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Meios de Comunicação e Sociedade: Considerações

sobre o Paradigma Funcionalista-Pragmático


Maria Ivanúcia Lopes da Costa (UERN)∗
Marcília Luzia Gomes da Costa Mendes (UERN)†

Índice Lazarsfeld e Joseph T. Klapper. Para isso,


alguns conceitos-chave serão considerados,
Introdução 1 tais como: interação; sociedade de massa;
1 Paradigma funcionalista pragmático 2 função; efeito; gatekeeper; newsmaking;
Considerações Finais 8 agenda setting, entre outros.
Referências 8 Palavras-chave: funcionalismo; meios de
comunicação; sociedade.
Resumo

O presente trabalho tece algumas con- Introdução


siderações sobre o paradigma funcionalista-
primeiras pesquisas em comunicação
pragmático, refletindo sobre as relações en-
tre indivíduos, meios de comunicação e so- A S
nos Estados Unidos foram conduzidas
pelas necessidades de um Estado em Guerra
ciedade. A intenção é contextualizar o fun-
cionalismo como uma corrente teórica que que buscava persuadir a partir dos meios de
visa a manutenção do funcionamento da so- comunicação. Nesse intuito, possuíam fortes
ciedade de forma equilibrada e apresentar interesses em conhecer e entender a eficácia
qual a importância do papel desempenhado da persuasão e saber como influenciar a po-
pelos meios de comunicação nesse funciona- pulação e os consumidores. A partir disso,
mento. A partir disso, surge a preocu- os pioneiros pesquisadores procuraram estu-
pação de como esses meios participam da dar quais os estímulos necessários para se
organização social, e como a cultura é al- obter determinadas respostas como, o apoio
cançada pelas suas funções, seja para moldar à causa da Guerra ou a compra de produtos.
a opinião pública ou para, de forma geral, es- Neste momento, é importante destacar
tabelecer relacionamentos entre os atores so- que essas pesquisas também possuíam
ciais. Nesta perspectiva, serão expostas as um caráter mais administrativo e menos
teorias propostas por Harold Lasswell, Paul acadêmico.
Foi nesse contexto que nasceu o conceito

ivanucialopes@bol.com.br de sociedade de massa, definido como um

marciliamendes@uol.com.br
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aglomerado de pessoas, que se comportam Naquela época os jornais, o cinema e o


como átomos isolados. Consequentemente, rádio – a mídia – eram vistos como úni-
passou a ser difundido o pensamento de que cos capazes de comunicar a essa “massa”.
a mídia era poderosa numa sociedade sem Segundo Polistchuk e Trinta (2003, p. 84)
coletividade e que seus efeitos seriam dire- “tinha-se a certeza de que essa “massa”,
tos, uniformes e imediatos nos indivíduos. aglutinada pelo interesse em torno da mí-
Apesar dos aspectos do processo co- dia, não possuía “anticorpos” que a tornasse
municativo serem estudados em tantas imune à sua “avassaladora” influência”.
pesquisas, a palavra comunicação só viria
a aparecer em estudos e livros a partir de 1.1 A sociedade de Massa e a
1940. A proposta dessa breve introdução foi
de contextualizar os tópicos que serão tra- Teoria das balas mágicas
balhados a seguir que discutem o paradigma Como se concebia que os indivíduos da so-
funcionalista pragmático, e seus modelos de ciedade de massa estavam isolados e não
comunicação. possuíam vínculos unificadores, passou a ser
difundido o pensamento de que a mídia era
poderosa numa sociedade sem coletividade
1 Paradigma funcionalista
e que seus efeitos seriam diretos, uniformes
pragmático e imediatos nos indivíduos. Com isso, ao
Até a terceira década do século XX, muitos receptor era relegada a condição de pas-
eram os teóricos que afirmavam o ser hu- sividade, sendo ele atingido pelo chamado
mano como obediente a “automatismos com- “efeito da bala mágica”. Este efeito também
portamentais”, configurando os meios de co- foi chamado de modelo da agulha hipodér-
municação como dotados de poderes absolu- mica.
tos. A partir disso, sentiu-se que a sociedade A Teoria das Balas Mágicas foi uma teo-
não mais se constituía pelas relações cons- ria pensada principalmente em relação aos
truídas em convívio comunitário, mas por re- efeitos das propagandas de guerra. Pensava-
lações impessoais e anônimas, resultantes de se que bastava “atingir o alvo” e a pro-
uma mecânica oferecida previamente pelos paganda teria êxito. O seu modelo era
meios de comunicação, graças aos proces- uma simples relação de Estímulo – Res-
sos de industrialização que germinariam a posta, influenciada pelos estudos de Psicolo-
chamada sociedade de massa (mass society). gia Comportamental (Behavorismo) que des-
O sentimento de impessoalidade advindo pontavam.
da industrialização e urbanização levou um Um conceito essencial para entender a
sentimento de impessoalidade nas relações teoria hipodérmica ou bullet theory/teoria
e anonimato nas atitudes. Em vista disso, da bala mágica, é o conceito de sociedade
o indivíduo perde sua unicidade para inte- de massa. Para Wolf (2007, p. 7), a
grar uma massa cada vez mais homogênea, massa é um grupo homogêneo de pessoas,
canalizada pelo fluxo permanente de infor- aparentemente iguais, mas que provém de
mações. ambientes e grupos sociais diferentes. As-
sim, se pensava que a massa poderia ser

