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RESUMO
O conhecimento do espaço tem sido, ao longo da história humana, uma forma de delimitar o território e exercer
o poder. Nesta perspectiva, a consolidação da ciência geográfica coincide com um estágio específico de relações
socIalS em que, para otmllzar as econômicas e garantir a perpetuação das relações de poder, recorre-se
progressivamente aos conhecimentos sobre o espaço e a sociedade. Reconhecendo o seu potencial estratégico e
ante a dinâmica atual, o comprometimento no exercício da coloca-se como possibilidade de construção
de um devir, na perspectiva de uma sociedade de cidadãos.
" Docente do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina. CaLxa Postal 6001. CEP 86051-990
Londrina PR. E-mail: paulino@onda.com.bt.
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exploração empresarial da terra, em detrimento administrador ineficiente e as estatais
da agricultura familiar. Além disso, foi a politica perdulárias, transfere-se de estradas a empresas
de incentivos fiscais que garantiu uma de comunicação a poderosos grupos privados,
transferência gigantesca de recursos públicos para que ganham duplamente, pois além adquirir
a iniciativa privada, para os bancos, para as um mega patrimônio a preço vil (cuja arrecadação
empresas automobilísticas do sudeste, cuja já se dissolveu na ciranda do déficit público),
prática tem sido o enquadramento à legislação ganham o monopólio de serviços estratégicos e
em suas empresas urbanas e, muitas vezes, o essenciais. Doravante, a sociedade fica
desrespeito até mesmo das normas mais inteiramente refém dos monopólios privados,
elementares que regem uma sociedade pois a regulamentação proposta como
capitalista, visto haverem comprovados casos de mecanismo de controle destes grupos tenderá a
relações de escravidão nas longínquas e semi demonstrar sempre uma compatível
exploradas fazendas de alguns destes grupos na com os interesses do pacto de poder estabelecido.
Amazônia. O afastamento do Estado nunca esteve tão
territorial é um explícito como no governo de Fernando
instrumento por maximização da Henrique Cardoso, em especial nos setores como
acumulação, manifestados a partir das mais os da saúde, cujos investimentos tem diminuído
diferentes faces. Expressa na política de ano a ano, a despeito do indísfarçado tributo
superintendências dos anos 60 e 70 (ainda não criado com a justificativa de socorrê-la, fato não
desmontada inteiramente), no PIN (Plano de consumado e reconhecido pelo próprio Ministro
Integração Nacional) dos anos 70, entre outros, da Saúde José Serra, cuja manifestação de
irá assumir novas formas nos anos 80. descontentamento ante ao desvio dos recursos
Com o esgotamento do "milagre brasileiro", arrecadas pela CPMF (contribuição Provisória
resultado de uma conjuntura mundial provocada sobre Movimentações Financeiras) lhe rendeu a
pela manobra americana de atrair investidores humilhação do desdito, sob pena de demissão
estrangeiros, ocorre uma abrupta diminuição da sumária.
liquidez do mercado financeiro, o que provoca o A voracidade de um Estado que usa a saúde
fim dos empréstimos no exterior. Neste pública agonizante para criar novos mecanismos
contexto, ao mesmo tempo em que cessa o de extrair ainda mais renda dos trabalhadores,
crédito, explodem as taxas de juros, levando o revela-se pouco tempo depois, quando o
Estado Brasileiro a grande parte da imposto, praticamente duplicado, toma-se um
receita para o pagamento da dívida externa. Não dos personagens principais do idílico "ajuste
obstante, a lógica de dar suporte aos fiscal", leia-se aumento da arrecadação a ser
investimentos capitalistas se mantém e, ante os transferida para os insaciáveis "investidores
corres dilapidados, opta-se pelo corte progressivo globais".
nos serviços públicos essenciais. Paralelamente a este estado de coisas,
É neste contexto que avança o neoliberalismo, explodem as epidemias que há algumas décadas
pelas formas alternativas que tornam possível a estavam controladas, voltam doenças tidas como
manutenção das taxas de acumulação: basta erradicadas, morre-se como nos velhos tempos,
verificar que o Estado, ao abdicar de politicas como se a revolução médico-sanitária não tivesse
públicas de educação, saúde, transportes etc, cria acontecido há mais de meio século.
oportunidades crescentes de negócios para a N o entanto, este cenário não é
iniciativa privada. homogeneizante, devendo ser relacionado ao
Somado aos novos mercados criados pelo poder de compra da sociedade, visto que, aos
afastamento do Estado de suas funções que podem pagar, a revolução científica é concreta,
precípuas, articula-se o processo de privatizações, dados os modernos recursos existentes. l1ata-se de
visto que a lógica de reprodução ampliada do uma questão de perspectiva: a saúde tomou-se
capital às expensas do público se explicitamente uma questão privada no país.
aprofunda no país. Com isso, opta-se por Em se tratando da educação, outra atribuição
dilapidar o enorme patrimônio público, inquestionável de um Estado que controla e
construído com os recursos de toda uma nação. exerce sem parcimônia o poder de arrecadar, a
Com a justificativa de que o Estado seria deterioração igualmente se manifesta. O discurso
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