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Curso

Desenvolvimento Sustentável

A Educação é o primeiro passo para um futuro melhor.

Carga Horária: 60 horas


O bom aluno de cursos à distância:

• Nunca se esquece que o objetivo central é aprender o conteúdo, e não apenas terminar o curso. Qualquer um
termina, só os determinados aprendem!

• Lê cada trecho do conteúdo com atenção redobrada, não se deixando dominar pela pressa.

• Sabe que as atividades propostas são fundamentais para o entendimento do conteúdo e não realizá-las é deixar
de aproveitar todo o potencial daquele momento de aprendizagem.

• Explora profundamente as ilustrações explicativas disponíveis, pois sabe que elas têm uma função bem mais
importante que embelezar o texto, são fundamentais para exemplificar e melhorar o entendimento sobre o
conteúdo.

• Realiza todos os jogos didáticos disponíveis durante o curso e entende que eles são momentos de reforço do
aprendizado e de descanso do processo de leitura e estudo. Você aprende enquanto descansa e se diverte!

• Executa todas as atividades extras sugeridas pelo monitor, pois sabe que quanto mais aprofundar seus
conhecimentos mais se diferencia dos demais alunos dos cursos. Todos têm acesso aos mesmos cursos, mas o
aproveitamento que cada aluno faz do seu momento de aprendizagem diferencia os “alunos certificados” dos
“alunos capacitados”.

• Busca complementar sua formação fora do ambiente virtual onde faz o curso, buscando novas informações e
leituras extras, e quando necessário procurando executar atividades práticas que não são possíveis de serem feitas
durante as aulas. (Ex.: uso de softwares aprendidos.)

• Entende que a aprendizagem não se faz apenas no momento em que está realizando o curso, mas sim durante
todo o dia-a-dia. Ficar atento às coisas que estão à sua volta permite encontrar elementos para reforçar aquilo que
foi aprendido.

• Critica o que está aprendendo, verificando sempre a aplicação do conteúdo no dia-a-dia. O aprendizado só tem
sentido quando pode efetivamente ser colocado em prática.

Aproveite o seu
aprendizado!
Conteúdo
Conceitos Básicos

Ambiente

Ambiente e Abordagem Sistêmica

Ambiente e Desenvolvimento

Ambiente e Educação Ambiental

Ambiente e Participação

Meio Ambiente Físico ou Natural

Atmosfera

Solo

Água

Flora e Fauna

Minerais

Energia

O Desenvolvimento Sustentável

Declaração do Rio

A Agenda 21

A declaração de princípios relativos às florestas

O convênio marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática

Convênio sobre diversidade biológica - CDB

A conferência Habitat II (1996)

A 2ª Cupula da Terra + 5 (1997)

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Outros Protocolos, Conferências e Cúpulas

Atuações das ONGs

Os desafios do Desenvolvimento Sustentável

Problemática ambiental global

Mudança Climática e Efeito Estufa

Consequências do aquecimento global no planeta

O esgotamento da camada de ozônio

Perda da Biodiversidade

Degradação do solo e desflorestamento

Chuva Ácida

A névoa fotoquímica

Produção e consumo

Ambiente no Brasil

Principais problemas ambientais no Brasil

Políticas ambientais, programas e legislação

Atribuições e competências

Relação de entidades ambientalistas

Bibliografia/Links Recomendados

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Conceitos Básicos
Como ponto de partida para esta jornada de estudos em
formação ambiental, é necessário estabelecer o cenário onde
estarão estruturados os conhecimentos oferecidos ao longo do
curso. Assim, nesta disciplina de introdução serão abordados
conceitos e marcos de referência internacionais e nacionais -
históricos e ambientais - como apoio ao desenvolvimento de
nossas atividades nos próximos meses de estudo.

O primeiro conceito que trazemos à reflexão é Ambiente ou Meio


Ambiente.

Um pouco de história...
Uma discussão recorrente a respeito do termo meio ambiente é a
suposta redundância que existe entre ambos os termos: a
palavra meio significa o mesmo que ambiente.

O motivo desta reiteração obedece razões históricas, já que,


durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente Humano (Estocolmo, 1972), a imprecisão semântica
das traduções do inglês acabou por gerar o termo meio ambiente
como de uso comum, em vez de se utilizar somente um deles (ou
meio ou ambiente).

Mas, o que é ambiente?


Todos nós, certamente, possuímos uma definição de ambiente
(ou meio ambiente) que vem sendo construída a partir de leituras,
conversas, vivências ou mesmo no exercício de nossas
atividades profissionais.

Será que existe um conceito certo ou um conceito errado de


ambiente? Com essa questão iniciaremos nosso processo de
reflexão conjunta nesta disciplina.

Iniciamos esse caminho a partir da construção de relações


conceituais entre cinco elementos com alto grau de
interdependência:

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- Ambiente;
- Ambiente e Abordagem Sistêmica;
- Ambiente e Desenvolvimento Sustentável;
- Ambiente e Educação Ambiental;
- Ambiente e Participação.
Neste momento inicial, mantenha atenção redobrada sobre esses
primeiros conceitos, pois cada um irá requisitar e complementar o
entendimento dos outros conceitos estudados.

O importante será exercitar a capacidade de compreender e


analisar as questões ambientais de maneira integrada e
relacional permitindo que, na hora de atuar sobre elas com os
conhecimentos técnicos trazidos pelo Curso, esteja amadurecida
uma forma renovada de realizar essa aplicação.

Ambiente
O conceito de ambiente, ou meio ambiente, está em constante
processo de construção. É possível encontrarmos diferentes
definições para esse termo que, de acordo com o momento de
sua elaboração, ora o restringe, ora o amplia.

Segundo a FEEMA (1990) e o IBAMA (1994), existem diversas


definições de meio ambiente. Estas estão apresentadas no
quadro a seguir, organizadas cronologicamente, para que você
possa perceber como esse conceito vem se desenvolvendo ao
longo do tempo.

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Observando este quadro de construção conceitual, percebe-se
que a inclusão das relações entre os efeitos das ações humanas
e a degradação da natureza é relativamente recente. Antes dos
anos 1960, a definição de ambiente ou estava mais próxima das
observações das ciências biológicas ou físicas (ecossistemas,
ambiente natural etc.), ou então das ciências humanas (ambiente
cultural, social etc.). Não estava estabelecida a relação entre
ambos!

Foi somente a partir de meados da década de 60 do século XX


que se iniciaram, oficialmente, discussões mais amplas que
buscavam integrar os "ambientes" físicos aos sociais. Esse
movimento foi potencializado pela tomada de consciência e pela
conseqüente tentativa de reversão dos graves efeitos que as
ações da sociedade contemporânea imprimiram sobre o planeta.

Compreende-se, desta forma, por que refletir sobre o conceito de


ambiente é importante, uma vez que está por trás dessa definição
a forma na qual se propõem as ações ou se verificam seus
impactos ou resultados concretos.

Da mesma forma que o conceito se constrói teoricamente,


também influencia as ações formais da sociedade. Um exemplo
claro disto pode ser observado na inserção paulatina da definição
de ambiente nos textos de Leis Federais, Estaduais e Municipais,
conforme apresentados pela FEEMA (1990) e pelo IBAMA
(1994).

• Decreto-Lei nº 134, de 16/06/1975 - Estado do Rio de Janeiro:


"considera-se meio ambiente todas as águas interiores ou
costeiras, superficiais e subterrâneas, o ar e o solo".

• Art. 3º, Lei 6938, de 31/08/1981 - Brasil: "Meio ambiente - o


conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica que permitam proteger e normalizar a
vida em todas suas formas".

• Art. 2º, Lei nº 33, de 12/02/1981 - República de Cuba: "É o


sistema de elementos abióticos e socioeconômicos com os quais

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o homem interage à medida que ele se adapta, transformando-o
e utilizando-o para satisfazer suas necessidades".

• Environmental Quality Act, 1981 - Estado da Califórnia (USA):


"as condições físicas existentes em uma área, incluindo o solo, a
água, o ar, os minerais, a flora, a fauna, o ruído e os elementos
de significado histórico e estético".

• Decreto-Lei nº 28.687 de 11/02/1982 - Estado da Bahia:


"Considera-se ambiente tudo o que envolve e condiciona o
homem, constituindo seu mundo e dando suporte material a sua
vida biopsicossocial [...] São considerados sob esta
denominação, para efeito deste regulamento, o ar, a atmosfera, o
clima, o solo e o subsolo, as águas interiores e costeiras,
superficiais e subterrâneas e o mar territorial, bem como a
paisagem, a fauna, a flora e outros fatores condicionantes da
salubridade física e social da população".

Destaca-se ainda o art. 225, capítulo VI da Constituição Brasileira


de 1988, que trata do estabelecimento de direitos e deveres do
Estado e dos cidadãos no que tange ao meio ambiente: "Todos
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à saudável qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações".

Começamos a perceber que o amadurecimento do tema tornou


mais complexa a definição de ambiente. A razão disso é que
esse é um processo que articula, simultaneamente, estudos
teóricos e aprendizados práticos que renovam os conhecimentos
e produzem novas possibilidades de entendimento do tema.

Alguns autores contemporâneos oferecem abordagens


complexas de ambiente, incluindo variáveis que contemplam não
só seus elementos, mas também os processos gerados a partir
de seus relacionamentos. Por exemplo: para Medina (1985), o
ambiente é gerado e construído ao longo do processo histórico
de ocupação de um território, por uma determinada sociedade,
em um espaço de tempo concreto. Surge como a síntese
histórica das relações entre a sociedade e a natureza.

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Para Sauvé (1997), a complexidade das inter-relações se
expressa através da explicitação de diferentes ambientes:

- ambiente-natureza - refere-se ao entorno original, puro, do qual


a espécie humana se afastou ao privilegiar as atividades
antrópicas que têm provocado sua deterioração;
- ambiente-recurso - refere-se ao ambiente como base material
dos processos de desenvolvimento;
- ambiente-problema - refere-se ao ambiente ameaçado,
deteriorado pela contaminação, pela erosão ou pelo seu uso
excessivo;
- ambiente-meio de vida - refere-se ao ambiente da vida
cotidiana, na escola, no lar, no trabalho. Incorpora, portanto,
elementos socioculturais, tecnológicos e históricos;
- ambiente-biosfera - refere-se ao ambiente como uma nave
espacial - Planeta Terra, assim como ao conceito de Gaia
(Lovelock), que partem da tomada de consciência quanto à
finitude do ecossistema planetário como lugar de origem no qual
encontram unidade os seres e as coisas;
- ambiente comunitário - refere-se ao ambiente como entorno de
uma coletividade humana; meio de vida compartilhado com seus
componentes naturais e antrópicos.
Já para Leff (2001), o ambiente é conceituado como uma "visão
das relações complexas e sinérgicas gerada pela articulação dos
processos de ordem física, biológica, termodinâmica, econômica,
política e cultural".

Embora atualmente haja grande possibilidade de variação, em


quantidade e qualidade, de definições para meio ambiente, elas
estão diretamente relacionadas ao processo de transformação do
pensamento na sociedade contemporânea. Destacamos que,
mesmo com grande variedade, há em todos os conceitos a
presença inter-relacionada de três elementos comuns:

- a natureza (com sua diversidade física e biológica);


- a sociedade (com sua diversidade social, cultural, econômica e
política);
- suas dinâmicas de articulação (tanto as relações entre os
elementos da natureza entre si e os da sociedade, como também
as relações entre natureza e sociedade).

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Esses devem ser os principais elementos a serem observados e
compreendidos nas considerações que fizermos sobre o
ambiente. Deverão estar sempre em evidência, durante todos os
momentos do nosso estudo e de nossa ação profissional, para
que seja possível elaborar um conceito dinâmico de AMBIENTE,
em que devemos perguntar: Qual a natureza, qual a sociedade e
quais são os inter-relacionamentos que validam os processos que
estamos analisando?

Nos próximos tópicos iremos enriquecer esse conceito de


ambiente a partir de uma perspectiva complexa, em que
estaremos relacionando o ambiente com diferentes conceitos
complementares.

Ambiente e Abordagem Sistêmica


A inserção de elementos da abordagem sistêmica é responsável
por grande parte das alterações conceituais apresentadas para
meio ambiente, nos últimos 50 anos. Assim, os conceitos sobre
meio ambiente, trabalhados no item anterior, podem ser melhor

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entendidos quando compreendemos o meio ambiente como um
sistema. Para isso, é necessário, primeiro, estabelecer o que é
sistema.

O termo sistema é utilizado por todos nós, quase que


intuitivamente, quando buscamos nos referir às várias categorias
de organizações ou grupos de elementos inter-relacionados:
sistema solar, sistema nervoso, sistema organizacional,
ecossistema, sistema econômico, sistema de comunicação etc.,
ou seja, sempre que pretendemos enfatizar interrelacionamento,
organização e interdependência, entre vários elementos que
compõem um grupo ou conjunto avaliado.

A base conceitual de sistemas foi formulada inicialmente por


Bertalanffy, ainda na década de 30, precisamente em 1937, para
oferecer um conjunto de novas explicações e metodologias que
pudessem dar conta dos problemas ligados à dinâmica dos
sistemas vivos na natureza.

Um pouco de história...
"Essa idéia [a Teoria Geral dos Sistemas], remonta há muito tempo.
Apresentei-a pela primeira vez em 1937 [...] entretanto, nessa ocasião,
a teoria tinha má reputação em biologia e tive medo [...] Por isso,
deixei meusrascunhos na gaveta e foi somente depois da guerra que
apareceram minhas primeiras publicações sobre oassunto
[surpreendentemente] verificou-se ter havido uma mudança no clima
intelectual [...] Mais ainda, umgrande número de cientistas tinha
seguido linhas semelhantes de pensamento [...] Assim, a Teoria Geral
dosSistemas não estava isolada [...] mas correspondia a uma
tendência do pensamento moderno".
(BERTALANFFY, 1973)

Segundo Bertalanffy (1973), os motivos que o levaram a


desenvolver a Teoria Geral dos Sistemas estabeleceram-se a
partir da observação da inadequação do postulado do
reducionismo da física teórica (o princípio segundo o qual a
biologia e as ciências sociais e do comportamento deviam ser
tratadas de acordo com o paradigma da física e, finalmente,

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reduzidas a conceitos de entidades do nível físico), para tratar os
novos problemas específicos das outras ciências.

"A inclusão das ciências biológicas, sociais e do comportamento junto


à moderna tecnologia exige generalizações de conceitos básicos da
ciência. Isto implica novas categorias do pensamento científico, em
comparação com as exigências da física tradicional, e os modelos
introduzidos com esta finalidade são de natureza
interdisciplinar."(BERTALANFFY, 1973).

Mas o que é um sistema?


"Por definição, um sistema compõe-se de partes, ou elementos, inter-
relacionados. Isso acontece com todos os sistemas mecânicos,
biológicos e sociais. Todos os sistemas têm, pelo menos, dois
elementos em inter-relação. Num sistema, o todo não é apenas a
soma das partes; o próprio sistema pode ser explicado apenas como
totalidade." (KAST & ROSENWEIG, 1976).
Na concepção de Bertalanffy (1973), um sistema apresenta as
seguintes características gerais:

• um todo sinergético, maior que a soma de suas partes - assim,


para compreender um sistema não basta considerar as partes
"funcionando" isoladamente. Estas devem ser observadas a partir
de suas relações (umas com as outras e com o próprio sistema);

• um modelo de transformação - considera-se, assim, que um


sistema é uma estrutura dinâmica que está em constante
processo de transformação;

• um conjunto de partes em constante interação, com ênfase na


interdependência - considera-se, assim, que um sistema possui
interação entre suas partes constituintes e estas têm
características de interdependência;

• uma permanente relação de interdependência com o ambiente


externo, influenciando e sendo influenciado, com capacidade de
crescimento, mudança e adaptação ao ambiente externo -
considera-se, assim, que um sistema também não pode ser
observado de forma isolada, sem compreender suas relações
com seu ambiente externo.

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Essa capacidade de interação entre Ambientes Externo e Interno
representa uma das principais características dos sistemas.
Segundo Gondolo (1999), eles podem ser fechados, quando não
há troca com o meio externo ou abertos, quando existem fluxos
contínuos de energia, matéria e informação com o ambiente
externo.

O sistema fechado é aquele dentro do qual circula energia, mas


que por si só não mantém trocas de energia ou matéria com o
meio. Por exemplo, poderíamos imaginar uma reação química
que se passa dentro de um contêiner totalmente vedado.
Também poderíamos citar como outro sistema, não tão fechado
assim, um motor de um carro que, para funcionar, precisa de
combustível, mas que não é por si capaz de extraí-lo do meio.
Uma vez abastecido e bem articuladas as partes, o carro tem
certo grau de autonomia de funcionamento; porém, não havendo
input de combustível, acabará o output de energia e o motor
"morrerá".

Os sistemas abertos são, portanto, sistemas que dependem do


ambiente externo. Dele, recebem elementos, os transformam
mediante seus processos internos e devolvem novos elementos
ao meio externo. Os sistemas abertos necessitam de entradas
(ou inputs) para se manterem em funcionamento, uma vez que
recebe deste ambiente "matéria-prima" (matéria, energia e
informação), para desenvolver seu processo interno.

Relacionando esses conceitos iniciais, podemos caracterizar o


Meio Ambiente como um sistema aberto, que desenvolve seus
processos internos em constante interação e interdependência
com o ambiente externo.
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Destaca-se, porém, que as bases conceituais sobre sistemas
estão apoiadas sobre modelos teóricos que vêm se
desenvolvendo ao longo dos últimos 50 anos. Neste sentido, as
teorias sobre a complexidade, presentes em diversos campos da
ciência, têm enriquecido o enfoque sistêmico para muito além do
que Bertalanffy formulou inicialmente (NOVO, 1996).

O que chamamos de sistemas complexos ampliam e agregam


novos conhecimentos sobre a dinâmica dos sistemas, incluindose
questões ligadas aos processos de irreversibilidade, de
incertezas, do caos e da ordem e desordem. Nessa perspectiva,
Garcia (1986) aponta que "o sistema não está definido, mas é
possível ser definido. Uma definição adequada só pode surgir em
cada caso particular ou durante o transcurso da própria
pesquisa/investigação".

Pergunta-se então: quais são os elementos da teoria dos


sistemas que permitem estabelecermos uma postura sistêmica
em nossos estudos, análises e trabalhos práticos?

Novo (1996) apresenta alguns elementos que irão nos auxiliar a


estabelecer esta postura:

• As relações entre o todo e as partes: sabendo-se que um


sistema compõe-se de partes, podemos pensar em desmembrá-
lo para analisá-las em separado. Porém, devemos lembrar que
estas partes só adquirem seu verdadeiro sentido quando
integradas ao TODO do sistema, que se configura, justamente,
pelo conjunto criado pelas inter-relações de suas partes.

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Esse princípio estabelece o caráter de interdependência entre as
PARTES e o TODO. A compreensão deste caráter nos ajuda a
observar que os problemas que afetam os sistemas naturais
(poluição da água, do ar e do solo, escassez de recursos etc.)
não podem ser interpretados sem a devida conexão com o que
acontece nos sistemas sociais, econômicos, entre outros. Os
ambientes interno e externo de um sistema aberto possuem forte
grau de interação e interdependência.

• Emergência e restrições do sistema: compreender qualquer


conjunto como um sistema pressupõe considerar que ele pode
ser maior e menor que as partes que o constituem. Maior que as
partes, por causa da emergência, ou seja, os resultados das
interações das partes que permitem o estabelecimento de um
"produto novo", que não pode ser observado em separado na
análise das partes. E menor que as partes, quando o sistema
impõe limites ou restrições às partes, que passam a não poder
realizar "plenamente" suas potencialidades. Como exemplo, Novo
(1996) cita o dizer popular "A liberdade de cada um termina onde
começa a liberdade do outro". Neste caso, o "sistema social", em
sua totalidade, impõe limites a cada pessoa como parte ou
componente dele mesmo, de forma que o indivíduo isolado nem
sempre pode pôr em prática toda sua potencialidade.

• Relações entre sistema e entorno (sistemas abertos): como já


abordado anteriormente, os sistemas abertos estão em constante
processo de intercâmbio (matéria, energia e informação) com o
entorno, além de necessitarem dele para semanterem em
funcionamento. Essa característica de interdependência com o
entorno não possibilita aos sistemas abertos um estado de
estabilidade e de permanência estático, sendo necessário
incorporar noções de ordem e desordem para explicar a realidade
sistêmica como um processo dinâmico.

• Equilíbrio dos sistemas: um sistema aberto é uma unidade


dinâmica, que se transforma ao longo do tempo. Para
compreender esse processo, é necessário que conheçamos
quais são os mecanismos internos utilizados pelo sistema para
manter seu equilíbrio dinâmico através dos constantes
intercâmbios de matéria, energia e informação com seu entorno.
O conceito de equilíbrio dinâmico incorpora a idéia de mudança:
uma mudança temporária que, por sua vez, incorpora os

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conceitos de evolução e de mudança espacial, que têm a ver com
a idéia de estrutura.

Segundo Garcia (1986), para estudarmos os sistemas


complexos, devemos observar os seguintes componentes:

Limites: estabelecem a definição das "fronteiras" físicas dos


sistemas que vamos estudar ou observar (o interno e o externo).
Destaca-se que esta definição não restringe somente o limite
físico do sistema, mas também as relações que estarão sendo
analisadas.
Elementos: para determinar os subsistemas (elementos) de um
sistema complexo, é fundamental definir as escalas espaciais e
temporárias que serão consideradas.
Estrutura: um grande número de propriedades de um sistema é
determinado por sua estrutura, e não por seus elementos, em
que as propriedades dos elementos determinam as suas
relações, e estas, sua estrutura.

Observa-se que os mesmos elementos podem, sob determinadas


circunstâncias, estabelecer diferentes estruturas.

• Retroalimentação: os mecanismos de retroalimentação (feed-


back) são aqueles que permitem ao sistema ser
realimentado pela informação gerada por ele mesmo. Podem ser
de três tipos:
- Positiva: são considerados sistemas explosivos, pois os efeitos
das causas iniciais aumentam a variação do sistema em relação
ao seu ponto de equilíbrio;

- Negativa: em que a informação gerada permite ao sistema


alterar-se para restabelecer seu equilíbrio; e

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- Regulação antecipatória: são informações que, embora atuem
de acordo com o comportamento presente do sistema,
apresentam um sentido de futuro.

"Quando trabalhamos com sistemas submetidos a flutuações, como os


sistemas vivos, os experimentos queplanejamos e as possíveis
soluções que traçamos, ante os problemas, não podem estar
estabelecidos comocertezas absolutas, mas sim em termos de
probabilidades, de modo que a incerteza, o acaso, sejamreconhecidos
como elementos da própria vida".
(NOVO, 1996)

• Adaptação e inovação: um dos objetivos dos sistemas vivos é


manter-se em estado de estabilidade. Para atingir talobjetivo, os
sistemas desenvolvem processos de adaptação, que buscam
conduzi-lo de novo à estabilidade inicial. Nos sistemas abertos,
esses processos são muito importantes para a manutenção da
integridade do sistema, em virtude do alto grau de
interdependência com as alterações de seu entorno. Em alguns
casos, quando as alterações são muito intensas, provocam
mudanças que podem alterar o próprio sistema. Neste caso, há a
inovação no sistema.

Ambiente e Desenvolvimento
A preocupação com a deterioração ambiental, que se manifestou
aos finais da década de 1970, trouxe implícita uma violenta crítica
ao conceito de desenvolvimento dominante, no qual prevaleciam
aspectos econômicos, em particular a idéia de crescimento.
Nesta perspectiva, o crescimento/desenvolvimento era negativo,
havia adquirido um caráter cancerígeno, e a sobrevivência da
espécie humana e do planeta requeria que os crescimentos
explosivos, tanto o populacional como o da economia, deviam
terminar. Difundiu-se, assim, a expressão "crescimento zero", de
claro caráter malthusiano (1).

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O malthusianismo sustenta que a população aumenta em
proporção geométrica, enquanto os recursos disponíveis para a
subsistência crescem apenas em proporção aritmética. A
população aumenta, portanto, até mais além do limite de
subsistência, fenômeno que apenas o próprio ser humano, a
guerra e as enfermidades podem conter. Então, para o
malthusianismo, a possibilidade de aumento sustentado da
população encontra um limite no caráter finito dos recursos
disponíveis.

Ante esta teoria, outras propuseram uma visão do conceito de


desenvolvimento que explicitasse explícitas suas múltiplas
dimensões, entre elas a ambiental.

A polêmica do desenvolvimento
Conforme mencionado, os anos sessenta e setenta foram
testemunhas de uma crítica cruel ao desenvolvimento
(crescimento) visto por alguns como primeira causa da
deterioração ambiental. No entanto, a década de 1980
presenciou o esgotamento e o retrocesso do bem-estar de uma
grande parte da Humanidade. A falta de crescimento econômico
impediu o desenvolvimento e se traduziu em maior pobreza,
causando, além disso, uma maior pressão sobre o sistema
natural, última fonte de subsistência, assim como de recursos
para o desenvolvimento.

Em meados dos anos 80, promoveu-se o conceito de


desenvolvimento em escala humana, construído sobre uma
interessante proposta de Max-Neef, Elizalde e outros (1986).
Esse desenvolvimento se sustenta "na satisfação das
necessidades humanas fundamentais, na geração de níveis
crescentes de autodependência e na articulação orgânica dos
seres humanos com a natureza e com a tecnologia, dos
processos globais com os comportamentos locais, do pessoal
com o social, do planejamento com a autonomia, e da sociedade
civil com o Estado". Junto a esse conceito, trabalhou-se também
o de pobreza, passando da noção clássica e estritamente
econômica (que se refere à situação das pessoas que se
encontram abaixo de determinado nível de renda) a uma noção
ampla que abrange a ausência de satisfação de necessidades
humanas fundamentais: pobreza de subsistência (por
alimentação e abrigo insuficientes); de proteção (por sistemas de

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saúde ineficientes, por violência, carreira armamentista, etc.); de
afeto (devido ao autoritarismo, à opressão, às relações de
exploração do ambiente natural, etc.); de entendimento (pela
baixa qualidade da educação); de participação (pela
marginalização e pela discriminação das mulheres, das crianças
e das minorias); de identidade (pela imposição de valores alheios
a culturas locais e nacionais, pela emigração forçada, pelo exílio
político, etc.); e assim sucessivamente.

Posteriormente, o Programa das Nações Unidas para o


Desenvolvimento, PNUD, difundiu o conceito de desenvolvimento
humano, definido como o processo de ampliação da gama de
opções para as pessoas, oferecendo-lhes maiores oportunidades
de educação, atenção médica, rendas e emprego, e abrangendo
o espectro total de opções humanas, do entorno físico em boas
condições a liberdades econômicas e políticas. O "índice de
desenvolvimento humano" - IDH - combina indicadores de
esperança de vida, educação, e rendas. O PNUD sugeriu um
índice de liberdade humana e política (ILH) para avaliar a
situação em matéria de direitos humanos, índice que foi
posteriormente revogado por desacordo de alguns países.

Em todo caso, estamos de acordo com Bifani (1997), quando


afirma que hoje, em função das diversas perspectivas sob as
quais pode ser analisado o conceito de desenvolvimento é difícil
de definir. No entanto, poder-se-ia afirmar que sempre está
associado ao aumento do bem-estar individual e coletivo. Embora
esse aspecto tenda a ser medido exclusivamente pelas
magnitudes econômicas, é cada vez mais evidente a importância
que se atribui às outras dimensões, como o acesso à educação e
ao emprego, à saúde e à segurança social ou a uma série de
valores tais como a justiça social, a eqüidade econômica, a
ausência de discriminação racial, religiosa ou de outra natureza,
a liberdade política e ideológica, a democracia, a segurança e o
respeito aos direitos humanos, e a qualidade e a preservação do
meio ambiente.

No entanto, a problemática do desenvolvimento geralmente é


considerada como econômica e política e a tarefa de alcançalo
tem sido responsabilidade de economistas e políticos. Entre estes
tem sido freqüente considerar que a industrialização é o meio
através do qual é possível obter níveis superiores de

19
desenvolvimento ou, em outros termos, aceita-se comumente que
as sociedades desenvolvidas são aquelas que têm
experimentado mudanças estruturais que as têm levado de uma
economia predominantemente agrária a outra na qual as
atividades dinâmicas e dominantes são as fabris e de serviços.
Então, a partir dos finais da década de sessenta é enfatizada a
dimensão social do desenvolvimento e fala-se de
desenvolvimento econômico e social.

Contudo, é um fato evidente que a maioria das interpretações


tende a privilegiar um conceito de desenvolvimento no qual se
destaca a idéia de crescimento econômico, medido pela
expansão do produto nacional bruto. Esse enfoque, que tem
dominado a ação política e a gestão econômica, parecia não
haver permitido alcançar plenamente seus objetivos. A frustração,
a impaciência e o desespero manifestam-se abertamente,
aumentando a inquietação social, embora por motivos diferentes,
em países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Os primeiros parecem não alcançar nunca o horizonte


denominado "qualidade de vida", em favor do qual sacrificam
muitas vezes sua própria liberdade como pessoas, quando não
sua saúde, agredida constante e sutilmente através dos
numerosos e excessivamente processados alimentos que
consomem. Quanto aos países em desenvolvimento, tampouco
alcançam seu horizonte, neste caso o de uma existência digna,
pois vêem como as cifras macroeconômicas deixam-lhes sempre
em uma posição marginal.

Neste contexto de desenvolvimento, situa-se o conceito de


sustentabilidade, que reconhece as condições ecológicas, sociais
e culturais para manter um crescimento econômico, que não se
dá sozinho.

Não se pode, portanto, dissociar a sustentabilidade físico-natural


da socioeconômica, já que os dois tipos de ambiente estariam no
mesmo sistema global.

O conceito de sustentabilidade tem duas vertentes principais: a


referente ao ambiente físico-natural e a referente ao ambiente
socioeconômico.

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Sustentabilidade e recursos

Os recursos a serem realmente considerados quando se aplica o


conceito de sustentabilidade são aqueles que, sendo renováveis,
podem-se esgotar caso sejam explorados num ritmo superior ao
de sua renovação. Seu uso sustentado é regido pelas leis da
ecologia, e quando esses recursos são explorados num ritmo
excessivo, sofrem perturbações que impedem sua renovação
(por exemplo, a impossibilidade de recarga de um aqüífero) e os
convertem em recursos não renováveis.
Os recursos não renováveis, tanto para prover materiais quanto
como fonte de energia, por existirem em quantidades finitas,
estabelecem problemas relacionados com o esgotamento dos
próprios recursos, a eliminação direta de comunidades e
ecossistemas, a perda de recursos culturais (por exemplo, as
jazidas arqueológicas) no processo de extração, e os efeitos
indiretos da exploração, como a contaminação produzida nos
trabalhos de transporte e na transformação do produto base em
produto útil. Em todo caso, a sustentabilidade não é aplicável a
esses recursos.

Se combinamos os aspectos teóricos da sustentabilidade


ecológica com as conclusões da Conferência do Rio de Janeiro
em 1992, é possível fazer uma síntese dos principais problemas
que apresenta a gestão sustentável em nível mundial. Porém, em
todo caso, a raiz do problema não é outra senão a capacidade de
carga da biosfera, em relação ao aumento da população, tanto
em número como em taxa de consumo per capita.

O cálculo dos limites de pressão que pode suportar o planeta é


um problema de ecologia, difícil de resolver, tal como evidencia o
Relatório sobre os Limites do Crescimento do Clube de Roma,
que destaca o caráter sociológico, econômico, político, cultural,
ético, e até religioso da questão. Com efeito, enquanto o controle
do crescimento das populações animais e vegetais se faz por
mecanismos puramente biológicos, na população humana atual
esses mecanismos atuam apenas em casos extremos, tendo sido
substituídos por mecanismos socioculturais.

Em resposta ao documento do Clube de Roma, a Fundação


Bariloche, com um grupo de especialistas, elaborou o estudo
"Catástrofe ou Nova Sociedade? Um Modelo Mundial Latino-

21
americano", no qual se estabelece um conjunto de políticas que,
se aplicadas, poderiam permitir à Humanidade alcançar níveis
adequados de bem-estar em um prazo de um pouco mais de uma
geração. E sublinha que os obstáculos que se opõem ao
desenvolvimento harmônico da humanidade não são físicos ou
econômicos, em sentido estrito, mas essencialmente
sociopolíticos.

Os problemas mais estritamente ecológicos da sustentabilidade


estariam para alguns representados pelo desflorestamento e
suas seqüelas, como a seca, a erosão e a desertificação, o
perigo de degradação dos ecossistemas mais frágeis (áreas
úmidas e montanhosas, costeiras, ilhas) e a diminuição da
diversidade biológica.

Enfim, hoje todo o mundo, aparentemente, está de acordo em


que o atual modelo econômico não se pode manter de forma
indefinida, sendo necessário estabelecer um novo modelo que
não esteja baseado exclusivamente na expansão e no
crescimento econômico e que respeite as margens de tolerância
do sistema planetário.

Chegamos, assim, ao conceito de desenvolvimento sustentável,


cujo uso e significado foi consolidado pela Comissão Mundial
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento como a "capacidade
de atender necessidades atuais sem comprometer as das
gerações futuras", explicitando seu conteúdo e pondo-o em
conexão com políticas socioeconômicas de caráter internacional,
cristalizadas nos debates e nos acordos da Conferência do Rio,
em 1992.

