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Redação Pedagógica
Tito Ricardo de Almeida Tortori
Revisão
Alessandra Muylaert Archer
Projeto Gráfico
Fundamentos do direito público e privado : apostila 3 DPP /
Romulo Freitas
coordenação didático-pedagógica: Stella M. Peixoto de Azevedo
Diagramação Pedrosa ; redação pedagógica: Tito Ricardo de Almeida Tortori ;
Luiza Serpa revisão: Alessandra Muylaert Archer ; projeto gráfico: Romulo Freitas
; coordenação de conteudistas: Fernando Velôzo Gomes Pedrosa ;
Coordenação de Conteudistas conteudistas: Antônio Augusto Rodrigues Serpa, Fernando Antonio
Fernando Velôzo Gomes Pedrosa Cury Bassoto, Lúcio Fernandes Dias ; revisão técnica: Otávio Bravo ;
produção: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro ; realização:
Conteudistas EsIE – Escola de Instrução Especializada [do] Exército Brasileiro. – Rio de
Antônio Augusto Rodrigues Serpa Janeiro : PUC-Rio, CCEAD, 2013.
Fernando Antonio Cury Bassoto
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais – CHQAO.
Lúcio Fernandes Dias
176 p. : il. (color.) ; 21 cm.
Revisão Técnica Inclui bibliografia.
Otávio Bravo 1. Direito público - Brasil. 2. Direito privado – Brasil. I. Pedrosa,
Stella M. Peixoto de Azevedo. II. Tortori, Tito Ricardo de Almeida. III.
Produção Serpa, Antônio Augusto Rodrigues. IV. Bassoto, Fernando Antonio Cury.
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro V. Dias, Lúcio Fernandes. VI. Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro. Coordenação Central Educação a Distância. VII. Brasil. Exército.
Realização Escola de Instrução Especializada.
EsIE – Escola de Instrução Especializada CDD: 342
Exército Brasileiro
CHQAO
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Boa leitura!
conteudistas
Lúcio Fernandes Dias é bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das
Agulhas Negras (AMAN) e em Direito pela Universidade de Barra Mansa (UBM). É
mestre em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e
pós-graduado em Direito Civil, Processual Civil e Magistério Superior pela Universidade
de Barra Mansa (UBM). Possui os Cursos de Direito Internacional Humanitário Militar
em Sanremo, Itália, e em Buenos Aires, Argentina. É professor da Cadeira de Direito
da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), onde leciona Direito Penal e Direito
Processual Penal Militar há mais de 12 anos.
Índice
Unidade 5
1. Autonomia do Direito Penal Militar 09
4. As divergências 45
5. Bibliografia 47
1 Autonomia do Direito
Penal Militar
Objetivo específico
Para identificar o caráter autônomo do Direito Penal Militar, deve-se buscar nos
dicionários jurídicos a definição de autonomia jurídica. Diniz (2005, p. 417)
afirma que essa autonomia “é a independência de um ramo do direito, por
ter objeto, princípios e normas próprios”. Contudo, a definição de autonomia
jurídica nos leva à dúvida: o Direito Penal Militar é autônomo ou uma especiali-
zação do Direito Penal comum? A questão é tão antiga quanto controversa.
Bandeira (1925, p. 25) ensina que o Direito Penal Militar é uma especialização
do Direito Penal comum, quando afirma:
Contudo, cabe ressaltar que o Direito Penal Militar possui objeto, princípios e
normas próprios, que se distanciam dos princípios do Direito Penal comum.
Uma rápida comparação entre a estrutura do Código Penal brasileiro (CP) −
que trata dos crimes comuns − e o Código Penal Militar (CPM) − que trata
dos crimes militares − demonstra a diferença entre os dois ramos.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
No CP o legislador elegeu a pessoa como merecedora de proteção prioritária.
E logo a seguir, o patrimônio, entre outros. Já para os crimes militares, a pre-
ocupação do legislador foi garantir a segurança externa do país e, portanto,
da coletividade, seguindo-se a autoridade, a disciplina, o serviço e o dever
militar. Isso se deve ao fato de que a paz e a guerra evidenciam a existência de
dois tipos de sociedade: uma civil, fundada na liberdade, e outra militar, funda-
da na obediência. Ao identificá-las, Clemenceau (apud BANDEIRA, 1925, p. 31)
discerniu: “O juiz da liberdade não pode ser o da obediência”.
