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do Ensino de História
Autoras
Gisele Thiel Della Cruz
Daniela dos Santos Souza
2009
S729 Souza, Daniela dos Santos; Cruz, Gisele Thiel Della. / Funda-
mentos Teóricos e Práticos do Ensino de História. / Daniela
dos Santos Souza; Gisele Thiel Della Cruz. — Curitiba : IESDE
Brasil S.A. , 2009.
208 p.
ISBN: 978-85-387-0579-6
CDU 372.48
O estudo da História
no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental –
Conceitos fundamentais: o sujeito histórico................... 49
Definições sobre o sujeito histórico.................................................................................... 50
A historiografia e o sujeito histórico.................................................................................... 50
Como trabalhar o sujeito histórico
no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental......................................................................... 52
O sujeito histórico e a noção de participação na História........................................... 53
O estudo da História
no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental –
Conceitos fundamentais: o tempo histórico................... 59
Conceito de tempo.................................................................................................................... 60
Discussões sobre as propostas dos PCN e o estudo do tempo histórico............... 62
Como dinamizar o estudo do tempo em sala de aula –
propostas didáticas e trabalho com fontes...................................................................... 64
Tempo histórico e valores permanentes............................................................................ 67
Avaliar o trabalho desenvolvido........................................................................................... 68
Observando a Lua..................................................................... 99
Introdução ao tema................................................................................................................... 99
Para quem?.................................................................................................................................100
Proposta de trabalho..............................................................................................................100
A diversidade cultural............................................................139
Introdução ao tema.................................................................................................................139
Para quem?.................................................................................................................................141
Proposta de trabalho..............................................................................................................141
Memória e identidade...........................................................151
Introdução ao tema.................................................................................................................151
Para quem?.................................................................................................................................152
Proposta de trabalho..............................................................................................................152
Os calendários..........................................................................175
Introdução ao tema.................................................................................................................175
Para quem?.................................................................................................................................176
Proposta de trabalho..............................................................................................................176
Referências.................................................................................201
Anotações..................................................................................207
Esta disciplina vem oferecer o estudo da História sob dois aspectos dife-
renciados. O primeiro é a base teórica-conceitual que sustenta o ensino de Histó-
ria nas escolas do Ensino Fundamental, e o segundo trata das práticas educativas
que devem contribuir como instrumento de reflexão para os professores, a partir
de propostas de trabalho sobre temas fundamentais desta matéria.
Fernando Pessoa
A partir desses estudos, o professor terá material suficiente para criar inda-
gações, momentos de reflexão e de posicionamento dos seus alunos quanto às
questões pertinentes sobre a identidade e a cidadania.
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O estudo das Ciências Humanas: História e Geografia
era articulada com uma sucessão de reis e de lutas, bem como de grandes even-
tos. No caso do Brasil, eventos como a Independência ou mesmo a Constituição
do Estado-nacional. Com o advento da República e a tentativa de laicização da
educação, criou-se uma escola capaz de instruir, transmitir valores patrióticos e
espírito cívico, e isso se deveu principalmente à preocupação com o universo de
imigrantes que aportavam no país.
Nas décadas de 1960 e 1970, sob o domínio militar, mais ainda a História
passa a ser uma disciplina significativa, alicerçada na “dobradinha” História e Ge-
ografia, conhecida como Estudos Sociais. Vê-se crescer o espírito nacionalista e
o desenvolvimento das idéias cívicas de caráter moralizante.
O caminho da Geografia:
das universidades à sala de aula
A produção do pensamento geográfico no Brasil teve sua fundação na facul-
dade de Filosofia da Universidade de São Paulo, na década de 1940, a partir da
disciplina de Geografia. Essa Geografia tinha como característica uma produção
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
A partir da década de 1960, sob a influência das teorias marxistas, surge uma
tendência cuja particularidade era a crítica da Geografia Tradicional. Absoluta-
mente todas as relações que eram estabelecidas e próprias do homem eram jus-
tificadas e compreendidas por meio do viés marxista, num processo quase que
militante da disciplina. Não bastava explicar o mundo; era preciso transformá-lo.
Para tanto, a Geografia lançou mão de conteúdos políticos, voltados para a for-
mação do cidadão.
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O estudo das Ciências Humanas: História e Geografia
PCN, v. 5. p. 152.
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Proposta da disciplina
O que se propõe a partir dessa disciplina é que você elabore uma nova com-
preensão a respeito das disciplinas de História e de Geografia. Que tenha sub-
sídios suficientes para discutir e trabalhar, em sala de aula, conceitos que são
fundamentais para ambas as áreas do conhecimento, e que disponha de um
material interessante em termos de sugestões de atividades para serem desen-
volvidas junto aos seus alunos.
Atividades
1. De que maneira o estudo da História e da Geografia podem contribuir para
uma consciência mais crítica e comprometida com a sociedade?
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O estudo das Ciências Humanas: História e Geografia
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História para a
Educação Infantil: parte 1
Philippe Ariès
O conceito de infância
construído historicamente
A idéia de infância e de sua importância social foi registrada por Philippe
Ariès em um clássico da historiografia contemporânea da história da famí-
lia, denominado História Social da Criança e da Família (1973). Tendo a crian-
ça e a família como objetos, o autor passa da interpretação da sociabilidade
tradicional à compreensão das modernas sociedades industrializadas. Em
seu livro, procura traçar paralelos entre a visão que se tinha da criança na
Idade Média e as mudanças que aconteceram no início dos tempos mo-
dernos. Naquela época, bastava a criança desmamar que já era introduzida
no mundo dos adultos. Prova disso está nas diversas vezes em que o autor
se reporta à iconografia para apresentar a imagem da criança medieval,
geralmente vestida ou mesmo desenhada como se fosse um adulto, com
características absolutamente distintas do comportamento ou tratamento
que damos à criança hoje. Ariès mostra que, inicialmente, o traje das crian-
ças se confundia com a vestimenta dos adultos (ARIÈS, 1981, p. 71).
Fotografia de crianças.
Não é à toa que no século XIX a preocupação com a educação e com a for-
mação das crianças e dos jovens se tornou a tônica do momento. O início dessa
preocupação com o estabelecimento da classe escolar e com a concepção de
criança na modernidade surge em paralelo com a noção de família moderna e
com a predominância de valores burgueses.
Por sua vez, Maria Montessori, por meio de sua experiência com crianças “anor-
mais”, vai desenvolver um método educacional ligado a exercícios que têm como
característica o desenvolvimento das atividades sensoriais e motoras, visando
principalmente o atendimento à educação pré-escolar. Absolutamente tudo que
1
Para João Pestalozzi, a educação podia modificar e influenciar os homens. Leitor de Rousseau, foi influenciado por inúmeras de suas concepções.
Acreditava em uma educação sem coerção, recompensas ou punições. Obras: Leonardo e Gertrudes (1782) e Minhas Investigações sobre o Curso da
Natureza no Desenvolvimento da Raça Humana (1792).
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
está no entorno da criança é desenvolvido para que ela tenha uma visão mais
ampla do mundo. O material com que ela trabalha, o ambiente escolar, as cartei-
ras, os materiais coloridos, as peças cilíndricas, tudo vem a colaborar para a des-
coberta do aluno, para que desperte seu interesse. Numa classe montessoriana,
a organização e o silêncio são fundamentais. O aluno precisa do silêncio para se
desenvolver e ter espaço suficiente para ver desabrochar a imaginação.
A creche e a pré-escola
numa perspectiva sociocultural
Ao serem abordados os trabalhos de Piaget2 e Vygotsky pode-se observar que
o cerne da discussão de ambos está justamente na produção do conhecimento
pela criança. Para Piaget, a construção do conhecimento está em sua interação
com o meio, não importando que características tenha esse meio. Ao apresentar
2
PIAGET e lNHELDER, B. A Psicologia da Criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993. VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente: o desenvol-
vimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
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História para a Educação Infantil: parte 1
os lugares e as paisagens;
os seres vivos;
fenômenos da natureza.
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História para a Educação Infantil: parte 1
nossas perdas e também de nossas vitórias. O que temos aí, no dia-a-dia, é o re-
sultado de séculos sendo amalgamados em guerras, em misérias e esperanças,
em opressão e solidariedade. Esse mundo das diferenças e da exclusão, do crime
contra a vida e contra a ética está à volta. É esse mundo que deve ser mostrado
para as crianças. Como colocar as crianças a par de tudo isso?
Atividades
1. Quais as mudanças ocorridas na concepção de infância, de acordo com Phi-
lippe Ariès, entre a Idade Média e a Modernidade?
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
3. Como podemos pensar o papel da pré-escola e das creches hoje? Quais gru-
pos sociais são mais privilegiados em poder usufruir desse recurso para a
educação de seus filhos?
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História para a Educação Infantil: parte 1
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História para a
Educação Infantil: parte 2
Os lugares e as paisagens.
Os seres vivos.
Fenômenos da natureza.
O primeiro item, por exemplo, “Organização dos grupos e seu modo de ser,
viver e trabalhar”, pode ser desenvolvido a partir do que a criança estabelece
como relação dentro e fora da escola. É possível trazer a criança ao convívio
da comunidade, no seu entorno, ou levá-la a conhecer o diferente. Passeio ao
museu, exibição de vídeos ou manifestações culturais de outros povos.
