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Indice

Programa Cultivando Água Boa 12

Ecopedagogia 24

Projetos Ecopedagógicos 36

Guias de Percurso para


uma Caminhada Ecopedagógica 42

Anexos 44

Referências Bibliográficas,
Videográficas e Eletrônicas Contidas no Texto 46

EXPEDIENTE
Itaipu Binacional
Diretor Geral/Brasil Gerente do Departamento de Proteção Ambiental
Jorge Miguel Samek Rosana Lemos Turmina

Diretor de Coordenação e Meio Ambiente Gerente da Divisão de Educação Ambiental


Nelton Miguel Friedrich Silvana Vitorassi

Gerente Executivo do Gestora do Programa de Educação Ambiental


Programa Cultivando Água Boa Leila de Fátima Alberton
Odacir Fiorentin
Elaborado por:
Superintendente de Meio Ambiente Nativa Socioambiental
Jair Kotz www.nativasocioambiental.com.br
Apresentação Na visão mecanicista, em que tudo vira “ coisa”, negócio, levamos ao máximo
a sentença de Francis Bacon - pai do empirismo científico: “a ciência devia tratar
a natureza como fazia o Santo Ofício da Inquisição com seus réus: torturá-la até
Hoje nos encontramos numa fase nova na humanidade. Todos estamos conseguir desvelar o último dos seus segredos.” Deixamos de reconhecer que em
regressando à Casa Comum, à Terra: os povos, as sociedades, as culturas e as tudo há vida, que somos parte de um organismo vivo, “onde existe vida há rede de
religiões. Todos trocamos experiências e valores. Todos nos enriquecemos e nos organismos, células e moléculas”, conforme Fritjof Capra. E assim, desconectamos
completamos mutuamente... Leonardo Boff. totalmente da dimensão do cuidar (de si, da natureza, do que comemos, da
comunidade em que vivemos, dos outros seres da comunidade de vida).
Vivemos a crise mais aguda da humanidade. Não é conjuntural, nem episódica Apologistas da pedagogia antropocêntrica, colocamos o ser humano no centro
ou cíclica. É estrutural, é do modelo civilizatório. Sem catastrofismo ou posição de tudo, seus interesses acima de todas as coisas. Como “todo-poderoso”, a ele
pessimista, constata-se que nossa sociedade está enferma, assim como nosso tudo foi permitido inclusive de fazer o que fez: desequilibrar o planeta e de colocar
planeta Terra está enfermo. O sintoma da enfermidade da Terra está na febre do em risco a própria existência.
corpo planetário: aquecimento e mudanças climáticas, provocados pelo aumento Partindo da premissa de que somos parte do mundo natural, “somos apenas fios
sem precedentes da poluição (só de CO2 todos os dias lançamos 70 milhões de da teia da vida”, toda educação precisa ser ambiental. Vale dizer que, a profunda
toneladas na atmosfera, sem contar outros poluentes como o metano, o dióxido de crise socioambiental que vivemos também é uma crise na e da educação baseada
enxofre e os CFC´s), a destruição dos recursos naturais não renováveis tais como numa pedagogia que não entendia a complexidade do mundo e suas diversas
a escassez e gestão inadequada da água, a desertificação, extinção de espécies da dimensões.
flora e fauna, fenômenos migratórios, crises nas grandes capitais, a violência como CAPRA propõe: “Nas próximas décadas a sobrevivência da humanidade dependerá
fenômeno social urbano, novas enfermidades, o egocentrismo, a cultura do ter, da de nossa alfabetização ecológica - nossa habilidade para entender os princípios
aparência, do desperdício, do descartável, os valores humanos confrontados ao básicos da ecologia e viver de acordo com sua observação. Isto significa que a
consumismo exagerado, a perda das raízes culturais, a exclusão, a insatisfação, a eco-alfabetização deve se tornar uma qualificação indispensável para políticos,
solidão, a depressão, o pânico, a desesperança, a monocultura da mente. líderes empresariais e profissionais em todas as esferas, e deverá ser a parte
Estamos diante de uma situação-limite majoritariamente causada pelo nosso mais importante da escolaridade, em todos os níveis – desde a escola primária
modo de ser, viver, produzir e consumir. Mas não se pode olhar o ser humano até a escola secundária, faculdades e universidades e na educação continua e no
somente como possuidor de um instinto predador, como individualmente culpado treinamento de profissionais”.
pelos desastres socioambientais que assolam o Planeta Terra. Como afirma Francisco Somos pois, todos aprendizes, aprendizes de um novo porvir.
Márcio “esta propositura de atribuir culpas a esta faceta da relação Homem- Isso implica em erigir uma NOVA EDUCAÇÃO, educação crítica, vigilante,
Sociedade-Ambiente é uma atitude acomodada e fechada ao entendimento da curiosa, preparadora de seres humanos integrais, cooperativos, solidários, com
verdadeira face de uma dinâmica social, que é, nada mais nada menos, o resultado mais ternura, com noção de pertencimento, formados para a vida e não só
de relações de produção e de interesses econômicos”. Padrões de produção e para força de trabalho. Com sentimentos, emoções, e não só lógica e razão.
consumo insustentáveis são alimentados pela civilização contemporânea Impregnados de valores, de que somos parte da Mãe Terra e com ela devemos viver
mecanicista, reducionista, linear, monocultural, determinista, antropocêntrica, de harmoniosamente. Educação para a cidadania planetária. Que possa contribuir.
uma racionalidade econômica exacerbada, ambientalmente inviável e socialmente Uma educação para ser DIGNA dos desafios de nosso tempo.
injusta.
Uma nova educação PEDE UMA NOVA PEDAGOGIA: a ECOpedagogia! A ecopedagogia rompe com as fronteiras da disciplinaridade (que é resultante
No dizer de Moacir Gadotti – presidente do Instituto Paulo Freire, estudioso e da lógica da separatividade, da segmentação, de formação e ação sitorizada),
entusiasta da nova pedagogia – a “ECOpedagogia ou a pedagogia da Terra surge como estimula e fortalece a desfragmentação dos conteúdos, e implica na valorização dos
uma luz capaz de reacender num futuro possível a esperança de uma vida digna saberes como construção do ser humano. Vivencia a ciência holística, contempla,
para todos. E a educação tem muito haver com essa responsabilidade, precisamos compreende a vida e o que acontece no planeta como inteiramente ligado ou
de uma pedagogia que recoloque a relação entre a natureza e o ser humano que em interferindo na existência como um todo.
algum lugar do passado se perdeu, e hoje é preciso resgatar com urgência”.... E a Promover um total de 140 OFICINAS DE ECOPEDAGOGIA, FORMANDO 1.400
ecopedagogia “trabalha com a fundamentação teórica dessa “cidadania planetária” EDUCADORES, e contribuindo para a construção de projetos ecopedagógicos nos 29
cuja idéia é dar sentido para a ação dos seres humanos enquanto seres vivos que municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Paraná Parte III, não é apenas um objetivo
compartilham com as demais vidas a experiência” do planeta Terra.” traçado a ser alcançado, é a prática real, generosa e esperançosa de que esta
Na ECOPEDAGOGIA, segundo GUTIERREZ, “os conteúdos curriculares têm que sociedade e o planeta podemos recuperá-los. Num universo de fecunda vitalidade
ser significativos para o aluno, e só terão relevância para ele, se esses conteúdos comunitária, constituímos a riqueza de milhares de parceiros sonhadores que
forem relevantes também para a saúde do planeta, para um contexto mais amplo” escolheram sonhar ser possível a transformação com responsabilidade compartilhada
E mais “só encontramos sentido em caminhar vivenciando o contexto e o processo e saber viver em equilíbrio e harmonia.
de desbravar novos caminhos; não apenas observando-o, por isso a educação O CADERNO DE ECOPEDAGOGIA é um marco. Todos os que estão envolvidos na
sustentável é uma pedagogia democrática e solidária”. A Ecopedagogia opera “ empreitada, os que cooperaram para efetivá-lo, aos difusores de seus conteúdos
com a essência da vida, respeitando e identificando-a nos outros seres “ explica e aos multiplicadores de sua aplicação concreta, a mais forte consideração da
Lívia Lucina Ferreira Albanus (ULBRA). cidadania planetária.
Nossas reflexões e ações, no dia-a-dia, fizeram emergir projetos ecopedagógicos Mais um avanço na afirmação dos conteúdos e abrangência do Programa
nas comunidades, na educação formal, não formal e difusa. Em salas de aula com Cultivando Água Boa da Itaipu Binacional e nossos parceiros na construção da
oficinas para os educadores até a implantação de tecnologias limpas nas estruturas CULTURA DA SUSTENTABILIDADE e na busca de “um novo jeito de ser/sentir, viver,
de suas escolas - pequeno exemplo das cisternas ecopedagógicas. Insere o reuso da produzir e consumir”.
água da chuva na escola, a noção do cuidado, da compreensão da essencialidade e A Carta da Terra nos propõe: “a escolha é nossa: formar uma aliança global para
mística da água, em que na sua fase construtiva os alunos na aula de matemática cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade
calculam quanto de areia, cimento, ferro e quantos metros cúbicos tem a cisterna. da vida.”
Depois, quanto a escola diminuiu o gasto mensal com água. E ter no terreno da Nossa escolha está feita !
escola horta orgânica ou de plantas medicinais irrigada com água da cisterna,
deixando um canteiro sem irrigação. Ter aulas de ciências, biologia, química, etc.
no espaço da horta para absorção e compreensão do que é um organismo vivo,
da germinação, da fotossíntese, os microrganismos, de todo o significado da água,
do semear, do cuidar, do colher, do alimentar, do sentido maior da vida humana,
animal, vegetal. Enfim, um laboratório vivo de aprendizagem, prático, cotidiano, Nelton Miguel Friedrich
de respeito e valorização da natureza e da vida. Diretor de Coordenação
Itaipu Binacional
Apresentação Apresentação

