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MISSÃO DA

ESCOLA BÍBLICA

Ensinar a Palavra de Deus e


capacitar seus participantes
a cumprirem a missão que
Jesus nos deu.
Estudos para a Escola Bíblica Sabatina.
Proibida a reprodução, total ou parcial, por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos,
xerográficos, fotográficos, estocagem em banco de dados, etc.), a não ser em breve
citações com indicação da fonte ou salvo expressa autorização da Conferência Batista
do Sétimo Dia Brasileira.

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e


Atualizada (Sociedade Bíblica do Brasil) salvo indicação específica.

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ


Diretor: Pr. Jonas Sommer

O811 Os doze profetas menores: Vma Nensagem Btual para a


Jgreja de Cristo. / Daniel Miranda Gomes e Jonas
Sommer (organizadores). - - Curitiba, PR: CBSDB, 2014.
216 p. ; 21 cm.

ISBN 978-85-98889-10-8

1. Bíblia. 2. Estudo da Bíblia.I. Gomes, Daniel Miranda. II.


Sommer, Jonas. II. Título.

CDD: 224

Copyright© CBSDB, 2014

EXPEDIENTE

Revisão de Rodrigo Rosalis


Caroline Aquino Falvo Côrrea Capa:
textos: www.rosalis.com.br

Rodrigo Rosalis
Revisão Pr. Jonas Sommer,
Diagramação: www.rosalis.com.br
teológica: Pr. Daniel Miranda Gomes

Atendimento e Marcelo Negri Impressão Gráfica Exklusiva


tráfego: (41) 3379-2980 gráfica: http://www.exklusiva.com.br/
Rua Erton Coelho Queiroz, 50 - Alto Boqueirão - CEP 81770-340 - Curitiba - PR
Redação:
http://www.ib7.org / secretaria@cbsdb.com.br
Os Doze
P R OF ETA S
Menores
Uma mensagem atual para a Igreja de Cristo

SUMÁRIO

Abreviaturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Pr. Jonas Sommer

Lição 1
A Atualidade dos Profetas Menores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Devocionais: Daisy Moitinho
Comentário: Pr. Daniel Miranda Gomes

Lição 2
Oséias - A Fidelidade no Relacionamento com Deus . . . . . . . . . . . 27
Devocionais: Daisy Moitinho
Comentário: Pr. Marcos Shünemman

Lição 3
Joel - O Derramamento do Espírito Santo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Devocionais: Pr. Luiz Rogério Palhano
Comentário: Pr. Jonas Sommer

Lição 4
Amós - A Justiça Social como Parte da Adoração . . . . . . . . . . . . . . 63
Devocionais: Pr. Jonas Sommer
Comentário: Pr. Iverson Santos

Lição 5
Obadias - O Princípio da Retribuição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Devocionais: Pr. Emanuel Lourenço da Silva
Comentário: Pr. Daniel Miranda Gomes
Lição 6
Jonas - A Misericórdia Divina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Devocionais: Pr. Emanuel Lourenço da Silva
Comentário: Pr. Jonas Sommer

Lição 7
Miquéias - A Importância da Obediência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Devocionais: Christiano Daniel Fritzen
Comentário: Pr. Wesley Batista de Albuquerque

Lição 8
Naum - O Limite da Tolerância Divina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
Devocionais: Christiano Daniel Fritzen
Comentário: Pr. Alfredo Oliveira Silva

Lição 9
Habacuque - A Soberania Divina sobre as Nações . . . . . . . . . . . . . 149
Devocionais: Victória Brites Fajardo
Comentário: Pr. Renato Sidnei Negri Junior

Lição 10
Sofonias - O Juízo Vindouro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
Devocionais: Pr. Renato Sidnei Negri Junior
Comentário: Pr. José de Godoi Filho

Lição 11
Ageu - O Compromisso do Povo da Aliança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
Devocionais: Victória Brites Fajardo
Comentário: Pr. Edvard Portes Soles

Lição 12
Zacarias - O Reinado Messiânico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
Devocionais: Pr. Renato Sidnei Negri Junior
Comentário: Pr. Daniel Miranda Gomes

Capítulo 13
Malaquias – O Culto Segundo Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223
Devocionais: Pr. Luiz Rogério Palhano
Comentário: Pr. Jonas Sommer

Nossos Autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 238


ABREVIATURAS DE
L IV R O S D A B Í B L I A
ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO
Gênesis Gn Mateus Mt
Êxodo Êx Marcos Mc
Levítico Lv Lucas Lc
Números Nm João Jo
Dt Atos At
Deuteronômio
Js Romanos Rm
Josué
Jz 1 Coríntios 1Co
Juízes
Rt 2 Coríntios 2Co
Rute
1Sm Gálatas Gl
1 Samuel
2 Samuel 2Sm Efésios Ef
1 Reis 1Rs Filipenses Fp
2 Reis 2Rs Colossenses Cl
1 Crônicas 1Cr 1 Tessalonicenses 1Ts
2 Crônicas 2Cr 2 Tessalonicenses 2Ts
Esdras Ed 1ª Timóteo 1Tm
Neemias Ne 2ª Timóteo 2Tm
Ester Et Tito Tt
Jó Jó Filemon Fm
Salmos Sl Hebreus Hb
Provérbios Pv Tiago Tg
Eclesiastes Ec 1 Pedro 1Pe
Cântico Ct 2 Pedro 2Pe
Isaías Is 1 João 1Jo
Jeremias Jr 2 João 2Jo
Lamentações Lm 3 João 3Jo
Ezequiel Ez Judas Jd
Daniel Dn Apocalipse Ap
Oséias Os
Joel Jl
Amós Am
Obadias Ob
Jonas Jn
Miquéias Mq
Naum Na
Habacuque Hc
Sofonias Sf
Ageu Ag
Zacarias Zc
Malaquias Ml

ABREVIATURAS DAS VERSÕES BÍBLICAS UTILIZADAS


AA – Almeida Atualizada NVI – Nova Versão Internacional
ARA – Almeida Revista e Atualizada KJA – King James Atualizada
ARC – Almeida Revista e Corrigida BV – Bíblia Viva
ACRF – Almeida Corrigida e Revisada Fiel BJ – Bíblia de Jerusalém
A21 – Almeida Século 21 TEB – Tradução Ecumênica da Bíblia
ECA – Edição Contemporânea de Almeida NTLH – Nova Tradução na Ling. de Hoje
EDITORIAL
Pela graça e misericórdia de Deus, iniciamos mais
um trimestre de estudos das Sagradas Escrituras. Nos
próximos três meses, perscrutaremos os chamados Pro-
fetas Menores. Veremos que o surgimento do profetismo
em Israel e Judá se deu no período monárquico, com a
finalidade de restaurar o monoteísmo hebreu, combater
a idolatria, denunciar as injustiças sociais, proclamar o
Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica.
Nossos colaboradores se debruçaram em cima
de um tema apaixonante e que jamais deixará de ser
coevo: Os Doze Profetas Menores. Na elaboração de
seus comentários, foram buscar mensagens proferidas
há quase três milênios, e que, apesar de todos esses
séculos já transcorridos, de forma alguma deixaram de
ser atuais e relevantes para a Igreja de Cristo. Somente a
Palavra, que é viva e eficaz, pode erguer-se como o livro
contemporâneo de todas as gerações.
Nos próximos treze sábados, teremos oportunidade
de nos privar com Oséias, Joel e Amós. Com Obadias,
Jonas e Miquéias, poderemos conversar longamente.
Em seguida, iremos conhecer um pouco mais da vida e
do ministério de Naum, Habacuque e Sofonias. E have-
remos, finalmente, de inteirar-nos do contexto histórico e
cultural em que profetizaram Ageu, Zacarias e Malaquias.
É uma fascinante viagem pelas misteriosas e belas
veredas da profecia bíblica. Durante esta peregrinação,
constataremos uma vez mais que os arcanos do Senhor
nunca deixarão de ser coetâneos. A voz do profeta, ainda
que no deserto clame, é para ser ouvida por você e por
mim.
Reiteramos nossa assertiva de que toda a Bíblia
é Palavra Inspirada de Deus. No entanto, alguns negli-
genciam o estudo dos Profetas Menores. Grande parte

www.ib7.org 7
da cristandade sequer tem a mínima ideia a respeito do
conteúdo desses livros e da sua relevância para nossos
dias. Portanto, “conheçamos e prossigamos em conhe-
cer o Senhor” (Os 6:3).
É nosso desejo que esta série de estudos abençoe
sua vida de forma especial e o desperte a aprofundar-se
ainda mais no estudo dos Profetas Menores. Que tenha-
mos uma excelente e abençoada jornada pelos Doze
Profetas Menores e sua atualíssima mensagem!

Pr. Jonas Sommer e equipe

8 Estudos Bíblicos
MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS
Daisy Moitinho

Domingo – Hebreus 1:1-2


No Antigo Testamento, grande parte da comuni-
cação entre Deus e seu povo acontecia por meio dos
profetas. Mas o que é um profeta? Profeta é aquele que
anuncia a mensagem de Deus, ou seja, o porta-voz da
mensagem divina. Amós diz que “certamente, o Senhor
Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu
segredo aos seus servos, os profetas” (Am 3:7). Deus
sempre noticiava ao seu povo os seus planos para com
ele. Esta era uma das formas de demonstrar seu amor.
No Antigo Testamento vemos os profetas que foram
usados por Deus para trazer palavras de amor, consolo,
esperança e correção para o povo. Muitos pagaram
um alto preço por sua fidelidade em entregar a mensa-
gem do Senhor. Agradeçamos a Deus pela vida desses
servos, pois até os dias atuais essas mensagens têm
trazido consolo e alento ao nosso coração.

Segunda-feira – 2 Timóteo 3:16-17


Pedro diz que “homens santos falaram da parte
de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1:20-21).
Portanto, nenhuma profecia teve origem na vontade
humana, nem foi inventada pele próprio profeta. Então,
podemos confiar que as Escrituras são fiéis e verdadei-
ras. Paulo diz que toda a Bíblia é inspirada e útil para
nos ensinar. Nós precisamos estudar e ensinar tanto o
Antigo como o Novo Testamento, para que sejamos “per-
feitamente instruídos para toda boa obra”. Jesus disse
que o Espírito Santo faria os discípulos se lembrarem de

www.ib7.org 9
tudo o que lhes havia dito (Jo 14:26). Não há como se
lembrar de algo que não se conhece. Precisamos fazer
a nossa parte, ou seja, aprofundarmo-nos no conheci-
mento de toda Escritura.

Terça-feira – Romanos 15:4


Tudo o que foi escrito na Bíblia, foi escrito com o
propósito de nos ensinar como nos relacionar com Deus
e com os homens. Por meio dela conseguimos respon-
der perguntas existenciais, como de onde viemos, quem
somos e para onde vamos. Nela encontramos várias
formas literárias, tais como poesias, narrativas, histó-
rias, cânticos, profecias, etc., que nos mostram a multi-
forme graça de Deus. Nas histórias bíblicas aprendemos
com os exemplos dos personagens, às vezes exemplos
bons como a história de José, e às vezes ruins como
a história do rei Acabe. Há um antigo pensamento que
diz: “O tolo erra sempre e nunca aprende. O inteligente
erra e aprende com os seus próprios erros. Porém o
sábio aprende com os erros dos outros e não comete os
mesmos erros”. Que possamos ser sábios e aproveitar
ao máximo todos os ensinos bíblicos para nossa vida.

Quarta-feira – Mateus 11:13-15


A expressão “os Profetas e a Lei” era a maneira
judaica de se referir ao que conhecemos como Antigo
Testamento, agora encontrando cumprimento nos fatos
e na pessoa proclamados por João Batista. O Antigo
Testamento aponta para a vinda do Messias como
nosso Salvador, para nos redimir dos nossos pecados.
Muitos profetas e justos ansiaram por ver os milagres
de Jesus e ouvir seus ensinamentos, mas não o viram
nem o ouviram (Mt 13:17). Eles profetizaram e creram

10 Estudos Bíblicos
na mensagem que o Senhor lhes deu, mas não viram a
concretização das profecias (Hb 11:39). Porém isso não
foi motivo para perderem a fé ou a esperança no Senhor.
Que possamos aprender com eles a crer na Palavra do
Senhor.

Quinta-feira – Mateus 26:47-56


Nesta passagem, são descritas as circunstân-
cias da prisão de Jesus no jardim do Getsêmani. E o
último versículo nos fala sobre uma realidade muito con-
tundente da vida de Cristo, realidade esta que estava
anunciada há milênios e que agora, enfim, cumpria-se:
“Mas tudo isto aconteceu para que se cumprissem as
Escrituras dos profetas” (v. 56). Por mais incrível que
possa parecer, isto estava anunciado desde a criação
do mundo (Gn 3:15); prenunciado por Moisés na insti-
tuição da primeira Páscoa (Êx 12); vislumbrado por Davi
em seus salmos (Sl 22); anunciado por Isaías em suas
profecias (Is 53); profetizado por Zacarias (Zc 9) e Mala-
quias (Ml 3) em suas visões do Messias, e recentemente
apontado por João Batista (Mt 3). Em o Novo Testa-
mento encontramos o cumprimento de muitas profecias
do Antigo Testamento, principalmente sobre Jesus. Isso
aumenta a nossa fé, pois sabemos que Deus é fiel e
cumprirá todas as suas promessas ao seu tempo.

Sexta-feira – Lucas 24:27


Estes dois discípulos estavam muito tristes. Todas
as expectativas que tinham colocado sobre Jesus foram
frustradas em sua morte. Talvez pensassem que fora
tudo em vão. Mesmo depois das mulheres, de Pedro
e de João terem dito que não encontraram o corpo de
Jesus no sepulcro, eles ainda não acreditavam na sua

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ressurreição e decidiram deixar o grupo. Então Jesus
vem ao encontro deles no caminho e começa a con-
versar. É importante ressaltar que Jesus usa o cumpri-
mento das profecias a seu respeito para reavivar a fé
daqueles discípulos. Isto vale para nós hoje. Quando nos
sentirmos desanimados em nossa fé, voltemo-nos para
a Palavra de Deus, pois lá veremos que o Senhor cum-
priu as suas promessas e que “Jesus Cristo é o mesmo
ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 11:8).

Sábado – Atos 26:22,23


Moisés e os profetas anunciaram a vinda do Mes-
sias para salvação da humanidade. Pregavam o que não
tinham visto acontecer, mas creram pela fé e não desis-
tiram de anunciar. A nossa mensagem não é diferente
da deles e ainda temos o privilégio de podermos mos-
trar para as pessoas que ainda não conhecem a Jesus
as profecias e o cumprimento delas. No mundo de hoje,
tudo tem que ser provado com fonte confiável. E o Senhor
Jesus providenciou tudo isso para pregarmos o Evange-
lho. Ele nos deixou os seus ensinos e os historiadores
registraram as evidências de que ele era o Deus ver-
dadeiro. Que nós, a Igreja do Senhor Jesus, tenhamos
essa mesma coragem e intrepidez que nossos irmãos
do passado tiveram em anunciar o Evangelho, indepen-
dentemente das consequências.

12 Estudos Bíblicos
1
A ATUALIDADE DOS
PROFETAS MENORES
Pr. Daniel Miranda Gomes
05 de Julho de 2014

TEXTO BÁSICO:
“Antes de tudo, saibam que nenhuma profecia
da Escritura provém de interpretação pessoal, pois
jamais a profecia teve origem na vontade humana,
mas homens falaram da parte de Deus, impelidos
pelo Espírito Santo”. (2Pe 1:20,21, NVI)

INTRODUÇÃO
Neste trimestre, estudaremos os chamados “Profe-
tas Menores”. Assim são conhecidos os doze menores
livros proféticos do Antigo Testamento. O fato de serem
chamados “menores” não significa que sejam inferiores
ou menos importantes, mas apenas que os rolos que os
profetas deixaram escritos não eram volumosos, quando
confrontados com os demais livros proféticos. Os estu-
diosos judeus deram um título alternativo a essa coletâ-
nea: “o Livro dos Doze”. Na forma de rolos, geralmente
eram escritos em um único volume.1
No decorrer dos estudos, veremos que, apesar de
antiquíssimos, estes livros tratam de questões relevan-
tes para os nossos dias e servem de edificação espiritual
a todo o povo de Deus. Entre os temas tratados, temos:
a família, a sociedade, a política e a espiritualidade. Na
atual conjuntura, os profetas são um verdadeiro esteio
da sabedoria divina para a Igreja de Cristo, pois nos
encorajam a militarmos pela causa de Cristo.

1 CARMO, Oídes José do. Profetas menores: instrumentos de Deus produzindo


conhecimento espiritual autêntico. Estudos Bíblicos, v. 19, n. 67, mar./jun. 2008, p. 2.

www.ib7.org 13
SOBRE OS PROFETAS MENORES

Os chamados “Profetas Menores” – Oséias, Joel,


Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque,
Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias – viveram em um
período de tempo que vai do oitavo ao quinto século A.C.,
tendo sido alguns deles contemporâneos. O período
abrangeu o domínio de três potências mundiais: Assíria,
Babilônia e Pérsia. Entretanto, a mensagem anunciada
por cada um deles é ainda atual e pungente para os
nossos dias, pois traz princípios e advertências volta-
dos para questões sociais, políticas, familiares e espi-
rituais que se aplicam à realidade de cristãos de todas
as épocas, além de conterem muitas profecias relativas
ao Messias que viria, que já se cumpriram na pessoa de
Jesus Cristo, e são atestadas nos Evangelhos.2
Essa estrutura atual que temos em nossas Bíblias
vem da Bíblia Hebraica e, posteriormente, da Vulgata
Latina. A Septuaginta (versão grega do Antigo Testa-
mento) apresenta nos seis primeiros livros uma dispo-
sição diferente da Hebraica, dispondo-os assim: Oséias,
Amós, Miquéias, Joel, Obadias e Jonas. A expressão
“Profetas Menores” é de origem cristã, pelo volume do
texto ser menor em comparação aos de Isaías, Jeremias
e Ezequiel, conforme explica Agostinho de Hipona (345-
430 D.C.), em sua obra ”A cidade de Deus”. Na literatura
judaica, essa coleção é classificada como ”Os Doze”
ou ”Os Doze Profetas”. Essa informação é confirmada
desde o ano 132 A.C., quando da produção do livro
apócrifo de Eclesiástico (49:10), escrito por Jesus ben
Sirac, no 2º século A.C.; este livro mostra que eles eram
bastante estimados no judaísmo.3 Por isso o citamos
2 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os doze profetas menores. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012, p. 9.
3 “Quanto aos doze profetas, que seus ossos floresçam no sepulcro, porque eles
consolaram Jacó e com sua confiante esperança o resgataram”.

14 Estudos Bíblicos
como registro histórico, e não, obviamente, como obra
inspirada. É também corroborada pelo Talmude (antiga
literatura religiosa dos judeus) e ratificada pela obra
Contra Apion do historiador judeu Flávio Josefo (37-100
D.C.). Na Bíblia hebraica, eles estão contidos em um só
volume e foram provavelmente agrupados dessa forma
por volta de 425 A.C., por Esdras e a chamada Grande
Sinagoga, um grupo formado por 120 doutores da Lei.4

A ATUALIDADE DA MENSAGEM
DOS PROFETAS MENORES
O autor da carta aos Hebreus inicia afirmando que
Deus falou no passado por meio dos profetas (Hb 1:1). A
mensagem destes ainda tem relevância para os nossos
dias, posto que Paulo diz que “tudo o que foi escrito no
passado, foi escrito para nos ensinar” (Rm 15:4, NVI).
Em outra carta, referindo-se ao Antigo Testamento, ele
diz que “toda a Escritura é inspirada por Deus” (2Tm
3:16), servindo para a nossa edificação espiritual, ou
seja, ela “é útil para nos ensinar o que é verdadeiro, e
para nos fazer compreender o que está errado em nossa
vida; ela nos endireita e nos ajuda a fazer o que é cor-
reto” (2Tm 3:16-17, BV).
Os evangelistas e o Senhor Jesus afirmam o cum-
primento das Escrituras dos profetas (Mt 26:56; Lc 24:47;
Jo 1:45). Jesus ressaltou que toda a mensagem da Lei e
dos Profetas é cumprida em sua regra áurea (Mt 7:12).
Tiago e Paulo frisaram que a mensagem dos profetas de
Israel é essencialmente a mesma da Igreja (At 15:15-17;
26:22,23). A mensagem dos profetas do Antigo Testa-
mento é de máxima importância para a vida espiritual do

4 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 10.

www.ib7.org 15
cristão, pois apresenta a revelação a respeito de Deus,
da salvação e da vinda do Messias.5
A mensagem dos profetas não era apenas predi-
tiva. Esses homens de Deus eram, sobretudo, pregado-
res morais e éticos, vigias, sentinelas levantados pelo
Senhor para despertar e exortar suas respectivas gera-
ções. Durante as dominações assíria, babilônica e persa,
Deus levantou esses homens para ora conclamar o povo
de Israel ao arrependimento, ora reanimá-los; e, em suas
exortações proféticas, eles denunciaram e combateram
contundentemente a corrupção, o abuso de autoridade,
a injustiça social, a idolatria e o arrefecimento espiritual
e a frouxidão moral do povo, o que atesta a atualidade
premente dessas exortações para os nossos dias, ou
melhor, para todas as épocas.6
Importa destacar que o conhecimento das condi-
ções socioeconômicas, políticas e religiosas da época
dos profetas são indispensáveis à compreensão da
mensagem profética. Quando as referidas condições
se assemelham às nossas, não obstante a passagem
dos séculos, então os profetas de ontem falam hoje, e o
Antigo Testamento se atualiza de uma maneira notável e
também proveitosa.7
Interessante notar que os nomes dos profetas,
dados como títulos dos seus livros, coincidem com a
mensagem central que eles pregavam. Há, realmente,
uma coincidência muito grande entre o significado dos
nomes dos profetas e a mensagem anunciada por eles.
Sua mensagem já está, em boa parte, no sentido dos
seus nomes.

5 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Os profetas menores. Rio de Janeiro: JUERP,


2002.
6 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 10.
7 PAPE, Dionísio. Justiça e esperança para hoje: a mensagem dos profetas meno-
res. São Paulo: ABU Editora, 1993, p. 4.

16 Estudos Bíblicos
OS PROFETAS MENORES E O MESSIAS

Os escritos dos Profetas Menores também são


notabilizados por suas mensagens messiânicas e esca-
tológicas, de maneira que eles concluem o Antigo Tes-
tamento com um clima de esperança e expectativa em
relação à vinda do Messias e trazendo vislumbres do
seu reinado milenar sobre a Terra. São, portanto, uma
excelente porta de entrada para os livros neotestamen-
tários.
Esses homens foram escolhidos por Deus para
cumprir uma missão: conduzir o povo à presença e à
vontade de Deus. Suas mensagens enfatizavam a natu-
reza de Deus, o pecado e o arrependimento, a predição
e a esperança messiânica. Os temas abordados por eles
têm relação com o Dia do Senhor e com os atributos de
Deus. Suas mensagens eram dirigidas ao povo de Israel
e Judá. Contudo, notamos que essas mensagens são
ainda para os nossos dias.
Muitas são as profecias relativas ao Messias que
aparecem nas páginas dos Profetas Menores. Senão,
vejamos.
No livro de Oséias, lemos que o Messias seria o
Filho de Deus e seria chamado do Egito (Os 11:1; c/c Mt
2:13-15), e venceria a morte (Os 13:14; c/c 1Co 15:55-
57). Em Joel, foi predito que o Messias ofereceria a sal-
vação para todos (JI 2:32; c/c Rm 10:12,13). Em Amós,
é anunciado que Deus faria com que o céu escurecesse
ao meio-dia, como ocorreu na morte do Messias (Am
8:9; c/c Mt 27:45,46). Em Miquéias, é predito que o Mes-
sias nasceria em Belém (Mq 5:2; c/c Mt 2:1,2), que seria
o Servo de Deus (Mq 5:2; c/c Jo 15:10) e que veio da
eternidade (Mq 5:2; c/c Ap 1:8). Em Ageu, é predito que
o Messias visitaria o segundo Templo (Ag 2:6-9; c/c Lc

www.ib7.org 17
2:27-32) e que seria descendente do governador Zoro-
babel (Ag 2:23; c/c Lc 3:23-27).
Em Zacarias, o Messias seria Deus encarnado e
habitaria entre o seu povo (Zc 2:10,11; c/c Jo 1:14), seria
enviado por Deus (Zc 2:10,11; c/c Jo 8:18,19), seria o
descendente do governador Zorobabel (Zc 3:8; c/c Lc
3:23-27), seria chamado de o Servo de Deus (Zc 3:8;
c/c Jo 17:4), seria sacerdote e rei (Zc 6:12,13; c/c Hb
8:1), recebido com alegria em Jerusalém (Zc 9:9; c/c Mt
21:8-10), visto como Rei (Zc 9:9; c /c Jo 12:12,13), justo
(Zc 9:9; c/c Jo 5:30), traria a salvação (Zc 9:9; c/c Lc
19:10), seria humilde (Zc 9:9; c/c Mt 11:29), apresentado
a Jerusalém montado num jumento (Zc 9:9; c/c Mt 21:6-
9), seria a pedra de esquina (Zc 10:4; c/c Ef 2:20), seria
rejeitado por Israel (Zc 11:10; c/c Lc 19:41-44), traído
e trocado por 30 moedas de prata (Zc 11:12; c/c Mt
26:14,15), as 30 moedas de prata seriam lançadas na
Casa do Senhor (Zc 11:13; c/c Mt 27:3-5) e usadas para
comprar o campo do oleiro (Zc 11:13; c/c Mt 27:6,7), o
corpo do Messias seria transpassado (Zc 12:10; c/c Jo
19:34), ele seria um com Deus (Zc 13:7; c/c Jo 14:9) e
seus discípulos se dispersariam (Zc 13:7; c/c Mt 26:31-
56).
Em Malaquias, é anunciado que um mensageiro
prepararia o caminho para o Messias (Ml 3:1; c/c Mt
11:10), que o Messias apareceria subitamente no Templo
(Ml 3:1; c/c Mc 11:15,16), que seria o mensageiro da
Nova Aliança (Ml 3:1; c/c Lc 4:43), que o precursor do
Messias viria no espírito de Elias (Ml 4:5; c/c Mt 3:1,2) e
que esse precursor converteria muitos à justiça (Ml 4:6;
c/c Lc 1:16,17).