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facilmente manipulada pelos detentores dos A corrente funcionalista supera a Teoria


meios de comunicação. De acordo com das balas na medida em que se distancia
Polistchuk e Trinta (2003, p. 84) “pensa- da problemática dos efeitos para se fixar
se em uma massa, na qual os indivíduos não nas funções exercidas pela comunicação de
possuem rosto e na qual as individualidades massa na sociedade.
se diluem”. Através do desenvolvimento dos estudos
O conceito de massa foi objeto de estudo científicos da comunicação de massa, que
de vários pesquisadores norte-americanos, e iam ao encontro das teorias psicológicas da
até meados da década de 1940, encontramos época, os EUA inauguraram uma série de
exposições sobre o conceito com algumas pesquisas voltadas para o estudo da mídia,
características da Teoria das Balas Mágicas. sua capacidade de influenciar a massa e seus
Dados seu sociologismo primário e sua efeitos na sociedade.
proposição sumária, esse modelo não des- Um exemplo claro da teoria funcionalista
frutou de maior prestígio científico, sendo dos mass media é constituído por um ensaio
quando se iniciaram as pesquisas empíricas. de Wright – apresentado em Milão, em 1959,
No período entre-guerras, as pesquisas pas- por ocasião do IV Congresso Mundial de So-
saram a utilizar metodologia e técnica de ob- ciologia – com o título Functional Analy-
servação das Ciências Sociais e instrumentos sis and Mass Communication (Análise fun-
estatísticos e matemáticos. cional e comunicações de massa). Nesse en-
Os tipos de pesquisas empíricas privi- saio, descreve-se uma estrutura conceptual
legiadas dessa fase foram a pesquisa de que deveria permitir inventariar, em termos
mercado, a pesquisa de opinião pública, a funcionais, as ligações complexas que exis-
pesquisa de efeitos (com a técnica do ques- tem entre os mass media e a sociedade.
tionário e do registro mecânico) e a análise Como se sabe o Funcionalismo é herdeiro
de conteúdo; todas utilizando o método do Positivismo e a Escola Americana ou
quantitativo. Mass Communication Research, formada
Segundo Mauro Wolf (2003), essas por Lasswell, Lazarsfeld, e outros, tam-
pesquisas empíricas iniciais que conduzi- bém se tornou conhecida por Funciona-
ram a superação da Teoria das Balas Mági- lismo. A técnica desses estudos era a in-
cas, tinham como objetivo verificar empiri- vestigação empírica, ou seja, conhecimen-
camente a consistência e os efeitos da comu- tos práticos devidos à experiência. Antes de
nicação de massa. prosseguirmos, para ficar esclarecido, a ideia
de funcionalismo enxerga a sociedade asso-
1.2 O funcionalismo ciada às estruturas biológicas, cada parte do
todo deve funcionar em equilíbrio; o objetivo
O funcionamento da comunicação de massa, final é a ordem e a cooperação.
tido como uniforme e direto, portanto Nesta perspectiva, cabe aqui, uma apro-
poderoso, e a sociedade de massa, con- ximação dos estudos de Comunicação com
cebida como um agregado homogêneo, o funcionalismo, que por sua vez, defende o
foram gradualmente abandonados pelos equilíbrio das funções na sociedade. “Isso
pesquisadores. quer dizer que cada realidade existente se

