Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Prefeito
Eduardo Paes
Secretária de Educação
Helena Bomeny
Subsecretária de Ensino
Jurema Holperin
Produção Editorial
Coordenação da sistematização dos conteúdos e da edição
Alycia Gaspar, Ana Caroline Vieira e Beatriz Novaes (Instituto Trevo)
Bárbara Portilho e Luciana Cortes (Secretaria Municipal de Educação)
Eduardo Prazeres (E. M. Rivadávia Corrêia)
Ivane Sales (E. M. Princesa Isabel)
José Leandro Cardoso (E. M. Nilo Peçanha)
Lindomar Araújo (E. M. Vicente Licínio Cardoso)
Renan da Conceição (E. M. Fernando Rodrigues da Silveira)
Edição e revisão
Nayá Fernandes
2
Agradecimentos
4
Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 6
1.1. Protagonismo Discente ...................................................................................................... 9
1.2. Protagonismo Docente ...................................................................................................11
2. Objetivos do Protagonismo .................................................................................................13
2.1. Objetivo Geral ...................................................................................................................13
2.2. Objetivos Específicos ....................................................................................................13
3. O Protagonismo Juvenil no Ginásio Carioca ..............................................................14
3.1. Protagonismo Juvenil como eixo do Projeto Político Pedagógico ..............14
3.2. O Protagonismo Juvenil, suas práticas e vivências ...........................................16
3.2.1. Sugestões de estratégias para dinamizar as práticas e vivências do
protagonismo nas unidades escolares ..........................................................................17
3.3. Garantia de práticas de Protagonismo Juvenil na escola ...........................20
4. Considerações sobre o Protagonismo Juvenil ..........................................................22
5. Instrumentos...............................................................................................................................23
Quadro Síntese .................................................................................................................................24
Colaboradores....................................................................................................................................25
Bibliografia ...........................................................................................................................................26
Anexos ...................................................................................................................................................27
Anexo I: Modelo de Registro de práticas e vivências de Protagonismo Juvenil
..............................................................................................................................................................27
Anexo II: O Adolescente como Protagonista ..................................................................28
Anexo III: Reflexão para o Educador: O protagonismo juvenil * ...........................32
Anexo IV: Da Heteronomia à Autonomia ..........................................................................34
5
Introdução
A palavra protagonismo é formada por duas raízes gregas: proto, que significa
"o primeiro, o principal" e agon, que significa "luta". Agonistes, por sua vez,
significa "lutador", protagonista. Ou seja, lutador principal, personagem
principal, ator principal.
Uma ação é dita protagônica quando, na sua execução, o educando é o ator
principal no processo de seu desenvolvimento. Por meio desse tipo de ação, o
adolescente adquire e amplia seu repertório interativo, aumentando assim sua
1
O professor Antonio Carlos Gomes da Costa, foi um dos consultores do programa das Escolas de
Ensino Médio em tempo Integral de Pernambuco, programa que inspirou o modelo pedagógico dos
Ginásios Cariocas,, Foi também um dos principais colaboradores e defensores do Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA) e do Protagonismo Juvenil.
6
capacidade de interferir de forma ativa e construtiva em seu contexto escolar e
sócio-comunitário.
O centro da proposta é que, com a participação ativa, construtiva e solidária, o
adolescente pode envolver-se na solução de problemas reais na escola, na
comunidade e na sociedade.
Um dos caminhos para que isso ocorra é mudar nossa maneira de entender os
adolescentes e de agir em relação a eles. Para isso, temos de começar
mudando a maneira de vê-los. O adolescente deve começar a ser visto como
solução e não como problema.
No interior dessa concepção, o educando emerge como fonte de iniciativa (na
medida em que é dele que parte a ação), de liberdade (uma vez que na raiz de
suas ações está uma decisão consciente) e de compromisso (manifesto em
sua disposição de responder por seus atos).
Assim, quando o adolescente, individualmente ou em grupo, se envolve na
solução de problemas reais; atuando como fonte de iniciativa, liberdade e
compromisso; temos, diante de nós, um quadro de participação genuína no
contexto escolar ou sócio-comunitário, o qual pode ser chamado de
protagonista juvenil.
Na perspectiva do protagonismo juvenil, é imprescindível que a participação do
adolescente seja de fato autêntica e não simbólica, decorativa ou manipulada.
