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Geografia e controle territorial'

saber estratégico para quem?

Eliane Torniasi Paulino

RESUMO
O conhecimento do espaço tem sido, ao longo da história humana, uma forma de delimitar o território e exercer
o poder. Nesta perspectiva, a consolidação da ciência geográfica coincide com um estágio específico de relações
socIalS em que, para otmllzar as econômicas e garantir a perpetuação das relações de poder, recorre-se
progressivamente aos conhecimentos sobre o espaço e a sociedade. Reconhecendo o seu potencial estratégico e
ante a dinâmica atual, o comprometimento no exercício da coloca-se como possibilidade de construção
de um devir, na perspectiva de uma sociedade de cidadãos.

PAlAVRAS-CHAVES: Geografia, Território, Gestão, Cidadania

INTRODUÇÃO a própria lógica da expansão capitalista que nos


permite entendê-la, visto apresentar-se como
O conceito ten·itórÍo implica não apenas em resposta às crescentes necessidades de
uma dimensão espacial, mas pressupõe a conhecimento sobre o globo terrestre. outras
existência de relações de poder (RAFFESTIN, palavras, é a expansão do capitalismo que reclama
1993). Portanto, é partindo da premissa de que a sistematização de um saber científico voltado
as relações de poder interferem na construção à compreensão do espaço, com o fito de
do território, que discutiremos a questão da identificar o potencial em recursos/possibilidades
geografia e a gestão do território. que garantam a acumulação capitalista em escala
Ao levarmos em conta que as relações de ampliada.
poder remontam ao período em que o homem Nesta perspectiva, é o contexto das diferentes
passa a se organizar em sociedade, inferimos que nações européias do século XIX que nos fornece
a gestão territorial é muito antiga, ao contrário indicativos preciosos para compreendermos o
da ciência geográfica, que somente é processo, pois em plena corrida colonial,
sistematizada enquanto saber autônomo no tínhamos na Alemanha um conjunto de feudos
século XIX. desarticulados, que não participaram da partilha
No entanto, cumpre salientar que nos da África e Ásia.
primórdios das sociedades humanas, a gestão Tendo em vista que o controle sobre o
territorial se consolidava em bases simples, via território impõe um conhecimento prévio sobre
de regra, conduzida pelo chefe da família o recorte espacial em questão, a Alemanha era,
nômade. À medida em que as sociedades foram naquele momento, a portadora das condições
evoluindo, o controle sobre o território foi se concretas para o impulsionamento do processo
tornando mais complexo, mais conflituoso, sendo de consolidação da geografia enquanto saber
este o processo que nos propomos a analisar. autônomo.
Desconsiderando o longo pe1'Íodo que Assim, Humboldt e Ritter, os precursores da
antecede a consolidação da ciência geográfica, é Geografia contemporânea, atuaram num

" Docente do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina. CaLxa Postal 6001. CEP 86051-990
Londrina PR. E-mail: paulino@onda.com.bt.