Tipo de Proteção
Período Fundamento
Sociedade prioritária
Segurança
Tempo de guerra Sociedade Militar Obediência
externa do país
Para Vazquez:
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Essa visão torna-se mais clara quando se observa que o CPM estabelece a
autoridade e disciplina militar; o serviço e o dever militar como bens jurídi-
cos tutelados, além de também definir como crimes a deserção, a recusa de
obediência, o desrespeito ao superior, o dormir em serviço, a covardia, entre
outros. Essas condutas não apresentam qualquer relevância para a sociedade
civil, contudo são de fundamental importância para regular o funcionamento
das instituições militares.
O Direito Penal Militar foi criado não com a finalidade de definir crimes para
militares, mas sim de criar regras jurídicas próprias à proteção das instituições
militares e ao cumprimento de seus objetivos constitucionais, pois:
A CF/88 afirma no seu artigo 142 que as Forças Armadas são instituições na- Sobre hierarquia e discipli-
na, ler a decisão da 2ª Turma
cionais permanentes e regulares, assim a Justiça Militar é autônoma para man-
do STF no HC nº 107.688/
ter a eficiência das Forças Armadas como organização de combate, de forma a DF, julgado em 7 de junho
amparar os seus princípios basilares que são a hierarquia e a disciplina. Dessa de 2011 e relatado pelo Mi-
nistro Ayres Britto. Disponí-
forma, para Marques, o: vel em: <http://redir.stf.jus.
br/paginadorpub/pagina-
[...] direito comum e direito especial dentro do nosso dor.jsp?docTP=TP&docID=
sistema político são categorias que se diversificam em 1641493>.
razão do órgão que deve aplicá-los jurisdicionalmente.
Este é o melhor critério para uma distinção precisa, pelo
menos no que tange ao direito penal; se a norma penal
objetiva somente se aplica através de órgãos especiais,
constitucionalmente previstos, tal norma agendi tem
caráter especial, se a sua aplicação não demanda jurisdi-
ção própria, mas se realiza através da justiça comum, sua
qualificação será de norma comum. Atendendo a esse
critério, teremos um direito penal comum e um direito
penal militar (1954 apud ROMEIRO, 1994, p. 5).
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
Segundo o Ministro do STF, Ayres Britto, no julgamento do
habeas corpus 107.688 Distrito Federal, “a hierarquia e a
disciplina militares não operam como simples ou meros predi-
cados funcionais das Forças Armadas brasileiras, mas, isto sim,
como elementos conceituais e vigas basilares de todas elas.
Dados da própria compostura jurídica de cada uma e de todas
em seu conjunto, de modo a legitimar o juízo técnico de que,
se a hierarquia implica superposição de autoridades (as mais
graduadas a comandar, e as menos graduadas a obedecer), a
disciplina importa a permanente disposição de espírito para a
prevalência das leis e regulamentos que presidem por modo
peculiar a estruturação e o funcionamento das instituições
castrenses.(...)” (BRASIL, 2011, p.2).
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
2 Evolução histórica
do Direito Penal Militar
Objetivo específico
Uma Cidade-Estado é uma ci- A partir da existência de um exército formalmente constituído, passa a existir a
dade dentro de um país que
necessidade de uma Justiça Militar. Isso ocorreu ainda na Antiguidade, cujos
organiza como se fosse um
local independente com seu fatos foram decisivos para o surgimento das Cidades-Estado e, com elas, a
próprio governo. Na Grécia criação de exércitos de caráter permanente. Segundo Neves e Streifinger:
Antiga, as cidades de Atenas,
Esparta e Troia ficaram famosas Ainda que não se possa definir com exatidão o momento
por ter sistema político, cultu-
em que surgiu um Direito voltado à atividade bélica, pode-
ral e econômico próprios.
-se, em linhas gerais, afirmar ter sido em tempos remotos,
acompanhando o aparecimento dos primeiros exércitos.
A estes se segue a criação de um órgão julgador especia-
lizado na apreciação dos crimes praticados em tempo de
guerra, no sítio das operações bélicas (2012, p. 38).