A humanidade vive hoje uma grave crise socioambiental, o que exige uma “A educação não muda o mundo, a educação muda as pessoas e as pessoas é que
postura atuante dos seres humanos. A busca por soluções a partir da compreensão mudam o mundo”. À luz dessa frase de Paulo Freire é que apresentamos a todos os
da realidade à sua volta como instrumento de aprendizado, despertando para a educadores e educadoras da Bacia do Paraná 3 esse caderno de Ecopedagogia.
ação coletiva. A proposta do Caderno é contribuir na construção coletiva dos conhecimentos
É preciso mudar as relações humanas, sociais e ambientais que temos hoje. sobre o conceito de Ecopedagogia, ainda bastante novo em nosso meio, e
Mudar a convivência que mantemos com nós mesmos, com os outros e com a compartilhar o rico caminho de aprendizados e vivências, trilhado ao longo destes
natureza e reconhecer que pertencemos a uma única comunidade de vida. 08 anos na educação formal e não formal da Bacia do Paraná 3.
A ecopedagogia traz uma visão unificadora do planeta e de uma sociedade A Ecopedagogia nos propõe um processo de aprendizagem que possibilita tecer
mundial. É uma educação para a cidadania planetária, que segundo Gadotti, implica relações entre saberes que foram separados, principalmente nos espaços formais
uma reorientação de nossa visão de mundo, uma re-educação para vivermos numa de ensino, e dialogar sobre as questões ambientais de forma transversal com todos
comunidade que é local e global ao mesmo tempo. estes saberes.
A prática ecopedagógica abarca um conjunto de princípios, valores, atitudes Mais do que construir projetos de Educação Ambiental nos espaços formais de
e comportamentos e promove a aprendizagem significativa, atribuindo sentido às ensino, precisamos repensar o próprio sentido da educação, o quê, como e com
ações cotidianas. quem aprendemos.
É uma pedagogia centrada na vida, que considera as pessoas, as culturas, o Reconhecer nosso papel de educadores e educadoras ambientais em todos os
modo de viver, o respeito, a identidade e a diversidade, apropriada para uma espaços de nossa vida, despertar o desejo de aprender, a alegria de ensinar, a
cultura de sustentabilidade e de paz. possibilidade de compartilhar as descobertas e o conhecimento é o compromisso
Ação e reflexão, metodologia e vivência, saber e sentido, são apresentados que nós educadores e educadoras estamos fortalecendo ao longo dos anos nesse
neste caderno como uma contribuição a uma nova relação, a ecopedagógica, que pedaço do planeta denominado Bacia do Paraná 3.
busca a partir da vida cotidiana, o sentido mais profundo do que fazemos com Antônio Machado nos diz que: o caminho se faz ao caminhar. Neste sentido
nossa existência e que está intimamente ligado ao futuro de toda Humanidade e convidamos você a continuar trilhando conosco esse caminho com alegria, confiança
da própria Terra. e esperança de, coletivamente, construirmos relações mais solidárias, justas,
fraternas, responsáveis e comprometidas com uma sociedade mais sustentável.

Silvana Vitorassi
Gerente da Divisão de Educação Ambiental Leila de Fátima Alberton
Itaipu Binacional Gestora do Programa de Educação Ambiental
Itaipu Binacional
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O processo formativo “A Escola e a Cultura da Sustentabilidade, “A primeira etapa da oficina de ecopedagogia, realizada no município de Ouro
Formação Continuada de Professores em Educação Ambiental”, iniciado Verde do Oeste veio certamente motivar e reforçar ainda mais a preocupação em
em fevereiro de 2010, vem ao encontro da meta do Programa Cultivando relação ao fazer ecopedagógico para nós professores. É lindo observar nos fazeres
Água Boa de envolver a educação formal nos processos de educação para diários, muitas vezes corriqueiros, pequenas ações, que certamente dizem muito
a sustentabilidade realizados no território da Bacia do Paraná 3 (BP3). mais que palavras”.
Participaram das oficinas de formação, primeira etapa do projeto,
Elaine Jacinta Pappen Poleze,
professora do ensino fundamental,
24 municípios; Ouro Verde do Oeste,PR
1271 educador@s;
246 espaços educativos: 69 centros municipais de educação infantil, “A oficina realizada em Altônia foi muito importante para despertar nos
144 escolas municipais, 17 escolas estaduais e 1 escola particular. professores a missão que a escola tem na preservação ambiental. Na verdade
todos os professores sabem do verdadeiro valor da ecopedagogia, mas muitos
Além das professoras e professores, contamos com a presença nem sabem como fazer e as dinâmicas e as atividades vieram de encontro com
das gestoras e gestores de educação ambiental dos municípios e de as necessidades da própria valorização do fazer a cultura da sustentabilidade. Eu
representantes das Secretarias Municipais de Educação e Meio Ambiente. como diretora da escola onde grande parte participou pude ver o interesse e a
Estiveram presentes 1271 educadores e educadoras, grupo composto 92 % motivação neste fazer e aprender como Paulo Freire nos ensina”.
por mulheres e 8% de homens, com faixa etária entre os 23 e os 50 anos
e formações acadêmicas variadas - história, ciências, artes, pedagogia, Janete Silva Hackl,
matemática, letras, geografia, entre outras. professora e educadora ambiental,
Durante o processo formativo, cada participante foi convidado a Altônia, PR
compartilhar suas experiências na realização de projetos socioambientais,
a refletir e dialogar sobre o caráter ecopedagógico das ações realizadas “A primeira etapa nos ajudou a desenvolver maior consciência da realidade, das
com vistas à construção da cultura da sustentabilidade nos espaços necessidades do meio em que vivemos e também do nosso planeta. Também nos deu
educativos. Todo esse processo esteve apoiado nos princípios da Carta da entusiasmo para lutarmos pela sustentabilidade, compartilhando conhecimentos
Terra, do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e e transformando vivências”.
Responsabilidade Global e na perspectiva da ética do cuidado, difundida
Marlene Vaniski,
por Leonardo Boff. professora do ensino fundamental,
Como forma de ilustrarmos os resultados observados e definirmos Santa Tereza do Oeste, PR
pontos de partida para a próxima etapa, a elaboração de projetos
ecopedagógicos, compartilhamos algumas impressões de participantes Acreditamos, contudo, que os diálogos socioambientais e as ações ecopedagógicas
das oficinas de formação: não podem ficar restritos aos muros da escola. Por ser um movimento social, aberto
à participação de todos os setores da sociedade, a Ecopedagogia serve como fio
“Mais do que projetos de educação ambiental é preciso repensar o condutor para reflexões em torno da temática da cidadania ativa, do envolvimento
próprio sentido da educação, o quê e como ensinamos. A arte, política e na tomada de decisões, da realização de ações voltadas ao bem comum, da
ecologia são ferramentas fundamentais para chegarmos ao ser humano organização social e da participação na formulação de políticas públicas para a
que queremos, com atitudes éticas, sabedoria e bem estar espiritual. O totalidade do território da bacia hidrográfica.
despertar da consciência humana acontece a partir do fortalecimento da É nesse sentido que apresentamos o Caderno de Ecopedagogia, material que
ética e da espiritualidade, conexões que são a base para a transformação vem compor o conjunto de cadernos voltados á Sustentabilidade lançados em 2004
humana”. pela Itaipu Binacional: A Carta da Terra e o Tratado de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global.
Iracema M. Cerutti,
gestora de educação ambiental,
Desejamos a todos e todas uma excelente jornada ecopedagógica! E que seus
Foz do Iguaçu, PR frutos sejam a nossa contribuição para a construção de sociedades mais justas,
sustentáveis e solidárias.
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Compromisso com a Gestão por bacias hidrográfica? Por quê?


construção da cultura da sustentabilidade
Bacia hidrográfica é toda área de influência de um curso d’água principal:
A Itaipu Binacional, a partir da revisão de sua missão institucional, córrego, rio, lago e seus tributários, delimitada pelos divisores de águas, os
reforçou em 2003 seu compromisso de contribuir com o desenvolvimento pontos mais altos do relevo. Por englobar aspectos físicos, culturais, sociais,
sustentável da região da Bacia do Paraná 3. Por meio do Programa econômicos e bióticos do território, elementos que interferem no uso dos recursos
Cultivando Água Boa (CAB), que adota a bacia hidrográfica como modelo hídricos e na proteção ambiental, a gestão por bacia hidrográfica permite uma
de gestão territorial, a Itaipu executa na atualidade 20 programas e 63 abordagem integrada, respeitando as características específicas do território e
projetos ou ações de responsabilidade socioambiental, compartilhando incluindo a comunidade na tomada de decisões e nos processos de intervenção
com seus colaboradores e comunidade a missão de atuar pela promoção socioambiental.
da vida no planeta (www.cultivandoaguaboa.com.br). Fonte: BRASIL, Ministério do Meio Ambiente, 2008. YASSUDA, 1993 apud PORTO e PORTO, 2008
O Programa Cultivando Água Boa se fundamenta em princípios de
importantes documentos planetários como a Carta da Terra e o Tratado de
Educação Ambiental. Também tem como referência as Metas do Milênio,
a Agenda 21, o Protocolo de Kyoto, o documento “Água para todos, Água
para a Vida” (UNESCO) e as diretrizes da Conferência Nacional do Meio
Ambiente, do Plano Nacional de Recursos Hídricos e outras políticas
públicas do governo brasileiro. Por meio da Educação Ambiental, suas
ações fortalecem a disseminação da cultura da sustentabilidade na BP3,
dialogam com a Ecopedagogia e favorecem o resgate do sentido da vida
a partir do dia a dia.