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contexto em que o conhecimento geográfico lucros. Assim, o conhecimento geográfico
constituiu-se em instrumento importante no comparece como potencial instrumento de
processo de unificação territorial. Na sequência, precisão na gestão do território, pelas
teremos outro pensador, igualmente alemão infortnações estratégicas que detém sobre as mais
originário da aristocracia junker, inscrevendo-se diversas porções do globo terrestre.
de forma decisiva na História do Pensamento Claro está que o conhecimento geográfico é
Geográfico. apropriado pela classe dominante, constituindo­
O legado de Ratzel adquire significado se em instrumento por excelência perpetuação
quando o relacionamos ao processo de das relações de poder estabelecidas. Não é para
constituição real do Estado Alemão. Pelas menos que o respeitável geógrafo francês Yves
próprias condições já apontadas, cuja unificação Lacoste (1977) tenha produzido uma obra
tardia implicou inclusive na inexistência de um denominada ''A geografia serve antes maIS
processo de revolução burguesa, a forte tendência nada para fazer a guerra".
ao autoritarismo/militarismo expansionista explica­
se pela manutenção das bases de dominação da
aristocracia agrária nas estruturas políticas da GESTÃO TERRITORIAL E PODER
Alemanha recém constituída.
A geografia de Ratzel é a expressão mais O fato do Estado ser apropriado por frações
contundente da captura do saber por uma classe de classe, torna o controle territorial um
que necessita legitimar ações concretas de instrumento de manutenção do status quo.
apropriação. Assim, a tese do espaço vital Assim, vamos encontrar políticas globais,
encaixa-se perfeitamente às políticas nacionais ou locais de cunho estrategista, dai o
bismarckianas de anexação de territórios, como conceito de gestão territoriaL
os de Alsácia e Lorena, perdidos pela França. Um exemplo de gestão territorial em escala
É o intenso imbricamento entre saber global é o plano Marshall, que reconstruiu uma
geográfico e controle sobre o território que faz a Europa dilacerada pela Segunda Guerra
França voltar-se à Geografia, tornando a Mundial, estendendo suas ações também ao
disciplina obrigatória no ensino fundamental. Japão. É evidente que os Estados Unidos não
F'lorescem, assim, na França, as condições para foram movidos por causas humanitárias, mas por
que o saber geográfico se expanda. No contexto estratégias de geopolítica mundial, pois impunha­
da derrota imposta pela Alemanha, outro se a necessidade de capturar territórios que
importante geógrafo irá se destacar, desta vez o pudessem desequilibrar as relações de poder com
francês Vidal de La Blache. o mundo socialista.
Sua obra irá se basear na necessidade explícita Em se tratando do Brasil, há expressões
de combater a política de anexação de territórios contundentes de gestão sobre o território desde
dentro da Europa, logo, de combater os o período colonial. A própria política econômica
pressupostos Ratzelianos travestidos em ações baseada na concessão sesmarias revela a
políticas. Desta maneira, a teoria dos gêneros de necessidade da classe dominante não perder o
vida, ao mesmo tempo em que legitima o controle sobre o patrimônio fundiário. Para
colonialismo francês, pois pressupõe a .l'v1ARTINS (1981), o impedimento da população
necessidade de contato entre civilizações mais não branca, de "sangue impuro" a uma porção
avançadas, para que as estagnadas possam evoluir de terra era, antes mesmo de uma política de
(como é o caso daquelas que foram alvo da concentração fundiária, uma estratégia de
colonização), nega o determinismo ambiental. viabilização da economia escravista, visto que o
Ainda dentro da perspectiva do imbricamento tributo representado pela compra do escravo
entre saber geográfico e controle territorial, deveria necessariamente ser repassado à
vamos encontrar a obra de Hartshome, que na produção, encarecendo-a. Nesta perspectiva, se
primeira metade deste século irá se constituir em houvesse uma economia baseada no trabalho
suporte para um estágio mais avançado do livre, de pequenos produtores autônomos, logo
capitalismo, o qual passa a prescindir cada vez de custo mais baixo, poderia se instalar uma
mais de um planejamento prévio, a fim de dirigir concorrência indesejável para o empreendimento
os investimentos no sentido de maximizar os agromercantil do Brasil colônia.