Essas últimas são, na verdade, formas de não-participação que pode causar
danos ao desenvolvimento pessoal e social dos jovens, além de minar a
possibilidade de um convívio autêntico entre eles e seus educadores. A
participação é a atividade mais claramente ontocriadora, ou seja, formadora do
ser humano, tanto do ponto de vista pessoal como social.
Educar para a participação é criar espaços, para que o educando possa
empreender, ele próprio, a construção de seu ser. Aqui, mais uma vez, as
práticas e vivências são o melhor caminho, já que a docência dificilmente dará
conta das múltiplas dimensões envolvidas no ato de participar.
Na vivência dessa pedagogia, o educador já não pode limitar-se à docência.
Mais do que ministrar aulas, ele deve atuar como líder, organizador, animador,
facilitador, criador e cocriador de acontecimentos, por meio dos quais o
educando possa desenvolver uma ação protagônica.
7
A adesão à perspectiva pedagógica do protagonismo juvenil vai muito além da
assimilação, pelo educador, de algumas noções e conceitos sobre o tema.
Antes de tudo, essa adesão deve traduzir-se em um compromisso de natureza
ética entre o educador e o adolescente. O protagonismo deve ser vivido como
participação do adolescente no ato criador da ação educativa, em todas as
etapas de sua evolução.
Além de um compromisso ético, a opção pelo desenvolvimento de propostas
baseadas no protagonismo juvenil exige do educador uma clara vontade
política no sentido de contribuir, pelo seu trabalho, para a construção de uma
sociedade que respeite os direitos de cidadania e aumente progressivamente
os níveis de participação democrática de sua população.
Mas a clareza conceitual, o compromisso ético e a vontade política só
potencializam verdadeiramente sua ação, quando o educador está
comprometido em níveis que ultrapassam em profundidade o conhecimento do
assunto, ou seja, quando ele está emocionalmente envolvido com a causa da
dignidade plena do adolescente. Para que isso ocorra, o educador deve evitar
posturas que inibam a participação plena dos jovens.” (COSTA, O Adolescente
como Protagonista).
2
No primeiro ano de existência dos dez primeiros Ginásios Experimentais Cariocas, o Protagonismo
Juvenil era um componente curricular com um tempo na matriz, como estratégia para a comunidade
escolar internalizar esse novo conceito e essa nova proposta. Nesse tempo eram trabalhados os Clubes
Juvenis, Grêmios e outras práticas de participação democrática.
8
Nessa perspectiva, o protagonismo juvenil é entendido como um elemento
fundamental da estrutura teórico-prática da educação, solicitando que a escola
ofereça a condição para que esse jovem se enxergue atuando no mundo a
partir daquilo que ele projeta para si como ser humano autônomo, promovendo
uma mudança de paradigma no ambiente escolar.
A escola pública contemporânea pretende que os alunos se formem para o
exercício da cidadania, proporcionando a liberdade, no sentido freiriano3, e a
sua emancipação intelectual. O jovem é incentivado a ser o autor do seu
processo educativo guiado pelo professor referência, para desenvolver sua
autonomia e corresponsabilidade e adquirir as competências necessárias na
elaboração do seu Projeto de Vida4.
1. O Protagonismo
Nessa perspectiva, o jovem passa a ter uma nova visão sobre o seu processo
formativo, deixa de assumir a posição de mero expectador para a atitude de
corresponsabilidade com sua formação, percebendo o quanto esta representa
um bem para si próprio e não apenas mais uma obrigação a cumprir. Essa
conscientização gera no jovem um novo sentido em relação à escola e um
3
FREIRE (1987).
4
O Projeto de Vida é um componente curricular do Ginásio Carioca, cujo objetivo é estimular o aluno a
refletir sobre o seu futuro e os meios para alcançá-lo. Transcrever seus sonhos, traçar metas e
determinar prazos sob os fundamentos e conceitos de um modelo estruturado de planejamento,
apoiado pelas ferramentas de gestão. O documento completo sobre o tema pode ser consultado no
caderno Projeto de Vida.
9
maior interesse e envolvimento com a aprendizagem, tornando-o parte
integrante e indispensável dos projetos nos quais está inserido. No entanto,
embora autônomo, necessita de professores de referência 5 para auxiliá-lo e
orientá-lo quando necessário.
