1 - Indicadores de Qualidade

PUC-Rio
Proteção de Sistemas Elétricos

(Indicadores de qualidade)
PROFESSOR : Delberis Araujo Lima
1
Indicadores de qualidade
Contextualização
O fornecimento de energia elétrica aos consumidores deve obedecer dois

conceitos básicos, normalmente denominados qualidade do produto e qualidade
do serviço.
• A qualidade do produto é caracterizada basicamente pela forma de onda de

tensão dos componentes de um sistema;
• A qualidade do serviço, basicamente entendida como a continuidade no

fornecimento, é fruto de interrupções no sistema elétrico, provocados por
falhas no sistema (manutenção corretiva) e por atividades de manutenção
programada (manutenção preventiva), em função de serviços necessários a
serem realizados no sistema;
PS: A qualidade de serviço será a motivação do curso de proteção de

sistemas elétricos.
2
Contextualização
Qualidade do produto
• Variações de frequência (em relação a 60 Hz, usado no Brasil);

1. Em geral acarretadas por variações de carga;

2. Podem impactar alguns equipamentos, em particular alguns tipos de geração
distribuída.
• Variações de tensão de longa duração; (mais de 1 minuto)

1. Provocadas em função da variação continua das cargas do sistema elétrico;
2. A regulação do setor elétrico define 3 faixas de operação de tensão para aferir a
qualidade da tensão:
• Aceitável: acima de 0.95 e 1.0 pu;
• Precária: entre 0.95 e acima de 0.90 pu;
• Critica: menor ou igual a 0,9 pu.
3
Contextualização (Qualidade do produto)
• Variações de tensão de longa duração;

O controle da tensão de fornecimento em consumidores é definido a partir de um
indicador que estabelece o percentual de tempo que o consumidor se encontra nas faixas
de tensão precária e critica, medindo os valores de tensão eficaz em intervalos de 10
minutos. Assim, determina-se DRP (Duração Relativa de transgressão de tensão
Precária) e DRC (Duração Relativa de transgressão de tensão Critica). Para a figura
abaixo, tem-se:
DRP = 34% DRC = 11%
Fig. 1: Controle da tensão

em regime permanente.
4
• Variações de tensão de curta duração; (menor que 1 minuto)

1. Provocadas, principalmente, por faltas em sistemas elétricos ou partida de grandes

motores elétricos em sistemas de distribuição;
2. Caracterizadas por tensões maiores que 1,1 pu ou menores que 0,9 pu, com duração
inferior à 1 minuto;
3. Os afundamentos de tensão pode levar ao mau funcionamento de equipamentos,

principalmente em processos produtivos;
4. No caso de elevação de tensão pode haver danos ou queima de equipamentos.
5
• Variações de tensão de curta duração; ; (menor que 1 minuto)

1. A figura abaixo ilustra um afundamento de tensão em um consumidor conectado a um
circuito sensível a uma falta trifásica em outro circuito do mesmo barramento;
2. Quanto mais rápido a isolação da falta, mais rápido a tensão volta ao valor pré-falta.
PS:Quanto maior for a potência de Fig: Tensão eficaz do

curto-circuito no barramento, menor consumidor afetado.
será o efeito nos outros circuitos. 6
Distorções harmônicas
1. São distorções na forma de onda da tensão (ou corrente) normalmente provocadas

por dispositivos (cargas) não-lineares existentes no sistema;
2. Correntes harmônicas circulando no sistema provocam aumento de perdas elétricas,
queima de capacitores e elos fusíveis indevidamente, limitam o transporte de
potência, interferem no funcionamento de relés de proteção, entre outros;
3. A figura a seguir ilustra uma onda de tensão distorcida com o seguinte conteúdo
harmônico: fundamental 100%, 3º harmônico igual a 40% da fundamental, 5º
harmônico 20% da fundamental, etc.
Fig: Onda com distorção

harmônica.
7
Distorções harmônicas
1. Um indicador importante de conteúdo harmônico considera a porcentagem de cada
conteúdo harmônico da grandeza em relação a fundamental, como é o caso das

porcentagens apresentadas anteriormente;
2. Outro indicador importante agrega os conteúdos harmonicos individuais, dado pela
expressão abaixo:
Sendo:
Vh – Valor eficaz da tensão harmônica de ordem h;
V1 – Valor eficaz da tensão harmônica de ordem 1;
DHTv – Distorção harmônica de tensão.
8
Contextualização (Outros fenômenos associados a qualidade do produto)
• Desequilíbrios de tensão e corrente