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Com a decadência do regime escravista a não produzem lucros imediatos, como as obras
aristocracia agrária se antecipa, criando em 1850 de infra-estrutura, seja através de politicas de
a Lei de Terras, que veda a posse e torna a terra crédito subsidiado, os quais realizaram uma
mercadoria, de livre acesso apenas àqueles que fantástica transferência da poupança pública para
puderem comprá-la. A elevação artificial do preço o setor privado.
e a transferência do patrimônio fundiário para a É no contexto de um Estado capturado por
União, somente pode ser entendida a partir da interesses privados que podemos entender a
eminência de uma ruptura implícita no "trabalho criação de órgãos voltados especificamente ao
livre", que somente se consolidaria se não suporte da atividade econômica de determinados
houvessem terras disponíveis. É por isso que setores. É por isso que SOJA (1993) nos lembra
MARTINS (1979,p.15) afirma que "num que nos países subdesenvolvidos, o Estado
de terras livres, o trabalhador tinha que ser cativo; basicamente limitou-se a atuar no sentido de
num regime de trabalho livre, a terra tinha que diminuir os riscos para a atividade capitalista, em
ser cativa" detrimento das politicas sociais.
Deste modo, a Lei de Terras garante o A criação das superintendências regionais
controle da classe proprietária sobre a força de como a SUDAM (Superintendência para o
trabalho indispensável à continuidade do Desenvolvimento da Amazônia), SUDESUL
empreendimento agropecuário com vistas ao (Superintendência para o Desenvolvimento do
mercado internacional. Entre os mais de quatro Sul), SUDECO (Superintendência para o
milhões de imigrantes que chegaram no Brasil Desenvolvimento do Centro Oeste) etc. é a
para serem trabalhadores livres, poucos sabiam expressão do planejamento pautado na teoria dos
de antemão que seriam livres apenas para Pólos de Desenvolvimento de Perroux, cuja
venderem sua força de trabalho, a preço vil, para ressonância foi enorme na América Latina, em
os senhores da terra. especial no BrasiL
Se até a década de 30, a gestão territorial N o entanto, conforme já se referência,
comandada pelo Estado (esta abstração que estas superintendências, ao propugnar a atuação
oculta as composições de classe no e para o no sentido de diminuir as diferenças regionais,
poder) encontrava-se dissimulada, a estavam na verdade ampliando a capacidade de
depressão desta década enterrou o liberalismo, acumulação dos grupos dominantes. Basta
com seus pressupostos de livre regulação pelo verificar o imenso impacto da SUDAM na
mercado, passando o Estado a intervir firme e Amazônia que, ao criar incentivos e isenções
explicitamente na economia. fiscais da ordem de até 50%, passou a atrair em
É a partir dos pressupostos de Keynes que massa os capitalistas do centro-sul.
vamos entender a ruptura com o modelo agro­ Mediante a simples apresentação de projetos
exportador e a ascensão da burguesia industrial, agropecuários, estes empresários conseguiram
a qual passa a encontrar terreno fértil para a apropriar-se não só de recursos, mas também de
expansão de suas atividades no Brasil. Cumpre enormes porções de terra, desalojando as
salientar que tratamos de um processo, pois populações indígenas e ribeirinhas,
segundo OLIVEIRA (1993), já no início deste desencadeando assim uma de conflitos
século o Estado Brasileiro cria uma política de sociais dos quais os massacres de Corumbiara
proteção tarifária às indústrias de bens de (Rondônia) e Eldorado do Carajás (Pará) não são
consumo não duráveis, fato que favoreceu a sua meros fatos isolados.
consolidação. Segundo OLIVEIRA (1988), na década de
O privilégio dado à expansão industrial, logo, 70 a SUDAM passou a aprovar somente projetos
aos capitalistas, em detrimento dos oligarcas, agropecuários para mais de 25.000 hectares de
torna-se expressivo a partir do governo de terra, razão pela qual a Amazônia tornou-se o
Getúlio Vargas, culminando no "Plano de Metas" lugar dos maiores latifúndios que a história da
de Juscelino Kubstchek. É o Plano de Metas que humanidade já registrou, a ponto de possuir, em
exprime a versão mais acabada da gestão 1985, um único estabelecimento com 4 milhões
territorial, pois o planejamento é levado a corrigir de hectares.
os empecilhos para a livre expansão capitalista, Deve-se ressaltar que esta foi uma política
seja através da atuação estatal em segmentos que deliberada, visando consolidar o modelo de