Valorizando o convívio social harmonioso, o contato com a natureza,


o desfrute do ar puro, da água limpa, da sombra de árvores, do canto
dos pássaros, da fruta colhida do pé..., o Programa Cultivando Água Boa
convida todos e todas para cuidar desse pedaço do planeta, mantendo
acesa a esperança de um futuro de respeito, dignidade e solidariedade.

Embora tenha fundamentos teóricos e metodológicos definidos


como orientadores de seu trajeto, o caminho trilhado pelo Programa
Cultivando Água Boa para viabilizar processos educativos e de intervenção
socioambiental vem sendo construído de forma coletiva, por meio
da adesão de parceiros de diferentes setores da sociedade - ONGs,
associações, cooperativas, governos locais formalmente instituídos.
Essa construção prioriza a organização, a elaboração de programas e
ações de mobilização e participação voltadas á sustentabilidade, por meio
de articulação sistêmica e com visão de perspectivas futuras. Valorizando A Bacia do Paraná 3 é uma extensa região localizada entre o Sul do Mato Grosso
a democracia em todos os seus processos, a avaliação das ações realizadas do Sul e a Foz do Rio Iguaçu, com cerca de 8 mil km² e aproximadamente 900
pelo Programa Cultivando Água Boa é realizada de forma conjunta com mil habitantes distribuídos em 29 municípios. A abundância em sistemas naturais
seus parceiros, independente do porte e natureza das instituições, valores, determina sua riquíssima biodiversidade, seus solos férteis e a existência de
crenças e ou orientação político-partidária. mananciais importantes não apenas para a região, mas também para os países que
compõem a tríplice fronteira: Brasil, Argentina e Paraguai. A construção da usina
hidrelétrica de Itaipu levou à formação do lago de Itaipu, banhando 16 municípios
que dependem de suas águas de forma direta, além dos 13 municípios cujas águas
escoam para o reservatório de forma direta ou indireta.
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Ações do Programa de Educação Ambiental


realizadas nos municípios da Bacia do Paraná 3
Oficinas do Futuro 227
Alunos beneficiados com a cartilha “Mundo Orgânico” 94.311
Apresentação do teatro “A Matita” 481
Professores no curso de Educação para o Consumo 311
Educadores ambientais formados PAP 3 274
Educadores ambientais em formação PAP 4 2.757
Oficinas da Carta Terra 65
Merendeiras e nutricionísta formadas no
curso gestão de merenda escolar 182
Merendeiras premiadas no concurso receita saudável da BP3 105
Coletivo educador municipal implementado 29
Gestores de educação ambiental 70
Cartilhas entregues 252
Oficinas Futuro no Presente 42
Oficinas de Ecopedagogia 50
Professores envolvidos nas Oficinas de Ecopedagogia 1250
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A vivência da sustentabilidade Atualmente existem 285 educadoras e educadores ambientais em formação na


BP3, representando todos os segmentos sociais dos 29 municípios e envolvendo
no cotidiano da Bacia do Paraná 3 10.000 educadores organizados em comunidades de aprendizagem que constituem
os coletivos educadores municipais.
A educação ambiental é o eixo condutor das ações e diálogos do
Programa Cultivando Água Boa. Na medida em que a ecopedagogia surge Você sabia que desde 2008 há um compromisso formal das 29 prefeituras da BP3
como tradução para a prática, para a vivência dos princípios e valores para a nomeação de gestores de educação ambiental municipais?
da educação ambiental no nosso dia-a-dia, identificamos elementos
relacionados ao fazer ecopedagógico nessas mesmas ações e diálogos. A continuidade das atividades de formação e intervenção local demanda a
Esse aspecto contribui não apenas para a formação de sujeitos críticos, participação do poder público, do comprometimento de seus colaboradores com
atuantes, situados no seu contexto histórico e social da BP3, mas também as atividades do FEA. Essa demanda levou prefeituras a nomearem esses gestores,
para o exercício de ampliar a visão para os desafios socioambientais importante elos para articulação entre comunidades locais, prefeituras e outras
enfrentados pelo planeta nos dias atuais. instituições do setor público e os programas de educação ambiental fomentados
pela Itaipu Binacional.
Programa de formação de
“Devemos nos abrir ao novo e abrir caminhos novos e flexíveis, novos e sensíveis,
educadores e educadoras ambientais (FEA) novos e vivenciais... Caminhos abertos ao holístico e à realidade viva. Não se
pode educar detendo a dinâmica da vida, sua concepção dinâmica, criadora e
Tendo como diretriz o Programa Nacional de Educação Ambiental
relacional, promotora da sabedoria integral, da elaboração de sentidos para as
(ProNEA) do Ministério do Meio Ambiente, a formação de educadoras e
vivências cotidianas”
educadores ambientais ocorre por meio da Pequisa-Ação-Participante
(PAP), ou Pessoas que Aprendem Participando. Integrando diferentes visões, (GUTIERREZ e CRUZ PRADO, 2008).
histórias de vida, formações e áreas de atuação profissional, o FEA articula
saberes pela constituição de processos de aprendizagem participativa
sobre princípios da educação ambiental, geografia e dinâmica ecológica
da região, agroecologia, gestão ambiental, intervenção pedagógica e
mobilização comunitária (FERRARO JR e SORRENTINO, 2005).
O FEA incorpora em suas práticas importantes conteúdos de ecoformação:
a interação solidária, a subjetividade coletiva, a sensibilidade, a
afetividade, a espiritualidade, o respeito às diferenças e a equidade para
a participação de homens, mulheres, pessoas de diferentes faixas etárias
e escolaridade. Assim, estabelece pontes de diálogo com a Ecopedagogia,
tendo em comum o horizonte de profunda mudança de valores, relações,
significações, com vistas à formação e/ou aprimoramento das comunidades
de aprendizagem (BRANDÃO, 2005) constituídas no território para a
promoção da cultura da sustentabilidade.
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Programa de gestão de bacias hidrográficas

Agenda 21 do pedaço
A aproximação ecopedagógica se manifesta nesse programa na medida
em que apóia o diálogo entre sujeitos e desses com a realidade. As Oficinas
de Futuro, inspiradas na metodologia criada pelo instituto Ecoar para a
Cidadania (www.ecoar.org.br), se fundamentam nos Círculos de Cultura
de Paulo Freire e dinamizam processos de educação não formal nos mais
variados contextos. Por meio do “Muro das Lamentações” as comunidades
participam do diagnóstico socioambiental das microbacias. Elas
expressam na “Árvore da Esperança” seus desejos e sonhos relacionados
à qualidade de vida naquele pedaço e traçam o “Caminho Adiante”, a
partilha da responsabilidade na execução de voltadas á construção da
sustentabilidade.
O Pacto das Águas é um encontro de socialização dos resultados das
Oficinas de Futuro, informações que servem de subsídio para o Comitê
“A partilha da responsabilidade no cuidado com microbacias serve de exercício
Gestor dar encaminhamentos às ações propostas e convênios firmados.
de construção da cidadania planetária por abrir canais de percepção das cores,
Contudo, sua proposta vai além do diálogo e troca de experiências e
cheiros, sons, estórias, sabores daquele pedaço do planeta, estimulando o sentido
informações. O pacto é um momento de celebração da vida, um convite
de pertencer àquele local”.
para que todos e todas vivenciem o cuidado no trato das questões
socioambientais relacionadas ao seu pedaço do planeta. A “Carta do Pacto
das Águas” é um dos principais produtos desse encontro, documento Você sabe o que é “passivo ambiental”?
simboliza o verdadeiro retrato das comunidades e seu compromisso de
cuidado com as águas. Os passivos ambientais representam os danos causados ao meio ambiente,
consequência da realização de atividades produtivas no território e/ou da
“O Pacto das Águas é um momento utilização de insumos naturais como matéria-prima para essas atividades. Os
de mobilização de toda a sociedade principais passivos ambientais identificados na BP3 são (1) a contaminação dos
na construção do respeito mútuo e de rios, solos, seres humanos e animais por agrotóxicos, fertilizantes, esgoto não
solidariedade entre os seres. (BRASIL. tratado, dejetos animais, lixo residencial entre outros; (2) a perda de solos pela
Itaipu Binacional, 2009)”. erosão, levando à sedimentação dos corpos d´agua e à perda da produtividade
agrícola; (3)o acúmulo de matéria orgânica nos rios provocando eutrofização -
surgimento de algas e plantas tóxicas, favorecendo a formação de pântanos e a
Oficinas futuro no presente emissão de gases do efeito estufa; (4) a perda da biodiversidade decorrente do
desmatamento e desaparecimento de espécies animais e vegetais. BRASIL. Itaipu
Seguindo as Oficinas de Futuro, as
Binacional, 2009.
“Oficinas Futuro no Presente” priorizam
a concretização de ações socioambientais
nas comunidades das microbacias da BP3,
estimulando a continuidade no cuidado
com as águas e nas relações interpessoais,
conforme acordos estabelecidos.
Além disso, as oficinas Futuro no Presente reforçam a importância de
serem tomadas medidas de proteção das matas ciliares e biodiversidade,
fortalecimento das parcerias públicas e ou privadas e o planejamento
de ações junto aos comitês gestores de bacias hidrográficas da região
(BRASIL, Itaipu Binacional, 2010).
A educação ambiental na Jovem Jardineiro
responsabilidade socioambiental
O programa Jovem Jardineiro apresenta uma
importante proposta para a inserção de adolescentes
Agricultura Orgânica, Familiar e Plantas Medicinais de famílias de baixa renda na sociedade, por
meio de uma formação ao mesmo tempo técnica
Programa que atua por meio da gestão participativa, com intensa e ecopedagógica. Promovendo sensibilização,
participação de clubes de mães, pastorais, grupos de mulheres e idosos. reflexão, diálogo e tendo a jardinagem como
Tem por proposta o fomento à agricultura familiar, incentivando a tema gerador, os jovens estão envolvidos com uma
diversificação das produções, abrindo espaço para sistemas agroecológicos proposta multidisciplinar, ampliando sua visão de
e procurando envolver novos agricultores a essas ações. mundo e contribuindo para a formação de cidadãos
A aproximação ecopedagógica é perceptível pela realização de práticas e cidadãs atentos às questões socioambientais.
democráticas, dialógicas, que valorizam a biodiversidade, o conhecimento
e a cultura local. Por meio do cultivo de plantas medicinais, o programa Coleta Solidária
incentiva o cuidado com a saúde sem a necessidade de comprar
medicamentos para doenças comuns como resfriados, dores, inflamações. O programa Coleta Solidária incentiva a
Assim, contribui para melhorar a renda mensal das famílias e minimizar sensibilização e organização de associações e
a geração de impactos negativos ao ambiente em função da geração de cooperativas de catadores de recicláveis, garantindo
resíduos. melhores preços e condições de trabalho. Além
disso, reforça a auto-estima desses agentes
ambientais como profissionais, cidadãos e cidadãs
que realizam um trabalho de suma importância em
seu ambiente.
Na região da BP3, Foz do Iguaçu e outros
municípios são beneficiados por meio da implantação
de Centros de Triagem de Materiais Recicláveis.
Esses empreendimentos são administrados pelos
agentes ambientais, que participam de cursos de
capacitação oferecidos pela Itaipu Binacional em
parcerias com as prefeituras municipais.