18 Estudos Bíblicos
DIVISÃO DOS LIVROS

Os Profetas Menores podem ser divididos em


três grupos, no âmbito do período histórico: profetas de
Israel; profetas de Judá e profetas pós-exílicos de Judá.
Também podem ser divididos em pré-exílicos (antes do
exílio babilônico) e pós-exílicos (depois do exílio babilô-
nico). Os profetas pré-exílicos são Oséias, Joel, Amós,
Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofo-
nias. Os profetas pós-exílicos são Ageu, Zacarias e
Malaquias. Muitos deles foram contemporâneos e algu-
mas profecias foram proferidas ao mesmo tempo.
Outra forma de organizar esses livros é observando
para o público que se dirigiam. Assim, podemos dividi-
-los em livros com mensagens direcionadas ao Reino de
Judá (Joel, Miquéias, Habacuque e Sofonias), livros com
mensagens específicas para o Reino de Israel (Amós e
Oséias), livros com mensagens para as nações (Jonas,
Naum e Obadias) e livros com mensagens dirigidas aos
judeus remanescentes do período pós-exílio (Ageu,
Zacarias e Malaquias). Os profetas do Reino de Israel
profetizaram no oitavo século; os de Judá no oitavo e
sétimo séculos; e os pós-exílicos no sexto e quinto sécu-
los.

CONCLUSÃO

Os profetas, inspirados por Deus, olharam para


o futuro, mas também para os seus próprios dias. Eles
denunciaram os pecados do povo quando este se des-
viava dos caminhos do Senhor. Os profetas nos mostram
que o povo de Israel (e nós também) precisava se arre-
pender de seus pecados, para finalmente, serem aceitos
por Deus. Portanto, estudar os profetas menores é um

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dever dos cristãos que desejam ter sua vida alinhada
com a vontade de Deus no que tange a vida pessoal e
práticas diárias.
Nas próximas lições, será apresentado um estudo
panorâmico de cada um dos doze livros citados, exa-
minando o contexto histórico de cada profeta, o propó-
sito de suas mensagens e a aplicação delas para os
nossos dias e para a nossa vida. Esperamos que esta
série de estudo abençoe a sua vida de forma especial
e desperte-o a aprofundar-se ainda mais no estudo dos
Profetas Menores.

PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE

1. Os Profetas Menores tratam de questões relevantes


para os nossos dias e servem de edificação espiritual
a todo o povo de Deus. Com base no que estudou, dis-
serte para a classe alguns dos temas por eles tratados.
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2. Qual a origem do termo “Profetas Menores”? E, “os
Doze Profetas”?
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3. De quais livros compõe-se a coleção dos Profetas
Menores? De onde vem a estrutura bíblica que adota-
mos? Como é a estrutura da Septuaginta (versão grega
do Antigo Testamento)?

20 Estudos Bíblicos
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4. Qual o valor e a autoridade dos escritos dos Profetas
Menores para a igreja cristã? Cite alguns exemplos prá-
ticos.
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5. Qual a procedência da mensagem dos Profetas Meno-
res? Partiu de quem a iniciativa de impulsioná-los? (2Pe
1:20,21)
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6. Qual a relação dos profetas menores com as profe-
cias acerca do Messias? O que eles profetizaram sobre
a vinda dele?
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7. O que significa dizer “a palavra dos profetas”? O que
quer dizer “como a uma luz que alumia em lugar escuro”?
(2Pe 1:19)
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MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS
Daisy Moitinho
Domingo - 2 Coríntios 11:2
A aliança que fazemos com Deus, quando nos
convertemos, é considerada como um casamento. No
Antigo Testamento vemos que Jerusalém, ou o povo
judeu, era considerado como a noiva do Senhor. Mas
infelizmente, por várias vezes, o Senhor se sentiu como
o marido traído de Jerusalém. A adoração a outros
deuses é considerada como adultério ou prostituição.
Todos nós que fizemos uma aliança com Deus, fizemos
um compromisso de fidelidade a ele. O nosso Deus é
sempre fiel para conosco e ele nunca nos trai ou nos
decepciona. Assim como nós, ele também espera fide-
lidade de nossa parte. Que possamos a cada dia valori-
zar o privilégio de termos um relacionamento profundo e
pessoal com Deus.

Segunda-feira – Isaías 54:5


Há uma teoria sobre a criação do mundo que diz
que ele foi criado por Deus, mas que depois ele o aban-
donou à própria sorte, ou seja, é como uma mãe que gera
um filho e, depois dele nascido, abandona-o. É tão bom
sabermos que o nosso Deus, o Criador do universo, não
é assim. Ele ama a cada um de nós e nos conhece pelo
nosso nome. Ele deseja ter um relacionamento pessoal
com cada um dos seus filhos e filhas. Neste texto, ele se
apresenta como o esposo do povo de Israel. Um esposo
que ama, cuida e protege. Enquanto na outras religiões
o ser humano é que tem que ir até seus deuses, no cris-
tianismo é Deus que vem ao encontro da humanidade. O
nosso Deus vem ao nosso encontro todos os dias, para

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nos ouvir, falar conosco, nos amar e nos dizer: “Você
pode confiar em mim, porque eu nunca te abandonarei”.

Terça-feira – Jeremias 2:2


Desde a infância, tanto homens como mulheres são
incentivados a encontrar o amor verdadeiro para chegar
no “felizes para sempre” dos contos de fadas. Quando
Deus formou Adão e Eva, o seu objetivo era que os dois
tivessem um relacionamento feliz e não apenas estives-
sem juntos, ou seja, o Senhor deseja para nós casamen-
tos felizes. Por meio do casamento, homens e mulheres
aprendem muitas coisas, tais como respeito, amor, fide-
lidade, companheirismo, dependência, cuidado e prote-
ção, que um deve ter para com o outro. Tanto no Antigo
como no Novo Testamento, o relacionamento entre Deus
e o seu povo é retratado como um casamento. Neste texto
vemos que o Senhor não quer ter conosco um relacio-
namento de aparências ou de conveniência; ele deseja
ter um relacionamento feliz e cheio amor conosco. Você
quer se relacionar com Senhor dessa maneira?

Quarta-feira – Mateus 25:1


Todas as noivas sonham com o dia do casamento.
Gastam muito tempo se preparando para este dia. Che-
gado o dia, tudo já foi preparado, então elas se arru-
mam e aproveitam este momento tão especial. Assim
também nós temos nos preparado para nos encontrar
como Cristo, que em breve virá nos buscar. Mas o que é
se preparar para a volta de Cristo? Será que é apenas
ir aos cultos e escola bíblica? Ler a Bíblia e orar? Tudo
isso faz parte da nossa preparação, mas vai muito além
destas coisas. Essa preparação envolve relacionamento
profundo com Deus, entregar-se a ele sem reservas,

24 Estudos Bíblicos
permitir que o Espírito Santo arranque de nós tudo o que
não é bom e nos molde segundo o seu querer. Assim,
naquele dia, quando a trombeta soar, estaremos prontos
e felizes para nos encontrarmos com o nosso amado
Jesus.

Quinta-feira – Jeremias 5:3


O nosso Deus requer fidelidade de cada um de
seus filhos. Mas como ser fiel a ele? Certo dia, Jesus
chamou os escribas e fariseus de túmulos pintados de
branco, pois por fora pareciam ser justos, mas por dentro
estavam cheio de pecados (Mt 23:27). Os escribas e fari-
seus eram líderes religiosos que aparentavam ser fiéis
a Deus, mas na verdade não eram. Muitas vezes, nós
caímos neste mesmo erro, porque pensamos que por
obedecermos ao decálogo estamos sendo fiéis a Deus.
O que nos esquecemos é que o pecado não está em
apenas cometer o ato pecaminoso, mas sim em ima-
giná-lo em nossa mente (Mt 5:28). O lugar mais difícil de
sermos fiéis a Deus é na nossa mente. Que diariamente
coloquemos em prática (Fp 4:8), para que sejamos com-
pletamente fiéis a Deus.

Sexta-feira – Apocalipse 19:7


É uma grande alegria participar de um casamento,
principalmente para os noivos. O encontro de Cristo com
a sua Igreja será tão feliz, que foi comparado com uma
festa de casamento. Assim como os noivos anseiam
pelo dia do casamento, assim também todos nós temos
ansiado por esse encontro, em que finalmente estaremos
livres do pecado e poderemos voltar à origem, quando o
relacionamento com Deus era face a face. Haverá uma
grande festa no céu para celebrar a união entre Cristo e

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a Igreja. Será algo muito melhor do que qualquer festa de
casamento que já participamos nesta Terra, pois Paulo
diz que “nem olhos viram e nem ouvidos ouviram o que o
Senhor tem preparados para aqueles que o amam” (1Co
2:9). Como é maravilhoso servir a este Deus que nos
ama e nos quer ao lado dele para todo sempre.

Sábado – Êxodo 20:3


Há um filme chamado “A décima nona esposa”,
que mostra o caso real do sofrimento e infelicidade de
Ann Eliza Young ao ter que dividir o marido com outras
esposas e mulheres. No Antigo Testamento vemos várias
ocasiões em que o Senhor se sentiu como Ann, ou seja,
dividindo seu povo com outros deuses. Mas assim como
Ann, ele não aceita essa situação e nos deixa com as
nossas próprias escolhas. O nosso Deus requer exclu-
sividade em um relacionamento. Ele não nos divide com
ninguém, pois é Deus zeloso. Ele é o único digno de todo
o nosso amor, louvor e adoração. Nenhum outro deus se
importou em tirar-nos do lamaçal do pecado, apenas o
nosso Criador e Pai. Mesmo que tenhamos falhado, ele
nos perdoou e nos deu uma nova chance. Que a cada
dia ofereçamos a Deus a exclusividade que lhe é devida.

26 Estudos Bíblicos
OSÉIAS

2 FIDELIDADE NO RELA-
CIONAMENTO COM DEUS
12 de Julho de 2014 Pr. Marcos Shünemman

TEXTO BÁSICO:
“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao
Senhor; como a alva, a sua vinda é certa; e ele des-
cerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia
que rega a terra”. (Os 6:6)

INTRODUÇÃO
O livro de Oséias é o primeiro e mais extenso dos
Profetas Menores. Ele é o profeta da graça. É o homem
de coração quebrantado. Ele não apenas falou do amor
de Deus, mas o demonstrou de forma eloquente ao amar
sua esposa infiel. Ele pregou aos ouvidos e também aos
olhos. Ele falou à nação de Israel tanto pela voz profé-
tica como pelo exemplo. Estudar esse livro é penetrar
nas profundezas do coração de Deus e trazer à tona as
verdades mais sublimes do amor incondicional de Deus
pelo povo da aliança.8

O AUTOR

O nome Oséias significa Deus salva, ou salva-


ção, e é equivalente a Josué e Jesus. O nome do pro-
feta já trazia em si um chamado ao arrependimento e
uma semente de esperança. Oséias já foi chamado de
“o profeta do amor”, porque seu livro manifesta um pro-
fundo amor da parte de Deus por Israel, um amor não

8 LOPES, Hernandes Dias. Oséias: o amor de Deus em ação. São Paulo: Hagnos,
2010, p. 7.

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correspondido. Deus é mostrado como um marido traído
que procura reatar o casamento com a esposa, que se
tornou prostituta.9
Muito pouco se sabe sobre ele, além do que está
contido na sua profecia. A julgar pelos reinados durante
os quais ele profetizou (Os 1:1), o ministério de Oséias
estendeu-se aproximadamente de 725 a 700 A.C. As
profecias de Amós, um jovem contemporâneo, estão inti-
mamente relacionadas às de Oséias. Contudo, os seus
ministérios foram diferentes. Oséias era um nativo do
Reino do Norte, e Amós era oriundo de Judá, e viajou a
Israel para profetizar. Oséias foi chamado para exempli-
ficar o relacionamento entre Deus e Israel por meio do
seu casamento com uma prostituta, ao passo que Amós
foi enviado pelo Senhor para proferir juízo sobre o povo
rebelde de Israel.
Oséias começou a profetizar no final de um perí-
odo de grande prosperidade material, durante o reinado
de Jeroboão II sobre Israel (2Re 14:23-27). Porém, infe-
lizmente, durante a maior parte da vida dele, as pes-
soas estavam falidas espiritualmente. Os seus líderes
permitiam que elas praticassem idolatria (2Cr 27:2; 2 Rs
15:35) e cometessem “prostituição” contra o Senhor (Os
1:2; 2:8; 4:12-15). Elas recusaram-se a reconhecer que
Deus lhes tinha proporcionado a riqueza que possuíam
(Os 2:8). Na verdade, atribuíam aos ídolos a sua prospe-
ridade (Os 2:5; 10:1). O povo havia se tornado cobiçoso
e avarento, oprimindo os que eram menos capazes de
se defender (Os 4:2; 10:13; 12:6-8). Então, o ministério
teve uma duração de 58 anos.
A vida pessoal e o ministério profético de Oséias
estavam ligados intimamente com a sua missão. O
Senhor usou a vida matrimonial de Oséias como exem-
plo para ensinar o Reino do Norte com muita veemência.

9 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 13.

28 Estudos Bíblicos
O casamento do profeta com Gômer ocupa lugar cen-
tral no livro. Na verdade, foi a base de sua mensagem à
nação. Os filhos, cujos nomes nos parecem muito estra-
nhos, são mensagens do juízo de Deus à nação. De fato,
“a tragédia doméstica de Oséias o preparou para enten-
der e interpretar o amor imutável do Senhor”.10

CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS

Podemos resumir a história de Israel, contida no


livro de Oséias, por meio dos nomes dos três filhos do
profeta: 1) Jezreel (1:4) significa “disperso”; refere-se
à época em que Deus espalha Israel entre as outras
nações; 2) Lo-Ruama (1:6) significa “desfavorecida”;
quer dizer que o Senhor tira sua misericórdia da nação e
permite que ela sofra por seus pecados; 3) Lo-Ami (1:9)
significa “não meu povo”; refere-se àquela época do pro-
grama do Senhor em que Israel não comunga com ele e
não é o seu povo com antes o fora. Oséias informa que
haverá um tempo em que o Senhor chamará Israel de
“Meu Povo” e de “Favor” (2:1). Ele também apresenta
um resumo da condição espiritual de Israel (3:3-5).11 A
mensagem do livro, pode ser assim esboçada:

O LIVRO DE OSÉIAS
Tema Capítulos
A imagem da infidelidade de Israel 1a3
A proclamação dos pecados de Israel 4a7
A proclamação do julgamento 8 a 10
A promessa de restauração de Israel 11 a 14

10 CRABTREE, A. R. O livro de Oséias. Rio de Janeiro: CPB, 1963, p. 17.


11 WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Wiersbe: Antigo Testamento, v. 4. San-
to André, SP: Geográfica Editora, 2009, p. 628.

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MENSAGEM PRINCIPAL

A principal mensagem é o amor incondicional de


Deus, sendo esta a mensagem que mais se aproxima à
paixão de Cristo. De maneira ilustrativa pode-se recor-
dar os acusadores da mulher pecadora que não conse-
guiram atirar a primeira pedra, por causa dos seus peca-
dos, e Jesus, que não tinha pecado algum, perdoando-
-a e dizendo: “Vai e não peques mais” (Jo 8:1-11). Em
Oséias, lemos: “Curarei a sua infidelidade, eu de mim
mesmo os amarei” (14:4).
Oséias estava lembrando o povo de Israel que
Deus os amava intensamente e que a fidelidade do seu
amor é constante. O amor de Deus é retratado no papel
do marido sofredor da esposa infiel. Israel foi avisado
que deveria abandonar seus deuses, os ídolos. A men-
sagem foi direcionada principalmente para aqueles que
ignoraram o amor verdadeiro, representado na atitude
de Gômer para com Oséias. O propósito da mensagem
era de conversão, mudança de atitude para com Deus.

A IMAGEM DA INFIDELIDADE DE ISRAEL

Oséias recebe uma ordem difícil do Senhor: “Vá,


tome uma mulher adúltera” (1:2, NVI). Então ele vai e
toma por esposa a Gômer. Conquanto haja várias inter-
pretações, é possível que Gômer fosse uma mulher
casta antes do casamento e que só se prostituiu após ter
contraído o matrimônio com Oséias.12 A razão principal
para essa interpretação é que seria incompatível com o
caráter santo de Deus ordenar a seu profeta algo moral-
mente reprovável e expor seu mensageiro a tal opróbrio.

12 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 34.

30 Estudos Bíblicos
Crabtree diz que essa interpretação salvaguarda o cará-
ter moral do profeta e defende o caráter santo de Deus.13
Esse casamento é certamente um símbolo do adul-
tério espiritual de Israel. Mediante o seu relacionamento
cruelmente profanado com Gômer, Oséias pôde com-
preender o verdadeiro significado do pecado de Israel:
adultério espiritual e até prostituição.14
Depois, o Senhor ordenou que o profeta procurasse
a esposa desobediente, e ele a encontrou à venda em
um mercado de escravos (3:1-2). Ele teve de comprar a
própria esposa, trazê-la para casa e assegurar-lhe seu
perdão e amor. Ele tem todos os motivos para acreditar
que Gômer se arrependeu de seus pecados e tornar-se
uma esposa fiel.
Tudo isso retrata a infidelidade de Israel com o
Senhor. A nação estava casada com o Senhor (Êx 3
4:14-16; Dt 32:16; Is 62:5; Jr 3:14) e deveria manter-
-se fiel a ele. Todavia, Israel desejou ardentemente o
pecado, especialmente com os falsos deuses das outras
nações, e cometeu “adultério espiritual” ao abandonar o
Deus verdadeiro e adorar os ídolos dos inimigos. Eles
prometeram-lhe muitos prazeres, mas ela descobriu que
também havia dores e sofrimentos. Israel, como Gômer,
seria escravizada (cativeiro) por causa de seus peca-
dos. Mas esse não é o fim da história. Da mesma forma
que Oséias procurou sua esposa e a trouxe para casa,
o Senhor procuraria seu povo, o libertaria e o restauraria
em sua bênção e amor.15
Não podemos deixar esses capítulos sem salien-
tar que o “adultério espiritual” pode ser um pecado dos
cristãos do Novo Testamento como foi dos judeus do
Antigo (cf. 1Jo 2:15-17; Ap 2:1-7; Tg 4:1-10). Os cristãos
que amam o mundo e vivem para pecar são falsos com
13 CRABTREE, A. R. Op. cit., p. 45.
14 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 34.
15 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 627-628.

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seu Salvador e partem o coração dele. Paulo advertiu os
coríntios em relação a isso (2Co 11:1-3).
Assim como Oséias não deveria desistir da sua
mulher, mesmo diante da sua ostensiva infidelidade,
Deus não desiste do seu povo. Mesmo quando esse
povo se torna infiel, Deus permanece fiel. O seu amor é
incompreensível e imerecido. Ele não nos ama por causa
das nossas virtudes, mas apesar dos nossos pecados;
ele não nos busca por causa dos nossos méritos, mas
apesar dos nossos deméritos. O amor de Deus nos opor-
tuniza uma segunda chance. Ele é o Deus da segunda
oportunidade. Foi esse amor devotado do Pai celestial
que tornou possível nossa reconciliação com ele.16

A PROCLAMAÇÃO DOS PECADOS DE ISRAEL

Sem dúvida, todos os vizinhos falaram sobre os


pecados de Gômer e apontaram um dedo acusador para
ela. Não obstante, agora Oséias aponta o dedo para eles
e expõe os pecados deles. A mensagem dele é seme-
lhante aos jornais de hoje (cf. 4:1-2). Perjúrio, mentira,
homicídio, furto, adultério, traição, idolatria, bebedeira
– esses pecados e muitos outros abundam em nossa
nação. E, para deixar as coisas piores, a nação tentou
esconder seus pecados em “reavivamentos religiosos”
superficiais (6:1-6).
Oséias foi um pregador magistral. Observe como
retrata a condição espiritual do povo: 1) a nuvem da
manhã (6:4), porque num momento está aqui e, no
seguinte, já se foi, é passageira; 2) um pão que não foi
virado (7:8), pois a religião do povo não estava enrai-
zada na vida dele, mas era algo superficial; 3) as cãs
(7:9), porque perde a força, mas não se dá conta disso;
16 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 65.

32 Estudos Bíblicos
4) uma pomba enganada (7:11), porque é instável, voa
de um aliado político para outro; 5) um arco enganoso
(7:16), com o qual não se pode contar.17
O povo de Israel estava com suas relações ver-
ticais e horizontais interrompidas. Não há sociedade
humana que possa prevalecer onde estão ausentes a
verdade, o amor e o conhecimento de Deus. Esses são
os fundamentos da piedade e da moralidade. Esses são
os alicerces da família, da igreja e da sociedade. Por não
haver verdade nas palavras e nas ações, era impossível
a confiança nos relacionamentos. Por não haver com-
paixão aos necessitados, era impossível o amor gover-
nar suas atitudes. Por conseguinte, a falta de verdade e
amor evidenciava a falta do conhecimento real de Deus,
uma vez que tanto a verdade quanto o amor têm suas
raízes no conhecimento de Deus. O profeta faz um diag-
nóstico da nação de Israel, dissecando suas entranhas
e trazendo à tona seus horrendos pecados. Esse diag-
nóstico não é diferente daquele que descreve a nossa
realidade em pleno século 21.18

A PROCLAMAÇÃO DO JULGAMENTO

A rebeldia sempre é punida (Pv 14:14), e Israel era


isso – rebelde (4:16; cf. Jr 3:6,11). Oséias via a chegada
dos assírios para punir a nação e escravizá-la. Ele retrata
esse julgamento com a chegada da águia veloz (8:1), a
fúria de uma tormenta (8:7) e com o fogo consumidor
(8:14). A nação se dispersará (8:8; 9:17) e colherá mais
que semeou (10:12-15). Os pecadores colhem o que
semeiam (Gl 6:7-8), todavia eles também colhem mais,
porque as poucas sementes plantadas multiplicam-se

17 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 628.


18 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p.78.

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e trazem uma grande colheita. Como é terrível segar a
colheita do pecado!19
Por que Deus permitiu que Israel fosse julgado pela
perversa Assíria? Porque ele amava seu povo. O amor
sempre disciplina para melhorar o filho (Hb 12:1-13; Pv
3:11-12). A mão da disciplina é a mão do amor; é o Pai
disciplinando o filho, não a punição de julgamento crimi-
nal. Devemos ser agradecidos pela disciplina amorosa
de Deus (Sl 119:71).
O propósito de Deus na disciplina do seu povo não
era a sua destruição, mas a sua restauração: “Então vol-
tarei ao meu lugar até que eles admitam sua culpa. E
eles buscarão a minha face; em sua necessidade eles
me buscarão ansiosamente. Venham, voltemos para o
Senhor. Ele nos despedaçou, mas nos trará cura; ele
nos feriu, mas sarará nossas feridas” (5:15-6:1, NVI). O
que Deus esperava era uma genuína conversão, mani-
festada pelo arrependimento (“até que se reconheçam
culpados”) e pela fé (“e busquem a minha face”). O arre-
pendimento e a fé são os dois elementos da conver-
são. O primeiro elemento é negativo. O arrependimento
é o reconhecimento da culpa, enquanto a fé é a volta
para Deus para depositar nele inteira confiança. Esse
apelo para voltar ao Senhor baseia-se na certeza de
que o administrador do castigo poderia sarar as feridas.
Reduzidos à desesperança, não tiveram outro caminho,
senão voltar para o Senhor. No entanto, será que Israel
voltou-se mesmo para o Senhor? Era o Senhor mesmo
que eles buscavam? O texto mostra que essa volta não
era de todo o coração e que o arrependimento não foi
profundo o suficiente.20
Israel tinha abandonado a Deus para buscar a Baal,
o padroeiro da prosperidade. Eles não estavam interes-
sados em Deus, mas em suas colheitas. Eles queriam
19 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 629.
20 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p.119.