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exploração empresarial da terra, em detrimento administrador ineficiente e as estatais
da agricultura familiar. Além disso, foi a politica perdulárias, transfere-se de estradas a empresas
de incentivos fiscais que garantiu uma de comunicação a poderosos grupos privados,
transferência gigantesca de recursos públicos para que ganham duplamente, pois além adquirir
a iniciativa privada, para os bancos, para as um mega patrimônio a preço vil (cuja arrecadação
empresas automobilísticas do sudeste, cuja já se dissolveu na ciranda do déficit público),
prática tem sido o enquadramento à legislação ganham o monopólio de serviços estratégicos e
em suas empresas urbanas e, muitas vezes, o essenciais. Doravante, a sociedade fica
desrespeito até mesmo das normas mais inteiramente refém dos monopólios privados,
elementares que regem uma sociedade pois a regulamentação proposta como
capitalista, visto haverem comprovados casos de mecanismo de controle destes grupos tenderá a
relações de escravidão nas longínquas e semi­ demonstrar sempre uma compatível
exploradas fazendas de alguns destes grupos na com os interesses do pacto de poder estabelecido.
Amazônia. O afastamento do Estado nunca esteve tão
territorial é um explícito como no governo de Fernando
instrumento por maximização da Henrique Cardoso, em especial nos setores como
acumulação, manifestados a partir das mais os da saúde, cujos investimentos tem diminuído
diferentes faces. Expressa na política de ano a ano, a despeito do indísfarçado tributo
superintendências dos anos 60 e 70 (ainda não criado com a justificativa de socorrê-la, fato não
desmontada inteiramente), no PIN (Plano de consumado e reconhecido pelo próprio Ministro
Integração Nacional) dos anos 70, entre outros, da Saúde José Serra, cuja manifestação de
irá assumir novas formas nos anos 80. descontentamento ante ao desvio dos recursos
Com o esgotamento do "milagre brasileiro", arrecadas pela CPMF (contribuição Provisória
resultado de uma conjuntura mundial provocada sobre Movimentações Financeiras) lhe rendeu a
pela manobra americana de atrair investidores humilhação do desdito, sob pena de demissão
estrangeiros, ocorre uma abrupta diminuição da sumária.
liquidez do mercado financeiro, o que provoca o A voracidade de um Estado que usa a saúde
fim dos empréstimos no exterior. Neste pública agonizante para criar novos mecanismos
contexto, ao mesmo tempo em que cessa o de extrair ainda mais renda dos trabalhadores,
crédito, explodem as taxas de juros, levando o revela-se pouco tempo depois, quando o
Estado Brasileiro a grande parte da imposto, praticamente duplicado, toma-se um
receita para o pagamento da dívida externa. Não dos personagens principais do idílico "ajuste
obstante, a lógica de dar suporte aos fiscal", leia-se aumento da arrecadação a ser
investimentos capitalistas se mantém e, ante os transferida para os insaciáveis "investidores
corres dilapidados, opta-se pelo corte progressivo globais".
nos serviços públicos essenciais. Paralelamente a este estado de coisas,
É neste contexto que avança o neoliberalismo, explodem as epidemias que há algumas décadas
pelas formas alternativas que tornam possível a estavam controladas, voltam doenças tidas como
manutenção das taxas de acumulação: basta erradicadas, morre-se como nos velhos tempos,
verificar que o Estado, ao abdicar de politicas como se a revolução médico-sanitária não tivesse
públicas de educação, saúde, transportes etc, cria acontecido há mais de meio século.
oportunidades crescentes de negócios para a N o entanto, este cenário não é
iniciativa privada. homogeneizante, devendo ser relacionado ao
Somado aos novos mercados criados pelo poder de compra da sociedade, visto que, aos
afastamento do Estado de suas funções que podem pagar, a revolução científica é concreta,
precípuas, articula-se o processo de privatizações, dados os modernos recursos existentes. l1ata-se de
visto que a lógica de reprodução ampliada do uma questão de perspectiva: a saúde tomou-se
capital às expensas do público se explicitamente uma questão privada no país.
aprofunda no país. Com isso, opta-se por Em se tratando da educação, outra atribuição
dilapidar o enorme patrimônio público, inquestionável de um Estado que controla e
construído com os recursos de toda uma nação. exerce sem parcimônia o poder de arrecadar, a
Com a justificativa de que o Estado seria deterioração igualmente se manifesta. O discurso