1. Fenômenos de longa duração provocados, por exemplo, por assimetria das cargas
conectadas a um sistema trifásico. Também podem ser provocados por falta de
transposição em linhas de transmissão e distribuição;
2. Provocam redução de torque e perda de vida útil em motores.
• Flutuações de tensão (Flicker)
1. Fenômenos provocados, por exemplo, por alguns eletrodomésticos, bombas d’agua e

elevadores em redes de baixa tensão;
2. Indicadores de flutuação de tensão tentam indicar o desconforto em relação a

cintilação de lâmpadas (incandecentes).
9
Flutuações de tensão
1. Oscilações provocadas por cargas variáveis. Na baixa tensão: eletrodomésticos,

bombas, elevadores, etc. Na média tensão: fornos a arco, máquinas de solda, etc.
10
Flutuações de tensão
1. Oscilações provocadas por cargas variáveis. Na baixa tensão: eletrodomésticos,

bombas, elevadores, etc. Na média tensão: fornos a arco, máquinas de solda, etc.
Fig. 6: Tensão eficaz em um forno a arco. 11

Continuidade no fornecimento (Qualidade do serviço)
• A continuidade no fornecimento é, em geral, avaliada por empresas de

distribuição a partir de ocorrências na rede de distribuição;
Ex: Uma falha em um equipamento pode interromper o fornecimento de energia

a vários consumidores.
• A contabilização da qualidade do serviço relacionado à distribuidora é

avaliada após um período (a posteriori): mensal, trimestral ou anual;
• Para estimativas da qualidade do serviço e estabelecimento de metas de

uma distribuidora deve-se usar uma avaliação a priori.
12
Exemplo 1
Para melhor fixação dos conceitos de qualidade do serviço, considere a

figura abaixo, com um defeito (permanente), num instante t0 , no trecho 01-04.
Exemplo para análise de continuidade no fornecimento a posteriori.
13
Atuação do sistema de proteção
14
Para avaliar a continuidade do sistema, são definidas as seguintes variáveis:
Cai – Número de unidades consumidoras interrompidas em um evento (i), no período

de apuração;
Cs – Número total de consumidores existentes na área em estudo;
ti – Duração do evento i, no período de apuração;
Pi – Potência instalada não atendida no evento i;
Ps – Potência total do sistema na área de estudo;
T – Período de estudo (mensal, trimestral ou anual);
N – Número de ocorrência no período de estudo.
15
Indicadores:
• Duração Equivalente de Interrupção por  Ca  t i i

Unidade Consumidora (DEC) DEC  i 1

(tempo)
Cs
N
 P t i i
• Duração Equivalente por potência instalada (Dk) Dk  i 1
(tempo)
Ps
N
 Ca  t i i
• Duração média por consumidor atingido (d). d i 1

N
(tempo)
 Ca
i 1
i
 P t i i
• Duração média por potência instalada (dk). dk  i 1

N
(tempo)
Pi 1
i
16
Indicadores:
• Frequências equivalente de interrupção por consumidor (FEC)
 Ca i
FEC  i 1
Cs
• Frequências equivalente de interrupção por potência (fk)
P i
fk  i 1
Ps
17
Exemplo 2:
Considerando que no ano ocorreram as contingências abaixo, calcular os indicadores de
qualidade anual da rede apresentada, nas seguintes situações:
18
Considerações adicionais:
• A ANEEL estabeleceu que consumidores devem ser agrupados para estabelecimento

dos seus níveis de qualidade;
• Este agrupamento leva em conta características físicas da rede (ex: extensão, área de
cobertura, etc.) e características do mercado de energia (ex: potência instalada, consumo
médio, etc.);
Fig. 8: Definição do conjunto de unidades

consumidoras
19
Algoritmo para definição de metas
1. Define-se um conjunto de consumidores (ou distribuidoras) a partir de uma análise de

atributos (área de atuação, comprimento de rede primária, número de consumidores,
consumo médio mensal, etc.)
Definição dos Clusters a partir de uma análise de atributos.
20
Exemplo
• Cluster 1 possui 270 elementos;
• Valor médio, mínimo e máximos de DEC são: 20.2, 0.07 e 100.8;