34 Estudos Bíblicos
prosperidade, e não conhecimento de Deus. Essa volta
para Deus era apenas uma barganha. Eles se voltariam
para Deus, e Deus se voltaria para eles para abençoá-los
com chuvas e fartas colheitas. A religião natural era tudo
o que eles desejavam. Eles queriam uma boa colheita.
Não Deus, propriamente. A igreja evangélica brasileira
está eivada dessa mesma tendência. As pessoas lotam
os templos não porque têm sede de Deus, mas porque
têm fome do pão que perece. Elas não querem Deus,
querem apenas as benesses de Deus. Por sua vez,
muitos pregadores não estão interessados na salvação
dos perdidos, mas apenas no lucro.21

A PROMESSA DE RESTAURAÇÃO DE ISRAEL

Oséias não termina com uma nota sombria. Ele vê


a glória futura da nação. Da mesma forma que ele tirou
a esposa da escravidão e a restabeleceu em sua casa e
em seu coração, também a nação seria restaurada à sua
terra e ao seu Senhor. Esses capítulos finais exaltam o
amor fiel de Deus em contraste com a infidelidade de
seu povo. O Senhor amou Israel no Egito (11:1) quando
era uma nação cativa sem glória nem beleza. A graça
dele redimiu-a da escravidão, guiou-a, proveu a todas as
necessidades dela. Contudo, desde o início desse rela-
cionamento de Deus e Israel, o povo estava “inclinado
a desviar-se” (11:7). Deus atraiu-o com laços de amor
(11:4); no entanto, o povo tentou quebra-los e seguir seu
próprio caminho.22
Pecado não é apenas quebrar a lei do Senhor; é
partir o coração dele. Oséias descreve o coração do
Senhor quando tentou trazer seu povo infiel de volta à
sua bênção, e desejou que este lhe fosse fiel (11:8-11).

21 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p.119.


22 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 630.

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O capítulo 12 apresenta a nação “falando com grandeza”
e gabando-se de sua riqueza e de suas realizações, mas
Deus diz: “Efraim apascenta o vento e persegue o vento”
(12:1). O rebelde pode usufruir de riqueza material e dos
prazeres físicos, mas isso nunca satisfaz o coração nem
glorifica o Senhor, e, por fim, o rebelde ficará pobre, des-
prezado, cego e nu.
O profeta fecha as cortinas do seu ministério com
uma palavra de esperança e com uma promessa de
restauração. O cativeiro assírio não coloca um ponto
final no plano soberano de Deus. As tragédias humanas
não frustram os planos daquele que governa a história
e dirige o universo. O último capítulo de Oséias é, de
muitas maneiras, o mais belo de todo o livro e consti-
tui um encerramento apropriado da série de discursos
proféticos. Depois dos grandes vagalhões de conde-
nação que se chocaram contra Israel, Deus agora fala
ternamente em graça. Afinal, a graça brilha através das
nuvens ameaçadoras.23

APLICAÇÃO PARA A ATUALIDADE

O livro de Oséias relata a importância da fidelidade


e a sua relevância nos relacionamentos, abordando
desta forma os efeitos e as influências nos comporta-
mentos. O relacionamento estabelecido por Deus foi de
amor eterno e firmado através da aliança, sendo que as
juras de amor de Israel foram quebradas, ficou conhe-
cido através das circunstâncias o que realmente estava
no coração, a deslealdade.
Quando se fala de fidelidade, está se falando
de cumprir e honrar os compromissos assumidos na
aliança, tendo como princípio a moral, a obrigação; já a
lealdade inclui os valores baseados no vínculo afetivo,
23 FEINBERG, Charles L. Os profetas menores. São Paulo: Vida, 1988, p. 64,65.

36 Estudos Bíblicos
ou seja, quem é fiel não trai devido à moral; já o leal não
trai devido o vínculo de amor e se revela num envolvi-
mento bem maior do que o previamente estabelecido.
Deus revela assim a sua grande lealdade e misericórdia,
pois mesmo Israel sendo infiel, Deus, contudo, esten-
deu a sua lealdade providenciando o Cordeiro que tira o
pecado do mundo.
O foco do ministério profético de Oséias não era a
política ou o social, senão alertar sobre as consequên-
cias da infidelidade gerada pela falta de confiança em
Deus. A idolatria ocupou o altar que era do Senhor, esta-
belecendo uma adoração nos corações que foram envol-
vidos com encantamento.
A história da família de Oséias é singular e eviden-
cia a profundidade do amor de Deus; amor imerecido.
Sempre se deseja receber amor, mas o profeta preci-
sou sentir na pele o peso da infidelidade da sua esposa
e, ainda assim, decidiu perdoá-la. Vale ressaltar que,
naquele tempo, o adultério era punido com a morte; a lei
estava a favor do profeta, que poderia atirar a primeira
pedra, mas Deus o conduziu para o perdão.
Da mesma forma que a oração do Pai Nosso traz
um confronto – “Perdoa as nossas dívidas, assim como
perdoamos nossos devedores” - Deus fez o profeta
sentir a dor da infidelidade do relacionamento do seu
povo escolhido e ainda perceber que, se Ele sendo Deus
é capaz de perdoar; isto deve ser praticado por todos os
homens.
Antes de se falar sobre a restauração do altar de
Deus, precisa-se enfatizar a restauração da família, pois
nos tempos atuais a infidelidade anda de mãos dadas
com a vingança e o ódio, não restando lugar para o
perdão. Para perdoar é necessário empenhar mais força
do que para se vingar, ou seja, é mais forte/sábio o
homem que libera o perdão do que aquele que se deixa

www.ib7.org 37
levar pela inflamação do ódio. A mensagem de Oséias é
uma mensagem do perdão de Deus e isto é inspirador
para viver uma vida de perdão e misericórdia.
A presença do Senhor é real. Ele sempre esteve
presente e desejou que os homens tivessem um relacio-
namento pessoal com ele, mas desde o princípio até os
dias atuais, Deus tem sido esquecido por muitos e subs-
tituído por outros deuses, ou pior, Deus só é lembrado
nos momentos difíceis da vida. Esta atitude de infide-
lidade e idolatria (tudo o que ocupa o lugar de Deus)
entristeceu e tem entristecido a Deus. Mas o profeta
Oséias trouxe a memória de quem é Deus e que a pro-
messa de restauração do altar ao único Deus vivo seria
novamente estabelecida entre as famílias da Terra.
O culto que agrada a Deus é aquele realizado em
família, ou seja, através de pessoas que amam e querem
obedecer a Deus, tanto em casa com a sua própria famí-
lia quanto na igreja; momento em que as famílias se
reúnem para celebrar a Deus pelas bênçãos, conquistas
e desafios de fé. Na verdade o culto não termina, pois
deve ser contínuo.

CONCLUSÃO

Deus mostra, por meio de Oséias, o quanto algo


tão sagrado como o casamento pode ser destituído de
sacralidade por meio da infidelidade. Se tomarmos a
expressão infidelidade como sinônimo de traição, não
teremos dificuldades em entender o quanto essa prática
é abominável.
Quando Deus estabelece um relacionamento, ele
exige absoluta lealdade. Por intermédio de Oséias, o
Todo-poderoso anunciou que aplicaria um severo julga-
mento para libertar seu povo do torpor religioso e chamar
sua atenção. Este julgamento tomaria a forma de secas,

38 Estudos Bíblicos
invasões e exílio. Apesar do rigor desse ato ter dado a
impressão de que Israel seria abandonado para sempre,
o Senhor pretendia restaurar seu povo. Quando os israe-
litas se arrependessem de seus pecados, Deus os faria
retomar à sua terra e restauraria suas ricas bênçãos.
O livro de Oséias fornece uma clara e equilibrada
ideia de Deus. O Senhor ama seu povo e com ele deseja
ter um relacionamento profundo e amoroso. Ele é ciu-
mento de afeição e não tolera concorrentes. Quando seu
povo peca, ele o disciplina na medida certa. A disciplina
do Senhor pode parecer dura, mas a resposta divina ao
pecado de Israel é, na verdade, uma prova de seu amor
e comprometimento. Deus não admite que coisa alguma
arruíne o relacionamento que ele estabeleceu conosco,
e fará tudo para preservá-lo.

PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE

1. Qual o significado do nome Oséias?


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2. Qual a principal mensagem do livro de Oséias? Como
ela foi exemplificada?
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3. No que consistia a infidelidade do povo de Israel para
com Deus?
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4. Compare os termos lealdade e fidelidade. Quais
semelhanças e quais diferenças?
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5. Compare o amor de Oséias para com sua esposa e
o amor de Cristo para com sua noiva. Defina o amor
incondicional.
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40 Estudos Bíblicos
MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS
Pr. Luiz Rogério Palhano

Domingo - Isaías 40:3


Deus jamais nos deixará sem resposta. Ele perma-
nece fiel. Os planos que Ele tem para nossa vida não
mudaram e nem mudarão. Sabe por quê? Porque Ele nos
ama imensuravelmente. O derramamento do Espírito é o
poder pelo qual Deus realiza a sua vontade. A resposta
para os sedentos de Israel é água com abundância, são
rios sobre a terra seca, é benção sobre os descenden-
tes, é promessa do derramamento do Espírito Santo a
toda a posteridade, é a garantia da presença do Senhor,
abundantemente, na vida do povo. Como seria possível
duvidar de um Deus que se apresenta como o Primeiro
e o Último, e que fora dele não há Deus?

Segunda-feira - Salmos 51:1-11


Que tipo de cristãos nós seríamos sem o Espírito
Santo de Deus? Qual seria o nosso caráter sem o fruto
do Espírito? Parece que o rei Davi sabia estas respos-
tas. A Bíblia ensina que quando o profeta Samuel ungiu-
-o no meio de seus irmãos, desde aquele dia o Espí-
rito do Senhor se apoderou de Davi (1Sm 16:13). Ele
tornou-se aclamado, amado, exaltado em Israel porque
o Espírito Santo estava sobre ele e apoderou-se dele. O
texto de hoje apresenta um homem desesperado, que
havia pecado contra Deus e sabia das consequências
de suas atitudes. Um homem atormentado com a ideia
de perder a alegria da salvação e de voltar à natureza
fraca, endurecida pelo engano do pecado. Eis a razão
do seu clamor. Oremos hoje para que entendamos como

www.ib7.org 41
Davi a importância da presença do Espírito Santo em
nossa vida.

Terça-feira – João 14:16-20


O texto de hoje faz parte de um contexto onde
o Senhor Jesus está dando as últimas instruções aos
seus discípulos. Segundo o dicionário bíblico, “Conso-
lador” significa alguém chamado para estar ao lado de
uma pessoa e defendê-la. Um advogado, em suma. O
Senhor promete o Espírito da Verdade que estaria para
sempre com os discípulos, que habitaria com eles e
que estaria neles. Fisicamente, Jesus não estaria mais
com eles, porém não estariam sozinhos. O Consolador
o substituiria. Embora ele não estivesse presente fisica-
mente, estaria espiritualmente. E para sempre! O mundo
não pode recebê-lo porque está envolto nas práticas do
pecado. A fórmula para que o Consolador esteja sempre
conosco é crer em Deus e em Jesus Cristo. Esse é o
princípio de uma vida em santidade. Amém.

Quarta-feira – João 14:26


Toda a Escritura é de inspiração divina, e é apta
para ensinar. Homens santos falaram da parte de Deus
movidos pelo Espírito Santo. A Igreja Cristã é regida
pelo Senhor, e é por meio da Bíblia que ele a ensina.
Ele também abre as mentes e corações para as suas
verdades. Jesus transmitiu a Palavra do Pai aos discípu-
los (v. 24), e deu garantias de que eles seriam lembra-
dos de tudo o que havia lhes dito. Quem tem ouvidos,
deve ouvir o que o Espírito diz às Igrejas (Ap 2:7). Como
Jesus mesmo falou, não somos órfãos, pois o Espírito
Santo está conosco e sua missão é ensinar a Igreja do
Senhor. Nossa oração hoje deve ser para que tenhamos

42 Estudos Bíblicos
bom ânimo para praticar tudo o que o Espírito de Deus
tem nos ensinado.

Quinta-feira – Atos 4:31


Que coisa maravilhosa! A igreja está em oração, e
não porque simplesmente está com medo. Ao contrário,
suplica para que o Senhor estenda suas mãos e conti-
nue a fazer curas, sinais e prodígios em nome de Jesus.
Como resultado, temos uma grande manifestação onde
todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam
a palavra de Deus. Se eu fosse pastor de uma igreja
nessa época, e me fosse tirada a liberdade de falar do
Evangelho da Salvação, como eu agiria? Como a minha
igreja se comportaria? Há dois detalhes importantes no
contexto do nosso estudo: Pedro falava com intrepidez,
porque estava cheio do Espírito Santo (v. 8), e os após-
tolos falavam das coisas que viram e ouviram (v. 20),
ou seja, falavam daquilo que o próprio Jesus lhes havia
ensinado. Olhando por essa ótica, acredito que eu e a
igreja agiríamos da mesma forma, vocês não acham?

Sexta-feira - Atos 2:1-16


De acordo com a promessa de Jesus, a descida
do Espírito Santo ocorreu no dia do Pentecostes, dia
em que os judeus ofereciam ao Senhor as primícias de
suas produções agrícolas. Essa foi uma ocasião propí-
cia para o derramamento do Espírito, porque ali estavam
judeus e prosélitos de várias partes do mundo conhe-
cido, e também porque naquele dia seria feita a primeira
colheita dos frutos do Reino, a partir da obra consumada
do Messias. Neste mesmo dia, a multidão foi possuída
de perplexidade ao visualizar a manifestação do Espírito
Santo, prometida no Antigo Testamento e confirmada
pelo próprio Senhor. Lucas diz que todos foram cheios
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do Espírito Santo e passaram a ser testemunhas de
Jesus, a partir dali e em todos os lugares. Amém.

Sábado - Atos 2:16-20


O marco da fundação da igreja em Jerusalém foi,
sem dúvida, a descida do Espírito Santo, e o livro de Atos
narra com riqueza de detalhes este grandioso evento.
Como já vimos, o cenário para o derramamento do Espí-
rito Santo foi o dia do Pentecostes. Para ali eram atraídos
judeus de todo o mundo conhecido. Muitos peregrinos,
mas também inúmeros judeus piedosos vinham a Jeru-
salém para adoração. A manifestação do Espírito Santo
ocasionou o fenômeno das línguas, que gerou debate
sobre a sanidade dos discípulos. O discurso inflamado
do apóstolo Pedro tem início com a citação, na íntegra,
da profecia de Joel (Jl 2:28-32), e que naquele dia inau-
gural da era da Igreja, deu-se o seu cumprimento. É
muito importante saber que o Senhor cumpre todas as
suas promessas, e confortador saber que todo aquele
que invocar o nome do Senhor será salvo.

44 Estudos Bíblicos
3
JOEL
O DERRAMAMENTO DO
ESPÍRITO SANTO
Pr. Jonas Sommer
19 de Julho de 2014

TEXTO BÁSICO:
“E, depois disso, derramarei do meu Espírito
sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas
profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão
visões. Até sobre os servos e as servas derramarei
do meu Espírito naqueles dias”. (Jl 2:28-29, NVI)

INTRODUÇÃO
Joel, o segundo dos chamados profetas menores,
exerceu seu ministério em Judá, no Reino do Sul. Em que
pese o fato de ele ter profetizado sobre o derramamento
do Espírito de Deus no futuro, com manifestações espe-
cíficas, a tônica de sua profecia vai mais além. O livro
trata da ameaça de julgamento de Deus contra Judá,
que é ilustrado com a devastadora praga de gafanho-
tos. A esperança de Judá repousa no arrependimento
e na misericórdia divina, que trará, com os julgamentos
do Dia do Senhor, e na sua abundante misericórdia ao
restaurar a nação. Joel atinge seu propósito desenvol-
vendo-o nas três partes que compõem sua profecia.
Há quem advogue que o livro de Joel pode ser
dividido em duas partes. A primeira descreve a devas-
tação de Judá, ocasionada por uma grande praga de
gafanhotos e a comunidade. E a segunda, a resposta de
Deus a Israel e às nações, conforme ilustrado no quadro
abaixo:24

24 SOARES, Ezequias. Os doze profetas menores: advertências e consolações


para a santificação da Igreja de Cristo. Lições Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, out/
dez. 2012, p. 20.

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LIVRO DE JOEL
Primeira Parte Segunda Parte
A praga de gafanhotos e A resposta do Senhor a
a comunidade Israel e às nações
(1:1 - 2:17) (2:18-3:21)
A praga dos gafanhotos Compaixão pela
(1:1-4) comunidade (2:18-27)
Chamado à lamentação Bênçãos para
(1:1-4) a cumunidade (2:28-32)
Grande alarme (2:1-11) Julgamento das nações
(3:1-17)
Chamado ao Presença de Deus em
arrependimento (2:12-17) Jerusalém (3:18-21)

Há, no entanto, outros que dividem a profecia de


Joel em pelo menos três partes: um juízo imediato (1),
um juízo iminente (2:1-27) e o juízo futuro (Jl 2:28-3:21).25

O PROFETA, SEU ESTILO E SEU TEMPO

Não sabemos muito sobre este profeta. Há 12


homens no Antigo Testamento com este nome, mas não
podemos identificar o profeta com qualquer um deles.
26
Seu nome significa “Yahweh é Deus”.27 Seu pai se cha-
mava Betuel, segundo alguns targuns, ou Petuel, con-
forme o texto hebraico que nos chegou à mão.
Devido à familiaridade dele com aspectos do
templo, dos sacrifícios e do sacerdócio, pode-se presu-

25 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os doze profetas menores. Rio de Janeiro:


CPAD, 2012, p. 26.
26 CRABTREE, A. R. Profetas menores. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista,
1971, p. 15.
27 FINLEY, Thomas J. The Wycliffe exegetical commentary: Joel, Amos and Oba-
diah. Chicago: Moody Press, 1990, p 2.

46 Estudos Bíblicos
mir que pertencia à classe sacerdotal.28 Por conta de
sua contundente mensagem de juízo, alguns o chamam
de “João Batista do Antigo Testamento”.29
Joel escreve como um poeta lírico e dramático,
com constante uso de contrastes.30 Conforme estudio-
sos da estilística literária hebraica, há muito de parale-
lismo e ritmo da poesia hebraica no escrito. As figuras de
linguagem usadas por Joel mostram ser ele um homem
de imaginação vívida. Ele emprega figuras fortes e usa
muitas exclamações, como se vê no texto em português.
Isto deve corrigir um equívoco que muitos, mesmo sem
preconceito, nutrem. É que pensamos nos profetas como
se fossem beduínos fanáticos ou ignorantes. Quando
muito, julgamos que como eram pessoas vivendo numa
época atrasada em relação à nossa, tais profetas foram
primitivos e boçais. Esses homens foram geniais. Prova
disso é que aqui estamos, já entrados no terceiro milênio,
aprendendo com eles, estudando o que escreveram.31
As discussões sobre a data do livro são bastante
acirradas. Tem-se atribuído datas desde o século nono
até o século quarto A.C., pelas várias escolas. Porém,
com base nas evidências internas, e tendo em vista que
ele é citado por Amós e Oséias, a estimativa mais razo-
ável é a época da minoridade de Joás, durante a regên-
cia de Joiada, o sumo sacerdote, por volta de 830 A.C.
(2Rs 11:17,18; 12:2-16; 2Cr 24:4-14). Em todo o livro
também não há nenhuma referência à Babilônia, à Assí-
ria ou mesmo à invasão da Síria, e os únicos inimigos
mencionados são os filisteus, os fenícios, os egípcios
e os edomitas (3:4,19). Se ele tivesse vivido após Joás,
28 SCHMOLLER, Otto. The book of Joel. Grand Rapids: Zondervan Publishing
House, 2008, p. 3.
29 MACDONALD, William. Believer’s Bible commentary. Nashville: Thomas Nelson,
1995, p. 1107.
30 LOPES, Hernandes Dias. Joel: o profeta do Pentecoste. São Paulo: Hagnos,
2009, p. 16.
31 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. O profeta Joel. Disponível em: <www.scribd.
com/doc/18338219/o-Profeta-Joel-Pr-Isaltino>. Acesso em: 25 mar. 2014.

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sem dúvida teria mencionado os sírios entre os inimigos
que enumera, uma vez que eles tomaram Jerusalém e
levaram o imenso espólio de Damasco (2Cr 24:23,24).
A idolatria também não é mencionada, e os serviços do
Templo, o sacerdócio e outras instituições da teocracia
são representados como florescentes.32 Warren Wier-
sbe diz que Joel foi o primeiro profeta a escrever suas
mensagens.33

O JUÍZO IMEDIATO: A DESOLAÇÃO CAUSADA


PELA INVASÃO DE GAFANHOTOS

O livro do profeta Joel é, sobretudo, escatológico.


O primeiro capítulo descreve a desolação causada em
Judá por uma invasão de gafanhotos – um dos instru-
mentos do juízo divino mencionado por Moisés em sua
profecia (Dt 28:38,39) e por Salomão em sua oração (1Rs
8:37), e que já havia sido usado por Deus contra o Egito
(Êx 10:12-20). Nos capítulos seguintes, há também pro-
messas de bênçãos em foco, mas o tema principal conti-
nua sendo o juízo divino, sendo que agora em um futuro
ainda mais adiante.34 Isto é, a principal mensagem de
Joel é que Deus julga, e essa mensagem da realidade
do juízo divino, conforme orientação do profeta ao povo,
não deveria ser esquecida, mas recontada às gerações
seguintes. Não é à toa que Deus permitiu que essa obra
inspirada pelo Espírito Santo ficasse para a posteri-
dade, para que sua mensagem nunca fosse olvidada e
pudesse reverberar durante séculos, despertando vidas.
A invasão assoladora dos gafanhotos não é uma
tragédia natural, mas a vara disciplinadora de Deus
32 ARCHER JR, Gleason. Merece confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Vida
Nova, 1991, p. 233.
33 WIERSBE, Warren. Comentário bíblico expositivo. V. 4. Santo André: Geográfica,
2010, p. 420.
34 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 25.

48 Estudos Bíblicos
sobre o povo da aliança. Não existe acaso, coincidência,
nem determinismo cego. Não existe tragédia natural à
parte da providência soberana de Deus.35 Joel faz uma
descrição vívida e alarmante de uma invasão avassala-
dora de gafanhotos em todo o território de Judá. Moisés
profetizara que Deus poderia usar deste expediente
para punir seu povo se ele se tornasse desobediente (Dt
28:38-42). São usadas quatro palavras hebraicas dife-
rentes para gafanhotos nesta passagem: gazam, vertido
como “gafanhoto cortador”; arbeh, o “gafanhoto migra-
dor”; yeleq, o “gafanhoto saltador”, e hãsil, o “gafanhoto
destruidor”.36
Têm sido dadas várias interpretações quanto a
essa invasão de gafanhotos. Diz-se que essa descrição
fala dos quatro tipos diferentes de gafanhotos que inva-
diriam a terra. Outra possibilidade é que essa descrição
fala de nuvens sucessivas de gafanhotos invadindo Judá,
ou seja, Joel estaria falando sobre ataques sucessivos
de insetos, ressaltando a intensidade da destruição. A
terceira possibilidade é que a descrição fala metafori-
camente dos quatro impérios que dominaram o mundo
(Babilônico, Medo-persa, Grego e Romano). Há ainda
aqueles que, embora careçam de sólida base bíblica,
interpretam como sendo demônios que atacam as finan-
ças do povo de Deus.37 Ao que parece, a interpretação
literal, como sendo quatro tipos de gafanhotos que, em
ataques sucessivos, deixam um rastro de destruição,
seja a correta.
No livro encontramos uma ordem para que esse
evento não fosse olvidado, mas se deveria contar à
geração seguinte (1:3). Quatro gerações são menciona-
das, os ouvintes de Joel deveriam transmitir aos filhos,

35 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 27.


36 HUBBARD, David Allan. Joel e Amós: introdução e comentário. São Paulo: Vida
Nova, 1996, p. 49
37 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., pp. 29-30.

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netos e bisnetos. Quando não se aprende com os erros
do passado, tem-se a tendência de repeti-los. A histó-
ria precisa ser nossa pedagoga, não nosso coveira. Os
eventos de uma nação são lições para todas as demais,
pois se a memória do amor de Deus não nos despertar
a gratidão, a memória dos ais do seu juízo, certamente
nos ameaçará com a humilhação.38
Joel conclama os sacerdotes do Senhor ao arre-
pendimento (1:13,14). O texto fala de clamor, pranto,
pano de saco e jejum. No Antigo Testamento, é comum
vermos jejuns serem apregoados em períodos de cala-
midade ou de iminência de calamidades (2Cr 20:3; Et
4:16). Conquanto o povo de Deus não experimente
pragas literais de gafanhotos, mui provavelmente vê con-
gregações devastadas por aflições, pecados e doenças
que angustiam famílias inteiras. Diante disso o conselho
bíblico para se resolver tais impasses é que a liderança,
juntamente com a membresia, reconheça igualmente,
com a máxima urgência, a necessidade de ajuda, poder
e bênção de Deus. Devem voltar-se a ele com a since-
ridade, intensidade, arrependimento e intercessão des-
critos por Joel (Jl 1:13,14; 2:12-17). Só há restauração e
avivamento onde há genuíno arrependimento.

UM JUÍZO IMINENTE: A VERDADEIRA CONVERSÃO


E A PROMESSA DE FARTURA
No segundo capítulo de Joel, o profeta trata esse
exército de gafanhotos do capítulo 1 como um símbolo e
precursor de um flagelo ainda mais terrível. A palavra do
Senhor a Joel é que, no futuro, haveria uma desolação
que envolveria toda a Terra. Ou seja, o pranto pelo juízo
dos gafanhotos apenas prefigurava um pranto ainda
maior decorrente de uma desolação muito maior.
38 Ibidem.