As atividades cotidianas da criança são um bom suporte para que ela enten-
da a dinâmica do tempo. Também a partir dessas atividades, é possível que o
aluno assimile a idéia de cultura, algo que se constrói a partir de hábitos, valores
e tradições de seus familiares. Tempo e cultura podem ser observados com ati-
vidades lúdicas bastante simples. Partindo das necessidades humanas básicas,
o professor pode fazer perguntas sobre a moradia, a alimentação, o vestuário, a
higiene e o lazer. Por exemplo: “o café que tomamos pela manhã, quem traba-
lhou para que ele estivesse em nossa mesa? Para que ele chegasse até a mesa, o
que foi necessário acontecer?” Dessa maneira, o professor pode ir direcionando
o pensamento do aluno. Alguém plantou uma semente na terra e nasceu uma
plantinha. Dela se colhem os frutos que serão ensacados pelos lavradores e en-
viados a um lugar onde serão torrados e moídos. Depois, serão colocados em
saquinhos e levados aos supermercados, às padarias e aos armazéns. Ali, vão ser
comercializados e comprados pelas famílias. Com base nesses dados, pode-se
fazer uma associação, a partir do café, do tempo necessário para que determi-
nado produto chegue em nossa casa, para que se observe as diferentes fases
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História para a Educação Infantil: parte 2
Após esse exercício, é possível solicitar à criança que apresente aos seus co-
legas o trabalho que foi desenvolvido. Isso tudo é extremamente lúdico e pode
ser feito de maneira livre, deixando a criança produzir seu trabalho da forma que
melhor lhe convier, a partir de sua observação das formas e contornos da figura,
ou seja, de seu olhar sobre o desenho ou a obra. Esse tipo de atividade pode ser
desenvolvida com as áreas ou lugares da comunidade/localidade da criança.
(NICOLAU, 2000, p. 251.)
A educação pré-escolar.
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Atividades
1. Quais as propostas que existem no RCNEI, em termos de conteúdos, para
que seja desenvolvido o eixo Natureza e Sociedade?
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História para a Educação Infantil: parte 2
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O estudo da História no
1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental –
Conceitos fundamentais: o fato histórico
Marc Bloch
O estudo da História:
o tempo e o fato histórico
Há muito tempo, os historiadores rumaram para uma nova concepção
acerca da História e da construção da Ciência Histórica. Essa nova aborda-
gem apontava não mais a velha exposição dos fatos e seus encadeamen-
tos, que fez parte do ofício do historiador no século XIX e parte do século
XX, período esse denominado, sinteticamente, de positivismo. Essa nova
proposta voltou-se para novos discursos e para um processo mais reflexi-
vo e conjuntural de construção da História.
Ainda, o fato histórico pode ser entendido como um sinônimo do que Fer-
nand Braudel denominou de tempo do acontecimento breve, ou seja, aquele que
representa a dimensão de um acontecimento breve, correspondendo a um mo-
mento preciso. Pode ser algum acordo firmado em determinada data, o nasci-
mento de algum personagem histórico, o fim de um governo ou a independên-
cia de uma nação.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o fato histórico
Isso ocorria justamente porque era fundamental para o Estado que se criasse
uma consciência cívica, normatizadora e moralizante nos cidadãos, e não uma
compreensão e elaboração da História de uma maneira mais crítica. A História
estava na escola para ser decorada e sua prática constava de recitar lições, datas
e nomes considerados significativos. Esse tipo de História e de conhecimento es-
colar sobre História esteve presente desde o século XIX, com algumas pequenas
mudanças ou descaminhos em determinados momentos. Assim, foi dominante
a criação de programas de História com narrativas morais, de grandes eventos e
de grandes heróis, uma História factual.
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Nas décadas de 1960 e 1970, sob o domínio militar, a História passa a ser
uma disciplina mais significativa, conhecida como Estudos Sociais, dentro do
espírito nacionalista de caráter moralizante e cívico. A História factual mantém
seu curso. Trata-se de enaltecer alguns fatos importantes e manter na popula-
ção a imagem da nação perfeita e da aceitabilidade de que o poder e a glória
cabem somente a alguns.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o fato histórico
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
O aluno chega à sala de aula com algum grau de informação sobre alguns
temas ou fatos que estão sendo trabalhados pelo professor. É claro que com as
apropriações distorcidas das informações adquiridas por intermédio dos meios
de comunicação. Cabe ao professor empregar em suas aulas recursos visuais e
tornar mais rico o fato histórico trabalhado. Assim, o referencial do aluno será,
além do texto escolar, oral ou escrito, aquele que lhe é veiculado pela televisão
ou pelo filme. É importante que o professor seja capaz de utilizar esse recurso
(o filme) e fazer, portanto, essa conversação entre o fato histórico mostrado no
filme e aquele trabalhado em sala. De acordo com Saliba, as imagens não falam,
mas agregam referenciais: “as imagens são estratégias para conhecimento da
realidade, mas não constituem sucedâneos para nenhum suporte escrito. Ao
contrário do que se diz, freqüentemente, a imagem não fala. Sem comentários,
uma imagem não significa rigorosamente nada.” (1996, p. 161). A articulação da
imagem com o texto escrito trará ao aluno elementos suficientes para que ele
tenha uma compreensão mais ampla do fato/conhecimento histórico.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o fato histórico
Dicas de estudo
Guerra do Fogo, 1981. Para trabalhar aspectos da Pré-História.
A Era do Gelo, 2002. Desenho animado interessante que mostra como viviam os
homens primitivos. Ótimo para trabalhar com crianças.
Simbad, 2003. Desenho animado que fala sobre os costumes e lendas árabes.
Atividades
1. Como se define fato histórico?
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
3. Como o estudo dos fatos foi utilizado pelo poder público para a manipula-
ção da consciência cívica?
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o fato histórico
4. Procure elaborar uma aula, a partir de um fato histórico, utilizando como re-
curso ilustrativo um filme.
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O estudo da História no
1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental –
Conceitos fundamentais: o sujeito histórico
Carlo Ginzburg
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o sujeito histórico
A noção quase que mítica que fora dada a alguns personagens começa a se
esvaziar de sentido. De origem grega, a palavra mythos significa narrar para o
público as origens de qualquer coisa, com sentido fabuloso, mágico, divino e
incontestável. Esse caráter de verdade inquestionável e de uma explicação para
tudo sobre algumas personagens da História é um legado da História Positivista/
Tradicional do século XIX e meados do século XX a partir de uma visão mítica.
Para que se tenha uma idéia do sentido que a História tinha no século XIX, é
interessante citar um episódio narrado por Peter Burke:
A história tradicional oferece uma visão de cima, no sentido de que tem sempre se concen-
trado nos grandes feitos dos grandes homens, estadistas, generais ou ocasionalmente ecle-
siásticos. Ao resto da humanidade foi destinado um papel secundário no drama da História.
A existência dessa regra é revelada pelas reações à sua transgressão. Quando o grande es-
critor russo Alexandre Pushkin estava trabalhando no relato de uma revolta de camponeses
e de seu líder Pugachev, o comentário do czar Nicolau foi que ‘tal homem não tem história’.
(BURKE, 1992, p. 12)
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Ao levar para a sala de aula esse papel relevante do sujeito histórico, essa nova
visão deve ser reforçada junto ao aluno. Não se trata de esquecer os “mitos” e os
“heróis” nacionais, mas de torná-los tão humanos quanto nós e tão povo como
qualquer um e, mais do que isso, resgatar a idéia de que eles não estavam sozinhos
e que lutavam por ideais ou sentimentos que geralmente eram de um coletivo.
O que se objetiva com isso é que o aluno seja capaz de se perceber como
um ser político socialmente ativo, que ele possa compreender sua influência na
formação da sociedade, que se situe como agente construtor da História, numa
sociedade em constante transformação, relacionando presente – passado – pre-
sente, numa perspectiva local e global. Que esse conhecimento histórico cons-
truído possa ser aplicado no cotidiano de suas relações sociais e culturais. Final-
mente, que o aluno seja um sujeito livre, crítico e autônomo, capaz de intervir
nas relações sociais existentes.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o sujeito histórico
Observa-se, então, que desde a História do Brasil até a História Geral pode ser
trabalhado o conceito de sujeito histórico e que é perfeitamente viável desen-
volver essas noções com os alunos desde as Séries Iniciais.
O sujeito histórico
e a noção de participação na História
Estar no poder significa muitas vezes contar a História por intermédio do seu
ponto de vista e de suas necessidades. Quando se está no poder, tem-se nas
mãos os imensos recursos humanos com que conta uma sociedade: intelectuais,
sistema de educação, religião e a possibilidade de influenciar o que está sendo
produzido, o que as pessoas lêem e escrevem.
Isso quer dizer que poucos dos que são destituídos de poder têm voz na His-
tória ou conseguem espaço para expor seu ponto de vista e manifestar-se. O
resultado disso foi sempre uma visão restrita, imposta por alguns, enaltecendo
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Por isso, torna-se tão importante que os alunos saibam que os homens em
sociedade, sua maneira de se organizar, sobreviver, pensar e produzir é que
movem a História. Que a compreensão da História é uma ferramenta de con-
quista em oposição à dominação e ao uso que se fez do conhecimento histórico
em favor apenas de um pequeno grupo.
Texto complementar
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o sujeito histórico
Quem os ergueu?
Sobre quem
Sozinho?
Tantas histórias.
Tantas questões.
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Atividades
1. De acordo com os PCN, o que vem a ser “sujeito histórico”?
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O estudo da História no
1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental –
Conceitos fundamentais: o tempo histórico
Alfredo Bosi
distingue pelas variadas noções formalizadas por culturas diferentes, por per-
cepções de historiadores que discutem sobre ângulos opostos de opinião sobre
o tempo, ou mesmo pelas diferentes abordagens estabelecidas pelos demais
campos do conhecimento, como a Física, a Matemática e a Biologia.
Conceito de tempo
Todos os homens, cotidianamente, convivem com fenômenos que são tem-
porais: dia, noite, estações do ano, nascimento, crescimento, envelhecimento,
horas, ou seja, circunstâncias da vida diária que fazem com que os indivídu-
os possam sentir o tempo, no entanto, eles têm uma dificuldade enorme de
conceituá-lo.
Guerra Mundial (em 1914). O tempo das ações humanas, portanto, não obede-
ceria ao calendário e ao tempo cronológico.
O primeiro passo para que se possa avaliar a importância que o tempo tem para
a vida das pessoas e para a compreensão da História está até mesmo na necessi-
dade de saber a todo momento o que virá a seguir ou que horas são. Da mesma
maneira, é impossível conceber um estudo histórico sem uma definição temporal
adequada. Com esse instrumental em mãos, o professor é capaz de tornar com-
preensível aos seus alunos os ritmos de tempo, as relações de periodicidade, a
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Espera-se que, no final do primeiro ciclo, os alunos sejam capazes de: compa-
rar acontecimentos no tempo, tendo como referência anterioridade, posteridade
e simultaneidade (grifo nosso); que saibam reconhecer permanências e transfor-
mações (grifo nosso) sociais, econômicas e culturais nas vivências cotidianas das
famílias, da escola e da coletividade, no tempo (grifo nosso), no mesmo espaço
de convivência; e que possam caracterizar a vida das coletividades indígenas.