• Valor médio, mínimo e máximos de FEC são: 19.04, 0.08 e 214.8;
21
Algoritmo para definição de metas
• Define-se um conjunto de consumidores (ou distribuidoras) a partir de uma

análise de atributos (área de atuação, comprimento de rede primária, número de

consumidores, consumo médio mensal, etc.)
• Determina-se a distribuição de valores de DEC (ou FEC) para todos os conjuntos

pertencentes ao cluster;
• Calcula-se o primeiro decil, isto é, o valor de DEC (ou FEC) no qual 10% dos melhores
conjuntos não ultrapassam esse valor;
• Define-se a meta do indicador como sendo o primeiro decil;
• A partir desta meta são estabelecidos os DICs, FICs e DMICs;
22
Considerações adicionais:
• Para que se tenha um controle maior sobre cada consumidor, o que é difícil de realizar com
indicadores coletivos. Assim são definidos três indicadores importantes (DIC, FIC e DMIC);
1. Duração de Interrupção da Unidade Consumidora k (DICk)

𝑁
𝐷𝐼𝐶𝑘 = 𝑡𝑖𝑘
𝑖=1
2. Frequências de Interrupção da unidade Consumidora k (FIC)
𝐹𝐼𝐶𝑘 = 𝑁𝑘
𝑁𝑘 Número de eventos que afetaram a unidade k.
3. Duração Máxima das Interrupções por Unidade Consumidora ou ponto de conexão considerado,
expressa em horas e centésimos de hora (DMIC);
𝐷𝑀𝐼𝐶𝑘 = max 𝑡𝑖𝑘 , ∀𝑖 ∈ Ω𝑁 ⁡
Ω𝑁 Conjunto dos N eventos. 23

Metas: Associadas às metas estabelecidas pela ANEEL.
Vínculo entre metas individuais (DIC, FIC e DMIC) e coletivas (DEC e FEC) padronizados
24
Metas: Vínculo entre metas individuais e coletivas.
25
Metas: Vínculo entre metas individuais e coletivas.
PS1: As metas apresentas podem ser alteradas em qualquer tempo, considerando critérios
estabelecidos pela ANEEL. (vide Resolução ANEEL n 024, de janeiro de 2000)
PS2: A partir de janeiro de 2005, o padrão mensal do indicador DMIC deverá corresponder a 50%
(cinquenta por cento) do padrão mensal do indicador DIC, nas tabelas acima. Caso seja
fracionário, ao primeiro inteiro superior.
26
Exemplo 3:
Calcular os indicadores individuais DIC, FIC e DMIC, sobre os consumidores
nas barras 02 (ramal 2), 03, 05, 06, 08 e 09.
27
Penalidade:
A penalidade da distribuidora por DIC associado a cada consumidor k, pode ser obtido
por:
𝐷𝐼𝐶𝑘 𝐶𝑀
𝑃𝑒𝑛.𝐷𝐼𝐶𝑘 = − 1 𝐷𝐼𝐶𝑝,𝑘 ∙ ∙ 𝑘𝑒𝑖

𝐷𝐼𝐶𝑝,𝑘 730
𝑃𝑒𝑛.𝐷𝐼𝐶𝑘 – Custo de violação de DIC associado ao consumidor k;
𝐷𝐼𝐶𝑝,𝑘 – Duração de interrupção individual padrão de consumidor k;
𝐶𝑀– Média aritmética dos encargos de uso do sistema de distribuição, correspondentes aos meses do
período de apuração do indicador;
730 – Número médio de horas mensais;
Kei– Coeficiente de majoração (estabelecido pela ANEEL entre 10 e 50);
kei - fixado em 17 (dezessete), para unidades consumidoras atendidas em Baixa Tensão.