Sustentabilidade
das Comunidades Indígenas
A diversidade cultural na BP3 transcende a
origem européia da maioria da população de
alguns municípios. A cultura indígena ainda é muito
marcante e, atualmente, 205 famílias com cerca de
1.100 indígenas são beneficiadas em suas aldeias
pela construção de 60 casas com modelo indígena.
Também são tomadas medidas para a difusão do
artesanato tradicional em escala comercial e cursos
para a capacitação, a formação de parcerias e
orientação técnica para o cuidado com a saúde, o
saneamento básico e a produção de alimentos que
respeitem as suas tradições étnicas e culturais.
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No cotidiano, o caminho Sustentabilidade ou


para a cidadania local e planetária desenvolvimento sustentável – que caminho seguir?
Vivemos hoje um momento especial na história da humanidade. A O termo Desenvolvimento
globalização da cultura, da economia, da informação tem nos trazido Sustentável, muito utilizado na
inúmeros avanços tecnológicos e facilidades para o nosso dia-a-dia. Por atualidade e categoria oficial
outro lado, temos observado a perpetuação da pobreza, da escassez de em documentos internacionais,
água, da má distribuição de alimento e da degradação cada vez maior é definido como o modelo de
do ambiente natural, conseqüência de um modelo de excedentes de
desenvolvimento equilibrado,
produção e consumo, de “felicidades vendidas” (GADOTTI, 2005), que
que disponibiliza recursos às
coloca em risco sobrevivência dos seres vivos no planeta.
A Ecopedagogia, fundamentada nos princípios e valores da Carta da necessidades das gerações atuais
Terra e do Tratado de Educação Ambiental, vem nos indicar outro caminho, e, ao mesmo tempo, garante a
a esperança de construirmos um novo final para essa história. Ela surge sustentação das necessidades das
como ferramenta para uma educação ecológica, uma ecoformação, gerações futuras. No entanto,
caminho de resgate do respeito e do cuidado nas relações entre todos os por estar apoiado na economia
seres que habitam o planeta (PINEAU, 1992 apud GADOTTI, 2005). capitalista, que estruturalmente
A Ecopedagogia valoriza o sentir, o viver, o diálogo, a aprendizagem incentiva os exageros de consumo à
por meio da vivência do contato com a natureza e da impregnação de custa da destruição dos ambientes
sentido nas ações e situações cotidianas (GADOTTI, 2005; GUTIERREZ e naturais e manutenção das
PRADO, 2008). desigualdades, não logra ser social
No entanto, não podemos nos esquecer que esse processo se insere no
e ambientalmente sustentável.
complexo contexto econômico, social e cultural no qual estamos envolvidos
A Sustentabilidade, termo
na atualidade. Dialogando com conceitos, instrumentos e estratégias dessa
realidade, o fazer ecopedagógico ganha um novo significado, vai além advindo da ecologia e da biologia,
da adoção de boas práticas ambientais (CARVALHO, 2005; GUIMARÃES, propõe formas diferentes de
2005 e RUSCHEINSKY, 2005). Ele se apóia em um caminho que leva em desenvolvimento. Ela afirma a
direção à construção da cidadania local e planetária, “um caminho feito necessidade de incluir todos os
ao caminhar, construído e percorrido permanentemente no cotidiano” seres que conformam a teia da
(GUTIERREZ e PRADO, 2008). vida no processo global, inserindo
a espécie humana como parte da
natureza, uma entre as demais
espécies que povoam a Terra. A
perspectiva da sustentabilidade
nos indica a possibilidade de
saciar as necessidades básicas
da humanidade sem prejudicar a
biodiversidade e perpetuação da
vida no planeta. “Mais que buscar
um desenvolvimento sustentável,
importa construir uma vida,
uma sociedade e uma terra
sustentáveis” (BOFF, 2004c).
27
“O ser humano tem os pés no chão e a cabeça aberta ao infinito. O coração Como estamos cuidando de nós mesmos? Como cuidamos dos nossos amigos e das pessoas
une chão e infinito, abismo e estrelas, local e global. A lógica do coração é a com as quais nos relacionamos? Como cuidamos do nosso trabalho, da nossa rua, das nossas
capacidade de encontrar a justa medida e construir um equilíbrio dinâmico. praças, parques, nascentes e rios? Como cuidamos do nosso planeta, a começar pela nossa
Para isso cada pessoa precisa descobrir-se como parte do ecossistema local e da casa? Qual é a nossa atenção e cuidado com relação aos nossos hábitos de consumo?
comunidade biótica, seja em seu aspecto de natureza, seja em sua dimensão de
cultura”
Ação e transformação social
(BOFF, 2004b).
Conscientes ou não, somos parte dos problemas socioambientais da atualidade. Enquanto
Formando pontes de diálogo com os princípios e valores da Carta da Terra, do ferramenta do movimento ecológico, político e social, a Ecopedagogia cria importantes
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e com os conteúdos espaços de reflexão crítica sobre a realidade capitalista: consumista, poluidora, competitiva
da ética do cuidado (BOFF, 2004b), a prática ecopedagógica sugere os seguintes e voltada aos interesses individuais.
elementos de reflexão: Estamos conscientes de que nossos hábitos de consumo alimentam o modelo de
desenvolvimento capitalista? Que papel desempenhamos diante dessa informação?
Consumimos produtos supérfluos para o nosso dia-a-dia? Podemos reduzir nossos hábitos de
Civilização da simplicidade consumo, diminuir a quantidade de resíduos que geramos, reutilizar materiais que iriam
para o lixo?
As práticas de consumo responsável, equilibrado, em função do bem estar
humano e dos outros seres do planeta como um todo dependem das nossas
mudanças de atitudes, valores e estilos de vida. Somos mais felizes na medida
em que consumimos mais? Abdicar de horas de lazer, do convívio entre amigos
e familiares em função do excesso de trabalho têm trazido sentido para a nossa
existência? Será que poderemos construir uma comunidade sustentável baseada
na extensão de nosso modo de vida insustentável? Essas reflexões podem nos
aproximar da percepção de que sabedoria e simplicidade caminham juntas (BOFF,
2004b).

