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Os pecados capitais não existem como forças substantivas mas são expressões de algo

mais básico, que é o medo e a angústia. A cobiça não existiria sem o medo, assim como o
prazer não se buscaria sem o medo da privação, pelo que ele é sobretudo a busca de um
alívio. O ser humano vive na obscuridade, todas as suas percepções são fragmentárias,
por isso é natural que viva no medo e na angústia. Mas buscar prazer e segurança não
resolve o problema do medo e da angústia, pois é buscar a solução para o problema no
mesmo nível em que ele se encontra. Não existe verdadeiramente alívio no plano
terrestre. As religiões têm mandamentos contra a cobiça, contra a luxúria por isso mesmo,
mas quando elas se tornam em instituições investidas de autoridade, esta mesma
autoridade torna-se numa segunda fonte de medo e angústia. Ou seja, o apego à religião
como meio terrestre não melhora a nossa situação. As práticas religiosas são muito boas
se soubermos o que estamos fazendo com elas, senão o melhor é não entrar naquilo, já
que corremos o risco de apenas experimentar a função que a religião tem de manter a
ordem social e não teremos contacto com a função de lembrar a nossa verdadeira
identidade. Cristo disse “vós sois deuses” (João 10, 34; que remete ao Salmo 82 (81),
versículo 6), ao passo que o diabo disse “vós sois como deuses” (Gn 3, 5). Atermo-nos
aos pecados vai prender-nos na circunstância terrestre imediata e, dessa forma, criaremos
uma falsa identidade. Então, temos de decidir se vamos confessar os nossos pecados a
uma autoridade eclesiástica ou perante a nossa alma imortal (ver 2.8 Consciência de
Imortalidade). Só a alma imortal fala com Deus. Só vamos confessar aquilo que nos
tornou opacos para a nossa alma imortal, uma vez que tudo o resto são coisas que nos
envergonham face à sociedade e confessá-las será apenas um ritual social, que é,
precisamente, uma das fontes de angústia e de medo.

Sobre o sexo e a moralidade deturpada: Santo Agostinho disse que qualquer acto
sexual feito por prazer é pecado. Se acharmos que isto quer dizer que o acto sexual deve
ser feito apenas a contragosto, como se fosse um acto administrativo de procriação, então,
estamos a ter uma visão materialista. Qualquer acto humano só tem legitimidade quando
não nos prende na irrealidade presente, logo o acto sexual só tem validade quando
simboliza o verdadeiro encontro entre duas identidades. Reconhecemos na outra pessoa a
sua condição de medo, miséria, angústia, e se dermos o alívio a ela, sem prendê-la na
nossa materialidade, estamos a fazer um acto de caridade divina. Fora disso, é apenas a
utilização do outro como um instrumento do nosso alívio material, o que não é lícito
buscar mas é lícito oferecer. Uma relação profunda só é possível em certas condições, as
quais não se perfazem no encontro ocasional. Tem que haver doação completa, e o sexo
no casamento, sem pensar na moldura institucional, é quando completamos o nosso dom
de caridade ao outro. Tudo isto vai muito além de uma simples proibição. Não vamos nos
livrar do pecado amanhã, temos de conviver com ele e ter paciência com nós mesmos
mas também firmeza. Os hábitos sexuais ganharam muita relevância e as pessoas dão
demasiada importância a este aspecto relativamente periférico da personalidade humana.
O acto homossexual não é realmente sexo, é uma espécie de masturbação, já que não há
qualquer risco de engravidar. Mas não temos nada a ver com os pecados dos outros,
temos os nossos, que até podem ser piores. Na verdadeira relação sexual, duas almas
completas realizam mutuamente o extremo da caridade no nível mais baixo da existência.
É como o divino a descer para o animal. Não se consegue isso com a masturbação ou
com o acto homossexual nem com o sexo casual. Muitos se escandalizam com os
pecados da carne, esquecendo que quando os Evangelhos foram escritos, no império
romano, o pecado da carne era bárbaro mas hoje em dia temos o genocídio de sociedades
inteiras baseado na mentira. Não perceber o que está realmente em causa revela uma
consciência moral deturpada (não é exactamente na consciência onde entra o diabo mas
no raciocínio). Temos que recuar para a consciência profunda e lembrarmo-nos de quem
realmente somos. O único amor que realmente existe é o amor a Deus e todos os outros
amores são expressões parciais deste.

A vida espiritual antecede a vida intelectual: O perigo é ignorar a nossa


vulnerabilidade: não podemos confiar em nós mas apenas em Deus. Isto porque a nossa
estrutura consiste em amar a Deus acima de todas as coisas. A nossa vida intelectual tem
que ser modelada pela nossa vida espiritual e não o contrário, porque é a vida espiritual
que nos instala na realidade e não podemos viver apenas no mundo das nossas ideias.
Temos que aceitar que a realidade não é doutrina, ela consiste nos próprios factos. Temos
que examinar constantemente a nossa alma para não nos candidatarmos a uma neurose.
Nada do que fazemos é neutro, tudo tem um significado e não podemos nos livrar da
consciência moral. É uma confissão permanente, que não é apenas ir aos pecados
catalogados mas implica uma abertura total, em que temos de ter a certeza que Deus nos
ama mais do que nós nos amamos a nós mesmos.

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