Para que possa se estabelecer tais relações, os PCN propõem que o aluno
saiba trabalhar com a periodização e consiga, a partir de atividades como medi-
ções e calendários, transpor no tempo essas comunidades estudadas. Seguindo
as propostas dos Parâmetros Curriculares, pretende-se que o aluno seja capaz
de estabelecer relações entre a sua comunidade e outros locais de estudo, para
que possa melhor identificar a sua realidade e buscar, mediante a compreensão
da História, elementos que tornem a sua realidade inteligível. De acordo com as
proposições dos parâmetros, o estudo da História deve servir como um recur-
so para que problemas semelhantes tenham soluções cabíveis e parecidas com
aquelas do passado.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o tempo histórico
Ao final do segundo ciclo, o aluno deverá ser capaz de: reconhecer algumas
relações sociais, econômicas e culturais que a sua coletividade estabeleceu com
outras localidades, no presente e no passado (grifo nosso); identificar as ascendên-
cias e descendências das pessoas que pertencem à sua localidade, quanto à nacio-
nalidade, etnia, língua, religião e costumes, contextualizando seus deslocamentos
e confrontos culturais e étnicos, em diversos momentos históricos nacionais (grifo
nosso); identificar as relações estabelecidas entre a sua localidade e os demais
centros políticos, econômicos e culturais, em diferentes tempos (grifo nosso); utili-
zar diferentes fontes de informação para as leituras críticas e valorizar as ações co-
letivas que repercutem na melhoria das condições de vida das localidades. Essas
propostas estão diretamente relacionadas com a compreensão do tempo.
Para que esses objetivos sejam plenamente atingidos, é preciso que se tra-
balhe na perspectiva temporal, de forma que essa abrangência seja capaz de
proporcionar ao aluno a capacidade de visualizar fronteiras temporais e de com-
preender a sua identidade a partir das diferenças que ele possa estabelecer. Di-
ferenças que se caracterizam também no tempo e que são estabelecidas entre
comunidades, classes sociais, etnias, gêneros e nacionalidades, dentro de um
ciclo. A identidade do aluno será não somente trabalhada no aspecto individu-
al, mas também buscando uma identidade coletiva, ou seja, a identidade que
nasce a partir da observação da diversidade.
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É possível sentir uma nova procura na História. Ela se realiza a partir da diver-
sidade de atividades que se pode realizar com os alunos e que faz com que eles
tomem gosto pela compreensão da História, além, é claro, de atender às propos-
tas dos PCN, como a descoberta de si, do outro, das diferenças e das completu-
des. Para tanto, o professor pode utilizar diversos recursos e fontes de trabalho,
como: jornais, revistas, fotografias, filmes, cartas, músicas e outros.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o tempo histórico
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Ética – Os PCN propõem uma escola que realize um trabalho que possi-
bilite o desenvolvimento da autonomia moral, com base em conteúdos
como justiça, respeito mútuo e solidariedade. Trabalhar com algumas des-
sas concepções de cidadania e participação social a partir da história dos
gregos seria bastante interessante, bem como a própria noção de justiça
e confiança que se construiu na civilização romana, principalmente no di-
reito romano do período republicano. Buscar material para leitura ou fi-
guras do período que ilustrem tais situações abriria uma porta de diálogo
entre passado e presente e se tornaria um veículo significativo para uma
atuação na dimensão social e pessoal. Por sua vez, desperta nos alunos o
desenvolvimento de valores e atitudes cidadãs.
interessante que a criança possa, por exemplo, construir linhas do tempo, refletir
sobre o que ela aprendeu com a visualização das fotografias trabalhadas.
Abril
Adriana Calcanhoto
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
me impelindo, me fazendo/
logo eu, que fazia girar o mundo, logo eu, quem diria, esperar pelos frutos/
começar de novo/
[...].
Atividades
1. Procure diferenciar tempo histórico e tempo cronológico.
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O estudo da História no 1.° e 2.° ciclos do Ensino Fundamental – Conceitos fundamentais: o tempo histórico
2. Que outras atividades para desenvolver nas Séries Iniciais do Ensino Funda-
mental podem ser elaboradas? Procure formular algumas.
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A História e as propostas
dos Temas Transversais:
História e cidadania, eixo de trabalho
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A História e as propostas dos Temas Transversais: História e cidadania, eixo de trabalho
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
As dinâmicas sociais e políticas que vivemos hoje e que mantêm ainda essas
diferenças não nasceu, em absoluto, outro dia. Ao contrário, têm raízes extrema-
mente profundas na História de nosso país. Visto que uma boa parte da popula-
ção continua excluída dos benefícios de uma vida justa e digna, mantém-se um
caráter de subordinação e de insustentabilidade da cidadania.
A História talvez seja uma das disciplinas que mais suporte pode dar para
que os alunos reconheçam a caminhada feita pelo povo brasileiro rumo à de-
mocracia. “A visão de que a constituição da sociedade é um processo histórico
permanente permite compreender que esses limites são potencialmente trans-
formáveis pela ação social” (PCN, v. 8, p. 25). E que, portanto, o que temos aí é
resultado da conquista e aquilo que ainda não foi possível passa também pela
luta e pela utopia.
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A História e as propostas dos Temas Transversais: História e cidadania, eixo de trabalho
Para que possamos compreender melhor como isso funciona, vamos apre-
sentar um trabalho possível de ser realizado, por exemplo, levando em consi-
deração discussões conceituais de Matemática, de Geografia, de Português, de
História e de Ciências. Trabalhar a questão do meio ambiente por meio de uma
atividade que contemple essas diferentes disciplinas.
Não existe nada melhor para trabalhar com frações do que a demonstração
mais concreta dos percentuais. E, para isso, os gráficos de pizza são os mais ade-
quados. Trabalhar o desmatamento brasileiro a partir das porcentagens e dos
gráficos de pizza, por períodos históricos ou regiões geográficas, é um trabalho
muito interessante. Para complementar, pode se fazer uma leitura e uma refle-
xão sobre o trabalho que foi desenvolvido. Finalmente, os alunos podem ela-
borar uma exposição oral ou fazer a construção de um texto conclusivo. Dessa
maneira, integra-se diferentes áreas do conhecimento para se compreender o
problema do meio ambiente no Brasil e se historiciza esse problema, ou seja,
apresenta-se agravantes da história e das influências do homem e de seu domí-
nio sobre a natureza de uma forma prejudicial desde tempos mais remotos.
Texto complementar
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Comida
Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sergio Brito
Bebida é água
Comida é pasto
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A História e as propostas dos Temas Transversais: História e cidadania, eixo de trabalho
Atividades
1. Quais as propostas apresentadas pelos PCN para se trabalhar os Temas
Transversais?
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A seleção de conteúdos e fontes e
a importância do conhecimento histórico
Marc Bloch
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A seleção de conteúdos e fontes e a importância do conhecimento histórico
As fontes utilizadas pelo historiador são das mais diversas formas. Na verda-
de, pode-se dizer que são todos os tipos de sinais deixados pelas pessoas no
percurso de suas vidas. Segundo Marc Bloch,
[...] é quase infinita a diversidade dos testemunhos históricos. Tudo quanto o homem diz ou
escreve, tudo quanto fabrica, tudo em que toca pode e deve informar a seu respeito. É curioso
verificar o quanto as pessoas alheias ao ofício avaliam mal o limite daquelas possibilidades.
(BLOCH, 1997, p. 114)
Há diferentes tipos de fontes que podem ser utilizadas pelos historiadores para
recuperar o passado humano. Essas fontes podem ser denominadas fontes pri-
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
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A seleção de conteúdos e fontes e a importância do conhecimento histórico
É saber que fazemos parte de um todo e somos produtos de uma grande jor-
nada humana. Que nada do que vivemos está aí por acaso, e sim foi construído
pela coletividade ao longo de centenas de anos. São esses valores e essa perspi-
cácia com relação ao patrimônio que legamos, a História humana, que os alunos
devem reconhecer e respeitar. Segundo Eric Hobsbawn,
[...] ser membro de uma comunidade humana é situar-se em relação ao seu passado (ou
da comunidade), ainda que apenas para rejeitá-lo. O passado é, portanto, uma dimensão
permanente da consciência humana, um componente inevitável das instituições, valores e
outros padrões da sociedade humana. (HOBSBAWN, 1998, p. 22)
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Texto complementar
Futuros amantes
Chico Buarque
o Rio será/
os escafandristas virão/
Sábios em vão/
tentar decifrar/
fragmentos de cartas/
poemas/
mentiras, retratos/
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A seleção de conteúdos e fontes e a importância do conhecimento histórico
Atividades
1. Quais as melhores formas de selecionar o conteúdo mais adequado para ser
trabalhado nos primeiros anos do Ensino Fundamental?
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A compreensão do fenômeno “tempo”
Introdução ao tema
A compreensão do fenômeno “tempo” e a construção dessa compreen-
são é demorada e complexa, e é um dos grandes desafios para as crianças.
Para quem?
As propostas foram pensadas para crianças da Educação Infantil,
porém, com algumas adaptações, podem servir também ao trabalho com
crianças do primeiro ciclo do Ensino Fundamental.
Proposta de trabalho
O ideal é que cada dia seja representado por uma cartela de cor diferente e
que seja sempre dado a essa cartela um destaque no início da aula: “que dia é
hoje?”; “É o dia azul”; “O que temos no dia azul?”; “É dia de ouvir histórias”; “O que
tivemos ontem?”; “Tivemos o dia de música”; “Qual a cor do dia de música?”; “É a
verde”; “E o que teremos amanhã?”; “Amanhã, teremos o dia do piquenique no
pátio”; “E qual a cor do dia de amanhã?”; “É o amarelo”; e assim por diante.