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
Os romanos já entendiam Com a queda do Império Romano, durante a Idade Média, a Justiça Mili-
que os crimes militares ti-
tar passou a ser de difícil identificação nas legiões bárbaras. O impacto das
nham características próprias
e necessitavam de legislação invasões bárbaras alterou radicalmente a organização da região, afetando a
especial, além de um corpo disciplina dos exércitos e a aplicação do Direito Penal Militar. Essas invasões
de magistrados específico. A
partir do século XVI, a juris- marcaram a transição da Antiguidade para a Idade Média. Assim:
dição penal militar passou a
ser formada por juízes mili- Somente com a aparição de exércitos permanentes no
tares, tanto em tempos de paz século XV, principalmente na Itália, França, Espanha e
quanto em tempos de guerra, Borgonha, é que começaram a ressurgir os primeiros
assessorados a princípio por elementos de uma Justiça Militar. Há ainda a tese de que
magistrados civis e, tempos
mais tarde, julgando em con- a Justiça Militar ressurgiu com os chamados Conselhos
junto, no que passou a ser de Guerra e os auditores de campo, nascidos na Espanha
conhecido como um colégio e na Itália, em torno de 1580. Em Portugal, eles foram
judicante. Em 1547, Carlos V criados somente em 1640 porque antes desse período a
conferiu a designação de au-
ditor ao magistrado civil que Coroa Portuguesa e a Espanhola estavam unidas. Essas
exercia a superintendência da instituições permaneceram na Espanha e em Portugal e
Justiça Militar. Essa designação viriam a influenciar, mais tarde, a Justiça Militar no Brasil.
perdura até nossos dias para a
Justiça Militar da União (RI- Há registros de organização da Justiça Militar na França,
BEIRO, 2008, p. 18). após a Revolução Francesa. Na Inglaterra, em 1869, o
parlamento inglês adotou o julgamento pelos pares, que
é seguido até hoje, pelos Estados Unidos, com o estabe-
lecimento das cortes marciais específicas para cada caso
(RIBEIRO, 2008, p. 18).
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Em 1763, juntam-se às Ordenações Filipinas os Artigos de Guerra do Conde de Nos links a seguir é possível
ler o Decreto-Lei nº 2961, de
Lippe, que vigoraram no Brasil até 1891, com o surgimento do Código Penal
20 de janeiro de 1941, que
da Armada. cria o Ministério da Aeronáu-
tica, disponível em: <http://
Os 29 Artigos de Guerra do Conde Lippe previam penas extremamente severas www2.camara.leg.br/legin/
fe d / d e c l e i / 1 9 4 0 - 1 9 4 9 /
como o arcabuzamento (correspondente ao fuzilamento), o enforcamento,
decreto-lei-2961-20-janei-
pancadas com prancha de espada e outras mais brandas, como o trabalho do ro-1941-412859-publica-
condenado nas fortificações do reino. caooriginal-1-pe.html> e o
Decreto Lei nº 6227, de 24
de janeiro de 1944, que cria o
O primeiro delito previsto nos Artigos de Guerra envolvia o crime de insubordi-
Código Penal Militar de 1944,
nação (recusa de obediência) cuja pena prevista era trabalhar nas fortificações. disponível em: <http://
Outro tipo penal existente afirmava que “todo militar que cometer uma fra- www2.camara.leg.br/legin/
fe d / d e c l e i / 1 9 4 0 - 1 9 4 9 /
queza, escondendo-se, ou fugindo, quando for preciso combater, será punido decreto-lei-6227-24-janei-
com a morte” (CORRÊA, 2002 apud NEVES; STREIFINGER, 2012, p. 42). ro-1944-417391-publicacao-
original-65269-pe.html>
Em 1º de abril de 1808, o príncipe regente de Portugal, D. João, instituiu um
foro especial para os delitos militares, para a celeridade dos processos.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
Texto original da Lei nº 612/1899 que estendia o Código Penal da Armada para o Exército
<http://www.camara.gov.br/Internet/InfDoc/novoconteudo/Legislacao/Republica/Leis1899_leg123p/pdf4.pdf>
Leia na íntegra o “novo” Có- Em 21 de outubro de 1969 foram decretados, respectivamente, o Decreto-Lei
digo Penal da Armada na Co-
leção de Leis da República
nº 1.001, que estabeleceu o Código Penal Militar e o Decreto-Lei nº 1.002, que
do Portal da Câmara dos De- criou o Código Processual Penal Militar.