50 Estudos Bíblicos
Joel começa falando de uma invasão militar que
Judá também sofreria (2:2-4) para, mais à frente, ainda
no capítulo 2, aludir ao Dia do Senhor em sua acep-
ção absolutamente escatológica. O “dia do Senhor” é a
expressão-chave desse livro. Ela aparece pela primeira
vez no versículo 15 do primeiro capítulo. Tal expressão
se refere tanto ao julgamento divino de forma geral –
sendo, nesse caso, usada para se referir a um julga-
mento específico que poderia ser tomado como sím-
bolo do Grande Julgamento Final – como também, e na
maioria das vezes, ao Juízo do Fim dos Tempos, quando
toda a impiedade será julgada pelo Senhor. Este último e
mais recorrente sentido é explorado a partir do capítulo
2 de Joel, quando o profeta faz claramente referência a
acontecimentos que se darão em um futuro mais distan-
te.39
Esse dia, porém, culmina com o grande Dia do
Juízo, na segunda vinda de Cristo, quando o Senhor se
assentará no seu trono e julgará, com justiça, as nações
(Mt 25:31-46). Nesse dia os homens ímpios desmaia-
rão de terror, buscarão a morte, mas não a encontrarão.
Nesse dia tentarão, inutilmente, escapar da ira do Cor-
deiro (Ap 6:12-17).40
Tudo indica que os exércitos do Norte (2:20) são
uma referência aos exércitos da Assíria e Babilônia.
Aqui, Deus conclama mais uma vez o povo ao arrepen-
dimento – mas a um arrependimento realmente sincero,
verdadeiro, genuíno, autêntico (2:2,13).
Deus diz ao povo que estava cansado do seu ritual
de vestir pano de saco em jejum depois de rasgar as
vestes, porque esses atos já não eram acompanhados de
um real propósito de mudar, não eram realizados como
exteriorização de um genuíno arrependimento (2:13).

39 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 25.


40 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., pp. 51-53.

www.ib7.org 51
Não bastava rasgarem suas vestes se antes não esta-
vam rasgando os seus corações diante dele. “Rasgai o
vosso coração” significa “modificai toda a vossa atitude”,
é a maneira hebraica de dizer que a contrição interna
é mais importante do que a manifestação externa de
pesar que, por si, poderia ser apenas um ato desprovido
de sinceridade ou integridade.41 Ou seja, nessa passa-
gem, Deus está afirmando que penitência externa não
muda nada. É preciso um coração realmente rasgado
diante do Senhor para que ele se volte para o seu povo
com perdão, restauração e bênçãos (2:14).
A necessidade de conversão é um dos aspectos
teológicos mais importantes em nosso profeta. Nos dias
em que vivemos podemos ouvir programas que são
declarados como sendo evangélicos, pela televisão e
pelo rádio, por meses a fio sem ouvirmos falar, uma vez
sequer, da necessidade de arrependimento, de aban-
dono dos pecados e de mudança de vida. A conversão
foi deixada de lado em muitos púlpitos e substituída pela
adesão ou pela contribuição. A cruz que o cristão deve
tomar para seguir a Cristo foi esquecida e em seu lugar
se oferece em trono em troca de ofertas e assistência
aos cultos com contribuições regulares. A ética foi supri-
mida e em seu lugar entrou a prosperidade como tema
dominante das pregações. “Todavia ainda agora diz o
Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração;
e isso com jejuns, e com choro, e com pranto” (2:12).
Deus não quer uma liturgia morta, ele quer ação que
mostre quebrantamento e não rito apenas. É para o povo
chorar os seus pecados, como lemos no verso 17: Não
é rito nem são palavras. Não é externo, é interno. É sen-
timento. Podemos criticar o pietismo por sua internaliza-
ção da fé religiosa, mas esta postura tem respaldo entre
os profetas. É a conversão do homem que faz Deus

41 HUBBARD, David Alan. Op. cit., p. 66.

52 Estudos Bíblicos
mudar o juízo em bênção. Não é a contribuição nem é a
liturgia. É o reconhecimento de que a vida está errada e
deve ser mudada. Embora a contribuição seja necessá-
ria e, muitas vezes seja evidência de uma conversão, é
conversão e não contribuição que Deus pede. Pode-se
dar dinheiro sem dar o coração. Pode-se praticar ritos
sem ter consciência da presença de Deus.
O coração contrito vale mais, já ensinou Davi: “O
sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado;
ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó
Deus” (Sl 51:17). O sacrifício era a forma mais elevada
de culto no Antigo Testamento, mas o que mais interessa
a Deus é o coração quebrantado. Deus não espera culto
litúrgico, mas quebrantamento de vida. Muitos cultos nos
fazem bem, mas não mudam nossa vida. Muitos cultos
são apenas pândega espiritual, não há quebrantamento,
não produzem mudança de vida, não exortam à santi-
dade. Alguém dirá que o culto cristão é de felicidade e
alegria porque nele o povo de Deus celebra sua salva-
ção. Mas só pode se alegrar, rir e celebrar quem primeiro
gritou como Isaías: “Ai de mim, que estou perdido!”. A
igreja contemporânea tem muita festa e pouco quebran-
tamento, busca o poder humano, principalmente o polí-
tico, mas não busca a santidade, não enfatiza a correção
de vida. Isto é trágico!42
Nessa seção do livro, mais uma vez vemos os
ministros de Deus, os sacerdotes, sendo conclamados
a liderar esse jejum e também se derramarem diante
de Deus (2:15-17). O resultado será Deus libertar o seu
povo e o retorno das chuvas temporã e serôdia – isto
é, as primeiras chuvas, que favorecem o plantio, e as
últimas, que lhe garantem o sucesso ao final – para fer-
tilizar as terras desoladas

42 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Op. cit.

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O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO

No dia de Pentecostes (At 2:16-21), Pedro citou


uma passagem do livro de Joel, ele diz: “Mas o que
ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel”.
Em outras palavras, esse é o mesmo Espírito Santo do
qual Joel falou. Vemos que as maiores bênçãos coloca-
das diante do povo de Deus são: 1) O derramamento do
Espírito de Deus sobre toda a carne; 2) O julgamento
das nações; e 3) A glorificação do povo de Deus. Estas
características não são mantidas estritamente em sepa-
rado, mas, mesmo assim, são indicadas com clareza
e relacionadas de perto umas com as outras. “E há de
ser que, depois (um dia, no futuro), derramarei o meu
Espírito sobre toda a carne” (2:28). Se o Senhor deu a
chuva temporã e a serôdia na forma de bênçãos mate-
riais, também estava pronto para derramar (Is 32:5; Ez
39:29) bênçãos espirituais no dom do seu Espírito. Sob
este aspecto, Pedro se refere ao comentário de Joel. Se
o primeiro grande ensino em Joel é o arrependimento
diante das adversidades, o segundo é o derramamento
do Espírito sobre toda a carne.
É importante frisar ainda que muitas outras pas-
sagens do Antigo Testamento aludem a esse derrama-
mento do Espírito Santo (cf. Is 32:15-17; Ez 11:19,20).
A manifestação dos dons evidencia a manifestação do
Espírito Santo na Igreja e, consequentemente, a pre-
sença de Deus no meio do seu povo (1Co 14:24,25).
Algo a se enfocar aqui ainda é que pessoas de todas as
nações, de todos os sexos, de todas as faixas etárias e
de todas as condições sociais seriam alcançadas pelo
Derramamento do Espírito Santo. Joel fala de homens e
mulheres, velhos e jovens, servos e livres – todos teriam
a bênção da efusão do Espírito a seu alcance se voltas-
sem suas vidas totalmente para Deus (2:28,29,32).

54 Estudos Bíblicos
É importante ressaltar que o derramamento do
Espírito Santo aponta para a salvação. Diz Joel: “…
e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do
SENHOR será salvo” (2:32). Naquele grande e terrí-
vel Dia do Senhor haverá salvação para aqueles que
invocam o seu nome, pois o derramamento do Espírito
Santo anunciou também o caminho da salvação. O Pen-
tecostes foi um evento de salvação. Naquele dia, Pedro
pregou o evangelho e três mil pessoas foram salvas
(At 2:39-42). Paulo, citando Joel, diz que todo aquele
que invocar o nome do Senhor será salvo (Rm 10:13).
A salvação em Cristo, recebida pela fé, agora, é esten-
dida a todos os povos, de todos os lugares, de todos os
tempos. Nos dias de Joel, como nos dias de Pedro e de
Paulo e também nos nossos, invocar o nome do Senhor
é o único caminho para a salvação.43

UM JUÍZO FUTURO: O JULGAMENTO DAS NAÇÕES

O capítulo 3 de Joel dedica-se a descrever a res-


tauração final de Israel e o Julgamento das Nações, dois
eventos que se darão no Final dos Tempos. Duas verda-
des muito claras e enfatizadas nessa passagem bíblica
são que as nações serão julgadas pela sua impiedade
e que esse julgamento incluirá também como critério a
forma como as nações trataram Israel.
No caso específico do castigo divino sobre Tiro e
Sidom, mencionado nos versículos 4 a 8, acredita-se que
ele tenha ocorrido, pelo menos parcialmente, no quarto
século A.C., quando as duas principais cidades da Fení-
cia, localizadas ao Noroeste de Israel, foram subjugadas
pelo conquistador Alexandre, o Grande, e, pouco tempo
depois, por Antíoco III. Esse castigo, aliás, fora predito
também pelos profetas Amós (Am 1:9,10), Ezequiel (Ez
43 PAPE, Dionísio. Justiça e esperança para hoje: a mensagem dos Profetas Meno-
res. São Paulo: ABU, 1982, p. 31.

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26-28) e Isaías (Is 23). Nos versículos 17 a 21, segue a
descrição da restauração de Israel.44
Enfim, a grande lição desse capítulo é que Deus
é o Senhor da História. O livro de Joel começa falando
de destruição e termina falando de restauração; inicia
com juízo e conclui com a bênção de Deus. A sua men-
sagem ao final é que a última palavra na história das
nações pertence a Deus; que quem determina o destino
final das nações não são os chamados grandes líderes
mundiais, mas o Senhor do Universo. E, no final, o mal
perecerá e o bem triunfará. Porque Deus está no con-
trole de tudo.45

CONCLUSÃO
Hodiernamente, não temos nada de vestimenta
externa para anunciar a situação interna em termos de
arrependimento. No entanto, a postura de humilhação
de um coração arrependido deve fazer parte da nossa
atitude quando somos confrontados por Deus por algo
que fizemos contra ele. Ainda que nos falte hoje uma
vestimenta típica de arrependimento, temos de ter a
postura interna que demonstre um real arrependimento
perante o Senhor. Mesmo que não tenhamos uma ves-
timenta externa para manifestar nosso arrependimento,
devemos ter ainda hoje uma atitude externa que venha
refletir os sentimentos do coração.
O jejum público do povo de Deus tem sido esque-
cido. Nem mesmo em tempos de calamidade esse povo
tem se reunido para a oração com santo jejum. É neces-
sário que, de alguma forma, essa prática venha nova-
mente a fazer parte da religiosidade santa do povo de
Deus. Vivemos dias difíceis para um cristianismo autên-
tico. É necessário que reavaliemos as nossas práticas
44 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 29.
45 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 30.

56 Estudos Bíblicos
espirituais comunitárias a fim de que o que ainda é útil
não seja desprezado.
Infelizmente, na maioria das reuniões dos que se
dizem povo de Deus, a visão é a de um entretenimento
em que todos procuram se agradar. Não nos reunimos
para confessar os nossos pecados em tempos de afli-
ção. Aliás, o pecado não tem sido tratado com a serie-
dade que se faz necessária nos últimos dias. Nossa vida
espiritual pode tornar-se seca e infrutífera se nos afas-
tarmos da vontade do Senhor. É muito importante sentir
arrependimento sincero e profundo (2:12-13), a fim de
que Deus possa perdoar-nos e abençoar-nos de novo.

PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE

1. Quem era Joel e para quem ele profetizou? Para quem


o povo deveria contar a mensagem dele? (1:1-3)
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2. Que profecia ele é porta-voz? Qual o resultado do
ataque profetizado contra a terra? (1:4-12)
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3. O que ele conclama os sacerdotes fazerem? Por que
esta atitude é importante? Como podemos aplicar isso
aos nossos dias? (1:13-14)
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4. Qual é a mensagem acerca do Dia do Senhor transmi-
tida por Joel? (2:1-11)
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____________________________________________________
5. Joel conclama o povo a uma conversão. Qual o sinal
da verdadeira conversão, segundo ele? O que signi-
fica “rasgar o coração”? O que os sacerdotes deveriam
fazer? (2:12-17)
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6. Qual poderia ser a resposta do Senhor caso houvesse
genuíno arrependimento e conversão verdadeira? (2:18-
28)
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____________________________________________________
7. Joel profetiza o derramamento do Espírito Santo.
Sobre quem ele seria derramado? Quais seriam os sinais
cataclísmicos desse derramamento? Essa promessa foi
cumprida em sua totalidade? O que aconteceria aos que
invocassem o nome do Senhor? (2:29-32; At 2:16-21)
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8. Que promessa é feita ao povo de Deus? (3:1-21)
____________________________________________________
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58 Estudos Bíblicos
MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS

Pr. Jonas Sommer

Domingo – Provérbios 14:34


Constantemente ouvimos que o Brasil está muito
bem em matéria de leis, contudo continua sendo um
dos países mais injustos do mundo. Em termos sociais,
temos uma das distribuições de renda mais injustas do
planeta, onde 1% da população detém metade da renda
nacional; onde os direitos sociais não são devidamente
respeitados quanto à saúde, a educação, e a moradia.
Certamente que ter leis justas, adequadas e boas é
muito bom, principalmente se elas estão sintonizadas
com a Lei maior, os Dez Mandamentos. Porém, é preciso
reconhecer que somente com uma vida transformada
por Deus, liberta do pecado e com a ajuda do Espírito
que transforma a nossa natureza egoísta e produz os
frutos da justiça, é que se fará justiça verdadeira!

Segunda-feira – Provérbios 19:17


Atender o pobre em suas necessidades é um man-
damento divino que se repete ao longo da mensagem
sagrada. Sempre foi uma preocupação do Criador em
recomendar ao seu povo o bom tratamento dos neces-
sitados e o suprimento de suas carências, por parte
daqueles que Deus contemplou com mais haveres. Por-
tanto, se quisermos manter a benção do Senhor sobre
nossa vida, devemos seguir o mandamento do Senhor
Deus, socorrer o pobre e o necessitado em suas tribula-
ções, e lutar por uma sociedade mais justa e igualitária
para todos.

www.ib7.org 59
Terça-feira – Isaías 1:13-15
Qual a razão para que Deus estivesse tão irritado
com o povo a ponto de rejeitar-lhes os cultos, as ofertas,
e até mesmo as ações de graça? Quando continuamos
a leitura deste capítulo, e fazemos uma reflexão sobre
o livro do Profeta Isaías, e dos Profetas menores con-
temporâneos deste, descobriremos que havia um com-
pleto descaso para com a justiça social e o amparo dos
pobres e desamparados entre o povo. Lembremo-nos
das palavras do profeta Miquéias: “será que milhares
de carneiros ou a oferta de rios de azeite agradarão a
Deus? Não! Ó homem, já foi explicado o que é bom e o
que Deus exige de você: praticar o direito, amar a mise-
ricórdia, caminhar humildemente com o seu Deus” (Mq
6:7-8, BV).

Quarta-feira – Romanos 15:26,27


Paulo e seus colaboradores haviam recebido uma
oferta especial das igrejas gentias para os cristãos
judeus necessitados de Jerusalém. Essa oferta especial
cumpriu vários propósitos. Em primeiro lugar, foi uma
expressão de amor dos gentios por seus irmãos judeus.
Em segundo lugar, foi um auxílio prático num momento
em que os cristãos pobres de Jerusalém encontravam-
-se mais carentes. Por fim, ajudou a unir e aproximar
judeus e gentios na Igreja. Quando a vida do Espírito flui
através da igreja, esta não sente dificuldade em ofertar.
Em 2 Coríntios 8:1-5, Paulo descreve o milagre da graça
ocorrido nas igrejas da Macedônia.

60 Estudos Bíblicos
Quinta-feira – 2 Coríntios 9:8,9
Nossas ofertas têm um tríplice efeito: abençoam
aos outros, abençoam a nós e glorificam a Deus.46 O
apóstolo Paulo diz que nossa contribuição não apenas
estimula a outros, mas também abençoa a nós. Somos
os principais beneficiados quando contribuímos. A con-
tribuição é uma semeadura que fazemos em nosso pró-
prio campo. Esse é um investimento que fazemos em
nós mesmos. Quanto mais distribuímos, mais temos.
Quanto mais semeamos, mais colhemos. Quanto mais
abençoamos, mais somos abençoados. Ofertar pela
graça significa que cremos, realmente, que Deus é o
grande Doador e que usamos os recursos materiais e
espirituais de acordo com essa convicção. É impossível
ser mais generoso do que Deus!

Sexta-feira – Tiago 1:27


Pelo texto que lemos pode-se constatar que o cris-
tão verdadeiro adora a Deus em Espírito e em Verdade.
Isso significa que ele não é egocêntrico, não é narci-
sista, não vive só para si, não vive recuado só no seu
mundo, só olhando para si. Ele sai do casulo, da caverna
da omissão. Ele se levanta da poltrona da indiferença.
Ele age. Tem mãos abertas, coração dadivoso e bolso
generoso. Não é dado à verborragia, mas à ação. Não
ama apenas de palavra, mas de coração.47 Não adora
a Deus apenas com os lábios, mas com todo o seu ser!
Abomina o sentimentalismo inócuo. Usa a razão, e por
isso dá pão a quem tem fome. Ele celebra a liturgia da
generosidade e evidencia a verdadeira religião.

46 CARVER, Frank G. A segunda epístola de Paulo aos Coríntios. In: Comentário


bíblico Beacon, v. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 455.
47 LOPES, Hernandes Dias. Tiago: transformando provas em triunfo. São Paulo:
Hagnos, 2006, p. 43.

www.ib7.org 61
Sábado – Mateus 5:20
É comum lermos o sermão da Montanha e sentir-
mos certo aperto no coração, ao nos depararmos com
uma série de instruções de Jesus Cristo, tão confrontan-
tes com os valores que regem a sociedade. O Salvador
era direto em suas colocações e deixou ali o que espera
de cada um de nós. É correto para o cristão agradecer
a Deus por não estar debaixo da Lei, mas debaixo da
graça. Mas se ele pensa que as exigências sobre ele são
menores por causa disso, não leu o Sermão do Monte
de forma a compreendê-lo. Jesus declarou enfatica-
mente que ele exige uma justiça mais elevada do que a
dos escribas e fariseus. A lei de Cristo traz, para aqueles
que a guardam, mais exigências do que a lei de Moisés.
Como você tem vivido diante do Senhor?

62 Estudos Bíblicos
AMÓS

4 A JUSTIÇA SOCIAL COMO


PARTE DA ADORAÇÃO
Pr. Iverson Santos
26 de Julho de 2014

TEXTO BÁSICO:
“Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça,
como ribeiro perene”. (Am 5:24)

INTRODUÇÃO
O livro de Amós é uma mensagem verbosa, atual
e oportuna para a igreja brasileira. Este livro ergue um
grande clamor pela justiça social. Ele tira uma radiogra-
fia do presente ao analisar o passado distante de Israel
nos tempos prósperos do rei Jeroboão II. A mensagem
deste livro destampa os fossos onde se escondem os
sentimentos, motivações e atitudes mais reprováveis que
pulsam no peito do homem contemporâneo. Ao mesmo
tempo, a mensagem do livro é um chamado de Deus ao
arrependimento. A porta da graça está aberta. A chance
da mudança é apresentada e o perdão oferecido.
A mensagem de Amós toca nos mais intrincados
problemas da ordem política, social, econômica, moral
e espiritual do seu tempo. Amós emboca a sua trom-
beta para denunciar os crimes de opressão e injustiça
social das nações estrangeiras. Ele ataca com veemên-
cia a política externa governada pela ganância insaciá-
vel e pelo ódio desmesurado que despedaça os fracos
e oprime os que não podem oferecer nenhuma resis-
tência. Ele atinge com sua mensagem os endinheira-
dos embriagados pela soberba, que viviam nababesca-
mente, enquanto os pobres explorados por eles amarga-
vam uma dolorosa realidade. Amós não poupa aqueles
que se entregavam aos prazeres desregrados, tapando
www.ib7.org 63
os ouvidos à voz da própria consciência. O profeta boia-
deiro alerta para o fato de que, onde a voz da graça de
Deus não é ouvida, a trombeta do juízo é tocada irreme-
diavelmente.

O AUTOR

O significado do nome Amós é provavelmente


“aquele que carrega fardos” ou “carregador de fardos”
(derivado do verbo ãmas, “erguer um fardo, carregar”).
O livro contém muitos fardos de julgamentos ou calami-
dades que o profeta transmitiu a Israel. Amós não era
procedente da classe rica e aristocrática, empoleirada
no poder, mas oriundo das toscas montanhas de Tecoa,
aldeia incrustada nas regiões mais altas da Judéia.
Tecoa ficava nove quilômetros ao sul de Belém. Foi um
dos lugares fortificados por Roboão para a proteção de
Jerusalém (2Cr 11:6). Com a elevação de 920 metros,
servia de lugar para tocar trombeta, e assim transmitir
sinais e anúncios ao povo (Jr 6:1).48
Amós era um simples pastor, criador de gado e
agricultor. Ele não vinha de uma linhagem nobre como
Isaías, nem de uma família sacerdotal como Jeremias,
nem tampouco tinha sido instruído na “escola de profe-
tas” fundada por Samuel. De uma forma milagrosa foi
separado por Deus para o ministério profético. Apesar
de ser natural de Judá, seu ministério foi na sua maior
parte direcionado a Israel, mas não exclusivamente a
este. Ele também profetizou sobre Judá e outros povos.
Amós foi expulso de Israel devido ao teor da sua profe-
cia, que era contundente contra a forma equivocada que
se praticava a religião naqueles dias.49
48 LOPES, Hernandes Dias. Amós: um clamor pela justiça social. São Paulo: Hag-
nos, 2007, p. 16.
49 GUSSO, Antônio Renato. Panorama histórico de Israel. Curitiba: A.D.Santos Edi-
tora, 2003, p. 94.

64 Estudos Bíblicos
O CONTEXTO HISTÓRICO

O ministério de Amós acontece nos reinados Uzias


em Judá e de Jeroboão II em Israel. As duas nações
gozam de um momento de grande prosperidade mate-
rial, entretanto, vivem também um momento de grande
iniquidade. Imperava a idolatria, imoralidade a injustiça
social e o culto desvinculado dos preceitos da aliança.50
As circunstâncias indicam que eles foram dois
monarcas expansionistas e consolidadores. Tanto os fato-
res externos quanto os internos favoreciam o estrondoso
enriquecimento de Israel. Esse reino estava vivendo um
tempo de paz nas fronteiras e de prosperidade interna.
Em 805 A.C., Adade Nirari III da Assíria derrotou a Síria,
o inimigo de Israel. Nesse mesmo tempo, a Assíria mer-
gulhou em um período de inatividade do qual só saiu
com a ascensão de Tiglate-Pilesar III, em 745 A.C. Sem
ameaças internacionais, Jeroboão II, com seu enge-
nho administrativo, restaurou as fronteiras salomônicas
de seu reino pela primeira e única vez desde a morte
de Salomão (2Rs 14:23-29). Com o controle das rotas
comerciais, a riqueza começou a se acumular nas mãos
dos magnatas do comércio.51

O JUÍZO DE DEUS SOBRE AS NAÇÕES

Amós começa os seus escritos nos capítulos 1 e


2 declarando que tinha ouvido Deus como o “rugido” de
um grande leão, trovejando o juízo sobre as nações. Ele
usa em todas às vezes o termo “por três transgressões
mais uma” que significa a insistência constante na prá-
tica pecaminosa, da qual eram acusados todos esses
povos.
50 GUSSO, Antônio Renato. Op. cit., p. 90, 98,119.
51 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 18.

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Ele descreve a acusação e o pecado de cada uma
das nações. São ao todo oito julgamentos sobre estes
povos. Sobre a Síria (Damasco) pesa a acusação de
crueldades terríveis na guerra. Sobre os filisteus (Gaza)
e os fenícios (Tiro) brada a acusação do pecado de
escravidão. Edom é acusado de falta de misericórdia e
de uma ira constante. Amon é acusado de amarga cruel-
dade por simples ganância. Moabe recebe a acusação
de ter sido cruel com Edom. A sétima e a oitava acusa-
ção é feita contra Judá e contra Israel respectivamente.
A acusação a Judá é específica (Am 2:4,5) e mais
grave do que a das nações pagãs. Judá conhecia a Pala-
vra de Deus, e de uma forma deliberada tinha optado
por rebelar-se contra a lei de Yaweh. O profeta prediz
o juízo de Deus que viria sobre Judá. O juízo de Deus
sempre vem sobre aqueles que deliberadamente optam
por esquecer-se da sua Palavra e passam a viver suas
vidas de acordo com a mentalidade mundana dos dias
atuais.
Até este momento, o verso 5 do capítulo 2, o reino
de Israel passa sem nenhuma acusação, mas no verso
6 do capítulo 2, o profeta Amós começa então a sua pro-
fecia contra Israel, o que é o objetivo principal do livro.
O resto do capítulo 2 pode ser resumido em acusação
de pecados e palavra de juízo. Do verso 6 até o verso
16 do capítulo 2, pode-se notar as práticas pecamino-
sas que era comuns na vida de Israel. Essas acusações
estendem-se por todo o livro de Amós.