Outras definições, mais atuais, aprofundam o conceito ao


referirem-se a ele como "um tipo de desenvolvimento orientado a
garantir a satisfação das necessidades fundamentais da
população e elevar sua qualidade de vida, através do controle
racional dos recursos naturais, propiciando sua conservação,
recuperação, melhoria e usos adequados, por meio de processos
participativos e de esforços locais e regionais, de modo que tanto
esta geração como as futuras tenham a possibilidade de desfrutá-
los com equilíbrio físico e psicológico, sobre bases éticas e de
eqüidade, garantindo a vida em todas suas manifestações e a
sobrevivência da espécie humana".

22
Estamos de acordo, contudo, de que o desenvolvimento
sustentável e a sustentabilidade não são, propriamente, um
conceito, mas um metaconceito, ou seja, um conceito que, por
sua, vez gera todo um campo de reflexão e conhecimento (em
permanente evolução) sobre si mesmo, cuja principal
característica é o aparente consenso que provoca em todo o
mundo, embora não isento de uma visão crítica.

O ambiente social
O ambiente social compreende os seres humanos e suas
atividades, as quais têm como ponto de partida o aproveitamento
dos recursos naturais. Considera-se aqui todo tipo de infra-
estruturas (edificações, maquinaria e equipamentos) e,
geralmente, tudo o que seja resultado da invenção da
humanidade (ciência, tecnologia). Compreende também o
comportamento dos seres humanos para com seus semelhantes
e com a natureza, incluindo aspectos positivos (criatividade,
preservação do ambiente) e negativos (destruição, poluição
ambiental).

"O homem é ao mesmo tempo obra e operário do meio que o


rodeia, o qual lhe proporciona sustento material e lhe oferece a
oportunidade de se desenvolver intelectual, moral, social e
espiritualmente. Na longa e tortuosa evolução da raça humana
neste planeta, tem-se chegado a uma etapa em que, graças à
rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem tem
adquirido o poder de transformar, de inumeráveis formas e em
uma escala sem precedentes, tudo que o rodeia. Os dois
aspectos do meio ambiente, o natural e o social, são essenciais
para o bem-estar do homem e para a satisfação dos direitos
humanos, inclusive o direito à vida" (Declaração sobre o Meio
Humano, Item 1, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Humano, Estocolmo, 1972).

Ante essa afirmação, há que se considerar também outro aspecto


importante: o aumento da população mundial, que crescerá 40%
nos próximos vinte e cinco anos, até alcançar os 8.300 milhões
em 2025, dos quais grande parte viverá nos países em
desenvolvimento.

23
Em dezembro de 2005, a população mundial alcançou a cifra de
6500 milhões de pessoas.
Toda essa população se encontra numa terça parte da superfície
do planeta, concentrada nos continentes onde se utiliza cada vez
menos cuidadosamente os recursos oferecidos pelo meio natural.
O mau uso dos recursos naturais se traduz em uma crescente
deterioração que se apresenta sob forma de contaminação da
atmosfera por emanações gasosas, de destruição progressiva da
camada de ozônio que protege a Terra da influência prejudicial
das radiações ultravioletas, de poluição sonora provocada por
todo tipo de ruídos desagradáveis, de contaminação da água
doce e marinha por dejetos tanto industriais quanto domésticos,
de contaminação dos solos por lixos, produtos agroquímicos e
resíduos industriais e, finalmente, de destruição progressiva da
natureza em desacordo com a ecologia, por atividades tais como
o desflorestamento massivo, a exploração dos lençóis freáticos
(cuja conseqüência é a má drenagem e a salinização dos solos),
a caça indiscriminada e a superpesca (que provoca a extinção de
espécies valiosas e a ruptura de ciclos ecológicos), o mau
manejo dos solos (cuja conseqüência é a erosão), bem como o
uso de terras agrícolas para outros fins, tais como a fabricação de
materiais de construção e a urbanização.

São problemas também do meio ambiente os de ordem social,


que se encontram relacionados com a falta de um planejamento
no uso dos espaços e na construção de moradias inadequadas, a
falta de educação em todo âmbito (que se traduz em ignorância)
e os problemas de saúde e salubridade.

_____________________

1 Thomas Robert Malthus. (Inglaterra, 1766-1834). Economista.


Em 1798, publicou de forma anônima sua primeira contribuição
destacada no campo da economia política com o título "Ensaio
sobre o princípio da população" que, na edição de 1803, já
convertido em um verdadeiro tratado sobre os limites do
crescimento demográfico, titulou-se "Resumos sobre os efeitos
passados e presente relativos à felicidade da humanidade".
Outras obras suas são, "Princípios de economia política" (1820) e
"A medida do valor" (1823). Malthus escrevia principalmente

24
tendo em vista os problemas do desemprego e aos apuros
econômicos na Inglaterra da primeira Revolução Industrial. No
século XIX, o colonialismo e a abertura de novas áreas de terra
cultivável impediram o agravamento dessa situação.

Ambiente e Educação Ambiental


Até este momento, estudamos os conceitos de Meio Ambiente,
Sistemas e Desenvolvimento Sustentável. Tratamos de reformas
conceituais que se processaram ao longo da última metade do
século XX. Tais reformas se produziram a partir de
transformações ambientais, sociais, tecnológicas, econômicas,
políticas e culturais, que, por estarem inter-relacionadas,
demandam novas necessidades instrumentais em cada uma
dessas dimensões da sociedade humana.

É dentro deste contexto de intensa transformação que é imputada


à Educação Ambiental um grande desafio, consolidado a partir da
Conferência de Estocolmo (1972), quando a educação ambiental
converte-se numa recomendação imprescindível para execução
de projetos na área. Nesse mesmo ano de 1972 é criado o Plano
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), entre cujas
tarefas figuram a informação, a educação e a capacitação
orientadas com preferência a pessoas com responsabilidades de
gestão sobre o meio ambiente.

"É indispensável o trabalho de educação em questões ambientais,


dirigido tanto às gerações jovens quanto aos adultos, e que preste a
devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para
ampliar as bases de uma opinião bem informada e de uma conduta de
indivíduos, de empresas e de coletividade, inspirada no sentido de sua
responsabilidade em relação à proteção e à melhoria do meio em
todas as dimensões humanas." (Estocolmo, 1972)
Vale ressaltar, ainda, que antes desse movimento, em 1971, a
UNESCO havia iniciado o Programa Homem e Biosfera (MAB)
com o fim de prover os conhecimentos científicos e pessoal
qualificado com vistas a um manejo racional dos recursos. O
programa representou um novo enfoque de pesquisa e ação,
dirigido a melhorar as relações do ser humano com seu
ambiente, sublinhando a conveniência de se "desenvolver um
programa interdisciplinar de pesquisa que atribua especial
importância ao método ecológico no estudo das relações entre o
homem e o meio" (UNESCO, 1971).
25
Para Medina (1997), esse novo compromisso colocado para a
educação não desafia somente o desenvolvimento metodológico
das teorias pedagógicas. Diz respeito também ao
estabelecimento e à inclusão de novas abordagens éticas e
conceituais à base estrutural das metodologias. Ou seja, não
compromete somente as atividades de professores (em escolas
ou cursos), ou de currículos acadêmicos, mas envolve também
os cidadãos e os seus cotidianos, estejam eles desenvolvendo
atividades pedagógicas, técnicas, sociais, comunitárias etc., em
um projeto coletivo para criar um Ambiente mais equilibrado
dentro da perspectiva do Desenvolvimento Sustentável.

Compreender a Educação Ambiental, dentro de um quadro


conceitual mais amplo, não exclui a necessidade de se envolver
profissionais e metodologias para ações nas escolas e outras
atividades de educação formal. Ao contrário, deixa claro a
importância e a necessidade de se investir nesta área do
conhecimento, a partir do desenvolvimento de novos processos
de ensino-aprendizagem que integrem disciplinas e saberes
dentro de uma nova ótica solidária.

"...para assegurar a efetividade desse direito (meio ambiente


ecologicamente equilibrado) cabe ao Poder Público: promover a
Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para preservação do meio ambiente".
(Constituição Federal, Artigo 225 1º)
"Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais
o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências, voltados para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sustentabilidade." (Lei Federal Nº9795 de
27/04/99 - Dispõe sobre educação ambiental e institui a Política
Nacional de Educação Ambiental. CAPÍTULO I, ART.1º)

Por outro lado, abre-se o campo da educação não formal, em que


os desafios se estendem aos programas de educação ambiental
que são realizados em diversas atividades que possuem como
foco a temática ambiental (trabalhos técnicos e sociais,
auditorias, programas dentro de empresas etc.). Também nesses

26
casos, há necessidade de desenvolvimento metodológico
específico e de formação de pessoas para qualificar os
resultados, uma vez que em tais programas estão envolvidas
pessoas que difundem informações e conhecimentos e
estabelecem novas perspectivas de ação.

No quadro a seguir, Medina (1997) procura sintetizar um conjunto


de suporte que poderá nos auxiliar na compreensão desse
conceito em uma dimensão mais complexa.

Nos processos de gestão ambiental (urbana ou rural) há,


também, uma enorme possibilidade de relacionar ações de
melhoria da qualidade ambiental com as de condições de vida da
população, com a aplicação de ações ligadas ao
desenvolvimento sustentável. Aqui, ações de Educação
Ambiental podem ser diretamente inseridas no planejamento e na
gestão ambiental local, não apenas como um elemento de
melhoria da qualidade do ambiente, mas também como um
processo de qualificação social que amplia processos ambientais
envolvidos na região e ainda intensifica a consciência da
sociedade para gerir com mais prudência seus recursos naturais,
econômicos e sociais.

27
A implantação de qualquer forma de gestão ambiental apóia-se
necessariamente na educação ambiental, que deve ser dirigida a
todos os setores, a todas as pessoas de todas as idades. Essa
participação requer o apoio de processos formativos que não
apenas tornem viável a participação popular nas atividades, mas
que proporcionem elementos para o aperfeiçoamento das
possibilidades dessa participação, ao fornecerem novos
elementos qualitativos a pessoas e grupos.

Uma boa formação ambiental pode ser a base para entender e


intervir em âmbito municipal, de modo que se consiga tomar parte
ativa e que se possa apresentar opiniões quanto aos conflitos
ambientais e participar nas diversas tarefas necessárias à
modificação das situações.

Ambiente e Participação
A participação na temática ambiental pode ser abordada dentro
de diferentes dimensões. Sob a ótica do ambiente como sistema,
a participação pode ser entendida como a contribuição que cada
segmento da sociedade (social, econômico, político,
organizacional, científico etc.) pode oferecer, ou ter capacidade
de oferecer, para o estabelecimento do equilíbrio ambiental do
planeta - equilíbrio este entendido a partir da interdependência de
equilíbrio de cada um de seus próprios componentes.

Para percebermos a importância potencial dos processos


participativos associados à temática ambiental, devemos
observar, com atenção, os resultados destas contribuições e seus
avanços na reversão do quadro de degradação global. Essa
observação será melhor referenciada através da análise das
atividades práticas (locais ou globais), e não apenas pelo
desenvolvimento das concepções teóricas sobre o tema.

A seguir exemplificamos:

"O relatório Geo 2000, que acaba de ser divulgado em Genebra pelo
programa Ambiental da ONU, traça um futuro sombrio para o novo
milênio. Prevê a destruição das florestas tropicais, a contaminação do
ar [...], o esgotamento das fontes de água potável [...] O documento
adverte: até agora nenhum programa de defesa ambiental, em escala

28
global, foi levado a sério pela comunidade internacional." (Jornal
Diário Catarinense, 21/09/2000).
"O livro "Caminhos e aprendizagens: educação ambiental,
conservação e desenvolvimento" apresenta 14 projetos desenvolvidos
pela WWF, nas cinco regiões do Brasil, espalhados por oito estados,
que utilizaram metodologias de educação ambiental, com o apoio de
parceiros locais. Os projetos capacitaram 25 educadores na
implantação e/ou aprimoramento da educação ambiental. A
implantação da metodologia levou dois anos e contou com a
participação de pequenas comunidades". (http://www.wwf.org.br,
[Lido: 20/11/2000]).
"O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca
Rodrigues, e o presidente da Tetra Pak no Brasil, Paulo Nigro,
apresentaram nesta quarta-feira (25) um Plano de Ação inédito no
Paraná - que será realizado nos próximos dois anos, inicialmente em
22 municípios pólos, e representam 90% da população paranaense -
com o objetivo de garantir o escoamento sustentável para a
reciclagem das embalagens longa vida no Estado". (Fonte:
http://www.bonde.com.br, [Lido: 25/07/2007]).

Para integrar nossa análise sobre a dimensão participativa


presente no conceito de Meio Ambiente, utilizaremos como
critérios os elementos conceituais já apresentados no item Meio
ambiente como Sistema (SIERVI, 2000b). São eles:
• As relações entre o todo e as partes: a participação possui
característica de interdependência entre a parte (os participantes)
e o TODO (o ambiente natureza-sociedade), podendo-se admitir
os subsistemas - indivíduos ou organizações - como parte, e os
processos participativos resultantes das interações como TODO;

• Emergências e limites: por ser uma atividade essencialmente


prática-reflexiva, a participação possui importantes características
de emergências, geradas a partir das articulações entre os
diferentes participantes (as partes); e também de limites,
impostos pela necessidade de respeitar as características
particulares dos participantes envolvidos (organizações ou
indivíduos);

• Relação com o entorno: compreendendo o meio ambiente como


um sistema aberto, ou seja, em constante processo de
intercâmbio com o meio externo, podemos perceber que as
atividades participativas desenvolvidas entre organizações e
29
indivíduos geram as transformações que o sistema passa a
oferecer como novo produto à sociedade (novas formas de
conceber ou resolver os problemas);

• Equilíbrio: o conceito de equilíbrio dinâmico empresta aos


processos participativos um caráter de aprendizado, havendo
constantes fluxos de matéria, energia e informação que provocam
mudanças temporárias (evolução) e espaciais (estrutura) nas
organizações, nos indivíduos e nas concepções e resoluções de
problemas;

• Retroalimentação: diz respeito aos mecanismos de recarga do


sistema. São as informações que permitem ao sistema aprender
a partir de sua própria prática ou operação;

• Adaptação e inovação: os processos participativos, como


atividades eminentemente práticas-reflexivas, estão
constantemente sujeitos aos processos de adaptação e inovação
para garantirem sua estabilidade (dinâmica).

Tem-se assistido a um importante movimento em toda sociedade


para viabilizar os processos participativos em todos os
subsistemas do Meio Ambiente (social, cultural, político,
tecnológico, econômico, institucional, entre outros). Esse
movimento coletivo - formal e informal - tem resultado no
desenvolvimento de um grande número de novas metodologias,
instrumentos e mecanismos legais que contribuem para a
efetivação da dimensão participativa na dinâmica social
contemporânea.

30
Na perspectiva do conceito de Desenvolvimento Sustentável, a
participação é o elemento fundamental para garantir a inclusão
social, a diversidade de abordagens, o respeito à diversidade
cultural, a inclusão de perspectivas sobre relações de gênero, a
reflexão entre a geração atual e a futura, entre outros aspectos.
As experiências de construção de Agendas 21 locais têm
explicitado os limites e as oportunidades que o exercício da
prática participativa oferece para o conceito e para que, enfim,
sejam atingidos os novos objetivos do Desenvolvimento
Sustentável.

Em 1992, realizou-se no Rio de Janeiro a Conferência Mundial sobre


Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Cúpula da Terra, convocada
pelas Nações Unidas. Nesta reunião adotou-se o Programa de Ação
21, conhecido como Agenda 21 que, entre outras coisas, promove a
realização de diversas Agendas 21 nacionais e locais, expressas nos
programas de ação pública em favor de um desenvolvimento
sustentável no século XXI. O Capítulo 28 da Agenda 21 assinala:
"devido ao fato de que muitos dos problemas e soluções tratados na
Agenda 21 têm suas raízes em atividades locais, a participação e
cooperação de autoridades locais será um fator determinante na
realização de seus objetivos".
A Agenda 21 Local é, então, um projeto político de desenvolvimento
local para o Século XXI e um programa de ações que correspondem a
um conjunto de objetivos, princípios e características relacionadas
com o desenvolvimento sustentável. Esta Agenda está estreitamente
relacionada ao estabelecimento de um sistema de gestão ambiental
municipal e aos planos integrais de gestão ambiental no município,
porém amplia e reforça diversos elementos de caráter econômico,
social e cultural, visando um município sustentável.
Este processo corresponde a um mandato acordado pelas Nações
Unidas e pelos governos do mundo, no qual se reconhece o papel-
chave das autoridades locais e das comunidades no caminho para o
desenvolvimento sustentável. Além disso, com esta proposta
pretende-se fortalecer a responsabilidade de todos na redução dos
impactos ambientais gerados pelas próprias atividades humanas e
pelos efeitos que podem ser produzidos por outras comunidades, de
modo que se compartilhem experiências entre os diversos governos
locais.

31
Quando dirigimos nosso foco de atenção para a base conceitual
da Educação Ambiental encontramos uma dupla possibilidade de
abordagem para os processos participativos:

• em primeiro lugar, podemos perceber que os processos


participativos podem oferecer uma grande contribuição dentro de
uma perspectiva ética, metodológica e conceitual, através da
potencialização dos trabalhos realizados junto à estrutura formal
de educação (a escola), bem como à informal (associações de
moradores, empresas, grupos de jovens, entre outros);

• por outro lado, destaca-se a importância da Educação


Ambiental como geradora de processos participativos.

Meio Ambiente Físico ou Natural


O estudo do Meio Ambiente Físico ou Natural, de suas dinâmicas
próprias e das inter-relações com os demais subsistemas do
Meio Ambiente ajuda-nos a compreender a natureza e as
dimensões dos impactos sofridos pelo conjunto de seus
elementos.

No documento preparatório para a Rio 92, "Nossa própria Agenda


sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente" (BID/PNUD, 1991), foi
apresentado um quadro sobre a situação ambiental da América

32
Latina. Os critérios utilizados para levantamento do quadro
incluíam os seguintes elementos:

• amplitude geográfica dos processos ambientais considerados;


• volume da população afetada;
• volume das atividades econômicas diretamente afetadas;
• gravidade dos efeitos sobre a população e atividades
econômicas;
• a capacidade, atual e potencial, de enfrentar os processos
ambientais implicados.

Tabela 1.3. Principais temas ambientais para discussão na América


Latina e Caribe.

33
Fonte: Adaptado a partir de: Nossa Própria Agenda sobre
Desenvolvimento e Meio Ambiente BIP/PNUD (1991).

Pode-se observar que os principais temas apresentados na


Tabela 1.3 possuem íntima relação com as ações antrópicas
sobre os ecossistemas internacionais (da América Latina) e
Globais (generalizados para todo planeta).
ANTRÓPICO
Relativo à humanidade, à sociedade humana, à ação humana. Termo
empregado para qualificar: um dos setores do meio ambiente, o meio
antrópico, compreendendo os fatores sociais, econômicos e culturais;
um
dos subsistemas do sistema ambiental, o subsistema antrópico.
(FEEMA, 1990)

Para construir um painel de relacionamento entre a Tabela 1.3 e


o Meio Ambiente Físico, faremos uma abordagem panorâmica
sobre os seguintes assuntos: Clima; Solos; Água; Flora e Fauna;
Minerais; Energia e Resíduos. Muitos dos temas ambientais
apontados poderão ser identificados em diferentes momentos do
texto, explicitando seu interrelacionamento e sua
interdependência sistêmica. Fique atento a essas relações
durante a leitura.

Atmosfera
Ao falar do clima, nos referiremos fundamentalmente a um de
seus componentes: a atmosfera.

A atmosfera é a camada gasosa que envolve a Terra, com


altitude estimada superior aos 1.000 km. É composta de grande
variedade de gases, dos quais os mais importantes são o
oxigênio e o nitrogênio, que, conjuntamente, constituem 91% de
seu volume, formando o que conhecemos por "ar".

34
As características físicas e químicas da atmosfera (densidade,
pressão e temperatura), tal como hoje a conhecemos, variam em
relação à altitude, de modo que se possa subdividi-la em alguns
estratos ou camadas bem diferenciadas: troposfera, estratosfera,
mesosfera e termosfera (figura 1.8).

35
A poluição atmosférica é um dos problemas ambientais e de
saúde humana mais típicos das cidades e das áreas
industrializadas. A qualidade do ar depende exclusivamente da
quantidade e da natureza das substâncias geradas pela atividade
humana, que são os gases tóxicos e as partículas orgânicas e
inorgânicas em suspensão (pó e alguns metais, como o chumbo).

Grande parte dos problemas ambientais globais que serão


tratados posteriormente, tais como o efeito estufa, o esgotamento
da camada de ozônio ou a chuva ácida, devem-se na maioria às
emissões antropogênicas na atmosfera, derivadas das atividades
industriais.

Em outubro de 1997, cientistas espanhóis do Instituto Nacional


de Técnica Aeroespacial (INTA), em colaboração com cientistas
de outros países europeus, publicaram os dados de um recorde
histórico no buraco da camada de ozônio do Pólo Norte.

36
Segundo esse estudo, durante o inverno europeu de 1995-96, a
destruição da camada de ozônio nas regiões árticas alcançou
64% do total em alguns níveis, o que constitui uma cifra
realmente alarmante. O nível de destruição da camada de ozônio
depende do clima existente, sendo acelerado pela grande
quantidade de compostos de cloro e bromo na estratosfera,
gerados pela atividade humana.

O efeito estufa, causa do aquecimento da Terra e da modificação


do clima, é outro dos grandes problemas atmosféricos, tornando-
se um tema prioritário a respeito do qual já estão sendo tomadas
providências. Os Estados Unidos emitem 25% dos gases
causadores de efeito estufa, motivo pelo qual, em 1993, lançou
um plano para que no ano 2000 a emissão de "gases estufa"
(CO2 principalmente) fosse similar à do ano de 1990. O
departamento de Energia dos Estados Unidos anunciou, no
entanto, em outubro de 1997, que os "gases estufa" produzidos
nesse país simplesmente não haviam diminuído, mas
aumentaram 8% desde 1990.

A chuva ácida, produzida pela atividade industrial, também inclui-


se como uma das ameaças ao meio aéreo. Trata-se da emissão
de compostos de enxofre na atmosfera, os quais podem diluir-se
no vapor da água, formando pequenas gotas de ácido sulfúrico
(H2SO4), provocando a chuva ácida. Esse fenômeno não é um
problema localizado, já que essas gotas podem depositar-se
sobre solos a muitos quilômetros de distância do ponto em que
são originadas.

A contaminação dos espaços interiores é um tema específico no


estudo da poluição atmosférica. A maior parte da atividade
profissional, familiar, social e recreativa que exercemos ocorre
dentro de espaços fechados, onde a concentração de
substâncias poluentes torna-se maior que em espaços abertos.
Neste caso, aos contaminadores clássicos somam-se outros,
como os óxidos de nitrogênio e CO2, emitidos pelo gás de
cozinha, pelos escapamentos dos automóveis nas garagens,
pelas partículas de fuligens provenientes dos veículos
automotores, e que se introduzem dentro das casas, pela fumaça
dos cigarros, e outras substâncias voláteis que aparecem em
produtos de uso doméstico, como tintas e aerossóis. A
contaminação por amianto é uma das mais conhecidas, pois esse

37
material era amplamente utilizado na construção até que se
comprovou, na década de 60, que as emanações de suas fibras
podiam provocar câncer.

Solo
O solo nos faz pensar imediatamente na cobertura da superfície
terrestre. De acordo com o critério científico ou pedológico (do
grego pedós = solo), é uma coleção de corpos naturais, que
ocupa posições na superfície terrestre, os quais suportam as
plantas, e cujas características são decorrentes da ação
integrada do clima e da matéria viva sobre o material originário,
condicionado pelo relevo, em períodos de tempo. Isto é, o clima e
a matéria orgânica (raízes, minhocas e outros organismos, vivos
ou em decomposição) atuam modificando os solos através do
tempo, decompondo as rochas e transformando a topografia. Não
esqueçamos que a superfície do solo não é plana, porém, possui
uma série de acidentes que favorece o escoamento ou a
retenção da água.

Seguindo um critério prático ou edafológico (do grego edafós =


solo ou terra como suporte de plantas), o solo é concebido como
o meio natural onde se desenvolvem as plantas.
Os seres humanos podem fazer variados usos do solo. A
atividade agrícola é em si benéfica para o solo; contudo, o
prejuízo surge quando práticas inadequadas são realizadas,
como o manejo inadequado de água para irrigação, que gera
uma má drenagem e processos de salinização (quando os sais
se acumulam, chegam a alcançar níveis tóxicos para as plantas).

Ainda assim, a falta de manejo adequado dos solos (como as


práticas da pecuária ou a eliminação de árvores e arbustos, que
se desenvolvem em solos com encostas pronunciadas ou nas
margens de um rio) tem como conseqüência a ocorrência de
processos erosivos. O aparecimento de fendas em lugares com
declividade acentuada, assim como de aluviões, que são
produzidos com a ocorrência de chuvas intensas e o
assoreamento das margens dos rios, são formas radicais de
erosão.

Finalmente, o uso de terras agrícolas para outros fins, tais como


a fabricação de materiais de construção (tijolos e acabamentos
cerâmicos) e a edificação de infra-estrutura (residências, fábricas,

38
edifícios diversos, pavimentação de vias de transporte), é uma
das formas mais nocivas de utilização dos solos cultiváveis.

O uso inadequado dos solos leva ao surgimento do fenômeno


conhecido pelo nome de desertificação. Segundo dados das
Nações Unidas, estima-se que a cada ano desertificam-se entre 6
e 7 milhões de hectares, ou seja, uma superfície equivalente ao
triplo da ocupada pelo estado de Sergipe /Brasil. Do mesmo
modo, uma extensão adicional de 20 milhões de hectares (área
equivalente ao Estado do Paraná, Brasil) se empobrece
anualmente, até o ponto de se tornar improdutiva para a
agricultura e para a pecuária.

Água
A definição de água é mais difícil do que geralmente se supõe.
Aparentemente simples, a água é um dos corpos mais complexos
do ponto de vista físico e químico, pois é muito difícil obtê-la em
estado puro, além de apresentar um maior número de anomalias
em suas constantes físicas.

A água é a fonte de toda a vida. Sem água não há vida. Os seres


vivos não podem sobreviver sem água. A água é parte integrante
dos tecidos animais e vegetais. Existe na biosfera em seus
estados líquido (mares, rios, lagos e lagoas), sólido (gelo, neve) e
gasoso (vapor de água, nuvens, umidade). É uma bebida
elementar, uma fonte de energia, uma necessidade para a
agricultura e para a indústria. Todas as grandes civilizações
nasceram ao redor da água. Não se conhece nenhuma
civilização que tenha se desenvolvido em uma região desprovida
de água.

Não se conhece nenhuma grande civilização que tenha nascido


em uma região desprovida de água. E é por isso que, há milhares
de anos, desde que a humanidade foi capaz de representar seus
conceitos por símbolos gráficos, tem-se valorizado a água.

A água renova-se no mundo dentro de um ciclo, conhecido como


ciclo hidrológico. Com o calor produzido pela insolação, a água
evapora-se dos mares e das águas continentais, chegando à
atmosfera, onde forma nuvens que logo se precipitam (chuva,
neve, granizo). Uma vez sobre o continente, parte dessa água

39
escorre superficialmente (rios), enquanto o restante, em maior
proporção, infiltra-se (águas subterrâneas) chegando desta forma
novamente aos lagos, lagoas e oceanos, nos quais volta a
evaporar-se. (figura 1.9)

A água exerce uma influência decisiva sobre os seres humanos e


os recursos naturais renováveis. Sua dinâmica natural influi sobre
solos, plantas e animais, podendo causar deslizamentos e
inundações como processos naturais. Porém, a água também
tem sua dinâmica afetada pelas atividades humanas, que muitas
vezes aceleram esses processos naturais (desmatamento em
encostas e nas margens dos rios, processos de urbanização
intensa, entre outros).

Outro tipo de influência exercida pelas atividades humanas sobre


a água é a sua contaminação. Assim, antes de chegar ao solo
como chuva, pode ser contaminada com emissões gasosas,
procedentes da indústria ou da combustão de veículos
automotores; ou, já no solo, pelo lançamento de substâncias

40
tóxicas ou resíduos líquidos ou sólidos, da indústria, da
agricultura ou domésticos.

A contaminação das águas afeta tanto os animais como as


plantas, implicando em grave problema ambiental. Até poucos
anos, a água era vista como um bem barato (ou praticamente
gratuito) e inesgotável.

Atualmente, esta visão teve que ser revista, pois compreendeu-se


que, para recuperar a água contaminada, o processo é difícil e
oneroso. Uma porcentagem demasiadamente elevada da
população mundial não dispõe de água suficiente em quantidade
e na qualidade desejada, afetando as necessidades hídricas dos
cultivos, a capacidade de sobrevivência e permitindo a
proliferação de doenças causadas pelo consumo, por animais e
pessoas, de águas não tratadas.

Aproximadamente 71% da superfície de nosso planeta é coberta


pelos oceanos, os quais estão sofrendo uma constante
degradação. A cada ano, são despejados neles mais de 8
milhões de toneladas de petróleo, sendo que, segundo cifras da
FAO, 44% dos locais de pesca sofrem processos de exploração
intensiva, 16% são explorados em excesso, 10% dos arrecifes de
corais se encontram em estado irrecuperável e 30% estão em
processo de degradação. A ONU estabeleceu que 1998 seria o
Ano Internacional dos Oceanos, visando fazer com que as ações
realizadas durante aquele ano sensibilizassem os Governos e os
cidadãos para essa problemática.

Para diminuir o impacto sobre o meio aquático, deve-se reduzir o


despejo de resíduos, tratar as águas contaminadas antes de
lançá-las nos cursos dos rios e antes de serem consumidas, além
de potencializar as técnicas de captação e armazenamento de
água, assim como reduzir o desperdício.

Flora e Fauna
A flora e a fauna incluem todos os organismos vivos que se
desenvolvem na biosfera. A flora é constituída pelo conjunto de
espécies ou indivíduos vegetais, silvestres ou cultivados, que
vivem ou povoam uma determinada região ou área.

Os vegetais ou plantas, como habitualmente são chamados, são


formas de vida que se podem agrupar, a princípio, em dois
41
grandes grupos: plantas que têm flores visíveis, ou Fanerógamas
(árvores, arbustos, ervas), e plantas sem flores visíveis, ou
Criptógamas (samambaias, musgos, fungos, algas e bactérias).
Este grupo inclui a totalidade da microflora.

Quanto ao meio em que habitam, às dimensões e às formas de


vida, os organismos são classificados como integrantes da: flora
bacteriana, flora fluvial, flora intestinal, flora nativa ou autóctone,
flora silvestre, flora marinha, flora invasora, microflora e
macroflora.

A flora inclui muitas espécies de valor econômico utilizadas para


diversos fins: obtenção de madeira (florestas), pastagens (pastos
naturais), medicina (plantas medicinais) etc.

A extinção ameaça atualmente aproximadamente 25.000 espécies


de plantas.
Quanto às florestas, no mundo há dois tipos principais que
possuem valor econômico: as florestas homogêneas, compostas
por um número limitado e uniforme de espécies, que se
desenvolvem nas zonas temperadas dos hemisférios Norte e Sul
(por exemplo, os bosques de pinheiros que caracterizam o
Canadá, a Argentina e o Chile); e as florestas heterogêneas ou
tropicais úmidas, compostas por uma variedade de espécies de
todo tipo e tamanho (árvores, arbustos, plantas herbáceas etc.),
que caracterizam a região equatorial do mundo (por exemplo, a
Floresta Amazônica).Estas últimas são as florestas mais
vulneráveis por estarem continuamente submetidas a um
processo de desmatamento.

Esse processo é tão intenso que, segundo estimativas, só na


América Latina ocorre a metade do desmatamento realizado em
todo o planeta. Sabe-se que, a cada ano, o mundo perde 11,3
milhões de hectares de florestas tropicais. As florestas
homogêneas ou temperadas não se livram da degradação,
principalmente pelo efeito da chuva ácida.

Por outro lado, o desequilíbrio entre a produção e o consumo dos


recursos naturais é evidente: um quinto da população mundial
(América do Norte, Europa Ocidental, Japão, Austrália, Hong
Kong, Cingapura e os Emirados petroleiros do Oriente Médio)
consome 80% dos recursos naturais. Entretanto, é nos 14 dos 17
países mais endividados do mundo que se encontram as
42
florestas tropicais. O resultado é um comércio de recursos
naturais (sobretudo madeira) que são utilizados para pagar essa
dívida. De fato, calcula-se que a subsistência de 300 milhões de
pessoas está relacionada com as florestas.

As pastagens naturais constituem a mais extensa prática do


mundo no aproveitamento dos solos, pois ocupam 30 milhões de
km2, ou seja, 23% da superfície de solo da Terra. Mesmo que
sua produtividade seja geralmente baixa, mantém, no entanto, a
maioria das 3 bilhões de cabeças de gado do mundo e,
conseqüentemente, a maior parte da produção mundial de carne
e leite.

