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Objetivos
1. Descrever a síndrome congênita associada ao Zica vírus associada a
microcefalia. (Artrogripose, hérnia umbilical, sinal de cano de chumbo).
2. Discutir agenesia incompleta do corpo caloso.
3. Identificar os achados dos exames complementares na SCVZ. (RMN)
4. Revisar a AIMS.
5. Discutir avaliação fisioterapeutica na SCVZ.
6. Discutir os possíveis tratamentos para João. (Ecoterapia e Shantala)
O zika vírus foi identificado pela primeira vez em 1947 em macacos, quando
pesquisadores da época investigação o vírus da febre amarela na floresta em
Uganda. As primeiras infecções em humanos aconteceram na África e Ásia,
chegando as Américas em 2014 quando foi descobertos casos no Chile e
posteriormente no Brasil em abril de 2015, o vírus Zika (ZIKV) foi identificado como o
agente etiológico de doença exantemática aguda no Brasil e, a partir de outubro do
mesmo ano, neuropediatras do Recife (Pernambuco) deram o sinal de alerta sobre
uma epidemia de microcefalia com alterações radiológicas peculiares, sugestivas de
infecção congênita (calcificações, ventriculomegalia e desordem do desenvolvimento
cortical), tendo sido afastadas as principais causas de infecção congênita que
cursam com calcificações cerebrais (citomegalovírus e toxoplasmose), assim como
outras causas genéticas ou ambientais.
Microcefalia não é uma doença em si, mas um sinal de destruição ou déficit do
crescimento cerebral, podendo ser classificada como primária (de origem genética,
cromossômica ou ambiental, incluindo infecções) ou secundária, quando resultante
de evento danoso que atingiu o cérebro em crescimento, no fim da gestação ou no
período peri e pós-natal. As sequelas da microcefalia vão depender de sua etiologia
e da idade em que ocorreu o evento, sendo que, quanto mais precoce a afecção,
mais graves serão as anomalias do sistema nervoso central (SNC). No caso da
síndrome da Zika congênita, parecem ocorrer alterações cerebrais também nos
segundo e terceiro trimestres da gestação. A microcefalia congênita pode cursar
diversas alterações, sendo as mais frequentes a deficiência intelectual, paralisia
cerebral, epilepsia, dificuldade de deglutição, anomalias dos sistemas visual e
auditivo, além de distúrbio do comportamento (TDAH e autismo).
Ao exame físico dos recém-nascidos com síndrome da infecção congênita pelo
ZIKV, chama atenção a microcefalia, geralmente grave, com importante
desproporção craniofacial. Outras dismorfias, como acentuada protuberância óssea
occipital, fontanelas fechadas ao nascer, excesso de pele e/ou dobras de pele no
escalpo, além de hérnia umbilical são frequentemente observadas.
Entre as anormalidades neurológicas observadas destacam-se a hipertonia global
grave com hiper-reflexia, irritabilidade, hiperexcitabilidade, choro excessivo, distúrbio
de deglutição, além de respostas auditivas e visuais comprometidas. Algumas
crianças apresentam crises convulsivas já no período neonatal, e observou-se um
aumento da frequência destas crises durante o seguimento, sendo a ocorrência de
crises epilépticas mais evidentes a partir dos três meses de idade e os espasmos
epilépticos o tipo mais comum.
Os exames de imagem do SNC (ultrassonografia transfontanela, tomografia e
ressonância magnética) passaram a definir essa nova síndrome, com características
distintas das observadas em recém-nascidos com microcefalia provocada por outras
infecções congênitas, mostrando marcantes calcificações difusas, puntiformes e
predominando na junção córtico-subcortical, podendo estar presente ainda no
tronco, núcleos da base e região periventricular. Outros achados incluem
comprometimento do padrão de migração neuronal, além de dilatação ventricular,
atrofia cortical, atrofia de tronco ou cerebelo e disgenesias do corpo caloso. A
análise do eletroencefalograma evidencia anormalidades de natureza não
epileptiforme inespecíficas, mas também variáveis anormalidades epileptiformes
(focais, multifocal ou generalizada, podendo evoluir para o padrão hipsarrítmico),
devendo fazer parte do protocolo de seguimento dessas crianças.
Numa frequência menor de pacientes foram identificadas deformidades ósseas, em
especial a artrogripose (contraturas congênitas) e pés tortos congênitos.
Anormalidades oculares já foram documentadas nessa população, sendo descritos
casos de atrofia macular, além de nistagmo horizontal, alteração na retina, no nervo
óptico.
Agenesia Incompleta do Corpo Caloso
Estas alterações são encontradas em três de 1000 crianças nascidas vivas. Sendo
mais comum sua forma na condição isolada, também é encontrada em associações,
com cerca de 25 síndromes genéticas, incluindo a malformação Arnold Chiari,
síndrome de Dandy-Walker, síndrome Andermann, esquizencefalia (profundas
divisões no tecido cerebral).