Essa atividade deve ser feita cotidianamente, até que todas as crianças me-
morizem as cores de cada dia e o que está combinado para aquele dia. Assim,
quando for marcada uma atividade extra como um passeio, um teatro ou uma
visita à escola, o professor ou professora poderá trabalhar com esse mesmo ca-
lendário: “No dia da Educação Física iremos ao teatro”; Qual a cor deste dia?”;
“Quantos dias faltam?”; “Qual o nome do dia azul?”; e assim por diante.
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A compreensão do fenômeno “tempo”
Agenda coletiva
Fazer um registro diário do principal acontecimento do grupo é outra forma
de organizar o tempo para as crianças pequenas. Como elas ainda não escrevem,
é fundamental que o professor ou professora seja o “escriba” do texto coletivo
organizado pelas crianças.
Portanto, se ele for pensado para o mês, pode ser organizado da seguinte forma:
o “Livro da Vida” deve estar sempre em local visível e deve ser retoma-
do diariamente como forma de recordar o que foi feito de importante
“ontem”;
Esta página
deve ficar
exposta até
o momento
da realização
do próximo
registro, no
dia seguinte.
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
A semana inteira
Sérgio Caparelli
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A compreensão do fenômeno “tempo”
Texto complementar
A música “Oração ao Tempo”, de Caetano Veloso, nos traz uma ótima refle-
xão sobre a passagem do tempo e seus mistérios. Vale a pena ouvi-la e depois
fazer uma lista das palavras usadas pelo compositor para designar o tempo.
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
E pareceres contínuo
E o movimento preciso
E eu espalhe benefícios
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A compreensão do fenômeno “tempo”
Dicas de estudo
A editora Ática tem uma coleção de histórias de todo o mundo, adaptadas
por Ana Maria Machado, que trazem mitos e lendas sobre o tempo, a origem da
humanidade e da Terra, entre outros. As ilustrações são belíssimas e os textos
atraem a atenção de crianças e adultos pela magia da narrativa.
Atividades
1. Reflita sobre a sua prática em sala de aula. Em quais momentos você perce-
be as dificuldades das crianças em relação à compreensão da passagem do
tempo? Registre, a seguir, como você tem trabalhado com essas dificuldades
e o que mudará a partir de agora?
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
O que a escola pode fazer para que essas dificuldades sejam superadas?
Por que é importante para a criança obter uma maior clareza sobre a
passagem do tempo?
Depois de elaborar seu texto, troque-o com os colegas de turma. Faça uma
leitura de seu texto ou do texto de seu (sua) colega e sugira algumas modi-
ficações ou complementos. Você pode pensar nessas sugestões a partir das
seguintes perguntas:
Com certeza, a partir dessas trocas, suas reflexões estarão muito mais madu-
ras e possibilitarão um novo olhar sobre a sua prática escolar.
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A compreensão do fenômeno “tempo”
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Observando a Lua
Introdução ao tema
As crianças são grandes observadoras do mundo à sua volta e sobre
este mundo vão estabelecendo relações que levam a aprendizagens e à
construção do conhecimento.
Desde muito cedo, as crianças sentem-se atraídas pela Lua. Sabem que
quando está escuro é possível encontrá-la no céu. Seus olhinhos percor-
rem a imensidão negra até achá-la, o que vira uma felicidade visível. Este
fascínio pela Lua não atinge apenas os pequenos com certeza. Este astro
está presente em diversas lendas e mitos de povos do passado, nos mais
diferentes lugares do mundo. Se formos olhar para os dias de hoje, ela
continua fascinando tanto os românticos, que gostam de namorar sob a
luz do luar, quanto os cientistas, que não sossegaram enquanto não fize-
ram o homem pisar em seu solo.
Aproveitando esse fascínio pela Lua e a curiosidade que as crianças têm sobre
o mundo ao seu redor, principalmente sobre a natureza e o Universo observável
a olho nu, a escola pode desenvolver belos trabalhos. A partir dos trabalhos que
serão propostos a seguir, a escola pode construir caminhos para que as crianças
bem pequenas percebam algumas coisas, como: a Lua muda de forma e de ta-
manho; ela não muda de forma todo dia, alguns dias ela fica igual; as formas se
repetem depois de algum tempo; às vezes ela não aparece; ela aparece sempre
no mesmo lugar. Enfim, a escola estará construindo com a criança a noção de
ciclo lunar, a relação entre a Lua e os dias da semana e o mês, a relação da Lua
com o espaço da criança.
Para quem?
A proposta a seguir foi pensada para ser desenvolvida com crianças da Educa-
ção Infantil, mas o professor e a professora devem sempre pensar em seu grupo
e decidir o momento adequado para desenvolver esse trabalho.
Proposta de trabalho
Construção de um álbum: “A Lua”.
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Observando a Lua
Bonita e redonda
Se você não tiver
Bia Bedran
acesso a essa
Lua bonita e redonda música, pode
escolher outra que
Lá no céu a iluminar tenha a temwática
Antes que se esconda da Lua para cantar
com as crianças ou,
Venha aqui me contar então, usar essa
Se você é feita de queijo letra como um
poema.
Ou se no seu chão nasce flor
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Outra provocação pode ocorrer: “Mas o nome da Lua não é Lua? A gente pode
chamar a Lua de ‘cheia’? Será que a Lua tem outros nomes? Quem quer descobrir
isso em casa? Não esqueçam de olhar a Lua hoje de novo!”
A Lua
MPB 4
É cheia
Minguante e meia
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
O momento da troca de Lua deve ser festejado: “quem viu a Lua ontem?”
“Como ela estava?”. “Não deu pra ver?”; “Será que roubaram a Lua?” Será que a
Lua não vai mais voltar?”
Sobre as mudanças da Lua (as fases da Lua), há outra música que pode ser
usada: “vamos ouvir uma música que conta as mudanças da Lua”.
É aquela redondinha
E eu gosto de olhar
Brilha no céu
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Observando a Lua
Pode acontecer da noite estar nublada e não ser possível ver a Lua. A observa-
ção, o registro e a provocação continuam valendo: “quem viu a Lua ontem”? “Por
que não deu pra ver a Lua?”
No final de um mês, a turma terá concluído seu álbum chamado “A Lua” com
desenhos, informações, figuras, lembranças. Será um material gostoso para ser
“lido” pelas crianças, levado para casa para ser curtido com os pais e mães e,
depois, quando o interesse por ele estiver terminando, ele pode ser sorteado
para uma das crianças da turma, que será a dona dele “para sempre”.
Texto complementar
Lua: corpo celeste que gira em torno da Terra, sobre a qual reflete a luz
que recebe do Sol.// Lua nova, fase em que a Lua se acha situada entre o
Sol e a Terra e apresenta a face obscurecida.// Lua cheia, fase em que a Terra
está situada entre ela e o Sol e na qual ela apresenta a face completamente
iluminada.
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direção do Sol
Lua Nova
a
2 8
a
a Terra a
3 7
a a
4 6
Lua Cheia
1 2 3 4 5 6 7 8
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Observando a Lua
Dicas de estudo
Selecionei dois sites interessantes para você conhecer, pesquisar e realizar
estudos mais aprofundados sobre o tema deste capítulo:
<http://astro.if.ufrgs.br/lua/lua.htm>.
<www.cosmobrain.com.cosmobras/res/fasesdalua.html>.
Atividades
1. Após realizar seus estudos, tente explicar em um pequeno texto, usando
suas palavras, como acontecem as fases da Lua. Qual a relação que essas
fases têm com as semanas e o mês?
Bom trabalho!
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Meu pai e minha mãe já foram crianças?
Introdução ao tema
As crianças pequenas acham muito engraçada a idéia de que o pai e a
mãe, um dia, tenham sido crianças, como elas. Porém, ao mesmo tempo,
“desconfiam” que se o pai e a mãe um dia foram pequenos e agora são
grandes, elas poderão crescer também. Mas quando? Quando os pais
foram pequenos? Quando elas serão grandes?
Essa ampliação das noções sobre o tempo é fundamental para que a crian-
ça vá, aos poucos, no decorrer de sua formação, compreendendo a dimensão
da temporalidade, que é uma das categorias centrais do conhecimento his-
tórico, e que chegue, ao final do Ensino Fundamental, a compreender que
[...] o conceito de tempo supõe também que se estabeleçam relações entre continuidade e
ruptura, permanências e mudanças/transformações, sucessão e simultaneidade, o antes-ago-
ra-depois. Leva-nos a estar atentos e fazer ver a importância de se considerarem os diversi-
ficados ritmos do tempo histórico quando o situamos na duração dos fenômenos sociais e
naturais. (BEZERRA, 2004, p.45)
Para quem?
A proposta de trabalho organizada a seguir, foi pensada para crianças da Edu-
cação Infantil, porém, deve ser feita sempre as ressalvas: o professor ou a profes-
sora é que deve definir o melhor momento para que o trabalho seja realizado
com sua turma.
Proposta de trabalho
2.º dia: depois das crianças terem conhecido os brinquedos das demais,
terem brincado e esgotado a curiosidade, é hora de uma nova provocação.
“Nossa, os seus brinquedos preferidos são muito diferentes daqueles que eu
brincava quando era criança”. A partir dessa provocação, muitas perguntas po-
derão surgir, como: “Você foi criança?” “Quando você foi criança?” “Do que você
brincava quando era criança.” “Você ainda tem brinquedo de quando era crian-
ça?” Se as perguntas não surgirem, você pode provocar as crianças mostrando
algum brinquedo do “seu tempo”.
A partir daí, os outros elementos que você tiver organizado – fotos da sua in-
fância, roupas, outras brincadeiras – devem ser levados para o grupo para serem
reconhecidas, admiradas, tocadas etc.
Deve ser combinado que, em casa, as crianças devem pedir aos pais e mães al-
gumas informações sobre suas brincadeiras e brinquedos preferidos de quando
eram crianças.
3.º dia: é a hora de ouvir o que as crianças têm a contar sobre as brincadeiras
e brinquedos dos pais e mães que descobriram em casa.
Melhor brincar
Quinteto Violado
Na goiabeira,
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Depois de pronto, o cartaz pode servir para mais uma reflexão com as crian-
ças: quais brinquedos e brincadeiras ainda existem? Você estará trabalhando a
noção de permanência. Quais brinquedos e brincadeiras não existem mais? E
aqui, você estará trabalhando a noção de transformação/mudança.
