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DSM-V ou DSM-5?
Um dos objetivos da Força-tarefa foi definir o DSM-5 como um documento “vivo”, para
que alterações futuras pudessem ser feitas rapidamente em resposta a avanços científicos.
Os membros da Força-tarefa concluíram que a capacidade de responder de maneira rápida
e ágil seria mais bem alcançada por meio do uso do numeral arábico no lugar dos numerais
romanos, os quais têm sido usados desde que o DSM-II foi publicado, em 1968; portanto,
adotou-se a nomenclatura de DSM-5 em vez de DSM-V. Como a tecnologia permite a ime-
diata disseminação da informação em todo o mundo, os numerais romanos foram considera-
dos muito limitantes, sobretudo considerando que a ocorrência de futuras revisões textuais
parecia provável. Por exemplo, uma designação “TR” (como em DSM-IV-TR) somente pode
ser usada uma vez. Para simplificar, alterações que ocorrerão antes da próxima revisão com-
pleta do manual poderão ser designadas como DSM-5.1, DSM-5.2, e assim por diante.
Avaliação Dimensional
Um dos desafios de se diagnosticar precisamente os transtornos mentais consiste em ser
capaz de avaliar totalmente uma variedade de sintomas e outros fatores nos pacientes.
Desde o DSM-III, os transtornos têm sido descritos e organizados em categorias, com uma
lista específica de critérios para cada transtorno mental. Com esse sistema categórico, uma
pessoa tinha ou não tinha um sintoma, e era preciso apresentar determinado número deles
para que um diagnóstico pudesse ser estabelecido. Se esse número de sintomas não fosse
alcançado, o transtorno não era diagnosticado.
O uso de critérios representou um grande aprimoramento em comparação com as dire-
trizes anteriores disponíveis para diagnosticar pacientes com transtornos mentais, mas as
abordagens categóricas nem sempre se ajustam à realidade da variedade de sintomas que
as pessoas apresentam. Por exemplo, pessoas com esquizofrenia frequentemente têm ou-
tros sintomas que não condizem com os critérios para diagnosticar esse transtorno (p. ex.,
depressão, ansiedade). Já que os critérios diagnósticos exigem uma decisão do tipo sim/
não do clínico, na maioria dos casos não há um método no DSM-IV que dê conta da gravi-
dade do transtorno nem uma maneira fácil de determinar se o paciente está melhorando
com o tratamento.
Solicitou-se aos grupos de trabalho que considerassem maneiras de incorporar um mé-
todo simples que permitisse aos clínicos captar os sintomas e a gravidade dos transtornos
As inovações nos ensaios de campo incluíram seleção aleatória de pacientes com pou-
cos critérios de exclusão; uso de clínicos não selecionados de acordo com uma especia-
lização nos transtornos que estavam sendo avaliados; aplicação do sistema completo do
DSM-5 em cada avaliação (em vez de focar em um diagnóstico de cada vez); e orientações
aos clínicos participantes para que estabelecessem diagnósticos de acordo com sua prática
habitual, e não com base em uma entrevista diagnóstica padronizada (raramente utilizada
na prática clínica). Essas mudanças foram implementadas para serem testadas com crité-
rios diagnósticos de fidedignidade ideal desenvolvidos para clínicos do mundo real que
tratam pacientes reais.
Os resultados preliminares dos ensaios de campo foram apresentados no encontro
anual da American Psychiatric Association em 2012. Os critérios do DSM-5 foram ade-
quadamente confiáveis para a maioria dos estudos de transtornos, enquanto as clas-
sificações dimensionais apresentaram resultados melhores. Os valores kappa dos tes-
tes conduzidos nos centros acadêmicos ficaram na faixa “excelente” para os seguintes
transtornos: transtorno do espectro autista, 0,69; transtorno de estresse pós-traumático,
0,67; transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, 0,61; e transtorno neurocognitivo
maior, 0,78. Os seguintes transtornos ficaram na faixa “bom”: transtorno bipolar tipo
I, 0,54; esquizofrenia, 0,46; transtorno esquizoafetivo, 0,50; lesão cerebral traumática
leve, 0,46; e transtorno da personalidade borderline, 0,58. Outros transtornos tiveram um
desempenho pior: transtorno de ansiedade generalizada, 0,20; e transtorno depressivo
maior, 0,32. Embora a síndrome de psicose atenuada tenha apresentado um resultado
razoavelmente bom (0,46), o intervalo de confiança de 95% estendeu-se a zero, o que
sugere um ensaio falho.