Cultura da solidariedade
A realidade socioambiental é uma fonte inesgotável de elementos de aprendizagem
transformadora, que nos permite construir conhecimento integral, solidário,
capaz de despertar a consciência para a mudança individual e coletiva de valores,
relações e significações Falando em mobilização social...
(GUTIERREZ e PRADO, 2008). O Brasil foi sede de uma das maiores reuniões já realizadas mundialmente para discutir
meio ambiente. A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
Somos pessoas solidárias, afetuosas e cuidadosas nas relações que estabelecemos (CNUMAD), também conhecida como Conferência da Cúpula da Terra, realizada no Rio de
e ambientes que freqüentamos em nosso dia-a-dia? Sabemos agir de forma Janeiro em 1992, contou com a participação de representantes de mais de 175 países e
democrática, responsável e contribuir para que os outros e outras também ajam debates voltados ao despertar da consciência ecológica, de preocupação universal com
dessa maneira no ambiente onde vivem? Estimulamos nosso imaginário, nossa o destino comum do planeta propondo um modelo de desenvolvimento comprometido
criatividade, nossa sensibilidade para perceber a beleza que existe no meio que prioritariamente com a preservação da vida. O Fórum Internacional de Organizações não
nos cerca? Compartilhamos essas vivências e percepções em nossas relações? Governamentais (Fórum Global Rio-92) foi um evento paralelo à Conferência oficial, que
Participamos de práticas de economia solidária? fortaleceu a mobilização e participação dos movimentos sociais de todo o mundo. Com a
presença de movimentos sociais e organizações não governamentais (ONGs) de 108 países,
Ética do cuidado esse encontro centrou diálogos na necessidade de serem criadas linhas de ação voltadas à
justiça social e à cultura da sustentabilidade em todo o planeta, cenário perfeito para a
“Cuidar é mais do que um ato, é uma atitude. Abrange mais do que um momento de elaboração da minuta da Carta da Terra, do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, Sustentáveis e Responsabilidade Global, referenciais para a Ecopedagogia.
de responsabilização, de envolvimento afetivo com o outro. Não existimos, co-
www.cartadelatierra.org
existimos, con-vivemos, co-mungamos com as realidades mais imediatas”.
www.tratadodeeducacaoambiental.net.

(BOFF, 2004b)
29

Ecopedagogia? Educação ambiental? Algumas dicas importantes


Afinal, do que estamos falando? para cuidarmos do nosso planeta
A Ecopedagogia é um conceito em permanente construção. Ela De acordo com a Organização das Nações Unidas, cada pessoa precisa de 20 a
surge como um novo olhar a partir das práticas pedagógicas formais, 50 litros de água por dia para beber, cozinhar, lavar e tomar banho.
fundamentalmente antropocêntricas, apontando a biodiversidade e a
dinâmica dos ecossistemas como elementos a serem incorporados no www.unwater.org.
processo educativo. Sua proposta ao encontro da necessidade de que a
Educação Ambiental aconteça na prática, de que seu campo de reflexão e O uso da água na produção dos nossos alimentos
ação seja ampliado, envolvendo o maior número possível de atores sociais
no processo de revisão de valores e elaboração de intervenções voltadas à Produção de 1 kg de arroz - até 3000 litros de água*;
construção da cultura da sustentabilidade (GADOTTI, 2005). Produção de salada 1 kg de tomate ou alface - até 40 litros*;
Produção de 1 kg de carne bovina – entre 2000 e 6000 litros**.
PROMOVER PROCESSOS EDUCATIVOS pode ser alternativa interessante *Considerando desde o cultivo até o produto chegar à nossa mesa.
para a partilha dessas reflexões e do conhecimento que surge a partir ** Considerando a necessidade de irrigação do pasto e etapas do processamento
delas, contribuindo para que a Ecopedagogia incorpore sua dimensão de da carne.
movimento social, decisiva para a mudança de mentalidades e atitudes *www.unwater.org.
em direção à construção da cultura da sustentabilidade. **www.earthsave.org.

Promover? Sob o olhar ecopedagógico, PROMOVER significa facilitar, Você sabia?


acompanhar, possibilitar, recuperar, dar espaço, compartilhar, inquietar,
problematizar, relacionar, reconhecer, entusiasmar, envolver, comunicar, * Que nos dias de hoje, uma em cada seis pessoas no mundo não tem acesso à
expressar, apaixonar, amar... Como PROMOVER? Oferecendo e água potável?
compartilhando recursos, caminhos, modos, práticas, meios e espaços *Que uma torneira gotejando desperdiça até 46 litros por dia, o equivalente a
pedagógicos (GUTIERREZ e PRADO, 2008). uma caixa d’água de 1000 litros por mês?
* Que um litro de óleo de fritura descartado pelo ralo da pia pode contaminar
Como construímos sentido até mil litros de água? E que mesmo jogado no solo, ele avança até os lençóis de
a partir das ações cotidianas? água subterrânea gerando contaminação!

www.unwater.org.
As práticas ecopedagógicas podem nos sugerir o caminho. Por meio www.revistaamigosdanatureza.com.br.
delas, vamos a cada dia nos ecoformando (PINEAU 1992 apud GADOTTI,
2005), nos tornando cidadãos e cidadãs planetári@s, transcendendo
fronteiras geográficas que nos separam (GUTIERREZ e CRUZ PRADO, 2008). Que tal diminuirmos o desperdício desse presente
Reforçamos nosso sentido de pertencimento ao Planeta Terra, nossa casa tão precioso que a natureza nos dá?
comum, organismo tão vivo e em evolução como o nosso próprio organismo
e dos demais seres vivos com os quais compartilhamos a nossa existência Podemos deixar de “varrer” a calçada com a água que sai da mangueira, usar
(BOFF, 2004). cisterna ou balde para guardar água da chuva para lavar o quintal, o carro, irrigar
o gramado, o jardim, a horta... E convidar os amigos e familiares para adotarem
essa mesma atitude.
Ao reutilizarmos o óleo de fritura para produzir sabão e detergentes
caseiros, evitamos a contaminação de mananciais e prejuízos ao nosso bolso.
A água contaminada fica mais cara para ser tratada, custo repassado a nós,
consumidores.

www.revistaamigosdanatureza.com.br.
31

Nossos canteiros valem saúde! “Somos aquilo que comemos”


As plantas medicinais são importantes aliadas no combate de várias As frutas e verduras dos pomares e hortas orgânicas não têm agrotóxicos. Além
doenças. É muito comum nas cidades brasileiras que as famílias tenham de prejudicarem a saúde de quem consome e dos que vivem próximos das áreas
um canteiro, uma pequena horta ou alguma árvore frutífera nos seus onde esses produtos químicos são utilizados, os resíduos de agrotóxicos e suas
quintais e cultivem também condimentos e flores, hábitos que demonstram embalagens poluem o solo, a água e o ar. Valorizando a produção e o consumo
cuidado com o ambiente e atenção á saúde. de alimentos orgânicos, ingerimos alimentos saudáveis e contribuímos para a
As comunidades indígenas e quilombolas manifestam esse mesmo diminuição da eliminação e descarte desses resíduos no ambiente.
cuidado e atenção. Como em outras regiões do Brasil, existem importantes Muitos alimentos industrializados, por conterem conservantes e corantes
comunidades indígenas e quilombolas na BP3. Nessas comunidades, as químicos, geram prejuízo a nossa saúde. Além disso, suas embalagens, quando
plantas são buscadas na natureza e utilizadas para a cura de enfermidades descartadas de forma inadequada, contribuem para aumentar a quantidade de lixo
e rituais religiosos. que encontramos nas ruas. Ao optarmos pela alimentação caseira, contribuímos
para que nossa cidade fique mais limpa!
A pesquisa realizada em 2004, com 2.252 moradores da BP3, nos
mostra quais são as plantas medicinais mais utilizadas na região:
33

Resíduos Que tal caminhar um pouco pela cultura do nosso país?


Muita gente já está contribuindo... Além da organização e mobilização social e da adoção de práticas sustentáveis
A quantidade de lixo gerada por cada brasileira e brasileiro diminuiu de em nosso cotidiano, a ecopedagogia valoriza o resgate do saber e da cultura local.
1,106Kg/dia para 1,080Kg/dia. Quais são as estórias que estamos contando para nossos alunos, nossos amigos,
www.abrelpe.org. nossos vizinhos? Que tal deixar de vez em quando a televisão de lado e começar
uma roda de conversa a partir da história, das lendas, do folclore, das músicas da
cultura local?

Iguaçu - As Cataratas que surgiram de uma história de amor!


Os caigangs, distribuídos em aldeias próximas ao Rio Iguaçu, formavam uma
nação indígena. Tinham como deuses Tupã e M’Boy, o filho rebelde de Tupã. M´Boy
era o causador de doenças, tempestades, pragas nas plantações, ataques de
animais ferozes e de tribos inimigas. Para se protegerem, o Caigangs ofereciam
para ele uma jovem como esposa em todas as primaveras. Essas jovens ficavam
impedidas para sempre de amar alguém, mas se sentiam honradas por contribuir
com suas tribos.
Uma das jovens eleitas, Naipi, era filha de um grande cacique. Eram feitos
muitos preparativos e esperados convidados de todas as aldeias para os rituais do
casamento. Um dos convidados era Tarobá, guerreiro respeitado por suas vitórias.
Por vontade de Tupã, Tarobá e Naipi se apaixonaram, passando a se encontrar
No entanto, ainda temos muito que melhorar... secretamente nas margens do rio.
M’Boy acompanhava esses encontros em ser notado e sua fúria aumentava a
cada dia. Na véspera do casamento, os jovens se encontraram mais uma vez nas
52,8% do lixo gerado no Brasil não é tratado de forma adequada;
margens do rio e Tarobá havia preparado uma canoa para fugir com Naipi no dia
* 20 mil toneladas/dia de lixo são jogadas nos rios, valas, terrenos baldios seguinte, enquanto todos adormeciam, cansados da festa. Tarobá e Naipi iniciaram
ou são queimadas; a fuga e, quando já estavam longe, M’Boy lançou seu poderoso corpo no espaço em
* 67 mil toneladas/dia vão para os aterros a céu aberto ou lixões. forma de uma enorme serpente, mergulhando violentamente nas tranqüilas águas
e abrindo uma cratera no fundo do Rio Iguaçu. Formaram-se assim as cataratas,
**www.abrelpe.org. que tragaram a frágil canoa.
Tarobá foi transformado em uma palmeira no alto das quedas e Naipi em uma
Os catadores de recicláveis são importantes agentes ambientais. Sua pedra nas profundezas de suas águas. Do alto, o jovem apaixonado contempla sua
atuação é fundamental para diminuir a quantidade de lixo destinada aos amada, sem poder tocá-la. Ele lança flores para Naipi na primavera e a jovem está
aterros. Em 2006, o Ministério do Trabalho reconheceu essa função como sempre banhada por um véu de águas claras e frescas. Ainda hoje, M’Boy permanece
profissão, uma conquista na busca dignidade e por terem assegurados os escondido numa gruta escura, vigiando atentamente os jovens apaixonados. Muitos
seus direitos. dizem que, quando o arco-íris une a palmeira à pedra, é possível ver uma luz que
A redução no consumo de produtos e embalagens supérfluas, a dá forma aos dois amantes, podendo ouvir murmúrios de amor e lamento.
reutilização de materiais, a separação adequada de resíduos orgânicos,
rejeitos e recicláveis são demonstrações de cidadania, solidariedade e
responsabilidade social e ambiental.
Cidadãos e cidadãs conscientes adotam essas medidas, contribuindo
para o aumento na renda para o sustento das famílias de catadores e
catadoras!