Outros dias:
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Meu pai e minha mãe já foram crianças?
Pode ser contada uma história sobre brinquedos. Aqui vai um trecho de
uma história escrita pelo educador Rubem Alves:
A loja de brinquedos
(ALVES, 2002. Adaptado.)
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
eram vivos. E ele sofria pensando que, sozinhos, no escuro da noite, teriam
medo. Antes de sair, ele se despedia:
– Ah! Que bom seria se vocês fossem vivos! Gostaria tanto de tê-los
como filhos...
Com estas palavras, ele apagava as luzes, saía, fechava a porta e caminha-
va para casa.
Em relação à avaliação das crianças, vale a mesma dica dos capítulos anterio-
res: muita observação e registro das participações e atitudes durante o processo
de trabalho.
Texto complementar
Brinquedos da nossa cultura popular
(ABRAMOVICH, 1983. Adaptado.)
E quantos mais e outros brinquedos, tão populares existem por aí... Estilin-
gues de verdade, com couro do bom e atiradeira de primeira; cordas imensas
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Meu pai e minha mãe já foram crianças?
e grossas que dão pra mil jogos de pular e saltar; aquela cobra de madeira
fininha que ao se tocar a mão, mesmo de levinho, ela se arrepia e se encolhe
toda... E carrinhos e mais carrinhos de todos os tamanhos, formas, cores...
(Re)Construir a História
(KEISYS, 1998. Adaptado.)
Esta é uma pergunta que muitos pais e educadores podem se fazer. Será
que uma criança de quatro anos tem condições de entender alguma coisa
sobre fatos ocorridos em outros tempos históricos? Isto faz sentido para
crianças pequenas se elas não têm este conceito desenvolvido, se a noção
de tempo histórico ainda é muito difusa para elas?
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
O professor deve fazer com que a criança tenha uma postura investiga-
tiva e não receptiva, planejando estratégias por meio das quais possam ter
uma atitude mais autônoma frente ao conhecimento.
Dicas de estudo
Quando você estiver
Você pode ampliar suas informações ampliando seus estudos sobre
sobre brinquedos antigos e sua per- este tema, não deixe de enfocar
manência através dos tempos em si- a questão das permanências e
tes interessantes, como estes: das transformações ao longo do
tempo. Pense sempre em formas
<www.cursomarlycury.g12.br/ de mostrar essa questão para as
curiosidade/curiosidade-outu- crianças para que elas não fiquem
bro.html>. com a impressão de que tudo que
<www.estadao.com.br/magazine/ aconteceu há “muuuiiito tempo”
materias/2001/ago/30/257.htm>. não existe mais.
Atividades
1. O texto da Fanny Abramovich “Brinquedos da nossa cultura popular” termina
dizendo que esses brinquedos são “mais belos e mais duradouros, porque ri-
cos de significados, porque passam como herança cultural, porque são para
brincantes e não para olhantes...”
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Meu pai e minha mãe já foram crianças?
Não deixe
de trocar suas anotações
com colegas da turma.
Essa é uma forma incrível
de aprender mais.
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A criança tem história
Introdução ao tema
A partir do momento em que a criança já vem trabalhando de forma
mais sistemática com a organização do tempo natural (hora, dia, semana,
mês, ano etc.) é possível fazê-la ver o quanto esse tempo pode ser preen-
chido com a sua própria história. As crianças, em torno dos seis ou sete
anos, têm uma necessidade muito grande de ver o mundo e tecer opini-
ões sobre ele a partir de si próprias, quer dizer, a criança se usa como refe-
rência e, dessa forma, estabelece relações com o outro e com as coisas. Por
isso, é importante aproveitar esse momento um tanto quanto “egoísta” da
criança para dar início à construção da idéia de sujeito histórico.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) definem sujeito histórico como aqueles
que, localizados em diferentes contextos históricos, exprimem suas especificidades e
características, sendo líderes de lutas para transformações (ou permanências) mais
amplas ou de situações mais cotidianas, que atuam em grupo ou isoladamente, e
produzem para si ou para uma coletividade. Podem ser trabalhadores, patrões, escravos,
reis, camponeses, políticos, prisioneiros, crianças, mulheres, religiosos, velhos, partidos
políticos etc. (v. 5, p. 36, [grifo nosso]).
Para quem?
A proposta de trabalho foi pensada para crianças de seis ou sete anos, por-
tanto, preferencialmente para ser desenvolvida em turmas de 1.a série. Porém,
cada professora e cada professor deve levar em conta o processo de construção
do conhecimento de sua turma e adequar a proposta à sua realidade.
Proposta de trabalho
A Linha da Vida
Linha da Vida de Chico Buarque de Holanda, publicada na Revista Nossa História, de junho de 2004.
Eu
Se você não tiver
acesso a essas Paulo Tatit
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A criança tem história
E andava de bombacha
“Socorro, socorro”!
Um gaúcho destemido
Imaginando o inimigo
E chegando no ranchinho
Já entrou de supetão
E marcaram o casamento
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
E eu fico imaginando
E seguiria na caçada
Segredos
Bia Bedran
Vem cá
precisam ser organizadas as folhas que serão usadas para o registro das
crianças.
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
A criança levará a folha para casa e deve ser preenchê-la com o pai ou a mãe.
Depois, a folha de cada criança deve ser lida ou contada aos colegas, em pe-
quenos grupos ou diante de toda a turma. Cada criança deve ter um espaço para
deixar a sua folha guardada em sala.
Essa folha vai para casa e deve ser preenchida com o pai ou a mãe.
A avaliação desse trabalho deve ocorrer durante todo o processo: como a criança
está fazendo os registros de cada ano, seu envolvimento com a proposta, sua orga-
nização e dedicação nos momentos de leitura em sala e da troca com os colegas.
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A criança tem história
Texto complementar
– Então, está bem – Dona Sônia encerrava a aula, tinha passado tão de-
pressa. – Cada uma vai para casa e pensa nisso até a próxima vez, conversa
com a família, com os amigos, imagina, sonha. A idéia é ótima. Vamos todos
trabalhar esse tema – dos bisavôs aos bisnetos.
Foi só por isso que eu resolvi contar o segredo que ninguém desconfia,
sabe? Contar que Bisa Bia mora comigo. Mas quando eu me animo, não con-
sigo parar, e acabei contando tudo. Até Neta Beta entrou na dança. E nós três
juntas somos invencíveis, de trança em trança.
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Fontes históricas
(MONTELLATO, 2000, p. 35)
Orais: nas sociedades que não usam a escrita, a história das pessoas é
recriada a partir da tradição oral. Os mais velhos contam para os mais
novos sobre a origem de seu povo e as experiências de seus antepas-
sados. A memória das pessoas é valioso documento para pesquisar
histórias de outros tempos. Mas mesmo sociedades que conhecem
a escrita podem se utilizar da oralidade como forma de registrar algo
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A criança tem história
Dicas de estudo
O livro didático História Temática: tempos e culturas, de Conceição Cabrini
e outros, editado pela Scipione, traz um capítulo muito interessante com
propostas de trabalho sobre a linha do tempo. Apesar de as propostas
serem pensadas para a 5.a série, elas são adaptáveis ao trabalho com crian-
ças mais novas.
Atividades
Pense em sua vida e faça um breve exercício de registro dos anos e fatos
marcantes. Durante o exercício, vá anotando as dificuldades que você sen-
tiu para realizá-lo: esquecimentos; falta de documentos para precisar algum
fato; dificuldade de organização do exercício no papel; enfim, qualquer difi-
culdade que você for vivenciando. Depois, anote as dificuldades pelas quais
você imagina que seus alunos e suas alunas passariam para a realização des-
sa tarefa. Por último, busque soluções para essas dificuldades, imaginando
formas de torná-las reais em sua prática escolar.
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
A minha vida:
Minhas dificuldades:
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A criança tem história
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A história da criança no contexto social
Introdução ao tema
O exercício da linha da vida leva a criança a ter contato com dois con-
ceitos importantes para a ciência histórica: primeiro, todas as pessoas têm
uma história que pode ser contada; e, segundo, para o registro da História,
é fundamental o manuseio e contato com documentos escritos, visuais
ou orais.
Esse novo trabalho, que ficará aqui denominado como “Linha da Vida
II”, registrará, portanto, os acontecimentos “exteriores” à vida doméstica,
ao contrário do trabalho proposto com a linha da vida. O que queremos
é fazer com que cada criança se perceba enquanto sujeito histórico, en-
quanto integrante e participante de um mundo maior, cujas fronteiras
estão muito mais distantes do que aquelas impostas pela casa, pela rua,
pelo bairro ou mesmo pela escola.
Vejamos como o trabalho “Linha da Vida II” pode ser organizado e como
ele pode dar conta de tal objetivo.
Para quem?
A proposta de trabalho foi pensada como uma
extrapolação ao exercício proposto no capítulo
Porém, não esqueça:
anterior. Como essa proposta exigirá muitos con-
só você tem condições
tatos com textos informativos e jornalísticos, será
de avaliar o melhor
necessário um maior domínio de leitura e inter-
momento ou série
pretação dos textos por parte das crianças. Portan-
para desenvolver esse
to, proponho que ele seja desenvolvido na segunda
trabalho com seus
série, tendo em mãos o exercício da “Linha da Vida I”.
alunos e alunas.
Proposta de trabalho
Cada criança deve levar para casa, como tarefa, uma folha com um quadro
para ser preenchido com os pais:
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A história da criança no contexto social
Acontecimentos importantes
Ano Na cidade No país No mundo
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
A tabela será preenchida pela criança em casa, com a ajuda dos pais e
mães. Deverá ser registrado apenas aquilo que for lembrado, podendo,
inclusive, serem deixados espaços em branco. Nada precisará ser compro-
vado, pois as pesquisas em revistas e jornais serão feitas na escola pelas
crianças, coletivamente.
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Espaços
ano.
Desenhos feitos
pelas crianças.
Espaços
ano.
Fotos, caricaturas,
interessante.