INJUSTIÇA PARA COM OS POBRES E NECESSITADOS

Mesmo vivendo em um período de prosperidade


material, o texto citado demonstra que havia por parte
da elite de Israel um desprezo pelas necessidades das
classes menos favorecidas. Se não bastasse o des-
66 Estudos Bíblicos
prezo, o texto ainda demonstra que eles ainda oprimiam
os pobres, tomando por penhor o pouco que possuíam.
Essa atitude trouxe sobre eles o juízo de Deus.
A lei do Senhor, dada a Moisés, já relatava a res-
ponsabilidade que todo o Israel tinha em cuidar dos
necessitados e fazer justiça as suas necessidades. Eis
alguns exemplos dos deveres que o povo de Israel deve-
ria ter para com os pobres:
1) A cada sete anos, deveriam cancelar todas as
dívidas (Dt 15:1);
2) Não deveriam fechar a mão ao pobre (Dt 15:7-
11);
3) Não deveriam cobrar juros dos pobres (Ex
22:25);
4) Durante a estação das colheitas, grãos caídos
seriam dos pobres (Lv 19:10);
5) A cada cinquenta anos (ano do Jubileu), qual-
quer propriedade que tivesse sido vendida por
necessidade, deveria voltar o dono original.
6) Deveriam fazer justiça às necessidades dos
pobres. Os juízes, ao julgarem uma situação,
não poderiam prevalecer para os poderosos,
mas deveriam ser justos (Dt 1:17; Êx 23:2)
Israel, ao ferir estes preceitos, feria a própria instru-
ção dada por Deus a respeito de viver um ambiente em
que se houvesse justiça social. Abandonar e esquecer-
-se dos necessitados era rebeldia contra a lei de Deus.
Agravado a isto, Israel desprezava a lei de Deus não
apenas por fechar os olhos às necessidades dos pobres,
mas também por que sua elite enriquecia às custas de
afligir os menos favorecidos. No capítulo 3, verso 10 o
profeta fala contra “essa gente, que acumula em seus
palácios o que roubam e saqueiam”.

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Um ambiente de luxúria a custa de altos impostos
sobre os pobres pode ser visto nos capítulo 4:1, 5:11.
Enquanto uma elite “privilegiada” desfrutava de toda a
abundância do momento próspero que gozava o reino
de Israel, os pobres eram sugados e serviam apenas
como meio pelo qual os ricos pudessem enriquecer-se
cada vez mais.
“Ouvi esta palavra, vacas de Basã” (4:1). Amós diri-
giu-se às esposas dos líderes abastados da terra, pes-
soas que haviam enriquecido roubando de outros sem
qualquer piedade. Essas “mulheres da sociedade” pas-
savam o dia todo ociosas, bebendo vinho e dizendo aos
maridos o que fazer. Hoje em dia, qualquer pregador que
chamasse as mulheres de sua congregação de “vacas”
precisaria mais que depressa procurar outra igreja. Por
que Amós, um camponês, usou essa imagem? Não era
pelo fato de as mulheres serem obesas e se parecem
com vacas, mas porque, com seus pecados, estavam
engordando para o abate. Tanto elas quanto seus mari-
dos viviam em meio ao luxo, enquanto os pobres da
terra sofriam, pois esses mesmos homens os explora-
vam, tomando deles seu dinheiro e suas terras.52
Por fim, além de desprezar, além de pisarem, eles
também não faziam justiça aos pobres. A elite dominante
não julgava as causas com justiça, mas a corrupção ins-
talada na sociedade de Israel fazia com que o sistema
jurídico servisse apenas às necessidade da sociedade
dominante. Amós denuncia esta situação nos capítulos
3:10; 4:7,10.
As semelhanças entre a sociedade de Israel dos
dias de Amós e a nossa contemporânea sociedade são
inúmeras! Ao ler estes textos que falam sobre Israel,
parece que estamos falando dos nossos dias. Os pobres
ainda são desprezados. Por muitas vezes julgamos
52 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento, v. 4.
Santo André, SP: Geográfica, 2006, p. 439.

68 Estudos Bíblicos
os mendigos e necessitados como “vagabundos”, não
merecedores de nossos cuidados e ajuda. Muitas vezes
apoiamos um sistema que aflige o pobre a fim de enri-
quecer os ricos e poderosos e às vezes até reputamos
isto como “bênção de Deus”. Não podemos conceber
como abençoada uma sociedade que exclui o necessi-
tado, onde o pobre cada vez fica mais pobre, e o rico,
cada vez fica mais rico. Se o juízo de Deus veio sobre
Israel, não viria também sobre as nossas vidas?
Hoje a igreja é o “povo escolhido” e privilegiado.
Warren Wiersbe, ao falar sobre o livro de Amós,
diz que “onde há privilégios, também deve haver
responsabilidades”.53 Jesus, nos evangelhos, deixa
também registrado a grande responsabilidade que temos
em cuidar e amparar os necessitados. No evangelho de
Mateus, capítulo 25, versos 31 até ao 46, por meio de
uma parábola Jesus diz que haverá juízo e condenação
para aqueles que deveriam cuidar dos desamparados e
não o fizeram. Jesus diz que deixamos de fazer a ele,
quando não fazemos pelos pobres e necessitados e ter-
mina sentenciando: “Sendo assim, estes irão para o tor-
mento eterno”. Devemos ler estes trechos com temor e
tremor. As palavras de Amós para Israel soam perfeitas
aos nossos dias.

CULTO HIPÓCRITA E FORA DOS


PADRÕES DA PALAVRA DE DEUS
A sociedade de Israel, ao mesmo tempo em que
vivia em padrões totalmente confrontantes ao padrão da
lei, ainda mantinha uma religiosidade cultual. Ao mesmo
tempo em que fechava o coração para a lei do Senhor,
tentava agradar a “Deus” com rituais. Israel gozava de
53 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico Wiersbe Antigo Testamento: a Bíblia
explicada de maneira clara e concisa. Santo André, SP: Geográfica, 2008, p. 636.

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grande prosperidade e, segundo o relato bíblico, a elite
do reino costumeiramente trazia diante de Deus suas
“ofertas de gratidão”. Agradeciam a Deus com suas ofer-
tas, “por não serem pobres”. Segundo Warren Wiersbe
havia uma espécie de “avivamento religioso” nos dias de
Jeroboão II.54
A questão toda é que, apesar de todos esta-
rem tranquilos e acharem que tudo estava bem e que
seus “cultos” agradavam a Deus (6:1), o Senhor não via
desta forma. Deus olha pra dentro e enxerga o interior
do homem. Israel cantava cânticos, levantava as mãos,
trazia a sua oferta, mas Deus não recebia esse culto
prestado por mãos manchadas e comprometidas com a
injustiça (5:21-23).
O culto oferecido por aquelas pessoas descompro-
missadas com a justiça social constante na lei causava
repulsa em Deus. Ao invés de agradar a Deus, aquele
culto o aborrecia, visto que era uma tentativa apenas
ritual e não tinha compromisso com a essência da sua
Palavra, que é amar a Deus e amar ao próximo. Deus diz
ainda no verso 24 do capítulo 5 que seria melhor “prati-
car a justiça” do que oferecer um culto como aquele.
Novamente encontramos muito similaridade entre
os dias de Amós e os nossos dias. Nunca antes se viu
uma igreja tão cheia de bens e tão vazia de compro-
misso com os necessitados. Nunca antes se viu uma
igreja tão preparada do ponto de vista ritual e material e
tão insensível às necessidades das pessoas pobres. As
igrejas possuem templos suntuosos com equipamentos
sonoros e audiovisuais caríssimos e cada dia estão mais
e parecidas com palácios que não podem ser ocupa-
dos pelos pobres. As pessoas se preparam com roupas
bonitas, entram em seus carros e dirigem-se para os
54 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 636.

70 Estudos Bíblicos
cultos. Levantam as suas mãos, entoam seus cânticos
e oferecem suas ofertas e em muitos casos, passam
tempos e tempos sem ao menos notar que, no percurso
até a igreja, passaram por vários necessitados que cos-
tumeiramente, ficam despercebidos. Seria este o culto
que Deus espera de nós?
Fica claro pelos textos dos profetas e também pelas
palavras de Jesus no evangelho de Mateus, que o culto
esperado por Deus é um culto que passa pelo compro-
misso em ajudar aqueles que precisam. Demonstramos
nosso amor a Deus, na mesma medida que demonstra-
mos nosso compromisso com as criaturas do Senhor. O
Senhor vasculha o nosso coração e conhece o nosso
verdadeiro intento quando levantamos as nossas mãos
para “adorá-lo”. Iremos romper com a luz da aurora,
quando prestarmos um culto verdadeiro a Deus e este
culto passa por um compromisso maior com os desfavo-
recidos da sociedade.
Outra acusação séria feita pelo profeta Amós é de
que o culto estava eivado pelo sincretismo (4:4,5). O rei
Jeroboão I construiu novos santuários em Betei e Dã e
ali introduziu um bezerro de ouro para o povo adorar. O
culto foi paganizado. A idolatria foi assimilada no culto.
O povo queria chegar até Deus por meio de um ídolo.
Houve uma mistura do culto canaanita (adoração do
bezerro) com o culto ao Senhor. A religião israelita tor-
nou-se sincrética. Os sacrifícios que eles traziam eram
impuros, pois ofereciam coisas com fermento no altar, o
que era proibido por Deus (Lv 2:11; 6:17). Lembremos
que o culto é bíblico ou anátema. Deus não quer sacri-
fício, Ele requer obediência (1Sm 15:22,23). Não pode-
mos sacrificar a verdade para atrair as pessoas à igreja,
nem podemos acrescentar coisa alguma aos preceitos
de Deus porque gostamos dessas coisas. O pragma-

www.ib7.org 71
tismo se interessa pelo que dá certo, e não pelo que
é certo. Ele busca o que dá resultados, e não o que é
verdade. Ele tem como objetivo agradar o homem, e não
a Deus. Hoje vemos florescer o sincretismo religioso.
Práticas pagãs são assimiladas nas igrejas para atrair
as pessoas. Cerimônias e ritos totalmente estranhos à
Palavra de Deus são introduzidos no culto para agradar
o gosto dos adoradores. O sincretismo está na moda.
Mas ele ainda continua provocando a ira de Deus!55
Um avivamento verdadeiro é aquele que nos move
em direção ao coração de Deus e o coração de Deus é
aberto a cuidar dos pequeninos. O profeta Oséias usado
por Deus diz: “misericórdia quero e não sacrifício” (Os
6:6), o que foi posteriormente repetido por Jesus ao falar
com os fariseus que eram legalistas em sua religiosi-
dade (Mt 9:13).

REJEIÇÃO À VOZ DE DEUS


TENTANDO CALAR OS PROFETAS
Outra característica da sociedade que vive em um
ambiente de pecado é que ela não suporta o confronto
feito pelos homens de Deus. Já no capítulo 2, versos
12, Deus fala através de Amós: “ordenastes aos profe-
tas que não profetizeis” . Israel tinha criado um culto que
fazia um “politicamente correto” com as diretrizes da elite
de Israel e que calava os profetas comprometidos com
a palavra de Deus. Amós chega a ser expulso de Israel
pelo “sacerdote” Amazias devido ao teor das suas pro-
fecias (7:10). Jeremias, Elias, Amós e muitos dos outros
profetas foram perseguidos, visto que suas mensagens
confrontavam o corrompido poder estatal e religioso de
Israel.
55 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., pp. 94-95.

72 Estudos Bíblicos
Também nos nossos dias, muitos que possuem
compromisso com as verdades fundamentadas nas
Escrituras, muitas vezes são constrangidos pelos “sacer-
dotes” do falso evangelho a calar-se. Muitos são perse-
guidos a fim de que se abstenham das verdades da Pala-
vra de Deus, a fim de “agradar” um povo, muitas vezes
corrompidos em seus princípios de vida. O homem de
Deus, que teme a Deus não deve retroceder diante das
pressões do “politicamente correto”, mas assim como
Amós deve abrir a sua boca e deixar-se ser usado por
Deus!

É CERTO QUE DEUS JULGARÁ ISRAEL

A obstinação de Israel pelo pecado trouxe o juízo


de Deus sobre eles. O profeta Amós, pela revelação de
Deus, já antevê a destruição do Reino de Israel quando
da invasão da Assíria que os levaria cativos para outra
terra poucos anos depois, em 721 A.C.
É certo que Deus traz juízo contra aqueles que
optam por viver fora dos padrões da sua palavra. Às
vezes, as pessoas olham para sua prosperidade mate-
rial e para seu “culto ritual” e mesmo vivendo em injus-
tiça e insensibilidade social, acham que são abençoados
por Deus e que está tudo bem, tudo tranquilo. Mas, o
ímpio obstinado em sua injustiça e insensibilidade deve
lembrar que Deus promove ao seu devido tempo a sua
justiça e nos cobra a conta de nossas atitudes.
O capítulo 6 de Amós trata da luxúria e da impie-
dade dos israelitas e do castigo que lhes sobreviria, pas-
sando daqueles que tinham religião sem Deus àqueles
que tinham riquezas sem Deus. A religião de Israel se
desviara nos dois pontos centrais: teologia e ética. Eles
mudaram a doutrina e corromperam a ética. Tornaram-
www.ib7.org 73
-se apóstatas, bandeando para o sincretismo e, por con-
seguinte, perdendo os valores morais absolutos. Em vez
de buscar agradar a Deus, o povo buscava agradar a
si mesmo. Em vez de amar a justiça, o povo entregou-
-se à violência. Agora, Deus anuncia seu justo juízo à
nação. Essas palavras de Amós foram cumpridas em
pouco tempo depois. Israel foi invadida pela Assíria, o
povo todo levado cativo e a vergonha se abateu sobre
esta nação.
É certo que devemos considerar sempre a bon-
dade e a misericórdia de Deus, mas é certo que deve-
mos considerar também a sua justiça.
Amós termina sua profecia com a promessa mara-
vilhosa de que Israel será plantado, protegido e jamais
voltará a ser arrancado de sua terra, “diz o Senhor, teu
Deus”. Teu Deus! Que grande estímulo para os judeus
saber que, apesar de sua incredulidade, seu Deus lhes
será fiel e cumprirá suas promessas da aliança.

CONCLUSÃO

Em resumo, o livro de Amós nos deixa claro que


o nosso Deus requer do seu povo justiça, bondade e
equidade e entende que esta é a verdadeira adoração. O
culto a Deus não pode ser apenas centrado em rituais. O
culto a Deus deve estar totalmente ligado aos preceitos
da sua lei, e esta nos responsabiliza a termos atitudes
voltada para o nosso próximo, principalmente os menos
favorecidos. Mais do que mãos levantadas, ou ofertas,
Deus quer um coração voltado a compartilhar com aque-
les que são desprovidos materialmente. Quando esque-
cemos isto, nos esquecemos da lei, nos esquecemos de
Deus e estamos sujeitos a sua justiça!

74 Estudos Bíblicos
PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE

1) Quem era Amós? Qual a profissão dele antes de seu


chamado profético? (1:1)
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____________________________________________________
2) Quem era rei de Judá e Israel respectivamente nos
dias do ministério de Amós? Qual era a condição eco-
nômica do estado de Israel nos dias do ministério de
Amós? (1:1-2)
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____________________________________________________
____________________________________________________
3) A expressão “por três transgressões de.... e por
quatro”, aparece diversas vezes, qual o significado dela?
Que nações são alvos da profecia? Que condenação é
dada a cada uma delas? (1:3-2:16)
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4) O que Amós quis dizer quando chamou as mulheres
de “vacas de Basã”? (4:1-13)
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5) Em que sentido, o culto prestado por Israel estava fora
dos preceitos da lei? O que podemos aprender disso

www.ib7.org 75
com relação ao culto que nós oferecemos a Deus em
nossos dias?
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6) Qual foi a atitude do sacerdote Amazias depois de
ouvir a profecia de Amós? (7:1-17)
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7) Qual evento marca o cumprimento da profecia de
Amós sobre o juízo que viria sobre Israel?
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8) Que tipo de fome Deus enviaria sobre a terra? (8:1-
14)
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9) Qual a profecia final do livro de Amós? (9:1-15)
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76 Estudos Bíblicos
MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS

Pr. Emanuel Lourenço da Silva

Domingo – Gênesis 25:22,23


Existem certas situações registradas na Bíblia que
não compreendemos com exatidão seus significados e,
então, fica aquela velha afirmação: “Deus sabe de todas
as coisas”. A vida destas duas crianças, ainda no ventre
de sua mãe, iriam seguir as diretrizes traçadas por Deus.
Deus disse a Moisés: “Terei misericórdia de quem eu quiser
ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter
compaixão” (Êx 33:19, NVI). A vontade do Senhor é sobe-
rana e somos inseridos em diversas situações da vida para
que tenhamos a oportunidade de fazer a melhor escolha.
Esaú e sua descendência não fizeram a escolha que Deus
esperava deles. O lugar em que você está agora é a sua
atual oportunidade de ser aprovado no plano divino e são
suas escolhas que atrairão os olhares do Senhor.

Segunda-feira – Salmo 137:7


O Salmo 137 foi um cântico escrito na Babilônia,
uma lembrança do que Judá passou e um clamor repleto
de desejo de vingança. Era-lhes pedido que cantassem
seus cânticos. Mas como entoar cânticos ao Senhor em
terra estranha? Enquanto Jerusalém era assolada pelos
babilônios e sofriam em suas mãos durante a devastação
final de sua queda, os edomitas, descendência de Esaú e
eternos inimigos de Judá, tripudiavam sobre os filhos de
Jacó. Além de zombar, Edom também roubava e matava
os judeus em fuga. Então, os judeus clamavam pela liber-
tação e consolação de Jerusalém e entre os seus muitos
pedidos havia o de punição aos edomitas por tudo o que
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passaram. Como diz a palavra de Deus: “A mim pertence
a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor” (Hb 10:30)

Terça-feira – Oséias 8:7


Israel tinha de aprender as lições da causa e efeito, e
para isso Deus usou um bem conhecido adágio da seme-
adura e colheita: “Eles semeiam vento e colhem tempes-
tade”. O conceito de semear e de colher é usado com fre-
quência nas Escrituras com relação à conduta. Em sua
idolatria e alianças políticas, os israelitas tentavam lançar
sementes que produzissem uma boa colheita, mas esta-
vam apenas semeavam vento e ceifariam tormentas. A
imagem de semear e de colher continua no retrato de
uma colheita de trigo arruinada. Os governantes de Israel
acharam que sua adoração a Baal e suas alianças com
estrangeiros produziriam uma boa colheita de paz e pros-
peridade, mas quanto chegou o tempo da colheita, não
havia nada para ceifar. Como disse o apóstolo Paulo: “Não
vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o
homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7).

Quarta-feira – Naum 1:3


O simples fato de o Senhor Deus ser tardio em irar-
-se não significa que ele não o faça. O Senhor se cansou
dos pecados de Israel, pois era um povo contumaz no
pecado, quer dizer, um povo que antes de esquecer-se de
uma falha e de sua disciplina, seus pés já corriam para
o mal como se nada tivesse acontecido. Demorou muitos
anos até que o Senhor castigasse o povo com o exílio,
para que pudessem ver que ele realmente os amava.
Não podemos ser displicentes quanto aos mandamentos,
sempre haverá consequência por nossos atos, por mais
que às vezes julguemos como meros fatos da vida, deve-

78 Estudos Bíblicos
mos analisar se o que estamos passando são verdadeira-
mente provas ou se são resultado de nossa infidelidade.

Quinta-feira – Gálatas 6:7-10


Por determinação divina, colhemos o que plantamos.
Se não fosse por essa lei, o princípio de causa e efeito não
teria como funcionar. O agricultor que semeia trigo espera
colher trigo. Se isso não acontecesse, o caos tomaria conta
do mundo. Mas Deus também diz que devemos ter cui-
dado onde semeamos, e é desse princípio que Paulo trata
nesta passagem. O apóstolo considera os bens materiais
as sementes, e vê dois tipos possíveis de solo: a carne e o
Espírito. Podemos usar os bens materiais para promover a
carne ou para promover as coisas do Espírito. No entanto,
uma vez que terminamos de semear, não se pode mudar
a colheita.

Sexta-feira – Hebreus 2:1-5


O assunto em foco é a salvação anunciada pelo pró-
prio Senhor Jesus, e que nos foi transmitida por aqueles
que com ele estiveram, ou seja, seus apóstolos. O autor
da carta aos Hebreus diz que precisamos prestar muita
atenção a estas verdades, porque senão podemos nos
desviar delas. De fato, quem não vive na palavra de Deus
coloca-se no perigo de desviar-se do caminho certo, de
debilitar-se na vida espiritual e tornar-se vítima de here-
sias. Quem se subtrai à palavra de Deus, quem se rebela
contra a sua vontade, quem transgride propositadamente
a sua ordem, é atingido pelo justo castigo, num tempo e
numa proporção que estão reservados exclusivamente ao
seu arbítrio. O julgamento de Deus pode até não suceder
imediatamente à transgressão do ser humano, mas com
certeza o atingirá.

www.ib7.org 79
Sábado – Romanos 2:1-11
Nesta passagem Paulo se dirige diretamente aos
judeus. Os judeus criam que Deus eliminaria os pagãos
por causa de seus pecados, mas nem por um momento
imaginavam que eles estavam sob uma condenação
semelhante. Eles pensavam ocupar uma posição privile-
giada perante os olhos de Deus. Ele podia ser o juiz dos
pagãos, mas era o protetor especial dos judeus. Então,
Paulo aponta enfaticamente aos judeus que eles são tão
pecadores quanto os gentios; assim quando o judeu con-
dena o gentio está condenando a si mesmo; o fato de ser
racialmente judeu não o salvará certamente do juízo; ele
será julgado não por sua herança racial, mas sim pelo tipo
de vida que ele próprio tenha vivido. Paulo está, pratica-
mente, dizendo aos judeus: “Não pensem que o fato de
Deus não castigá-los seja um sinal de que não os pode
castigar”. Amados, o fato de que o pecado não seja seguido
imediatamente pelo castigo de Deus não é demonstração
de sua impotência. Cuidado!

80 Estudos Bíblicos
5
OBADIAS
O PRINCÍPIO
DA RETRIBUIÇÃO
Pr. Daniel Miranda Gomes
02 de Agosto de 2014

TEXTO BÁSICO:
“Porque o dia do Senhor está perto, sobre todas
as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; a
tua maldade cairá sobre a tua cabeça”. (Ob 1:15)

INTRODUÇÃO
O livro de Obadias revela uma mensagem curta e
poderosa da parte de Deus a Edom. O profeta mostra que
os pecados que mais iraram a Deus foram as atitudes de
egoísmo e orgulho de Edom contra Israel. Portanto, o
livro representa um dramático exemplo da resposta de
Deus a qualquer um que maltrate seus filhos e que ele
retribui as ações arrogantes do homem no devido tempo.
Obadias é o menor livro do Antigo Testamento, com
apenas 21 versículos. O fato de ser o menor não signi-
fica que é menos importante. Há lições grandiosas con-
tidas neste livro e que precisam ser exploradas. Há aler-
tas solenes que precisam ser ouvidos. Há juízos severos
que precisam ser evitados. O livro de Obadias tem uma
mensagem urgente, oportuna e necessária para a famí-
lia, para a igreja e para as nações.56
Quando a Igreja sofre nas mãos de seus inimigos,
ela precisa voltar-se para a profecia de Obadias e reno-
var a sua fé no Deus justo ali revelado. Ele se preocupa
com o seu povo perseguido e, por trás das circunstân-
cias presentes, sempre trabalha por ele.

56 LOPES, Hernandes Dias. Obadias e Ageu: uma mensagem urgente de Deus à


igreja contemporânea. São Paulo: Hagnos, 2008, p. 12.

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AUTORIA E DATAÇÃO

Além do nome do profeta, que significa “servo do


Senhor” ou “adorador do Senhor”, nada mais se sabe
sobre Obadias, e as poucas tradições que falam sobre
ele não são dignas de confiança.57 Esse era um nome
bastante comum no Antigo Testamento, sendo que há
pelo menos outros 12 homens assim chamados, quatro
deles relacionados ao ministério no templo (1Cr 9:16;
2Cr 34:12; Ne 10:5; 12:25), mas nenhum corresponde
ao profeta cuja obra foi preservada.58 Portanto, o profeta
em tela não se confunde com o Obadias de 1 Reis 18:3-
16.
Embora Obadias seja um livro minúsculo, muitos
eruditos creem que não foi um único autor que o produ-
ziu por inteiro, e que partes do livro vieram de diferentes
épocas. A maioria dos eruditos, entretanto, defende que
Obadias é o autor do livro.59
Existe um problema muito sério com respeito ao
período da redação da “visão de Obadias”. Segundo
indícios internos do livro, sabe-se que ele estava na
cidade de Jerusalém quando os edomitas participaram
do ataque contra a cidade e maltrataram os sobrevi-
ventes dessa investida invasora (vv. 10-14). Entretanto,
os estudiosos não apresentam um consenso quanto à
época em que ocorreram estes acontecimentos. A ideia
tradicional é que essas colocações dizem respeito à
invasão de Judá e à destruição de Jerusalém por Nabu-

57 O nome Obadias é um composto de ‘obed, “servo”, e yâ, uma forma abreviada


do nome de quatro letras YHWH, pronunciado adonay pelos judeus piedosos, e tra-
duzido para Senhor ou Jeová nas versões bíblicas.
58 ELLISEN, Stanley A. Conheça melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Vida,
1992, p. 293.
59 CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por
versículo, v. 5. São Paulo: Hagnos, 2003, p. 3537.