www.ibam.org.br.
“O Caminho é Feito ao Caminhar”

(Antonio Machado apud GUTIERREZ e PRADO, 2008)


35

Elementos do fazer ecopedagógico


Partindo das reflexões, práticas e diálogos ecopedagógicos, sabemos
que estamos nos ecoformando e ao mesmo tempo ecoformando os nossos
companheiros e companheiras de jornada quando:

Valorizamos o diálogo, a auto-expressão, as diferenças de opiniões


e até mesmo os conflitos que venham a surgir como elementos de
construção do saber integral sobre a realidade com a qual nos deparamos
em determinado momento;

Não fechamos os olhos para a realidade e para as demandas de nossos


interlocutores, mas trazemos esses elementos para exercitar nosso senso
crítico e nossa capacidade de tomar decisões e elaborar ações voltadas
ao bem comum;

Apoiamos as pessoas para que busquem sentido para suas existências,


ao mesmo tempo em que buscamos sentido para a nossa existência, tendo “O ser humano investe no que acredita. São nossas ações que manifestam os
como alicerce nossas ações diárias: o cuidado com a casa, com o nosso princípios e valores que nos orientam. Onde a necessidade de aprofundarmos os
ambiente de trabalho, com o alimento que preparamos, com as nossas valores e crenças que nos conduzem a caminho da sustentabilidade.
plantas e animais, nossas praças, ruas, rios, com nós mesm@s, com Este caminho tem muitas trilhas ou vertentes: aprendizagem transformadora, a
aqueles com os quais convivemos no nosso dia a dia; educ-ação socioambiental, a alfabetização ecológica, a educação popular ambiental
e a ecopedagogia são algumas delas. Mas todas têm uma afirmação comum: “a
Confiamos que a educação é um processo para a compreensão do educação não é neutra” ela é portadora de valores e é um ato político, como
significado da vida. Esse processo está apoiado em um discurso flexível, afirma também o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
não impositivo. Ele valoriza os saberes tradicionais, as histórias e culturas Responsabilidade Global.
locais e não se apóia unicamente no conhecimento científico enquanto Andar pela trilha da ecopedagogia significa, então, ascender à condição de
detentor de verdades absolutas; “etern@ aprendiz” ainda que caminhemos como educadoras e educadores.
Buscamos promover um presente responsável para um futuro responsável. E
Optamos pela construção de um presente com mais justiça, respeito isto se dá em processos educativos com pessoas com quem logramos ampliar
à todas as formas de vida e dignidade para tod@s, alicerce para que nossa consciência ecológica aprofundando e partilhando nossos conhecimentos,
possamos construir sociedades fundamentadas nesses mesmos ideais; fortalecendo atitudes e adquirindo habilidades que nos levam a participar em
ações que visam a boa qualidade do ambiente e de vida das populações no pedaço
Percebemos a dimensão global de nossas ações locais, despertando do planeta em que habitamos.
nosso sentido de cuidado e pertencimento ao nosso pedaço do planeta Como dizem os orientais: “o Todo está em Tudo”. Isto significa que, a partir de
como elemento capaz de construir o mundo melhor que tanto sonhamos. um tema gerador, sempre seremos convocados a pensar o que vivemos como parte
da teia da vida. Nas sementes e nas nascentes de água ou nos passivos ambientais
O que mais? que causamos pela produção e consumo insustentáveis, se apresentam todos os
elementos para repensarmos nossa maneira de ser e atuar enquanto cidadãos e
O fazer ecopedagógico nos abre portas para novos projetos, novos cidadãs desta pequena aldeia em que se transformou nosso planeta.
caminhos, novos sonhos. A partir da nossa lista, como você, sua família, O grande desafio colocado pela educação para a sustentabilidade - na qual se
seus colegas de trabalho, sua comunidade podem relacionar outros situa também a corrente da ecopedagogia - é exatamente este: “pensar e atuar
conteúdos e perspectivas ecopedagógicas? local e globalmente”, aprendendo e ensinando com o planeta em mente e no
coração, a partir de onde moramos e onde vivemos. Esta é a base de sustentação
de qualquer projeto ecopedagógico.”