Infelizmente, em numerosos lugares, o manejo dos campos não é


adequado. Extensas pastagens localizadas no norte da África, no
Mediterrâneo e no Oriente Próximo foram degradadas. A
pecuária é também um problema nos ecossistemas de
montanhas, tais como no Himalaia e nos Andes. A deficiente
gestão da atividade de criação de gado e os excessos nos níveis
de capacidade de uso permitem que a cobertura herbácea -
geralmente pobre, tanto como forragem quanto na qualidade de
proteção do solo - seja atacada pelos processos erosivos.

Do mesmo modo, muitas espécies de plantas nativas constituem


uma fonte de recursos para a saúde. São as denominadas
plantas medicinais, utilizadas primordialmente nas zonas rurais
através de sistemas médicos tradicionais e que apresentam uma
eficácia ou valor terapêutico real ou potencial e,
conseqüentemente, um valor econômico indeterminado.

A fauna é formada pelo conjunto de animais que povoam ou


vivem em uma determinada zona ou região. Em nível global,
podemos falar da fauna do planeta Terra e esse conceito, então,
abrange todos os animais que existem desde que apareceu a vida
na Terra.
Pode-se dividir a fauna, a princípio, em dois grandes grupos: os
invertebrados, a forma mais primitiva, e os vertebrados, de
evolução mais tardia. A principal diferença entre ambos é a
presença de um eixo ósseo ou coluna vertebral, que suporta o
corpo do animal, nos vertebrados, e que não existe nos
invertebrados.
43
Entre os vertebrados, são classificados os peixes, anfíbios,
répteis, aves e mamíferos. Este último grupo inclui a espécie
humana. Entre os invertebrados, distinguem-se aqueles com
membros articulados ou artrópodes (insetos, aracnídeos,
crustáceos, miriápodes), os moluscos, equinodermos, cnidários e
esponjas.

De acordo com o meio onde habitam, a sua dimensão e a forma


de vida, temos a fauna silvestre, epifauna, infauna, macrofauna,
megafauna, mesofauna, microfauna e pedofauna.

A utilidade das espécies de fauna é múltipla, mas principalmente


podemos mencionar a domesticação de animais selvagens como
fonte de alimentos (carne, ovos, gorduras), de produtos
industriais (fibras, lãs, couros, peles, pêlos, corantes) e de
produtos úteis para a agricultura (adubos, como o guano
produzido por aves marinhas).

A extinção ameaça, atualmente, mais de 1.000 espécies de


vertebrados. Estas cifras não englobam o inevitável
desaparecimento de animais menores - em particular os
invertebrados, como os moluscos, os insetos e os corais - cujo
ambiente está sendo destruído.

A ameaça mais grave para fauna e flora é a degradação do meio


ambiente físico através de sua substituição gradual por
assentamentos humanos, portos e outras construções; da
contaminação com produtos químicos e resíduos sólidos
(domésticos, agrícolas e industriais); da extração descontrolada
de águas e de recursos naturais; além da pecuária, de atividades
pesqueiras e da caça indiscriminada.

Devido à superexploração da pesca, atualmente encontram-se


consideravelmente esgotadas pelo menos 25 das mais valiosas
zonas pesqueiras do mundo. Cinco das oito regiões com maior
número de reservas pesqueiras esgotadas são regiões
desenvolvidas (Atlântico do Noroeste, Atlântico do Nordeste,
Mediterrâneo, Pacífico do Noroeste e Pacífico do Nordeste). No
mar peruano, a pesca da anchoveta ocasionou seu colapso entre
1971 e 1978. Seu habitat foi ocupado pela sardinha, pela cavala,
pelo bonito e pela merluza. A alteração ecológica trouxe como
conseqüência um grave prejuízo econômico e ambiental (a pesca
44
predatória da anchoveta provocou a diminuição da população de
aves guanadeiras - aves marinhas).

Quanto aos animais terrestres, estes são caçados principalmente


para a obtenção de carne e peles. O comércio internacional
converteu-se em uma ameaça para muitas espécies, dada a
exigência cada vez maior do mercado internacional pelas
espécies raras da fauna. Esse abuso ameaça 40% de todas as
espécies de vertebrados em vias de extinção, representando o
maior perigo que pesa sobre os répteis.

Minerais
Os minerais são corpos inorgânicos naturais, de composição
química e estrutura cristalina definidas. Sua importância é grande
por seus diversos usos na indústria. Constituem as matérias-
primas ou recursos mais importantes para fabricar as ferramentas
da civilização. No total, há na crosta terrestre mais de 2.000
minerais distintos, que apresentam uma deslumbrante variedade
de cores, formas e texturas.

Os minerais têm sua origem nas rochas, que não são mais que
uma mistura complexa de minerais ou que, às vezes, são
formadas por um só tipo de mineral.

Há minerais metálicos (que são muito consistentes e possuem


brilho) e não metálicos (de menor consistência apresentam-se em
estado sólido, líquido ou gasoso e não brilham).

Uma característica dos minerais é que são esgotáveis, ou seja,


uma vez que são explorados não se renovam. O petróleo, o
cobre, o ferro, o carvão natural etc., um dia irão esgotar-se. Por
este motivo, é necessário utilizá-los com prudência, evitando seu
desperdício.

Desde os tempos pré-históricos, os seres humanos souberam


utilizar os minerais. Já na Idade da Pedra usava-se o sílex; mais
tarde, o bronze e o ferro. O carvão natural serviu para o grande
avanço industrial do século passado, alimentando as usinas e as
máquinas a vapor. O urânio, atualmente, alimenta os reatores
atômicos. Mas em todos os tempos os minerais mais
"explorados" foram os diamantes e o ouro.

45
A exploração e o uso irracional dos minerais encontram-se
associados à poluição. Por exemplo, a eliminação de resíduos
das minas resulta em contaminação dos recursos hídricos; e o
uso do carvão natural está associado à poluição atmosférica.

Entre os principais minerais encontram-se: o carbono


(fundamento dos compostos químicos orgânicos, por exemplo o
petróleo), o ferro, o cobre, o urânio, o chumbo, o zinco, o
alumínio, o ouro e a prata.

Energia
Constitui o recurso mais misterioso da natureza e está associado
ao movimento. Em conjunto com a matéria, forma o mundo, o
cosmo. A matéria é a substância; a energia, o móvel da
substância, do universo. A matéria pesa, ocupa um lugar, pode
ser vista, ouvida, apalpada; a energia não é vista, somente são
vistos seus efeitos. Podemos ver cair uma pedra, mas não
podemos ver a energia liberada para dar movimento a essa
pedra. Podemos ver a lua e comprovar seus movimentos;
entretanto, não podemos ver a energia, ou força, que faz com
que a lua se mova. Portanto, a energia só pode ser definida em
função de seus efeitos, como a capacidade de efetuar um
trabalho.

A energia manifesta-se de muitas formas em nossa vida diária.


Assim temos:

- a energia mecânica, que corresponde a de qualquer objeto em


movimento;
- a energia térmica ou do calor;
- a energia radiante, que é a gerada pelo Sol e pelas estrelas,
pelas ondas de rádio e por todo tipo de radiações;
- a energia química, contida nos alimentos e nos combustíveis,
como o petróleo;
- a energia elétrica, que corresponde à eletricidade e aos imãs; e
- a energia nuclear, que mantém unidas as partículas dos
átomos.
Uma particularidade da energia é que se pode transformar.
Qualquer forma de energia pode ser convertida em outra. Um
exemplo é o ciclo hidrológico: a água dos mares ou dos lagos

46
evapora-se e passa para a atmosfera graças ao calor produzido
pela energia radiante proveniente do sol. O vapor condensa-se
em forma de nuvens e cai como chuva, neve ou granizo nas
montanhas. Ao escoar, a água move as turbinas de uma usina
hidrelétrica, transformando a energia mecânica em corrente
elétrica que, ao ser conduzida pelos fios, aciona equipamentos
eletrodomésticos.

Porém, a fonte fundamental de energia é o Sol, do qual se diz ser


o "motor do mundo energético". Essa pode ser a razão pela qual
muitas das civilizações antigas adoravam esse astro.

No estudo sobre Meio Ambiente, interessa-nos principalmente o


modo como a luz se relaciona com o conjunto de seres vivos e
como a energia é transformada dentro da comunidade desses
seres (animais e plantas), seja nas relações entre plantas
(produtoras de alimentos) e animais consumidores (herbívoros);
entre os animais carnívoros e suas presas; ou entre o número de
animais e plantas e os alimentos disponíveis em uma
determinada área.

As plantas produzem alimentos pela ação da luz sobre a clorofila


das folhas. Mas somente uma pequena porção da luz absorvida
pelas plantas verdes é transformada em alimento; a maior parte
dela transforma-se em calor, que logo é irradiado pela planta.
Todos os demais seres vivos obtêm energia através dos
alimentos, convertendo grande parte dela em calor e acumulando
uma pequena parte da energia em compostos como proteínas,
gordura e outros produtos.

Existem energias renováveis e energias não renováveis. Por


exemplo, a energia radiante produzida pelo Sol, e que logo se
transforma, é uma energia renovável. Mas a energia química
produzida pela combustão do petróleo é uma energia não
renovável, porque o petróleo pode se esgotar.

É por isso que a tendência moderna é pela utilização mais ampla


das energias renováveis, fundamentando o desenvolvimento
sustentável.

47
Tabela 1.5. Brasil: Oferta de energia por fonte - dados em tep
(tonelada equivalente de petróleo), apresentados no Balanço
Energético Brasileiro 1998. Fonte: Adaptado de Castro (1999) e Ben
2006 (2006).

A oferta interna de energia total no Brasil, em 2005, atingiu 218,6


milhões de TEP (1), sendo que, desse total, 97,7 milhões de tep
ou 44,7% correspondem à oferta interna de energia renovável.

Essa proporção é das mais altas do mundo, contrastando


significativamente com a média mundial, de 13,3%, e mais ainda
com a média dos países que compõem a Organização de
Cooperação e de Desenvolvimento Econômicos - OCDE (2), em
sua grande maioria países desenvolvidos, de apenas 6%.

48
_________________________

1 (TEP) Toneladas Equivalentes de Petróleo.


2 São os seguintes os 30 países membros da Organisation de
Coopération et de Développement Économiques: Alemanha,
Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Coréia do Sul, Dinamarca,
Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Holanda,
Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Luxemburgo, México,
Noruega, Nova Zelândia, Polônia, Portugal, Reino Unido,
República Eslovaca, República Tcheca, Suíça, Suécia e Turquia.
Além desses países, também integra a OCDE a União Européia.

O Desenvolvimento Sustentável
Que é o desenvolvimento sustentável?

O termo desenvolvimento sustentável foi estabelecido pela


International Union for The Conservation of Nature (IUCN),
embora sua popularidade tenha origem no relatório "Nosso futuro
comum" ou relatório Bruntland (WCED, 1987), preparado pela
Comissão Bruntland das Nações Unidas, no qual se lê:
"O desenvolvimento sustentável satisfaz as necessidades atuais sem
comprometer a capacidade de futuras gerações de satisfazer suas
próprias necessidades".

Os componentes substantivos nesta definição são as questões


de eqüidade, tanto entre uma mesma geração como entre as
diferentes gerações, a fim de que todas as gerações, presentes e
futuras, aproveitem ao máximo sua capacidade potencial.

49
Porém, a maneira como as atuais oportunidades estão
distribuídas não é, na realidade, indiferente. Seria estranho que
estivéssemos preocupados profundamente com o bem-estar das
futuras gerações e deixássemos de lado a triste sorte dos pobres
de hoje. No entanto, atualmente, nenhum desses dois objetivos
tem assegurada a prioridade que merece.

Conseqüentemente, talvez uma reestruturação das pautas


concernentes à distribuição da renda, à produção e ao consumo
em escala mundial seria uma condição prévia necessária a toda
estratégia viável de desenvolvimento sustentável.

O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu em um


contexto de crise econômica e da revisão dos paradigmas de
desenvolvimento. A crise econômica na maior parte do mundo, a
instabilidade, o aumento da pobreza etc., punham em dúvida a
viabilidade dos modelos convencionais, inclusive, a própria idéia
de "desenvolvimento" havia sido sustada das políticas ante a
urgente necessidade de estabilizar as economias e recuperar o
crescimento econômico.

O surgimento da idéia do desenvolvimento sustentável teve


repercussões importantes em todos os meios - graças aos
esforços da Comissão das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) - devido à necessidade
de renovar concepções e estratégias, buscando o
desenvolvimento das nações pobres e reorientando o processo
de industrialização dos países mais avançados.

O conceito convencional de desenvolvimento se referia ao


processo de melhoria das condições econômicas e sociais de
uma nação. O enfoque da Comissão buscou ir além da dimensão
econômica e social, tratando de incluir a questão ambiental como
um dos elementos centrais da concepção e da estratégia do
desenvolvimento.

Ao qualificar o desenvolvimento com o adjetivo "sustentável",


incorpora-se um conceito de capacidade de subsistir ou
continuar. A sustentabilidade expressa uma preocupação com o
meio ambiente para que as gerações futuras o utilizem e o
desfrutem da mesma forma que a presente.

50
Neste caso, "desenvolvimento" não é sinônimo de "crescimento".
Crescimento econômico é entendido como aumentos na renda
nacional. Em contra partida, o desenvolvimento implica algo mais
amplo, uma noção de bem-estar econômico que reconhece
componentes não monetários. Estes podem incluir a qualidade do
meio ambiente.

O desenvolvimento sustentável busca resolver os velhos


problemas do desenvolvimento, com novos condicionantes que
tornam mais complexa tal tarefa como, por exemplo, a superação
da pobreza e distribuição eqüitativa na sociedade. Este conceito
agrega a necessidade de que esses propósitos se cumpram sem
acelerar a deterioração ambiental, inclusive recuperando, na
medida do possível, os entornos ambientais degradados.

Em conseqüência, o desenvolvimento sustentável exige que se


definam prazos, com qual ordem de prioridades, a que níveis e
escalas e quais recursos econômicos utilizar para obter a
sustentabilidade. Essa tarefa é muito complexa, dado os
aspectos sociais, políticos e elementos técnicos implicados, por
exemplo, na superação da pobreza, em que a sustentabilidade
pode ser inalcançável, mesmo em prazos relativamente longos.

Outro problema a ser considerado é o da interpretação. Na


bibliografia sobre o tema excedem as definições de
desenvolvimento sustentável incorretas ou distorcidas que,
freqüentemente, alteram a idéia original. Por exemplo, uma
grande parte da literatura disponível tende a reduzir o conceito a
uma mera sustentabilidade ecológica ou a um desenvolvimento
ecologicamente sustentável, preocupando-se apenas com as
condições ecológicas necessárias para manter a vida humana ao
longo das gerações futuras (Bifani, 1997). Esse enfoque, embora
útil, é claramente reducionista, por não considerar as dimensões
social, econômica e política do termo.
Uma forma de medir o desenvolvimento é através de indicadores,
os quais normalmente estão relacionados apenas com questões
econômicas. Contudo, quando se busca um caminho para o
desenvolvimento sustentável, os indicadores devem ter de
considerar as dimensões: econômica, social e ambiental.

51
O desenvolvimento sustentável como conceito básico
Pode-se analisar desenvolvimento sustentável como um conceito
(metaconceito) incompleto e aberto, uma nova maneira de
expressar nossa relação com a biosfera e seus processos,
assinalando um horizonte no qual se situa uma cidadania mais
preocupada e conscientizada, alguns governos expectantes, e
alguns cientistas que busquem recuperar o sentido da ciência.

Como assinala Jiménez Herrero (1992), o conceito


(metaconceito) de desenvolvimento sustentável tem quatro
vantagens:

1. baseia-se em um acordo geral em torno de uma definição que


engloba toda uma série de problemas interrelacionados e em
referência ao contexto no qual se deve buscar as soluções;
2. trata-se de um conceito de aplicabilidade universal;
3. representa uma unificação de interesses tradicionalmente
contrários;
4. abre um caminho de reconciliação entre economia e ecologia,
reforçando a estratégia de crescimento econômico tendo como
base as transformações em sua estrutura.
Com efeito, se consideramos que os fatores de produção são os
recursos naturais, a mão-de-obra e o capital, torna-se possível o
emprego de menos recursos naturais, empregando uma maior
quantidade de outros dos fatores como, por exemplo,
empregando mais pessoas nos processos de transformação ao
estilo tradicional (embora em condições mais adequadas), ou

52
reinvestindo parte dos benefícios em conservação e melhoria
ambiental.

Por um lado, Daly (citado por RIVAS, 1997), nos diz que para que
uma sociedade seja fisicamente sustentável, seus insumos
globais materiais e energéticos devem cumprir três condições:
que suas taxas de utilização de recursos não renováveis não
excedam suas taxas de regeneração; que tampouco excedam a
taxa na qual os substitutivos renováveis se desenvolvem; e que
suas taxas de emissão de agentes poluentes sejam de acordo
com a capacidade de assimilação do meio ambiente.

Sustentabilidade e modificação de estruturas


Para os autores de "Mais Além dos Limites do Crescimento"
(citados por RIVAS, 1997), ante os preocupantes sinais de
crescimento insustentável da sociedade, as respostas possíveis
são três:

- uma primeira resposta mais ou menos convencional: disfarçar,


negar ou confundir esses sinais; isto se consegue escondendo e
exportando os resíduos, controlando preços, trasladando os
custos ao meio ambiente, buscando novos recursos etc.;

- uma segunda resposta consiste em aliviar a pressão do planeta


mediante artifícios de tipo tecnológico (tecnosfera), porém, sem
abordar as causas profundas que subjazem aos problemas
(sociosfera). Trata-se de uma posição ambientalista de caráter
reformista, que embora seja necessária, nunca pode ser
definitiva;

- a terceira resposta está na direção de restabelecer as coisas, a


partir de uma análise profunda das causas, mudando as
estruturas. É evidente que essa posição tem um sentido moral
mais profundo, razão pela qual é também mais sustentável.

Estamos de acordo com esse panorama e com sua visão de um


mundo mais sustentável, representado pela terceira resposta,
com alguns traços bem definidos, a saber:

- valores sociais como a eficiência, a justiça e a eqüidade;


- regeneração dos valores (e da prática) política;

53
- suficiência material e segurança para todos;
- estabilidade populacional em seu mais amplo sentido;
- trabalho como forma de realização e dignidade pessoal;
- economia como um meio e não como um fim;
- sistemas de energia eficientes e renováveis;
- sistemas de materiais cíclicos e eficientes;
- agricultura regenerativa de solos;
- acordo social sobre certos impactos que a natureza não pode
assumir;
- preservação da diversidade biológica e cultural;
- estruturas políticas que permitam um equilíbrio a curto e longo
prazos;
- resolução dialogada dos conflitos.
Os traços anteriores podem também ser interpretados sob três
condições para que o desenvolvimento sustentável seja uma
alternativa viável: progresso científico, tecnologia social e nova
estrutura de tomada de decisões. O progresso científico continua
sendo necessário em diferentes frentes, como o da pesquisa na
busca de métodos mais eficientes no uso da energia ou dos
materiais. A tecnologia social, em forma de instrumentos mais
adequados para o estudo das sociedades, suas dinâmicas e
estruturas, é imprescindível para sair do círculo vicioso de nosso
comportamento como espécie, tanto em nível individual quanto
no dos estados-nação. Uma nova estrutura na tomada de
decisões pode favorecer a integração dos fatores
socioeconômicos e ambientais na definição das políticas a serem
seguidas e nos esquemas de planejamento e gestão.

Para David Malin, um dos autores de "Estado do mundo 1999",


do World Watch Institute, deverá ser dos governos a
responsabilidade por grande parte da pressão necessária para
avançar em direção a uma sociedade moderna por um caminho
sustentável. O paradoxo é que, embora devam introduzir
mudanças estruturais importantes nas economias, não podem
planejar essas mudanças, precisamente pela magnitude e
complexidade destas.

Malin cita como exemplo o problema da mudança climática


global: o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática tem
calculado de forma conservadora que a atmosfera não pode
sustentar mais de 2.000 milhões de toneladas por ano de
emissões de carbono sem sofrer uma grave alteração.
54
Distribuindo esse número de maneira uniforme entre as 10.000
milhões de pessoas que, como se prevê, irão compartilhar o
Planeta em 2100, obtém-se uma cota de meio kg por dia por
pessoa. Um automóvel poderia circular 4 quilômetros com essa
quantidade. Os EUA, o Japão e outros países emitem carbono
entre 12 e 27 vezes essa cifra atualmente, e o ritmo continua
aumentando.

Caso aumentem gradualmente os impostos sobre o carbono em


todo o mundo, durante 50 anos, chegando a 250 dólares por
tonelada em 2050, as emissões globais poderiam estabilizar-se
nessa data, à medida que as pessoas e as empresas utilizassem
os combustíveis fósseis de maneira mais eficiente e passassem a
usar a energia solar ou outras fontes de energia.Se o imposto
continuasse subindo depois de 2050, as emissões quase
poderiam deter-se em 2100.

No entanto, tal como se verá, há sérias dificuldades a serem


vencidas, pelo menos quanto às previsões do Protocolo de
Quioto, aprovado em 1997, que fixa uma redução de 5,2%, com
relação aos níveis de 1990, até 2008-2010, dos gases de efeito
estufa emitidos na atmosfera pelos países desenvolvidos. O
problema, na realidade, é a resistência de certos países, como
EUA, que prevêem inclusive a compra de emissões de países
com "excedentes", como Rússia, mecanismo "legal" introduzido
em Quioto pelos interessados.

Por isso, impulsionar os países para a sustentabilidade


representa para muitos uma modificação de caráter social só
comparável à revolução agrícola do neolítico tardio e à revolução
industrial. A diferença a favor do desenvolvimento sustentável é
que as anteriores revoluções foram graduais e espontâneas,
enquanto a da sustentabilidade deve ser uma opção totalmente
consciente, início da era planetária e do verdadeiro exercício da
liberdade compartilhada.

Críticas ao conceito do desenvolvimento sustentável


Evidentemente, há uma crítica nessa tendência ao
desenvolvimento sustentável. A recepção universal do
desenvolvimento sustentável não deixa de levantar
desconfianças, especialmente em torno do movimento da defesa
55
do meio ambiente. Ao vincular a proteção ambiental com o
desenvolvimento econômico, o "desenvolvimento sustentável"
parece suavizar os conflitos entre esses fins.

Durante muitos anos, tem-se lutado para demonstrar como a


expansão industrial causa dano ao meio ambiente e, agora, justo
quando o nível de deterioração ameaça dar razão a essa luta,
aparece o termo "desenvolvimento sustentável" como uma
varinha mágica para fazer desaparecer tais conflitos com uma só
meta unificadora.

No entanto, é evidente que os conflitos permaneçam. A proteção


do meio ambiente significa restrições à atividade econômica.
Embora o crescimento econômico e a conservação não sejam
incompatíveis, continuam sendo maus companheiros.

Há o perigo de que o desenvolvimento sustentável se constitua


em um sinal verde para seguir como sempre. Ao não especificar
exatamente que grau de proteção ambiental se requer, o termo
oferece aos governos e à indústria um meio para associar-se à
defesa do meio ambiente sem se comprometer.

Convênios, tratados e políticas de alcance internacional


realizados em torno do desenvolvimento sustentável
A preocupação com o meio ambiente tem sido especialmente
intensa nesses últimos trinta anos, gerando uma série de
documentos/ações, conferências e acordos de âmbito
internacional.

Estas ações constituem marcos referenciais e o estudo de seu


desenvolvimento nos oferece a possibilidade de estabelecer um
diagnóstico dinâmico da situação do meio ambiente no âmbito
global, além de auxiliar na compreensão do processo de
formulação de medidas para enfrentar os problemas que
ameaçam o equilíbrio do ambiente no planeta.

Embora as principais referências sobre as atuações mundiais em


matéria de meio ambiente estejam lançadas na década de 1970,
é importante observar que elas não surgem isoladas dos
crescentes problemas de degradação e contaminação que se
estabeleceram, com maior impacto, a partir do século XX.

56
Neste contexto, as questões econômicas, tecnológicas, políticas
e sociais se entrelaçam e definem um cenário particular em que
essas atuações se desenvolvem, na prática.

Figura 2.1: Esquema cronológico das atuações internacionais de


maior destaque na área ambiental.

Ao longo deste capítulo será possível verificar que as alternativas


para tratar os problemas ambientais não são construídas de
forma simplificada ou instantânea. Elas se estabelecem de
maneira gradual, e indicam um caminho de amadurecimento e
aprendizado específico que resulta do processo de buscar
soluções coletivamente.

57
Por essa razão, embora se tenha levado quase 70 anos para que
esse movimento global emergisse, nos últimos trinta anos ele se
potencializou de forma espetacular, atingindo proporções que
ultrapassam o controle das grandes ações mundiais promovidas
por instituições de caráter global ou governos nacionais,
encontrando eco também nas ações não-governamentais e nos
espaços locais ou regionais.

O primeiro relatório do Clube de Roma (1972)


O Primeiro Relatório do Clube de Roma, de 1972, intitulado
"Limites do Crescimento", reconhece que:

Não pode haver crescimento infinito com recursos finitos.


Esse relatório expõe uma versão certamente pessimista quanto
ao esgotamento dos recursos naturais no planeta. A importância
desse relatório consiste no fato de que, pela primeira vez.,
questiona-se o desenvolvimento infinito. Até esse momento, as
reflexões sobre limites, embora existissem, não faziam parte de
um pensamento majoritário. Geralmente a sensação era que se
operava no inalcançável infinito (OLIVA, 2004).

Neste relatório são expostos cinco fatores básicos que


determinam e limitam o crescimento no planeta.

- a população;
- a produção agrícola;
- os recursos naturais;
- a produção industrial;
- a poluição.
Como medidas paliativas, propõe-se deter o crescimento
demográfico, limitar a produção industrial, o consumo de
alimentos e matérias-primas e cessar a poluição.

Apesar de as previsões contidas no relatório não serem


cumpridas, este representou um ponto de inflexão na visão do
desenvolvimento.

Se repassarmos atentamente a definição de desenvolvimento


sustentável proporcionada pelo Relatório Bruntland,
observaremos que é estritamente física, ou seja, baseada
exclusivamente na capacidade de carga do planeta, podendo

58
considerá-la, em certa medida, como um legado das advertências
coletadas no documento "Os limites do crescimento" (OLIVA,
2004).

A conferência de Estocolmo (1972)

Em 1972, celebrou-se a Conferência de Estocolmo sobre o Meio


Ambiente (também denominada Conferência Internacional sobre
o Meio Humano), da Organização das Nações Unidas (ONU),
com a participação de representantes de 113 nações.
Nessa Conferência, a atenção internacional esteve centrada, pela
primeira vez, na temática ambiental, trazendo como foco a
degradação do ambiente e o conceito de "contaminação
transfronteiriça". Reconhecia-se, assim, o fato de que a
contaminação ambiental ultrapassava os limites políticos ou
geográficos, podendo afetar países, regiões e outros povos,
mesmo que não estivessem atuando diretamente no processo de
degradação de seu próprio ambiente.

Nos anos que se seguiram, esse conceito ganhou força,


consolidando o caráter transnacional que as questões ambientais
implicavam. Abriram-se espaços importantes para o
desenvolvimento de propostas de ações conjuntas (científicas,
técnicas, econômicas, políticas e sociais) entre todos os países e
regiões com objetivo de construir alternativas para enfrentar esse
problema de forma mais efetiva.

Essa Conferência marca o início de uma série de encontros


posteriores, com a intenção de refletir sobre a problemática
ambiental e sugerir propostas de soluções alternativas com
alcance planetário. Em resposta à Conferência de Estocolmo,
forma-se o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA) que, junto à União Internacional para a Conservação
da Natureza (UICN) e a World Wildlife Fund (WWF), elaboram e
apresentam em 1980 sua "Estratégia Mundial de Conservação da
Natureza" (EMC).

A EMC define a conservação como:

59
"A gestão pelo homem da utilização da biosfera de forma que produza
um melhor e mais sustentado benefício para as gerações atuais,
porém, que mantenha sua potencialidade para satisfazer as
necessidades e aspirações das gerações futuras".
Portanto, é um conceito que abrange a preservação, a
manutenção e a utilização sustentável, a restauração e a
melhoria do entorno natural, podendo-se afirmar que a
conservação é a garantia de um desenvolvimento a longo prazo.

Os delineamentos da EMC estabelecem três finalidades


fundamentais:

1. manutenção dos processos ecológicos e dos sistemas vitais


essenciais (por exemplo, regeneração de solos,
reciclagem de substâncias, purificação das águas);
2. preservação da diversidade genética, o que exige a
conservação das espécies e da diversidade genética de uma
própria espécie;

3. utilização sustentada das espécies e dos ecossistemas, sem


superar em nenhum caso a capacidade do
ecossistema.

Convênio sobre o Comércio Internacional de Espécies


Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestre (CITES)

Esse Convênio foi adotado, em Washington, em 1973, e está


vigente desde 1975, sendo ratificado por 111 Estados. Tem por
finalidade estabelecer listas de espécies ameaçadas, cujo
comércio internacional está proibido ou regulado através de
licenças ou cotas, de forma que se possa combater o comércio
ilegal e a superexploração desses recursos vivos.
O Convênio inclui as espécies divididas em três categorias, com
níveis progressivos de restrição em seu comércio. Além disso,
financia estudos de populações com o objetivo de diminuir seu
grau de ameaça.

O relatório da comissão Brandt - Programa para a sobrevivência e


crise comum

60
O Relatório da Comissão Brandt foi publicado em 1980, a partir
de uma comissão independente, formada em 1977, e da ação do
então presidente do Banco Mundial, Robert MacNamara, e do ex-
chanceler alemão Willi Brandt. Esse relatório destaca que a
sociedade contemporânea apresenta-se como um sistema frágil
com interdependências; conseqüentemente, os problemas locais
(especialmente os relacionados com meio ambiente, energia,
ecologia e setores econômicos e comerciais) somente poderão
ser resolvidos em nível internacional.

O relatório do Instituto Worldwatch

O Relatório do Instituto Worldwatch sobre o estado do mundo é


apresentado anualmente desde 1984. No relatório "Estado do
Mundo 1997", denunciava-se que, cinco anos após a realização
da Cúpula da Terra do Rio de Janeiro, a maioria dos governos do
mundo não estava cumprindo suas recomendações. Desde a
cúpula do Rio, "a população mundial cresceu em 450 milhões de
habitantes, vastas áreas de florestas têm perdido suas árvores e
as emissões anuais de dióxido de carbono procedentes de
combustíveis fósseis, a principal causa do efeito estufa, tem
alcançado sua cota mais alta". Esse relatório culpa oito países
pela falta de cumprimento dos compromissos (Estados Unidos,
Indonésia, China, Brasil, Rússia, Japão, Alemanha e Índia), que
representam 56% da população mundial, 53% da superfície
florestal da Terra e 58% das emissões de CO2.
Em 2005, em sua 24ª edição, o Relatório "Estado do Mundo
2005" centra-se na redefinição do conceito de segurança,
dedicando-se aos temas do desenvolvimento sustentável e da
utilização dos recursos naturais. O documento estabelece
relações entre segurança e mudanças no perfil da população
(grande contingente de jovens desempregados, por exemplo),
falta de acesso à água e aos alimentos, dependência crescente
de petróleo nos países desenvolvidos e também questões de
desarmamento em sociedades que saíram recentemente de
conflitos armados.

O relatório Brundtland

61
O Relatório Brundtland (1987) foi apresentado pela Comissão
Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) da ONU,
sob o título de "Nosso Futuro Comum", mais conhecido como
Relatório Brundtland, em homenagem a sua presidenta, Gro
Harlem Brundtland, primeira-ministra da Noruega.
Esse relatório assinalava que a economia mundial deveria
satisfazer as legítimas necessidades e aspirações da população,
devendo o crescimento, no entanto, estar em consonância com o
caráter esgotável dos recursos do planeta. Com esse relatório,
introduz-se a noção de Desenvolvimento Sustentável, definido
como "um desenvolvimento que satisfaça as necessidades
presentes, sem pôr em risco a possibilidade das futuras gerações
satisfazerem às suas".

Perceba que, em 1987, o Relatório Brutland introduziu o conceito


de "Desenvolvimento Sustentável".

O protocolo de Montreal
Em 16 de setembro de 1987, 46 países firmaram o Protocolo de
Montreal, relacionado às substâncias que esgotam a camada de
ozônio. Posteriormente (em 1995), essa data foi proclamada pela
Assembléia Geral da ONU como Dia Internacional de
Preservação da Camada de Ozônio.

O Protocolo de Montreal fixou as seguintes metas:

- redução de 50% do consumo de cinco tipos de CFC para finais


do século; e
- congelamento do consumo de três tipos de halons (agentes de
extintores de incêndio).
Para os países em processo de desenvolvimento, o período de
tempo determinado para alcançar essas metas foi fixado em dez
anos. Esse Protocolo é caracterizado por sua flexibilidade, sendo
que as reuniões posteriormente celebradas (Londres, 1990;
Copenhague, 1992; Viena, 1995; e Montreal, 1997) serviram para
reajustar os objetivos a serem cumpridos, em decorrência das
inovações tecnológicas e científicas, já que estas permitiriam a
redução das datas limites fixadas.

62
A primeira Cúpula da Terra (1992): uma estratégia para o futuro
A primeira Cúpula da Terra foi celebrada em junho de 1992, no
Rio de Janeiro (Brasil), organizada simultaneamente à
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (UNCED), como conseqüência da decisão
tomada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 22 de
Dezembro de 1989.

