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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS

Disciplina: Fundamentos da Ginástica


Prof. Carlos Alberto de Andrade Coelho Filho

O DESLIZAMENTO DE SENTIDO DO TERMO FITNESS

O Discurso de João

João tem 30 anos de idade e nove anos de atuação profissional em ginástica. É um


profissional que apresenta um perfil valorizado pelo mercado de ginástica em grande
academia no Rio de Janeiro. Homem de corpo atlético, usa brinco na orelha e se veste com
roupas modernas, e que chamam atenção. Ministra sessões de ginástica em diversas
modalidades. No entanto, sua especialidade são as modalidades “aeróbicas”. Usa um
modelo de roupa para cada estilo de sessão ministrada. Por exemplo, para uma sessão de
funk, num dia de festa, ele normalmente usa um “macacão jeans”, sem manga e sem camisa
por baixo, e boné virado com a aba para trás. Está sempre com o tênis de último
lançamento.
João se refere ao universo da academia como “mundo do fitness”. Por esse motivo,
pedimos um esclarecimento em relação ao termo. O profissional disse: “A palavra fitness,
ela é a palavra que está direcionada para atividades físicas dentro de academia. Eu digo
assim: o ‘mundo do fitness’. O ‘mundo do fitness’ é o mundo voltado para atividades
físicas em academia”.
Vale notar o deslizamento de sentido (as palavras deslizam e deixam rastros  por
derivação metafórica) do termo fitness. Para Barbanti e Guiselini (1993), os profissionais da
área do fitness são todos os profissionais que orientam os programas de atividades corporais
em academias, clubes, escolas, parques e centros esportivos. Fitness é um conceito
multidimensional, nenhuma definição geral de sua exata natureza foi aceita universalmente.
Segundo os autores, desde o desenvolvimento da bateria de testes chamada
“Aptidão Física Relacionada à Saúde”, feita pela Aliança Americana para a Saúde,
Educação Física, Recreação e Dança em 1980, surgiu um novo conceito relacionando
fitness à saúde funcional. Fitness ficou caracterizado por uma capacidade de realizar
atividades diárias com vigor e energia, bem como por uma demonstração de traços e
capacidades que são associados a um baixo risco de desenvolvimento prematuro de doenças
hipocinéticas. Ter fitness significa, então, que uma pessoa pode sobreviver bem em um
ambiente particular no qual esteja vivendo. Assim, pessoas em diferentes lugares
apresentam exigências de aptidão que são causadas pelo meio ambiente físico e social,
refletindo, portanto, a complexidade do corpo que é biológico, psicológico e social.

* Nos Estados Unidos, os anos 1980 conheceram um desenvolvimento considerável do


mercado do consumo de bens e serviços destinados à manutenção do corpo. Impérios
industriais, com atividades diversificadas, ocuparam esta fatia do mercado relativa às
vitaminas e ao suor, produzindo tanto aparelhos de musculação quanto suplementos
nutricionais, ou ainda publicando revistas especializadas sobre a boa forma, a saúde, os

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regimes alimentares e o desenvolvimento corporal (Courtine, 1995). Este é o “mundo do
fitness”, que aportou no Brasil, e especificamente no Rio de Janeiro, de forma determinante
no início dos anos 1990 com as grandes academias de ginástica. Hoje se fala em wellness
(O Globo, 15 de fevereiro de 1998, Jornal da Família), que está associado ao bem-estar
físico e mental, isto é, não só ao “corpo biológico”. Os programas devem tratar o indivíduo
como um todo, levando-se em consideração seu estilo de vida e valorizando-se as técnicas
de meditação e de flexibilidade.

REFERÊNCIAS
COELHO FILHO, C. A. de A. O discurso do profissional de ginástica em grandes
academias no Rio de Janeiro. 1998. 166 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) –
Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Gama Filho, Rio de
Janeiro, 1998.
BARBANTI, V. J.; GUISELINI, M. Fitness: manual do instrutor. São Paulo: CLR
Balieiro, 1993.
COURTINE, J.-J. Os stakhanovistas do narcisismo: body-building e puritanismo
ostentatório na cultura americana do corpo. In: SANT’ANNA, D. B. de. (Org.). Políticas
do corpo. São Paulo: Estação Liberdade, 1995. p. 81-114.