putados, Decreto nº 18, de
7 de Março de 1891. Dispo- Badaró (1972 apud ASSIS, p. 20), discorrendo sobre a Parte Geral do Códi-
nível em: <http://www2.
camara.leg.br/legin/fed/de-
go Penal Militar de 1969 (Decreto-Lei nº 1.001), um Projeto do Professor Ivo
cret/1824-1899/decreto-18- D’Aquino, manteve as mesmas penas do Código anterior, apresentando nova
-7-marco-1891-526137-pu-
modalidade de pena, denominada impedimento, para o crime de insubmissão.
blicacaooriginal-1-pe.html>
Outra inovação do Código Penal Militar de 1969 (CPM) foi a ampliação da
pena prevista no CPM, de 1944, de suspensão do exercício do posto ou cargo,
incluindo, no tipo penal, o exercício da graduação e da função, e que:
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
É indiscutível a necessidade de atualização da legislação penal militar. No míni- Uma dica interessante para
acompanhar e compreender
mo para melhor promover a sua adequação à nova ordem constitucional pós
parte da evolução histórica da
1988. Essa atualização se impõe, do mesmo modo, pela discrepância entre a legislação penal castrense é es-
legislação interna e os compromissos assumidos pelo Brasil no campo interna- tudar a Exposição de Motivos
do Código Penal Militar - De-
cional. Está tramitando no Congresso Nacional o anteprojeto de lei nº 11.690, creto Lei nº 1001, de 21 de
de 9 de Junho de 2008, que oferece mudanças substanciais no Código Penal e outubro de 1969. Disponível
em: <http://www.oabsa.org.
Processual Penal Militar. Não custa ressaltar que os militares têm pressa para as
br/documentos/cod_penal_
atualizações pertinentes, para atuarem legalmente, cumprindo bem as missões militar.pdf>
constitucionais e fortalecendo a disciplina e a hierarquia, princípios norteado-
res do Direito Penal Militar e das Forças Armadas.
Para Roth:
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
3 Diferenças entre o Código
Penal Comum e Militar
Objetivos específicos
O atual Código Penal Militar (CPM) foi instituído pelo Decreto-Lei nº 1001, de
21 de outubro de 1969, e é estruturado segundo o quadro a seguir:
Nessa sessão, será tratada apenas a parte geral − objeto do presente estudo.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
Sobre o princípio da reserva ele esteja presente, ainda, em Tratados Internacionais de Direitos Humanos,
legal e Direito Penal Militar,
como o Convênio para Proteção dos Direitos Humanos e Liberdades Funda-
ver as duas decisões do STF
que levaram à revogação da mentais (Roma - 1950); Convenção Americana dos Direitos Humanos (1969) e
Súmula nº 1 do STF, relativa Estatuto de Roma (1998).
ao crime de deserção espe-
cial (artigo 190 CPM): HC
O conceito de legalidade está descrito no inciso II do artigo 5° da Constituição
nº 70.440/PA. 2ª Turma, Re-
lator Min. Maurício Corrêa, j. Federal de 1988 com a seguinte redação: “Ninguém está obrigado a fazer ou
23/02/96 e HC nº 73.257/ deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
RJ. 2ª Turma, Relator Min.
Marco Aurélio, j. 28.set.93.
O princípio da legalidade abrange, em sentido amplo, os princípios da reserva
legal e da anterioridade, a saber:
É preciso haver
uma lei anterior
ao crime
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Nesse sentido, o artigo 3º do CPM, tratando das medidas de segurança (espé- É possível acompanhar a tra-
mitação do anteprojeto PLS
cie de sanção penal), obedece à reserva legal, mas ignora a anterioridade da
236/2012 através do Portal
lei, sendo, portanto, de constitucionalidade questionável. do Senado Federal. Disponí-
vel no link: <http://www.
O desdobramento do princípio da legalidade expõe subprincípios que podem senado.gov.br/atividade/
materia/detalhes.asp?p_cod_
ser extraídos:
mate=106404>
• Não há crime ou pena sem lei (reserva legal);
• Não há crime ou pena sem lei estrita (proibição de analogia incriminadora); Conheça a Convenção para a Pro-
teção dos Direitos do Homem e das
• Não há crime ou pena sem lei certa (taxatividade/clareza); Liberdades Fundamentais, tam-
bém chamada de Convenção
• Não há crime ou pena sem lei necessária (intervenção mínima).