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A história da criança no contexto social
1. A
valiar bem o melhor momento para dar início ao
trabalho, pois ele é longo. Essa seleção de
material pode ser
2. T er o material organizado previamente (tabelas feita juntamente
para serem preenchidas pelos pais e mães; tabela com as crianças.
para ser preenchida coletivamente; folhas espe- Você deve
ciais para a construção do álbum). pensar nessa
3. S elecionar material de pesquisa suficiente (re- possibilidade
vistas, jornais, sites etc.) para a realização das com atenção,
consultas pelas crianças. pois ela também
precisará de uma
4. C
ombinados estabelecidos com a turma da primeira boa organização.
série sobre dia e objetivo da apresentação.
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Texto complementar
Árvore de histórias
(MACHADO, 2003. Adaptado.)
“Escrevo porque é da minha natureza, é isso que sei fazer direito. Se fosse
árvore, dava oxigênio, fruto, sombra. Mas só consigo mesmo é dar palavra,
história, idéia”. Quem diz isso é Ana Maria Machado.
Os cento e tantos livros que já editou mostram que deve ser isso mesmo.
Não só pelo número impressionante, mas sobretudo pela repercussão.
Depois de receber prêmios de perder a conta, em 2000 veio o maior de
todos. Nesse ano, Ana Maria recebeu, pelo conjunto de sua obra, o prêmio
Hans Christian Andersen.
Para dar uma idéia do que isso significa, essa distinção internacional, ins-
tituída em 1956, é considerada uma espécie de Nobel da literatura para as
crianças.
Nos anos 1960 e 1970, se engajou contra a ditadura, a ponto de ter sido
presa e ter optado pelo exílio na França.
Ana Maria publicou seu primeiro texto infantil, Bento que bento é o frade,
aos 36 anos de idade, mas já vivia cercada de histórias desde pequena. Nasci-
da em 1941, no Rio de Janeiro, aprendeu a ler sozinha, antes dos cinco anos,
e mergulhou em leituras como o Almanaque Tico-Tico e os livros de Montei-
ro Lobato – Reinações de Narizinho está entre suas maiores paixões.
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A história da criança no contexto social
Atividades
Que tal você transformar a sua linha da vida em uma narrativa? Você pode
tomar como base a biografia de Ana Maria Machado ou outra que você conside-
re interessante.
Algumas dicas:
primeiro, faça uma lista dos fatos que você gostaria que fossem registra-
dos em sua narrativa;
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A diversidade cultural
Introdução ao tema
É importante extrapolar os limites da idéia de que todas as relações
partem da própria criança, como se ela e sua cultura fossem o centro do
mundo: muitas outras crianças vivem no mundo e constroem a sua história
de formas diferentes, dependendo da cultura e do local onde vivem, bem
como da época em que sua história acontece. O que se busca é desenvol-
ver com as crianças a compreensão da diversidade cultural humana.
Para que isso seja possível, é necessário que tenhamos claro que os
diferentes grupos humanos sempre construíram e constroem represen-
tações de si mesmos por meio da sua cultura material (habitação, alimen-
tação, meio de transporte, vestuário) e da sua organização social (família,
trabalho, educação).
Mesmo
espaço geográfico,
Mesmo
tempo histórico, porém espaços geográficos diferentes: crianças
que têm a mesma idade de nossos alunos e alunas hoje, mas que vivem
em comunidades muito diferentes, têm um cotidiano bastante distinto
e, por isso, as brincadeiras são outras; os problemas enfrentados no dia-
a-dia são outros.
140
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A diversidade cultural
proporcionar à criança a familiarização com outros tempos históricos e culturas para que
ela possa justamente confrontá-los com o seu, para que comece a pensar sobre a existência
de um modo de viver diferente do seu e sobre uma história onde a sua se insere – caso
contrário, sempre achará que a sua história é a única possível. (KLISYS, 1998, p. 39)
Para quem?
A proposta, foi elaborada pensando em crianças de final do 2.º ano, que es-
tejam acostumadas a trabalhar com pesquisa e elaboração de pequenos textos
a partir das leituras feitas. Por isso, é importante que você observe bem o seu
grupo e redefina o momento ideal de oferecer-lhe esse trabalho.
Proposta de trabalho
Você não deve
Para o desenvolvimento desse trabalho, é funda-
esquecer de que
mental a participação das crianças em todo o proces-
participar não é
so: desde a escolha dos temas a serem pesquisados
fazer sozinho, quer
(grupos sociais, espaço geográfico ou tempo histórico),
dizer, as crianças não
passando pelas categorias estudadas (habitação, ves-
decidirão o que fazer,
tuário, trabalho etc.), as formas de pesquisa (em livros,
mas participarão,
enciclopédias, jornais, sites etc.) até as avaliações (parti-
trarão idéias,
cipação no trabalho, registros feitos no caderno, entre-
darão sugestões ao
ga dos quadros preenchidos etc.) que serão realizadas.
trabalho proposto
Por isso, você deve ter claro os passos seguintes. por você.
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Depois, as crianças podem ser divididas em grupos e cada grupo ficará res-
ponsável por pesquisar um grupo social diferente, com a “missão” de preencher
o quadro com informações claras e organizadas.
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A diversidade cultural
Grupo Alimen-
Vestuário Trabalho Habitação Lazer
social tação
A gente
Os índios
Guarani
Os egípcios
Os iraquia-
nos
Os astecas
Nesta colu-
na devem
ser registra-
dos o nome
do grupo
social, o Nesta coluna, Nesta coluna, Nesta coluna, Nesta Nesta coluna,
período as informa- as informa- as informa- coluna,as as informa-
(presente/ ções sobre a ções sobre o ções sobre o informações ções sobre o
passado/ alimentação vestuário do trabalho do sobre a lazer do grupo
futuro) e o do grupo grupo social grupo social habitação do social pesqui-
espaço (ci- social pesqui- pesquisado. pesquisado. grupo social sado.
dade/país/ sado. pesquisado.
continente).
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Se você e seu grupo optarem por escolher quatro grupos sociais diferentes,
observados em cinco categorias distintas, trabalhando dois dias na semana
(mais ou menos quatro horas semanais), calcula-se que vocês terão trabalho
para, aproximadamente, dois meses.
compreensão das leituras sobre o grupo social pesquisado pela sua equipe;
144
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A diversidade cultural
pela equipe.
Alunos / as
equipe.
Alice
Bruna
Caio
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Texto Complementar
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A diversidade cultural
Dicas de estudo
A Literatura Infantil apresenta grandes textos que discutem a questão do
respeito à diversidade cultural e dos preconceitos socialmente construídos:
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
E muitos outros.
Atividades
1. Roteiro para atividade:
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A diversidade cultural
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Memória e identidade
Introdução ao tema
Apartir da terceira série, as crianças já têm uma noção mais clara e or-
ganizada sobre a passagem do tempo: minutos, horas, dias da semana,
meses do ano, estações do ano. Enfim, as crianças já conhecem diferentes
fenômenos naturais que marcam a passagem do tempo e que foram ob-
servadas pela humanidade e sistematizadas em calendários diversos.
Tendo, então, uma maior clareza sobre esse tema, é interessante que
as crianças percebam que esse tempo natural é preenchido pelo fazer da
humanidade, quer dizer, com o passar do tempo, os homens e mulheres
constroem cidades, têm idéias, desenvolvem projetos, fazem guerras,
vivem sua vida cotidiana. É a construção do tempo social.
Para quem?
As propostas deste capítulo foram pensadas para as crianças do segundo
ciclo do Ensino Fundamental, porém, cada professor e cada professora, a partir
do conhecimento de seu grupo e da sua prática, pode reorganizar as propostas
e adaptá-las para outros segmentos.
Proposta de trabalho
O tema do projeto pode ser outro, desde que possibilite essa compara-
ção entre dois tempos diferentes: a rua da escola no tempo dos avôs e avós,
o bairro no tempo dos avôs e avós etc.
Objetivo: compreender como era a escola no tempo de nossos avós, o que per-
manece igual nos dias de hoje e por quais mudanças a escola passou desde então.
Prazo: o trabalho durará um mês, com dois encontros de quatro horas por
semana no total.
Passos:
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
É importante que a turma tenha duas fontes para a realização desse dese-
nho: o texto coletivo e o próprio espaço da escola.
É preciso arrumar uma caixa para que o material possa ser guardado, pois,
no final, serão as peças que farão parte do acervo do Museu da escola.
(17/06) ⇒ A partir dos dados da entrevista com os avôs e avós, fazer uma
produção coletiva de texto sobre a escola no tempo deles.
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Na minha prática como professora de Estudos Sociais nas 3.a e 4.a séries cons-
truí muitos projetos semelhantes a esse e, por isso, posso afirmar com certeza:
não é um desafio fácil de ser superado. Enfrentei problemas, como: nem todas as
crianças estavam totalmente envolvidas com o trabalho; não consegui material
de pesquisa suficiente; os entrevistados(as) não compareceram no dia combi-
nado, entre tantos outros que nós, professores e professoras, estamos acostu-
mados a conviver no nosso dia-a-dia (falta de material, trabalhos “surpresa” com
nossa turma bem no dia que planejamos desenvolver uma etapa do projeto
etc.). Ainda assim, sempre valeu a pena insistir na continuidade dos trabalhos
e mesmo que os seus resultados não tenham sido os esperados, as crianças de-
monstraram extrema satisfação e prazer em suas realizações, olhando-os como
uma conquista de seus esforços.
Texto complementar
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Memória e identidade
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Dicas de estudo
Revista Nossa História sempre traz artigos interessantes sobre a História
do Brasil.
Jornal Bolando aula e Bolando aula de História, com propostas muito boas
sobre aulas das diversas disciplinas e séries.
Atividades
1. Em um grupo de três ou quatro colegas, construam um projeto de trabalho
usando a entrevista como forma de resgatar a memória sobre um determi-
nado acontecimento importante de sua escola ou de sua cidade. Não se es-
queça de prever: materiais necessários, objetivos, prazos, passos, trabalho
final e a forma de avaliar seus alunos e alunas.
Esses projetos, depois de prontos, podem ser trocados em sala e uma discus-
são pode ser realizada, aprimorando as idéias e trazendo complementos aos
trabalhos de todos.