MOEMA VIEZZER – consultora socioambiental


37

O planeta no nosso pedaço, “No dia-a-dia da sala de aula, desenvolvemos diversos hábitos que lembram uma
educação ambiental que todos devemos ter em nossas vidas. Desde não jogarmos a
o nosso pedaço no planeta latinha pela janela do ônibus, e/ou carro, ou mesmo lixo no chão, já estamos nos
referindo a uma educação ambiental. Porém, no decorrer dos anos que trabalho
As questões socioambientais locais e planetárias são bastante complexas. A
em sala de aula, desenvolvi alguns projetos com meus alunos para uma maior
ecopedagogia nos aponta um modelo de aprendizagem imerso em um contexto
reflexão sobre o nosso mundo, para que eles tenham um conhecimento maior do
de inter-relações: entre pessoas, entre pessoas e o meio, e os demais seres
que temos e como podemos preservar. Realizei projeto sobre plantas medicinais e
vivos, e o contexto histórico, social e econômico que as envolve, formando a
teia de informações, mudanças e incertezas que estruturam a realidade. Por tóxicas; lixo e reciclagem; e desenvolvimento sustentável”.
meio da prática ecopedagógica, os indivíduos desenvolvem uma percepção
Joana Raquel Diehl Vanzella,
holística da vida real, compreendendo que o todo é mais do que a soma das pedagoga,
partes (MORIN, 1999; GUIMARÃES, 2005). Diamante do Oeste, PR
Nesse contexto, o processo de aprendizagem ecopedagógica é
multidisciplinar, transitando das ciências naturais às ciências humanas e
“A Oficina de Ecopedagogia contribuiu muito no trabalho desenvolvido com nossos
sociais, da filosofia à religião, da arte ao saber popular, sempre buscando a
alunos no CMEI, além, é claro, de esclarecer de forma simples o verdadeiro
articulação entre os diferentes saberes. Através de processos, indicadores
e instrumentos pedagógicos criados e recriados a cada dia, construímos um sentido da palavra. Mesmo sem saber os professores já trabalham ecopedagogia.
conhecimento integral, voltado à concretização dos ideais de sustentabilidade Desenvolvemos um projeto através da Agenda 21 - A Nossa Horta, um projeto
no nosso dia-a-dia (GUTIERREZ e PRADO, 2008). muito interessante, conseguimos envolver todos os alunos, professores e pais.
Estamos conseguindo melhorar a qualidade de vida destas pessoas através da
“A Ecopedagogia faz ecoar nas pessoas a preocupação com a recuperação do alimentação, de maneira simples e divertida. Com a oficina tivemos condições
nosso meio ambiente e a preservação do que ainda resta. Temos que abrir de aprimorar nosso projeto com as trocas de experiências e com as dinâmicas de
caminhos, fazer algo de concreto deixando nosso exemplo para que os outros grupo. Aguardo ansiosa a segunda etapa desta oficina”.
dêem continuidade às atividades e projetos que garantam a recuperação e
sustentabilidade dos recursos naturais”. Márcia Regina Saucedo,
pedagoga,
Foz do Iguaçu, PR
Inês Ferreira Welter,
professora do ensino fundamental,
São Miguel do Iguaçu Elaborando projetos ecopedagógicos
Valorizar o sentido e o cotidiano é elemento intrínseco da Ecopedagogia.
Talvez o maior desafio vivenciado nos trabalhos em grupo seja inserir conteúdos
Contudo, ela vai além da prática pedagógica. Ao incorporarmos a Ecopedagogia
de forma contextualizada, ordenada e que garanta a participação de todos.
em nosso cotidiano, nos resgatamos e nos fortalecemos enquanto cidadãos e
Infelizmente, observamos que algumas vezes as informações são impostas,
cidadãs. Como consequência, atuamos como dinamizadores de processos que
contribuem para a vivência dos ideais de sustentabilidade nos espaços onde transmitidas de forma unilateral. Em outras, os participantes dos encontros
estamos inseridos (GUTIERREZ e CRUZ PRADO, 2008; GADOTTI, 2005). são estimulados a se manifestarem de forma espontânea, se desvinculando das
Entretanto, nossas propostas de intervenção apenas poderão ser informações e objetivos dos mesmos.
concretizadas e levadas adiante se nos unirmos e nos organizarmos, se Conteúdos e informações não devem de forma alguma ser desprezados. Eles
tivermos claro aonde queremos chegar, os possíveis caminhos a serem trilhados não surgem do acaso, são frutos da interação dos grupos sociais com sua realidade
e quem serão os nossos companheir@s de jornada. Por essa razão, sugerimos cultural ao longo do tempo (ALVAREZ, 1996). O mais importante, porém é que sua
os projetos Ecopedagógicos como ferramenta essencial para a realização transmissão dialogue com interesses, desejos e percepções dos participantes, bem
de ações socioambientais nas escolas, grupos comunitários, universidades, como a realidade observada e percebida por aquele grupo, naquele momento e
empresas... Independente dos espaços e dos atores envolvidos, podemos naquele espaço.
contar com esse importante instrumento para a viabilização das práticas Na perspectiva da Ecopedagogia, os ambientes educativos são ambientes de
solidárias e sustentáveis. mobilização de processos de diálogo entre conteúdos, reflexão crítica e intervenção
Os projetos ecopedagógicos incorporam em sua essência uma dimensão na realidade, um exercício de cidadania ativa para todos os atores envolvidos. Por
política e por essa razão não se bastam nas escolas! Eles são ferramentas essa razão, os projetos ambientais não podem estar focados apenas na mudança
indispensáveis para a construção da justiça social e ambiental, da cultura do de atitude dos participantes. É a vivência no movimento coletivo que enriquece
cuidado e da cidadania local e planetária! suas práticas e levam à transformação das comunidades e sociedades onde estão
inseridos.
39
Por meio da realização de projetos ecopedagógicos, os conteúdos se Ponto de partida
tornam palpáveis, deixam de ser abstratos e prioritariamente técnicos e
permitem: Para iniciarmos, é fundamental que seja definida a linha de ação do projeto: É
a diminuição de desperdícios de água e energia? A redução e destinação adequada
Atuar no cotidiano daquele grupo provocando novas questões, situações dos resíduos sólidos? A criação de uma horta, de um canteiro de plantas medicinais?
de aprendizagem e desafios para a participação na solução de problemas Outros? Embora essas ações estejam interligadas, é importante que uma sirva como
e manutenção das conquistas por meio da articulação dos espaços com os tema gerador para a proposição de ações e intervenções socioambientais.
ambientes locais e regionais onde estão inseridos; Não podemos nos esquecer que as linhas de ação devem sempre estar
Construir processos de aprendizagem significativa conectando as relacionadas ao contexto socioambiental das pessoas envolvidas e à investigação
experiências e os repertórios já existentes com questões e experiências em torno de suas percepções e compreensões dos problemas vivenciados nesse
que possam gerar novos conceitos e significados para aqueles ou aquelas contexto. Para isso:
que estejam abertos a aventura de compreender e se deixar surpreender
pelo mundo que os/as cercam; Caracterizamos a área de estudo: Em que local as ações do projeto serão
Valorizar princípios da gestão democrática dos espaços, incentivando a realizadas? Já foram realizados outros projetos ou ações socioambientais nesse
descentralização, a autonomia e a participação; local? O ambiente deve ser caracterizado pelo olhar coletivo, pela contemplação,
reflexão e socialização das questões socioambientais a ele relacionadas.
Situar os coordenador@s /educador@s como mediadores das ações
Identificamos projetos e ações voltadas à sustentabilidade na comunidade:
socioeducativas, gerenciando a tomada de decisões e definição de ações,
Experiências anteriores podem ajudar na concretização de nossas idéias. Podemos
pesquisas, reflexões que oportunizem novos processos de aprendizagens convidar atores sociais envolvidos a essas ações para socializarem suas vivências,
sociais, individuais e institucionais; dialogando sobre as formas possíveis de intervenção para aquele espaço e aquele
Fortalecer as vivências de atitudes e dos valores bem como da prática público;
de pensar a prática; Delimitamos a abrangência do projeto: Não podemos nos esquecer que, um
Reorientar ações da educação formal e não formal, bem como as projeto realizado em um bairro, contribuirá de forma direta com a sustentabilidade
intervenções socioambientais, para que sejam trabalhados conteúdos de seu município, que por sua vez fará a diferença para aquele estado, país...
significativos para os envolvidos, em contexto amplo, inserindo os Afinal, estamos trabalhando para cuidar do nosso planeta, nossa casa comum e
princípios da sustentabilidade local e planetária. para construir a cidadania planetária, não é?
Definimos quem será o público envolvido ao projeto de forma direta e indireta:
A quem se destinam nossas ações?
Traçando caminhos e metas Realizamos registros (fotografias, vídeos, ilustrações, outros) e memórias dos
encontros: Estimulamos os membros dos grupos a adotarem essas práticas sempre
Convidamos colaboradores e colaboradoras e realizamos reuniões. que executarem ações voltadas à construção das propostas ecopedagógicas;
Poderá surgir a necessidade de ser definido um/uma representante do Avaliamos nossas expectativas iniciais: Estamos no caminho previsto?
projeto; Alcançaremos nossas metas por meio da metodologia e prazo estipulados? Verificar
Convidamos pessoas envolvidas direta ou indiretamente ao local da a necessidade de alteração de propostas iniciais, tarefas, providências, metas e
ação; prazos. Ao final do projeto, celebramos nossas realizações e avaliamos as lições
Definimos um plano de ação e objetivos; aprendidas.
Listamos tarefas, providências a serem tomadas e os responsáveis
pelas mesmas; Adaptado de www.petrobras.com. br.

O planejamento é essencial. Por essa razão, é importante estabelecermos Como fazer?


um cronograma para execução das ações propostas e a data do próximo
encontro, quando resultados dessa etapa deverão ser apresentados. Em primeiro lugar, é importante lembrar sempre que o diálogo, a reflexão
Não podemos nos esquecer que o trabalho conjunto envolve respeito, crítica, a democracia, a cooperação e a co-participação devem estar presentes
disciplina, partilha de responsabilidades, valores reforçados como para subsidiar a elaboração de práticas criativas e sua avaliação. Eles são elementos
elementos capazes de dar sentido às nossas ações cotidianas. fundamentais para a construção de uma nova compreensão do mundo e das formas
possíveis de intervenção no meio. Além disso, o trabalho conjunto torna mais
fácil a concretização de idéias, o que reforça a auto-estima, a afetividade, a
Adaptado de ALVAREZ, 1996 ousadia e a coragem em propor e inovar, fortalecendo a confiança no potencial de
transformação das ações ecopedagógicas.
41

Como redigimos um projeto? *Público


Quem queremos envolver?
As etapas e conteúdos apresentados anteriormente são elementos
importantes para subsidiar a elaboração de projetos ecopedagógicos e Ainda que o projeto tenha por meta o envolvimento de diversos atores sociais, a
sua sistematização escrita. Esse instrumento contribui para a organização proposta inicial deverá prever a realização de ações voltadas a grupos e faixa etária
e divulgação de nossas idéias, a adesão de novos parceiros e a captação específicas. Porém, pode ser indicado o interesse de abrangência de suas linhas de
de recursos. Também serve para referenciar outras ações socioambientais ação ao longo do tempo, citando, por exemplo, a possível constituição de grupos
ou simplesmente como memória das intervenções realizadas por aquela envolvendo pessoas de diversas idades na comunidade.
equipe, naquele espaço naquele momento. Para facilitar a elaboração
escrita de projetos ecopedagógicos, apresentamos o seguinte roteiro:
*Delineamento metodológico
*Resumo Qual o caminho a percorrer? O que cada um de nós pode fazer?

Nesse item, poderão ser indicadas as referências teóricas que fundamentam as
De forma clara e resumida, são apresentados princípios e valores da
ações a serem executadas, os prazos e os responsáveis por cada tarefa envolvida com
Carta da Terra e do Tratado de Educação Ambiental, assim como as diretrizes
a concretização do projeto. Retomando como exemplo um projeto de coleta seletiva,
da Ecopedagogia e o papel dos espaços educativos e comunitários na sua
o delineamento metodológico poderá listar, de acordo com a literatura, a classificação
materialização. É indicada a área de estudo, a área de abrangência do dos resíduos, formas de separação, acondicionamento, legislação, etc., informações
projeto, um breve histórico das intervenções realizadas até o momento, que vão incorporar conteúdos às atividades planejadas.
com uma breve avaliação. Na sequência, são apresentadas as propostas Cronograma de Execução: É muito importante definir o prazo de execução de cada
do projeto e suas justificativas. Encerrando o resumo, são indicados os atividade planejada. Assim, elas ficam ordenadas em função do tempo, da divisão
resultados esperados e suas implicações com o exercício e construção da de responsabilidades e práticas a serem executadas em cada etapa de realização do
cultura da sustentabilidade e cidadania planetária. projeto.
Recursos: Começamos visualizando os recursos que já temos: equipamentos,
*Análise do problema e justificativa pessoas, parcerias internas e externas. A seguir, anotamos os recursos complementares
(financeiros ou outros) de que necessitamos. Um projeto bem fundamentado e
Por que a proposta é importante para aquele local? elaborado facilita também a captação de recursos.