Europeia dos Direitos Hu-
manos. Disponível no link:
É importante notar, dessa forma, que a legalidade cumpre a missão de <http://www.ccopab.eb.mil.
fomentar as garantias do cidadão, ao mesmo tempo em que limita o poder br/index.php/en/ensino/
material-de-apoio-ao-ensino/
punitivo estatal. doc_download/102-03-con-
vencao-para-a-protecao-dos-
-direitos-do-homem-e-das-
-liberdades-fundamentais>
3.2 Lei supressiva de incriminação
Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
de considerar crime, cessando, em virtude dela, a pró-
pria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo
quanto aos efeitos de natureza civil.
Já o Código Penal comum optou por um título aberto e mais abrangente: lei
penal no tempo. Contudo, a disposição normativa é quase a mesma:
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
3.3 Medidas de segurança
Este artigo do CPM não foi recepcionado pela CF/88 porque contraria o inciso
XL do artigo 5º: “A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. No
caso do artigo 3º do CPM, admite a extra-atividade da lei mais severa, indo de
encontro da lei magna, a Constituição Federal.
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Conhecer a regra legal que define o lugar em que determinado delito foi
cometido é de fundamental importância para se estabelecer qual será o órgão
da Justiça Militar ou da Justiça Comum que terá competência para conhecer e
julgar tal crime.
Três são as teorias adotadas pela legislação penal, seja comum ou militar:
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros
Conceito de navio
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
A guerra, a que se se refere esse artigo, é a guerra externa. Os artigos 10
(crimes militares em tempo de guerra), 18 (crimes praticados em juízo de país
aliado) e 20 (crimes praticados em tempo de guerra) da Parte Geral do CPM
e do Livro II de sua Parte Especial (Dos Crimes Militares em Tempo de Guerra),
complementam o artigo 15.
3.7 Assemelhado
Não mais existe a figura do assemelhado, para fins penais militares, tal mu-
dança se deu com o advento da CF/88, ou seja, o artigo 21 do CPM não foi
recepcionado pela lei magna. Soares (1903) conceituou a figura do assemelha-
do que existia à época do Código Penal da Armada:
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
Contudo, pode existir dúvida em relação aos policiais e bombeiros. No Brasil
foi adotado em relação a essas categorias um sistema baseado na hierarquia e
na disciplina com a criação de uma Justiça Militar nos Estados, submetida ao
Código Penal Militar (CPM) e do Código de Processo Penal Militar (CPPM).
Esta norma determina que os delitos previstos no CPM prevalecem sobre ou-
tros, eventualmente dispostos em outras leis, ao menos no tocante à seguran-
ça externa e contra as instituições militares.
3.10 Da tentativa
Com relação à definição do que seja crime tentado, a diferença entre os Có-
digos Penais (comum e militar) está no parágrafo único, hipótese não prevista
no Código Penal comum. Neste Código Penal comum não há o rigor de punir
a tentativa com a mesma pena do crime consumado, conforme o artigo 30,
parágrafo único, in fine, do CPM:
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena cor-
respondente ao crime, diminuída de um a dois terços,
podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade,
aplicar a pena do crime consumado (grifo nosso).
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
A teoria subjetiva, volunta- as duas correntes se encontraria, portanto, na consideração do dolo ou culpa
rística ou monista considera
como elemento subjetivo do tipo pela Teoria Finalista (finalismo), ao contrário
que há crime se há vontade do
agente. Para essa corrente não da sua análise como pressuposto ou elemento da culpabilidade, própria da
há diferença entre um crime Teoria Causalista (causalismo).
tentado e consumado.
Simplificando as principais características das teorias do crime acima citadas,
apresenta-se:
O fato típico é limitado a uma dimen- O fato típico possui duas dimensões
são objetiva (conduta, resultado, nexo (objetiva e subjetiva). A dimensão sub-
causal e tipicidade). O dolo e a culpa jetiva é composta pelo dolo e culpa, já
são analisados somente na culpabilida- que aqui a conduta é ato de vontade
de (terceiro substrato do crime). com conteúdo.
3.11 Erro
Tais diferenças surgiram com a reforma do Código Penal Comum pela Lei
7.209/1984, onde o erro de fato foi substituído pelo erro de tipo (artigo 20)
e o erro de direito cedeu espaço ao erro sobre a ilicitude do fato, disciplinado
pelo artigo 21 e denominado erro de proibição.