ACC também pode estar associada com outras partes malformadas do corpo como
defeitos na linha média facial e as do telencéfalo, haja vista serem formados no
mesmo período do desenvolvimento, sugerindo que estas alterações estão
relacionadas com a mesma embriogênese.
Quando o corpo caloso se apresenta em total ausência, os axônios (sinais) que iriam
atravessar o plano mediano convergem novamente ao hemisfério de onde vieram e
correm paralelamente a este formando feixes de calosidade longitudinais dando aos
ventrículos uma forma crescente mais pronunciada formando uma coleção líquida,
(podendo haver dilatação) geralmente conhecida como cistohemisférico. Este
fenômeno chama-se de colpocefalia.
Não há tratamento de cura para agenesia do corpo caloso, mas, no entanto, são
realizados tratamentos para os sintomas que causam nos indivíduos que são seus
portadores. Sendo estes de acordo com as necessidades de cada um, em que grau
o corpo caloso está comprometido e quais as comorbiodades se associaram. Em
casos mais extremos o corpo caloso do paciente pode ser seccionado como medida
terapêutica podendo recuperar em muito a coordenação hemisférica, mas essa pode
ser muito demorada.
A escala Alberta Infant Motor Scale (AIMS) foi construída e validada na Universidade
de Alberta, no Canadá, especificamente no departamento de Medicina e
Reabilitação por Piper e Darrah, com o objetivo de avaliar o desenvolvimento motor
grosso de crianças.
A Alberta Infant Motor Scale (AIMS) é uma escala que se propõe a avaliar e
monitorar o desenvolvimento motor amplo de lactentes por meio da observação da
atividade motora espontânea, desde o nascimento até os 18 meses de vida ou até a
aquisição da marcha independente. Sua amostra normativa foi constituída de uma
coorte de 2.202 lactentes, representativos de todas as crianças nascidas em Alberta,
Canadá, entre março de 1990 e junho de 1992.
Amplamente utilizada para documentar o desenvolvimento de aquisições motoras
grossas e identificar atraso no desenvolvimento motor dos recém-nascidos a termo e
pré-termos. Sendo indicada para acompanhar o desenvolvimento de crianças com
suspeitas de atraso motor, bem como para avaliar a eficácia de programas de
intervenção precoce.
O instrumento criado por essas duas fisioterapeutas canadenses (AIMS) é
considerado uma medida observacional do desempenho motor infantil que aborda
conceitos do desenvolvimento motor como: neuromaturação, perspectiva da
dinâmica motora e avaliação da sequência do desenvolvimento motor. Os padrões
motores e as posturas são analisados usando-se três critérios: alinhamento postural,
movimentos antigravitacionais e superfície de contato.
A AIMS é um protocolo de avaliação que tem sido muito utilizado em vários estudos
em nosso país, por ser considerado útil prático e de baixo custo na avaliação do
desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes prematuros nos programas de
seguimento na rede pública brasileira. No entanto, faz-se necessário verificar suas
propriedades psicométricas, pois níveis satisfatórios de validade e confiabilidade de
um instrumento de avaliação não são garantidos quando ele é utilizado em uma
população culturalmente diferente daquela para o qual fora desenvolvido.
Tratamento
O tratamento adequado para pacientes com SCZV será realizado de acordo com as
limitações que cada paciente apresentar. O paciente do problema, João, não rola,
não senta e não anda evidenciando atraso no desenvolvimento motor podendo
ser feito estimulação sensório-motora. João apresenta artrogripose em algumas
articulações, podendo ser utilizado a imersão em agua morna associada a
cinesioterapia para auxiliar no ganho de ADM dessas articulações. Outro tratamento
que foi discutido foi a ecoterapia ,que segundo a associação de ecoterapia (ANDE),
é um método terapêutico educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem
interdisciplinar, nas áreas da saúde, educação e equitação, buscando
desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências e/ou necessidades
especiais. Esta terapia possuem diversos benefícios entre eles: aumento do
equilíbrio, aumento da coordenação motora, relaxamento ou aumento do tônus
muscular, alongamento e flexibilidade muscular e dissociação do movimento.
Outra terapia que pode ser utilizada é a shantala, que é uma massagem realizada
em bebês. Esse nome foi dado por um obstetra francês chamado Frederick Leboyer,
quando este se encontrava na Índia, e observou a técnica de massagem realizada
por sua mãe indiana para com o seu bebê. A massagem é realizada através de um
toque profundo e forte, porém carinhoso que promove alongamento trabalhando os
músculos e articulações.
Benefícios
Cuidados
●Pode ser aplicada ate os sete anos de idade ou enquanto a criança aceitar;
●A massagem não deve ser aplicada se o bebê apresentar dor de qualquer espécie ;
●Não se deve aplicar a massagem se o bebê estiver com fome ou logo após a
mamada.
Referencias
EICKMAM, HS. Síndrome da infecção congênita pelo vírus zika. Cad saúde pública.
Rio de Janeiro. 2016.
BARBOSA, AP. O uso da CIF como proposta para o acompanhamento das crianças
com síndrome congênita do zika vírus: relato de caso. Rev bras. 2016