No Ginásio Carioca essa atitude protagonista precisa ser incentivada por toda a
comunidade escolar e trabalhada transversalmente em todas as disciplinas,
espaços e tempos da escola. Assim, os alunos participam e são responsáveis
por diversas ações, desde a transmissão das experiências para outros alunos
até a responsabilização pelo espaço escolar e seus patrimônios.
5
No Caderno Ginásio Carioca: uma proposta de educação integral na cidade do Rio de Janeiro é
apresentado o conceito de Pedagogia da Presença, onde pode ser melhor compreendida a relevância do
papel do professor como referência para o aluno.
10
1.2. Protagonismo Docente
11
Nessa proposta, para que se desenvolva o protagonismo juvenil é necessário
que se estabeleça uma nova forma de relacionamento entre jovens e adultos,
na qual o adulto deixa de ser um transmissor de conhecimentos para se tornar
um colaborador e parceiro do jovem na sua aquisição de novos conhecimentos
e na ação social e comunitária, onde ambos exercem sua autonomia.
12
escola, da comunidade e da vida social. O fundamental é acreditar sempre no
potencial criador e na força transformadora do jovens.
Nessa perspectiva, o professor protagonista deve ter consciência do seu papel
como docente e como parte integrante da escola e atuar na construção de uma
nova ambiência escolar, na qual o jovem tenha espaço e seja incentivado a
desenvolver as suas potencialidades. É importante que o professor
compreenda que é importante que as propostas sejam desenvolvidas com os
jovens e não apenas para os jovens. Esse diferencial pode mudar a relação
docente/discente da transmissão para a construção compartilhada de
conhecimentos.
2. Objetivos do Protagonismo
13
Qualificar o aluno para o desenvolvimento de habilidade autônomas,
tornando-o agente ativo e não passivo na comunidade na qual está
inserido;
Despertar no aluno a capacidade de idealizar seu Projeto de Vida,
preparando-o para lidar com problemas do seu cotidiano;
Despertar no aluno a consciência da importância da sua participação no
ambiente escolar;
Incentivar as práticas e vivencias do aluno como protagonista;
Prevenir questões disciplinares, ao estimular um comportamento de
cuidado, preservação e pertencimento à escola, tornando-a um
ambiente mais participativo e familiar, um lugar de encontro e elo entre
alunos, professores e direção.
O protagonismo, aqui pensado como a redefinição de papeis no processo
de ensino e aprendizagem, contribui, de maneira decisiva, para uma
educação construída pelo próprio aluno, por meio do seu esforço individual
e da interação com os outros. É essa experiência de interdependência 6 que
objetiva o Ginásio Carioca.
6
Sugere-se, como texto complementar, a leitura do artigo em anexo Reflexão para o Educador: O
Protagonismo Juvenil, anexo a este documento.
14
mesmo tempo em que vivencia possibilidades de escolha com
responsabilidade.
7
No CD de Boas Práticas do Ginásio Carioca, anexo a esse caderno é possível consultar as práticas
utilizadas nas unidades escolares do Ginásio Carioca, no documento Boas Práticas de Protagonismo
Juvenil.
15
3.2. O Protagonismo Juvenil, suas práticas e vivências
8
O conteúdo completo sobre o tema pode ser consultado no caderno Acolhimento dos Alunos.
16
3.2.1. Sugestões de estratégias para dinamizar as práticas e vivências do
protagonismo nas unidades escolares
17
estabelecer novos vínculos entre os alunos e promover uma reflexão sobre o
tema para a comunidade escolar.
Nessa perspectiva cultural, pode-se ainda estimular que os alunos organizem
os eventos da escola, desde festas até exposições, considerando a
participação criativa, realizadora e colaborativa deles.
18
desenvolver uma ação protagônica, como fonte autêntica de iniciativa,
compromisso e liberdade.
Para Costa, ser fonte de iniciativa significa que o educando deve agir, ou
seja, não deve ser apenas um espectador ou um receptor do processo
pedagógico. Ele deve situar-se na raiz dos acontecimentos, envolvendo-se na
sua produção.
19
3.3. Garantia de práticas de Protagonismo Juvenil na escola
11
Outra estratégia de acompanhamento do Protagonismo Juvenil é
apresentada por Costa (COSTA, 1998, p.179) no livro Protagonismo Juvenil:
adolescência, educação e participação democrática, onde o autor apresenta
uma proposta de correlação das formas de relação entre educador e educando
com as etapas de uma ação protagonista, demonstrada no quadro abaixo,
como forma de identificar uma progressão nas práticas e vivências de
protagonismo juvenil realizadas na escola.