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define por uma função, isto é, pela ativi- que denominavam “de massa”. Com isso,
dade que lhe cabe em um conjunto cu- criava-se a chamada mass culture (cultura
jas partes são necessariamente solidárias” de massa), partindo-se do princípio de que
(POLISTCHUK E TRINTA, 2003, P. 84). o receptor é passivo, e a mídia é onipotente,
O funcionalismo acreditava que o de- capaz de influenciar comportamentos.
senvolvimento dos meios de comunicação É justamente, neste território que se
fizesse surgir “novas necessidades sociais”. desenvolve a cultura industrial; mesmo
Por isso, esses meios deveriam proporcionar havendo hibridização da cultura no universo
a satisfação do público que se encontra ex- global, a fonte de alimentação é a cultura de
posto à ação destes veículos. Neste caso, o massa. “A tendência homogeneizante é ao
funcionalismo pode ser compreendido como mesmo tempo uma tendência cosmopolita,
uma corrente teórica, com base no pensa- que tende a enfraquecer as diferenciações
mento sociológico, no qual os processos so- culturais nacionais em prol de uma cultura
ciais são estruturados em sistemas, tendo em das grandes áreas transnacionais"(MORIN,
vista a manutenção do funcionamento da so- 1997, p.43).
ciedade de forma equilibrada. Desse modo, a cultura de massa se carac-
O paradigma funcionalista-pragmático teriza pela transmissão em massa, de uma
tem por pátria os Estados Unidos, a partir mensagem homogênea para públicos que
das concepções de filósofos que acredi- embora possam ser heterogêneos, possuem
tavam no rigor científico do positivismo e a mesma identidade de consumo de deter-
nas atitudes produzidas pelo pensamento minados produtos tidos como "universais".
pragmático. Segundo Morin (1997, p.47) “a cultura de
Buscava-se explicar a organização so- massa é, portanto, o produto de uma dia-
cial, assim como a sobrevivência dos cos- lética produção-consumo, no centro de uma
tumes e das tradições formuladas pelas dialética global que é a da sociedade em sua
funções exercidas pelo homem. Para os totalidade".
funcionalistas “cada indivíduo e cada insti-
tuição existentes contribuem funcionalmente 1.3 O modelo de Harold Lasswell
para a manutenção da organização social”
(POLISTCHUK E TRINTA, 2003, P. 86). (1902-1978)
Diante disso, o conceito de função ganha um Um dos teóricos fundadores da Escola
importante destaque, uma vez que o objetivo Americana de Comunicação ou Mass Com-
é apresentar qual o sentido, a importância do munication Research foi Harold Lasswell.
papel desempenhado pelos meios de comu- Tendo participado durante a Segunda Guerra
nicação, e de que forma a sociedade se be- Mundial de projetos de Pesquisa em comu-
neficia dessa comunicação midiática. (SAN- nicação de guerra do governo norteameri-
TOS, 2008, p. 82). cano, Lasswell retomou o modelo retórico de
No tocante à comunicação, estudaram Aristóteles para observar o relevo persuasivo
o alcance “psicossocial” das mídias, da propaganda e determinar a estrutura e a
ocupando-se da influência e dos efeitos função da comunicação na sociedade.
produzidos pelos meios de comunicação, O contexto teórico em que se situava Lass-

