eu reconheço a norma de autopropriedade
como válida”) e s é a afirmação de que é permitido agredir, então se ocorre uma
contradição performativa, ou r ou s está errado, enquanto o que restar está correto.

r:= “Eu reconheço a norma de autopropriedade como válida”


s:= “É permitido agredir”

Dada a contradição performativa, tem-se que (r ⊻ ¬s) ↔ (¬r ⊻ s).

Se há uma disjunção exclusiva (operador XOR, para quem está familiarizado com
programação) entre ambas as proposições, então é necessário que uma seja verdadeira
enquanto a outra seja falsa. Não há como ambas serem verdadeiras nem ambas serem
falsas, pois o valor-verdade de ambas deve ser diferente, dada a própria natureza do
operador lógico. É a violação disto o que caracteriza uma contradição. Dessa forma,
caso tal contradição fosse logicamente válida, chegaríamos à conclusão de que ou eu
reconheço a norma de autopropriedade como válida, ou é permitido agredir.
Porém, se isso fosse verdade, então seguiria, logicamente, que se eu não reconhecer a
norma de autopropriedade como válida (¬r), então é permitido agredir (s). Já ouvi alguns
libertários dizerem que isto está correto (que não há obrigação em seguir a ética a não
ser que se demonstre preferência em segui-la [o que seria um imperativo hipotético], e
que isso seria amparado com o fato de que não seria possível argumentar que tal
agressão é válida, ou que uma punição não seria justificável [vide princípio de
estoppel]). Porém, como o Hoppe não admite isso, não assumirei isso como fazendo
parte de sua teoria. Quero apenas que repare que o que está em jogo são as
proposições “eu reconheço a norma de autopropriedade como válida” e “é
permitido agredir“, de maneira que a única que tem relação com a validade da norma é
a segunda, uma vez que a primeira diz respeito a um estado de reconhecimento subjetivo
do indivíduo. É o valor verdade da segunda proposição que nos dirá se a norma de
propriedade é válida ou não. Se a segunda proposição for verdadeira, então a norma de
propriedade é inválida, pois é permitido infringi-la (o que não deve acontecer em uma
ética deontológica). Já a primeira proposição, ela só nos pode oferecer informações
acerca do que o indivíduo reconhece como verdadeiro, o que é algo contingente, pois
ele poderia simplesmente não reconhecer a norma como válida, como quando o faz
numa agressão.

O que quero dizer é que na disjunção exclusiva entre o reconhecimento da norma


e a validade da norma em si, um dos termos é absolutamente contingente (o
reconhecimento da norma). Isso quer dizer que tal norma pode ser reconhecida ou não,
o que é analítico, pois a própria norma pressupõe poder não ser seguida (do contrário,
seria um juízo descritivo, não normativo). Porém, quando um lado da disjunção é
verdadeiro, o outro precisa ser falso, e vice-versa. Assim, o valor verdade de “é
permitido agredir” fica totalmente dependente do valor verdade de “reconheço a
norma de autopropriedade como válida“, e vice-versa, o que é absurdo, uma vez que
esta proposição é contingente e totalmente subordinada aos juízos de valor do indivíduo.
Afirmar a validade de tal disjunção, isto é, afirmar a validade epistêmica/lógica da
contradição performativa, é o mesmo que dizer que não é permitido agredir caso você
não queira agredir, e só é permitido agredir caso você queria agredir, o que é uma
aberração ética.

Isso mostra a invalidade lógica da contradição performativa, que, diferentemente


da contradição comum da lógica formal, apenas demonstra uma incompatibilidade entre
uma preferência do indivíduo e o conteúdo de uma proposição, cuja pressuposição é a
dita preferência. Não se pode afirmar que a proposição que um indivíduo que entra em
contradição performativa afirma é falsa apenas por conta da contradição performativa
em si. Não há informação suficiente para se concluir isso, uma vez que a contradição
performativa nada tem a ver com o valor verdade da proposição exposta, mas sim com
a relação harmoniosa ou desarmoniosa entre a proposição feita e algo pressuposto para
que tal proposição pudesse ser feita. Da mesma forma, o fato de o sujeito reconhecer
uma norma como válida não faz com que ela seja válida, ainda que tal reconhecimento
seja condição necessária para uma determinada atividade.

Saindo da formalidade, darei alguns exemplos complementares. Não são


suficientes nem necessários para meu argumento, uma vez que toda analogia tem
imperfeições. São apenas exposições mais ‘reais’ do que estou querendo expor, para
elucidar melhor as ideias propostas. Assim, ainda que um exemplo possa não ser
adequado, isso não refuta o que foi dito até agora, pois o exemplo não faz parte do
argumento, da mesma forma que o desenho de um círculo não é um círculo real, pois
este é impossível de existir na realidade, apesar de sua representação ser útil para nos
fazer compreender suas propriedades.

Exemplo 1: Suponha que um ladrão X roube um carro e ande com ele pela
cidade. O ladrão deseja ir para outra cidade, cujo acesso só pode ser feito por uma
ponte. Esta ponte, porém, está interditada pela polícia, que realiza uma blitz em busca de
um outro ladrão, Y, que também roubou um carro. Ambos os ladrões não se conhecem
e não têm nenhuma relação entre si. O ladrão X, então, arrisca passar pela ponte
com blitz. O policial o vê passar, pede para ele diminuir a velocidade, parar e mostrar a
carteira de habilitação. O ladrão X, então, mostra seus documentos, e o policial o libera
para passar na ponte. Dessa forma, o ladrão X atingiu seu objetivo de chegar à outra
cidade.