82 Estudos Bíblicos
codonosor, em 586 A.C.60 De acordo com o salmista, os
edomitas encorajaram os babilônios quando o exército
de Nabucodonosor destruiu a cidade santa (Sl 137:7),
mas não há nenhuma evidência de que os edomitas
tenham, de fato, entrado em Jerusalém naquela ocasião,
nem tentado impedir os judeus de fugir.61
Entretanto, outros estudiosos do Antigo Testamento
acreditam na possibilidade de que esse evento narrado
por Obadias possa ser colocado em uma data anterior.
Segundo eles, houve quatro invasões significativas de
Jerusalém: a primeira foi realizada por Siraque em 926
a.C (1Re. 11:14-25); a segunda pelos filisteus e árabes,
entre 848-841 A.C., durante o governo do fraco rei
Jeorão (2Cr. 21:8-10, 16-17; Jl 3:3-6; Am 1:6); a terceira
pelo rei Jeoás de Israel, durante o governo de Amazias,
rei de Judá, em 790 A.C. (2Re. 14:11-14); a quarta pela
Babilônia entre 606-586 A.C. (2Re. 24-25).62 Para estes,
o melhor é situar a redação do livro no reinado de Jeorão
(853-841 A.C.).

CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS

Após o complexo título do versículo 1, o livro pode


ser subdividido, tanto sob o aspecto temático quanto
formal, em duas partes.
Na primeira seção (vv. 2-15) Deus faz, por meio do
profeta, o anúncio do juízo contra Edom, e exige deste
uma prestação de contas por sua soberba originada de
sua segurança geográfica, e por ter-se regozijado com
a derrota de Judá. O juízo divino vem sobre eles. Da
sua posição de soberba e falsa segurança, Deus irá
60 ROBINSON, D.W.B. O novo comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2002, p.
867.
61 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento, v. 4.
Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006, p 460.
62 RYRIE, Charles C. A Bíblia anotada. São Paulo: Mundo Cristão, 1994, p. 1123.

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derribá-lo (vv. 2-4). A terra e o povo serão saqueados
e espoliados (vv. 5-9). Por quê? Por causa da violência
que Edom praticou contra seu irmão Jacó (v. 10), porque
se regozijou com o sofrimento de Israel e juntou-se com
seus atacantes para roubar e violar Jerusalém no dia da
sua calamidade (vv. 11-13) e porque impediram a fuga
do povo de Judá e os entregou aos invasores (v. 14). A
segunda seção (vv. 15-21) refere-se ao dia do Senhor,
quando Edom será destruído juntamente com todos os
inimigos de Deus, ao passo que o povo escolhido (Sião
e Israel), será salvo, e seu reino triunfará. Apesar do jul-
gamento pelo qual Israel passou, Obadias deixou claro
que a nação se ergueria novamente, e que possuiria a
terra dos filisteus e dos edomitas, e que iria se alegrar
com o reino do Senhor (vv. 19-21).63
Os nove primeiros versículos deste livro fazem
paralelo íntimo com partes de Jeremias 49, embora a
sequência do material seja diferente (cf. vv. 1-4 c/c Jr
49:14-16; vv. 5,6 c/c Jr 49:9,10; vv. 8,9 c/c Jr. 49:7-22).
A questão é: Qual o profeta que usou o outro? Talvez, o
mais aceitável é que ambos os escritores usaram uma
profecia anterior e bem conhecida. Sem dúvida que a
atual disposição deste livro é obra de Obadias e que se
trata de um oráculo do Senhor (v. 1).64

CONTEXTO HISTÓRICO

Para que se possa entender o livro de Obadias, é


preciso entender o contexto em que o profeta está inse-
rido.

63 ZENGER, Erich. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Loyola, 2003, p.


493.
64 PFEIFFER, Charles F. Comentário bíblico Moody: Gênesis a Malaquias, v. 1. São
Paulo: Editora Batista Regular, 2012, p. 2019.

84 Estudos Bíblicos
Jacó e Esaú, os dois filhos de Isaque, tiveram des-
cendentes que, séculos mais tarde, formaram as nações
de Judá e Edom. As relações entre estas duas nações
sempre foram marcadas de grande hostilidade. A inimi-
zade começou quando os dois irmãos gêmeos Esaú e
Jacó se dividiram em disputa (cf. Gn 27:32-33). Os des-
cendentes de Esaú se estabeleceram numa área cha-
mada Edom, situada ao sul do mar Morto, enquanto os
descendentes de Jacó destinaram-se à terra prometida,
Canaã, e se tornaram o povo de Israel. Assim é que
Esaú é chamado de “o pai dos edomitas” (Gn 36:9).
Com o passar dos anos, numerosos conflitos se
desenvolveram entre os edomitas e os israelitas. Essa
amarga rivalidade forma o fundo histórico da profecia
de Obadias. Ao longo do período de cerca de 20 anos
(605-586 A.C.), os babilônios invadiram a terra de Israel
e fizeram repetidos ataques à Jerusalém, a qual foi final-
mente devastada em 586 A.C. Os edomitas viram essas
incursões como uma oportunidade para eliminar sua
amarga sede contra Israel e se juntaram aos babilônios
contra seus parentes e ajudaram a profanar a terra de
Israel.
Os edomitas passaram a ser chamados de “idu-
meus” em 126 A.C. Herodes, o Idumeu, conquistou
Jerusalém em 37 A.C., e se tornou rei da palestina. Eles
sempre mostraram seu desprezo pelos judeus quando
os governaram, autorizados pelos romanos. Herodes, o
Grande, perseguiu a Jesus (Mt 2:16). A seguir, Herodes
Antipas perseguiu João Batista (Lc 3:19). Herodes Agripa
I perseguiu a igreja (At 12:1), e Atos 26 nos mostra o
encontro entre Herodes Agripa II e o apóstolo Paulo. No
ano 70 D.C., Jerusalém foi destruída pelos romanos; à
sua frente estavam membros da família herodiana (edo-
mita). Os judeus foram dispersos e os edomitas aca-
baram liquidados pelos romanos. Desapareceram para

www.ib7.org 85
sempre, cumprindo-se o que disse Obadias: “Ninguém
mais restará da casa de Esaú” (v. 18). Os edomitas
nunca mais se reergueram desde então.65

MENSAGEM PRINCIPAL

Como descendentes de Esaú (Gn 25:19-27:45), os


edomitas tinham um parentesco de sangue com Israel e
eram guerreiros robustos, impetuosos e orgulhosos. Per-
tenciam a uma nação que, por estar no alto da montanha,
parecia ser invencível. De todos os povos, deveriam ser
os primeiros a se apressar para ajudar seus irmãos do
Norte, Israel. Entretanto, ao contrário, apreciavam com
maligna satisfação os problemas de Israel, capturavam
e devolviam os fugitivos ao inimigo e até saqueavam os
seus campos. Por causa de sua indiferença em relação
a Deus, por terem-no desafiado, e também pelo orgulho,
covardia e traição aos seus irmãos de Judá, os edomitas
foram condenados e destruídos. Este é o princípio da
retribuição.
A mensagem de Obadias é um brado de Deus às
nações, às instituições humanas, às igrejas, alertando
a todos nós que Deus resiste ao soberbo, e o mal que
praticamos contra os outros cairá sobre nossa própria
cabeça.
O núcleo da profecia de Obadias é dirigido aos
edomitas, por estarem sob o juízo de Deus em virtude
da crueldade para com Israel nos dias do seu sofrimento
(v. 10). Os crimes de Edom são citados na ordem de
progressão do seu horror (vv. 11-14). Porém, o Senhor
não permitirá que fique sem castigo o que Edom fez, e o
que os edomitas fizeram vai cair sobre as suas próprias
cabeças. No entanto, Obadias progride do geral para o
particular, do juízo de Deus sobre Edom para o “dia do
65 PEARLMAN, Meyer. Através da Bíblia. São Paulo: Vida, 1987, p. 153.

86 Estudos Bíblicos
Senhor”, que vai significar o seu juízo sobre todas as
nações, inclusive Israel, e o estabelecimento do reino do
Senhor (v. 21).
Para uma melhor análise da profecia bíblica, o uso
da expressão “dia do Senhor” precisa ser considerado.
Amós 5:18-20, a primeira passagem onde encontramos
seu uso no sentido mais abrangente, demonstra que esta
expressão já fora padronizada no vocabulário popular.
Para o povo hebreu, o “dia do Senhor” significava o
dia quando Yahweh haveria de intervir, a fim de colocar
Israel acima das demais nações, independente da fide-
lidade de Israel para com Ele. Acreditavam que nesse
dia, Yahweh se ergueria para desbaratar todos os seus
inimigos e salvar Israel de um modo espetacular. Entre-
tanto, Amós declara que o dia do Senhor significa juízo
também para Israel. O que Amós acrescentou ao termo
não foi a ideia de um julgamento qualquer, mas sim a de
um julgamento moral. Outros profetas, conscientes dos
pecados de outras nações, como também dos de Israel,
declararam que o dia do Senhor virá contra nações
específicas como castigo por terem subjugado o povo
de Deus, podendo-se destacar a Babilônia (Is 13:6, 9), o
Egito (Jr 46:10), Edom (Ob 15), e muitas nações (Jl 2:31;
3:14; Ob 15).66

EDOM, O PROFANO

Ao trocar sua herança por um prato de lentilhas,


Esaú demonstrou seu desprezo pelas coisas espirituais
(Gn 25:30; Hb 12:16). Alguém já disse que essa foi a
refeição mais cara da história. Por ser um homem pro-
fano, era materialista. Os valores espirituais não tinham
66 PERRUCI, Eliézer de Souza et al. O dia do Senhor: uma teologia bíblica da
perspectiva profética. 53fls. Monografia. Seminário Bíblico Palavra da Vida, Atibaia,
2003, p. 4.

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importância para ele. Essa mesma atitude é seguida
por seus descendentes, que também se tornaram pro-
fanos e materialistas. Embora tivessem divindades,
foram essencialmente irreligiosos, vivendo para comer,
saquear e vingar-se.67
Obadias descreve Edom como um povo orgulhoso
(v. 3), violento (v. 10), pronto para regozijar-se com a
desventura de um irmão (v. 12), e matando traiçoeira-
mente fugitivos (v. 14). Edom fará uma colheita amarga
de seus atos truculentos e será submetido a julgamento
(vv. 2,3,7,8) e, apesar disso, será possuído e governado
por Yahweh (vv. 19-21).68
Edom habitava no monte Seir, uma cordilheira de
montanhas rochosas. Ali estava a capital Petra, a inex-
pugnável cidade edomita. Do alto de suas rochas escar-
padas, os edomitas se vangloriavam de colocar o seu
ninho entre as estrelas (v. 4). Jamais aquela fortaleza
havia sido saqueada. Eles se sentiam seguros, blinda-
dos por uma fortaleza natural. Mas Deus diz por meio do
profeta Obadias que, ainda que eles colocassem o seu
ninho entre as estrelas, de lá seriam derrubados (v. 4).
A soberba é a sala de espera do fracasso. Onde o
orgulho levanta sua bandeira, a derrota fragorosa é ine-
xoravelmente imposta. A arrogante cidade dos edomitas
foi tomada, seus bens foram saqueados, seu povo foi
disperso e eles colheram exatamente o que plantaram.
O mal que eles despejaram sobre a cabeça dos judeus
caiu sobre a sua própria cabeça. Assim como o povo de
Edom foi destruído por causa de seu orgulho, todos os
que desafiam a Deus também serão aniquilados.69

67 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 16.


68 GRONINGEN, Gerard Van. Revelação messiânica do Velho Testamento. Campi-
nas, SP: Luz para o Caminho, 1995, p. 421.
69 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 24,25.

88 Estudos Bíblicos
A RETRIBUIÇÃO DIVINA

Retribuição significa “pagar na mesma moeda”.


Tal princípio acha-se na Lei de Moisés (Êx 21:23-25; Lv
24:16-22; Dt 19:21). Os pecados de Edom foram orgulho
e crueldade. A soberba econômica e política, associada
a uma posição geográfica privilegiada fez dos edomi-
tas um povo altivo e soberbo. Além da soberba, Edom
entregou-se à crueldade, associando-se aos caldeus
na matança do povo de Judá, seus parentes chegados.
Essa atitude abriu feridas no coração de seus irmãos e
também atingiu o coração de Deus. A retribuição divina
não se fez esperar. O mal que Edom fez a Judá caiu
sobre a sua própria cabeça.
A vida é uma semeadura e, por isso, colhemos o
que plantamos. Aqueles que plantam o mal colhem o
mal. Aqueles que semeiam vento colhem tempestade.
Aqueles que semeiam na carne, da carne colhem cor-
rupção. Aquilo que fazemos aqui determinará nosso
destino amanhã. Querer fazer o mal e receber o bem
é zombar de Deus, e de Deus ninguém zomba (Gl 6:7).
O castigo de Edom foi profetizado por Obadias de
forma segura: “... porque o Senhor o falou” (v. 18). Essa
expressão é como a assinatura do Eterno, que afirma a
verdade da profecia. Uma vez que Yahweh falou, essas
declarações têm autoridade e são seguras.
Edom não agiu com urbanidade nem com frater-
nidade em relação aos judeus. Eles olhavam para os
judeus como inimigos. Não defenderam seus irmãos
nem choraram pela tragédia que sobre eles se abateu.
Antes, vibraram com sua ruína e participaram de sua
pilhagem. Esse gesto não apenas fez amargar a vida
dos judeus, mas provocou a ira de Deus. Foi a quebra

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desse princípio do amor fraternal que levou Edom à sua
derrota final e definitiva.70
A derrota de Edom não procede de homens, mas
de Deus. Sua sentença de morte não foi lavrada num
tribunal da terra, mas no tribunal do céu. A inescapabili-
dade de sua derrota não se deve ao juízo dos homens,
mas à sentença de Deus, que é irrevogável e inapelável
(v. 18). Não há um tribunal superior a quem recorrer. O
tribunal de Deus é a última instância, e sua sentença é
definitiva e final. Insurgir-se contra Deus e contra seu
povo é marchar rumo a uma derrota inevitável, inexorá-
vel e irreversível.
Em 312 A.C., os árabes nabateus expulsaram os
edomitas do seu reduto próximo ao mar Vermelho, cap-
turando a capital dos idumeus, Sela, e rebatizando-a
como Petra. Segundo a profecia de Obadias, os seus
descendentes vieram a se estabelecer no Neguebe e,
por meio de casamentos com outros povos, tornaram-se
os idumeus. Herodes, o Grande, veio desta linhagem,
de modo que nela e em Jesus podemos ver, por outro
ângulo, a luta e o contraste entre edomitas e israelitas.
Em 70 d.C, Tito destruiu tanto os idumeus (edomitas)
como os israelitas, fazendo os primeiros desaparecer
definitivamente da história.71
Os edomitas pensaram que estavam ajudando a
colocar uma pá de cal sobre Judá. Eles pensaram que
a Babilônia estava no controle da situação e que eles
eram seus coadjuvantes na empreitada de destruir Jeru-
salém. Mas as rédeas da história não estão nas mãos
dos poderosos deste mundo. Quem está assentado na
sala de comando do universo é o Deus Todo-poderoso.
É Deus quem conduz a história para o seu fim glorioso,
quando seu povo será exaltado e glorificado.72
70 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 25,26.
71 FRANCISCO, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. Rio de Janeiro: Juerp,
1979, p. 117.
72 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 28.

90 Estudos Bíblicos
CONCLUSÃO

Deus julgará e punirá com rigor a todos os que


maltratarem seu povo. Podemos confiar em sua vitória
final. Ele é nosso defensor e podemos ter a certeza de
que fará com que a verdadeira justiça prevaleça. Todos
os que são orgulhosos um dia ficarão perplexos ao des-
cobrirem que ninguém está isento da justiça divina. Não
podemos desafiar as leis naturais, muito menos ignorar
as espirituais, sem sairmos ilesos. A retribuição é inevi-
tável.

PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE

1. Qual o significado do nome Edom? Qual a sua origem?


De quem esse povo descendia? Como era a relação dos
edomitas com o povo judeu?
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2. Como foram os Preparativos do assédio a Edom ou
ataque ao mesmo? (v.1)
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3. Como foi profetizado o rebaixamento de Edom? Como
era o orgulho de Edom que o levou à ruína? (vv. 2-5)

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4. Por que Deus restituiu a Edom o mal que causara e
que desejara a Israel? (vv. 7-11)
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5. Obadias mostra que a lei da semeadura e o princí-
pio da retribuição constituem uma realidade da qual nin-
guém escapará. O que significa retribuição e por que
Edom a conheceu? A que se refere a expressão “o dia
do Senhor”? (vv. 12-15)
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6. Os edomitas beberam e alegraram-se com a desgraça
de seus irmãos. Qual o castigo reservado para Edom? A
que se refere a simbologia Esaú e Jacó? De quem será
o reino? (vv. 16-20).
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92 Estudos Bíblicos
MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS
Pr. Emanuel Lourenço da Silva

Domingo – Salmos 85
É reconfortante a fé que vemos no salmista, ao dizer
que, não importa o quão profundo sejam as trevas deste
mundo, nada poderá esconder-nos da face do Senhor;
não importa quão injusto é o mundo, Deus julgará com
equidade; e que em meio ao arrependimento existe o
perdão e misericórdia. Poucos entendem o real valor do
Gólgota, das afrontas e zombarias que Jesus sofreu.
Quando questionados, só sabemos dizer que foi para
nos salvar. Mas há muito mais. Segundo Paulo, Jesus
subiu triunfante para as alturas, levou cativos muitos
prisioneiros, e deu dons aos homens, para o louvor de
sua glória (Ef 4:8). O maior sinônimo da palavra “jus-
tiça” é Jesus. Grandes maravilhas recebem aqueles que
ousam confiar.

Segunda-feira – Jeremias 33:1-9


Jeremias estava na prisão, quando Deus lhe reve-
lou o futuro de Israel. Pelo fato de Jeremias ter pedido ao
Senhor que o ensinasse, ele mostrou-lhe “coisas ocul-
tas” referentes ao futuro de seu povo. A palavra tradu-
zida como “oculta” retrata uma cidade invencível, escon-
dida atrás de muros altíssimos. A ideia é que o povo de
Deus não aprende as coisas ocultas e Deus com suas
próprias forças, mas sim o buscando por meio da oração
de fé. Aqui está o plano de Deus para o futuro do seu
povo: a nação contaminada seria curada e purificada (vv.
6-8), e a cidade infame traria alegria e honra ao Senhor,

www.ib7.org 93
tornando-se um testemunho, para todas as nações, da
maravilhosa graça e bondade do Senhor (v. 9). De uma
coisa podemos ter certeza: Deus não rejeitou o seu
povo, Israel, e ele não nos rejeitará.

Terça-feira – Números 14:13-19


É magnífico o poder da intercessão, e por isso a
importância de não negligenciarmos a oração uns pelos
outros. Podemos, assim como Moisés, atrair a atenção e
o poder de Deus para as almas que necessitam da sal-
vação. Como o mundo em que vivemos jaz no maligno,
o povo de Israel também merecia a morte. Tentaram ao
Senhor e pecaram contra quem realmente os amava. E
se não fosse pela intercessão de Moisés, eles teriam
sido de todo destruídos. Tiago nos ensina a confessar as
nossas culpas uns aos outros, e orar uns pelos outros,
para que sejamos curados. O nosso Deus é rico em
misericórdia e tardio em irar-se. Então porque às vezes
não aproveitamos que temos livre acesso a ele para
pedir pelo próximo? As maiores batalhas se vencem de
joelhos, e para falar com Deus é necessário que che-
guemos com humildade e temor, assim como Moisés,
e a exemplo dele confiar na infinita bondade do senhor.

Quarta-feira – Tito 3:3-7


Não temos direito algum à salvação com base em
nossa própria justiça. Há pessoas não convertidas com
um “bom coração”, que esmolam e são caridosas, mas
que se enganam a si mesmas em relação à salvação.
Somos lavados pelo sangue de Cristo Jesus e regene-
rados pelo Espírito Santo. Oh como ele precioso! Saber
que Deus habita dentro de nós e que somos seus veí-
culos aqui na terra nos dá ainda maior responsabilidade

94 Estudos Bíblicos
sobre a sua palavra. Devemos ser cartas vivas de Cristo,
prontas a serem lidas, porque aquilo que recebemos de
graça, isto é sua misericórdia e salvação, também deve-
mos oferecer a todos quanto pudermos, para que assim
desfrutem também de todo bem que recebemos do Pai.

Quinta-feira – 2 Pedro 2:9-10


Todos nós temos a liberdade de escolher o cami-
nho que queremos seguir, mas nos é aconselhado o que
é mais difícil, apertado e espinhoso. Por quê? Porque
nada que vale a pena vem fácil, e se vem também vai
assim como veio. Ló se afligia todos os dias em meio
a um povo pecador, e alcançou para si e sua família a
misericórdia de Deus e viu como testemunha ocular que
ele tarda em irar-se, mas executa com precisão os seus
juízos. Não importa o tamanho do pecado, o sangue de
Cristo purifica a todos quanto esperam na sua miseri-
córdia e, para aqueles que nele permanecem até o fim,
há uma herança guardada a ser manifesta no último dia.

Sexta-feira - Lucas 11:32


Nínive foi condenada pela sua imoralidade e ido-
latria. Centro da cultura babilônica era uma das mais
respeitadas cidades de sua época. Mas o Senhor tinha
planos diferentes para este povo, e foi necessário um
profeta clamar a quatro ventos o juízo divino, caso não
houvesse conversão. Para surpresa de Jonas, que dese-
java o castigo para este povo tão pecador, os ninivitas
aceitaram e se converteram, conquistando o direito de
se levantarem no dia do juízo e condenar aqueles que
não se arrependeram de seus pecados. Se um povo tão
distante do Pai foi alcançado por sua misericórdia, não
há motivos para que eu e você endureçamos o nosso

www.ib7.org 95
coração. E, a exemplo de Jonas, devemos romper a bar-
reira e anunciar àqueles que aparentemente estão fora
da promessa, pois, segundo diz sua palavra, “do Senhor
é a Terra e sua plenitude, o mundo e os que nele habi-
tam” (Sl 24:1).

Sábado - Lamentações 3:20-26


Servir a Deus na plenitude de sua vontade não é
fácil. O evangelho é simples de se entender, mas árduo
de ser obedecido, isto devido aos nossos desejos car-
nais que travam constante batalha em nossa mente.
Sabemos que muitas são as aflições dos justos, mas
Deus nos livra de todas. Apesar de ser estreito o cami-
nho, os que por ele escolhem passar podem descansar,
pois a bondade de Deus supre todas as nossas neces-
sidades. Bom é esperar no Senhor e pela sua salvação!
Que neste santo dia possamos fazer cumprir a fé e espe-
rança depositadas em Deus. Que o Senhor, quando pro-
curar os justos sobre terra, como disse que faria, possa
nos achar fazendo a sua vontade e adorando no seu
templo. Que ele resplandeça o seu rosto sobre ti. Amém!

96 Estudos Bíblicos
6
JONAS
A MISERICÓRDIA DIVINA
Pr. Jonas Sommer
09 de Agosto de 2014

TEXTO BÁSICO:
“Tens compaixão da planta, que não cultivaste
nem fizeste crescer; que numa noite nasceu e na
outra morreu. E não teria eu misericórdia da grande
cidade de Nínive, onde há mais de cento e vinte mil
pessoas que não sabem discernir entre a mão direita
e a esquerda, e também muito gado?” (Jn 4:10-11, A21)

INTRODUÇÃO
O profeta Jonas é um dos meus personagens favo-
ritos da Bíblia. Não sei o porquê, mas tenho uma ligação
forte com ele e sua história. Acho este pequeno livro da
Bíblia de uma riqueza impressionante.
O tema do livro de Jonas enfatiza que a misericór-
dia e a compaixão de Deus estendem-se para além de
Israel, incluindo as nações pagãs, desde que se arrepen-
dam. Sendo assim, é dever de Israel testificar perante
elas a fé verdadeira; negligenciar essa tarefa pode levar
a nação, como foi o caso de Jonas, às águas profundas
da aflição e do castigo.73 Creio que o mesmo é verdade
para a igreja hoje. Temos a obrigação de testemunhar
nossa fé e do amor de Cristo. Precisamos anunciar o
evangelho a um mundo perdido para que pecadores se
arrependam e sejam salvos. Se falharmos nisso, pode-
mos enfrentar o mar bravio!