TOTAL FITNESS

Algumas pessoas associam um bom condicionamento físico com a capacidade de


desempenho nos jogos e/ou esportes. É evidente que é necessário certo grau de
condicionamento para realizar bem essas atividades, mas ser capaz de desempenhar bem
algumas habilidades esportivas pode não ser um bom indicador de um “condicionamento
físico total”.

Por exemplo, um bom condicionamento físico para os homens muitas vezes é associado a
músculos fortes e desenvolvidos. As academias de musculação e os métodos de
treinamento de força são muito difundidos. Nos últimos anos, com a popularização do
jogging e outras formas de exercícios aeróbios  bicicleta, natação, “ginástica aeróbica”,
caminhada, hidroginástica etc. , muitas pessoas associam condicionamento físico
exclusivamente a capacidade cardiorrespiratória (conhecida também como resistência
aeróbia). É verdade que essas qualidades físicas são importantes, porém, é importante
enfatizar que o condicionamento físico é composto de uma série de componentes, dentre os
quais a força e a resistência aeróbia são somente dois deles.

Muitos fatores contribuem para o bom condicionamento físico, incluindo hereditariedade,


maturação, meio ambiente e um estilo de vida adequado (uma boa nutrição, por exemplo).
Contudo, a prática regular da “atividade física” pode ser considerada como o fator mais
determinante para a manutenção e o desenvolvimento do condicionamento físico.

Objetivos do fitness relacionados à saúde: 1) aumentar a proporção das pessoas que


praticam regularmente “atividade física”, objetivando a melhora da capacidade
cardiorrespiratória, da força, da resistência muscular e da flexibilidade; 2) reduzir o número

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de pessoas obesas e aumentar a prática da “atividade física” entre todos aqueles com
“excesso” de gordura corporal.

O conceito de fitness é bastante diversificado, pois inclui nutrição apropriada, adequado


repouso e relaxamento, bom cuidado médico e dentário, ou seja, inclui práticas
consideradas saudáveis.

O fitness não precisa, necessariamente, exprimir a capacidade para um desempenho ativo,


pois poderá ser aplicado também para processos passivos. Assim, é possível ser capaz para
suportar calor, frio, condições de débito de oxigênio ou outras situações. Nesse sentido, o
fitness nunca é observado fora de uma determinada condição. Mesmo o esportista de alto
nível pode somente ser fit para uma atividade específica.

É impossível armazenar fitness, pois a sua permanência só acontece em virtude de uma


constante estimulação, uma vez que as mudanças fisiológicas decorrentes do exercício têm
um grau de permanência bastante curto.

Estar fit é um estado transitório. Assim, se a pessoa interromper a prática do exercício físico
perderá rapidamente o condicionamento físico adquirido com o mesmo. Exercitar-se de
forma prazerosa é um fator fundamental para manter as pessoas ativas, pois experiências
negativas podem fazer com que as mesmas abandonem a prática.

A motivação para o exercício caracteriza-se como problema para os organizadores dos


programas de treinamento.

* Indivíduos ativos são menos sujeitos, do que os sedentários, a ataques do coração e outras
moléstias hipocinéticas.
* A atividade física é tão importante quanto a dieta para ajudar a manter o peso corporal
adequado.
* Estudos sugerem que o exercício ajuda a pessoa a ver-se melhor e a sentir-se melhor.
* Vários sistemas e órgãos do corpo são estimulados com o exercício, e como resultado
funcionam melhor.
* O exercício adequado ajuda a tonificar os músculos que auxiliam na postura,
consequentemente ajudam a diminuir os problemas de coluna.

Lesões musculares por excesso de uso (LER)  um período de repouso é fundamental para
dar ao corpo um tempo para recuperar-se após uma sessão de exercícios intensos. Lesões
aparecem entre aqueles que se excedem quando se exercitam. Por exemplo, os profissionais
de ginástica têm apresentado um alto nível de lesões por excesso de trabalho (exercícios).