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Já o Código Penal Militar permaneceu com os erros de direito (artigo 35) e de
fato (artigo 36 e 37).
Erro de fato para o CPM e o erro de tipo para o CP comum é a falsa percep-
ção da realidade acerca dos elementos constitutivos do tipo penal. O agente
interpreta equivocadamente as circunstâncias que se lhe apresentam e age de
acordo com esta.
Para o CPM, o erro de fato pode ser essencial ou acidental. O erro pode ser
superável ou vencível e insuperável ou invencível. O erro essencial de fato insu-
perável é o escusável, previsto no caput do artigo 36. É a modalidade de erro
que não deriva de culpa do agente, ou seja, mesmo que ele tivesse agido com
a cautela e a prudência de um homem médio, ainda assim não poderia evitar
a falsa percepção da realidade sobre os elementos constitutivos do tipo penal.
Imagine a seguinte situação: um enfermeiro do Hospital Militar ministra em
um militar um medicamento prescrito pelo médico que, por erro do laborató-
rio farmacêutico, foi substituído por uma outra substância tóxica poderosa.
O artigo 36, §1º, prevê que o erro de fato essencial superável exclui o dolo,
mas configura o crime culposo. É o erro que poderá ser evitado, porque pro-
vém da culpa do agente. Se empregasse a cautela e a prudência, poderia evitar
a consumação do crime, uma vez que seria capaz de compreender o caráter
criminoso do fato. Como no exemplo de um militar que manuseia arma na
presença de outras pessoas sem ter verificado previamente se estava carrega-
da, e a arma dispara e fere alguém.
Verifica-se que o legislador do CPM deu um tratamento muito mais gravoso para
o erro de direito quando não admite atenuação da pena ou substituição por
outra menos grave, para os crimes contra o dever militar (do artigo 183 ao 204
do CPM). Basta comparar o artigo 35 do CPM com o artigo 21 do CP comum.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
Com o objetivo de esclarecer o assunto, segue um quadro resumo, comparan-
do os erros:
De Proibição Art. 21
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Há duas espécies de coação:
Nesses casos, responderá pelo crime o autor da coação nos crimes em que
incidir na lei penal (artigo 38, § 1º, CPM).
Alguns autores entendem que a coação física irresistível não está abrangida
pela disposição do artigo 38, “a”, do CPM, mas sim resolvida pelo artigo 29,
caput, visto que, ao cometê-la, não há o comportamento próprio, mas im-
próprio, porque é fruto da limitação física imposta pelo coator. A conduta
criminosa, na verdade, foi praticada pelo coator, resolvendo-se o problema
pelo artigo 29, caput do CPM. Esses autores julgam que o artigo 38 “a” trata
apenas da coação moral.
A coação moral irresistível deve ser de tal monta que, no ensinamento de Mira-
bete e Fabbrini (2011, p. 193) ”[...] se mostre inevitável, insuperável, inelutável,
uma força que o coacto não se pode subtrair”. É indispensável que acompa-
nhe a coação um perigo sério e atual do qual o coagido não pode se furtar, ou
que lhe seja extraordinariamente penoso suportar.
A doutrina sobre coação é semelhante no Código Penal Militar (artigo 38, “a”
e §1º) e no Código Penal Comum (artigo 22).
31
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
compreendam, ao mesmo tempo, o direito de ordenar e a faculdade de punir
os atos que julgue contrários à disciplina. Quando um militar pratica um ato
delituoso em cumprimento à ordem superior, legal ou aparentemente legal,
a causa do crime não é a sua vontade livre, mas sim a vontade do superior
que formulou tal ordem. E quem vai responder pelo ilícito será o superior que
expediu a ordem (artigo 39, §1º, do CPM).