kei - fixado em 22 (vinte e dois), para unidades consumidoras atendidas em Média Tensão.
kei - fixado em⁡30⁡(trinta),⁡para⁡unidades⁡consumidoras⁡atendidas⁡em⁡Alta⁡Tensão.”⁡
28
Penalidade:
A penalidade da distribuidora por FIC associado a cada consumidor k, pode ser obtido
por:
𝐹𝐼𝐶𝑘 𝐶𝑀
𝑃𝑒𝑛.𝐹𝐼𝐶𝑘 = − 1 𝐷𝐼𝐶𝑝,𝑘 ∙ ∙ 𝑘𝑒𝑖

𝐹𝐼𝐶𝑝,𝑘 730
𝑃𝑒𝑛.𝐹𝐼𝐶𝑘 – Custo de violação de FIC associado ao consumidor k;
𝐹𝐼𝐶𝑝,𝑘 – Frequencia de interrupção individual padrão do consumidor k;
período de apuração do indicador;
Kei– Coeficiente de majoração (estabelecido pela ANEEL entre 10 e 50);;

kei - fixado em⁡30⁡(trinta),⁡para⁡unidades⁡consumidoras⁡atendidas⁡em⁡Alta⁡Tensão.”⁡
29
Penalidade:
A penalidade da distribuidora por DMIC associado a cada consumidor k, pode ser obtido
por:
𝐷𝑀𝐼𝐶𝑘 𝐶𝑀
𝑃𝑒𝑛.𝐷𝑀𝐼𝐶𝑘 = − 1 𝐷𝑀𝐼𝐶𝑝,𝑘 ∙ ∙ 𝑘𝑒𝑖

𝐷𝑀𝐼𝐶𝑝,𝑘 730
𝑃𝑒𝑛.𝐷𝑀𝐼𝐶𝑘 – Custo de violação de DMIC associado ao consumidor k;
𝐷𝑀𝐼𝐶𝑝,𝑘 – Duração máxima de interrupção individual padrão do consumidor k;
período de apuração indicador;
Kei– Coeficiente de majoração (estabelecido pela ANEEL entre 10 e 50);

kei - fixado em 30 (trinta), para unidades consumidoras atendidas em Alta Tensão.”
30
Considerações das penalidades
• Penalidade : Pagamento de multa, pela concessionária, ao consumidor afetado, a ser creditado na

fatura de energia elétrica no mês subseqüente à apuração;
• Violação de mais de um indicador no período de apuração: quando ocorrer violação de mais de

um indicador de continuidade individual, no período de apuração, deverá ser considerado, para efeito
de compensação, aquele indicador que apresentar o maior valor de compensação;
• Do montante calculado para a multa pela violação da meta trimestral, estabelecida para cada ano
civil, deverão ser descontados os valores relativos à violação da meta mensal, desde que esses
valores já tenham sido devidamente pagos aos consumidores afetados;
• Do montante calculado para a multa pela violação da meta anual, estabelecida para cada ano ,
deverão ser descontados os valores relativos à violação da meta mensal e/ou trimestral, desde que
esses valores já tenham sido devidamente pagos aos consumidores afetados;
• Os valores a serem pagos são limitados por valores estabelecidos pela ANEEL.
31
Considerações das penalidades
• O valor da compensação, associada à violação do padrão do indicador de continuidade individual,

será limitado aos seguintes valores:
i. 10 (dez) vezes o valor do “CM”, no caso de violação de padrão mensal;

ii. 30 (trinta) vezes o valor do “CM”, no caso de violação de padrão trimestral;
iii. 120 (cento e vinte) vezes o valor do “CM”, no caso de violação de padrão
anual;
32
Avaliação a priori
• É importante ao engenheiro de distribuição estimar a qualidade de serviço de um dado sistema
de distribuição. Este tipo de estimação pode ser usado, por exemplo, em função de um nível
de qualidade desejado.
• A metodologia a ser discutida nesta seção (Avaliação a priori) tem por objetivo estimar os indicado-
res de qualidade de serviço de redes primárias, devido as Interrupções não programadas.
• Para a estimação dos indicadores acima, são necessárias as seguintes informações básicas:
1. Topologia e características do alimentador primário;