73 ARCHER JR, Gleason L. Panorama do Antigo Testamento. 4. ed. São Paulo: Vida
Nova, 2012, p. 384.

www.ib7.org 97
CARACTERÍSTICAS HISTÓRICO-ESTRUTURAIS

Jonas é, certamente, um profeta bem diferente dos


demais chamados de “menores”. Ele teve um chamado
missionário, e fez o que foi possível para fugir dessa
vocação divina. Depreende-se neste livro uma tríplice
mensagem: demonstrar a Israel (Reino do Norte) e às
nações pagãs a magnitude e a ampliação da miseri-
córdia divina através da pregação do arrependimento;
demonstrar, através da experiência de Jonas, até que
ponto Israel (Reino do Norte) decaía de sua vocação
missionária original, de ser luz e redenção aos que habi-
tam nas trevas (Gn 12:1-3; Is 42:6-7; 49:6) e lembrar ao
Israel apóstata que Deus, em seu amor e misericórdia,
enviaria à nação, não um único profeta, mas muitos fiéis,
que entregariam sua mensagem de arrependimento.
O nome Jonas (Yônãh), segundo o professor
Hilmar Fürstenau, significa “manso como uma pomba,
feroz como um leão”. Esse profeta aparece na Bíblia em
2 Reis 14:25, como aquele que predisse que as conquis-
tas de Jeroboão II (793-753 A.C.) teriam grande alcance.
Sua cidade natal era Gate-Hefer, e era da tribo de Zebu-
lom, no norte de Israel.
Jonas viveu num período em que Israel corria o
risco de ser extinto como nação. Como diz 2 Reis 14:27.
“Ainda não falara o Senhor em apagar o nome de Israel
de debaixo do céu”, mas estava perto de tomar tal deci-
são. Além disso, aquele era um tempo de quase total
socialização da pobreza. Naquele tempo, “não havia
nem escravo nem livre” (2Re 14:26), pelo fato de que
as classes sociais se tinham quase que unificado, tendo
a classe média desaparecido por completo, e diminu-
ído muito a riqueza privada, se bem que as pessoas de
posse não haviam desaparecido totalmente. Em outras
palavras: havia uma minoria rica realmente rica (2Re

98 Estudos Bíblicos
15:20). O empobrecimento radical dos pobres era alar-
mante. Paradoxalmente era tremenda a expansão militar,
e Israel atingira um nível bastante estável de segurança
nacional. Jeroboão II restabelece as fronteiras e con-
quista espaços pela via das forças armadas; enquanto
isso, a angústia social do povo era horrível. Não havia o
menor vislumbre ou esperança de mudanças radicais,
pois não se contava com ninguém que socorresse Israel
(2Re 14:26). Em consequência de tal situação, Jonas se
transformou num profeta extremamente politizado; por
conseguinte, ideologizado.74
A mensagem do livro de Jonas é como uma pérola
escondida. Para encontrar essa pérola, temos de obser-
var o jeito de o autor narrar a sua história. A mensa-
gem não está numa única frase do texto, mas no todo
do enredo e das palavras e, não raro, nas entrelinhas.75
O livro contém 48 versículos distribuídos em quatro
breves capítulos. Apesar de começar com estrutura pro-
fética (1:1), a mensagem é apresentada em estilo bio-
gráfico. Não deixa, contudo, de ser uma profecia da his-
tória de Israel, ao mesmo tempo em que anunciam o
ministério, a ressurreição e a obra missionária de Cristo
(Mt 12:39-41; 16:4). O tema principal do livro é a infinita
misericórdia de Deus e a sua soberania sobre todas as
nações.
Nos quatro capítulos de seu relato, Jonas apre-
senta as experiências por que passou e as lições que
aprendeu. Vejamos:

A INDIFERENÇA DO PROFETA

Os três primeiros versos do livro apresentam


o assunto do livro todo. Deus envia um mensageiro a
74 ARAÚJO FILHO, Caio Fábio de. Jonas, o sucesso do fracasso: quando a von-
tade própria interfere nos planos de Deus. Rio de Janeiro: Vinde, 1991, p. 4-5.
75 KILPP, Nelson. Jonas. São Paulo: Loyola, 2010, p. 21.

www.ib7.org 99
Nínive para pregar contra ela. Este envio desencadeia
uma série de ações por parte de Jonas. A ordem divina
transforma-se numa história que somente termina no
último versículo do livro.76 Acontece que o profeta, em
vez de ir para Nínive, correu na direção oposta. Ele fugiu
“da presença do Senhor”, o que significa que negligen-
ciou seu chamado de profeta.
Ele sabia que não poderia fugir da presença do
Senhor (SI 139:7ss), porém podia renunciar ao seu cha-
mado e parar de pregar. Ele tornou-se um profeta deso-
bediente. No capítulo um vemos que o profeta Jonas foi
indiferente:
a) Ao seu chamado. A palavra do Senhor a Jonas
foi uma ordem: “Levanta-te, vai à grande cidade de
Nínive, e clama contra ela” (1:2). Sem dúvida, esta era
uma tarefa para a qual Jonas não tinha absolutamente o
coração disposto. Era como pedir hoje a um israelense
que levasse a palavra de Deus ao Iraque.77 Nínive, cidade
fundada por Ninrode, situava-se ao leste do Rio Tigre,
cerca de 880 quilômetros de Samaria, capital do Reino
do Norte. Jonas precisaria caminhar de 24 a 32 quilôme-
tros por dia para chegar a Nínive em um mês. A cidade
era grande e protegida por dois muros, um externo e
outro interno. A muralha interior tinha 1,5 metros de lar-
gura por 3 metros de altura.78 O muro externo da cidade
tinha 96 km de extensão, 30 metros de altura e uma
largura suficiente para três carroças conduzidas lado a
lado. Havia 50 torres de 60 metros de altura para o ser-
viço de vigilância realizado pelas sentinelas.79
Era de se esperar que um profeta do Senhor, ao
receber uma ordem direta dele, estivesse disposto a obe-
76 KILPP, Nelson. Op. cit., p. 31.
77 ARAÚJO FILHO, Caio Fábio de. Op. cit., p.5.
78 HAAN II, Martin R. O fracasso do sucesso: a história de Jonas. Curitiba: RBC,
2009, p. 4.
79 ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Vida, 2012,
p. 352.

100 Estudos Bíblicos


decer. Vemos que Jonas dispôs-se, mas não para obe-
decer. Ele levanta-se, desce ao porto de Jope e compra
um bilhete para Társis, situada a quatro mil quilômetros
a oeste de Jope, na costa da Espanha.80 O texto diz,
literalmente, que Jonas paga o “salário” do navio, o que
nos leva a inferir que ele é um homem de posses que
pode dispor, de uma hora para outra, de uma quantidade
de dinheiro suficiente para levá-lo a um dos lugares mais
distantes do globo, numa viagem que, na época, poderia
durar mais de meio ano.81 Não lhe foi difícil encontrar
um meio de transporte em sua tentativa de fugir do seu
chamado. Todas as vezes que queremos fugir de Deus,
nosso inimigo rapidamente providencia o meio de trans-
porte.
Talvez, pelo fato de conhecer a crueldade dos assí-
rios, Jonas tenha relutado, pois seu próprio povo já tinha
sofrido muito nas mãos deles e, naquele tempo, seus
exércitos ameaçavam Israel. Seu livro mostra a resistên-
cia desse profeta ao propósito divino de evangelizar a
raça mais cruel do mundo da época. Nisto vemos que o
inexplicável amor de Deus para com Nínive não encon-
tra eco no coração de Jonas. Foram os preconceitos de
Jonas que o levaram a fugir da Missão que Deus lhe
havia ordenado. Vejamos quais são:
• Preconceitos políticos: Os ninivitas eram velhos
inimigos de seu povo;
• Preconceitos raciais: Os ninivitas eram gentios
e não pertenciam ao povo escolhido (Israel);
• Preconceitos religiosos: Os ninivitas eram um
povo tão idólatra e pagão que nem devia ser perdoado.
Será que tais preconceitos não encontram eco
também em nosso coração? Quantas vezes os nossos
preconceitos nos impedem de sermos úteis a Deus.
Eles, às vezes, sufocam o amor às pessoas, aniquilam
80 HAAN II, Martin R. Op. cit., p. 5.
81 KILPP, Nelson. Op. cit., p. 38.

www.ib7.org 101
nossa compaixão, obscurecem nossa visão, secam as
fontes da nossa espiritualidade e empobrecem nossa
mensagem. Jonas conhecia muito bem Nínive e a odiava
porque sabia de suas crueldades, e também conhecia a
Deus e seu amor, e sabia que ele é misericordioso e
grande em benignidade (4:2) e com certeza iria dar uma
oportunidade de conversão aquele povo pagão.
Assim como Jonas, há muitos tentando fugir do
seu chamado, negligenciando uma voz interior que não
se cala. Tentam ir para Társis quando seu lugar é em
Nínive. É certo que, como Jonas, na maioria das vezes
não é fácil obedecer e cumprir com o chamado. Às vezes
é necessário deixar a tranquilidade de nossa terra para
rumarmos em direção ao lugar que Deus nos quer usar.
b) Ao destino de seus colegas de embarcação.
Jonas embarca e enquanto curtia sua viagem, deitado
no porão do navio, Deus envia uma forte tempestade
que abala a embarcação em que ele estava: “Mas o
SENHOR mandou ao mar um grande vento, e fez-se no
mar uma forte tempestade, e o navio estava a ponto de
quebrar-se... Jonas, porém, desceu ao porão do navio,
e, tendo-se deitado, dormia um profundo sono” (1:4-
5). A tempestade que surge no mar é tão violenta que
ameaça quebrar a embarcação. Os marinheiros ficam
tomados de pavor e reagem trabalhando e cada um bus-
cando o seu deus, orando ao seu deus. Diante disso o
que faz o nosso profeta? Parecia que a história não era
com ele, o mundo desabando e ele lá, no porão, dor-
mindo. Os pagãos orando, e ele, que conhecia o único
Deus verdadeiro, lá, indiferente, não foi capaz sequer de
levantar um clamor pela vida de seus colegas de barco.
Jonas tenta fugir de Deus e cai dentro de uma fervorosa
reunião de oração. Talvez em navio nenhum do mundo
se tenha orado tanto quanto naquele navio em que ele
se encontrava.
102 Estudos Bíblicos
Jonas dormiu o sono da negligência, o mesmo
sono que grande parte dos evangélicos estão dormindo.
O navio estava para quebrar-se por causa da tempes-
tade e da força das ondas, e Jonas continuava dormindo.
Os marinheiros estavam desesperados, clamando cada
um ao seu deus, e ele silencia. Não seria esta a rea-
lidade do nosso mundo hoje? Uma tempestade, um
mundo de pernas para o ar, de valores invertidos, casa-
mentos destruídos, drogas, alcoolismo, depressão, etc.
Uma tempestade incontrolável. O texto bíblico diz que
os marinheiros clamavam cada um ao seu deus. Assim
estão os seres humanos, desorientados, buscando seus
próprios recursos, e totalmente impotentes diante da
realidade que os assombra. A solução está em nossas
mãos: O poder do Evangelho. Aonde o evangelho chega,
mudanças acontecem. Sabe qual é o problema, então?
Aqueles que têm nas mãos o poder do evangelho estão
dormindo, enquanto as pessoas estão desesperadas
correndo para todos os lados.
c) Ao destino dos ninivitas. Ao tentar fugir para
Társis, Jonas é indiferente ao destino dos Ninivitas. Ele
sabia o que iria acontecer com eles. Sabia também que
se eles se arrependessem Deus os perdoaria. Jonas
foge de sua missão porque queria que a má cidade de
Nínive realmente fosse destruída. Ele quer evitar que sua
pregação leve ao arrependimento dos ninivitas e, por
conseguinte, à anulação da pena.82 Jonas é uma mostra
do povo judeu do seu tempo. Um povo que desejava ver
o julgamento de Deus contra seus inimigos. Um povo
que deseja ser conhecido pelo nome de Deus, mas que
foge da vontade desse Deus quando ela é manifesta.
Fala também de um povo que precisava aprender que
as nações podem ser perdoadas por Deus, e que ele se

82 KILPP, Nelson. Op. cit., p. 55.

www.ib7.org 103
importa com o bem-estar das nações, e não apenas de
Israel.
A lógica de Jonas era, por assim dizer, baseada
naquilo que Deus disse: “Vou destruir Nínive se a cidade
não se arrepender”. Se Jonas não vai lá pregar, a cidade
não vai se arrepender e Deus a destruirá. Mas Deus não
pensava assim. Ele desejava que Jonas fosse cumprir
sua missão. Quantos de nós somos como ele. Sabemos
o que acontecerá àqueles que não se arrependerem,
mas muitas vezes nos calamos e não falamos do mara-
vilhoso amor de Deus. Quantas vezes temos sido indi-
ferentes ao destino eterno de pessoas ao nosso redor?

O ARREPENDIMENTO DO PROFETA E O PERDÃO DE DEUS

Por conta da indiferença do profeta, Deus envia


uma grande tempestade que força os marinheiros a
jogarem Jonas ao mar. O profeta, então, recebe a dis-
ciplina da mão amorosa de Deus. Ele reconhece que foi
a mão do Senhor que o lançou no mar, não a dos mari-
nheiros (2:3). É importante que reconheçamos o traba-
lho do Senhor quando somos disciplinados.
Ao ser lançado ao mar, Deus prepara um grande
peixe que tragasse Jonas. A língua hebraica não dispõe
de termo técnico para “baleia”. Essa palavra é usada
como resultado de uma interpretação tradicional que
atravessou séculos. As Escrituras Hebraicas empregam
dag gadol, “grande peixe”, uma vez (1:17; 2:1), e sim-
plesmente dag, “peixe”, três vezes (1:17; 2:1,10). Nesta
situação inusitada, ele arrepende-se de seus pecados
(2:9) e em fé pede perdão ao Senhor por seus pecados.83
Deus purificou Jonas e deu-lhe outra chance. De
acordo com Hebreus 12:5-11, há várias maneiras de
o cristão responder à disciplina do Senhor: podemos
83 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico Wiersbe: Antigo testamento. Santo An-
dré, SP: Geográfica Editora, 2009, p. 644.

104 Estudos Bíblicos


menosprezá-la, como Jonas fez durante três dias, e
recusarmos a confessar; podemos desanimar e desistir;
ou podemos sofrer a disciplina do Senhor, confessar os
pecados e crer nele para fazer com que tudo redunde
para o nosso bem e para a glória dele. Rebelar-se contra
a mão de Deus é procurar problema. Jonas submeteu-
-se, orou e confiou, e o Senhor perdoou-o.

A GRANDE MISERICÓRDIA DE DEUS

A palavra-chave do capítulo 3 é “misericórdia”.


Jonas finalmente vai à grande cidade a fim de pregar a
mensagem do Senhor. A mensagem dele é breve e dura
“Daqui a quarenta dias Nínive será destruída” (3:4). Essa
pregação resultou:
1. A conversão dos ninivitas (3:8,9). Apesar de
toda a maldade, os ninivitas receberam a advertência do
profeta e creram em Deus (3:5). O termo hebraico usado
é ‘aman, o mesmo usado para descrever a fé de Abraão
em Gênesis 15:6; isso significa que eles depositaram
toda a sua confiança em Deus, mesmo tendo recebido
uma mensagem de condenação. Caso tivessem ouvido
o Evangelho, o que não teriam feito?
A conversão dos ninivitas começou com o povo
e depois chegou ao rei, o qual expediu um decreto de
penitência geral. A reação do rei de Nínive foi muito dis-
tinta do procedimento dos reis de Israel, que em rarís-
simas ocasiões consideraram a exortação dos profetas.
Para demonstrar seu arrependimento sincero, os ninivi-
tas se uniram, desde os da mais alta classe social até os
mais humildes, na busca da misericórdia de Deus. Para
mostrar isso empregaram os símbolos da época: fizeram
um jejum e vestiram-se de panos de saco (3:5). Esse
costume era empregado em momentos de dor e tristeza

www.ib7.org 105
(2Sm 3:31; Jr 6:26), de luto (Et 4:1-3), de arrependimento
(Ne 9:1; Jó 42:6) e de humilhação (Dn 9:3-5).
2. O “arrependimento” de Deus. A própria lingua-
gem do Antigo Testamento é uma linguagem antropopá-
tica e antropomórfica84, em que Deus adapta sua incom-
preensibilidade à frágil compreensão da criatura. A pala-
vra hebraica para arrependimento é noham. É usada
para indicar tanto o arrependimento humano quanto o
arrependimento de Deus no Antigo Testamento.85
É do conhecimento de todos que a Bíblia fala do
arrependimento de Deus. Mas como o arrependimento
de Deus deve ser entendido? Será que o arrependi-
mento humano serve de parâmetro para o arrependi-
mento de Deus? O arrependimento de Deus é o mesmo
dos homens? Deus realmente se arrepende? Quando
a Bíblia apresenta textos onde Deus se arrepende de
algo e muda sua intenção para com o homem, “eviden-
temente é só a maneira humana de falar. Na realidade
a mudança não é em Deus, mas no homem e nas rela-
ções do homem com o Senhor”.86 Em suma, o arre-
pendimento de Deus não ocorre por causa de qualquer
mudança nele, mas por causa de nossa mudança para
com ele. O curto relato do livro de Jonas serve como
prenúncio da graça salvadora para todas as nações (Tt
2:11). Os ninivitas foram salvos pela graça, pois “creram
em Deus” (3:5) e “se converteram do seu mau caminho”
(3:10). As obras foram consequência da sua fé no Deus
de Israel.
Jesus usou Nínive para ilustrar um ponto impor-
tante (Mt 12:38-41). Durante três anos, ele pregou para

84 A linguagem antropopática atribui a Deus características da linguagem humana


incluindo os sentimentos humanos, a antropomórfica atribui formas físicas a Deus,
tal como mão de Deus, ouvido de Deus etc.
85 BARBOSA, Francisco A. Jonas e a misericórdia de Deus. Disponível em: <http://
auxilioebd.blogspot.com.br/2012/11/licao-6-jonas-misericordia-divina.html> Acesso
em: 19. mar. 2014.
86 BERKHOF, Louis. Teologia sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 68.

106 Estudos Bíblicos


aquela geração e reforçou sua mensagem com mila-
gres; contudo, eles não se arrependeram nem creram.
Os ninivitas ouviram um sermão de poucas palavras de
um pregador, e aquele sermão enfatizava a ira, não o
amor. Eles, porém, arrependeram-se e foram perdoados.
Os judeus ouviram o Filho de Deus durante três anos,
ouviram a mensagem de perdão do Senhor, contudo se
recusaram a se arrepender. Com certeza, a condenação
deles será a maior.87

VALORES INVERTIDOS E A LIÇÃO DE DEUS

O Senhor mandou o profeta Jonas entregar uma


das mais duras e curtas mensagens proféticas des-
critas no Antigo Testamento: caso não se arrependes-
sem, ainda em 40 dias, Nínive seria subvertida. Após
esta exortação, os ninivitas se arrependeram de suas
perversidades e foram poupados do juízo divino. Nunca
um pregador teve tanto sucesso em um único sermão!
No entanto, em lugar de encontrarmos um jubiloso pre-
gador, vemos um pregador desobediente, raivoso com
as pessoas e com Deus. Lá está ele sentado do lado
de fora da cidade, tentando sentir-se confortável e, na
verdade, esperando que o julgamento de Deus caísse
sobre o povo. Eis uma coisa surpreendente: o Senhor
manda um grande avivamento como resultado da pre-
gação de um homem que nem mesmo ama as pessoas
para quem prega.
Tudo isso acontece porque os valores de Jonas
não estavam em sintonia com os valores divinos. Ele
amou mais uma pequena planta do que toda a cidade de
Nínive. Entretanto, o livro de Jonas também nos ensina
que o propósito de Deus é sempre usar de misericórdia
para com as pessoas que invertem os valores espiritu-
87 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 645.

www.ib7.org 107
ais movidas pela ignorância. O Senhor não executa seu
juízo sem antes conscientizar o homem de seus erros.
A população de Nínive quase foi destruída pela ignorân-
cia, mas escapou da ira de Deus porque se arrependeu
de seus maus caminhos e voltou-se para o Criador.
Se por um lado os ninivitas costumavam inverter
os valores por serem ignorantes, por outro, Jonas inver-
teu os valores espirituais por ser um homem egocên-
trico. Ele deu mais importância ao amor à sua nação,
Israel, e aos sentimentos pessoais de vingança do que
ao amor do Senhor e aos seus propósitos de salvação
para Nínive. O profeta chegou a irritar-se por Deus ter
perdoado aquela cidade. Para ele, um arqui-inimigo de
Israel não poderia ser alcançado pela compaixão do
Senhor (4:2,3).
Hoje em dia há uma inversão de valores tanto no
campo moral quanto no espiritual. Essa inversão pode
acontecer quando:
a) Valorizamos demais o que tem pouco valor.
Jonas dá um “excelente” mau exemplo disso, basta
ver o valor que ele dá à aboboreira que não lhe custou
(valia) nada. Em minha jornada de fé estou cansado de
ver crentes se queixando de não terem tempo para ler a
Bíblia, mas gastam horas na frente da TV, do Computa-
dor etc. Pesquisas apontam que, em média, os brasilei-
ros gastam 82 horas por semana em frente ao televisor
ou na internet.88 Creio que se fizessem uma pesquisa
dessas somente entre os evangélicos, talvez o resultado
não seria muito diferente. Mas, tempo para leitura bíblica
a maioria alega não ter. É interessante notar que há pes-
soas que gastam R$ 200,00/R$ 300,00 ou mais em uma
única peça de roupa, mas quando se fala em ofertar na
igreja, misericórdia! Tenho observado outros que choram
vendo filmes, mas não derramam uma lágrima sequer
88 http://www.estadao.com.br/noticias/tecnologia,brasileiro-passa-3-vezes-mais-
tempo-na-web-que-vendo-tv.

108 Estudos Bíblicos


pelas almas que estão indo para o inferno. Torcem mais
para o seu time do que se importam com o reino de Deus.
b) Damos pouco valor ao que tem muito valor.
Como estamos reagindo ao sabermos que há milhões
morrendo sem Jesus? Como estamos reagindo aos ata-
ques à moral cristã? O povo chamado cristão era con-
siderado até alguns anos como referência de honesti-
dade; hoje ser evangélico está se tornando sinônimo
de caloteiro, de mau pagador, de mau caráter. Vivemos
numa sociedade em que a fidelidade parece ser uma vir-
tude pré-histórica. A infidelidade conjugal está chegando
a níveis intoleráveis. Satanás sabe muito bem que enfra-
quecendo a família, enfraquecerá a Igreja. E o que nós
temos feito em prol de famílias fortes, que resultarão em
igrejas fortes?

CONCLUSÃO

O livro de Jonas é diferente dos outros livros dos


Profetas Menores. Trata-se de uma narrativa bibliográ-
fica das experiências do profeta, e não de uma coletâ-
nea de mensagens proféticas. O tema prioritário do livro
é a graça soberana de Deus pelos pecadores, ilustrada
na sua decisão de reter o julgamento sobre os culpados,
mas arrependidos ninivitas. Há também uma lição teo-
lógica importante a ser aprendida observando as res-
postas de Jonas a Deus. O retrato do autor de Jonas
é altamente depreciativo. Os padrões duplos de Jonas
fizeram com que as suas ações lhe contradissessem
os credos de tom espiritual. Pelo exemplo negativo de
Jonas, o leitor aprende a não resistir à vontade e deci-
sões soberanas de Deus.89
Como Jonas, existem muitas pessoas invertendo
os valores espirituais, ignorando o poder do evangelho e
89 ZUCK, R. B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 467.

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mostrando-se indiferentes ao chamado do Senhor. Des-
pertemo-nos do sono da indolência, arrependamo-nos
dos nossos pecados, priorizemos os valores do Reino
de Deus e afastemo-nos da inversão de valores.
Não raro, costumamos reprovar a atitude de Jonas
quanto à ordem de Deus. Mas quantas vezes não nos
identificamos com ele e sua rebeldia quando somos
desafiados por Deus a obedecê-lo, e não o fazemos?
Jonas é, portanto, um espelho para cada cristão: não
precisamos aguardar que Deus aja de forma extrema
conosco, como agiu com Jonas quando o conduziu a
Nínive na barriga de um grande peixe, para que possa-
mos obedecer a Sua vontade, qualquer que seja o man-
dado de Deus para nossa vida.

PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE

1. Que informações o livro nos dá sobre Jonas. Onde


mais ele aparece e o que podemos aprender sobre ele?
(1:1; 2Re 14:25)
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2. Qual a ordem que ele recebe de Deus? O que ele
faz ao receber tal incumbência de Deus? Por que ele
tentou fugir do Senhor? Que situações essa tentativa de
fuga provocou? O que ele fazia enquanto os marinheiros
tentavam salvar o navio? O que isso demonstra sobre o
caráter de Jonas (1:3-6)

110 Estudos Bíblicos


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3. Quando os marinheiros jogaram sortes, sobre quem
caiu? Qual foi a reação do profeta? O que eles fizeram
com Jonas? O que Deus providenciou? (1:7-17)
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4. O que Jonas fez no ventre do grande peixe? Qual foi a
reação de Deus a oração de Jonas? (2:1-10)
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5. Jonas enfim, vai a Nínive e prega. Qual foi a men-
sagem dele? Qual a reação dos ninivitas ao ouvirem a
mensagem? O que o rei fez quando ouviu o recado de
Deus? Como eles esperavam que Deus reagisse? (3:1-
7)
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6. Qual foi a reação de Deus ao arrependimento dos
ninivitas? Qual a explicação quando a Bíblia afirma que
“Deus se arrependeu”? (3:8)
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7. Como o profeta reagiu ao sucesso de sua pregação?
O que Deus respondeu ao profeta? O que Jonas fez
então? (4:1-5)
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8. O que Deus fez crescer? O que aconteceu em
seguida? Como Jonas reagiu? Qual a lição Deus deu ao
profeta por meio desta planta? (4:6-11)
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9. O que essa situação demonstra sobre os valores de
Jonas? Os seus valores estão em sintonia com os valo-
res divinos?
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112 Estudos Bíblicos


MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS
Christiano Daniel Fritzen

Domingo – Deuteronômio 10:12,13


Deus quer o nosso bem e por isso nos pede que
obedeçamos a suas leis. Assim como os pais sempre
orientam, alertam e advertem seus filhos sobre atitudes
a tomar e caminhos a seguir por saberem que deter-
minadas situações não farão bem a eles, quanto mais
Deus em sua infinita sabedoria e bondade não fará o
mesmo com a gente? Ora, ele sabe que há apenas duas
opções: o caminho da vida e o caminho da morte. E,
por nos amar, chama para junto de si. Mas obedecer
por obedecer também não é correto, precisamos amar.
Martinho Lutero, em seus escritos, disse que precisa-
mos aprender a Palavra e aprender a gostar dela. Afinal,
“a lei de Deus é santa, e o mandamento santo, justo e
bom” (Rm 7:12).