O artigo 38 do CPM adota, O militar só pode e deve desobedecer a ordem direta do superior hierárquico
para a aplicação do Direito
em matéria de serviço sem incorrer no crime de recusa de obediência se ela
Militar, a Teoria das Baionetas
Inteligentes, ou seja, o militar tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso.
pode deixar de cumprir uma
ordem que seja manifesta- O subordinado militar que cumpriu a ordem estará isento de pena, pois não
mente criminosa. Assim, cabe
possui vontade livre para agir e deve obedecer à ordem superior, desde que
ao militar decidir se uma or-
dem é ou não criminosa. Con- não seja manifestamente criminosa. Se a ordem se torna causa do crime, não
tudo, se o subordinado deixa há a vontade de quem cumpre a ordem, mas, sim, a vontade de quem ordena.
de cumprir uma ordem, mes-
mo que ilegal, poderá ser acu- Assim, para o subordinado cumpridor da ordem, opera-se a excludente da cul-
sado de cometer a recusa de pabilidade, respondendo pelo crime o autor da ordem (artigo 38, §1º, CPM).
obediência (insubordinação).
Quando o subordinado cum- No Direito Penal Comum, o servidor público não comete
pre uma ordem ilegal, respon- crime se a ordem não for manifestamente legal (art. 22
de pelo fato, apenas aquele
que deu a ordem, ou seja, o do CP). Já no Direito Penal Militar não se faz um juízo de
superior hierárquico. legalidade, mas de crime. O funcionário civil não discute
a oportunidade ou conveniência, mas discute legalida-
de. E essa ilegalidade pode decorrer, por exemplo, do
descumprimento de uma formalidade. Uma ordem pode
ser ilegal porque não obedece à forma estabelecida em
lei. Basta isso e já será ilegal. O funcionário civil, subalter-
no, não é obrigado a cumprir ordem ilegal. Ademais, se
representar qualquer prejuízo a terceiro, será tão res-
ponsável quanto seu superior. Agora, no caso do militar,
a situação é completamente diferente. Ele não discute
a legalidade, por que tem o dever legal de obediência”.
(PORTO, 2010, p. 62) (grifo nosso).
32
Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
3.14 Excludente de culpabilidade
2. O perigo deve ser atual e não pode ter sido voluntariamente provocado
pelo agente do fato necessário.
• Estado de necessidade;
• Legítima defesa;
33
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
A diferença relevante está no parágrafo único do artigo 42 do CPM, que não
tem correspondência na lei penal comum. As unidades militares citadas pelo
artigo em tempo de paz – navio e aeronave e a que estiver em praça de guer-
ra – devem estar sempre em condições de eficiência e utilização. Por isso, o
legislador deve amparar o comandante que, no exercício das suas atribuições,
compelir por meios violentos os seus subordinados em situações críticas.
O comandante tem o dever de manter sua tropa controlada, basta ver que o
CPM prevê tipos penais, como:
a. Doença mental (artigo 48 CPM e artigo 26 CP): não basta que seja um
indivíduo doente mental para que se beneficie da excludente da culpa-
bilidade, sendo considerado inimputável. Deve ser analisado o momento
da conduta, se neste momento era capaz de entender o caráter ilícito do
fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento. A expressão
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
“doença mental”, usada nos códigos, abrange todas as moléstias que
causam alterações mórbidas à saúde mental: esquizofrenia; psicose
maníaco-depressiva; paranoia; epilepsia; demência senil; psicose alcoóli-
ca (embriaguez patológica); paralisia progressiva; sífilis cerebral; arterios-
clerose cerebral; histeria; etc.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
É importante ressaltar que a agravante do CPM (artigo 70, II, “c”) é mais
severa para os militares, tendo em vista que sempre agravará a pena para
quaisquer das embriaguezes que sejam imputáveis, sejam elas preordenada,
voluntária ou culposa.
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
“[...] Na prática de crime de autoria coletiva necessária,
reputam-se cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou
excitam a ação, [...] Quando o crime é cometido por inferio-
res e um ou mais oficiais, são estes considerados cabeças,
assim como os inferiores que exercem função de oficial.
Segundo Teixeira (1946 apud ASSIS, 2011a), não seria justo que comandan-
tes e comandados fossem punidos da mesma forma nos crimes militares de
autoria coletiva e, por isso, a lei penal militar não poderia ter a mesma redação
da lei penal comum.
Mais uma vez, vamos encontrar diferenças relevantes entre o Código Penal
Militar e o Código Penal Brasileiro, em relação às espécies das penas.
Reclusão
Privativas de liberdade
(Art.33º) Detenção
I- prestação pecuniária;
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
O CPM divide as penas em principais (artigo 55) e acessórias (artigo 98). Se-
gundo Romeiro (1994, p. 165):
a) morte;
b) reclusão;
c) detenção;
Principais d) prisão;
(Art.55º)
e) impedimento;
g) reforma.