2. Dispositivos de proteção e seccionamento disponíveis no alimentador;
3. Taxa de falhas dos trechos da rede;
4. Energia mensal absorvida e número de consumidores primários distribuídos pelas barras da rede;
5. Tempos médios de restabelecimento.
• Problemas como apresentado a seguir, podem ser resolvidos com as técnicas apresentadas nesta
seção.
33
Avaliação a priori (Definições importantes)
• Taxa de falha: Representa o número médio de falhas que ocorrem por ano e por unidade de
comprimento do trecho;
• Falha Temporária: Representa o tipo de falha que é sanada pela interrupção e restabelecimento
do suprimento através da manobra de uma chave religadora, seccionalizadora, ou disjuntor de
religamento, não sendo necessária a intervenção da equipe de manutenção;
• Falha Permanente: Falha que somente pode ser corrigida pela equipe de manutenção. Ex:
perfuração de um isolador;
PS: A taxa de falhas de um dado equipamento é uma informação difícil de ser obtida, pois depende de
avaliação estatística de um dado equipamento, ou conjunto de equipamento ao longo do tempo.
Entretanto, este dado deve ser perseguido pelas empresas de distribuição, pois permite o
acompanhamento mais preciso de sua rede.
34
Avaliação a priori (Hipóteses importantes)
Avaliações a priori exigem um conjunto de hipóteses que devem ser formuladas, pois trata-se de
eventos incertos. Assim, para o problema proposto:
• A proteção contra sobrecorrente está perfeitamente adequada e sua atuação obedece ao
estabelecido em projeto. Ex: No exemplo 2 (contingência 5), imagina-se que o protetor P atua
seletivamente, isto é, antes da proteção de retaguarda que é o disjuntor D;
• Nas condições de contingências apresentadas não serão previstas transferências de blocos de

carga entre dois ou mais circuitos. Ex: No exemplo 2 , a falha no trecho 05-06 não consideraria a
presença do alimentador de socorro. Essa hipótese pode ser relaxada (e estendida na metodologia
proposta), considerando que muitas distribuidoras tem usado esta prática;
• A soma das parcelas (𝑡′1 +𝑡′2 ) relativa aos tempos de telefonemas e acionamento da equipe de
manutenção, será estabelecida a priori, isto é, com base em tempos médios, em geral, conhecidos
pela empresa;
• A parcela 𝑡′3 , para a equipe de manutenção correr a linha e identificar o ponto de defeito, será
estabelecida através do tempo gasto pela equipe de manutenção deslocando-se pela linha com
velocidade constante;
• A parcela 𝑡′4 , de manobra de chaves, quando a atividade for necessária, será calculada pelo tempo
gasto pela equipe de manutenção para alcançar a chave de manobra, deslocando-se ao longo da
linha com velocidade constante.
Assim:
35
𝑡1 = 𝑡′1 +𝑡′2 +𝑡′3 +𝑡′4
Avaliações a priori exigem um conjunto de hipóteses que devem ser formuladas, pois trata-se de
eventos incertos. Assim, para o problema proposto:
• O tempo de reparo até o completo restabelecimento do sistema, 𝒕𝟐 , será assumido constante e

seu valor médio será estimado a partir da média ponderada dos tempos de reparos e probabilidade
de ocorrência dos defeitos. Assim:
𝑁
𝑡2 = 𝑝𝑘 ∙ 𝑡𝑟𝑒𝑝,𝑘
𝑘=1
Sendo:
𝑝𝑘 Probabilidade de ocorrência do defeito do tipo k;

𝑡𝑟𝑒𝑝,𝑘 Tempo médio de reparo para os defeitos do tipo k;
N Número de tipos de defeito.
• As falhas permanentes serão simuladas através de um fator, 𝑓𝑎𝑡𝑝𝑒𝑟 . Normalmente usa-se 0.3, ou
seja, para cada 100 falhas na rede, 30 são permanentes.
36
A partir da definição de taxas de falha por trecho de rede, podemos avaliar as taxas de falha composta
por blocos de carga.
Bloco de carga: Representa um conjunto de trechos que se derivam de uma chave e que não conta,
entre eles, com chave alguma.
Figura 8.12 – Introdução a sistemas de distribuição