9 Modelo de Gestão pode ser consultado no caderno Modelo de Gestão do Ginásio Carioca.
10 Os indicadores do Modelo de Gestão do Ginásio Carioca podem ser consultados no caderno
Modelo de Gestão do Ginásio Carioca, na Dimensão Autonomia.
11
Outras estratégias para promover o Protagonismo Juvenil na escola também podem ser adotadas.
Algumas sugestões podem ser consultadas no CD de Boas Práticas do Ginásio Carioca.
20
Quadro 1: Etapas de uma ação protagonista12
12
Etapas de uma ação protagonista e forma de relação educador-educando. COSTA, Antônio Carlos G.
Protagonismo Juvenil: adolescência, educação e participação democrática. Fundação Odebrecht.
Salvador: 1998.
21
4. Considerações sobre o Protagonismo Juvenil
22
5. Instrumentos
1. Nome da prática
Apresentar a prática de Protagonismo Juvenil realizada.
2. Descrição da Prática
Descrever brevemente qual foi a prática.
3. Objetivo
Enumerar os objetivos concretos a serem alcançados pelo aluno com a
prática a ser realizada.
4. Tempo
Descrever o tempo necessário para o desenvolvimento da prática.
5. Infraestrutura e recursos necessários
Sinalizar os espaços necessários para a realização da prática e
enumerar os materiais que serão utilizados.
6. Alunos responsáveis pela prática
Sinalizar os alunos responsáveis pela prática.
7. Alunos envolvidos (número de alunos)
Apresentar os quantitativos de alunos envolvidos na realização da
prática.
8. Equipe escolar envolvida
Apontar o membro da equipe escolar que atuará como “apoiador” da
prática, dando suporte aos alunos.
13
No Anexo I segue modelo de registro de prática sugerido. Com base nessa proposta cada unidade
escolar poderá elaborar seu próprio instrumento de registro.
23
9. Resultados ou culminância da prática
Apresentar os resultados esperados/alcançados com a prática.
10. Sugestões
Sugerir ideias e instruções para a realização das práticas.
Quadro Síntese
24
Colaboradores
Adriano; Adonias; Alexandre Jorge Duarte; Alycia Gaspar; Alice Pereira; Ana
Caroline Vieira; Ana Maria Batista; Ana Claudia Ferreira; Ana Clara Machado;
Ana Cláudia Santos; André; Anderson Silva; Antônio Claudio; , Bárbara
Vasconcelos, Bárbara Portilho; Beatriz Novaes; Bruno Falcão; Carla Aída;
Carla Biolchini; Carla Pires; Cleo Teixeira; Daniel Coelho; Diana Machado;
Diego; Eduardo Prazeres; Eliete; Elizabete; Inês; Iraíldes Martins; Ivane Sales;
Ivonilton Fonseca; Jackeline; Júlio Gonçalves; José Leandro Cardoso; Karen
Cristina dos Santos; Karla Rego; Lissa Moreira; Luis Gustavo Pieroni; Marcel
Maciel; Marcelo dos Santos; Marcio Augusto Campos; Marco Aurélio Machado;
Maria de Lourdes Ferreira; Marina Letícia; Maria Lúcia Rotti; Maria Zerbini;
Marise Pinheiro; Michele; Mônica Maria Linhares; Nayá Fernandes; Odete de
Carvalho; Patrícia Pontes; Paulo Roberto Júnior; Paulo Victor; Priscila da Silva;
Quelani; Rafael Pincer; Raquel Ribeiro; Randolph Byron; Raphael Saqntos;
Renan de Jesus; Renan; Renata; Renata de Oliveira; Renata Cristina Pinto;
Ricardo; Ricardo Neves; Rodrigo Magalhães; Sandra Santos; Sara Kukliski;
Selma Regina Silva; Simone Zacharias; Solange; Sylvio Val; Tânia; Tatiane dos
Santos; Tayná Pelegrino; Thereza Barreto;Thiago Fortunato; Thiago de Freitas;
Tiago Zebende; Valéria de Oliveira; Vera Espasandin; Victor Luiz del Rio;
Wanda Assis, Wanderson Silva e todas as unidades escolares do Ginásio
Carioca.