Essa Cúpula reuniu os mais altos representantes de 179 países,


centenas de funcionários de organismos da ONU, representantes
de governos municipais, grupos de pesquisadores, empresários,
ONGs e outros grupos, ficando marcada como a mais ampla
reunião de dirigentes mundiais já organizada.

De forma paralela, organizou-se o Fórum Mundial 92, no qual


efetuaram-se reuniões, palestras, seminários e exposições sobre
temas ambientais.

No Rio de Janeiro, foram criados cinco documentos: dois acordos


internacionais, duas declarações de princípios e um programa de
ação sobre desenvolvimento mundial sustentável.

As declarações e o programa de ação gerados pela Cúpula da


Terra foram os seguintes:

- Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento


Sustentável;
- Agenda 21;
- Declaração de Princípios Relativos às Florestas.
Os acordos internacionais, materializados em dois convênios
(que possuem maior força jurídica que uma declaração)
subscritos pela maioria dos 179 governos reunidos no Rio foram
os seguintes:

- Convênio Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática;


- Convênio sobre Biodiversidade.

A Declaração do Rio

A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

63
contempla 27 princípios que pretendem estabelecer as bases
para um desenvolvimento sustentável.

Declaração do Rio
Princípio 1: Os seres humanos constituem o centro das
preocupações relacionadas ao desenvolvimento sustentável.
Todos têm direito a viver saudável e produtivamente em
harmonia com seu entorno.

Princípio 2: De acordo com a Carta das Nações Unidas e com os


princípios do direito internacional, os Estados possuem o
soberano direito de utilizar de melhor modo seus próprios
recursos, conforme suas próprias políticas ambientais e de
desenvolvimento; e a responsabilidade de velar para que as
atividades realizadas dentro de sua jurisdição, ou sob seu
controle, não originem danos ao meio ambiente de outros países
ou de zonas situadas fora dos limites de toda a jurisdição
nacional.

Princípio 3: O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de


maneira que responda equitativamente às necessidades
ambientais e de desenvolvimento das gerações presentes e
futuras.

Princípio 4: Para o desenvolvimento sustentável, a proteção do


meio constitui parte integrante de todo processo produtivo, não
podendo ser considerado de forma isolada.

Princípio 5: Todos os Estados e todas as pessoas deverão


cooperar no trabalho essencial de erradicar a pobreza como
exigência indispensável ao desenvolvimento sustentável, a fim de
reduzir as disparidades nos níveis de vida e de responder melhor
às necessidades da imensa maioria de cada povo.

Princípio 6: A situação e as necessidades especiais dos países


em desenvolvimento, em particular dos países menos avançados
e mais vulneráveis sob o ponto de vista ambiental, hão de ser
objeto de atenção prioritária. Nas medidas internacionais a serem
adotadas com respeito ao meio ambiente e ao desenvolvimento,
deve-se ter em conta os interesses e as necessidades de todos
os países.

64
Princípio 7: Os Estados devem cooperar com espírito de
solidariedade mundial, para conservar, proteger e restabelecer a
saúde e a integridade do ecossistema Terra. Dado que
contribuíram sob diferentes formas para a degradação do meio
ambiente mundial, os Estados possuem responsabilidades
comuns, porém diferenciadas. Os países desenvolvidos
reconhecem a responsabilidade que lhes corresponde na
consecução internacional do desenvolvimento sustentável,
considerando as pressões que suas sociedades exercem sobre o
meio ambiente mundial e as tecnologias e recursos financeiros
disponíveis.

Princípio 8: Com objetivo de alcançar o desenvolvimento


sustentável e uma melhor qualidade de vida para todas as
pessoas, os Estados devem reduzir e eliminar os sistemas de
produção e consumo insustentáveis, assim como fomentar as
políticas demográficas que sejam mais apropriadas.

Princípio 9: Os Estados devem cooperar para que as


capacidades endógenas que subjazem às pessoas emerjam para
alcançar o desenvolvimento sustentável, aumentar o saber
científico por meio do intercâmbio de conhecimentos científicos e
tecnológicos, e intensificar o desenvolvimento, a adaptação, a
difusão e a transferência de tecnologias, entre estas, de
tecnologias novas e inovadoras.

Princípio 10: O modo mais conveniente de tratar as questões


ambientais inclui a participação de todos os cidadãos envolvidos.
Na esfera nacional, toda pessoa deverá ter acesso adequado à
informação sobre o meio ambiente, disponibilizada pelas
autoridades públicas, incluindo-se a informação sobre materiais e
atividades que comportem perigo para suas comunidades,
devendo ter também a oportunidade de participar nos processos
de tomada de decisões. Os Estados devem facilitar e fomentar a
sensibilização e a participação do público, pondo a informação à
disposição de todos. Terá que ser proporcionado um acesso
efetivo aos procedimentos judiciais e administrativos e, entre
estes, a compensação por danos aos recursos pertinentes.

Princípio 11: Os Estados devem promulgar leis eficientes sobre


meio ambiente. As normas ambientais, os objetivos e as
prioridades em matéria de ordenamento ambiental devem refletir

65
o contexto ambiental e de desenvolvimento ao qual são
aplicados. As normas aplicadas por alguns países podem ser
inadequadas e representar um custo social e econômico
injustificado para outros países, em particular para os países em
desenvolvimento.

Princípio 12: Os Estados devem cooperar para a promoção de


um sistema econômico internacional favorável e aberto, que
conduza ao crescimento econômico e ao desenvolvimento
sustentável de todos os países, mantendo a finalidade de
abordar, da melhor maneira, os problemas da degradação
ambiental. As medidas de política comercial com fins ambientais
não devem implicar em discriminações arbitrárias ou
injustificáveis, nem em restrições ao comércio internacional. Não
deve haver medidas unilaterais para solução dos problemas
ambientais produzidos fora da jurisdição do país importador. As
medidas destinadas ao tratamento dos problemas ambientais
transfronteiriços ou mundiais devem estar baseadas, na medida
do possível, num consenso internacional.

Princípio 13: Os Estados devem desenvolver a legislação


nacional relativa à responsabilidade legal e à indenização das
vítimas da poluição e de outros danos ambientais. Os Estados
devem cooperar também, de forma desembaraçada e decisiva,
na elaboração de novas leis internacionais sobre
responsabilidade e indenização por danos ambientais, causados
por atividades realizadas dentro de sua jurisdição, ou sob seu
controle, em regiões situadas fora dela.

Princípio 14: Os Estados devem cooperar efetivamente para inibir


ou evitar a relocação e transferência para outros países de
quaisquer atividades e substâncias que sejam origem de
degradação ambiental grave, ou consideradas nocivas para a
saúde humana.

Princípio 15: Para proteção do meio ambiente os Estados devem


aplicar amplamente o critério de precaução, de acordo com suas
capacidades. Quando há perigo de dano grave ou irreversível, a
falta de certeza científica absoluta não poderá servir de base para
postergação, em função de custos da adoção de medidas
eficazes, para impedir a degradação do meio ambiente.

66
Princípio 16: Os poderes públicos devem fomentar a
internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos
econômicos, considerando o critério de que quem contamina
deve, a princípio, assumir os custos da poluição, e defender o
interesse público, sem distorcer o comércio e os investimentos
internacionais.

Princípio 17: Deve-se efetuar a avaliação do impacto ambiental,


na qualidade de instrumento nacional, de qualquer atividade
suscetível de produzir um considerável impacto negativo sobre o
meio ambiente, estando esta sujeita à decisão de uma autoridade
nacional competente.

Princípio 18: Os Estados são obrigados a internotificarem-se, de


modo imediato, quanto aos desastres naturais ou a outras
situações de emergência que possam produzir efeitos nocivos
sobre o meio ambiente destes Estados. A comunidade
internacional deve fazer todo o possível para ajudar os Estados
afetados.

Princípio 19: Qualquer nação há de proporcionar as informações


pertinentes - notificando-as previamente de maneira oportuna -
aos demais Estados que possam ser afetados por atividades com
possíveis e consideráveis efeitos ambientais nocivos
transfronteiriços, devendo-se efetuar consultas a estes Estados
com suficiente antecipação e de boa fé.

Princípio 20: As mulheres possuem um papel fundamental na


ordenação do meio ambiente e no desenvolvimento. É
indispensável contar com a plena incorporação das mulheres
para alcançar o desenvolvimento sustentável.

Princípio 21: A criatividade, os ideais e o valor dos jovens do


mundo devem ser mobilizados para forjar uma aliança orientada
para alcançar o desenvolvimento sustentável, de modo a garantir
um melhor futuro para todos.

Princípio 22: Os povos indígenas e suas comunidades, e também


outras comunidades locais, têm um papel fundamental no
ordenamento do meio ambiente e no desenvolvimento, em
função de seus conhecimentos e práticas tradicionais. Os
Estados devem apoiar os povos indígenas, no intuito de
preservar suas identidades, suas culturas e seus interesses,
67
velando para que participem efetivamente na consecução do
desenvolvimento sustentável.

Princípio 23: O meio ambiente e recursos naturais dos povos


submetidos à opressão, dominação e ocupação devem ser
definitivo e plenamente preservados.

Princípio 24: A guerra é, por definição, inimiga do


desenvolvimento sustentável. Conseqüentemente, os Estados
devem respeitar as medidas do direito internacional que
garantam a proteção do meio ambiente, em épocas de conflito
armado, cooperando na posterior melhoria, conforme a
conveniência.

Princípio 25: A paz, o desenvolvimento e a proteção ao meio


ambiente são interdependentes e inseparáveis.

Princípio 26: Os Estados devem resolver suas controvérsias


sobre meio ambiente de forma pacífica, consoante à Carta das
Nações Unidas.

Princípio 27: Os Estados e povos devem cooperar de boa fé, com


espírito de solidariedade, na aplicação dos princípios
consagrados nesta Declaração e no ulterior desenvolvimento do
direito internacional, na esfera do desenvolvimento sustentável.

A Agenda 21
O Programa 21, ou, como é mais conhecido, Agenda 21, foi
elaborado pelo Comitê preparatório da UNCED e aprovado por
todos os países participantes da Cúpula da Terra. Esse Programa
desenvolvia um plano de ação para a década de 90, e inícios do
século XXI, como base para o desenvolvimento sustentável e a
proteção ambiental cada vez mais interdependentes.

Tal como mencionado no preâmbulo da seção I do documento,


"aborda os problemas cruciantes de hoje e trata de preparar o
mundo para os desafios do próximo século". Trata-se de um
documento dinâmico que pode evoluir com o tempo em função
das mudanças das necessidades e das circunstâncias.

A Agenda 21 é um programa global de ação dirigido a governos,


agências, organizações e programas do sistema das Nações
Unidas, ONGs, grupos de eleitores e público em geral.

68
Como parte de uma estratégia geral, são propostos meios
essenciais e sete temas, ou ações prioritárias, para aplicação do
Programa 21 pelas nações.

No Programa 21, descrevem-se as bases para a ação, os


objetivos, as atividades e os meios de execução para alcançar os
objetivos do desenvolvimento sustentável, ou seja,
desenvolvimento social, econômico e proteção do meio
ambiente.

Os meios essenciais para aplicar o Programa 21 são:

- informação para a tomada de decisões;


- mecanismos nacionais e de cooperação internacional para o
crescimento sustentável;
- uma tecnologia ambiental racional;
- instrumentos legais e mecanismos internacionais;
- acordos institucionais internacionais.

Os sete temas ou ações prioritárias, apresentam-se abaixo:

AS SETE BASES DE ATUAÇÃO DO PROGRAMA 21


1. O Mundo Próspero: revitalização do crescimento com critérios
sustentáveis. Revitalização do crescimento internacional para
acelerar o desenvolvimento sustentável nos países em
desenvolvimento e políticas nacionais relacionadas. Integração
do meio ambiente e o desenvolvimento no processo de tomada
de decisões.

2. O Mundo Justo: uma vida sustentável Luta contra a pobreza.


Mudanças nos modelos de consumo. Dinâmica demográfica e
sustentabilidade. Sanidade.

3. O Mundo Habitável: núcleos de população Desenvolvimento


sustentável dos núcleos de população. Abastecimento de água
nas cidades. Gestão ambiental limpa de resíduos. Contaminação
e sanidade urbana.

69
4. O Mundo Fértil Planejamento e gestão dos recursos da Terra.
Recursos de água doce. Recursos energéticos. Agricultura e
desenvolvimento rural sustentáveis. Desenvolvimento florestal
sustentável. Gestão de ecossistemas frágeis: Luta contra a
desertificação e a seca. Desenvolvimento sustentável das zonas
montanhosas. Desenvolvimento sustentável das áreas costeiras.
Desenvolvimento sustentável das ilhas. Conservação da
diversidade biológica. Gestão ambiental racional da
biotecnologia.

5. O Mundo das pessoas: participação e responsabilidade das


pessoas Educação, consciência pública e formação prática.
Fortalecimento do papel dos grupos principais: As mulheres. As
crianças e os jovens. As povoações indígenas e suas
comunidades. As organizações não governamentais. Os
agricultores. As iniciativas das autoridades locais. Os sindicatos.
O mundo dos negócios e da indústria. A comunidade científica e
tecnológica.

6. O mundo compartilhado: recursos globais e regionais.


Proteção da atmosfera. Proteção de oceanos e mares. Utilização
sustentável dos recursos marinhos vivos.

7. O mundo limpo: gestão de produtos químicos e de resíduos.


Gestão ambientalmente limpa dos produtos químicos tóxicos.
Gestão ambientalmente limpa de resíduos perigosos. Gestão
segura e ambientalmente limpa dos resíduos radioativos.

Como proposta, a Agenda 21 procura orientar meios para


alcançar o Desenvolvimento Sustentável, baseada no
planejamento do futuro, com ações de curto, médio e longo
prazos. É um roteiro de ações concretas com metas, recursos e
responsabilidades definidas. Esse documento está organizado
sob a forma de livro, contendo 40 capítulos, divididos em quatro
seções:

- Dimensões sociais e econômicas;


- Conservação e Gerenciamento dos Recursos para o
Desenvolvimento;

70
- Fortalecimento do papel dos grupos principais;
- Meios de Implementação.

O Programa 21 executará diversas ações em consonância com


as diferentes situações, capacidades e prioridades dos países e
das regiões, com plena observância de todos os princípios que
figuram na Declaração de Rio sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento.

Avalia-se a eficácia dessas ações mediante indicadores de


sustentabilidade internacionais. Para tanto, cada país seleciona
os indicadores que se ajustam a sua realidade.

A declaração de princípios relativos às florestas


A Declaração sobre as florestas pretende apresentar uma série
de medidas que previnam o problema do desmatamento.

Essa Declaração parte do princípio que todos os tipos de


florestas contêm processos ecológicos complexos e singulares
que constituem a base da capacidade, atual e potencial, das
florestas para proporcionar recursos para satisfazer as
necessidades humanas e os valores ambientais, razão pela qual
sua ordenação e conservação racionais têm que preocupar os
governos dos países onde se encontram e a comunidade
mundial, pois são importantes para as comunidades locais e para
o meio ambiente em sua totalidade.

Essa é uma Declaração autorizada de princípios sem força


jurídica obrigatória para um consenso mundial com relação à
ordenação, à conservação e ao desenvolvimento sustentável das
florestas de todo tipo.

Assim, as florestas são indispensáveis para o desenvolvimento


econômico e a manutenção de todas as formas de vida.

O Governo brasileiro sugeriu que se adotasse um documento que


protegesse a riqueza florestal da selva amazônica, pois é certo
que essa Declaração não possui força jurídica obrigatória, motivo
pelo qual, legalmente, não se pode evitar que os países
desenvolvidos continuem explorando os recursos florestais.

71
Essa Declaração consta de 15 princípios que podem ser
resumidos como se segue:
RESUMO DA DECLARAÇÃO DAS FLORESTAS
Princípio 1: Os Estados têm o direito de explorar seus recursos
sempre e quando não prejudiquem o meio de outros Estados. O
custo derivado da não exploração das florestas deveria ser
sufragado pela comunidade internacional.

Princípio 2: Os Estados têm o direito de explorar suas florestas


de acordo com uma política nacional compatível com o
desenvolvimento sustentável. Devem tomar medidas para a
proteção das florestas, fornecer informação sobre estas e os
ecossistemas florestais e promover a participação da comunidade
em sua conservação.

Princípio 3: A política nacional deve esforçar-se para o


estabelecimento de um marco de atuação para a proteção das
florestas. Em nível internacional, deve promover disposições de
caráter institucional. Todas as atuações de proteção florestal
devem estar integradas e ser consideradas conjuntamente.

Princípio 4: Deve-se reconhecer a função ecológica vital das


florestas e sua grande riqueza biológica.

Princípio 5: A política florestal deve respeitar a cultura e o


interesse dos povos indígenas e considerar a participação da
mulher.

Princípio 6: As florestas são uma fonte renovável de energia,


tendo-se que realizar o ordenamento sustentável do fornecimento
de lenha, o controle de seu uso e sua reciclagem, a promoção do
reflorestamento e a avaliação do valor dos bens florestais.

Princípio 7: Deve-se potencializar um ambiente econômico


internacional propício ao desenvolvimento sustentável das
florestas, proporcionando recursos financeiros àqueles países
pobres que possuam grandes zonas florestais, de modo que se
estimulem atividades substitutivas das explorações florestais.

Princípio 8: Há que se potencializar o reflorestamento, aumentar


a superfície florestal, potencializar economicamente os planos de
ordenação e conservação florestal, integrar na política nacional a

72
proteção das florestas, proteger as espécies em perigo de
extinção e realizar avaliações do impacto ambiental. Os Estados
têm o direito de participar dos benefícios da exploração de seus
recursos biológicos, incluído o material genético.

Princípio 9: A comunidade internacional deve compensar os


países em desenvolvimento que pretendam conservar seus
recursos florestais, contribuindo na redução de sua dívida
externa, facilitando seu acesso ao mercado de produtos florestais
e oferecendo alternativas à população que depende da
exploração das florestas.

Princípio 10: Devem ser facilitados novos recursos financeiros


aos países em desenvolvimento para que possam efetuar a
ordenação, a conservação e o desenvolvimento sustentável de
seus recursos florestais (florestamento, reflorestamento, luta
contra o desmatamento e degradação das florestas e terras).

Princípio 11: Deve-se fomentar, facilitar e financiar o acesso dos


países em desenvolvimento às tecnologias ecológicas.

Princípio 12: Há que se potencializar as investigações científicas,


os inventários e as avaliações florestais por parte de instituições
nacionais. Também há que se potencializar as atuações na
ciência, no ensino, na tecnologia, na economia, na antropologia,
na capacitação e nos aspectos sociais, assim como no
intercâmbio de informação florestal. Os habitantes autóctones
devem utilizar sua capacidade e seus conhecimentos para o
desenvolvimento sustentável das florestas, pelo que também
devem participar dos benefícios delas obtidos.

Princípio 13: O comércio aberto e livre dos produtos florestais


deve ser facilitado, assim como a redução ou eliminação de
barreiras alfandegárias para acesso ao mercado de produtos
florestais, a incorporação dos custos e benefícios para o meio
ambiente nas forças e nos mecanismos do mercado. Deve-se
integrar a conservação florestal nas demais políticas evitando as
práticas que a degradem.

Princípio 14: Devem ser eliminadas ou evitadas as medidas


unilaterais, incompatíveis com os acordos internacionais, que
proíbem ou restringem o comércio internacional de madeira e de

73
produtos florestais, com o objetivo de alcançar a ordenação
sustentável a longo prazo.

Princípio 15: Deve ser regulada a quantidade de poluentes


atmosféricos, em particular os causadores da chuva ácida.

O convênio marco das Nações Unidas sobre a


Mudança Climática
O Convênio sobre a Mudança Climática foi firmado em 9 de maio
de 1992 por todos os países participantes da Cúpula da Terra.
Esse acordo foi estruturado em 26 artigos, tendo como objetivo "a
estabilização da concentração de gases de efeito estufa na
atmosfera em um nível que impedisse interferências
antropogênicas perigosas no sistema climático". Neste sentido,
pretendia-se controlar, especialmente, as emissões de dióxido de
carbono (CO2), clorofluorcarbonos (CFCs) e metano (CH4).

Nesse Convênio fala-se de conservação da natureza como uma


forma de prevenir a mudança climática. Assim, o artigo 4, item
1.d, refere-se ao compromisso de todas as partes firmadas do
Convênio. Estas deverão:

Promover a gestão sustentável e promover e dar suporte, com sua


cooperação, à conservação e ao reforço, se preciso, dos receptores e
depósitos de todos os gases de efeito estufa não controlados pelo
Protocolo de Montreal, incluídos a biomassa, as florestas e os
oceanos, e também os de outros ecossistemas terrestres, costeiros e
marinhos.
O Brasil foi o primeiro país que assinou a Convenção - Quadro
das Nações Unidas para a Mudança do Clima -, em 4 de junho de
1992. O Congresso Nacional ratificou-a em 28 de fevereiro de
1994, entrando em vigor, para o Brasil, em 29 de maio de 1994,
no nonagésimo dia após a ratificação pelo Congresso Nacional.

As discussões sobre mudanças climáticas foram organizadas


pela ONU na forma de Conferências das partes. No período de
28 de março a 7 de abril de 1995, foi realizada, em Berlim,
Alemanha, a 1ª Conferência; entre 9 e 19 de julho de 1996, em
Genebra, Suíça, a 2ª Conferência; de 2 a 13 de novembro de
1998, em Buenos Aires, Argentina, a 4ª Conferência; e a 5ª foi
realizada em Bonn, Alemanha, no período de 25 de outubro a 5
de novembro de 1999.

74
Sem dúvida, a inoperância do convênio firmado durante a
"Cúpula da Terra", em 1992 ficou evidente durante a 3ª
Conferência da ONU sobre Mudança Climática, realizada no ano
de 1997, em Quioto, no Japão. Nessa Conferência, verificou-se
que somente poucos países - basicamente os de economia
precária, como a ex-URSS e outros países do antigo bloco
comunista - haviam reduzido suas emissões, diferentemente de
países como Estados Unidos, Japão, China, Índia, Brasil e
Indonésia, que, longe de diminuir suas emissões, haviam-nas
aumentado em grande proporção.

Os Estados Unidos, com apenas 5% da população mundial,


produzem mais de 25% das emissões totais de CO2 do planeta.
Na Conferência de Quioto, foram fixados os conteúdos do
"Protocolo de Quioto", através do qual os países industrializados
se comprometiam a reduzir suas emissões de gases tóxicos em
5,2%, entre os anos de 2008 e 2012, mantendo os níveis de
1990. Para que esse protocolo fosse "juridicamente vinculante",
deveria ser ratificado por 55 países, entre eles Estados Unidos e
outras potências. Porém, não se conseguiu que os Estados
Unidos ou a China o fizessem.

No Protocolo de Quioto, foram traçados os objetivos gerais, que


deveriam ser cumpridos pelos países industrializados, quanto à
redução das emissões de gases de efeito estufa, mas sem a
obrigatoriedade do cumprimento das datas específicas.

O relatório "O Estado do Mundo - 2005" do Instituto Worldwatch


indica que o aumento de emissões na Espanha, em comparação
com os números de 1990, é de 52,88%, mais de 37 pontos
superior ao que permite o tratado internacional de Quioto. Em um
ano esse quadro se agravou em 3,39% devido à escassez de
chuvas (o que diminuiu o consumo de energia hidráulica), ao
crescimento da atividade econômica apoiada na construção civil,
ao aumento da população e à ausência de planos oficiais para
atuar sobre o tema.

Convênio sobre diversidade biológica - CDB


O Convênio sobre Diversidade Biológica - CDB também é
resultado da Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento - CNUMAD. No CDB está o
principal fórum mundial na definição do marco legal e político

75
para assuntos relacionados à biodiversidade (168 países
assinaram o CDB e 188 países já o ratificaram, tendo estes
últimos se tornado Parte da Convenção).

O Convênio sobre a biodiversidade tem como objetivo: "a


conservação da biodiversidade, o aproveitamento sustentável de
seus componentes e a distribuição justa e eqüitativa dos
benefícios procedentes da utilização dos recursos genéticos
através, dentre outras coisas, do acesso adequado aos recursos
genéticos e da transferência adequada de tecnologias
pertinentes, tendo em conta todos os direitos sobre estes
recursos e tecnologias, e também através de um financiamento
adequado".

Esse Convênio obriga os países desenvolvidos a pagarem aos


países em desenvolvimento por utilizar seu material genético,
razão pela qual os Estados Unidos, que contam com um forte
comércio em bioengenharia, decidiram não firmá-lo.

Esse é um Convênio fundamental para entender o caminho que


segue e seguirá a conservação. Seus objetivos (especificados no
artigo 1) são:

- a conservação da biodiversidade;
- o aproveitamento sustentável de seus componentes;
- a distribuição justa e eqüitativa dos benefícios procedentes da
utilização de recursos genéticos mediante, entre outras coisas, o
acesso adequado aos recursos genéticos e a transferência
adequada de tecnologias pertinentes, considerando todos os
direitos sobre estes recursos e tecnologias e, também, mediante
um financiamento adequado.
A figura 2.4 apresenta um resumo dos principais temas
desenvolvidos pelo Convênio sobre a biodiversidade como
pontos-chave para a conservação e preservação desta.

76
Figura 2.4: Pontos-chave para a conservação e preservação da
biodiversidade, segundo o convênio sobre esse tema.

O Brasil foi o primeiro país a assinar o Convênio sobre


Diversidade Biológica e vem criando instrumentos específicos,
dos quais se destacam:

- Projeto Estratégia Nacional da Diversidade Biológica: objetivo


de formalizar a Política Nacional da Biodiversidade;

- Programa Nacional da Diversidade Biológica - PRONABIO:


objetivo de viabilizar as ações propostas pela Política Nacional; e

–Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade


Biológica Brasileira - PROBIO: objetivo de apoiar iniciativas que
ofereçam informações e subsídios básicos sobre a biodiversidade
brasileira.

A conferência Habitat II (1996)


O Centro das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos
(The United Nations Centre for Human Settlements - UNCHS) -
Habitat -, foi criado em 1978, dois anos antes da Conferência das
Nações Unidas para Assentamentos Humanos, realizada em
Vancouver, Canadá.

A Conferência Habitat II, celebrada em Istambul em 1996, adotou


o Programa Habitat. Esse Programa pretende melhorar as

77
condições de vida da humanidade, tendo como base o
desenvolvimento sustentável.

As atividades operacionais do Programa Habitat focam a


promoção de moradias para todos, o desenvolvimento da
governabilidade urbana, a redução da pobreza urbana, a oferta
de meio ambiente limpo, o controle de desastres e a reabilitação
após conflitos. Durante o biênio 2000 - 2001, o Programa Habitat
coordenou duas campanhas globais, uma para garantir a posse
segura da terra e a outra relacionada à governabilidade urbana.
O foco dessas campanhas foi a redução da pobreza urbana
através de políticas que enfatizassem a eqüidade, a
sustentabilidade e a justiça social. Outra grande atividade para
esse biênio foi a preparação da Conferência Istambul +5, uma
sessão especial da Assembléia Geral das Nações Unidas,
planejada para junho de 2001, a fim de revisar e avaliar a
implementação no mundo da Agenda Habitat.

A 2ª Cupula da Terra + 5 (1997)


A 2ª Cúpula da Terra foi celebrada, em New York, entre 23 e 27
de junho de 1997, na 19ª Assembléia Geral da ONU, para revisar
os compromissos firmados no Rio, em particular a Agenda 21.

Essa Cúpula ficou marcada pela escassez de acordos e, mais


que uma reunião para revisar resultados, converteu-se no
reconhecimento do baixo grau de cumprimento dos
compromissos firmados cinco anos antes.

Apesar da avaliação geral negativa que se fez nessa Cúpula,


adotaram-se alguns acordos, como o "Plano para a posterior
execução da Agenda 21", que evitava a renegociação desse
programa e estabelecia um plano de trabalho para os próximos
cinco anos, marcando-se uma data para novo exame no ano
2002. Marcou-se também esse ano como data limite para que os
países acabassem de formular suas estratégias nacionais para o
desenvolvimento sustentável.

Esse exame teve como resultado um relatório do Conselho


Econômico e Social, no qual transcorridos dez anos desde a
Cúpula da Terra, fazia-se constar que os objetivos fixados não
estavam sendo cumpridos tal como se esperava e que a situação
do meio ambiente continuava sendo frágil, o que resultava, por

78
exemplo, nos países em desenvolvimento, em escassos
progressos para reduzir a pobreza e no agravamento dos
problemas de saúde.

Segundo esse relatório, o atraso na execução se deve a:

- insuficiente integração dos objetivos sociais, econômicos e


ambientais nas políticas nacionais e internacionais;
- não ter havido uma mudança significativa nas pautas de
consumo e produção;
- políticas aplicadas não coerentes nos âmbitos de finanças,
comércio, investimentos, tecnologia e desenvolvimento
sustentável;
- não terem sido proporcionados os recursos financeiros
necessários para executar o Programa 21.

Outros Protocolos, Conferências e Cúpulas


Protocolo de proteção da Antártida (1998)

Considerando a importância estratégica dessa região, em 1959


vários países assinaram o tratado da Antártida, no qual se firma o
compromisso da utilização da Antártida somente para fins
pacíficos e sob cooperação internacional, para o desenvolvimento
de pesquisas científicas. O Brasil aderiu a esse tratado em 1975,
e em 12 de janeiro de 1982 foi criado o programa Antártico
Brasileiro - PROANTAR - através do Decreto nº 86.830.

O Protocolo de Proteção da Antártida surgiu com o objetivo de


controlar a degradação ambiental desse continente, causada pela
exploração de seus recursos naturais, o incipiente turismo e
evitar o perigo de extinção das espécies que ali habitam.

Trata-se de um acordo firmado por 27 nações, inclusive o Brasil,


segundo o qual comprometem-se a não explorar os recursos
naturais que ali se encontram. Por ser um acordo de caráter
voluntário, o problema real alicerça-se no fato de que, se um país
não signatário decide explorar essas reservas, os demais países
não possuem força legal para impedi-lo.

A conferência de Haia (2000)

79
Em 13 de novembro de 2000, representantes de 160 governos
debateram, na cidade holandesa de Haia, os mecanismos para
obter a ratificação dos compromissos derivados do Protocolo de
Quioto com vistas a reduzir as emissões dos gases de efeito
estufa para o período 2008-2012 em pelo menos 5%, em relação
aos níveis de 1990.

A reunião de Haia devia obter a ratificação do Protocolo de


Quioto por parte da maioria dos governos, com o fim de que este
entrasse em vigor, dentro do possível, em 2002. Do mesmo
modo, na reunião se deveriam estabelecer as condições para
alcançar uma relação de compromisso entre as medidas
adotadas do ponto de vista econômico e a credibilidade das
atuações ambientais.

O êxito da Conferência de Haia baseava-se na entrada em vigor


do Protocolo de Quioto em 2002, dez anos depois de realizada a
Cúpula da Terra, na cidade do Rio de Janeiro.

Entretanto, a conferência falhou pela impossibilidade de se


chegar a algum tipo de acordo. Com efeito, os representantes
dos 160 países reunidos decidiram suspender as negociações
ante a incapacidade destes de fazer com que o protocolo se
tornasse operante.

Por outro lado, alguns peritos asseguraram que os pressupostos


em que estavam apoiados os compromissos de redução das
emissões tinham ficado defasados, sendo necessária uma
atualização. Seja como for, entre os pontos de desencontro é
possível enumerar os mesmos problemas de sempre:

- os quatro blocos negociadores com interesses conflitantes: a


União Européia, o denominado grupo "guarda-chuva" (Estados
Unidos, Japão, Nova Zelândia e Austrália), o grupo "Oásis",
formado por pequenos Estados insulares do Pacífico e,
finalmente, os Países em Via de Desenvolvimento (PVD);
- o estabelecimento de limites aos mecanismos flexíveis
propostos para garantir o cumprimento do "Protocolo de Quioto"
(problema de suplementariedade);
- o uso de comércio de direitos de emissões;
- a utilização de "sumidouros de carbono", que levam em
consideração as florestas para estabelecer o grau de
contribuição na contabilidade das emissões de Gases
80
causadores do Efeito Estufa (GEE);
- projetos que devem cumprir os mecanismos de
desenvolvimento limpo - MDL, que possibilitam a participação de
países em desenvolvimento em projetos de redução da poluição
(polêmica sobre a energia nuclear);
- vias para que os PVD cumpram os objetivos do protocolo e
mecanismos para garantir sua adesão.
Apesar do fracasso da cúpula, deixou-se uma abertura para
alcançar um acordo em 2001, com a esperança de que o tempo
extra permitisse chegar a um consenso global para que o
Protocolo do Quioto pudesse ser ratificado.

A este respeito, em março de 2001, durante a cúpula de ministros


de Meio ambiente do G-8, celebrada em Trieste (Itália), chegou-
se a um compromisso para a redução da emissão de gases
estufa. Os países envolvidos acordaram esforçar-se para

"...assegurar de uma maneira efetiva a integridade ambiental proposta


no Protocolo de Quioto".

A cúpula do clima de Bonn (2001)

Apesar da oposição dos Estados Unidos, no dia 23 de julho de


2001, 178 países aprovaram um protocolo para a redução da
emissão de gases na atmosfera e recuperar, desta forma, o
Protocolo de Quioto. O acordo alcançado excluiu os EUA, mas
permitiu que o Protocolo de Quioto sobre redução de emissões
de gases estufa entrasse em vigor no ano de 2002, noventa dias
depois de ratificado por um mínimo de 55 países (já havia sido
por 36) cujas emissões representavam 55% do total mundial.
O processo foi muito difícil, pois temia-se que a negativa dos EUA
em ratificar o tratado provocasse um efeito cascata.