Perceba que neste exemplo, o policial precisou reconhecer que o ladrão X tinha o
direito de usar aquele carro para que ele pudesse atravessar a ponte. Caso o policial não
reconhecesse que o ladrão tinha o direito de usar o carro, então ele seria detido, e sua
finalidade não seria atingida. Em outras palavras, o reconhecimento, por parte do
policial, do direito que X tem de dirigir o carro é condição necessária para que a ação de
X atingisse o fim. Entretanto, o ladrão X não tinha esse direito, uma vez que o carro é
roubado. Dessa forma, tem-se uma situação em que o reconhecimento de um direito é
necessário para que uma ação se dê, o que não tem nada a ver com a validade do direito
em si, uma vez que o policial reconheceu um direito que não existe, que não é válido.

Exemplo 2: Suponha que existem dois indivíduos com um certo nível de surdez, e
ambos roubam aparelhos auditivos, sem o quais eles não conseguem ouvir. Eles
começam, então, a argumentar entre si. Devido aos reconhecimentos implícitos no a
priori da argumentação, o direito de controle exclusivo sobre seus próprios corpos, bem
como os meios usados para a argumentação, é pressuposto na atividade argumentativa.
Ambos reconhecem mutuamente que têm o direito de usar aquele aparelho, o que é
condição necessária para que aquela argumentação ocorra. (Sim, eu sei que é possível
argumentar usando outros meios, mas a finalidade dos indivíduos em questão é
argumentar falando).

Eu poderia alongar o exemplo e dizer que ambos são cegos e não podem se
comunicar por tato, mas isso ficaria tosco demais, mais do que já está. Entretanto,
nenhum dos dois tem o direito de controlar aquele recurso. Neste caso, ainda que o
reconhecimento do direito de uso de tais recursos seja necessário para que a atividade
argumentativa se dê nessa instância, não se pode concluir nada disso sobre a natureza de
tal direito (não dá para saber se o direito é válido ou não apenas pelo fato de ele precisar
ser reconhecido).

Exemplo 3 (variação do exemplo acima): Dois indivíduos roubam


computadores/telefones/celulares/papel e caneta/invadem contas de e-mail/etc., e usam
tais recursos de maneira ilegítima para argumentar entre si, seja através de um software
de comunicação no computador roubado, por Whatsappp no celular roubado, ou
usando indevidamente contas de e-mail de terceiros (o que é antiético, pois viola o
contrato assinado com o site ao fazer o login). Dessa maneira, cada um reconhece que o
outro tem autonomia para usar seu próprio corpo e os recursos necessários para
proporem suas proposições e argumentar. O problema, neste caso, é que ambos os
indivíduos não possuem tais direitos, ainda que a pressuposição destes como válido seja
condição necessária para que a argumentação se dê. Trata-se de um reconhecimento
necessário de uma norma que não tem relação com a validade da norma em si.

Termino este texto me posicionando contra a possível conclusão tomada a partir


da ética argumentativa de que a lei de propriedade privada é válida. Entenda, eu não
estou dizendo que a lei de propriedade é inválida; estou apenas dizendo que os métodos
apresentados por Hoppe não são suficientes para demonstrá-la válida. Seriam,
entretanto, suficientes para demonstrar que um indivíduo não consegue argumentar, sem
entrar em contradição performativa, a favor da violação de propriedade privada, que é
justamente a norma assumida válida como condição para se poder argumentar. A
contradição performativa, entretanto, também não é suficiente para nos predizer sobre o
valor verdade da asserção que entrou em contradição com a pressuposição feita pelo
sujeito que a proferiu. Não se deve considerar a contradição performativa como uma
contradição formal, pois ambas tratam entidades distintas (esta trata apenas de
proposições, enquanto aquela trata de proposições e pressuposições, estados de
posicionamento subjetivos).

Referências:

[1] Trecho original: “I demonstrate that only the libertarian private property ethic can be
justified argumentatively, because it is the praxeological presupposition of argumentation
as such; and that any deviating, nonlibertarian ethical proposal can be shown to be in
violation of this demonstrated preference. Such a proposal can be made, of course, but
its propositional content would contradict the ethic for which one demonstrated a
preference by virtue of one’s own act of proposition-making, i.e., by the act of engaging
in argumentation as such.”, Hoppe, Hans-Hermann, “Economics and Ethics of Private
Property“, (Ludwig von Mises Institute, Alabama, 2006), pg. 341
[2] Trecho original: “It is this recognition of each other’s mutually exclusive control over
one’s own body which explains the distinctive character of propositional exchanges that,
while one may disagree about what has been said, it is still possible to agree at least on
the fact that there is disagreement.“, Ibid, pg. 342
[3] Trecho original: “The structure of the argument is this: (a) justification is propositional
justification—a priori true is-statement; (b) argumentation presupposes property in one’s
body and the homesteading principle—a priori true is-statement; and (c) then, no
deviation from this ethic can be argumentatively justified—a priori true is-statement.”,
Ibid, pg. 345
[4] Hoppe, Hans-Hermann, “Uma Teoria do Socialismo e do Capitalismo“, (Instituto
Ludwig von Mises Brasil, São Paulo, 2013), 2ª edição, pg. 128
[5] Ibid, pg. 129
[6] Ibid, pg. 131
[7] Kant, Immanuel, “Crítica da Razão Pura”, (Fundação Calouste Gulbenkian, 2001),
5ª edição, pg. 132

“And that is that. The ethics of argumentation stands unimpaired.”

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