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well era definido pelo ímpeto da comuni- patrimônio cultural de uma sociedade,
cação política e publicitária, que o incumbi- de uma geração para a outra.
ram de formular o paradigma clássico da co-
municação. A partir deste modelo, o ato co- Entre as conclusões de Lasswell,
municativo passava a ser descrito como uma Polistchuck e Trinta (2003, p. 89) destaca:
sequencia interrogativa: Quem diz o quê, por
que meio, a quem e com que efeitos? • A mídia afeta o público pelos conteúdos
Quanto ao seu modelo, Lasswell (1971, que dissemina;
p. 105) explica que o estudo científico em
• Os efeitos produzidos equivalem a
comunicação tender a avaliar uma dessas
reações manifestas do público;
questões: quem – refere-se à questão do co-
municador e os seus interesses; diz o que – • Essas reações compreendem: atenção,
é a análise do conteúdo de uma mensagem; compreensão, fruição, avaliação, ação;
em que canal – significa a análise dos meios
escolhidos no processo; para quem – sinaliza • As reações do público dependem de
a preocupação com o receptor, e entender a identificações projetivas, anseios e ex-
sua compreensão; e por fim, com que efeito pectativas, latentes ou não, dos mem-
– é a questão dos efeitos causados por uma bros que o compõem;
comunicação específica.
• Há clara influência do contexto (so-
Após apresentar a estrutura da comuni-
cial, cultural, ideológico) e de predis-
cação, Lasswell demonstra que a comuni-
posições especiais nas reações manifes-
cação tem três funções (1971, p. 106):
tas pelo público;
• Vigilância sobre o meio ambiente – a • Os conteúdos disseminados pela mídia
mídia funciona como um vigilante ao estão inseridos no contexto;
relevar tudo o que pode ser uma ameaça
ao sistema de valores de uma sociedade, • Os conteúdos disseminados constituem,
e dessa forma as pessoas podem con- portanto, um dos fatores que provocam
viver naturalmente frente aos problemas reações por parte do público.
sociais que possam acontecer;
Embora reconheça, implicitamente que
• A correlação das partes de uma so- haja feedback (realimentação). Lasswell não
ciedade em resposta ao meio – a comu- menciona em seu modelo o contexto onde se
nicação permite o relacionamento e in- dá a comunicação, nem os modos pelos quais
teração entre as pessoas, a fim de traba- uma mensagem pode ser recebida e suscitar
lharem e cooperarem de forma conjunta respostas.
tendo em vistas a harmonia social;

• E a transmissão da herança social de


uma geração a outra – a comunicação
auxilia o processo de transmissão do

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1.4 A disfunção “narcotizante” e cialmente ativa do público em


