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Casa Grande Senzala- Capítulo IV- O Escravo Negro na Vida Sexual e de Família do
Brasileiro
A obra Casa Grande e Senzala do autor Gilberto Freyre retrata a formação brasileira a
partir do período colonial português, levantando aspectos culturais desse período até a data da
sua obra (1933). O capítulo IV “O escravo negro na vida sexual e de família do brasileiro”
levanta questões principalmente sobre a imigração dos negros a América portuguesa, a sua
inferioridade ou superioridade em relação às demais raças já encontradas no “Novo Mundo”
(índios e portugueses), como também essas comparativas dentro da própria raça negra, de
acordo com estudos ou observações de colonizadores e historiadores que visava mais o
comportamento devido à raça e biologia do indivíduo, e como se dava a relação entre os
negros e os colonizadores portugueses na casa grande e a senzala.
A partir dessas comparações Freyre vai mostrando que sempre se estudou os negros de
forma desfavorável, seja pela medição craniana, onde os negros por terem cabeças menores
que os brancos teriam um Q.I menor ou pelo estereótipo que aproxima a forma ancestral do
homem a anatomia de um chimpanzé, citando o professor Franz Boas ele lembra que os lábios
dos chimpanzés são finos como na raça branca e os lábios dos negros são grossos, como
também os europeus e os australianos são mais peludos de corpo e não os negros. Portanto
nas questões antropológicas essa comparativa de raça inferior negra não é condizente a
capacidade mental do negro em relação a outras raças, o problema quanto a essa comparação
é colocar o negro e o europeu em termos ou condições iguais, segundo Freyre até a aparência
do negro seria contra as convenções de valores e qualidades porque se distancia da imagem
grego-romana. No que diz respeito as diferenças entre brancos e negros Freyre afirma que há
diferenças, porém ele questiona até que ponto essas diferenças representam aptidões ou
especializações devidas ao ambiente ou circunstancias econômicas de cultura, isso que seria
difícil de analisar.
Em relação à superioridade entre a própria raça negra, isso estaria ligada a cultura de
cada grupo, partindo da regionalidade dos negros, como se dizia dos negros maometanos que
sofreu influencia do islamismo, que tinha uma cultura superior a dos indígenas e a maioria
dos colonos brancos portugueses e seus filhos. De acordo com o relatório feito através do Dr.
Francisco Gonçalvez Martins chefe de polícia da província da Bahia, citado por Gilberto
Freyre, a maioria dos negros da senzala da Bahia de 1835 sabia ler e escrever, maior número
até que no alto das casas-grandes, e as revoltas que envolviam escravos era um desabafo a
opressão sofrida por culturas menos nobres, assim a formação brasileira teria sido beneficiada
pela melhor cultura negra da África, por meio dessas quatro nações os Minas, Ardas, Angolas
e Creoulos. Bom para os trabalhos seriam os congos, sombrenses e os angolanos. Os da
Guiné, Cabo, Serra Leoa, eram maus escravos, mas bonitos de corpo, daí parte a preferencia
para o trabalho doméstico e vida sexual com senhores da casa-grande. Outra relação com a
superioridade entre a própria raça negra seria o do negro mais claro e de cabelo mais suave
quase liso, de raça branca ou Fulas, eram negros mestiços de sangue hamítico e árabe, esses
eram considerados superiores do ponto de vista antropológicos. Joaquim Nabuco é
mencionado em Casa Grande quanto a ideia que o negro não seria o mau elemento da
população, porém o negro reduzido ao cativeiro, assim como Goldenweiser que salienta que é
absurdo julgar o negro, sua capacidade de trabalho e sua inteligência, seu esforço, sua técnica
na agricultura, para ele o negro deveria ser julgado por sua atividade industrial por ele
desenvolvido. Portanto se pode perceber que o autor desta obra enxerga a miscigenação como
algo positivo, o negro teria entrado na cultura brasileira com mais força e alegria que os
portugueses e os aborígenes.
Definindo os negros de raça superiores, aqueles mais claros e formosos, foram mais
utilizados no geral as negras para o serviço doméstico nas casas-grandes, sendo assim as mais
cobiçadas pelos senhores, embora ajam casos raros de envolvimento com escravos homens.
Os negros eram acusados de depravação sexual, luxúria e erotismo, muitos escritores
afirmaram que os portugueses eram seduzidos pelo estímulo picante dessa raça, e que do
negro vieram às moléstias sexuais na época, porém Nabuco salienta também que o negro se
sifilizou no Brasil, quando muitas escravas tinham com os senhores contaminados e depois
deitavam com negros das senzalas para reproduzir outros escravos. Além dessas práticas
existiam equívocos nas ideias médicas, onde se acreditava que ao se deitar com negras virgens
ainda molecas essas doenças eram curadas, e assim elas eram contaminadas através dessas
relações com o branco, repassava nas senzalas por causa da reprodução, até as amas de leite
adquiriam sífilis por meio dos bebês que já nasciam adoentados. O maior problema da doença
era que não se levava a sério, era uma doença como outra qualquer o sarampo ou verme, seu
tratamento era desprezado, além do clima quente não contribuir. É por isso e outros, que os
negros eram dados como libertinos, ele quem teria transformado a saúde nos trópicos num
cativeiro infestado de doenças, porém é necessário analisar que isso não tinha a ver com a
raça negra, mas com a sua condição de escravo, a sua situação que estimulava o abuso sexual.
Referência
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala: formação da família brasileira sob regime da
economia patriarcal. 51ª ed. São Paulo: Global, 2006.