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Memória e identidade
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O nascimento da humanidade
Introdução ao tema
Com os diversos trabalhados oferecidos pela escola, as crianças vão
ampliando e compreendendo noções e conceitos sobre a passagem
do tempo e o seu registro. Elas também vão sendo levadas a trabalhar
com as diferentes culturas de uma forma respeitosa, propondo a elimi-
nação dos preconceitos e o crescimento dos sentimentos de tolerância e
solidariedade.
Enfim, deve ficar claro para as crianças que essa é uma necessidade de todos
os povos organizados nos mais diferentes tempos e espaços.
162
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O nascimento da humanidade
Além disso, esses estudos estarão dando subsídios às crianças para que elas
comecem a tomar contato, a partir da 5.ª série, com a História Antiga, como con-
vencionalmente é chamado o período que nasce com a descoberta da escrita
e vai até o fim do Império Romano do Ocidente. Essas divisões são bastante
questionáveis – alguns historiadores negam a importância desses fatos para os
povos que viviam na América, por exemplo, por isso tais fatos não poderiam
servir como marco para a divisão de uma “História Universal” – porém ainda
muito usadas nas escolas em relação ao ensino de História.
Para quem?
A proposta de trabalho foi pensada para crianças do segundo ciclo do Ensino
Fundamental que já tenham desenvolvido pesquisas e estudos consistentes
sobre o tempo natural e o tempo social.
Proposta de trabalho
Este trabalho pode partir da leitura e discussão de uma notícia sobre algum
conflito da atualidade: índios no Brasil lutando pela sua demarcação de terras;
ou os conflitos religiosos em Israel; ou os conflitos entre os EUA e alguns países
do Oriente Médio etc.
Nesse tipo de discussão, é
Em seguida, a discussão deve seguir o ca- extremamente importante
minho da busca de justificativas: Por que tal que você esteja atento (a)
conflito está acontecendo? Há razões? Como para evitar que se fortaleçam
as partes envolvidas justificam sua partici- conversas com cunho
pação? Na medida em que essas perguntas preconceituoso ou pejorativo,
forem sendo respondidas, devem ser registra- como: o lado “X” é que tem
das nos cadernos das crianças, pois servirão razão porque o povo “Y” é muito
de base para os próximos passos do trabalho. burro, quer tudo para si etc.
163
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
No início, o criador que se chama Ianejar estava sozinho. Ele não gostava
de estar sozinho. Então, um dia ele foi apanhar mel e resolveu fazer uma
mulher. Ele soprou e o mel virou uma mulher. Aí ele falou para a mulher ir
à roça e buscar mandioca. O sol foi esquentando e a mulher de mel derre-
teu. Ianejar estranhou a demora da mulher e foi ver o que tinha acontecido.
Chegou na roça e só viu o cesto que ela havia levado.
Então Ianejar foi buscar arumã, que é um tipo de palmeira. Ele soprou e
o arumã virou uma mulher. “Vai lá na roça buscar mandioca”, disse Ianejar. A
mulher foi, voltou e fez uma bebida com a mandioca ralada, chamada caxiri;
Ianejar disse que o caxiri estava azedo e muito ruim.
Depois, a mulher foi na mata buscar embaúba e fez duas flautas: uma
pequena e outra grande. Ianejar soprou na flauta e saíram muitas pessoas. A
mulher de arumã soprou na outra flauta e saíram muitas mulheres.
164
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O nascimento da humanidade
Naquele tempo, não havia pessoas, só Ianejar e sua mulher. Mas depois
disso, a Terra ficou cheia de Waiãpi.
A seguir, outros textos que podem ser usados nesta etapa do trabalho.
165
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Moldada, precisava dar vida para aquele objeto e, assim, tomou empres-
tada das almas de todos os animais características boas e más, colocando-as
no peito do homem de barro. Faltava, por fim, o espírito, e tal foi doado por
Atena, a sábia deidade da estratégia: a deusa, do alto do Olimpo observava
atentamente o trabalho de Prometeu e admirou-se bastante do seu trabalho
e, por isso, insuflou o sopro divino no coração daquela imagem semi-huma-
na... E fez-se o Espírito... e o Homem.
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O nascimento da humanidade
Não sabiam nada: da arte de afiar a pedra, de fazer tijolos e casas para
morar e se proteger da Natureza... Nada!
E mais uma vez Prometeu interveio e ajudou suas criaturas. Ensinou Pro-
meteu tudo o que fosse preciso para o Homem ultrapassar todos os obstá-
culos criados pela Vida.
Num certo dia, um vento quente veio do sul e derreteu o gelo. Das nuvens
de vapor formaram-se dois seres: Yamir, o gigante congelado, e Audhumba,
a vaca. Audhumba lambeu o gelo que mantinha presa a forma humana que
ganhou vida a partir do calor gerado por ela. Assim nasceu Buri, o primeiro
dos deuses vikings.
Yamir gerou um filho a quem chamou de Bor, que gerou três filhos: Odin,
Vili e Vê. Eles entraram em guerra com Yamir e o mataram. Com o corpo
morto do gigante congelado Yamir, criaram o universo, e das suas sobrance-
lhas, criaram Midgard, a Terra.
167
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
A explicação científica
para o surgimento da humanidade
(ARRUDA, 1996, p. 8)
O fato de esses seres terem ficado em pé foi fundamental para que ocor-
ressem neles outras transformações: suas mãos ficaram livres para fabricar
objetos e para transportar para seu acampamento os alimentos que coleta-
vam; o cérebro desenvolveu-se, aumentando o tamanho da caixa craniana,
e a visão se aperfeiçoou.
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O nascimento da humanidade
capa de cartolina, com desenhos das crianças sobre os mitos e com o títu-
lo que pode ser escolhido por elas ou o sugerido anteriormente: “Origem
da humanidade”;
Mitos
Adão
Waiãpi Prometeu Yamir Darwin
e Eva
Perguntas
Quem criou a
humanidade
Quais elementos
foram usados
para essa criação?
Esses elementos
são comuns na
região onde o
mito foi criado?
Como a huma-
nidade criada
ganhou vida?
169
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
A tabela deve ser preenchida pelas crianças e, com todos os dados reunidos,
é possível que algumas relações possam ser realizadas a partir de uma questão:
quais aspectos se repetem entre os diferentes mitos? Por quê?
Outra forma interessante é fazer com que as crianças façam uma auto-avalia-
ção, seguindo as mesmas frases avaliativas da tabela montada pelo professor ou
pela professora. Dessa forma, terão maiores condições de perceber como estão
trabalhando, se estão se dedicando o suficiente e realizando as conquistas es-
peradas para esse trabalho. É uma forma interessante de incentivar um trabalho
mais autônomo por parte das crianças. Porém, é importante que ele seja realiza-
do também durante o processo de trabalho e não apenas no final, para que as
crianças possam pensar em mudanças de atitudes para que o seu rendimento
aumente. É claro que a ajuda do professor ou da professora, sugerindo “mudan-
ças de atitudes”, é fundamental.
Texto complementar
Mitologia comparada
Nossa intenção é mostrar, comparativamente, as semelhanças existentes
entre as crenças de diversas culturas, que embora diferentes nos costumes,
valores e habitando continentes diferentes, têm crença comum na existência
de seres superiores, aos quais chamam de deuses.
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O nascimento da humanidade
Um mito indiano escrito por volta de 700 a.C., conta que o universo foi
criado sob forma de um homem, que por viver solitário dividiu-se em duas
partes: uma masculina e outra feminina. Da união dessas duas partes surgi-
ram os seres humanos. Continuando a construção do mundo, os dois seres
humanos originais transformaram-se em um casal de animais que gerou
todas as formas animais existentes no planeta Terra.
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
Para alguns povos antigos, a mitologia de sua cultura funde-se à sua religião.
Dicas de estudo
Há vários livros que trazem mitos, lendas e histórias fantásticas dos mais
diferentes lugares do planeta. Faça uma pesquisa em catálogos de edito-
ras. Muitas vezes, você tem direito de receber um volume gratuitamente
para análise.
Atividades
1. Releia os mitos e preencha, com toda turma, a tabela a seguir, que é a mesma
sugerida para você trabalhar com as crianças.
Mitos
Waiãpi Adão e Eva Prometeu Yamir Darwin
Perguntas
Quem criou a
humanidade?
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O nascimento da humanidade
Mitos
Waiãpi Adão e Eva Prometeu Yamir Darwin
Perguntas
Quais elementos
foram usados para
essa criação?
Esses elementos
são comuns na re-
gião onde o mito
foi criado?
Como a huma-
nidade criada
ganhou vida?
2. Agora, faça duas listas: uma com as dificuldades enfrentadas por vocês e ou-
tra com as possibilidades de superação das tais dificuldades.
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Os calendários
Introdução ao tema
Apartir do momento em que os diferentes povos espalhados pelo
mundo compreenderam, com as tecnologias de seu tempo, que a passa-
gem do tempo tinha relação com as mudanças observáveis na natureza,
principalmente as movimentações realizadas pelo Sol e pela Lua, sentiram
necessidade de registrar essa passagem de forma sistematizada, fazendo
com que surgissem os calendários.
Enfim, é importante que as crianças tenham contato com a história dos calen-
dários, pois neles estão registrados diversos processos culturais pelos quais pas-
saram os povos. Muitos calendários foram criados para demarcar o nascimento
de um Império ou de uma religião.
Para quem?
Esta proposta foi pensada para crianças da 4.a série. Porém, o professor ou
a professora pode realizar diversas adaptações para que seja usada nas turmas
com as quais trabalha.
Proposta de trabalho
Essa proposta está organizada a partir da idéia de pesquisa realizada pelas
crianças. Para tanto, previamente, o professor ou a professora deve se certificar
da existência de fontes para a pesquisa na biblioteca, em sites, em revistas ou
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Os calendários
Para dar início aos trabalhos, uma conversa deve ser feita com as crianças
com a intenção de:
O próximo passo será a busca de informações nas fontes: sites, livros (inclusive
didáticos), enciclopédias, jornais, revistas e entrevistas (quando for possível).