o modelo teórico de Paul mass aparthy (“atitude passiva
da maioria”) (POLISTCHUCK e
Lazarsfeld
TRINTA, 2003, p. 91).
Eminente teórico da Comunicação na linha
sociológica funcionalista, Paul Lazarsfeld Pesquisas feitas por Lazarsfeld mostram
(1910 – 1986) desenvolveu importantes que a mídia teria alcance limitado e seus
pesquisas para a Comunicação, tendo como efeitos são situados na categoria do reforço
premissa a negação de público massivo que e não da mudança. Segundo ele, as pessoas
apenas reage. Segundo Lazarsfeld cada indi- atuam interpretativamente com seu entorno
víduo é capaz de escolher o meio de comu- social imediato.
nicação cujo conteúdo seja compatível com
suas convicções e a seus modos de viver. 1.5 O modelo teórico dos efeitos
As disfunções dos mass media quanto à
sociedade no seu conjunto manifestam-se O estudo dos efeitos dos mass media foi di-
nos fluxos informativos que circulam livre- retamente influenciado pelo paradigma fun-
mente e que podem afetar o equilíbrio so- cionalista. Esses estudos encontram origem
cial, como por exemplo, no caso de notícias na década de 1940, com a descoberta
alarmantes que venha, a causar tensões ou das complexidades comunicacional, social
reações de pânico. Por outro lado, outro tipo e cognitiva peculiares a toda ação informa-
de disfunção é a chamada narcotizante, ca- cional. A partir disso tentou-se determinar
racterizada pela massa inerte e apática de- a influência da mídia no comportamento do
vido exposição exagerada a grandes quanti- público e na recepção das mensagens, con-
dades de informação. Nesse caso, Lazarsfeld siderando ainda a hipótese dos usos e satis-
alerta para o fato de que embora o grau de in- fações.
formação da população melhor, a expansão Sobre os efeitos da comunicação, Joseph
da comunicação de massa tende converter a T. Klapper publicou um livro1 sobre a co-
participação ativa em conhecimento passivo. municação de massa e seus efeitos, e obser-
vou que era possível encontrar uma gama de
O excesso de informações, às argumentos tanto para as afirmativas quan-
quais disseminam sem, contudo, tos as negativas, ou seja, a influência co-
hierarquiza-las, bem como o en- municacional dependia de inúmeros fatores.
tretenimento ruidoso de que se Entre os fatores que mereciam atenção es-
fazem provedores privilegiados, tavam vários aspectos relacionados ao ato
leva os meios a aturdir e entor- de comunicar, como por exemplo, as fontes
pecer a sensibilidade do público, de informação e a ação dos formadores de
resultando, de sua parte, um e- opinião. De acordo com o modelo de Klap-
vidente desinteresse. O “bom- per, os receptores não são objeto de escolhas
bardeio” de informações pode 1
The effects of mass communication. Nova York:
levar ao alheamento. Converte- The Free Press, 1960.
se, assim, a participação poten-

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aleatórias, mas as fazem de acordo com con- produção. O trabalho de comunicação segue
texto social em que estão inseridas. um padrão estabelecido e convencionado pe-
Para o entendimento do emissor e do los profissionais.
processo de produção da comunicação de De acordo com Shaw, os meios de comu-
massa, dois conceitos devem ser destacados: nicação não fornecem apenas uma infinidade
o gatekeeper e o newsmaking. de notícias e conteúdos, mas as estruturam
de acordo com suas categorias, nas quais os
Gatekeeper é um conceito criado
usuários podem visualizá-las de modo repre-
pelo psicólogo Kurt Lewin, cujo
sentativo e com determinado valor de utili-
significado é aquele que controla o
dade. (apud WOLF, 2007, p. 146).
fluxo de informação. Trata-se de
Nesta perspectiva, “as influências exer-
um formador de opinião, mesmo
cidas pelos meios de comunicação e os
que informal, que tem a capaci-
efeitos que, efetivamente, provocam, atuam
dade de influenciar a decisão de
em conjunto com outras influências (so-
uma pessoa ou um grupo de pes-
ciais, culturais, situacionais) reconhecidas.”
soas (SANTOS, 2008, p. 85).
(POLISTCHUCK e TRINTA, 2003, p. 96).
O conceito surge em decorrência de um Segundo a proposição teórica a que chegou
estudo promovido por Lewin, em 1947, com Klapper tudo é questão contextual, porque
a finalidade de entender a dinâmica de in- não existem causas obrigatórias para analisar
teração em grupos sociais. Nesse trabalho, seus efeitos, o que se deve buscar são as
ele identificou que existem zonas-filtro, que causas cooperantes.
são controladas por gatekeepers, ou seja, in- Nos estudos dos efeitos a longo prazo
divíduos com o poder de escolher se deixar situa-se ainda nos estudos da Comunicação
transmitir ou interromper uma determinada a hipótese do agenda setting, que em con-
informação. (apud WOLF, 2007, p. 184). sequência da ação dos jornais, da televisão
O newsmaking, por sua vez, é o estudo da e dos outros meios de informação, assegura
forma como são produzidas as notícias, no que o público têm tendência para incluir
qual tenta se analisar os caminhos e as regras ou excluir dos seus próprios conhecimentos
que os meios de comunicação se utilizam aquilo que os mass media incluem ou ex-
para contar um determinado acontecimento. cluem do seu próprio conteúdo. Deste modo,
Segundo Wolf (2007, p. 194), o newsmaking a teoria da agenda sustenta a ideia de que
se articula em dois elementos: o primeiro diz o público valoriza determinada informação e
respeito à cultura profissional do jornalista descarta outra frente às inúmeras divulgadas
e/ou comunicador. A forma como um co- pelos diversos veículos de comunicação.
municador produz uma informação está di- A partir disso surge então o interesse
retamente relacionada à sua formação profis- na investigação da apropriação que os in-
sional, aos seus princípios e aos elemen- divíduos fazem das mensagens recebidas
tos culturais que possui, assim sendo, o seu dos veículos midiáticos, uma espécie de
repertório dá forma ao conteúdo a ser trans- ’leitura negociada’. A grande diferença
mitido. O segundo elemento refere-se à or- dessa hipótese é que o receptor é visto
ganização do trabalho e dos processos de como um agente ativo capaz de interpre-