Nesse item, é apresentado o problema em torno do qual será proposta


toda a ação socioambiental. A sua razão de escolha e implicações no *Indicadores de avaliação
contexto social, espacial e temporal deverão ser descritas de forma clara
e sucinta. Como sabemos que estamos caminhando na direção que queremos? A partir de
indicadores, elementos que nos mostram se estamos caminhando na direção esperada.
O envolvimento dos participantes, o comprometimento com a execução das ações
*Objetivos propostas podem nos indicar se nossas práticas estão caminhando em direção aos
Onde queremos chegar? resultados que desejamos. Outros indicadores, definidos em função das características
de cada projeto, podem ser acessados por meio de entrevistas, questionários, tomada
Os objetivos se relacionam diretamente ao problema apresentado na de depoimentos, ferramentas importantíssimas para a manutenção ou alteração das
atividades previstas para enfrentamento do problema identificado.
justificativa e as possíveis formas de solucioná-lo. Se apresentados de
forma geral, por exemplo, “a disseminação da cultura da sustentabilidade
no espaço educativo”, deverão ser esmiuçados de forma específica (“o *Referências bibliográficas
envolvimento de alunos, professores e comunidade escolar com o programa
de coleta seletiva”, “o comprometimento da comunidade escolar com as É sempre importante relacionar os textos, artigos, livros ou endereços eletrônicos
ações propostas no projeto”, etc.). consultados na elaboração dos projetos. Além de servir como referencias para outras
pessoas que tenham interesse em consultá-lo, manter uma lista de referenciais
bibliográficos é uma demonstração de respeito pelo trabalho e idéias elaboradas pelos
estudiosos da área.
A Carta da Terra 43
Princípios e Valores que Orientam a Construção da
A Carta da Terra Cultura da Sustentabilidade

Enquanto código de princípios éticos voltados à construção da cidadania I. Respeitar e Cuidar da Comunidade e da Vida
planetária, a Carta da Terra se fundamenta na mudança de valores, de
atitudes, de estilos de vida. Essas mudanças se tornam possíveis na medida Respeitar a terra e a vida em toda sua diversidade
em que os indivíduos se permitam imergir em um processo educativo Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.
vivencial, flexível, dinâmico, criativo, voltado às necessidades daquele Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis
grupo e ao contexto socioambiental em que estão inseridos. e pacíficas.
Os estudos e debates voltados às possibilidades de garantia do Garantir a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e as futuras
desenvolvimento econômico e a preservação do ambiente foram divulgados gerações.
pela primeira vez durante a Conferência Mundial do Meio Ambiente
Humano, realizada em Estocolmo em 1972. Essas discussões permearam II. Integridade Ecológica
os debates ambientais nas décadas de setenta e oitenta, contribuindo
para a divulgação do Relatório Brutland em 1987, documento também Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com
conhecido como “Nosso Futuro Comum” e que lançava as diretrizes do especial preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que
desenvolvimento sustentável. É nesse mesmo ano a Comissão Mundial das sustentam a vida.
Nações Unidas para o Ambiente e o Desenvolvimento faz um chamado para Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e
que as nações se unam e trabalhem na criação de uma Carta constando os quando o conhecimento for limitado, tomar o caminho da prudência.
princípios fundamentais desse novo modelo de desenvolvimento. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades
Lançada oficialmente no ano 2000, a Carta da Terra é na atualidade o regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.
produto do diálogo de mais de dez anos entre diversas culturas e países. A Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover troca aberta e uma
“Iniciativa da Carta da Terra”, movimento global que tem como objetivo ampla aplicação do conhecimento adquirido.
envolver pessoas na vivência e difusão de seus princípios e valores, celebra
esse ano os dez anos do lançamento oficial desse importante documento III. Justiça Social e Econômica
planetário.
Por meio de Encontros Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social, econômico e ambiental.
programados para ocorrer Garantir que as atividades econômicas e instituições em todos os níveis promovam
durante 2010 nos quatro o desenvolvimento humano de forma equitativa e sustentável.
cantos do mundo e com o Afirmar a igualdade e a equidade de gênero como pré-requisito para o
slogan “Começa com você”, desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, ao
o movimento mundial nos faz cuidado com a saúde e às oportunidades econômicas.
lembrar que a conquista da paz, Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente
do respeito ao ambiente e o fim natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o
das injustiças sociais inicia por bem estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e
nossas reflexões e iniciativas. minorias.
Unidos e unidas, dialogando e
construindo ações voltadas ao IV. Democracia, Não Violência e Paz
bem comum e à preservação
ambiental, passamos a “Ser a Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência
Mudança que Queremos Ver”. e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada
de decisões e acesso.
Gandhi - www.weuuniverso.com.br. Integrar na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os
conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida
sustentável.
Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.
Disponível em www.cartadelatierra.org
O Tratado de Educação Ambiental. Princípios e Valores 45
Voltados á Educação para a Sustentabilidade
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades 1. A Educação é um direito de todos. Todos somos aprendizes e educadores.
Sustentáveis e Responsabilidade Global 2. A Educação Ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo ou
lugar, em seus modos formal, não formal e informal, promovendo a transformação e a construção da
O Tratado de Educação Ambiental foi elaborado por meio de um processo sociedade.
mundial de consulta que antecedeu a Conferência da Cúpula da Terra, Rio
92. Ele é a síntese de um processo de diálogo e construção coletiva que 3. A Educação Ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de formar cidadãos com consciência
local e planetária, que respeitem a auto-determinação dos povos e a soberania das nações.
envolveu pessoas de diversos países: professores e professoras de vários níveis
da rede formal, pesquisadores e pesquisadoras de diversas universidades, 4. A Educação Ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político, baseado em valores para a
representantes de ONGs e de movimentos sociais. Tod@s reunid@s durante a transformação social.
Primeira Jornada de Educação Ambiental, realizada durante o Fórum Global,
evento paralelo á Rio 92 (VIEZZER et al, 1995). 5. A Educação Ambiental deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser
Assim como a Carta da Terra, os signatários do Tratado estão distribuídos humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar.
em diversos países, pessoas que se comprometeram com a proteção da vida
6. A Educação Ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos direitos humanos,
no planeta e reconhecem a importância fundamental da Educação para a
valendo-se de estratégias democráticas de interação ente as culturas.
formação de valores e ação social.
7. A Educação Ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e inter-relações em
uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico. Aspectos primordiais relacionados ao
Você sabia? desenvolvimento e ao meio ambiente, tais como a população, saúde, paz, direitos humanos, democracia,
degradação da flora e fauna, devem ser abordados dessa maneira.
Os princípios e valores do Tratado de Educação Ambiental serviram de
inspiração para a Política Nacional de Educação Ambiental, que define as leis 8. A Educação Ambiental deve facilitar a cooperação mútua e equitativa nos processos de decisão em
sobre a Educação Ambiental no Brasil desde 1999. todos os níveis e etapas.

9. A Educação Ambiental deve recuperar, reconhecer, respeitar, refletir e utilizar a história indígena e
2ª Jornada Internacional de culturas locais, assim como promover a diversidade cultural, lingüística e ecológica. Isso implica uma
revisão na história dos povos nativos para modificar os enfoques etnocêntricos, além de estimular a
Educação Ambiental 2008-2012 educação bilíngüe.

10. A Educação Ambiental deve estimular e potencializar o poder das diversas populações, promovendo
Os conteúdos do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades oportunidades para as mudanças democráticas de base que estimulem os setores populares da sociedade.
Sustentáveis e Responsabilidade Global são dinâmicos, permanentemente Isto implica que as comunidades devem retomar a condução de seus próprios destinos.
repensados e reconstruídos. São também um convite para que todos os
povos compartilhem a responsabilidade no cuidado com o planeta e da 11. A Educação Ambiental valoriza as diferentes formas de conhecimento. Este é diversificado,
construção de sociedades sustentáveis e equitativas. A Segunda Jornada de acumulado e produzido socialmente, não devendo ser patenteado ou monopolizado.
Educação Ambiental, coordenada por Moema Viezzer, é um movimento cuja
finalidade é fortalecer o Tratado de Educação Ambiental na perspectiva da 12. A Educação Ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a trabalharem os conflitos de
maneira justa e humana.
sustentabilidade.
13. A Educação Ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e instituições, com
A participação de cada a finalidade de criar novos modos de vida, baseados em atender as necessidades básicas de todos, sem
distinções étnicas, físicas, de gênero, idade, religião, classe ou mentais.
um de nós é muito importante! 14. A Educação Ambiental requer a democratização dos meios de comunicação de massa e seu
comprometimento com os interesses de todos os setores da sociedade. A comunicação é um direito
A Segunda Jornada Internacional de Educação inalienável e os meios de comunicação de massa devem ser transformados em um canal privilegiado
Ambiental é um acontecimento marcante para de educação, não somente disseminando informações em bases igualitárias, mas também promovendo
todas e todos que trabalham para que a Educação intercâmbio de experiências, métodos e valores.
Ambiental esteja no centro das nossas ações
cotidianas, da gestão educacional e ambiental. 15. A Educação Ambiental deve integrar conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e ações. Deve
converter cada oportunidade em experiências educativas de sociedades sustentáveis.
Para participar, basta compartilhar as ações
realizadas a partir dos princípios do Tratado e 16. A Educação Ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas as formas
realidades locais, estabelecendo conexões com de vida com as quais compartilhamos este planeta, respeitar seus ciclos vitais e impor limites á (à)
a realidade planetária. exploração dessas formas de vida pelos seres humanos.

Tratado de Educação Ambiental para Sociedades e Responsabilidade Global.


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