25
Bibliografia
COSTA, Antonio Carlos Gomes da; COSTA, Alfredo Carlos Gomes da;
PIMENTEL, Antonio de Pádua Gomes. Educação e vida: um guia para o
adolescente. Belo Horizonte: Modus Faciendi, 2001. 2a Ed.
SÁ, Teresa. Lugares e não lugares em Marc Augé. Tempo Social. Revista de
sociologia da USP, v. 26, n. 2, novembro, 2014.
26
Anexos
Anexo I: Modelo de Registro de práticas e vivências de Protagonismo
Juvenil
Nome da prática
O que é?
Explicação da prática
Objetivo
Tempo necessário
para o
desenvolvimento da
prática
Infraestrutura e
recursos necessários
Alunos responsáveis
pela prática
Alunos envolvidos
14
Nº de alunos
Equipe escolar
envolvida
Membro da equipe
escolar que será o
“apoiador” da prática,
dando suporte para os
alunos.
Resultados ou
culminância da prática
14
Dado necessário para alimentar indicador de resultado referente ao % de alunos participando de
práticas e vivências de protagonismo juvenil.
27
Anexo II: O Adolescente como Protagonista15
Antônio Carlos Gomes da Costa
15
O texto abaixo é a continuidade daquele já citado na introdução deste documento.
28
Na perspectiva do protagonismo juvenil, é imprescindível que a participação do
adolescente seja de fato autêntica e não simbólica, decorativa ou manipulada.
Essas últimas são, na verdade, formas de não-participação que pode causar
danos ao desenvolvimento pessoal e social dos jovens, além de minar a
possibilidade de um convívio autêntico entre eles e seus educadores. A
participação é a atividade mais claramente ontocriadora, ou seja, formadora do
ser humano, tanto do ponto de vista pessoal como social.
Educar para a participação é criar espaços, para que o educando possa
empreender, ele próprio, a construção de seu ser. Aqui, mais uma vez, as
práticas e vivências são o melhor caminho, já que a docência dificilmente dará
conta das múltiplas dimensões envolvidas no ato de participar.
Na vivência dessa pedagogia, o educador já não pode limitar-se à docência.
Mais do que ministrar aulas, ele deve atuar como líder, organizador, animador,
facilitador, criador e cocriador de acontecimentos, por meio dos meio dos quais
o educando possa desenvolver uma ação protagônica.
A adesão à perspectiva pedagógica do protagonismo juvenil vai muito além da
assimilação, pelo educador, de algumas noções e conceitos sobre o tema.
Antes de tudo, essa adesão deve traduzir-se em um compromisso de natureza
ética entre o educador e o adolescente. O protagonismo deve ser vivido como
participação do adolescente no ato criador da ação educativa, em todas as
etapas de sua evolução.
Além de um compromisso ético, a opção pelo desenvolvimento de propostas
baseadas no protagonismo juvenil exige do educador uma clara vontade
política no sentido de contribuir, pelo seu trabalho, para a construção de uma
sociedade que respeite os direitos de cidadania e aumente progressivamente
os níveis de participação democrática de sua população.
Mas a clareza conceitual, o compromisso ético e a vontade política só
potencializam verdadeiramente sua ação, quando o educador está
comprometido em níveis que ultrapassam em profundidade o conhecimento do
assunto, ou seja, quando ele está emocionalmente envolvido com a causa da
dignidade plena do adolescente. Para que isso ocorra, o educador deve evitar
posturas que inibam a participação plena dos jovens.
29
Eis um pequeno elenco de posturas assumidas pelos adultos ao trabalhar com
adolescentes:
Anunciar aos jovens decisões já tomadas, reservando-lhes apenas o
dever de acatar;
Decidir previamente e depois tentar convencer o grupo a assumir a
decisão, tomada pelo educador, como se tivesse sido sua própria
decisão;
Apresentar uma proposta de decisão e convocar o grupo para discuti-la;
O educador apresenta o problema, colhe sugestão dos jovens e depois
decide;
O educador apresenta o problema, colhe sugestões e decide com o
auxílio do grupo;
O educador estabelece os limites de determinada situação e solicita aos
adolescentes que tomem decisões dentro desses limites;
O educador deixa a decisão a cargo do grupo, sem interferir no processo
que a originou.