Finalmente, os Estados Unidos ficaram sozinhos na defesa de


sua tese e a União Européia (UE) pôde conseguir o apoio da
Rússia, do Canadá e do Japão, significando um grande avanço
da Cúpula de Bonn.

A cúpula de Marrakech (2001)


81
Em novembro de 2001 celebrou-se a cúpula de Marrakech, que
constituiu a VII Conferência das Partes da Convenção Marco das
Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC). O
encontro, chamado oficialmente de COP-7, contou com
representantes de 180 países.

Seu objetivo foi finalizar uma série de acordos adotados para


impulsionar a ratificação do Protocolo de Quioto. Foram
acrescentados aos instrumentos criados pelo Protocolo de Quioto
um mecanismo para o desenvolvimento limpo. Esse mecanismo
permite aos países do hemisfério Sul aplicar em seu território
projetos provenientes de países industrializados que visem à
redução das emissões de gases de efeito estufa.

Os países industrializados signatários devem implementar


medidas nacionais e apresentar, em 2005, a prova de seus
progressos em matéria de redução ou limitação de suas
emissões de gás de efeito estufa. Além disso, um Fundo de
Adaptação do Protocolo, instaurado em 2001, ajudará os países
em desenvolvimento a enfrentar os efeitos negativos das
mudanças climáticas.

A cúpula de Johannesburgo (2002)

De 26 de agosto a 4 de setembro de 2002, celebrou-se na cidade


de Johannesburgo (Sul da África) a 2ª Cúpula Mundial da Terra,
também conhecida como Rio+10. Essa cúpula tinha por objetivo,
tal como em Quioto, a redução das emissões de CO2 e de outros
gases de efeito estufa a uma média de 5,2% para o período de
2008/2012. Depois de dez dias de intensas negociações, os
principais êxitos da Cúpula foram:
- o compromisso na redução à metade do número de pessoas
que carecem de acesso à água potável (aproximadamente 2,2
bilhões de pessoas). Ressalta-se que, entretanto, não existem as
mesmas garantias para oferecer serviços adequados de energia
aos 2,0 bilhões de pessoas que carecem dela;
- a adesão de mais países ao Protocolo de Quioto. Com efeito, os
anúncios da China, do Canadá, da Rússia e da Estônia de
ratificação desse tratado pressupôs a consecução do objetivo de
seu cumprimento obrigatório, mesmo tendo em vista este estar

82
assinado por um número de países que geram pouco mais de
55% das emissões totais do planeta.
Os Estados Unidos, maiores poluidores do mundo (25%),
reiteravam em Johannesburgo sua negativa em aceitar o
protocolo.

E os temas pendentes são:

- a redução dos subsídios à exportação, com os quais se


beneficiam os agricultores das nações ricas;

- a decisão de implantar fortemente as energias renováveis.


Neste contexto, a União Européia (UE) se viu freada em sua
estratégia de propor que, para o ano de 2015, o total de energia
primária consumida no mundo tivesse uma origem renovável, já
que não se estabeleceram metas, objetivos nem prazos: tão
somente se insiste aos governantes seguir um "significativo
incremento" das energias verdes, mas sem concretização
alguma. (Esta proposta fracassou devido ao bloqueio imposto
pelos Estados Unidos, pela OPEP e por diversas multinacionais -
basicamente petrolíferas, que temem perder sua cota de negócio
e poder ante o aumento no uso das energias renováveis);

- a abertura de mercados aos produtos procedentes dos países


em via de desenvolvimento.

A princípio, o Plano de Ação estava estruturado em um


documento de 69 páginas e 152 recomendações e objetivos.

Entretanto, na última hora, as páginas foram reduzidas para 32,


com objetivo de eliminar aqueles aspectos um tanto espinhosos.
Por exemplo, desapareceram o objetivo de aumentar para 0,7%
do PIB a ajuda ao desenvolvimento, a recomendação ao setor
privado de operar com transparência, e as menções sobre as
dívidas dos países pobres.

SÍNTESE DO PLANO DE AÇÃO DA CÚPULA DE


JOHANNESBURGO 2002
Biodiversidade: há que se "reduzir consideravelmente" a taxa
atual de extinção de espécies animais e vegetais, o que deverá
significar a adoção de novas fontes financeiras e técnicas por
parte dos países pobres.

83
Substâncias químicas: os efeitos nocivos sobre o homem e o
meio ambiente desses compostos deverão ser "minimizados"
antes do ano de 2020. Contudo, não se concretizam as medidas
para alcançar essa finalidade.
Ajuda ao desenvolvimento: apressar os países desenvolvidos a
realizarem esforços para incrementar as ajudas ao
desenvolvimento em até 0,7% do PIB (eliminado na última hora).
Esse ponto fica, assim, totalmente em mãos privadas.
Energia: há que se diversificar o fornecimento energético,
desenvolvendo-se novas tecnologias menos poluentes no campo
das energias fósseis e fontes renováveis, incluindo a elétrica.
Paradoxalmente, os Estados Unidos e a OPEP bloquearam o
acordo sobre objetivos e prazos concretos para o incremento no
uso das energias renováveis.
Pesca: os recursos pesqueiros deverão ter uma exploração
sustentável no máximo até o ano de 2015. Do mesmo modo,
deverão ser criadas novas zonas marítimas protegidas.
Comércio e globalização: recomenda-se "uma redução das
subvenções" prejudiciais ao meio ambiente, especialmente na
exploração do carvão.
Protocolo de Quioto: os Estados que ratificaram o protocolo de
Quioto contra a mudança climática realizam uma chamada para
aqueles países que ainda não o fizeram. Neste contexto, aderem-
se a tal protocolo nesta Cúpula países como a China, a Rússia, o
Canadá e a Estônia.
Água e instalações sanitárias: antes do ano de 2015 deverá ser
reduzido à metade o número de habitantes do planeta sem
acesso à água potável ou a redes de esgoto; entretanto,
desconhece-se a fórmula para que isto seja uma realidade.
Consumo: todos os países deveriam promover modos de
produção limpa e viável, tendo em conta que tanto os países
industrializados como as nações pobres têm a mesma
responsabilidade, embora diferenciada.
Responsabilidade empresarial: futuro desenvolvimento de
normas que exijam melhores práticas às empresas
transnacionais.
Como resultado da Cúpula, os 143 países em desenvolvimento
não obtiveram mais que uma mera ratificação dos compromissos
já afirmados em outros eventos anteriores pelos EUA e pela UE
para sustar a queda da ajuda ao desenvolvimento do Terceiro

84
Mundo e a promessa de reduzir as subvenções agrícolas dos
países ricos nos próximos três anos.

Esta conferência caracterizou-se pela falta de objetivos concretos


e marcantes, que representa uma profunda decepção e outra
postergação de resultados.

Segundo sugere o relatório "O Estado do Mundo - 2005" do


Instituto Worldwatch, para assentar as bases da paz e da
estabilidade mundial e para estabelecer as bases para um mundo
sustentável, devemos superar a dependência do petróleo, investir
na segurança alimentar, administrar os conflitos pela água, conter
as enfermidades infecciosas, avançar para o desarmamento e
colaborar além das fronteiras .

Atuações das ONGs


As Organizações Não-Governamentais exercem um papel crucial
na proteção do Meio Ambiente. Algumas das mais conhecidas
são: o World Wildlife Fund (WWF), a União Internacional para
Conservação da Natureza (UICN), a Federação de Amigos da
Terra e o Greenpeace.

O termo ONG (Organização Não-Governamental) vem dos


países do Norte (NGOs - Non-Governmental Organizations),
referindo-se às entidades ou agências de cooperação financeira
e, também, a projetos de desenvolvimento ou assistencialistas,
em favor das populações desprivilegiadas do Primeiro e do
Terceiro Mundo. Para Warren (1995), a partir da Primeira Cúpula
da Terra, em 1992 (ECO 92), no Rio de Janeiro, Brasil, as ONGs
passam também a simbolizar um espaço de participação da
sociedade civil organizada, que estruturam o chamado terceiro
setor (diferente do Estado e do Mercado).

O único levantamento nacional de organizações sociais,


intitulado "As Fundações Privadas e Associações Sem Fins
Lucrativos no Brasil - 2002", foi realizado pelo IBGE em parceria
com o IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, com a
GIFE - Grupo de Institutos Fundações e Empresas e a ABONG -
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais.
Esse levantamento identificou 275.895 organizações que
empregam 1.541.290 assalariados. Nesse mesmo levantamento,
4.200 organizações responderam sobre fontes de recursos. Os

85
números indicam que apenas 21% recebem recurso público, ao
passo que 46% trabalha com a geração de recurso próprio e 33%
conta com investimento privado. Fonte: Revista Integração
(2005).
Mas, embora a atuação das ONGs esteja muitas vezes associada
às atividades de proteção ambiental, Warren (1995) aponta que,
no Brasil, as ONGs têm se caracterizado como entidades de
assessoria, apoio, promoção, educação e defesa de direitos
humanos e ambientalistas, com objetivo de transformar aspectos
negativos da realidade econômica, social e ambiental,
manifestando-se através de movimentos sociais e/ou
comunidades, atuando na defesa da cidadania e na construção
de uma sociedade mais participativa e justa. Neste sentido, para
Warren, o conceito e a atuação das ONGs ultrapassam as
fronteiras estritamente ambientais, articulando-se no espaço
conceitual do desenvolvimento sustentável.

Algumas das ONGs de atuação mundial, com representação no


Brasil, são: o Fundo Mundial da Natureza, a União Mundial para
Conservação da Natureza (UINC) e o Greenpeace. Essas
entidades recebem aporte financeiro para subsidiar suas ações
de diversas entidades e agências nacionais (no Brasil) e
internacionais (no Brasil e no Mundo).

Os desafios do Desenvolvimento Sustentável


O conceito de desenvolvimento sustentável tem estado sujeito a
toda sorte de controvérsias, associadas à posição que se assume
ante os problemas e suas dificuldades de instrumentação. Em
geral, os países desenvolvidos enfatizam a importância das
ações dirigidas à conservação; por sua vez, os países em
desenvolvimento priorizam os aspectos vinculados ao
crescimento. Outras críticas apontam para a assimétrica situação
Norte-Sul no sentido de destacar que mais que intergeracional, a
satisfação das necessidades do Norte não deve comprometer as
necessidades presentes e futuras do Sul.

O desenvolvimento sustentável é um modelo incompleto que


retorna aos princípios do ecodesenvolvimento fortalecendo-os
com novos elementos da economia que, ao mesmo tempo que
validam a necessidade de estratégias produtivas que não
degradem o ambiente, empenham-se na necessidade de elevar o
nível de vida dos grupos e setores de população mais
86
vulneráveis, identificando melhor as responsabilidades de cada
parte ante a pobreza e a crise ambiental. Seus fundamentos são:

1. Modificar hábitos de consumo, sobretudo em países


industrializados, para manter e aumentar a base dos recursos e
reverter a deterioração para as gerações presentes e futuras, a
partir das seguintes ações:

a) estimular uma melhor compreensão da importância da


diversidade dos ecossistemas;
b) instrumentar medidas localmente adaptadas a problemas
ambientais;
c) melhorar o monitoramento do impacto ambiental provocado
pelas atividades do desenvolvimento;
d) respeitar as pautas socioculturais próprias, sobretudo das
povoações indígenas, e focar a questão de gênero no
desenvolvimento dos projetos.

2. Empreender ações em torno das seguintes linhas estratégicas:


a) erradicar a pobreza e distribuir mais eqüitativamente os
recursos;
b) aproveitar de modo sustentável os recursos naturais e ordenar
ambientalmente o território;
c) compatibilizar a realidade social, econômica e natural;
d) promover a organização e a participação social efetiva;
e) impulsionar a reforma do Estado e gerar uma estratégia
socioeconômica própria;
f) reduzir o crescimento demográfico e aumentar os níveis de
saúde e educação;
g) estabelecer sistemas comerciais mais eqüitativos e abertos,
tanto internos quanto externos, incluindo aumentos da produção
para consumo local.
A busca do desenvolvimento sustentável requer:

- um sistema político que assegure uma participação cidadã


efetiva na tomada de decisões;
- um sistema econômico que seja capaz de gerar excedentes e
conhecimento técnico sustentado e confiável;
- um sistema social que provê soluções às tensões originadas em
um desenvolvimento desarmônico;
- um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar
a base ecológica para o desenvolvimento;

87
- um sistema tecnológico que possa buscar continuamente novas
soluções;
- um sistema internacional que fomente padrões sustentáveis de
comércio e finanças;
- um sistema administrativo que seja flexível e tenha a
capacidade de corrigir a si mesmo.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (1992)


oferece três princípios orientadores para tender ao
desenvolvimento sustentável:
1. o desenvolvimento sustentável deve conceder prioridade aos
seres humanos. A proteção ambiental é vital para promover o
desenvolvimento humano. Isso implica assegurar a viabilidade
dos ecossistemas do mundo a longo prazo, incluída sua
biodiversidade, visto que toda a vida depende deles;

2. os países em desenvolvimento não podem escolher entre


crescimento econômico e proteção ambiental. O
crescimento não é uma opção. É um imperativo. A questão não é
quanto crescimento econômico faz falta, mas que tipo de
crescimento;
3. cada país deverá fixar suas próprias prioridades ambientais, as
quais diferirão com freqüência nos países
industrializados e em desenvolvimento.
Considera-se que, ainda que prevaleçam os indicadores
econômicos como medida do desenvolvimento, é crescente a
importância que se atribui a outras dimensões, tais como o
acesso à educação e ao emprego, à saúde e à segurança social,
ou a uma série de valores tais como a justiça social, a eqüidade
econômica, a igualdade racial, étnica e religiosa, a liberdade
política e ideológica, a democracia, a segurança, o respeito aos
direitos humanos e à qualidade do meio ambiente.

O desenvolvimento sustentável é um processo em busca da


eqüidade e de uma melhor qualidade de vida com proteção do
ambiente, que inclui transformações econômicas, culturais e
políticas; que requer modificação de linhas produtivas, de
distribuição e de consumo, e superação do déficit social.

O desenvolvimento sustentável implica um crescer distinto, a


partir de uma mudança tecnológica; de um ordenamento
territorial; de um contexto social democrático que assegure a

88
participação pública na tomada de decisões; de uma
reconfiguração de políticas, instituições, leis e normas, e de um
sistema internacional mais justo.

Deve-se conceber o desenvolvimento sustentável como


processo, não como meta, para ir dando conta de suas principais
restrições associadas às formas de exploração dos recursos
naturais, à orientação dominante da evolução tecnológica e às
características do âmbito institucional.

Sob esta perspectiva, as soluções não se encontram apenas nas


mãos do governo, nem nas dos grupos de acadêmicos
especializados. A solução implica o projeto de estratégias que
incluam todos, com uma co-responsabilidade diferenciada e
objetivos estabelecidos coletivamente. Também implica
mensagens inequívocas claramente enunciadas de acordo com
cada grupo, assegurando-nos que são compreendidos para
auspiciar novas atitudes e aptidões, para pressionar por uma
mudança e acelerar o processo. Essa deve ser uma mudança de
amplo alcance, não uma moda ambientalista, que ofereça novas
motivações e compromissos de longo prazo. Em suma, por
desenvolvimento sustentável entende-se um novo e melhor modo
de vida.

No entanto, e dado o exposto, as implicações econômicas da


sustentabilidade não são completamente claras para a
formulação de políticas, visto que não se trata de tomar decisões
para obter benefícios de curto prazo. Requer que sejam criadas
as devidas condições de mercado para ir consolidando um
controle sustentável dos recursos ambientais, considerando a
história mais recente da globalização dos processos econômicos.

Não se pode alcançar a sustentabilidade caso não exista um


crescimento econômico que enfatize seus aspectos qualitativos
relacionados à eqüidade e ao alívio da pobreza. Deve-se atuar
sobre as causas, e não somente sobre seus sintomas e efeitos
mais aparentes.

Como se pode inferir, o desenvolvimento sustentável não é


questão de transações temporárias ou de transferências de uma
geração a outra. Antes de começar a atuar sobre o problema das
futuras gerações, é imperativo atender às que hoje se encontram
em condições de sobrevivência, porque as dificuldades do
89
desenvolvimento sustentável se incrementam em virtude atraso
social existente e da magnitude das necessidades básicas que
estão ainda por se atender. O problema será cada vez mais
complexo caso continuem reproduzindo os padrões de produção
e consumo, os valores culturais, a desigual distribuição da renda
e os esquemas tecnológicos que propiciam a deterioração.

Em suma, transitar para o desenvolvimento sustentável implica


uma nova visão do mundo, uma reestruturação das relações
Estado-Sociedade, uma intervenção protagônica da sociedade
civil nas decisões e nas mudanças institucionais e culturais para
a geração de novos valores sociais. Também implica uma ênfase
por uma modificação de padrões, tanto de produção quanto de
consumo, sobretudo nos países desenvolvidos e nos segmentos
mais acomodados dos países pobres; uma reorientação
tecnológica para atenuar impactos e reduzir riscos; uma
reconfiguração das políticas, das instituições e da normatização.

Esses aspectos não se podem abordar de maneira fragmentada,


e nisso reside a complexidade de operacionalizar o
desenvolvimento sustentável.

Desafios Integrados do Desenvolvimento Sustentável


Dimensão Humana

- Padrões Culturais.
- Educação.
- Formação.
- Coexistência de interesses.
Operacionalização do desenvolvimento

- Ciência e tecnologia.
- Sistemas de informação.
- Política econômica (instrumentos).
- Ferramentas.
- Custo/Benefício.
- Taxa de desconto futuro.
Institucionalidade

- Horizontalidade.
- Subsidiariedade.
- Co-responsabilidade.

90
Perspectivas e Condições

Considerando o exposto, algumas tarefas urgentes que podem


nos ajudar a empreender um melhor caminho são:
1. depender menos das fontes de energia fósseis, principalmente
do petróleo, e cada vez mais das fontes renováveis e menos
poluentes, bem como favorecer a eficiência energética;
2. desenvolver processos de tecnologia limpa com uso mais
intensivo de mão-de-obra, partindo de um enfoque
eminentemente preventivo;
3. buscar soluções para os resíduos, seja diminuindo sua
produção, seja aperfeiçoando e incentivando a reciclagem e o
reaproveitamento, evitando desperdícios, seja confinando-os
adequadamente;
4. impulsionar uma gestão dos recursos naturais com
conhecimentos e tecnologias baseados em uma nova
racionalidade ambiental e com eqüidade social;
5. fortalecer o enfoque regional canalizando esforços para as
áreas prioritárias;
6. instituir formas administrativas e políticas muito mais
descentralizadas e que se apóiem, na maior parte, nas
comunidades locais, a partir de suas características socioculturais
e com um enfoque de gênero;
7. deter o crescimento urbano desordenado e concentrador, bem
como os padrões de consumo excessivo, favorecendo maiores
oportunidades de desenvolvimento regional;
8. fortalecer as bases normativas e o estabelecimento de
instrumentos econômicos; voltados para o desenvolvimento
sustentado;
9. instituir o direito a uma informação oportuna e com veracidade;
10. educar a população e auspiciar, por todos os meios possíveis,
a formação de novos valores culturais de acordo com a
sustentabilidade.
Todas estas são condições indispensáveis para o futuro. Não se
trata em absoluto de propostas regressivas; o progresso
tecnológico não é um mal em si mesmo; o objetivo não é
renunciar a seus avanços, mas saber utilizá-los em uma
dimensão humana.

Problemática ambiental global


Introdução

91
A sociedade moderna está cada vez mais consciente do impacto
ambiental associado ao desenvolvimento. O uso intensivo dos
recursos naturais e a cada vez maior geração de resíduos
representam, paradoxalmente, um limite para o próprio
desenvolvimento.
Os problemas ambientais que afetam o planeta são as mudanças
atmosféricas, a perda de biodiversidade e a contaminação dos
mares, por serem recursos comuns de todos os países. Os
problemas ambientais que afetam mais diretamente os países
são o desflorestamento, a erosão e a contaminação; no entanto,
a interconexão dos elementos afetados, água, solo, atmosfera e
espécies animais e vegetais, faz com que, apesar de os impactos
serem produzidos em uma área local, seus efeitos repercutam
em âmbito global (CARABIAS & ARIZPE, 1994).

A crise ambiental que atinge o planeta não pode ser entendida


nem analisada à margem de políticas econômicas, sociais e
culturais em âmbitos nacional e global.

A busca de soluções é muito complexa, dado o caráter global do


problema e a necessidade de estabelecer acordos internacionais.
Neste sentido, evidenciam-se as desavenças entre os países na
hora de chegar a compromissos reais e acordos efetivos.

Antes de aprofundar o tema, será útil definir alguns conceitos


fundamentais, como a poluição atmosférica, a emissão de gases
ou a noção de fonte poluente.

- Define-se poluição atmosférica como a existência, na atmosfera,


de fumaça, gases e vapores tóxicos, bem como de pó, de germes
microbianos e de substâncias radioativas, em níveis superiores
aos naturais como resultado dos resíduos gerados pela atividade
humana.

- A emissão de gases é a produção de substâncias em estado


gasoso como conseqüência de qualquer processo industrial,
natural ou doméstico que, ao se dispersar pela atmosfera,
provocam mudanças nas características anteriores do ar. Por
imissão entende-se a assimilação desses gases por pessoas,
animais ou plantas.

92
- Uma fonte poluente é qualquer dispositivo ou instalação,
estática ou dinâmica, que verte de forma contínua ou descontínua
substâncias sólidas, líquidas ou gasosas que geram uma
modificação do meio natural.

A maioria dos problemas ambientais são gerados pelo emprego


de combustíveis fósseis.

Aqui serão tratados em profundidade os principais problemas


globais ambientais que nos afetam e serão estabelecidas
algumas das medidas preventivas e corretivas realizadas
atualmente.

Mudança Climática e Efeito Estufa


Aspectos gerais
Um dos principais problemas ambientais associados à
exploração, ao uso e à transformação da energia é o
"aquecimento global do planeta", devido ao aumento gradual da
temperatura média global do ar na superfície da Terra.

Atualmente, a maioria dos cientistas concorda em assinalar a


atividade humana como a causadora do aquecimento global
terrestre por contribuir, com suas emissões, com o incremento da
concentração na atmosfera dos denominados "gases de efeito
estufa", como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), os
óxidos de nitrogênio (N2O) e os halocarbonos (compostos de
carbono que contêm flúor, cloro, bromo ou iodo).

O CO2 resultante dos processos de queima dos combustíveis


fósseis é o principal responsável pelo efeito
estufa.
No entanto, outros estudiosos apontam que as mudanças que
estão ocorrendo no planeta (furacões, épocas de seca seguidas
de chuvas torrenciais, expansão térmica dos oceanos, etc.)
devem-se a variações naturais periódicas do clima, cuja origem
não é claramente antropogênica. Estes cientistas baseiam seus
argumentos no fato de que, ao longo de sua história, a Terra foi
sofrendo flutuações climáticas, como a acontecida entre 1550 e
1850, conhecida como Pequena Glaciação, durante a qual se
produziram grandes mudanças, tanto econômicas como sociais,
como conseqüência de um declínio de 2°C na temperatura média
global do planeta.

93
Alguns cientistas afirmam que estamos ao final de um período
interglacial prévio a uma glaciação.

Seja qual for a posição adotada, o certo é que a temperatura da


Terra aumentou meio grau centígrado ao longo do século XX.

Os dados publicados na atualidade sobre o efeito estufa se


evidenciaram graças a um estudo preparado pela Organização
Mundial da Meteorologia, no qual se fez uma subdivisão da
contribuição para o efeito estufa de cada um dos gases, como
veremos mais adiante.

Conforme mencionado, depreende-se que as atividades do


homem a partir da revolução industrial estão tendo um efeito
direto no aumento das emissões e, portanto, da concentração na
atmosfera dos gases que provocam o efeito estufa. Após vários
anos de estudo sobre as conseqüências desse fenômeno, os
cientistas do IPCC1 concluíram que, nos últimos 100 anos, há um
aumento real, porém irregular, da temperatura média da
superfície terrestre na ordem de 0,3 a 0,6°C; uma redução da
superfície de glaciares; e um aumento médio do nível do mar na
ordem de 1 a 2 mm por ano.

Graças ao uso de complexos modelos matemáticos para a


simulação do clima através do computador, e assumindo a
hipótese de que, caso se mantenham os índices de emissão
atuais, a concentração de CO2 pode dobrar por volta do ano
2050, o Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC, apresentado
em 2001, prevê um aquecimento global médio entre 1,5°C e
4,5°C. Isso provocaria um deslocamento das zonas áridas do
planeta para latitudes mais altas, o que teria um impacto direto
sobre a agricultura, ao mesmo tempo que produziria uma redução
da superfície polar e um considerável aumento do do mar.

A figura 3.1 apresenta a contribuição de diferentes setores para o


efeito estufa. Nota-se como as atividades ligadas à produção de
energia representam praticamente a metade das causas da
mudança climática global.

94
Balanço e fluxos de radiação
A energia procedente do sol constitui o motor que origina os
principais fenômenos que afetam diretamente o clima. Tal energia
é transmitida sob forma de radiação, que, ao ser absorvida pela
atmosfera e pela superfície terrestre, converte-se sob forma de
energia calorífica. Da mesma forma, os corpos que absorvem
radiação podem, por sua vez, emiti-la em outros níveis de
freqüência diferente do que a têm recebido, tal como veremos
posteriormente.

Há um equilíbrio entre o fluxo de radiação emitida pelo sol e a


radiação refletida pela Terra, equilíbrio este que condiciona em
grande parte o clima do planeta.

Se, por alguma razão, a concentração de gases de efeito estufa


na atmosfera aumentar, haverá um desequilíbrio no balanço,
provocando uma maior absorção da radiação emitida pela Terra
e, portanto, um aumento da temperatura do ar na superfície do
planeta.

95
Os gases do efeito estufa
No item anterior foi observado como o efeito estufa tem algumas
conotações positivas, contrariamente ao que se poderia pensar a
princípio. Graças a tal efeito, a temperatura média superficial da
Terra se mantém entre limites que tornam possível a vida. De
fato, caso não existisse, a Terra seria, em certa medida, um
planeta gélido como Marte.

No entanto, a proporção natural dos gases que favorecem esse


fenômeno tem-se multiplicado desde os inícios da era industrial,
devido fundamentalmente à atividade humana. Isto significa um
sério perigo em virtude das repercussões que possa ter a
mudança climática sobre as espécies que povoam o planeta,
inclusive o homem.

O principal gás causador do efeito estufa natural é o vapor de


água; enquanto, os mais prejudiciais são os produzidos pelo
homem, como o dióxido de carbono (CO2) e, em menor
quantidade, mas nem por isso menos significativos, o metano

96
(CH4), os óxidos de nitrogênio (N2O) e os halocarbonos. Outros
gases que favorecem esse fenômeno são o ozônio nas camadas
baixas da atmosfera e alguns gases substitutivos dos CFCs (1).

A Tabela 3.1, apresenta os seis gases de efeito estufa


contemplados no Protocolo de Quioto, suas fontes de emissão,
seu potencial de aquecimento global (2) e tempo de permanência
das moléculas desses gases na atmosfera.

Deve-se esclarecer que a importância do CO2 na mudança


climática deve-se ao fato de que este gás se produz em
quantidades muito consideráveis como conseqüência da queima
de combustíveis fósseis. De todas as formas, deve-se controlar
também a emissão dos demais gases, mesmo quando
produzidos em menor proporção, dado seu maior poder de
aquecimento global.

_________________________

1 Em 1996 foi proibida sua produção e importação - exceto em


casos excepcionais - por parte dos países industrializados. Foram
substituídos temporariamente pelos hidroclorofluorocarbonos
(HCFC), cuja produção deve ser erradicada para o ano 2030.

97
2 Este índice assinala a capacidade de absorver a radiação
infravermelha, considerando-se como referência o CO2, com um
PCG (CO2) =1. Assim, por exemplo, uma molécula de metano
absorve em média 23 vezes mais energia que uma de CO2.
Esses valores se alteram conforme avança o conhecimento
científico que se tem dos gases, razão pela qual, aparecem em
dois períodos de tempo diferentes.

O dióxido de carbono (CO2)


Também denominado anídrido carbônico, a importância do CO2
está em sua contribuição para o efeito estufa, cifrada em 60%.

Esse gás é produzido na respiração dos seres vivos, na oxidação


da matéria orgânica e na queima de combustíveis fósseis,
constituindo os oceanos e a vegetação os principais sumidouros
de CO2.

O aumento de CO2 na composição da atmosfera durante o SÉC.


XX foi devido a uma combinação entre um
aumento de 80% na queima de combustíveis fósseis e de 30% no
desflorestamento.
Graças às medições realizadas na Antártida, pôde-se demonstrar
as correlações diretas existentes entre as concentrações dos
gases causadores do efeito estufa e a temperatura média da
superfície da Terra.

A concentração de CO2 passou de 280 ppm (partes por milhão)


na era pré-industrial (ano 1800) aos 358 ppm da atualidade.

Aproximadamente a metade desse aumento foi gerado desde


1960, em virtude majoritariamente das emissões dos países
industrializados. Atualmente, o ritmo de crescimento da
concentração de CO2 aumenta em 1,5 ppm por ano.

A figura 3.3 ilustra o aumento das emissões de CO2 como


conseqüência da queima de combustíveis fósseis em dois
períodos de tempo diferentes.

98
Cada um dos tipos de combustíveis fósseis gera uma quantidade
diferente de dióxido de carbono por unidade de energia liberada.
Por exemplo, o carvão é majoritariamente constituído pelo
carbono, de modo que quase todo o subproduto da combustão
será CO2. Por outro lado, a combustão do gás natural, que é
constituído por metano, produzirá vapor de água e dióxido de
carbono e, portanto, sua emissão de CO2 por unidade de energia
será menor que a gerada pelo carvão.

O petróleo está em um termo médio entre o carvão e o gás


natural em relação à emissão de dióxido de carbono. Por essa
razão, apesar da maior abundância do carvão, intenta-se que
haja uma tendência ao emprego do gás natural nas centrais
térmicas.

Na figura 3.4 ilustram-se as emissões de CO2 por regiões em


dois períodos de tempo diferentes.

99
As razões das emissões antropogênicas de dióxido de carbono
são variáveis segundo o país: por exemplo, nos Estados Unidos
devem-se fundamentalmente ao transporte; nos países da OPEP,
às centrais de petróleo; na China, às indústrias e as térmicas e,
nos países mais pobres, à queima de lenha para obter calor.

O metano (CH4)

Depois do dióxido de carbono, o gás metano está em segundo


lugar entre os causadores do efeito estufa, com uma contribuição
de 16%.
Esse gás constitui um subproduto gerado a partir da combustão
da biomassa ou do carvão. Também se libera da ventilação do
gás natural e na putrefação da matéria orgânica nas zonas
úmidas e pobres em oxigênio, razão pela qual sua emissão está
fortemente relacionada a atividades agropecuárias.

100
Os principais produtores de metano são os aterros, determinados
cultivos como os arrozais e, sobretudo, os gases expelidos pelos
animais durante seu ciclo digestivo. Outras fontes de metano são,
em menor grau, os incêndios florestais e a atividade de certos
insetos como os cupins.

Considera-se factível a redução do metano na atmosfera por ser


um combustível que pode ser aproveitado como fonte energética
alternativa. Assim, a curta sobrevivência do metano (12 anos),
provocada pela oxidação deste por radicais OH presentes na
atmosfera, contribui para sua minimização. No entanto, o
aumento da presença de outros poluentes - como o CO - tende a
aumentar estes radicais.

O metano, devido a sua estrutura molecular, tem muito mais


eficiência que o dióxido de carbono (23 vezes mais) no processo
de absorção da radiação de onda longa emitida pela terra,
embora sua contribuição total para efeito estufa seja menor, já
que sua concentração na atmosfera é também menor.

A concentração atual de metano na atmosfera é de apenas 1,7


ppm. No entanto, este valor representa mais do dobro obtido
durante a época pré-industrial, cifrado em 0,7 ppm.

O leste e o sudeste asiático constituem as principais áreas


produtoras de metano.

Os óxidos de nitrogênio (N2O)

Os óxidos de nitrogênio contribuem em torno de 6% para o efeito


estufa e são liberados na degradação dos fertilizantes
nitrogenados e de outros resíduos animais. Apesar de sua baixa
concentração na atmosfera, a capacidade de absorção de uma
molécula destes gases é 300 vezes superior a outra de dióxido
de carbono.

Halocarbonos

Diferentemente dos anteriores, a origem dos halocabornos se

101
deve exclusivamente à atividade humana, já que durante o
período pré-industrial sua concentração era inexistente na
atmosfera.
Os halocarbonos contribuem em 15% para o efeito estufa e
englobam os compostos de carbono que contêm flúor, cloro,
bromo ou iodo.

Têm um grande poder de absorção de calor - muito superior ao


CO2 - e uma sobrevivência muito longa na atmosfera. Sua
concentração na atmosfera é pequeníssima (0,5 ppmmv) (1), e
são mais conhecidos por sua capacidade de destruição da
camada de ozônio que por sua contribuição para o efeito estufa.

Os halocarbonos que contêm cloro e bromo são também os


principais responsáveis pelo esgotamento da camada de ozônio.