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tar suas necessidades e buscar sua satisfação mento do debate acerca das funções desem-
(ARAUJO, 2008, p. 129). penhadas pelos meios de comunicação.
O modelo teórico dos usos e satisfações Convém dizer que a abordagem funciona-
foi apresentado como uma tentativa de se lista não acaba completamente suplantada
produzir provas sobre os efeitos da mídia no por outros paradigmas, mas se prolonga até
público. A partir disso, surgia um movi- aos dias de hoje, por exemplo, nas pesquisas
mento que superaria, em tese, a abordagem sobre os efeitos a longo prazo, em que se
positivista do funcionalismo para ensaiar os remete às funções dos meios de comuni-
estudos da recepção de mensagens, por parte cação no contexto social.
do público.
Referências
Considerações Finais
ARAÚJO, Carlos Alberto. A Pesquisa
Neste artigo, tivemos a intenção de conden- Norte-Americana. In: HOHLFELDT,
sar os estudos da comunicação situados no Antonio; MARTINO, Luiz C.;
paradigma funcionalista, a fim de trazer a FRANÇA, Vera Veiga. Teorias da
tona uma reflexão sobre os efeitos da mídia, Comunicação: conceitos, escolas e
e suas abordagens teóricas. tendências. 8. ed. Rio de Janeiro:
É interessante ressaltar que essas teo- Vozes, 2008.
rias são fundamentais quando objetivamos
traçar um itinerário teórico-metodológico da MORIN, Edgar. Trad. Maura Ribeiro
pesquisa em comunicação no século XX. Sardinha. Cultura de massas no século
Apesar de observarmos que essas pesquisas XX: neurose. Rio de Janeiro. Forense
possuíam um caráter quantitativo e sua ên- Universitária, 1997.
fase recaía na emissão, já que nessa época POLISTCHUCK, Ilana e TRINTA, Aluizio
herdara da Escola de Frankfurt a ideia de Ramos – Teorias da comunicação: o
que o receptor era considerado um sujeito pensamento e a prática da Comunicação
passivo, atualmente o que presenciamos é Social, Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
uma atualização dessas abordagens, em que
o contexto e a maneira como os atores so- SANTOS, Roberto Elísio dos. As Teorias
ciais ressignificam as informações transmiti- da Comunicação: da fala à internet.
das pelos meios de comunicação são funda- 2.ed. São Paulo: Paulinas, 2008.
mentais para a pesquisa em comunicação no
século XXI. WOLF, Mauro. Teorias da comunicação.
Mediante o exposto, podemos considerar Lisboa: Presença, 2003.
que a teoria funcionalista representa um
dos momentos mais significativos para as
pesquisas de comunicação. É tanto que,
pesquisas posteriores, apesar de inseridas
explicitamente em outros paradigmas con-
têm aspectos que são úteis para o enriqueci-

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