A evolução do trabalho com um grupo de adolescentes empenhados em
decidir, a partir de uma ação protagônica, segue de modo geral as seguintes
etapas:
30
Só em caso de omissão da maioria do grupo, a solução deve ser minoritária.
Essa, contudo, é uma situação indesejável, que deve ser evitada ao máximo
pelo educador.
Em seu trabalho com jovens envolvidos na realização de ações protagônicas,
cabe ao educador:
Ajudar o grupo a identificar situações-problema e a posicionar-se diante
delas;
Empenhar-se para que o grupo não desamine nem se desvie dos
objetivos propostos;
Favorecer o fortalecimento dos vínculos entre os membros do grupo;
Animar o grupo, não o deixando abater-se pelas dificuldades;
Motivar o grupo a avaliar permanentemente sua atuação, quando
necessário, replanejá-la;
Zelar permanentemente para que a ação dos jovens seja compreendida
e aceita por todos os que com eles se relacionam no curso do processo;
Manter um clima de empenho e mobilização no grupo;
Colaborar na avaliação das ações desenvolvidas pelo grupo e na
incorporação de suas conclusões nas etapas seguintes do trabalho.
O educador que se dispuser a atuar como mediador de grupos de adolescentes
em ações de protagonismo deverá:
Ter consciência de que a participação na solução de problemas reais da
comunidade é fundamental para o desenvolvimento pessoal e social de
um adolescente;
Conhecer os fundamentos, a dinâmica e a evolução do trabalho com
grupos;
Ter algum conhecimento a respeito da situação ou problema que se
pretende enfrentar;
Compreender adequadamente o projeto e ser capaz de explicá-lo
quando necessário;
Ter participado de ações grupais, ainda que não tenha sido na condição
de mediador;
Estar convencido da importância da ação a ser realizada e estar
disposto a transmitir a outras pessoas, esse conhecimento;
31
Ter capacidade de administrar oscilações de comportamento entre os
adolescentes, como conflitos, passividade, diferença, agressividade e
destrutibilidade;
Ser capaz de conter-se para proporcionar aos educandos a
oportunidade de pensar e agir livremente;
Acolher e compreender as manifestações verbais e não-verbais emitidas
pelo grupo;
Respeitar a identidade, o dinamismo e a dignidade de cada um dos
membros do grupo.
Essa maneira de trabalhar com os adolescentes certamente irá contribuir
para que muito do que hoje é considerado problema transforme-se amanhã
em solução. Para isso, é preciso enfrentar de modo efetivo os problemas da
escola, da comunidade e da vida social. O fundamental é acreditar sempre
no potencial criador e na força transformadora do jovens.
Fonte:
http://www.adolec.br/bvs/adolec/P/cadernos/capitulo/cap07/cap07.htm
32
de adolescentes atuantes, agentes de profundas transformações que a
sociedade contemporânea exige. Assim, o jovem a passa a ser ator principal
de sua história.
33
colegas e familiares, seja formalmente, como monitores (nas oficinas de
acolhimento dos novos estudantes, por exemplo).
34
ideia que cada um faz si mesmo. Ele é, poderíamos dizer, a versão racional da
autoestima.
Quando o bom sentimento da pessoa em relação a si própria é apreendido no
plano da razão, ele assume a forma de uma autoconceito positivo, que, por sua
vez, torna-se a base da autoconfiança.
A autoconfiança, podemos afirmar sem receio, só é genuína, só é autêntica,
quando se apoia numa identidade bem definida, ou seja, o adolescente se
compreende e se aceita em suas forças e debilidades, sendo, portanto, capaz
de desenvolver uma autoestima e em autoconceito positivos. Sem
autoconfiança, o jovem torna-se, literalmente, incapaz de olhar o futuro sem
medo.
A visão destemida do futuro é o primeiro na construção do projeto de vida.
Mas, antes que o projeto de vida se delineie, é necessário que, em nível mais
profundo que o racional, surja no jovem um desejo profundo em relação ao
futuro. Este desejo é um sentimento, e, como tal, não pertence ao âmbito da
racionalidade. Trata-se de um querer-ser que ainda não passou pelo crivo da
razão.
Quando o desejo, o querer-ser, passa pelo crivo da razão, ele se transforma
num projeto de vida, ou seja, num sonho com degraus, numa trajeto com
etapas, que devem ser vencidas para se atingir o fim almejado. O projeto
frequentemente se transforma numa visão de futuro, numa espécie de memória
de coisas que ainda não aconteceram, mas que, se assumidas com
determinação e esforço, podem tornar-se realidade. É neste momento que a
vida do jovem passa a ser revestida de sentido.