Os halocarbonos contemplados no Protocolo de Quioto são os


hidrofluorocarbonos (HFCs) e os perfluorocarbonos (PFCs). Os
primeiros são empregados para substituir as substâncias
esgotadoras da camada de ozônio, enquanto os PFCs são
utilizados como produtos intermediários na fundição de alumínio
e na fabricação de semicondutores.

________________________________________

1 Parte por mil milhões de volume.

Hexafluoreto de enxofre (SF6)

Esse é o gás com um maior potencial de aquecimento global.


Gera-se durante a produção de certos tipos de alumínio, em
fundições desse metal ou do magnésio, e pode-se emitir à
atmosfera devido a fugas ou acidentes com o equipamento
elétrico de alta voltagem que emprega este elemento químico
como isolante.

Consequências do aquecimento global no planeta


A conseqüência mais imediata e catastrófica do aquecimento
global na superfície terrestre é a elevação no nível do mar como
resultado da expansão térmica dos oceanos e do desgelo dos
glaciares.

102
Desde o princípio do século XX, o nível do mar tem subido 18 cm
aproximadamente e se prevê que para o
ano 2100 se alcance os 50 cm.
A elevação do nível do mar provocaria, entre outras, a inundação
das zonas costeiras (Egito, Vietnã e Bangladesh são as mais
vulneráveis), o desaparecimento de ilhas (de fato, algumas ilhas
do Pacífico Sul já têm ficado submersas pelas águas), a erosão
das praias, o surgimento de tormentas e um aumento na
salinidade dos estuários.

Assim, o aumento da temperatura representará mudanças no


ciclo hidrológico do planeta e na circulação geral das correntes de
ar (Fenômeno El Niño), com o que se acentuarão as perdas dos
glaciares de montanha, as secas, as inundações, os incêndios,
etc.

Por outro lado, muitas espécies de animais serão obrigadas a


mudar seu habitat, o que redundará no rompimento da cadeia
alimentícia e em uma perda da biodiversidade, que pode levar na
diminuição da população de algumas espécies.

Não se pode quantificar a magnitude das repercussões políticas,


econômicas e sociais, proliferação de pragas que arrasarão as
colheitas, surgimento de doenças próprias de zonas tórridas em
regiões setentrionais, maior incidência de doenças
cardiorrespiratórias, etc.

A ciência não sabe ao certo o grau de influência que possa ter a


atividade humana em todas essas catástrofes e se estas
ocorrerão ou não. De qualquer forma, impõe-se que os países
mais implicados adotem políticas e medidas - tanto preventivas
como corretivas - para evitar essa alarmante situação.

Acordos e compromissos
Do dia 28 de novembro até 9 de dezembro de 2005 ocorreu, em
Montreal (Canadá) a primeira conferência dos 157 países
firmantes do Protocolo de Quioto, o grande pacto mundial - que
entrou em vigor em fevereiro de 2005 - para frear a emissão dos
gases de efeito estufa e combater a mudança climática.

103
Segundo os organizadores, a conferência foi um êxito, pois se
colocaram as bases para o funcionamento do registro
internacional de compra e venda de certificados de direitos de
emissão dos mecanismos de desenvolvimento limpo; os países
em vias de desenvolvimento aceitaram pela primeira vez ações
voluntárias para reduzir o CO2; formou-se um comitê de
conformidade que garantirá que os países participantes de Quioto
contem com um regime claro de responsabilidades na hora de
cumprir com seus objetivos; impulsionou um programa de cinco
anos de adaptação às mudanças climáticas; acordou em
continuar estudando o "sequestro" e o armazenamento do
carbono na terra e no mar para coletar e guardar o CO2 que
certas plantas expulsam ao ar; e, finalmente, os EUA deram início
às conversações sobre "ações de cooperação a longo prazo para
enfrentar a mudança climática".

Anteriormente à Cúpula do Clima de Montreal de 2005,


celebraram-se outras com o tema do efeito estufa como pano de
fundo: o convênio sobre a mudança climática, enquadrado na
Declaração do Rio de maio de 1992; o Protocolo de Quioto
(Japão) em dezembro de 1997, a Cúpula de Buenos Aires
(Argentina), em novembro de 1998, as Cúpulas de Bonn
(Alemanha) de outubro de 1999 e julho de 2001, a de Haia
(Holanda) em novembro de 2000, a de Marrakech nos finais de
2001 e a de Johannesburgo de 2002.

No Convênio marco das Nações Unidas sobre a Mudança


Climática, firmado no Rio de Janeiro em 1992, durante a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (CNUMAD), estabeleceu-se que os países
desenvolvidos deviam tentar alcançar para o ano 2000 as
mesmas cotas de emissão que em 1990. No entanto, a
inoperância desse convênio evidenciou-se durante o Protocolo de
Quioto, quando ficou claro que apenas uns poucos países -
curiosamente os de economia precária como a ex-URSS e outros
do antigo bloco comunista - haviam reduzido suas emissões,
diferentemente de outros países como Estados Unidos, Japão,
China, Índia, Brasil e Indonésia que, distantes de diminuir suas
emissões, haviam-nas aumentado em grande proporção.

104
Segundo um relatório do World Watch Institute, as emissões
mundiais de CO2 ascenderam a 26.400 milhões de toneladas
durante 1997.

No Protocolo de Quioto de dezembro de 1997 foram traçados os


objetivos gerais que os países industrializados deveriam cumprir
quanto à redução das emissões de gases de efeito estufa, porém,
sem especificar quantidades nem data de cumprimento
obrigatório.

Seu objetivo básico era reduzir em 5,2% as emissões de gases


de efeito estufa globais sobre os níveis de 1990 para o período
2008-2012. Foi o único mecanismo internacional com o fim de
começar a enfrentar a mudança climática e minimizar seus
impactos. Para isso, contem objetivos legalmente obrigatórios
para que os países industrializados reduzam as emissões dos
seis gases de efeito estufa de origem humana: dióxido de
carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (NO2), além dos
três gases industriais fluorados: hidrofluorocarbonos (HFC),
perfluorocarbonos (PFC) e hexafluoreto de enxofre (SF6).

PRINCIPAIS ASPECTOS DEBATIDOS DURANTE O PROTOCOLO


DE Quioto

Acordou-se que os países industrializados deviam reduzir suas


emissões de CO2 e CH4 na atmosfera em 5,2% com relação aos
níveis de 1990, durante o período 2008-2012. Assim, os Estados
Unidos se comprometeram a diminuir em 7% suas emissões, a
UE em 8% e o Japão, em 6%.
Os países em vias de desenvolvimento ficam excluídos do
cumprimento de reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

Para o ano 2005, esses países deveriam demonstrar avanços em


seus compromissos. A este respeito, podemos dizer que, em
novembro desse mesmo ano, as estatísticas mostram que será
muito complicado alcançar as primeiras metas estabelecidas em
1997.

Com o fim de alcançar tal objetivo, estabeleceram-se três


mecanismos:

105
- um comércio de direitos de emissão transferíveis: baseia-se na
compra e venda de certificados de dióxido de carbono. As
empresas receberão certificados de contaminação, dependendo
da área à qual pertencem. Esses certificados determinarão
quanto dióxido de carbono as empresas podem emitir;
- mecanismos de desenvolvimento limpo: define-se como as ajudas
que os países industrializados ofereceriam mediante apoio e
investimentos tecnológicos em troca de quantidades de
emissões, aos países em desenvolvimento. Isto possibilitaria a
seus governos a transferência de tecnologias limpas aos países
não industrializados, mediante investimentos em projetos de
redução de emissões e, em troca, receber certificados de
emissão que servirão como suplemento a suas emissões
internas;
- aplicação conjunta: investimento de um país industrializado em
outro país industrializado para que este reduza as emissões de
gases de efeito estufa em seu processo produtivo. O país
investidor recebe em troca uma redução das emissões a um
custo inferior do de seu âmbito nacional, e ao mesmo tempo o
país receptor sai beneficiado com o investimento e com a
tecnologia.

O Protocolo está inspirado no princípio de justiça, pois permite


aos países em vias de desenvolvimento contaminar mais e aos
países desenvolvidos contaminar menos, porque as cotas de
emissão consideram as contaminações passadas e futuras.

EXTRATO DO PLANO DE AÇÃO DA CÚPULA DE JOANESBURGO


2002 EM RELAÇÃO À MUDANÇA CLIMÁTICA
Protocolo de Quioto: os Estados que têm ratificado o Protocolo de
Quioto contra a mudança climática realizam uma chamada
àqueles países que ainda não o fizeram. Neste contexto, aderem-
se a tal Protocolo países como a China, a Rússia, o Canadá e a
Estônia.

A Cúpula de Buenos Aires (Argentina) de novembro de 1998


tentou materializar esses compromissos em algo concreto; no
entanto, após onze dias de discussões, o resultado mais
relevante foi a elaboração de um programa de trabalho
denominado Agenda 2000, que apresentava a política que se
deveria seguir para que, no ano 2000, pusesse em ação os
106
mecanismos do Protocolo de Quioto, a fim de se cumprir os
compromissos assumidos.

A Cúpula de Buenos Aires, distante de desenvolver o Protocolo


de Quioto, caracterizou-se por um certo conformismo e uma
prorrogação das principais medidas de redução de gases para
mais adiante.
Outros acordos importantes realizados nesta conferência foram:

- a possibilidade de que as ONGs tivessem presença nos órgãos


de negociação das conferências;
- a constituição de uma plataforma para reunir os Protocolos de
Montreal (enfocado à conservação da camada de ozônio) e o de
Quioto (focado nos efeitos dos gases estufas);
- o compromisso de reforçar e ampliar a rede internacional de
vigilância da concentração de gases na atmosfera;
- a prorrogação das decisões sobre as repercussões da absorção
de CO2 na vegetação e nos oceanos (sumidouros) até a Cúpula
de Haia em 2000;
- a possibilidade de proporcionar um novo impulso aos
mecanismos financeiros da Convenção do Clima e do Fundo
Mundial para o Meio Ambiente;
- a promoção e a participação de especialistas para a
denominada "tecnologia limpa";
- a assinatura, na última hora, dos Estados Unidos
comprometendo-se a reduzir a emissão de gases poluentes na
condição de que se envolvam mais ativamente os países em
desenvolvimento.
Os Estados Unidos, com apenas 5% da população, produzem
mais de 25% das emissões totais de CO2 do planeta.

E os temas que ficaram pendentes continuam sendo os mesmos


que em Quioto:

- como e em que momento os países desenvolvidos devem pôr


em funcionamento um plano de redução das emissões de gases
estufa;
- o detalhamento da política a ser seguida no denominado
"comércio de emissões", que permite vender e comprar poluição
entre as nações desenvolvidas;
- um plano de ação com relação à "tecnologia limpa", que
consiste no financiamento de tecnologia inócua (energias
107
renováveis) nos países mais desfavorecidos em troca de
"créditos" de poluição;
- a finalização de um tipo de acordo com relação à limitação dos
"créditos" de emissão. Em relação a esse tema, a UE respalda o
estabelecimento de uma cota que limite tais "créditos",
diferentemente dos Estados Unidos, que defendem um comércio
totalmente livre;
- a conclusão da definição do conceito de sumidouro de CO2,
sobretudo no concernente às florestas. A questão que se coloca
é de que forma e o quanto se pode contar com estes grandes
absorvedores de dióxido de carbono - muito difícil de quantificar -,
com o objetivo de não mascarar os resultados na hora de avaliar
uma possível redução dos gases estufa por parte da atividade
humana.
No dia 26 de outubro de 1999, iniciou-se, em Bonn (Alemanha),
uma conferência para se pôr em prática os compromissos sobre
redução de gases estufa estabelecidos no Protocolo de Quioto de
dezembro de 1997. Não se esperava (e de fato foi assim) que
desta conferência saíssem importantes acordos, já que foi
considerada como um "passo intermediário" entre a celebrada em
Buenos Aires, em novembro de 1998, e a que ocorreria em Haia
aos finais de 2000.

Neste contexto, em 13 de novembro de 2000, representantes de


160 governos debateram, na cidade holandesa da Haia, os
mecanismos para obter a ratificação dos compromissos
derivados do Protocolo de Quioto com vistas à redução da
emissões dos gases estufa em pelo menos 5% para o período
2008-2012, em relação aos níveis de 1990.

Na reunião da Haia, a maioria dos governos deveria ratificar o


Protocolo de Quioto, com o objetivo de que este entrasse em
vigor, se possível, no ano 2002. Assim, a reunião devia
estabelecer as condições para alcançar uma relação de
compromisso para com as medidas adotadas sob o ponto de
vista econômico e dar credibilidade às atuações ambientais.

O êxito da conferência dependia da entrada em vigor do


Protocolo de Quioto em 2002, dez anos após a Cúpula da Terra
no Rio de Janeiro.

108
No entanto, a conferência fracassou ante a impossibilidade de
chegar a algum tipo de acordo. Efetivamente, os representantes
dos 160 países reunidos decidiram suspender as negociações
ante a incapacidade destes para tornar operativo o protocolo.

Por outro lado, alguns especialistas asseguravam que os


pressupostos nos quais se baseavam os compromissos de
redução das emissões três anos atrás haviam ficado defasados,
tornando necessária uma atualização. Seja como for, entre os
pontos de desencontro enumeraram-se os mesmos problemas de
sempre:

- os quatro blocos negociadores com interesses conflitantes: a


União Européia, o denominado grupo "Paraguas" (Estados
Unidos, Japão, Nova Zelândia e Austrália), o grupo "Oásis",
formado por pequenos Estados insulares do Pacífico e,
finalmente, os Países em Vias de Desenvolvimento (PVD);
- o estabelecimento de limites aos mecanismos flexíveis
propostos para garantir o cumprimento do "Protocolo de Quioto"
(problema de suplementariedade);

- o uso de comércio de direitos de emissões;

- a utilização de sumidouros: consideração das florestas para


estabelecer o grau de contribuição para a contaminação e,
portanto, os objetivos a serem cumpridos;

- projetos que se devem cumprir nos mecanismos de


desenvolvimento limpo (polêmica sobre a energia nuclear);

- vias para que os PVD cumpram os objetivos do protocolo e


mecanismos para garantir sua adesão.

Apesar do fracasso da Cúpula, deixou-se uma abertura para se


chegar a um acordo em 2001 - seguramente em meados do ano,
em Bonn -, com a esperança de que o tempo extra permitisse
chegar a um consenso global para que o Protocolo de Quioto
pudesse ser ratificado.

A esse respeito, em março de 2001, durante a Cúpula de


Ministros do Meio Ambiente do G-8 celebrada em Trieste (Itália),
chegou-se a um compromisso para a redução da emissão dos

109
gases estufa. Os países envolvidos acordaram em se esforçar
para "...assegurar de uma maneira efetiva a integridade ambiental
do Protocolo de Quioto".

Apesar da oposição dos Estados Unidos, no dia 23 de julho de


2001, 178 países reunidos novamente em Bonn (Alemanha)
aprovaram um protocolo para a redução dos gases na atmosfera
e recuperar, desta forma, o Protocolo de Quioto.

O acordo alcançado excluiu os EUA, mas permitiu solicitar mais


apoios para a entrada em vigor do Protocolo de Quioto sobre
redução de emissões de gases estufa. O processo foi muito
difícil, pois se temeu que a negativa dos EUA em ratificar o
tratado provocasse um efeito em cascata. Por fim, os Estados
Unidos ficaram sozinhos na defesa de suas teses e a UE pôde
obter o apoio da Rússia, do Canadá e do Japão, o que foi o
grande avanço da Cúpula de Bonn.

Aos finais do ano 2001 foi celebrada a Cúpula de Marrakech, que


constitui a VII Conferência das Partes da Convenção Marco das
Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC).

O objetivo da reunião de Marrakech foi acabar de perfilar os


mecanismos e procedimentos com que se concretizará a luta
contra a mudança climática. Além das florestas (sumidouros que
captam e neutralizam o CO2), as nações poderão dispor de
outros instrumentos que lhes permitirão fazer descontos de
emissões. Entre estes, está a compra e venda das cotas de
emissões poluentes não atingidas por outros países (o problema
é que a não participação dos Estados Unidos desvirtua e reduz o
volume desse mercado mundial). Outra fórmula são os
investimentos em tecnologia limpa no Terceiro Mundo, que
também permitem reduções nos inventários nacionais.

A UE, por outro lado, necessita fazer um esforço real para reduzir
as emissões poluentes e centralizar os esforços em políticas
internas mediante o fomento de energias renováveis, o transporte
coletivo, a economia de energia ou tecnologias limpas.
Os pontos-chave na Agenda da Mudança Climática (Marrakech,
2001) são:

- Financiamento:
110
– são necessários recursos adicionais para financiar projetos
contra a mudança climática. Esses recursos devem proceder dos
países ricos (Estados Unidos são reticentes em participar com o
financiamento do processo).

- Mecanismos flexíveis:
– as nações desenvolvidas reduzirão suas emissões com
"medidas internas": energias renováveis, economia energética e
transporte público;
– só atenderão "de maneira suplementar" a "medidas externas":
compra de direitos de emissões e investimentos em tecnologia
limpa no Terceiro Mundo;
– não serão válidos os investimentos em tecnologia nuclear.

- Sumidouros:
– em Bonn foi reconhecido o papel das florestas como
"sumidouros" que captam dióxido de carbono;
– a Rússia, o Canadá, a Austrália e outros países querem
sublinhar ainda mais este papel. No entanto, ainda é difícil
contabilizar seu impacto real no efeito estufa.

- Sanções:
– o descumprimento na redução de emissões implica uma
redução de 30% superior no seguinte período;
– os países menos desenvolvidos querem ter mais peso no
"tribunal sancionador".

Na Cúpula de Marrakech obteve-se um acordo quanto aos


aspectos técnicos do Protocolo de Quioto.
Em novembro de 2004, com o apoio da Rússia, superou-se a
famosa cifra de 55% e noventa dias depois entrou em vigor o
Protocolo de Quioto. A partir desse momento, os países firmantes
deverão reduzir suas emissões em 5,2% entre os anos 2008 e
2012 com relação aos valores de 1990. No caso de não
consegui-lo, o país descumpridor deverá multiplicar essa
quantidade por 1,3 no período seguinte.

O esgotamento da camada de ozônio


Generalidades
Constitui outro dos problemas atmosféricos globais, também
produto da poluição antropogênica. Trata-se da dissipação da
111
camada de ozônio, situada a aproximadamente 20-50 km da
superfície da Terra, e que é a responsável por proteger o planeta
das radiações solares ultravioleta.

Tal como se verá a seguir, a emissão de compostos clorados na


atmosfera, produto das atividades industriais, terão muito a ver
com a problemática.

O gás ozônio
O ozônio - do grego ozein (oler) - é um gás aromático, incolor em
pequenas quantidades, mas com uma tonalidade azulada quando
em grandes concentrações. É um composto de oxigênio cuja
molécula tem três átomos (O3). Por ser diferente dos dois do
oxigênio comum, é quimicamente instável e muito vulnerável a
componentes que contenham nitrogênio, hidrogênio ou cloro, os
quais o podem destruir.

Esse gás pode ser encontrado tanto na estratosfera (entre 20 e


50 km a partir da superfície terrestre), em uma proporção de
0,0001%, onde as radiações ultravioletas do sol (UV)
decompõem as moléculas de oxigênio em átomos, os quais, por
sua vez, combinam-se com outras moléculas de oxigênio para
formar o ozônio; quanto na camada inferior da atmosfera ou da
troposfera (entre a superfície terrestre e os 10 km de altura), onde
constitui um perigoso veneno que pode afetar o sistema
respiratório e a vegetação.

As moléculas de ozônio se criam e se destroem continuamente


de forma natural na atmosfera.

Durante o processo de decomposição das moléculas de oxigênio


em átomos livres e posterior formação do ozônio, libera-se calor e
destroem-se os raios ultravioletas UVC, os quais são, muito
prejudiciais aos seres vivos. Esta produção de energia é a causa
da inversão térmica que se produz nos primeiros níveis da
estratosfera, chegando-se a alcançar temperaturas de até 30°C.

Definitivamente, o ozônio estratosférico atua como um manto


protetor da Terra ao absorver as radiações ultravioletas UVB e
UVC (radiações solares de alta energia e baixo comprimento de
onda), prejudiciais aos seres vivos.

112
No início da década de 1970 foi dado sinal de alarme quanto ao
emprego massivo de diversos gases constituintes de cloro
(CFCs), que chegavam inalterados à estratosfera e que,
catalisados pelas radiações solares, eram decompostos em
átomos livres, provocando reações em cadeia que destruíam o
ozônio. No entanto, apenas em 1985 a comunidade internacional
tomou senso da seriedade do problema, à luz de alguns estudos
que demonstravam a perda de até 50% do ozônio estratosférico
situado acima da Antártida.

Além dos clorofluorocarbonos, há outros gases que deterioram a


camada de ozônio, como os óxidos nitrosos, liberados pelos
aviões supersônicos nos níveis superiores da estratosfera ou
pelos pesticidas à base de brometo de metilo.

Os efeitos imediatos de uma redução da camada de ozônio são


uma maior incidência do câncer de pele ou cegueira, alterações
nas colheitas e sobretudo no fitoplâncton, base da cadeia trófica
dos oceanos.

O problema do buraco na camada de ozônio na Antártida


Apesar de se entrechocarem diferentes teorias, tudo aponta o
emprego dos CFCs (clorofluorocarbonos), ou seus substitutivos,
como os principais responsáveis pela destruição do manto
protetor que cobre a Terra.

Os clorofluorocarbonos foram criados no final dos anos 20. Sua


descoberta representou toda uma revelação, já que reuniam tudo
o que se pode exigir de um produto químico: estável, não
corrosivo, atóxico e não inflamável. Assim, iniciou-se sua
comercialização massiva como espumantes, refrigerantes e
solventes.

O caráter inerte desses compostos - uma boa característica em


camadas baixas da atmosfera - permite-lhes alcançar a
estratosfera inalteráveis, onde podem perdurar entre 70 e 180
anos. Uma vez ali, e graças à radiação ultravioleta (UVC),
rompem suas ligações químicas, liberando o átomo de cloro. Este
pode roubar um átomo de oxigênio do ozônio para formar uma
molécula de monóxido de cloro (ClO), que ao reagir com o
oxigênio monoatômico, proporciona oxigênio diatômico e cloro
livre para começar novamente o ciclo destrutivo (figura 3.5).
113
Apenas um átomo de cloro pode destruir até 100.000 moléculas de
ozônio.

Em 1974, Molina e Rowland - premiados, em 1995, com o Nobel


de Química - informaram sobre os possíveis efeitos destrutivos
dos CFCs sobre a camada de ozônio. Essas suspeitas foram
confirmadas, em 1982, quando o cientista japonês Sigeru
Chuchabi detectou pela primeira vez uma concentração
anormalmente baixa deste gás durante sua estadia na estação
antártica de Syowa.

Em 1985, cientistas britânicos constataram que se havia


produzido uma perda média de 50% do ozônio sobre o Pólo Sul
durante as longas noites da primavera austral (de setembro a
dezembro). Este fato desconcertava os estudiosos sobre o tema,
pois a diminuição drástica do ozônio somente ocorria nessa parte
do planeta e nessa época do ano.

A figura 3.6 apresenta um desenho ilustrativo das magnitudes e


das áreas que o buraco da camada de ozônio pode alcançar.

114
Por outro lado, dava-se a circunstância de que se os poluentes
eram emitidos majoritariamente no hemisfério norte (Europa,
Rússia, China, Japão e EUA) e seus efeitos se evidenciavam nas
zonas meridionais, era porque as correntes de vento haviam
arrastado os CFCs aos pólos; assim, a estratosfera continha uma
divisão aproximadamente homogênea do conteúdo de cloro em
todas suas latitudes e, em conseqüência, todas as zonas eram
potencialmente vulneráveis a sofrer os efeitos dos poluentes.

Deve-se buscar a explicação para o fato de na zona antártica o


esgotamento da camada de ozônio ser mais evidente que em
outras latitudes nas propícias condições orográficas e
climatológicas apresentada por essa região para a destruição
desse gás:

- o frio intenso e as peculiaridades terrestres do Pólo Sul


(grandes extensões de terra rodeadas de mar) favorecem a
formação das denominadas nuvens polares estratosféricas
(NPE), que constituem o substrato sobre o qual se produzem as
reações químicas que liberam os átomos de cloro;

- na Antártida, os ventos giram ao redor do "vórtice polar",


favorecendo o isolamento das massas de ar detido do vórtice, o

115
que faz com que a temperatura desse ar diminuiu continuamente
ao longo do inverno.

Apesar de na zona ártica o efeito destruidor da camada de ozônio


também se produzir, as conseqüências não são tão graves.

Com efeito, nessa região a circulação dos ventos fortes e quentes


permite o contato com a massa de ar estancada no vórtice,
elevando as temperaturas. Este fato, unido à diferente
distribuição do relevo terrestre em relação à Antártida, fazem com
que a presença das NPEs não seja tão acentuada.

O tamanho do buraco na camada de ozônio na Antártida tem


sofrido importantes variações ao longo da última década. Desta
forma, em 1989, abrangia toda a superfície do continente
antártico, constatando-se reduções da concentração de O3 de
até 20% nas latitudes próximas a Nova Zelândia. No entanto, o
buraco nos anos 2000 e 2003 foram os mais extensos registrados
até agora (tabela 3.2).

Em nível mundial, também se produz um esgotamento da


camada de ozônio, porém, sem a relevância que alcança na
Antártida. Por exemplo, em algumas regiões do hemisfério norte,
registram-se diminuições de até 8% por década conforme a
época do ano. De forma semelhante, no hemisfério sul algumas
reduções da camada de ozônio ultrapassaram 6% por década,
sobretudo em países como Nova Zelândia.

116
Regeneração da camada de ozônio

A regeneração da camada de ozônio acontece de maneira


natural durante o verão. Nessa estação do ano, o ar fresco
procedente de outras latitudes permite a recuperação dos níveis
de ozônio. No entanto, com a chegada da primavera austral, o
buraco volta a se formar.
A Unidade Dobson (UD) é uma espessura teórica da camada de
ozônio e é utilizada como uma medida da quantidade de
moléculas de ozônio na estratosfera. Os valores normais de
ozônio na estratosfera sobre a Antártida são da ordem das 350
UD. Quando a quantidade de ozônio diminui a valores de 220
UD, considera-se crítica a situação em função dos conseqüentes
aumentos de radiação UV-B, implicando sérios riscos à saúde
humana. Essa área com valores de ozônio inferiores a 220 UD é
a que se denomina "buraco de ozônio".

Os níveis da camada de ozônio se medem em unidades Dobson,


de forma que 100 unidades Dobson correspondem a 1 mm de
ozônio comprimido.

Embora sejam eliminadas drasticamente as emissões de cloretos


e brometos à atmosfera, o problema persistiria na estratosfera
durante muitos anos. Considera-se que os CFCs ou seus
substitutivos demoram até dez anos para alcançar a baixa
estratosfera, onde está a maior concentração de ozônio. Por
outro lado, dado o ritmo atual de emissões, é provável que o
esgotamento da camada de ozônio se estenda a outras zonas
além da do continente antártico.

Têm-se buscado substitutos para os CFCs empregados nos


sistemas de climatização e refrigeração, como os
hidrofluorocarbonos (HFC) e os hidroclorofluorocarbonos
(HCFCs). Estes últimos compostos destroem menos moléculas
de ozônio que os CFCs, no entanto, sua velocidade de destruição
é superior. Além disso, ambos contribuem em grande parte para
o efeito estufa. Outras medidas substitutivas estão baseadas no
emprego de GLPs, que são prejudiciais à camada de ozônio ao
necessitar de cloro, de amoníaco e hidrocarbonetos, como o
butano ou o propano, os quais apesar de serem tóxicos e
inflamáveis, utilizam-se nos frigoríficos Greenfreeze.

117
Os compostos halogenados (halon) contidos nos extintores
podem ser substituídos por água sem perder eficácia na
utilização.

Essas substâncias são usadas, na maioria das ocasiões, como


soluções temporárias para poder cumprir as exigências atuais do
Protocolo de Montreal e outras diretrizes ambientais, até que se
descubram outros compostos que não sejam prejudiciais à
camada de ozônio e atendam melhor aos demais requisitos
técnicos necessários.

Seguindo esta linha, as indústrias trabalham sobre como influir


nos processos de fabricação, com o objetivo de buscar métodos
alternativos que reduzam a emissão destes produtos.

Da mesma forma que nas questões relacionadas à mudança


climática, não se sabe exatamente até que ponto se pode
produzir a regeneração da camada de ozônio. No entanto, pelos
graves efeitos que pode provocar o desaparecimento do ozônio
estratosférico sobre a vida na terra, cabe adotar as medidas que
sejam oportunas para pôr fim a estas emissões.

Situação atual do tamanho do buraco da camada de ozônio

Segundo observações da Organização Meteorológica Mundial


das Nações Unidas de 1 de setembro de 2005, "o buraco de
ozônio" já tem alcançado uma superfície de 22 milhões de km2, e
as previsões indicam que alcançará uma superfície de 26 milhões
de km2, sendo sua evolução similar à dos maiores "buracos" da
história, acontecida nos anos 2000 e 2003. (Para se ter uma idéia
comparativa, a superfície dos Estados Unidos é de
aproximadamente 10 milhões de km2 e a da Antártida, de 14
milhões de km2).

Acordos e compromissos

O alarme social gerado a partir da descoberta do buraco da


camada de ozônio na Antártida desencadeou a conscientização
do problema pela ecomunidade internacional e adoção de uma
série de medidas tendentes à redução dos CFCs, e outros gases
prejudiciais constituintes de bromo, como os halons.
118
Em 1987, firmou-se o Protocolo de Montreal, que contou com o
apoio do programa ambiental das Nações Unidas. Esse acordo
foi firmado por 24 países e pela UE, sendo posteriormente
ratificado por 150 países.

O objetivo fundamental do Protocolo era reduzir as emissões de


CFCs dos países industrializados a 50% para o ano 2000 e o
congelamento da produção e do emprego dos halons antes de
1992.

Por causa do crescente aumento da radiação ultravioleta no nível


da superfície terrestre, tal acordo foi modificado em 1990, em
Londres, com o objetivo de obter a eliminação total dos halons e
dos CFCs para o ano 2000, e, posteriormente, em 1992, em
Copenhague, para adiantar a agenda de eliminação dos halons
em 1994 e a dos CFCs aos finais de 1995 (data que o Conselho
de Ministros de meio ambiente da UE adiantou em 31 de
dezembro de 1994). Neste último acordo foram impostas cotas de
emprego do brometo de metilo, utilizado de forma massiva como
praguicida.

Em dezembro de 1993, a reunião do Conselho de Ministros de


meio ambiente da UE adotou as seguintes disposições:

1. interrupção da produção dos HCFCs para finais do ano 2014;

2. a primeira escala de redução na produção dos HCFCs estaria


fixada para o ano 2004 e representaria 35% menos que em 1989;

3. a proibição do emprego dos HCFCs na refrigeração doméstica


e na climatização do automóvel a partir de
1/1/1996.
4. a proibição do emprego dos HCFCs nas novas instalações de
climatização e refrigeração que superem os 150 kW de potência,
a partir do 1 de janeiro de 2000.

O Acordo de Viena de 1995 significou a obrigatoriedade de


erradicar do mundo industrializado a produção de brometo de
metilo para o ano 2010, bem como a necessidade de envolver os
países em desenvolvimento na eliminação total dos CFCs para
essa mesma data. Este pode ser um tema difícil para as nações
menos industrializadas, já que podem sofrer um retrocesso em

119
sua economia caso não se forneçam ou se produzam, com
lentidão, outro tipo de soluções substitutivas.
Como resultado das medidas aprovadas, em 1995, a produção
mundial de CFCs diminuiu em 76% com relação ao máximo
registrado em 1988. No entanto, países como a China ou a Índia
continuam aumentando suas cotas de emissão apesar de
haverem firmado os tratados.

Um problema pendente é o atual mercado negro de CFCs, do


qual participam vários países de economia precária, como os da
antiga União Soviética, e possivelmente China, Índia e Tailândia.
No comércio ilegal destes produtos - estima-se que
correspondem a 1/5 das emissões - movimentam-se valores na
ordem dos milhões de dólares.

Durante o Dia Internacional da Preservação da Camada de


Ozônio celebrado em 16 de setembro de 1999, Kofi Annam,
então secretário geral da ONU, alertou para esse crescente
mercado ilícito de gases clorados e aos 20 países que não têm
ratificado os tratados internacionais relativos ao ozônio,
apontando para o perigo de se cair em um certo conformismo ou
complacência após os resultados obtidos na redução da emissão
deste tipo de gases.

As estimativas atuais apontam que se todos os países do mundo


acatassem o Protocolo de Montreal, a camada protetora de
ozônio começaria a se recuperar aos finais dos anos noventa,
podendo alcançar a recuperação total em 2045.

120
Perda da Biodiversidade
Uma das preocupações mais estendidas em todo o mundo
científico e conservacionista é a progressiva perda de áreas
naturais e de espécies, tanto da flora quanto de fauna. Esta
perda, produzida em escala global, contrasta com o aumento das
explorações desenfreadas dos recursos naturais da Terra.