Embora os valores kappa relatados para o DSM-III e para o DSM-IV tenham apre-
sentado resultados melhores (p. ex., 0,59 para transtorno depressivo maior), as amostras
de pacientes diferiram muito nesses ensaios de campo iniciais em que os pacientes com
comorbidades psiquiátricas foram excluídos.
Aprovação final
As revisões sugeridas para o DSM-5 passaram por uma análise rigorosa e de múltiplas
etapas antes da aprovação do Conselho da APA. Durante 2011 e 2012, as alterações su-
geridas continuaram a passar por revisão, com contribuições dos membros da APA e de
outras pessoas por meio de três postagens no site do desenvolvimento do DSM-5. Os dados
dos ensaios de campo foram analisados, discutidos e integrados às sugestões durante o
processo de revisão. Um comitê de revisão científica foi encarregado de revisar a ciência
que validava as evidências para as revisões. Houve um processo de revisão por pares, no
qual centenas de revisores especialistas consideraram os riscos e os benefícios clínicos e de
saúde pública de se implementar alterações em relação ao DSM-IV. A Assembleia da APA,
seu corpo administrativo, debateu o DSM-5 e votou para aprovar o novo manual no seu
encontro anual em novembro de 2012.
Por fim, houve uma revisão geral realizada pela Força-tarefa do DSM-5, a qual enviou
as recomendações finais em conjunto com todos os dados de apoio ao Conselho da APA
para a revisão final. O esboço final foi aprovado pelo Conselho em dezembro de 2012 e
então submetido à American Psychiatric Publishing, uma divisão da APA. O lançamento
oficial do DSM-5 foi marcado para o 166º Encontro Anual da APA em São Francisco, de 18
a 22 de maio de 2013.
restantes e incorporar um esquema complexo para classificar até cinco domínios de traços
de personalidade e 25 facetas. Os críticos apontaram que os novos critérios eram tão com-
plexos que seriam impraticáveis para clínicos muito ocupados e que um grupo já margina-
lizado de pacientes seria ainda mais marginalizado por clínicos que ignoravam os novos
critérios. O fato de dois membros do grupo de trabalho terem-se retirado em 2012 acirrou
ainda mais as críticas. O Conselho da APA então votou para incluir os critérios de trans-
tornos da personalidade do DSM-IV na Seção II e incluir o modelo proposto na Seção III.
Apesar desses vários desafios, a Força-tarefa e os 13 grupos de trabalho persistiram, e,
ainda que a programação inicial não pôde ser seguida (o plano inicial era que o lançamento
acontecesse em 2012), o DSM-5 surgiu saudável e forte e provavelmente muito aprimorado
devido ao intenso interesse (e às contribuições) de clínicos e pesquisadores, assim como do
público.
Resumo
O processo que levou ao DSM-5 começou há 14 anos e foi muito parecido com o pro-
cesso que levou às versões anteriores – DSM-III, DSM-III-R e DSM-IV –, por envolver a
participação ativa de líderes na área da psiquiatria e centenas de psiquiatras e psicólo-
gos. O processo foi de trabalho intenso, aberto e transparente e teve múltiplas etapas de
revisão. A Força-tarefa declarou desde o início que o DSM-5 deveria ser transformador
e cumpriu essa promessa, criando um documento de 947 páginas (sem incluir a lista de
classificação e o prefácio) que introduziu a avaliação dimensional de uma maneira mais
fundamental do que seus predecessores, introduziu muitos novos diagnósticos, consoli-
dou muitos outros e eliminou alguns. Dentro do possível, as alterações foram baseadas
nas melhores evidências científicas, em análises de bancos de dados e em novos dados
de ensaios de campo.