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Ficha 2
Ficha 3
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Os calendários
Cada grupo deve ter muitas fichas 1, 2 e 3, pois precisarão registrar várias
informações para a compreensão do tema.
Na medida em que as fichas forem sendo preenchidas, elas devem ser ar-
quivadas (uma caixa de sapato pode fazer a vez de arquivo) por ordem de
tema e de número.
Porém, terminado o prazo que deve ser combinado com a turma para o mo-
mento das pesquisas, é hora do trabalho prosseguir para o próximo passo.
Cada grupo deve se reunir com todas as suas fichas preenchidas e elabo-
rar um texto sobre o seu tema. Se os grupos forem muito grandes, esta
tarefa ficará pouco produtiva, portanto, ele pode ser subdividido e haverá,
então, dois textos completos, produzidos por crianças diferentes, sobre o
mesmo tema.
Com os textos prontos, o professor deve fazer uma correção com as crian-
ças de cada grupo. Além das observações ortográficas, de pontuação e
concordância, deve ser dada máxima atenção ao conteúdo. As informa-
ções confusas ou incompletas devem ser assinaladas para que as crianças
as tornem mais claras e completas. Se necessário, devem voltar às fichas.
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Texto complementar
Calendários
(MONTELLATTO, 2000, p. 43-44. Adaptado.)
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Os calendários
Essa era a melhor época para realizar a semeadura. Por isso, os egípcios,
cuja sobrevivência estava ligada ao ciclo das enchentes do Nilo, criaram um
calendário no qual o ano era dividido em três estações de quatro meses cada:
enchente, semeadura e colheita. Iniciavam a contagem dos dias até que o fe-
nômeno da coincidência entre o início das enchentes e o aparecimento da
estrela Sírius ocorresse novamente.
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Dicas de estudo
Há alguns sites muito interessantes para você ampliar seus conhecimentos
sobre a história dos calendários. Vejamos:
<www.calendario.cnt.br/calendarios.htm>.
<www.observatorio.ufmg.br/pas39.htm>.
Realize suas leituras, faça suas anotações e não deixe de estabelecer trocas
com seus colegas.
Atividades
1. Releia o texto (introdução ao tema) e busque explicar, com suas palavras,
por que é importante trabalhar a diversidade cultural nos dias de hoje com
as crianças?
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Os calendários
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2. Troque seu texto com os (as) colegas de sua turma e faça sugestões a partir
das questões a seguir:
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Os calendários
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Discutindo os fatos históricos
Introdução ao tema
Geralmente, nas escolas, estamos acostumados a ver o ensino de His-
tória ser realizado como se fosse um grande filme sendo passado para as
crianças: os fatos acontecendo em seqüência (causa-efeito), alguém vi-
vendo aquele fato sem esboçar reação ou contradição, alguém contando
sobre aquele fato (o historiador ou a historiadora, o diretor ou a diretora
do filme: o professor ou a professora de História), aquele fato sendo con-
siderado verdadeiro. Às crianças, espectadoras, resta assistir à verdade e
aprendê-la, sem questionamento ou dúvidas sobre o que foi narrado.
Esse é um exercício constante que deve ser feito por nós, professores e pro-
fessoras, que temos a preocupação de produzirmos um ensino de História para
a solidificação de relações mais justas e democráticas na sociedade na qual vi-
vemos. Devemos fazer com que nossos alunos e alunas se percebam enquanto
construtores da História do presente e questionadores das “verdades históricas”
do passado. Como defende a professora Conceição Cabrini,
[...] é também preciso que iniciemos o aluno no fato de que o conhecimento histórico é algo
construído a partir de um procedimento metodológico; em outras palavras, que a história é
uma construção. Isso é fundamental para o início da destruição do mito do saber acabado e da
história como verdade absoluta. (CABRINI, 1987, p. 29)
Para quem?
Este trabalhado foi organizado para ser desenvolvido com as crianças de
3.ª ou 4.ª séries. Porém, esta é uma decisão que só pode ser tomada por cada
professor, cada professora, que é quem realmente conhece a realidade da
sua turma.
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Discutindo os fatos históricos
Proposta de trabalho
Partir de uma situação cotidiana, real, vivenciada pelas crianças é a melhor
maneira de dar início a um trabalho que pretende levá-las a compreender a
construção de um fato histórico.
Pronto, construiu-se a versão oficial do caso, contada por quem, naquele mo-
mento, tinha o poder para fazê-lo: o professor ou a professora. Será essa versão a
verdadeira sobre o fato ocorrido? Quais intenções tinha o professor ou a profes-
sora ao concluir de tal forma o caso? Todos ficaram satisfeitos com essa versão?
Quem contará a “história dos vencidos”, ou seja, a história daqueles que ficaram
insatisfeitos com a conclusão do professor ou da professora? Quem ousará lutar
contra tal poder para mostrar a sua história? Mesmo se encontrar esse espaço, a
“história dos vencidos” será contada sem intenções, de forma neutra? Onde terá
ficado a verdade?
Depois desse momento, podem ser selecionados dois fatos históricos refe-
rentes à História do Brasil: o “Descobrimento” e a “Independência”, e, sobre cada
um deles, pode ser feito um trabalho.
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1.º grupo de respostas: Pedro Álvares Cabral foi quem realmente desco-
briu, porque foi ele quem comunicou para o mundo esse fato;
uma primeira versão contada a partir do ponto de vista dos europeus: Nós,
os europeus, na figura de Pedro Álvares Cabral, descobrimos o Brasil e ti-
vemos que dominá-los, os índios...
uma segunda versão contada a partir do ponto de vista dos índios: Nós, os
índios, morávamos aqui quando eles, os europeus, chegaram e se acharam...
Então, dessa forma, nasce a primeira certeza em relação à História: tudo de-
pende da interpretação de alguém sobre um determinado fato!
Fornecemos duas possibilidades de leitura e uma música que podem ser tra-
balhadas com as crianças:
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Discutindo os fatos históricos
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Gama. Ele deixou o porto de Lisboa em julho de 1497, à frente de quatro em-
barcações, retornando dois anos depois. Apesar dos problemas encontrados
nas Índias, a viagem trouxe mais especiarias do que entravam anualmente
em Gênova.
Música: Pindorama
Sandra Peres/Luiz Tatit
Terra à vista!!
Pindorama, Pindorama
Pindorama, Pindorama
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Discutindo os fatos históricos
Dia 22 de abril
Pindorama, Pindorama
Pindorama, Pindorama
Já falavam Tupi-tupi
Só depois, de vocês
Vejamos outro fato histórico que pode ser trabalhado também dessa forma:
a Independência do Brasil.
A partir das respostas, que devem ser lidas e discutidas em sala, pode ser
elaborado um texto coletivo: o professor ou a professora elabora o texto com
as crianças e registra no quadro enquanto, ao mesmo tempo, as crianças vão
fazendo o registro em seus cadernos.
Após essa produção coletiva, pode ser lido um texto que venha a desequili-
brar algumas verdades colocadas sobre a Independência do Brasil.
Leopoldina de Habsburgo-Lorena
(1797-1826)
Primeira imperatriz do Brasil
(BRAZIL, 2000, p. 320 - 324. Adaptado.)
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Discutindo os fatos históricos
Após a leitura desse texto, muitas questões podem ser feitas para serem de-
batidas com as crianças:
O fato de Leopoldina ser uma mulher pode ser suficiente para que não
recebesse as “glórias“ pelo seu ato?
Enfim, essas e outras questões podem ser feitas e discutidas com as crianças.
Todas as respostas, depois das discussões, devem ser registradas nos cadernos.
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Texto complementar
Certo? Não, errado! Vamos por partes, como diriam alguns esquartejado-
res de “infiéis” e “bárbaros” daquela época.
Descoberta do Brasil, dizem. Qual Brasil? Afinal, em 1500 o Brasil nem era
Brasil... Era Pindorama e outros tantos nomes quanto davam os povos nati-
vos desta “terra sem males”. Brasil nem era Brasil. E, mesmo com a conquista
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Discutindo os fatos históricos
lusitana demorou a sê-lo: Ilha de Vera Cruz, Terra de Vera Cruz, Terra de Santa
Cruz, Terra dos Papagaios e, afinal, Brasil.
Dicas de estudo
O livro História na Sala de Aula, tem uma série incrível de textos para a
reflexão de professores e professoras sobre “ensinar História”. Vale a pena
a sua leitura e a discussão com os colegas da turma. Ele foi editado pela
Contexto, em 2004, e o organizador é o professor Leandro Karnal.
Atividades
1. Troque idéias com seus colegas, “puxem pela lembrança” e discutam sobre
algum fato ocorrido na sua cidade ou região que tenha levantado mais de
uma versão sobre o acontecido. Discuta como essas versões foram criadas:
defendiam qual ponto de vista? Estavam a serviço do interesse de quem?
Qual versão se sobrepôs às demais? Por quê? O que vocês concluíram sobre
esse fato?
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Referências
BURKE, P. Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro. In: _____.(Org.). A
Escrita da História: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992.
DEL PRIORE, Mary et al. Documentos de História do Brasil: de Cabral aos anos
90. São Paulo: Scipione, 1997.
FLORA, Anna. A República dos Argonautas. São Paulo: Companhia das Letras,
1998.
HOBSBAWN, Eric. Sobre a História. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
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Referências
LOURO, Guaracira Lopes. Mulheres na sala de aula. In: DEL PRIORE, Mary. (Org).
História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997.
LUA. In: Novissíma Delta Larousse. Rio de Janeiro. Delta, 1982, vol. 6, p.1273.
MACHADO, Ana Maria. Bisa Bia, Bisa Bel. Rio de Janeiro: Salamandra, 1983.
_____. Texturas: sobre leituras e escritos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
MORAES, Denis de. O Rebelde do Traço: a vida de Henfil. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1996.
RAMINELLI, Ronald. Eva Tupinambá. In: DEL PRIORE, Mary (Org). História das
Mulheres no Brasil. 2.ed. São Paulo: Contexto, 1997.
203
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Fundamentos Teóricos e Práticos do Ensino de História
SILVA, Elaine Moura da. Estudos de religião para um novo milênio. In: KARNAL,
Leandro. História na Sala de Aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo:
Contexto, 2004.
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Anotações