A transformação, alteração ou destruição dos ecossistemas


naturais tem provocado o desaparecimento de habitats, sua
fragmentação, a invasão de espécies introduzidas, a
superexploração dos recursos e a contaminação, o que tem posto
em perigo de extinção numerosas espécies e eliminado do
planeta um bom número delas (CARABIAS & ARIZPE, 1994).

A perda de biodiversidade, sobretudo nos ecossistemas


ameaçados (por exemplo, ilhas e áreas úmidas), é irreversível na
maior parte das vezes. Atualmente, não existe nenhuma
tecnologia que permita criar novamente, ou pelo menos imitar, os
ecossistemas, as espécies ou a grande maioria dos genes que
estão desaparecendo. Se possível no futuro, seria exorbitante o
custo de duplicar ecossistemas tão complexos e auto-regulados
como os que se encontram na natureza (figura 3.8).

121
Figura 3.8: Vida em um recife de coral no Panamá. Seria impossível
chegar a imitar com exatidão todos os processos ecológicos que se
desenvolvem neste ecossistema. A complexidade dos organismos que
o compõem e sua elevada produtividade são únicos na natureza.
A perda de biodiversidade envolve muito mais que a redução do
número total de espécies que povoam o planeta. A conservação
dessas espécies não responde somente a argumentos éticos,
mas representa a salvaguarda de múltiplos recursos: alimentos,
medicamentos e matérias-primas atualmente utilizadas para a
indústria, e, sobretudo, de outros desconhecidas.

Acordos e compromissos

Entre os convênios mais interessantes cabe destacar os


seguintes: o Programa MAB (Homem e Biosfera) que, a partir de
1974 cria as chamadas Reservas da Biosfera; a convenção
relativa às áreas úmidas de importância internacional como
habitat de espécies aquáticas (RAMSAR), cuja entrada em vigor
data de dezembro de 1975; o convênio sobre o comércio
internacional de espécies ameaçadas de fauna e flora silvestre
(1975); o convênio sobre a conservação de espécies migratórias
(1983); o convênio sobre biodiversidade, no marco da 1ª Cúpula
da Terra (1992); o protocolo de proteção da Antártida (1991) e
outros convênios de caráter latino-americano.

Degradação do solo e desflorestamento


A degradação do solo se define como a perda parcial ou total de
sua produtividade, seja qualitativa e/ou quantitativa, como

122
conseqüência de processos tais como a erosão e a
desertificação.

Esse processo repercute diretamente sobre a agricultura,


diminuindo o rendimento dos cultivos e dos recursos hídricos, e
afetando gravemente outros setores econômicos e ambientais.

As causas da degradação do solo são o resultado de uma


interação complexa de um grande número de fatores associados
quase sempre à atividade humana, como a má gestão dos
recursos do solo, a mudança climática, fatores políticos e
socioeconômicos, etc.

A erosão é a principal forma de degradação de um solo. Define-


se como a perda gradual de terra, ao serem arrastadas as
partículas superficiais que constituem o solo pela ação de
diversos agentes erosivos (água, vento, temperatura, atividade
biológica e humana).

Em condições normais, a coberta vegetal protege o solo da ação


da chuva e do vento, propiciando um equilíbrio entre a erosão e a
formação do solo. No entanto, a substituição da vegetação
natural de amplas zonas por explorações agrícolas intensivas tem
rompido esse equilíbrio, especialmente quando as variações
climáticas têm acompanhado esta circunstância.

A desertificação constitui a última etapa no processo de


degradação de um solo. Define-se como a perda progressiva dos
ecossistemas, devido a agentes antrópicos e naturais,
consistente em uma diminuição qualitativa e quantitativa dos
sistemas vitais (solo, água e floresta), que leva a uma aridização
e diminuição da produtividade biológica até a destruição do
potencial biosférico.

A desertificação, em última instância, pode converter o


ecossistema em um deserto.

Esse processo ocorre com mais freqüência nas regiões áridas,


caracterizadas por uma permanente seca (1), escassa vegetação
e com grandes contrastes de temperatura.

123
Segundo alguns autores, anualmente perdem-se 6 milhões de
hectares de terreno cultivável, seja como conseqüência da
desertização ou por outros usos do solo.

PRINCIPAIS FATORES ANTROPOGÊNICOS QUE INFLUENCIAM


NO FENÔMENO DA EROSÃO E DESERTIFICAÇÃO
o Conversão do solo florestal no solo agrário. Nestas
situações, aumenta em grande parte a erosão por
escoamento e se produz a degradação e a substituição do
ecossistema natural em equilíbrio com outro ecossistema
artificial agrário muito mais simples e instável.
o Excessiva tendência ao monocultivo ou à agricultura
intensiva.
o Mineralização e contaminação do solo. O uso de
fertilizantes químicos, pesticidas e herbicidas rompe a
estrutura do solo em dois sentidos: por um lado,
mineralizam-no e empobrecem em matéria orgânica e, por
outro lado, contaminam, aumentando o nível de produtos
prejudiciais à vida vegetal.
o Empobrecimento seletivo do solo, produzido pelo
apetite seletivo de algumas espécies vegetais, plantadas
pelo homem, de alguns nutrientes específicos do solo.
o Aumento de população humana.
o Desvastamentos massivos de montes e
desflorestamento.
o Trabalho excessivo. Em época de chuvas freqüentes,
aumentam-se os cultivos e se estende a exploração dos
solos, ultrapassando os níveis normais; desta forma,
contribui para potencializar a aridez em posteriores
períodos de seca.
o Inadequadas técnicas florestais.

124
o Inadequado ordenamento do território.
o Grandes obras públicas.
o Incêndios florestais provocados.
Outros fatores naturais, além dos puramente antropogênicos, que
fomentam a degradação dos solos são:

- as margens do deserto;
- as zonas de forte lixiviação;
- as catástrofes naturais;
- as chuvas torrenciais ou ciclones.
O deflorestamento é um problema ocasionado pela derrubada
abusiva das florestas a uma velocidade maior que a própria
regeneração ou reflorestamento. As repercussões climáticas
dessa prática são evidentes: um aumento dos períodos de seca e
uma diminuição das precipitações.

Diferentemente do que acontece nas nações industrializadas, o


problema do deflorestamento é bem mais problemático nos
países em vias de desenvolvimento, pois nestes a madeira ainda
constitui uma fonte de energia muito utilizada. Como exemplo, um
dado: dos 460 metros de madeiras empregadas como
combustível em 1990, 80% foram consumidas nos países em
vias de desenvolvimento.

Cerca de 2.000 milhões de pessoas em todo o mundo dependem


da lenha como única fonte de energia. Os países em vias de
desenvolvimento obtêm da madeira 17% do suprimento de suas
necessidades totais de energia primária, enquanto essa
quantidade pode chegar 70% nos países mais pobres; ao
contrário, a contribuição da madeira para atender às
necessidades de energia primária nos países desenvolvidos é de
apenas 2%. 90% da madeira utilizada como combustível em todo
o mundo é para combustão direta (2), enquanto os 10% restantes
empregam-se majoritariamente para a obtenção de carvão
vegetal.

Anualmente, desmatam-se no mundo 13 milhões de hectares de


floresta.

125
________________________

1 Os anticiclones quentes com seus céus despejados e seus


ventos descendentes são os responsáveis pelos períodos de
seca, ao atuar como "bloqueadores" dos fluxos de ar úmido que
comportam as nuvens e chuvas.
2 O rendimento é muito baixo, já que só se aproveita 10% da
energia que contêm.

Chuva Ácida
Grande parte do dióxido de enxofre e dos óxidos de nitrogênio
lançados na atmosfera, produto das atividades industriais,
retornam à superfície da Terra em estado gasoso, principalmente
sobre as zonas próximas às fontes de emissão ou sob forma de
ácidos dissolvidos nas gotas da chuva.

Origem e efeitos da chuva ácida

Embora possa ter origens naturais diversas (erupções vulcânicas,


putrefação de vegetais e plâncton, orvalho do mar, etc.), a chuva
ácida se deve majoritariamente a causas antropogênicas, ou
seja, a processos resultantes da exploração e do uso da energia,
mais especificamente, à queima de combustíveis fósseis.
Alguns dos gases que se desprendem da combustão do petróleo
e do carvão, em particular o dióxido de enxofre (SO2) e os óxidos
de nitrogênio (NOx), podem-se depositar a seco e serem
absorvidos diretamente pela terra, lagos ou vegetação (deposição
seca), ou permanecer na atmosfera e oxidar-se graças à ação de
agentes oxidantes (catalisadores), como o ozônio (O3), o
peróxido de hidrogênio (OH-) ou o amônio (NH4 +). Desta
maneira, o dióxido de enxofre se converte em ácido sulfúrico
(H2SO4) e os óxidos de nitrogênio em ácido nítrico (HNO3).

Geralmente, os ácidos formados se dissolvem nas gotas de


nuvens e névoas, podendo percorrer grandes distâncias antes de
precipitar sob forma de chuva, neve, névoa ou granizo (deposição
úmida).

Na figura 3.10, ilustra-se o processo de formação da chuva ácida.

126
Os ácidos dissolvidos na água aparecem principalmente sob
forma de íons (SO4=, NO3 - e H+). O ácido nítrico libera um íon
hidrogênio, enquanto da reação do sulfúrico resultam dois íons;
assim, a acidez das precipitações será diretamente proporcional
à concentração de íons hidrogênio presentes.

O amoníaco (NH3) gerado a partir de processos naturais e da


atividade humana é o protagonista do seguinte paradoxo: por um
lado, neutraliza alguns íons hidrogênio e, por outro, da reação
resulta o íon amônio (NH4 +), que catalisa a formação de ácidos.
Pode-se considerar a chuva limpa naturalmente ácida, já que seu
pH é próximo a 5,6.

127
Ao precipitar, a chuva ácida libera metais pesados (Pb, Al, Hg, V,
Cd...) e íons (H+, NH4 +, NO3, SO4=), acidificando (1) os lagos e
favorecendo a proliferação de algas verdes que acabam com a
vida lacustre. Assim, as florestas se danificam seriamente pelos
efeitos sobre as folhas das plantas (folhagem desigual e escassa,
incapaz de realizar a fotossíntese com eficácia), pelas perdas de
nutrientes essenciais e pelo aumento de metais tóxicos que
danificam as raízes e os microorganismos do solo.

Os efeitos da chuva ácida também podem ser observados sobre


as estruturas metálicas dos edifícios sob forma de corrosão, e,
inclusive, sobre a saúde das pessoas. Com efeito, os
hidrocarbonetos emitidos pelos tubos de escape dos automóveis
reagem com os óxidos de nitrogênio e produzem ozônio, que,
embora tenha um valor incalculável na estratosfera, em níveis
superficiais provoca problemas respiratórios e acelera a formação
da chuva ácida.

A deposição seca é uma variante do fenômeno da chuva ácida, e


consiste na precipitação dos óxidos como gases ou pequenas
partículas diretamente sobre o solo, lagos ou florestas. Sua ação
costuma ser de curto alcance, afetando principalmente as zonas
próximas ao ponto emissor, embora, conforme as condições
meteorológicas favoráveis, possam se depositar a grandes
distâncias.

São constrastantes os efeitos da chuva ácida em diversas


localizações. Por exemplo, tem-se evidenciado o aumento de
acidez dos lagos da Escandinávia, do nordeste dos Estados
Unidos e do sudeste do Canadá, bem como as repercussões
sobre o tamanho e a diversidade da população de peixes. O
fenômeno da chuva ácida também tem-se relacionado com os
danos surgidos nas florestas do norte da Europa e nordeste dos
Estados Unidos.

____________
1 O pH da chuva ácida oscila entre 4,5 e 5,6, no entanto, em
algumas ocasiões pode diminuir até 3.

O enxofre como poluente


Conforme mencionado anteriormente, a principal origem da
chuva ácida é de natureza antropogênica, e deve em sua maior
128
parte à combustão do carvão e do petróleo cru que, em função de
sua origem, contém uma concentração de enxofre que varia entre
0,5% e 5%. No carvão, as concentrações deste poluente variam
em uma categoria mais ampla. Por outro lado, o gás natural
contém uma proporção muito pequena de enxofre, de forma que
geralmente não intervem no fenômeno da chuva ácida.

Os compostos de enxofre são responsáveis por 2/3 do total da


chuva ácida, sendo as emissões mundiais totais (naturais e
artificiais) de dióxido de enxofre à atmosfera de aproximadamente
170 milhões de toneladas por ano.

Atualmente, na Europa são emitidas cerca de 30 milhões de


toneladas anuais de dióxido de enxofre, das quais 80% provêm
da combustão de petróleo bruto e carvão, enquanto 20% restante
se associam a outros processos industriais.

Os maiores poluentes mundiais são Grã-Bretanha, EUA e a


antiga União Soviética, sendo os problemas associados à chuva
ácida especialmente graves na Europa do Leste, por causa da
emissão de grandes quantidades de SO2 procedentes do
emprego de lignitos -conteúdos de enxofre de até 14%- nas
centrais termoelétricas.

O nitrogênio como poluente

Os principais compostos nitrogenados que contaminam a


atmosfera são o monóxido de nitrogênio (NO) e o dióxido de
nitrogênio (NO2), que costumam se agrupar sob a denominação
NOx.
A origem desse tipo de emissões pode ser natural (decomposição
química de nitratos, relâmpagos, etc.) ou antropogênica
(combustão de carburantes fósseis). Conjuntamente, essas
emissões que são liberadas anualmente no mundo representam
86 t de poluentes à atmosfera.

Esses óxidos, responsáveis por 1/3 do total da chuva ácida,


formam-se em todo tipo de combustões a alta temperatura, em
parte pelo conteúdo em nitrogênio do próprio combustível (carvão
ou madeira) ou pela oxidação do nitrogênio do ar de combustão.
Os principais causadores das emissões de óxidos de nitrogênio à
129
atmosfera são os motores dos veículos destinados ao transporte
rodoviário.

Nos países escandinavos, as duas terças partes das emissões


totais de NOx procedem dos veículos de
transporte.
Do mesmo modo, certos tipos de fertilizantes constituem uma
fonte de compostos nitrogenados contaminantes que podem levar
a uma superfertilização do solo, acarretando danos na vegetação
e na eutrofização das águas subterrâneas.

Conseqüências da acidificação sobre o meio ambiente


A acidificação pode afetar as águas subterrâneas, os solos, a
flora, a fauna e a saúde humana, entre outros.

Acidificação das águas subterrâneas

A origem da acidificação das águas provém em 90% da infiltração


e da lixiviação da água da chuva no solo, o que afeta as camadas
freáticas e, desta forma, os rios e lagos. Apenas 10% restante
estão diretamente relacionados à chuva ou à neve.
As águas dos lagos afetados pela acidificação são claras e pouco
turvas, em virtude da precipitação do plâncton no fundo.

Assim, a diminuição do pH favorece a presença de metais como


o mercúrio ou o alumínio livre (1), causador do envenenamento
da fauna aquática.

____________________

1 O alumínio unido a diversos minerais constitui um dos


elementos mais abundantes da crosta terrestre. No entanto,
torna-se extremamente solúvel em meios ácidos.

Acidificação dos solos

130
Uma vez produzida a deposição dos contaminantes no solo,
estes podem ser absorvidos pela terra ou pelos vegetais,
deslocar-se ou incorporar-se às águas continentais.

A acidificação do solo é um processo mais lento que o descrito


anteriormente. No entanto, é mais difícil seu tratamento que na
contaminação das águas.

Por exemplo, o SO2 pode se transformar em H2SO4 de duas


maneiras diferentes: nas folhas das plantas, após absorver a
água da chuva ou diretamente no solo. Da mesma forma, pode
constituir compostos orgânicos ao reagir com a matéria desta
mesma natureza presente no solo.

Tanto o ácido sulfúrico quanto a decomposição dos sais


amoniacais (NH4)2 SO4 acidificam o solo, provocando uma
diminuição nos níveis de potássio, cálcio e magnésio,
constituintes dos nutrientes do solo.

Em uma zona muito castigada pela chuva ácida, como no caso


do sul da Escandinávia, chega-se a valores de pH de entre 1 e
0,3.

A acidificação não apenas ocorre nos estratos superficiais do


solo, mas pode-se estender a profundidades de até 1 m.

Nesse tipo de solo, os fungos substituem as bactérias e demais


organismos decompositores presentes no solo, com o que se
produz uma desaceleração na mineralização (1) da matéria
orgânica.

A solubilidade dos nutrientes é favorecida na medida em que o


solo é mais ácido, condição na qual não podem ser aproveitados
pelas plantas: por isso, não é conveniente agregar resíduos
orgânicos a um solo ácido, já que desta forma se contribui ainda
mais para a solubilização desses metais.

________________
1 Consiste na liberação gradual dos elementos nutritivos do solo
em diferentes formas inorgânicas como cálcio, sódio, magnésio,
potássio e fósforo.

Efeitos sobre a flora, a fauna e a saúde humana


131
Embora seja muito difícil estabelecer uma relação entre o tipo de
dano e a causa que o tem provocado, é certo que a corrosão do
depósito seco de dióxido de enxofre exerce efeitos diretos sobre
a gordura protetora das folhas das árvores. Por exemplo, os
abetos e os pinos afetados pela chuva ácida apresentam uma
descoloração e perda de suas folhas, bem como uma
deterioração de suas raízes.

Os musgos e os líquens também são gravemente afetados, já


que absorvem a água diretamente através de suas folhas. Essas
espécies são alguns indicadores diretos da contaminação
atmosférica.

Há outros efeitos indiretos sobre as árvores, resultado da


acidificação do solo, como a redução de nutrientes e liberação de
outros compostos prejudiciais.

As mudanças na composição e na estrutura da vegetação


incidirão diretamente sobre a fauna. Efetivamente, o efeito da
chuva ácida se manifesta no ciclo reprodutivo dos pequenos
pássaros que habitam nas proximidades das águas acidificadas,
bem como nos herbívoros, que acumulam grande quantidade de
metais pesados ao ingerir as plantas afetadas.

Por exemplo, em algumas zonas da Holanda, os pássaros botam


cada vez mais ovos com cascas mais finas por que a chuva ácida
reduz a quantidade de caracóis, que são sua principal fonte de
cálcio.

Embora não esteja provado que as águas subterrâneas ácidas


sejam por si mesmas prejudiciais à saúde, o certo é que a
concentração de metais pesados, como o alumínio e o cádmio,
reduz notadamente o pH a valores inferiores a 5. Esses
elementos podem provocar graves danos nos sistemas cerebral,
renal e ósseo.

Medidas preventivas e corretivas a adotar para reduzir os efeitos


da chuva ácida

Para mitigar os efeitos da chuva ácida nas águas continentais,

132
costuma-se adicionar uma base, que provoca um aumento do pH
e origina a precipitação e uma posterior sedimentação do
alumínio e outros metais no fundo do lago. Essa medida permite
restituir as condições da flora e da fauna do lago. No entanto, a
acumulação de metais tóxicos nos leitos dos cursos dos rios
provoca o surgimento de numerosos problemas.
Em relação às águas subterrâneas, pode-se combater a acidez
mediante a colocação de um filtro, próximo do fundo do poço
escavado para tal fim, com o objetivo de atuar como
neutralizante.

Estas medidas são efetivas para um curto período de tempo e,


geralmente, têm um caráter corretivo mais que preventivo.

A maioria das soluções tendentes a minimizar o problema da


chuva ácida tem um elevado custo econômico que, a princípio,
não é coberto pelo agente poluente.

Atualmente, a solução para esse problema passa pela limitação


das emissões de gases poluentes à atmosfera, sendo necessário
empregar uma tecnologia desenvolvida na queima de
combustíveis fósseis e na limpeza dos gases desprendidos.

Há diversas técnicas para reduzir as emissões de SO2 nos


processos de combustão do carvão. Nas centrais térmicas de
carvão convencionais, o fluxo de gases procedente da combustão
circula através de um filtro de carbonato de cálcio para, desta
forma, absorver o enxofre e produzir sulfato de cálcio ou
GYPSUM. Esse processo tem a desvantagem de diminuir a
eficiência termodinâmica global na geração de eletricidade,
ocasionando um leve aumento das emissões de CO2 produzidas
por unidade de energia.

Outras tecnologias mais desenvolvidas se fundamentam na


combustão pressurizada de carvão com baixo conteúdo em
enxofre no leito fluido, bem como na realização de mudanças nos
métodos de combustão; por exemplo, a utilização de
queimadores de baixa produção de NOx requer um menor
excesso de oxigênio, tempos mais curtos de combustão e
menores temperaturas.

Outras alternativas se baseiam na purificação das fumaça


mediante métodos catalíticos, que permitem a reação dos óxidos
133
de nitrogênio com amoníaco para proporcionar nitrogênio, gás e
água.

Uma alta porcentagem dos óxidos de nitrogênio emitidos à


atmosfera provém das combustões dos veículos a motor. Neste
caso, impõem-se medidas tais como um desenho adequado do
motor, que permita uma combustão mais completa possível; a
redução do trânsito por rodovia, o estabelecimento de limites de
velocidade ou o emprego obrigatório de catalisadores (1).

_________________
1 Dispositivo que permite transformar mais de 90% dos óxidos de
nitrogênio, hidrocarbonetos e monóxido de carbono em
nitrogênio, dióxido de carbono e água.

Acordos e compromissos

O primeiro passo para reduzir de forma progressiva a


contaminação atmosférica ocorreu em novembro de 1979 quando
se firmou a Convenção sobre Contaminação Transfronteriça em
Genebra, que entrou em vigor em 16 de março de 1983 e foi
ratificada por 24 países.
Posteriormente, em julho de 1985, 21 países firmaram o
Protocolo para o Controle das Emissões de Dióxido de Enxofre,
que entrou em vigor em 2 de setembro de 1987. Seu objetivo era
reduzir em 30% as emissões de SO2 para o ano de 1993. Assim,
constituía-se o denominado Clube dos 30%. Semelhantemente,
em outubro de 1985, 25 países acordavam em congelar suas
emissões de NO2 para que estas atingissem, em1994, o mesmo
nível que tinham em 1987.

Com o objetivo de cumprir os compromissos firmados no


Protocolo de Quioto de 1987, a União Européia elaborou um
programa de ação denominado "Estratégia de Acidificação", a
qual tratava de limitar o conteúdo em enxofre de alguns
combustíveis líquidos derivados do petróleo.

A falta de cumprimento determinou que o V Programa da União


Européia contemplasse, como um de seus objetivos, a redução
134
em 30% dos níveis de NOx e de 35% nos de SO2 para o ano
2000.

Atualmente, este é o campo de atuação da Comunidade Européia


em matéria de meio ambiente para o qual há mais legislação e no
qual tem-se avançado mais. No entanto, os resultados não são
ainda suficientes, dado que os problemas de saúde e meio
ambiente ainda persistem ou pioram.

A névoa fotoquímica
A combustão imperfeita dos combustíveis fósseis gera, além do
dióxido de carbono, outros compostos como monóxido de
carbono (CO), constituintes de nitrogênio e enxofre e
hidrocarbonetos inqueimáveis.

Esta situação é especialmente grave quando os poluentes são


liberados na denominada zona de inversão térmica, na
troposfera. Essa região - em zonas próximas à superfície
terrestre costuma-se situar entre 30 m e 40 m - caracteriza-se por
apresentar uma mudança no padrão de comportamento da
temperatura conforme a altitude, de forma que se inverta a
tendência normal de declínio da temperatura com a altura.

A zona de inversão térmica se produz quando uma massa de ar


quente fica acima de outra massa de ar frio, de forma que esta
não tem a possibilidade de se elevar. Com isso, impede-se a
circulação vertical do ar, com o consequente estancamento dos
contaminantes em tal camada fria ou de mistura (1).

As razões pelas quais uma massa de ar quente se sobrepõe a


outra de ar frio estão estreitamente relacionadas com as
condições meteorológicas e orográficas do lugar. Desta forma,
135
podem-se produzir inversões durante as noites claras de inverno
e sem vento (inversão térmica ou de radiação), em situações
anticiclônicas (inversão de subsidência) ou por deslocamentos de
ar paralelos à superfície da Terra (inversão advectiva).

Assim, as condições do terreno podem propiciar a formação de


tal fenômeno, como, por exemplo, no caso de um vale ou em
depressões de terreno rodeadas de montanhas.

As inversões térmicas ou de radiação contribuem para o


surgimento da névoa fotoquímica ou "smog" que aparece sobre
as cidades e áreas industriais na primeira hora da manhã. Com
efeito, o início diário da atividade humana (trânsito, indústrias,
calefações, etc.) faz com que grandes quantidades de poluentes
fiquem retidos na camada de mistura, abaixo da zona de inversão
térmica.

Quando a Terra se aquece por causa da radiação solar, a


inversão térmica se anula ao aquecer-se a camada de ar mais
próxima da superfície. No entanto, as condições de forte
insolação provocam a reação dos hidrocarbonetos e dos óxidos
de nitrogênio, com a consequente formação de oxidantes como o
ozônio ou os nitroperóxidos de acilo (NPA).

No nível do solo, o efeito dos oxidantes provoca problemas


respiratórios e efeitos negativos sobre a fotossíntese dos
vegetais.

As cidades -sobretudo quando cercadas de montanhas- são


especialmente suscetíveis de sofrer o "smog" fotoquímico, pois a
intensa atividade humana propicia o aparecimento das
denominadas ilhas de calor, onde se criam algumas condições
adequadas para a formação de nuvens e névoas.

O fim de uma situação de névoa fotoquímica ocorre graças à


ação do vento, ao dispersar todo o manto de poluição para o
exterior.

Na hora de implantar uma área industrial nos arredores de uma


cidade, é conveniente realizar um estudo prévio da orografia e
das correntes de vento do lugar.

136
Atualmente, em algumas das maiores cidades do mundo onde o
fenômeno do "smog" tornou-se cotidiano, tem-se começado a
tomar as primeiras iniciativas com o fim de tentar resolver esta
situação. Por exemplo, em alguns lugares, é habitual a limitação
e o controle do tráfico rodoviário com revesamento de veículos
conforme a matrícula.

_________________

1 A camada de mistura é a que se encontra imediatamente


abaixo da zona de inversão térmica. Diferentemente desta última,
nela podem ocorrer movimentos verticais de ar.

Produção e consumo
Novas pautas de produção e consumo

Muitos dos problemas ambientais atuais são o resultado das


pautas de produção e consumo das pessoas que não são pobres
e que vivem, geralmente, nos países ricos. Os países ricos
utilizam uma grande quantidade de combustíveis fósseis e
esgotam muitas das reservas pesqueiras do planeta, danificando
o meio ambiente. Além disso, registram altos níveis de demanda
de madeiras exóticas e produtos derivados de espécies em
perigo de extinção.
Para garantir a sustentabilidade da terra e dos recursos, bem
como as perspectivas de desenvolvimento dos países pobres,
essas pautas de produção e consumo tão prejudiciais devem
mudar. É necessário que os sistemas de energia reduzam
consideravelmente suas emissões de gás de efeito estufa.

A superexpansão do consumo danifica o meio ambiente através


das emissões de resíduos poluentes gerados pela produção
desses bens. O esgotamento e a degradação crescente dos
recursos renováveis também debilitam os meios de vida. Nos
últimos 50 anos, as emissões de dióxido de carbono têm-se
quadruplicado e a maior parte de tal aumento tem-se produzido
nos países ricos.

Os países ricos, por contribuir em maior medida para a


degradação ambiental e por possuir maiores recursos financeiros
e tecnológicos, devem assumir a maior parte da responsabilidade
137
dos problemas ambientais. Esses países também devem ajudar
os pobres a buscar um desenvolvimento ambientalmente
sustentável.

Produção limpa

Com o crescimento industrial experimentado no século XX e no


atual, a proliferação do uso de fontes de energia não renováveis
e poluentes e os danos sobre o ecossistema global e sobre a
saúde humana como conseqüência da contaminação têm
crescido dramaticamente.
Esse modelo industrial não é ecologicamente sustentável no
tempo e não pode atender as necessidades básicas de toda a
humanidade. São amostras disso a depredação de recursos
naturais não renováveis para satisfazer o superconsumo de
produtos descartáveis e desnecessários; a produção de bens
gerando volumes exorbitantes de resíduos tóxicos e a
consequente poluição dos rios, do ar e do solo; a irreversível
extinção de espécies; o aumento da incidência de enfermidades
por causas ambientais e o desaparecimento de solos férteis e
produtivos ocasionando enormes desertos e maior pobreza. O
modelo industrial tal como o conhecemos tem servido para
satisfazer algumas necessidades humanas, mas também tem
deixado uma enorme dívida com as gerações futuras e não tem
mostrado ser capaz de satisfazer as necessidades de todos.

É tempo para um novo paradigma, uma nova revolução nos


sistemas de produção, que permita satisfazer as necessidades
vitais de todos, sem pôr em perigo a sobrevivência dos
ecossistemas do planeta: a produção limpa é um dos desafios do
século XXI.

Os sistemas de produção limpa têm as seguintes características:

- são não-contaminantes ao longo de todo o processo;


- preservam a diversidade natural e cultural; e
- não comprometem a capacidade das futuras gerações de
satisfazer suas necessidades.
As tecnologias atualmente disponíveis ainda estão muito
distantes de representar uma solução rentável aos complexos
138
desafios ambientais. É preciso encontrar o modo de fornecer
essas tecnologias às pessoas que mais necessitam, mas, além
disso devem ser compatíveis com a natureza, ou seja, não
poluentes de ar, solo e água, independentes dos grandes
consórcios tecnológicos, e que sejam de fácil manejo e aplicação.
Para melhorar as tecnologias contra os problemas ambientais, é
necessário reorientar drasticamente as políticas de pesquisa e
desenvolvimento.

Consumo sustentável

O consumo é um ato essencial e inevitável da vida humana e


apresenta características particulares que ultrapassam as
necessidades da vida biológica ou material. A satisfação das
necessidades humanas tem três componentes: o utilitário, o de
comunicação e o psicológico.
O componente utilitário nem sempre determina a escolha; às
vezes o ato de consumo está motivado pelo propósito de se
comunicar com os outros, de demonstrar que se respeitam as
convenções sociais, que se está na moda ou que se é
completamente diferente. O componente psicológico impulsiona a
consumir para se provar algo a si mesmo, para se assemelhar à
imagem que se tem de si e se sentir bem consigo mesmo.

O consumo desmedido das sociedades modernas implica o uso


de elevadas quantidades de recursos naturais. Ao mesmo tempo,
os atos de consumo comprometem todas as esferas da vida
humana: a material, a social e a psicológica. Modificar os hábitos
de compra da população é um objetivo indispensável para
coadjuvar a proteção do meio ambiente, diminuir a contaminação
e a geração de resíduos e promover um eficiente controle de
energia, entre outras coisas. A aquisição de novos hábitos implica
a modificação da cultura que faz consumir bens e serviços
supérfluos, limitando-se apenas à satisfação das necessidades
básicas e gerando novas formas de relação entre a população e
o meio natural. Torna-se evidente que a educação é um
instrumento catalisador através do qual se pode impulsionar e
fomentar uma cultura da responsabilidade ambiental.

139
Tem-se esforçado muito para mudar os padrões de consumo
desmedido; por exemplo, têm-se projetado tecnologias
inovadoras para conseguir uma maior eficiência no uso da
energia e dos materiais e na reciclagem de muitas matérias-
primas.

Na indústria, promovem-se tecnologias mais limpas. Em muitos


países têm-se realizado programas para compartilhar os veículos,
para o consumo de alimentos frescos e para a compra de
produtos de limpeza que não danifiquem o ambiente. Na
fabricação de papel, têm-se produzido novos processos de
alvejamento sem cloro. Com a execução desses processos,
minimiza-se o uso dos recursos e diminui a quantidade de
desperdícios. No entanto, é muito importante a participação dos
consumidores, de forma sustentável, ou seja, antepondo-se ao
ato de consumo - de idéias, produtos, bens, serviços - juizos de
valores relativos ao impacto social, econômico, cultural e
ambiental. Esses consumidores se sentem responsáveis pelas
conseqüências de suas decisões e têm claro qual é precisamente
o espaço de poder a partir do qual podem gerar uma mudança
política, econômica e social.

O consumo sustentável trata de encontrar soluções viáveis aos


desequilíbrios - social e ambiental - por meio de uma conduta
mais responsável por parte de todos. Em particular, está
relacionado com a produção, distribuição, uso e disposição de
produtos e serviços. Proporciona os meios para repensar a
respeito de seus ciclos de vida. O objetivo é certificar que se
cubram as necessidades básicas da comunidade global em sua
totalidade, que se reduzam os excessos e se evite o dano
ambiental.

Ambiente no Brasil
A caracterização ambiental do Brasil não se restringe à descrição
de seu espaço físico ou de sua distribuição populacional e
política. Como vimos anteriormente, o conceito de meio ambiente
deve incluir observações que levam em consideração a interação
resultante entre a dinâmica dos processos naturais e humanos.

140
Biomas brasileiros - Natureza e impactos antrópicos

O Brasil tem uma área de 8,5 milhões de km2, ocupando quase a


metade da América do Sul. Possui várias zonas climáticas, que
incluem o trópico úmido no norte, o semi-árido no nordeste e
áreas temperadas no sul. Essas diferenças climáticas contribuem
para a diversificação ecológica, formando zonas biogeográficas
distintas chamadas biomas.
A maior floresta tropical úmida (Floresta Amazônica) e a maior
planície inundável (Pantanal) do mundo, além de savanas e
bosques (Cerrado), das florestas semi-áridas (Caatinga), da
floresta tropical pluvial (Mata Atlântica) e das florestas estacionais
(Pampas), configuram biomas continentais brasileiros.