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massivo da opção pela mesma não resiste ao Longe de sugerir que estamos sendo
apelo de uma realidade manifesta em imensas cooptados, buscamos refletir sobre a dificuldade
carências em termos materiais e humanos: da em construir e disseminar modelos alternativos
falta de vagas ao "projeto" de capacitação e de compreensão e intervenção na realidade, dada
valorização dos profissionais envolvidos. a eficiência dos canais oficiais de (in)formação.
Mas não se pode deixar de constatar as Se o terreno é lodoso, deve-se de antemão
estratégias do governo, materializado em considerar os riscos de nele caminhar. É sob o
personagens concretos como o Presidente da risco de escorregar, mas também de fortalecer­
República e o Ministro da Educação que, a se, evitando maiores tropeços mais adiante, que
despeito de terem a sua trajetória vinculada ao podemos atuar.
projeto de educação pública e gratuita em todos Considerando que somos sujeitos políticos,
os níveis, criam agora um pseudo responsável nosso trabalho é o maior indicativo do
pelas mazelas do ensino médio e fundamental, compromisso que assumimos dentro desta
advindas do baixo investimento: nada menos que socíedade de classes. Assim, o seu
o ensino superior público. encaminhamento é também o encaminhamento
Na falta de vilões nacionais, desaparecidos de propostas, seja no sentido de manutenção do
com as falecidas estatais, surge a Universidade, status quo, seja na luta por um país decente.
execrada publicamente pelo suposto desvio da A geografia que, como vimos, nasce das
maior parte das verbas da educação, devendo necessidades de controle sobre o território, nos
portanto ser privatizada. Chegaria-se, assim, aos dá munição suficiente para invertermos a lógica
propostos: ao mesmo tempo em que se do exercicio do poder. Portanto, urge um estorç:o
amplia o mercado para os empresários da e um comprometimento crescente na discussão
educação, ainda mais o investimento acerca do projeto de sociedade implantado e em
dos recursos que deveriam retornar à sociedade curso no Brasil; afinal é este o país que queremos?
sob forma de serviço público inalienável. Neste momento, em que a garantia de
Neste turbilhão, a academia, por estar inserida ampliação da capacidade de acumulação se
em uma sociedade mergulhada no marasmo, vive às custas do patrimônio e das conquistas
um momento bastante ambíguo: parece querer históricas dos trabalhadores, explícita-se a
ser dragada por esta teia de perplexidade, ao vulnerabilidade de um povo que perde o que nem
mesmo tempo que a repudia, buscando escapar da sequer vira consolidado, ampliando-se a exclusão
asfL'CÍa imposta pelo projeto em curso, o qual não no presente e as incertezas quanto ao futuro.
se circunscreve apenas à esfera do econômico, Por sermos geógrafos e nos dedicannos por
passando pelo político, pelo teórico, pelo cultural, excelência à análise do espaço na perspectiva de
enfim, atingindo na íntegra o tecido social. relações de poder, não podemos nos furtar à
tarefa de colocarmos este saber a serviço das
classes desprívilegiadas, pois como nos lembra
o PAPEL DO GEÓGRAFO NA Yves Lacoste, a geografia serve antes de mais
PERSPECTNADAS RELAÇÕES DE PODER nada para fazer a guerra. Para nós, não no sentido
literal, mas uma guerra no nível das idéias, de
Caímos novamente na geografia, pois os forma a contribuir efetivamente para a
geógrafos são parte integrante da academia, construção de uma sociedade menos desigual,
sendo os próprios a expressão do processo de cidadãos.
mencionado. Na esteira da letargia, pode-se
perecer, pois a dinâmica do capitalismo,
particularmente em sua fase mais recente, ao
mesmo tempo que impõe a maximização da
produtividade, requer a paralisia nas reflexões,
visto que a inquestionabilidade do modelo é
também uma garantia de preservação.

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