37
• A utilização do conceito de blocos de carga é muito útil para a estimação dos indicadores de
qualidade de serviço. Falhas em qualquer um dos trechos da rede que compõem um dado bloco de
carga levam a um mesmo efeito nos indicadores de continuidade do serviço;
• Uma rede com grande número de trechos pode ser reduzida a uma rede representada topologica-
mente por poucos blocos de carga, o que tende a diminuir o esforço de cálculo exigido.
O procedimento para estimação dos indicadores de continuidade de serviço simula a ocorrência de um

número 𝑁𝐷𝑖 de falhas de cada bloco de carga i da rede. Assim:
𝑛𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜
𝑁𝐷𝑖 = 𝜆𝑗 ⁡, 𝑗 ∈ ⁡ Ω𝑖 Ω𝑖 - Conjunto de trechos do bloco i

𝑗=1⁡
𝜆𝑗 Taxa de falhas do trecho j.
Na ocorrência da falha em um bloco i, tem-se:
• Um certo número de consumidores 𝑁𝑖,𝑡1 consumidores sem energia durante 𝑡1 de pesquisa de

defeito no bloco i ;
• Após a isolação do bloco i a equipe de manutenção procede o reparo da falha, o que leva o tempo
𝑡2 . Neste intervalo de tempo, um certo número de consumidores (𝑁𝑖,𝑡2 ), permanece sem forneci-
mento de energia. 38
A contribuição aos valores de DEC e FEC para contingências no bloco i pode então ser avaliada
por:
𝑁𝑖,𝑡1 ∙ 𝑡1 𝑁𝑖,𝑡2 ∙ 𝑡2
𝐷𝐸𝐶𝑖 = 𝑓𝑎𝑡𝑝𝑒𝑟 ∙ 𝑁𝐷𝑖 ∙ +
𝐶𝑠 𝐶𝑠
𝑁𝑖,𝑡1
𝐹𝐸𝐶𝑖 = 𝑓𝑎𝑡𝑝𝑒𝑟 ∙ 𝑁𝐷𝑖 ∙
Cs
Sendo:
𝑁𝑖,𝑡1 Número de consumidores atingidos no tempo t1 , para contingências no bloco i;
𝑁𝑖,𝑡2 Número de consumidores atingidos no tempo t2 , para contingências no bloco i;
39
A contribuição aos valores de DEC e FEC para contingências no bloco i pode então ser avaliada
por:
𝑁𝑖,𝑡1 ∙ 𝑡1 𝑁𝑖,𝑡2 ∙ 𝑡2
𝐷𝐸𝐶𝑖 = 𝑓𝑎𝑡𝑝𝑒𝑟 ∙ 𝑁𝐷𝑖 ∙ +
𝐶𝑠 𝐶𝑠
𝑁𝑖,𝑡1
𝐹𝐸𝐶𝑖 = 𝑓𝑎𝑡𝑝𝑒𝑟 ∙ 𝑁𝐷𝑖 ∙
Cs
A partir das parcelas de 𝐷𝐸𝐶𝑖 ⁡ e 𝐹𝐸𝐶𝑖 ⁡para cada um dos nb blocos de carga, podemos avaliar os
valores de DEC e FEC globais do circuito, ou seja:
𝑛𝑏
𝐷𝐸𝐶 = 𝐷𝐸𝐶𝑖
𝑖=1
𝑛𝑏
𝐹𝐸𝐶 = 𝐹𝐸𝐶𝑖
𝑖=1
nb Número de blocos de carga. 40

Exercício
41
Dados:
PS: Considerar que todas as faltas são permanentes (𝑓𝑎𝑡𝑝𝑒𝑟 = 1), a probabilidade de ocorrência
dos defeitos (𝑝𝑘 ) é igual para todos os defeitos. 42
PUC-Rio
(Indicadores de qualidade)
PROFESSOR : Delberis Araujo Lima
43