O bioma continental brasileiro de maior extensão é o Amazônico,


e o de menor extensão, o Pantanal. Esses dois ocupam juntos
mais de metade do Brasil: o Bioma Amazônia, com 49,29%, e o
Bioma Pantanal, com 1,76% do território brasileiro.

Bioma é conceituado pelo IBGE (2005) como um conjunto de vida


(vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de
vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com
condições geoclimáticas similares e história compartilhada de
mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria.

141
Além destes biomas continentais, também a costa marinha
brasileira, com 3,5 milhões de km2 (7.367 km de linha costeira),
caracteriza-se como importante conjunto de ecossistemas que
incluem recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e
pântanos. A Zona Costeira abriga um mosaico de ecossistemas
de alta relevância ambiental, cuja diversidade é marcada pela
transição de ambientes terrestres e marinhos, com interações
que lhe conferem um caráter de fragilidade e que requerem, por
isso, atenção especial do poder público, conforme demonstra sua
inserção na Constituição Brasileira, de 1988, como área de
patrimônio nacional.

Essa variedade de biomas reflete a riqueza da flora e da fauna


brasileiras, tornando-as as mais diversas do mundo. O Brasil,
neste sentido, é o país com a maior biodiversidade do planeta,
contando com um número estimado de mais de 20% do total de
espécies reconhecidas, sendo que muitas dessas são exclusivas
no mundo (endêmicas).

A flora brasileira contribui com 50 a 56 mil espécies descritas de


plantas superiores, o que corresponde a cerca de 20% do total de
142
espécies conhecidas no mundo. Presume-se que haja no país
algo entre 22 a 24% das espécies de árvores angiospermas
(plantas com flores) do mundo. Possui, por exemplo, a maior
riqueza de espécies de palmeiras (390 espécies) e de orquídeas
(2.300 espécies).

Diversas espécies de plantas de importância econômica mundial


são originárias do Brasil, destacando-se dentre elas o abacaxi, o
amendoim, a castanha do Brasil (também conhecida como
castanha do Pará), a mandioca, o caju e a carnaúba.

Você já ouviu falar do "Banco de Germoplasma", desenvolvido


pela EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -
que tem como objetivo recolher nas florestas brasileiras e
catalogar as plantas com potencial para originarem outros
produtos? Reflita sobre a importância desta iniciativa para
manutenção da biodiversidade presente no Brasil.

Quanto à diversidade de fauna, o Brasil também abriga o maior


número de primatas com 55 espécies, o que corresponde a 24%
do total mundial; de anfíbios, com 516 espécies; e de animais
vertebrados, com 3.010 espécies de vertebrados vulneráveis, ou
em perigo de extinção. Possui, também, 3.000 espécies de
peixes de água doce, totalizando três vezes mais que qualquer
outro país do mundo.

Por outro lado, apresenta-se, no Brasil, não só a maior riqueza de


espécies, mas, também, a mais alta taxa de endemismo.

Uma em cada onze espécies de mamíferos existentes no mundo


é encontrada no Brasil (522 espécies), juntamente com uma em
cada seis espécies de aves (1.622 espécies), uma em cada
quinze espécies de répteis (468 espécies), e uma em cada oito
espécies de anfíbios (516 espécies).

Muitas dessas espécies existem exclusivamente para o Brasil,


com 68 espécies endêmicas de mamíferos, 191 espécies
endêmicas de aves, 172 espécies endêmicas de répteis e 294
espécies endêmicas de anfíbios. Esta riqueza de espécies
corresponde a, pelo menos, 10% dos anfíbios e mamíferos e 17%
das aves descritas em todo o planeta.

Os biomas encontrados no Brasil são:

143
• Amazônia,
• Floresta Atlântica (Mata Atlântica),
• Cerrado,
• Caatinga,
• Pantanal,
• Pampas, e
• Zona Costeira (Restingas e Manguezais).

A localização desses biomas está representada na próxima


figura.

Amazônia
A Floresta Amazônica ocupa a Região Norte do Brasil,
abrangendo cerca de 47% do território nacional. É a maior
formação florestal do planeta, condicionada pelo clima equatorial
úmido.

Esse bioma possui uma grande variedade de fisionomias


vegetais, desde florestas densas até campos. As florestas densas
são representadas pelas florestas de terra firme, pelas florestas
de várzea, periodicamente alagadas pelos rios de água branca, e
as florestas de igapó, periodicamente alagadas pelos rios de
água preta, e ocorrem por quase toda a Amazônia central. Os
campos desse bioma ocorrem em Roraima, sobre solos pobres
no extremo setentrional da bacia do Rio Branco.
144
As campinaranas desenvolvem-se sobre solos arenosos,
espalhando-se em manchas ao longo da bacia do Rio Negro.

Ocorrem ainda áreas de cerrado isoladas do ecossistema do


Cerrado do planalto central brasileiro.

Em seu conjunto, é a maior reserva de biodiversidade do planeta,


sendo fonte de recursos genéticos muito valiosos, e contém
quase 10% da água doce disponível no mundo.

O principal problema no bioma da Amazônia é o desmatamento,


o qual ocorre a uma taxa anual de 0,51% (dados de 1996), e a
área desflorestada corresponde a 13% da área total original. Isto
é conseqüência de uma dinâmica de avanço da fronteira
agropecuária, com abertura de novas áreas para pastagens e
para a lavoura, conjugada com a atividade das empresas
madeireiras.

Segundo dados do Banco Mundial, em 2003, foram derrubadas


na Amazônia 24,5 milhões de metros cúbicos de árvores. Esse
processo é resultado do impacto da pecuária sobre o
desmatamento que alcança cifras de 12% da Amazônia legal,
perfazendo um total aproximado de 60 milhões de hectares.

Além dos impactos causados pelo intenso processo de


desmatamento, esse bioma também sofre problemas ambientais
decorrente do processo de urbanização. Os núcleos urbanos da
Amazônia apresentam deficiências de estruturas de saneamento
ambiental e uma gestão urbana similares aos encontrados nas
regiões mais urbanizadas do Brasil.

Mata Atlântica (Floresta Atlântica)


É composta pelas seguintes formações florestais e ecossistemas
associados: Floresta Ombrófila Densa Atlântica, Floresta
Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional
Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, manguezais,
restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves
florestais do Nordeste.

A variabilidade climática ao longo de sua distribuição é grande,


indo desde climas temperados superúmidos no extremo sul a

145
tropical úmido e semi-árido no nordeste. O relevo acidentado da
zona costeira adiciona ainda mais variabilidade a esse bioma.

Nos vales, geralmente, as árvores se desenvolvem muito,


formando uma floresta densa. Nas encostas, essa floresta é
menos densa, devido à freqüente queda de árvores. Nos topos
dos morros, geralmente, aparecem áreas de campos rupestres.

Os impactos ambientais sofridos pelos biomas brasileiros


decorrem do processo de ocupação dos espaços nacionais.
Esses impactos podem ser avaliados pelo que ocorreu na Mata
Atlântica, hoje reduzida a menos de 10% de fragmentos ao longo
da costa brasileira.

Os remanecentes florestais da Mata Atlântica estão localizados,


principalmente, em áreas de difícil acesso. A preservação desses
remanescentes vem garantindo a contenção de encostas, e o
desenvolvimento de atividades voltadas ao ecoturismo.

Também neste contexto estão a manutenção de várias


populações tradicionais, nas quais incluem-se nações indígenas.

Destaca-se como aspecto fundamental que neste bioma estão


localizados mananciais hídricos essenciais para abastecimento
de cerca de 70% da população brasileira.

Nas Florestas Atlântica e Meridional e nos Campos Meridionais,


os principais problemas ambientais enfrentados são a depleção
das florestas e da diversidade de espécies; empobrecimento e
erosão dos solos, com assoreamento dos cursos de água;
eutroficação das águas e perda da biodiversidade aquática;
poluição difusa, por adubos químicos e agrotóxicos no solo e
água. Além disso, nesse bioma estão as maiores concentrações
urbanas e industriais do país, com sérias conseqüências para o
meio ambiente (poluição do ar, geração de resíduos sólidos
perigosos, poluição sonora, problemas socioeconômicos,
escassez de espaço, entre outros).

Cerrado
O Cerrado ocupa a região do Planalto Central brasileiro. A área
nuclear, contínua do Cerrado, corresponde a cerca de 22% do

146
território nacional, sendo que há grandes manchas dessa
fisionomia na Amazônia e algumas menores, na Caatinga e na
Mata Atlântica.

Seu clima é particularmente marcante, apresentando duas


estações bem definidas. O Cerrado apresenta fisionomias
variadas, indo desde campos limpos desprovidos de vegetação
lenhosa ao cerradão, uma formação arbórea densa. Essa região
é permeada por matas ciliares e veredas, que acompanham os
cursos da água.

O regime hídrico do Cerrado é fortemente caracterizado pela


rígida divisão entre estação chuvosa e estação seca. Esse fato
determina a estratégia adaptativa das plantas nativas, que
desenvolvem um sistema radicular apto a buscar água em
profundidades maiores, tornando a vegetação no Cerrado mais
volumosa sob o solo do que acima da superfície.

Apesar da enorme riqueza natural, o Cerrado brasileiro tem sido


visto, por políticas públicas e pelos agentes privados que
investem na área, como fronteira agropecuária. Nessa ótica, o
Cerrado representa uma área a ser ocupada, onde as
dificuldades naturais impostas pelos ecossistemas devem ser
vencidas para adaptá-los às exigências da produção
agropecuária. Esse fato constitui-se como principal agente
causador dos impactos ambientais detectados no bioma, por
causarem: desmatamento de áreas nativas; desequilíbrio
ecológico por monocultura extensiva; uso de grandes
quantidades de agrotóxicos, e a conseqüente poluição das
águas; compactação dos solos pela mecanização extensiva.

Outros impactos ambientais nesse bioma, segundo a EMBRAPA


(1996), são: a extração não sustentável de madeira para
produção de carvão vegetal; invasão de reservas indígenas;
erosão; assoreamento e contaminação dos cursos da água por
atividades de garimpo; e a expansão urbana desordenada.

Caatinga

A Caatinga é uma extensa região do Nordeste brasileiro, que


ocupa mais de 70% da sua área, ou 11% do território brasileiro.

147
Sua vegetação se utiliza da queda das folhas como estratégia
fundamental para sobreviver às épocas de estiagem.

A região nordeste do Brasil, que abrange a Caatinga, apresenta


grande diversidade de agroecossistemas. Em 1993, um estudo
desenvolvido pela EMBRAPA caracterizou um total de 172
unidades geoambientais em 20 unidades de paisagem.

As características da ocupação desse bioma são os grandes


latifúndios e a prospecção e exploração de lençóis de água
subterrâneos e de combustíveis fósseis. Na Caatinga brasileira
vivem aproximadamente 15 milhões de pessoas, sendo a maior
parte em estado de miséria, perfazendo mais de dois terços dos
pobres rurais do país.

Esse quadro socioeconômico aprofunda os impactos ambientais


desse bioma, caracterizados por:

- desmatamento da vegetação nativa;


- controle dos recursos naturais por grandes grupos econômicos;
- êxodo rural; e
- contaminação da água por agrotóxicos.
Também nesse bioma estão localizadas as áreas de risco de
desertificação, tendo como principais causas o uso inadequado
do solo e o desmatamento.

Pantanal
O Pantanal mato-grossense é a maior planície de inundação
contínua do planeta, com 138.183 km2, coberta por vegetação
predominantemente aberta, ocupando 1,8% do território nacional.

Esse ecossistema é formado por terrenos em grande parte


arenosos, cobertos por diferentes fisionomias devido à variedade
de micro-relevos e regimes de inundação. Como área de
transição entre o Cerrado e a Amazônia, o Pantanal ostenta um
mosaico de ecossistemas terrestres, com afinidades, sobretudo,
com o Cerrado.

Segundo a EMBRAPA (1996), os principais problemas


ambientais enfrentados por esse bioma são decorrentes das
seguintes atividades:

148
- pecuária extensiva;
- pesca predatória e caça ao jacaré;
- garimpo;
- turismo e migração desordenados e predatórios;
- aproveitamento agropecuário inadequado do Cerrado (bioma
adjacente ao Pantanal).

Pampas
Os Campos do Sul, ou pampas, desenvolvem-se no clima
temperado do extremo sul do país. Os terrenos planos das
planícies e planaltos gaúchos, e as coxilhas, de relevo suave-
ondulado, são colonizados por espécies pioneiras campestres,
que formam uma vegetação tipo savana aberta. Há ainda áreas
de florestas estacionais e de campos de cobertura
gramíneolenhosa.

As regiões de Campos do Sul sofrem grande impacto ambiental


principalmente com a monocultura de soja, arroz, trigo e as
queimadas.

Zona costeira e marinha

Os ecossistemas costeiros geralmente estão associados à Mata


Atlântica, devido à sua proximidade. Nos solos arenosos dos
cordões litorâneos e dunas, desenvolvem-se as restingas, onde
pode ocorrer desde formas rastejantes até formas arbóreas.
Os manguezais e os campos salinos, de origem flúvio-marinha,
desenvolvem-se sobre solos salinos.

Principais problemas ambientais no Brasil


Impacto sobre a biodiversidade

Sendo o Brasil um dos países de maior biodiversidade do mundo,


as intervenções sobre seus biomas acabam por gerar
importantes impactos também na sua biodiversidade.
O intenso desmatamento que ocorre nas florestas tropicais
úmidas - segundo a EMBRAPA (1996), são aproximadamente
180.000 km2/ano -, a expansão desordenada das áreas urbanas,
a contaminação das águas, do solo e do ar, ocasionada por

149
diferentes práticas industriais e agrícolas, contribuem
negativamente sobre a biodiversidade, já que os impactos da
ocupação humana se fazem sentir na perda de habitats naturais
e no desaparecimento de muitas espécies e formas genéticas.
Estima-se que 107 espécies de angiospermas estejam
ameaçadas de extinção. A lista oficial da fauna ameaçada de
extinção inclui 228 espécies (destas, são 60 mamíferos e 103
aves). As tabelas a seguir apresentam alguns animais
ameaçados de extinção no Brasil.

Impacto sobre os recursos hídricos

150
A poluição da zona costeira é grave, visto que menos de 20% dos
municípios costeiros são beneficiados por serviços de
saneamento básico, ressaltando que cinco das nove regiões
metropolitanas brasileiras encontram-se à beira-mar.
Não há acompanhamento sistemático das condições de poluição
dos sistemas hídricos. De modo geral, os problemas mais graves
na área podem ser assim sintetizados:

- poluição por esgotos domésticos;


- poluição industrial;
- deposição de resíduos sólidos;
- poluição difusa de origem agrícola;
- poluição acidental;
- eutroficação de lagos e represas;
- salinização de rios e açudes;
- poluição por mineração;
- falta de proteção aos mananciais superficiais e subterrâneos.
O Documento "Subsídio à elaboração da agenda 21 brasileira -
Gestão dos recursos naturais" (IBAMA/2000), oferece um
panorama sobre os problemas na gestão que contribuem para o
agravamento desse quadro:

- dados e informações insuficientes ou não acessíveis para


adequada avaliação dos recursos hídricos;
- inexistência de práticas efetivas de gestão de usos múltiplos e
integrados dos recursos hídricos;
- base legal insuficiente para assegurar a gestão descentralizada;
- manejo inadequado do solo na agricultura;
- distribuição injusta dos custos sociais associados ao uso
intensivo da água;
- participação incipiente da sociedade na gestão, com excessiva
dependência nas ações de governos;
- escassez de água, natural ou causada pelo uso intensivo do
recurso hídrico;
- ocorrência de enchentes periódicas nos grandes centros
urbanos brasileiros.
Esse quadro evidencia que os impactos ambientais sobre os
recursos hídricos podem ser caracterizados, não só pela
inadequação do seu uso direto pela sociedade, em diferentes
setores, ou da aplicação insuficiente de tecnologias adequadas,

151
mas também pela falta de instrumentos adequados para sua
gestão.

Impacto sobre o solo

No Brasil, o uso predominante do recurso solo é na agropecuária.


Entretanto, mais de um terço (35,3%) do território nacional é
totalmente inadequado para qualquer tipo de atividade agrícola.
Apenas 4,2% são solos com boas características para a
agricultura. Esse percentual representa cerca de 35 milhões de
hectares, que se distribuem irregularmente no território nacional
(IBGE, 1993).
O modelo agrícola predominante (em que a principal
preocupação é a produtividade, em sua dimensão econômica)
calcado no uso de energia fóssil, de agroquímicos e na
mecanização intensiva, tem causado erosão e degradação do
solo. Estima-se que as perdas ambientais causadas por erosão
associadas ao uso agrícola e florestal do recurso solo alcançam
1,4% do PIB brasileiro (IPEA, 1997).

A manutenção desses desequilíbrios estimula os processos de


desertificação. A salinização do solo é freqüente na região
nordeste por causa do manejo inadequado da irrigação.

Impacto da urbanização
Dados de 1996 indicam que 79% dos brasileiros vivem nas
cidades (Agenda 21 Nacional, 2000). São taxas elevadas e
crescentes de urbanização observadas nas duas últimas décadas
e que promoveram o agravamento dos problemas urbanos no
país.

Esse quadro é resultado da inter-relação de diversos fatores,


dentre os quais podemos citar:

- crescimento desordenado e concentrado;


- ausência ou deficiência do planejamento municipal;
- obsolescência da estrutura física existente;
- demanda não atendida por recursos e serviços de toda ordem;
- agressões ao ambiente urbano.

152
A questão dos resíduos sólidos, por exemplo, apresenta-se como
uma das questões básicas das zonas urbanas brasileiras. A
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, elaborada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, em 1991, já
registrava uma produção de 241 mil toneladas diárias de lixo,
sendo 130 mil toneladas de resíduos domiciliares e as restantes
111 mil toneladas constituídas por resíduos industriais, de saúde,
comerciais e públicos. O mesmo estudo demonstra que, desse
total, apenas 24% recebia tratamento adequado.

Políticas ambientais, programas e legislação


A partir da década de 70, o Brasil volta-se para o estudo do mar e
do aproveitamento sustentável de seus recursos, com a
implantação da Política Nacional de Recursos do Mar, e da
Política Nacional de Meio Ambiente, em 1981.

A Lei n ×6.938/81, além de dispor sobre a Política Nacional de


Meio Ambiente, dispõe sobre o Sistema Nacional de Meio
Ambiente - SISNAMA, composto pelo CONAMA (Conselho
Nacional de Meio Ambiente), Órgão Superior, com função de
assistir o Presidente da República na formulação de diretrizes da
Política Nacional de Meio Ambiente, pelo Órgão Central, a
Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) - atualmente o
Ministério do Meio Ambiente -, pelos Órgãos Setoriais, órgãos ou
entidades da Administração Pública Federal, pelos Órgãos
Seccionais, órgãos ou entidades da Administração Pública
Estadual, e pelos Órgãos Locais, órgãos ou entidades da
Administração Pública Municipal.

Os municípios brasileiros, embora tenham autonomia político-


administrativa e interesse preponderante, deverão agir de acordo
com os princípios e normas constitucionais, e a par com a
legislação federal, estadual e municipal. A seguir são
apresentadas informações sobre algumas políticas, programas e
leis na área ambiental no país.

Sistema de Licenciamento Ambiental - SLA

153
O Sistema de Licenciamento Ambiental (SLA) foi estabelecido em
nível nacional a partir da implementação da Política Nacional do
Meio Ambiente, em 1981.

A aplicação do licenciamento ambiental estende-se a todas as


atividades utilizadoras/degradadoras dos recursos naturais. O
SLA consiste em um conjunto de leis e normas técnicas e
administrativas que estabelecem as obrigações e
responsabilidades dos empresários e do Poder Público, com
vistas a autorizar a implantação e operação de empreendimentos,
potencial ou efetivamente capazes de alterar as condições do
meio ambiente.

Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC


A Zona Costeira recebeu atenção especial do poder público,
conforme demonstra sua inserção na Constituição brasileira
como área de patrimônio nacional. O Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro - PNGC, foi instituído pela Lei 7.661, de
16/05/88, cujos detalhamentos e operacionalização foram objeto
da Resolução no 01/90 da Comissão Interministerial para os
Recursos do Mar (CIRM), de 21/11/90, aprovada após audiência
do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). A própria
Lei já previa mecanismos de atualização do PNGC, por meio do
Grupo de Coordenação do Gerenciamento Costeiro
(COGERCO).

O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) tem sido


implementado pelo GERCO, cujo objetivo preponderante é
"planejar e gerenciar, de forma integrada, descentralizada e
participativa, as atividades socioeconômicas na Zona Costeira, de
modo a garantir sua utilização sustentável, por meio de medidas
de controle, proteção, preservação e recuperação dos recursos
naturais e ecossistemas costeiros".

Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos


Vivos na Zona Econômica Exclusiva - REVIZEE
O Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos
Vivos na Zona Econômica Exclusiva (REVIZEE), aprovado pela
Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM),
154
através de resolução específica, em julho de 1994, resulta do
compromisso, assumido pelo Brasil, ao ratificar a CNUDM
(Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar) e ao
incorporar os seus conceitos à legislação interna, através da
Constituição de 1988, e da Lei Nº 8.617, de 04 de janeiro de
1993.

O REVIZEE, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, dos


Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (MMA), através da
Secretaria de Coordenação dos Assuntos do Meio Ambiente
(SMA) / Departamento de Gestão Ambiental (DEGAM), destina-
se a proceder ao levantamento dos potenciais sustentáveis de
captura dos recursos vivos na ZEE.

Política Nacional de Recursos Hídricos


A Constituição de 1988 estabelece que praticamente todas as
águas são públicas. Em função da localização do manancial, são
consideradas bens de domínio da União ou dos Estados.
Estabelece, no entanto, em seu art. 21, parágrafo XIX, como
competência da União, a instituição do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Em 1997, a Lei 9433, de 8 de janeiro, institui a Política Nacional


de Recursos Hídricos, e cria o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (a ser implementada pela
Agência Nacional de Águas - ANA, criada somente em 17 de
julho de 2000, pela Lei nº 9984).

Compete à Secretaria de Recursos Hídricos (Portaria número


253, de 09 de julho de 1999) implementar a Política Nacional de
Recursos Hídricos, propor normas, definir estratégias e
implementar programas e projetos.

São estabelecidos, através da Lei 9433, os seguintes princípios


gerais básicos para a gestão dos recursos hídricos:

- a gestão por bacia hidrográfica;


- a observância aos usos múltiplos;
- o reconhecimento da água como valor econômico;
- a gestão descentralizada e participativa; e
- o reconhecimento da água como bem finito e vulnerável.

155
Os seguintes organismos compõem o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos: O Conselho Nacional de
Recursos Hídricos, os Comitês de bacias hidrográficas, as
Agências de Águas, e os órgãos e entidades do serviço público
federal, estaduais e municipais.

Programa Nacional de Diversidade Biológica - PRONABIO


Foi instituído, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente - MMA, o
"Programa Nacional da Diversidade Biológica - PRONABIO".

O objetivo principal do PRONABIO é promover parceria entre o


Poder Público e a sociedade civil, na conservação da diversidade
biológica, utilização sustentável dos seus componentes e
repartição justa e eqüitativa dos benefícios decorrentes dessa
utilização. Desse modo, o PRONABIO se torna o principal
instrumento para a implementação da Convenção sobre
Diversidade Biológica no país.

O Decreto Presidencial nº 1.354/94, que criou o PRONABIO,


criou também sua Comissão Coordenadora, com a finalidade de
coordenar, acompanhar e avaliar as ações do Programa.

Em fevereiro de 1999, o Decreto Nº. 2.972 informa que "à


Secretaria de Biodiversidade e Florestas compete propor políticas
e normas, definir estratégias, e implementar programas e
projetos".

Sistema Nacional de Unidade de Conservação


O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e o
Sistema de Licenciamento Ambiental (SLA) destacam-se como
instrumentos na gestão dos recursos naturais.

Segundo WEGNER (2000), o Projeto de Lei nº 27/99


regulamenta o Artigo 225 § 1, incisos I, II, III, e VII da
Constituição Federal, instituindo o SNUC (Lei nº 9.985/2000). A
importância da instituição do SNUC, através de projeto de lei,
está na definição oficial do conceito de Unidades de Conservação
e seus objetivos.

Conceitua-se Unidade de Conservação como:

156
"... espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as
águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração ao qual se aplicam garantias adequadas de
proteção".

As categorias de manejo das Unidades de Conservação (UC) são


diferenciadas na Lei em duas classes distintas:

Unidades de Proteção Integral, "cujo objetivo básico é preservar a


natureza, sendo admitido apenas o uso indireto de seus recursos
naturais, com exceção dos casos previstos na Lei".

Unidades de Uso Sustentável, "com objetivo básico de


compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável
de uma parcela dos seus recursos naturais".

Lei 9985/2000

Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21

O Brasil, como país signatário da Conferência das Nações


Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio-92,
assumiu o compromisso e o desafio de internalizar, nas políticas
públicas do país, as noções de sustentabilidade e de
desenvolvimento sustentável.

Através de decreto editado em 1999, é definida a competência da


Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável para
propor políticas, normas e estratégias, e implementar estudos,
visando a melhoria da relação entre o setor produtivo e o meio
ambiente, de maneira a contribuir para a formulação da Política
Nacional de Desenvolvimento Sustentável.

A Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável, e da


Agenda 21 Nacional - CPDS, foi criada, então, com a atribuição
de coordenar o processo de elaboração e implementação da
Agenda 21 Brasileira, adotando uma metodologia de seleção de
áreas temáticas. Como temas centrais foram escolhidos:

157
- agricultura sustentável;
- cidades sustentáveis;
- infra-estrutura e integração regional;
- gestão dos recursos naturais;
- redução das desigualdades sociais;
- ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável.
A partir da segunda metade do ano 2000, iniciou-se um processo
de discussão nos estados brasileiros sobre os documentos
elaborados e organizados pela CPDS.

Programa Nacional de Educação Ambiental

O Programa Nacional de Educação Ambiental foi criado em abril


de 1999, com o objetivo de promover a sensibilização, a
mobilização, a conscientização e a capacitação dos diversos
segmentos da sociedade para o enfrentamento dos problemas
ambientais, visando a construção de um futuro sustentável. O
Programa vem cumprir a Lei nº 9.795/99 , que estabeleceu a
Política Nacional de Educação Ambiental.
Existe uma íntima relação entre políticas, programas, planos e
legislação. Esse relacionamento não está dissociado das
pressões nacionais e internacionais sobre a temática ambiental,
bem como do processo de seu desenvolvimento ao longo do
tempo.

Na Tabela a seguir, relacionamos algumas importantes leis que


viabilizaram a efetivação de uma política brasileira mais voltada
para as questões ambientais no país.

158
Atribuições e competências
Ministério do Meio Ambiente - MMA
Após a realização da Rio-92, a sociedade, que vinha
organizando-se nas últimas décadas, pressionava as autoridades
brasileiras pela proteção ao meio ambiente. Estas, preocupadas
com a repercussão internacional das teses discutidas na
Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, determinaram, em
16 outubro de 1992, a criação do Ministério do Meio Ambiente -
MMA, órgão de hierarquia superior, com o objetivo de estruturar a
política ambiental no Brasil.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA), em função de sua área de


competência, é o órgão central do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA).

159
Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA

O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, instituído pela


Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e regulamentada pelo
Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990, é constituído pelos
órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público,
responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, e
tem a seguinte estrutura:
I. Órgão Superior: O Conselho de Governo.
II. Órgão Consultivo e Deliberativo: O Conselho Nacional do Meio
Ambiente - CONAMA.
III. Órgão Central: O Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal - MMA.
IV. Órgão Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.
V. Órgãos Seccionais: Os órgãos ou entidades da Administração
Pública Federal, direta ou indireta, as fundações instituídas pelo
Poder Público, cujas atividades estejam associadas às de
proteção da qualidade ambiental, ou àquelas de disciplinamento
do uso dos recursos ambientais, assim como os órgãos e
entidades estaduais, responsáveis pela execução de programas
e projetos, e pelo controle e fiscalização de atividades capazes
de provocar a degradação ambiental.
VI. Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais,
responsáveis pelo controle e fiscalização das atividades
referidas no inciso anterior, nas suas respectivas jurisdições.
A atuação do SISNAMA efetivar-se-á através da articulação
coordenada dos Órgãos e entidades que o constituem, observado
o seguinte:

I. o acesso da opinião pública às informações relativas às


agressões ao meio ambiente, e às ações de proteção ambiental,
na forma estabelecida pelo CONAMA; e
II. caberá aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios a
regionalização das medidas emanadas do SISNAMA, elaborando
normas e padrões supletivos e complementares.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis - IBAMA

160
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA), de acordo com sua área de competência, é
o órgão executor federal das políticas e diretrizes governamentais
fixadas para o meio ambiente.

O IBAMA, entidade autárquica de regime especial, com


autonomia administrativa e financeira, dotada de personalidade
jurídica de direito público, com sede em Brasília, criada pela Lei
nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, vincula-se ao Ministério do
Meio Ambiente.

O IBAMA foi formado pela fusão de quatro entidades brasileiras,


que trabalhavam na área ambiental: Secretaria do Meio Ambiente
- SEMA; Superintendência da Borracha - SUDHEVEA;
Superintendência da Pesca - SUDEPE, e o Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal - IBDF.

Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA


O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, instituído
pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, e regulamentada pelo Decreto no 99.274/90, alterado
pelo Decreto nº 2.120/97, é o órgão consultivo e deliberativo do
Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA.

O CONAMA é composto de Plenário e Câmaras Técnicas, sendo


presidido pelo Ministro do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos
e da Amazônia Legal. A Secretaria Executiva do CONAMA é
exercida pelo Secretário de Formulação de Políticas e Normas
Ambientais do MMA. O Conselho é um colegiado representativo
dos mais diversos setores do governo e da sociedade civil, que
lida direta ou indiretamente com o meio ambiente.

É da competência do CONAMA:

a) estabelecer diretrizes de políticas governamentais para o meio


ambiente e recursos naturais;
b) baixar normas necessárias à execução e à implementação da
Política Nacional do Meio Ambiente;
c) estabelecer normas e critérios para o licenciamento de
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
d) determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos

161
sobre as alternativas e possíveis conseqüências ambientais de
projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais,
estaduais ou municipais, bem como às entidades privadas, as
informações indispensáveis à apreciação dos estudos de impacto
ambiental e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades
de significativa degradação ambiental;
e) decidir, como última instância administrativa, em grau de
recurso, mediante depósito prévio, sobre multas e outras
penalidades impostas pelo IBAMA;
f) homologar acordos visando a transformação de penalidades
pecuniárias em obrigação de executar medidas de interesse para
a proteção ambiental;
g) estabelecer normas e padrões nacionais de controle de
poluição causada por veículos automotores terrestres, aeronaves
e embarcações;
h) estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso
racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos;
i) estabelecer normas gerais relativas às Unidades de
Conservação, e às atividades que podem ser desenvolvidas em
suas áreas circundantes;
j) estabelecer os critérios para a declaração de áreas críticas,
saturadas ou em vias de saturação.

O CONAMA legisla por meio de Resoluções, quando a matéria se


tratar de deliberação vinculada à competência legal, e através de
Moções, quando versar sobre matéria, de qualquer natureza,
relacionada com a temática ambiental. Abaixo relacionamos, a
título de exemplo, algumas importantes resoluções desse
conselho.

162
Relação de entidades ambientalistas
Endereços selecionados
o Ministério do Meio Ambiente (Esplanada dos
Ministérios. Bloco "B" do 5° ao 8º andar) CEP:70068-900 -
BRASÍLIA/DF - BRASIL.
o IBAMA (SAIN 1 - 4 Bl. B. Térreo. Ed. Sede do IBAMA).
CEP.: 70.800-900. Brasília - DF.

A seguir são apresentados os endereços de algumas entidades


ambientalistas atuantes no Brasil.

o Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto


Vale do Itajaí – APREMAVI Caixa postal 218 - Rio do Sul -
89.160-000 - SC.
o Assessorias em Serviços de Projetos de Agricultura
Alternativa - AS-PTA Rua da Candelária, 9, 6° andar - Rio
de Janeiro - 20.020-020 - RJ.
o Conservation International do Brasil - CI do Brasil Av.
Antônio Abrahão Caram, 820 , CJ. 301 - Belo Horizonte -
31.275-000 - MG.
o Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza
– FBCN Rua Miranda Valverde, 103 - Rio de Janeiro -
22.281-000 - RJ.
o Fundação SOS Mata Atlântica Rua Manoel da
Nóbrega, 456 - São Paulo - 04.001-001 - SP.
o Instituto Socioambiental – ISA Rua Higienópolis, 901 -
São Paulo - 01.238-001 - SP.
o Sociedade Nordestina de Ecologia – SNE Rua Barão
de Itapissuma, s/n - Itapissuma - 53.700-000 - PE.

163
Bibliografia/Links Recomendados
Portais de Interesse

• Base de Dados Tropical - www.bdt.org.br/bdt/portugues


• Companhia de Saneamento e Tecnologias Ambientais –
CETESB - www.cetesb.br
• Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA -
www.ibama.gov.br/~sconama
• Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO -
www.funbio.org
• Fundo Mundial para a Natureza – WWF - www.wwf.org.br
• Instituto Brasileiro de Meio Ambiente – IBAMA -
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