Neurose por exercício  é um comportamento compulsivo. As pessoas com neurose por


exercício se tornam irracionais sobre a sua forma de se exercitar. Elas fazem exercício mais
do que uma vez por dia e raramente têm um dia de descanso. Os neuróticos por exercício
sentem a necessidade de praticar mesmo estando doentes ou com lesões. O excesso de
exercício pode diminuir o desempenho em outras atividades diárias, bem como se tornar
uma forma de estresse.

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Anorexia nervosa  é um distúrbio alimentar associado ao desejo obsessivo de ser magro.

Neurose pelo corpo  é um comportamento obsessivo para ter um corpo atrativo. Entre as
mulheres, muitas vezes, isto está associado com um desejo extremo de ser magra. Em
muitos casos, isso pode levar à anorexia. Entre os homens, essa condição está, em geral,
associada ao desejo extremo de ser musculoso (vigorexia). Pesquisas recentes têm
demonstrado um aumento no número de mulheres interessadas em serem musculosas e de
homens interessados em serem magros. Todos aqueles com neurose pelo corpo
frequentemente são compulsivos pelo exercício. São também mais facilmente sujeitos a
consumirem substâncias nutricionais enganosas (suplementos nutricionais, substâncias
emagrecedoras) e em alguns casos, recorrem ao uso de esteróides anabolizantes.

Componentes do fitness  resistência cardiorrespiratória; força muscular; resistência


muscular; flexibilidade; composição corporal. Treinar isoladamente apenas um dos
componentes do fitness é, sem dúvida, coisa do passado. Praticar caminhada diariamente
ajuda a melhorar o funcionamento do sistema cardiorrespiratório, mas pouco auxilia no
fortalecimento muscular e na flexibilidade; fazer “musculação” é uma forma de fortalecer
os músculos, porém contribui muito pouco para melhorar a resistência cardiorrespiratória.
Os modernos programas de fitness procuram desenvolver, de forma integrada e harmônica,
os vários componentes para que a saúde e o bem-estar sejam alcançados.

A combinação dos exercícios simples, acompanhados de músicas alegres, fez da “ginástica


aeróbica” um dos maiores fenômenos sócio-esportivos dos últimos anos, pois nenhuma
atividade física conseguiu reunir tanta gente fazendo exercício. Hoje, a “ginástica aeróbica”
deixa de ser uma atividade praticada de forma isolada e passa a fazer parte de um programa
variado e combinado de atividades, denominado de cross-training, elaborado para
desenvolver as várias capacidades físicas das pessoas interessadas em adquirir um
condicionamento físico equilibrado.

Vários estudos sugerem que uma melhora na força muscular também produzirá melhoras
moderadas na resistência muscular. Contudo, exercícios que aumentam a resistência
muscular não são efetivos para melhorar a força muscular. Muitas pessoas fazem centenas
de exercícios abdominais diariamente e assim mesmo têm os músculos abdominais fracos.
Com essa informação, fica claro que é preciso programar exercícios para aumentar a força
muscular (menos repetições e mais intensidade) e exercícios para melhorar a resistência
muscular (mais repetições e menos intensidade).

Resistência muscular localizada (R.M.L.) aeróbia dinâmica  é exigida quando um trabalho


dinâmico com grupos musculares de tamanho pequeno ou médio (por exemplo, de um
braço ou perna) é executado de forma aeróbia.

R.M.L. aeróbia estática  se a força de contração de um pequeno grupo muscular não


alcançar 15% da força máxima isométrica (estática), então a circulação local do músculo
em trabalho ainda não está prejudicada. Deste modo, a necessidade de energia pode ser
preenchida de forma oxidativa.

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R.M.L. anaeróbia dinâmica  exigida quando é executado um trabalho dinâmico contra
uma resistência que seja de 50 a 70% da força máxima.

R.M.L. anaeróbia estática  a solicitação desta resistência pode ocorrer no trabalho de


sustentação de um peso de mais de 15% da força máxima.