Código Penal
Tipo de penas
comum (CP) I - a perda de posto e patente;
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
1. Pena de morte: O Código Penal Militar, em harmonia com a Cons-
tituição Federal, prevê esta pena capital somente nos casos de guerra
declarada, nos termos do artigo 84, XIX da CF/88. O Código Penal
Militar somente prevê a pena de morte em hipóteses de crimes militares
praticados em tempo de guerra (Livro II, artigos 355 a 410). O artigo 56
do CPM define o modo de execução da pena de morte: fuzilamento.
Art.142[...]
§ 3º. [...]
De acordo com Nucci (2013, p. 163), o artigo 84 do CPM, alterado pela Lei No
6.544, de 30 de junho de 1978:
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
não reincidente, cuja pena não é superior a dois anos,
sob determinadas condições, fixadas pelo juiz, bem como
dentro de um período de prova predefinido.
II - em tempo de paz:
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
I - tenha cumprido:
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
3.21 Medidas de segurança
O artigo 121 do Código Penal Militar mostra que a ação penal somente pode
ser promovida por denúncia do Ministério Público Militar.
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
Embora não havendo previsão de ação penal privada, a legislação
penal militar traz hipóteses de ação penal pública condicionada
à requisição, nas hipóteses do artigo 122 do CPM e do artigo 95,
parágrafo único da Lei nº 8.457, de 4 de setembro de 1992.
A ação penal pública inicia-se com a denúncia. Esta é o ato pelo qual o Mi-
nistério Público manifesta a vontade do Estado, ofendido pelo crime, de que
se faça Justiça. A ação penal pública tem como principais características as de
ser necessária e indisponível. Necessária, refere-se à obrigatoriedade da ação
(princípio da legalidade).
A denúncia deve ser apresentada sempre que houver: “prova de fato que, em
tese, constitua crime e indícios de autoria” (artigo 30 CPPM). A indisponibilida-
de, prevista no artigo 32, CPPM: “apresentada a denúncia, o Ministério Público
não poderá desistir da ação penal”.
3.23 Da prescrição
No Direito Penal, enquanto a lei penal não é violada, o direito que o Estado
tem de punir os eventuais infratores da lei é apenas abstrato. Entretanto, a
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
partir do momento em que há a efetiva violação da lei penal, pela prática de
crime ou de contravenção, aquele direito abstrato torna-se concreto e faz
nascer a possibilidade de o Estado aplicar sanção ao infrator da lei penal. Essa
possibilidade jurídica de impor pena ao violador da lei penal é chamada puni-
bilidade.
Podem surgir fatos que impeçam o Estado de exercer seu direito de punir os
infratores, extinguindo a punibilidade.
Tais causas estão previstas no artigo 123 do CPM e no artigo 107 do CP Comum.
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Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais
4 As divergências
Este estudo intentou fazer uma análise comparativa dos institutos jurídicos da
Parte Geral entre o Código Penal Militar e o Código Penal Brasileiro. Mas, ape-
sar de apenas “arranhar” a superfície dessa matéria complexa, densa e extensa,
é possível ressaltar que há diferenças relevantes.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - u5
1984, inspirada pelo direito penal da culpabilidade, no
qual a participação de crime menos grave (cooperação
dolosamente distinta) ganhou lugar de destaque.
São ensinamentos importantes que serão utilizados nos próximos assuntos das
unidades didáticas VI (Direito Penal Militar - Parte Especial) e VII (Direito Proces-
sual Penal Militar).
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5 Bibliografia
Referências Bibliográficas
ASSIS, Jorge Cézar de. Direito Militar: Aspectos Penais, Processuais Penais e
Administrativos. 2ª Edição. São Paulo: São Paulo, 2011.
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CRUZ, Ione de Souza; MIGUEL, Cláudio Amin: Elementos do Direito Penal
Militar: parte geral. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2ª Edição, vol I. São Paulo: Saraiva,
2005.
PORTO, Mário André da Silva. Curso de Direito Militar: Direito Penal Militar.
Rio de Janeiro: Fundação Trompowsky, 2010.
ROMEIRO, Jorge Alberto. Curso de Direito Militar: parte geral. São Paulo:
Saraiva, 1994.
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