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O fornecimento de energia elétrica aos consumidores deve obedecer dois

• A qualidade do produto é caracterizada basicamente pela forma de onda de

• A qualidade do serviço, basicamente entendida como a continuidade no

PS: A qualidade de serviço será a motivação do curso de proteção de

• Variações de frequência (em relação a 60 Hz, usado no Brasil);

1. Em geral acarretadas por variações de carga;

• Variações de tensão de longa duração; (mais de 1 minuto)

• Variações de tensão de longa duração;

Fig. 1: Controle da tensão

• Variações de tensão de curta duração; (menor que 1 minuto)

1. Provocadas, principalmente, por faltas em sistemas elétricos ou partida de grandes

3. Os afundamentos de tensão pode levar ao mau funcionamento de equipamentos,

4. No caso de elevação de tensão pode haver danos ou queima de equipamentos.

• Variações de tensão de curta duração; ; (menor que 1 minuto)

PS:Quanto maior for a potência de Fig: Tensão eficaz do

1. São distorções na forma de onda da tensão (ou corrente) normalmente provocadas

Fig: Onda com distorção

conteúdo harmônico da grandeza em relação a fundamental, como é o caso das

• Desequilíbrios de tensão e corrente

2. Provocam redução de torque e perda de vida útil em motores.

• Flutuações de tensão (Flicker)

1. Fenômenos provocados, por exemplo, por alguns eletrodomésticos, bombas d’agua e

2. Indicadores de flutuação de tensão tentam indicar o desconforto em relação a

1. Oscilações provocadas por cargas variáveis. Na baixa tensão: eletrodomésticos,

1. Oscilações provocadas por cargas variáveis. Na baixa tensão: eletrodomésticos,

Fig. 6: Tensão eficaz em um forno a arco. 11

• A continuidade no fornecimento é, em geral, avaliada por empresas de

Ex: Uma falha em um equipamento pode interromper o fornecimento de energia

• A contabilização da qualidade do serviço relacionado à distribuidora é

• Para estimativas da qualidade do serviço e estabelecimento de metas de

Para melhor fixação dos conceitos de qualidade do serviço, considere a

Exemplo para análise de continuidade no fornecimento a posteriori.

Cai – Número de unidades consumidoras interrompidas em um evento (i), no período

Cs – Número total de consumidores existentes na área em estudo;

ti – Duração do evento i, no período de apuração;

Pi – Potência instalada não atendida no evento i;

Ps – Potência total do sistema na área de estudo;

T – Período de estudo (mensal, trimestral ou anual);

N – Número de ocorrência no período de estudo.

• Duração Equivalente de Interrupção por  Ca  t i i

Unidade Consumidora (DEC) DEC  i 1

• Duração média por consumidor atingido (d). d i 1

• Duração média por potência instalada (dk). dk  i 1

• Frequências equivalente de interrupção por consumidor (FEC)

• A ANEEL estabeleceu que consumidores devem ser agrupados para estabelecimento

Fig. 8: Definição do conjunto de unidades

1. Define-se um conjunto de consumidores (ou distribuidoras) a partir de uma análise de

consumo médio mensal, etc.)

Definição dos Clusters a partir de uma análise de atributos.

• Cluster 1 possui 270 elementos;

• Valor médio, mínimo e máximos de DEC são: 20.2, 0.07 e 100.8;

• Valor médio, mínimo e máximos de FEC são: 19.04, 0.08 e 214.8;

• Define-se um conjunto de consumidores (ou distribuidoras) a partir de uma

análise de atributos (área de atuação, comprimento de rede primária, número de

• Determina-se a distribuição de valores de DEC (ou FEC) para todos os conjuntos

• Define-se a meta do indicador como sendo o primeiro decil;

• A partir desta meta são estabelecidos os DICs, FICs e DMICs;

1. Duração de Interrupção da Unidade Consumidora k (DICk)

𝑁𝑘 Número de eventos que afetaram a unidade k.

𝐷𝑀𝐼𝐶𝑘 = max 𝑡𝑖𝑘 , ∀𝑖 ∈ Ω𝑁 ⁡

Ω𝑁 Conjunto dos N eventos. 23