O sentido da vida é aquela linha, que une o ser ao querer-ser. Tudo que nos
encaminha na direção e no sentido do nosso projeto de vida, do nosso querer-
ser racionalizado, agrega valor à nossa existência. Por outro lado, tudo que nos
detém, nos desvia ou nos faz retroagir é visto e sentido como uma agressão ao
nosso ser.
A beleza do sentido da vida reside no fato de ele constituir-se no fundamento
da autodeterminação do jovem ou, em outras palavras, da sua busca de
autonomia. Agora, já não serão os seus familiares, os seus amigos ou os seus
educadores, os que decidirão o seu rumo, é ele próprio - ninguém mais,
ninguém menos - que se incumbirá, em última instância, de fazê-lo.
35
É neste momento que emerge a capacidade de resistir à adversidade e de, até
mesmo, utilizá-la para crescer, chamada resiliência. Sem todos esses
desenvolvimentos anteriores, a resiliência é simplesmente impossível de existir.
Ela não é uma qualidade em si mesma, antes, trata-se da resultante natural
das capacidades, que mencionamos até aqui, desde que elas estejam
suficientemente desenvolvidas e corretamente articuladas entre si. O jovem
dotado de resiliência será capaz, não só de resistir às forças desagregadoras
do seu ser, mas de capitalizá-las no processo de seu desenvolvimento pessoal
e social.
O Diário de Anne Frank, a adolescente que não se deixou destruir pela
brutalidade de seu tempo, é um verdadeiro hino a essa extraordinária
capacidade, que o ser humano revela de crescer, superando todo tipo de
obstáculo.
O que a experiência nos mostra é que o ser humano não é fruto apenas das
condições, que moldaram seu passado, mas que a situação presente de cada
um é também fruto da sua postura básica diante do próprio futuro.
A capacidade humana de prefigurar o futuro no seio do presente, em meio às
situações mais adversas, tem respondido por episódios que, de outra forma,
facilmente nos fariam crer estarmos diante de milagres de resistência e auto-
superação.
A auto-realização - é bom que se esclareça - não é a resultante de um objetivo
atingido, de fim alcançado, de uma meta superada. Basta o jovem estar na
direção e não estar parado, que ele já está se realizando. Não é necessário
chegar lá. Cada passo dado na direção daquilo que dá sentido à sua vida é
para o jovem motivo de auto-realização.
Naqueles momentos - que não são frequentes na vida - em que o ser e querer-
ser se encontram e parecem abraçar-se, o jovem alcança os momentos-cúpula,
os pontos de culminância de sua existência. São os momentos de plenitude-
humana. Uma formatura, um casamento almejado, o trabalho sonhado, o
reconhecimento coletivo por um feito, um sonho realizado, o nascimento de um
filho, uma obra desafiante terminada, um estado de maturidade e lucidez
alcançado. Tudo isso é matéria de vivências plenas, que pervadem a vida de
uma pessoa, penetrando-lhe os recônditos da sua estrutura física, psíquica e
espiritual.
36
O que é auto-realizar-se? Auto-realizar-se é a pessoa desenvolver plenamente
o seu potencial. É tornar realidade aquelas promessas que cada um de nós
trouxe consigo ao nascer. Empenhar-se nesse sentido é lutar pela felicidade.
Encaminhar-se nessa direção é ser feliz. Freud afirmou que o homem se
realiza no amor e no trabalho, ou seja, na vida afetiva e na vida produtiva.
Cenise Monte Vicente acrescenta um terceiro ponto. O homem realiza-se
através da solidariedade para com os outros homens, ou seja, na ação em
favor do bem comum, na esfera da cidadania.
É justamente nessa esfera, que o jovem supera o particularismo das relações
afetivas e do projeto profissional, desabrochando para o desenvolvimento
social no sentido mais pleno do termo. E é, precisamente aí, que o
protagonismo juvenil, enquanto prática e vivência da educação fonte do seu
sentido e o suporte da sua significação como rito de ingresso das novas
gerações nas questões relativas ao bem comum.
Referência:
Protagonismo Juvenil: Adolescência, Educação e Participação Democrática.
Fundação Odebrecht, Salvador, 2000, pp.46-57.
37