Nas sessões de ginástica localizada, os exercícios podem ser realizados de forma dinâmica
e/ou estática, enfatizando o desenvolvimento das capacidades de resistência muscular e de
força muscular. O treinamento dessas capacidades ocorre na medida em que é utilizado o
princípio da sobrecarga, de forma correta e com exercícios específicos.

Relação entre capacidade, % de carga, séries/repetições: 1) R.M.L. aeróbia  20% a 40% da


força máxima (F.M.), 2 a 5 séries, 15 a 30 ou mais repetições; 2) R.M.L. anaeróbia  40% a
70% da F.M., 2 a 5 séries, 10 a 15 repetições; 3) Força  70% a 100% da F.M.; 3 séries; 2 a
10 repetições.

Objetivos dos exercícios localizados


* melhorar a postura  se alguns músculos importantes são relativamente fracos
comparados a outros, a postura tende a se modificar.
* ajudar a reduzir os riscos de lesões e realizar as tarefas diárias  músculos fortes
protegem os tendões, ligamentos e articulações. Os músculos fracos são mais vulneráveis às
lesões. Atividades diárias tais como carregar filhos ou compras no supermercado, cuidar do
jardim, praticar esporte com as(os) amigos, são realizadas de forma mais fácil, alegre e
segura.
* manter uma massa muscular adequada  é importante lembrar que o tecido muscular é
um dos principais responsáveis pelo gasto calórico.

Os exercícios selecionados numa sessão de ginástica localizada determinam quais os


músculos que vão se tornar mais fortes e resistentes. Essa seleção irá também determinar a
aquisição de uma musculatura simétrica (se o desenvolvimento muscular é equilibrado  se
os grupos musculares são fortes em ambos os lados de uma articulação, por exemplo).

Numa sessão de ginástica localizada básica (para iniciantes) pode ser incluído um exercício
para cada um dos considerados “grandes grupos musculares”. Na sessão de ginástica
localizada avançada podem ser utilizados de 2 a 4 exercícios para cada grupo muscular.

Geralmente as seguintes áreas musculares são consideradas mais importantes: peito, braços
(tríceps e bíceps), ombros, costas (região lombar, grande dorsal, rombóide, trapézio),
pernas (panturrilha), coxas (quadríceps e posteriores), quadril (glúteos, adutores e
abdutores), abdome.

Estratégias de organização dos exercícios:

* uma forma de organizar é exercitar alternadamente a parte superior do corpo (ombros e


abdome) com a parte inferior (quadril e joelhos), por exemplo. Alternar exercícios para a

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parte superior e inferior do corpo não é tão intenso, por exemplo, como realizar todos os
exercícios para a parte inferior primeiro.

* exercitar os grandes grupos musculares (GM) antes dos pequenos grupos musculares
(PM) é uma técnica aceita por muitos profissionais.
Por exemplo:
1) GM  lunge posterior (quadril/coxa); 2) PM  extensão no quadril (glúteo).
2) GM  supino no step (peito); 2) PM  extensão no cotovelo (tríceps).

* outra forma de organizar os exercícios na ginástica localizada é aquela que combina de


forma alternada a flexão e a extensão das diferentes articulações. Os exercícios de extensão
fazem com que você empurre, enquanto que os exercícios de flexão fazem com que você
puxe. Daí o nome desta organização de empurrar e puxar. Um bom exemplo pode ser a
extensão do cotovelo (trabalho para o tríceps) seguida da sua flexão (trabalho para o
bíceps).

Quando o profissional está ministrando uma sessão de ginástica em grupo, ou de forma


personalizada, utiliza a informação: 1) visual  demonstra o exercício, utiliza gestos e
expressões faciais; 2) verbal  descreve o exercício, enfatiza pontos de estresse, faz a
contagem, chama a atenção para o músculo que está sendo trabalhado, proporciona
feedback; 3) verbal/visual  simultaneamente fala enquanto demonstra; 4) táctil-cinestésica
 toca nos diferentes músculos para ajudar a realização do exercício, facilitar a contração
muscular e a consciência corporal.

REFERÊNCIA
GUISELINI, M. Total fitness: força, resistência e flexibilidade. São Paulo: FMU, 1997.

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