Segunda-feira – Isaías 1:15-17


Certamente, uma das situações mais doloridas
que alguém pode passar é ser rejeitado ou ignorado por
alguém que se ame. Estes versículos mostram Deus
fazendo exatamente isso quando seu povo o buscava
não com o coração, mas com ritos e religiosidade vazios.
Sabiam toda a liturgia, celebravam as festas, guarda-
vam o sábado, mas fora do templo ou da congregação
eram maus. E eu? Será que muitas vezes não reclamo
do silêncio de Deus para minhas orações, quando tudo
o que faço é simplesmente seguir as regras da igreja,

www.ib7.org 113
cumprir seus horários e programações, mas fora dela
nunca falar de Deus e ainda dar um testemunho oposto?
Ah, que Deus tenha piedade de mim!

Terça-feira – Mateus 12:7


Na primeira epístola de João diversos versículos
falam sobre o amor aos irmãos, como por exemplo, o que
diz: “Aquele que não ama, não conhece a Deus, porque
Deus é amor” (4:8) e mais à frente, está escrito: “nisto
conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando
amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos”
(5:2). Percebeu que não se faz um sem o outro? Amar
as pessoas é dar testemunho do amor Divino e ao amar
a Deus eu convenço-me a amar seus filhos. O texto
indicado hoje quer nos mostrar de que nada vale fazer
promessas, dizer pra Deus que estou fazendo isso ou
aquilo, mas ter um coração vazio para o amor genuíno.
Muitas vezes em oração pedimos muitas coisas ao Pai.
Mas já pedimos para ele nos ensinar a amar e a sermos
piedosos mais do que meramente religiosos formais?

Quarta-feira – Mateus 21:28-31


Diversas vezes já vi pessoas criticarem quando
alguns começam a frequentar alguma igreja cristã: “Mas
Fulano é um bêbedo, Beltrana é mulher da vida e aquele
outro já tem uma morte no currículo! O que estes querem
com Deus?” Ora, Jesus disse que quem precisa de um
médico são os doentes (Mt 9:12; Mc 2:17). A pergunta
de Jesus nesta passagem pode ser repetida: “Quem
fez a vontade do Pai, aquele que sempre se diz cristão,
disso se orgulha, mas não segue a Cristo ou aquele que
se arrependeu de sua vida vazia e muda de rumo?”.

114 Estudos Bíblicos


Quinta-feira – Mateus 23:23
Certa vez ouvi um líder de juventude dizendo que,
ao visitar um asilo, orientou aos participantes para não
levarem nada para dar aos visitados, nem lembranci-
nhas, nem alimentos etc., mas sim se doar, ouvir e con-
versar. Então, muitos não quiseram ir, pois não sabiam
fazer isso. Queriam dar alguma coisa e pensar que assim
teriam cumprido uma tarefa para Deus. Lemos hoje que
Jesus disse claramente que é hipocrisia quando nos
lembramos de dizimar até os nossos centavos, mas na
hora de praticar “o mais importante da lei”, omitir-se.
Vale lembrar que nessa passagem Cristo não aboliu o
dízimo, pois disse que devemos fazer “estas coisas” (o
mais importante da fé) “sem omitir aquelas” (o dízimo).

Sexta-feira – Lucas 18:10-14


Esta é uma das minhas passagens preferidas e
muitas vezes me vejo na situação dos dois personagens
desta parábola: em certas ocasiões orando a Deus e
“lembrando” a ele o que fiz ou quem sou (no meu ponto
de vista). Mas em outras, quando percebo quem sou de
verdade, me vejo orando como o publicano. Esta oração
do cobrador de impostos demonstra uma verdadeira
obediência, pois ele não foi até lá para cumprir ritos e
nem fez autopromoção, como o fariseu, mostrando a
Deus quem era digno e quem não era. Ele simplesmente
desabafou com Deus e pediu perdão. Coração puro,
obediência sincera.

Sábado – 1 Samuel 15:22,23


Saul começou muito bem como o primeiro rei de
Israel, mas depois que deixou o orgulho entrar e crescer
www.ib7.org 115
em seu coração, as coisas começaram a mudar. Come-
çou a desdenhar as ordens divinas e achava que podia
pagar isso com sacrifícios, cumprindo a lei mosaica. Ledo
engano! A história de Saul lembra a parábola da casa
sobre a rocha (Lc 6:46-49), em que Jesus Cristo afirma
que quem ouve a mensagem e a obedece é semelhante
ao homem que constrói sua casa alicerçada na rocha.
A estrutura não balança, não se abala. Saul construiu
sua casa sobre a terra, sem alicerces e há tempos não
fazia a vontade do Senhor, chegando a um ponto de ser
rejeitado por ele. Poderia ter um fim melhor, infelizmente.

116 Estudos Bíblicos


7
MIQUÉIAS
A IMPORTÂNCIA
DA OBEDIÊNCIA
16 de Agosto de 2014
Pr. Wesley Batista de Albuquerque

TEXTO BÁSICO:
“Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e
o que o Senhor exige: Pratique a justiça, ame a fide-
lidade e ande humildemente com o seu Deus”. (Mq
6:8, NVI)

INTRODUÇÃO
O povo a quem Miquéias profetizou era profunda-
mente religioso. Assistia aos cultos de programação com
um colorido primoroso em um templo magnífico. Entre
suas atividades constava a observância dos dias santos
divinamente designados, cujo propósito era lembrá-los
da extensa fidelidade de Deus e do dever permanente
de servi-lo. Mas os contemporâneos de Miquéias não
eram espirituais. Sentiam confiança na mera participa-
ção das cerimônias. Não lhes ocorria que fosse impor-
tante a forma como se comportavam fora do templo.
Esta situação de ser religioso e, ao mesmo tempo,
impiedoso perturbava Miquéias. Foi contra tal atitude que
ele clamou. Esta ação fala pungentemente de nossos
dias.

MIQUÉIAS – O PROFETA

O nome Miquéias significa “Quem é como


Yahweh?”.90 Logo, seu nome soa como uma pergunta
retórica. Por que um povo que já sabia quem era o
90 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento, v. 5.
Santo André, SP: Geográfica editora, 2006, p. 482.

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Senhor, precisaria conhecê-lo? O contexto do livro nos
dará uma resposta. De fato, Israel e Judá andaram em
caminhos tão tortos que ficava difícil suas ações confir-
marem algum conhecimento de Deus.
Miquéias, que viveu na última metade do século
VIII A.C., era um dos integrantes da brilhante galáxia
de profetas daquele século, entre os quais Isaías foi o
mais insigne. As mensagens dos dois homens de Deus
estão em harmonia. Certos expositores sugerem que
Miquéias foi discípulo de Isaías, e é interessante notar
a semelhança entre Miquéias 4:1-5 e Isaías 2:1-4. Mas
os dois profetas são muito diferentes. Isaías era membro
da aristocracia. Miquéias era homem do povo. Isaías era
refinado, conhecia a fundo os costumes da capital e fre-
quentava os círculos da corte. Miquéias era homem rude
do interior, um profeta dos humildes.91
Miquéias era natural de Moresete, cidade situada
nos contrafortes de Judá a uns 32 quilômetros a oeste de
Jerusalém, na extremidade da planície marítima, entre
as montanhas de Judá e a Filístia junto ao mar. Ainda
que a região fosse fértil e bem provida de água, lugar
de plantações, pomares de olivas e pastos, os agriculto-
res, entre os quais Miquéias fora criado, quase sempre
estavam em dificuldades econômicas. Oprimidos pelas
dívidas, eles eram forçados a hipotecar suas proprieda-
des aos ricos de Samaria e Jerusalém, os quais lhes
desapropriavam as terras. Assim, se tomavam arrenda-
tários de fazendas, oprimidos por senhores gananciosos
e insensíveis. Esta exploração dos pobres foi, aos olhos
de Miquéias, um dos crimes mais hediondos de seus
dias, e ele bravamente denunciou estes exploradores.92
Assim como Elias saiu do anonimato de uma
pequena localidade, para escancarar a culpa de um
povo que havia se desviado da aliança feita com Deus, o
91 PEISKER, Armor D. Miquéias. In: Comentário bíblico Beacon, v. 5. Rio de Ja-
neiro: CPAD, 2005, p. 167.
92 PEISKER, Armor D. Op. cit., p. 167. .

118 Estudos Bíblicos


mesmo acontece com Miquéias. Sua missão está clara:
“Eu, porém, estou cheio do poder do Espírito do Senhor,
cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua
transgressão e a Israel, o seu pecado” (3:8). No livro do
profeta Jeremias nós encontramos a repercussão de
suas profecias bem antes do cativeiro babilônico (apro-
ximadamente 100 anos depois). Alguns dos anciãos do
povo lembraram não somente de um dos períodos de
suas profecias, da época do rei Ezequias, como do teor
de uma delas (Jr 26:16-19). Isso nos mostra o alcance
da voz profética de Miquéias, assegurada pela tradição
e sua consequente transmissão.
Suas mensagens contêm principalmente denúncias
contra o povo e seu consequente julgamento e também
mensagens de esperança. Desta forma Miquéias se
junta às muitas vozes proféticas que desde muito tempo
o Senhor já vinha levantando (Jr 26:5). De maneira bem
simples, o livro pode ser estruturado da seguinte forma:93
I. Prólogo (1:1)
II. O povo
A. Acusação e julgamento contra o povo (1:2 –
2:11)
B. Esperança para o povo (2:12,13)
III. Os líderes
A. Acusação contra os governantes e profetas
maus (3:1-11)
B. Devastação, restauração e exaltação de Sião
(3:12 – 4:13)
C. O governo do Messias (5:2-15)
IV. A nação
A. Acusação e julgamento contra a nação (6:1 –
7:7)
B. Esperança para a nação (7:8-20)

93 HILL, Andrew E.; WALTON, John H. Panorama do Antigo Testamento. São Paulo:
Vida Nova, 2006, p. 561.

www.ib7.org 119
Podemos dizer que temos três grandes mensa-
gens entregues por Miquéias. Todas elas começam com
a palavra introdutória “ouvi” (1:2; 3:1; 6:1). Em linhas
gerais os assuntos tratados por Miquéias são: denúncia
contra a injustiça, denúncia contra a confiança deposi-
tada nos rituais de sacrifício, um “rei-messias” que virá
de Belém e o livramento futuro das mãos da Assíria.

MIQUÉIAS – UM POUCO DO CONTEXTO POLÍTICO

Miquéias profetizou na mesma época do profeta


Isaías. Seu ministério profético abrangeu os reinados de
Jotão (750-735 A.C.), Acaz (735-715 A.C.) e Ezequias
(715-686 A.C.). Ele foi testemunha da queda do Reino
do Norte (Israel). A crise no compromisso do povo com
Deus era tão grande que as vozes proféticas não eram
suficientes para acordar a liderança e o povo. O último rei
do Norte foi Oséias (2 Rs 17). Este tentou por um tempo
garantir a sobrevivência do estado israelita, pagando
tributo a Salmanaser, como fazia de ano em ano (2Rs
17:4). Porém, resolveu arriscar tudo solicitando a ajuda
do Egito contra a Assíria e deixando de pagar o tributo.
Isso foi a sentença de morte da nação israelita. Oséias
amargou tanto a derrota por parte dos Assírios quanto
o abandono por parte do Egito, que não veio socorrê-lo.
Pior do que isso era ver um cativeiro vir sobre o
povo de Deus novamente. E, infelizmente, era o que
estava por vir sobre o Reino do Sul (Judá). Imaginem
como deve ter ficado o coração do profeta? O povo de
Judá simplesmente estava indo nas mesmas passadas
do povo de Israel. O ponto mais acentuado da desobe-
diência do povo de Deus foi durante o reinado do Acaz.
No período deste rei, Judá se tornou uma cidade saté-
lite a serviço da Assíria (assim como Israel o fora). Isso

120 Estudos Bíblicos


aconteceu porque Acaz pediu socorro a Assíria contra
uma aliança política feita entre Israel (sob o comando de
Peca – 2Rs 16:5-9) e a Síria (sob o comando de Rezim).
Com intenções de demonstrar gratidão a “tão gene-
roso ato de salvação” vindo da parte de Tiglate-Pileser,
Acaz implementa uma nova política em seu governo. Ele
implementou em Judá um sincretismo (misturou a reli-
gião dos Assírios com a religião de Yahweh) que afetou
diretamente a religião israelita. Suas inovações foram
tão audaciosas que até a cópia de um altar da religião
assíria, que ele viu em Damasco, foi trazida para Judá.
Isso não foi tudo! Acaz tirou o altar do Senhor do lugar
devido e o pôs de lado (2Rs 16:14). Pode até parecer
um ato sem importância, mas passava uma mensagem
terrível: o Senhor não tem mais o primeiro lugar aqui!
O paganismo assírio levou Judá inevitavelmente a des-
considerar a aliança que havia feito como Senhor. Que
lástima!

MIQUÉIAS – UM POUCO DO CONTEXTO SOCIAL


A estrutura social da vida do povo de Deus não era
mais a mesma da época dos juízes, em que eles viviam
no sistema tribal. Uma das principais características deste
período é que as tribos eram verdadeiros grupos autôno-
mos que estavam ligados entre si por uma linhagem de
sangue, oriunda do cabeça da família.94 Ou seja, “toda a
organização social do deserto se resume em uma árvore
genealógica”.95
Simplificando, a estrutura social desta época dava-
-se assim:

94 VAUX, Roland. Instituições de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida


Nova, 2004, p. 23-27.
95 VAUX, Roland. Op. cit., p..23.

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Tribo
Clã
Família

Esta mudança criou marcas profundas na vida ou


no estilo de vida do povo. A agricultura e a pecuária que
antes serviam apenas para sustento das famílias, agora
teriam de suprir as necessidades de um rei (incluindo
palácio, súditos, servos, etc.) e da nação. O Estado se
sobressaía à família. O pequeno lavrador, por exemplo,
teria que sustentar esta estrutura com o pagamento de
impostos. Não demorou muito e a sociedade israelita
pós-tribal se viu em apuros devido às flagrantes injus-
tiças.
O pequeno lavrador, cujo estado econômico era,
quando muito, marginal, achava-se frequentemente nas
garras de usurários e, à menor calamidade – uma seca,
a perda de uma colheita (cf. Am 4:6-9) – ficava sujeito à
execução da hipoteca e à evicção, quando não ao traba-
lho escravo. O sistema, que já era por si mesmo severo,
tornava-se cada vez mais cruel em virtude da ganância
dos ricos, que se aproveitavam sem a menor consciên-
cia do estado de miséria dos pobres para ampliar suas
posses, frequentemente recorrendo às práticas mais ilí-
citas como falsificação de peso e medidas e a vários
subterfúgios legais para conseguir os seus fins (cf. Am
2:6ss; 5:11; 8:4-6).96
Em meio a tudo isso ainda pesava o fato de que os
necessitados não tinham a quem recorrer, pois, os chefes
96 BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo: Paulus, 2003, p. 316.

122 Estudos Bíblicos


do povo que deviam exercer a justiça não o faziam. Não
é à toa que o Senhor fala em tom irônico pela boca do
profeta: “Ouvi, agora, vós, cabeças de Jacó, chefes da
casa de Israel: Não é a vós outros que pertence saber
o juízo?” (3:1-4). A nova estrutura acabou favorecendo
a fartura de uns e a escassez da maioria. Ao se com-
portar dessa forma, os líderes demonstravam o quanto
os antigos laços tribais, que antes fortaleciam, davam
estabilidade e equilíbrio ao grupo, tinham se rompido.
Contra este terrível pano de fundo reluz um dos textos
mais conhecidos do profeta Miquéias: “Ele te declarou,
ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de
ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia e andes
humildemente com o teu Deus” (6:8). Socialmente a
vida do povo estava se desintegrando. Não mais com-
promisso com os mandamentos, não havia mais com-
promisso com Deus.

MIQUÉIAS – UM POUCO DO CONTEXTO RELIGIOSO

Um dos temas centrais de Miquéias é o combate


ao mero formalismo religioso. O verdadeiro fiel deve
viver como tal. A degradação da vida social do povo
acompanhou a degradação da vida religiosa. O irônico
é que a degradação da vida religiosa não foi marcada
pela ausência do exercício da própria religião. Muito pelo
contrário. Antes de ser destruído por Nabucodonosor, o
Templo sempre esteve em pleno funcionamento, com
o sistema sacrifical a todo vapor. Se o povo tinha seus
símbolos de fé, que o próprio Senhor instituiu, então de
que reclamava o profeta Miquéias (e também os profetas
Oséias, Amós, Isaias e Jeremias)? Miquéias reclamava
de uma religião diluída, e que só matinha as aparências.
Ele denunciou, por exemplo, a confiança absurda que os

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sacerdotes, profetas e o povo depositavam nos ritos e
sacrifícios (cf. 6:6,7).
Antes fosse apenas isso. A interação com os outros
povos trouxe muito mais do que interação social, trouxe
também interação religiosa. A sociedade israelita trouxe
elementos do culto a Baal para dentro do culto ao Senhor.
As narrativas bíblicas revelam-nos que o baalismo nunca
foi expurgado totalmente. O resultado foi uma mistura
entre o monoteísmo e o paganismo. Na cabeça dos líde-
res religiosos, independente de qualquer coisa, bastava
manter os rituais funcionando. Acontecesse o que acon-
tecesse, os rituais deviam ser mantidos (cf. Am 4:4,5).
De fato, o Senhor havia ordenado e regulado o
funcionamento do sistema de sacrifícios e ofertas. Por
anos eles vinham fazendo aquilo. A questão, no entanto,
é que em tempos de insensibilidade espiritual o povo
de Deus perde o senso crítico. Os conterrâneos de
Miquéias haviam se esquecido das palavras de Samuel
“Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaus-
tos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do
SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrifi-
car, e o atender melhor é do que o gordura de carneiros”.
(1Sm 15:22). Eles perderam de vista a linha que separa
o certo do errado. Como disse Isaías: “Ai dos que ao mal
chamam bem e ao bem, mas; que fazem da escuridade
luz e da luz escuridade; põe o amargo por doce e o doce,
por amargo!” (Is 5:20).
Qualquer teologia que facilite nosso pecado não
é uma teologia bíblica. Se os governantes, profetas e
sacerdotes tivessem lido e meditado sobre Levítico 26 e
Deuteronômio 28 a 30, teriam descoberto que o Deus da
aliança é um Deus santo que não tolera o pecado arro-
gante. Também teriam visto que as bênçãos da aliança

124 Estudos Bíblicos


dependiam da obediência deles às condições da aliança
e que Deus castiga seu povo quando desobedece.97
O estilo de vida do povo era marcado por idola-
tria e prostituição (1:7), cobiça (2:1-2), profecias sob
pretexto de algum lucro (3:5), perversão do direito e da
justiça (3:9-11), feitiçaria (5:12), acúmulo de riquezas
ilícitas (6:10), pesos e medidas alterados para favore-
cer os ambiciosos (6:11), propagação da mentira (6:12),
conivência com maus exemplos (6:16), quebra do man-
damento relacionado à família (7:6). Apesar de, na ava-
liação de Deus, e de seu profeta, a vida religiosa estar
em profundo declínio, a atmosfera era de otimismo. Na
época de Miquéias a religião estatal tinha seu santuá-
rio abastecido com o melhor da terra e do gado. A vida
seguia o curso normal. E, ao que parece, pelo menos no
entender da nação, a vida seguia seu curso sempre em
direção ao cumprimento das promessas do Senhor.
O povo só não conseguia enxergar que, em tempos
de infidelidade, Deus tem todo direito de suspender o
cumprimento daquelas promessas que falavam de um
futuro glorioso para a nação. Miquéias não foi o único
a confrontar esta falsa expectativa. Amós também: “Ai
de vós que desejais o Dia do Senhor! Para que desejais
o Dia do Senhor? É dia de trevas e não de luz” (5:18).
Se o coração do povo não era mais íntegro para com o
Senhor, então porque continuar com os ritos sagrados?
(6:6,7).

MIQUÉIAS
AS PROFECIAS DE ESPERANÇA E RESTAURAÇÃO
Sob o amplo contexto que foi exposto até aqui,
não tinha como o Senhor não trazer juízo sobre aquela
nação. Para que seu próprio senso de justiça não ficasse

97 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 490.

www.ib7.org 125
invalidado, o Senhor deveria disciplinar seu povo. Esta
disciplina, que veio em forma de cativeiro, não era sinal
da falta de amor. Antes, o Senhor só estava fazendo isso
porque os amava muito. Como prova disso o próprio
Miquéias trouxe em meio às profecias de julgamento,
profecias de esperança para os judeus.
Primeiro Deus promete exaltar e estabelecer
Jerusalém novamente (3:12 – 4:1). Também prometeu
fazer de Jerusalém um centro de reuniões universal,
para onde se direcionariam todas as nações (4:2-13).
A partir do “monte do Senhor” serão disseminados os
ensinamentos doutrinários e éticos para os povos. Por
fim, dentre as profecias de esperança, eis a mais impor-
tante: um novo rei, o Messias de Belém. Sua cidade de
origem não foi classifica como cidade muito importante
(5:2). Isto revela uma inversão de expectativa. Talvez
não fosse de se esperar que um grande líder viesse de
uma “cidadezinha do interior”. Mas, apesar disso, Belém
era memorável. Pois de lá veio Davi (o rei-referência de
algumas profecias isto é, o ideal davídico). Outra coisa
importante é mencionada nesta profecia de Miquéias
sobre o futuro rei. Suas origens “... são desde os tempos
antigos, desde os dias da eternidade” (5:2).98
No meu parecer isso faz um contrabalanço interes-
sante em relação à pequenez da cidade de Belém. É
possível que Miquéias tenha utilizado um elemento de
reversão em seu discurso poético-profético. Ou seja, a
cidade pode ser pequena, mas sua linhagem é longa o

98 Somos tentados a ver a pré-existência ou a existência pré-encarnada de Jesus


aqui. Porém, precisamos considerar o texto dentro do contexto do próprio profeta.
Sabemos que ele recebeu uma profecia de Deus. Mas não podemos garantir que
ele estava a par de todos os detalhes desta profecia. Por exemplo, ele não sabia
da época ou do dia em que a pessoa do messias surgiria. Uma questão gramatical
importante que pode ser ressaltada aqui é que o termo usado para “tempos antigos,
desde os dias da eternidade”. Ambas as expressões no português vem de uma só
frase no hebraico qedem ‘ôlam. O termo ‘ôlam às vezes tem o significado de tempo
sem fim como é o caso do Sl 41:13. Porém em outros textos você encontra o sentido
de um tempo determinado, com é o caso de 1 Sm 27:12.

126 Estudos Bíblicos


suficiente para corroborar com as promessas mais anti-
gas (p. ex. como a que remonta até Abrão e Sarai – Gn
17:6). Quanto a isso “não se afirma uma existência pré-
-mundana, mas, sim, uma origem em tempos imemo-
riais”. 99
Sob seu comando estão reservados tempos de
paz. Seu reinado trará uma era sem precedentes sobre
o povo de Deus. Este rei também trará um caráter pasto-
ral em sua missão governamental. Ele “... apascentará o
povo na força do Senhor” (5:4). Sem sombra de dúvidas,
o Israel disperso será o Israel trazido de volta (2:12,13).
O poderio militar do povo será semelhante a “chifres de
bronze” e “unhas de ferro” (4:13). Sob a aurora deste
novo governo, uma liderança suficiente e capaz será
levantada para derrotar os inimigos (5:5,6). O povo de
Jacó será imensamente multiplicado (5:7,8).

CONCLUSÃO

A presença da Lei e dos sinais da aliança como


constituição nacional não significou que isso fazia de
Israel um povo automaticamente mais santo e obe-
diente. Para que isso acontecesse, era necessário prati-
car a lei mediante o aprofundamento do relacionamento
com Deus. É indigerível saber que uma nação como a
israelita, criada por Deus para atender aos propósitos
dele, destoou tanto de sua vocação. O afastamento de
Deus gera descaracterização do chamado e dos frutos
que ele pode gerar. Isso ainda é uma realidade. É bem
verdade que as profecias de Miquéias foram dadas para
um contexto específico. Contudo, muita coisa ainda tem
similaridade com nossa época com relação àquilo que
ele denunciou.
99 KAISER JR, Walter C. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova,
2007, p. 211.

www.ib7.org 127
Em nossos dias o Brasil é considerado um país
cristão. E como tal, ainda revela em nosso tempo um
quadro tão aterrador de pobreza, desequilíbrio social,
exploração ilícita dos bens públicos, favorecimento aos
membros do alto escalão etc. E não adianta colocar a
culpa apenas nos governantes, pois a realidade tem
mostrado que os valores na instituição mais básica da
sociedade (ou do Estado), a família, têm declinado bas-
tante. Talvez isso soe ofensivo, mas temos que amar-
gamente admitir que o comportamento de alguns indi-
víduos da população civil é parecido com o caráter da
classe política governante.
Quanto ao cenário religioso, temos material crítico
de sobra circulando pelos principais meios de comunica-
ção, falando horrores dos cristãos (o que inclui os evan-
gélicos também). Quantas notícias de pastores e outros
líderes envolvidos em roubos, golpes, pedofilia, manipu-
lação da fé das pessoas visando o lucro financeiro. Será
que Jesus também não chamaria hoje alguns locais de
adoração de “covil de salteadores”?
É claro que nem todos são assim. Prefiro encerrar
este estudo afirmando que nem tudo está perdido. Ainda
existem pessoas honestas, sinceras e dignas de cré-
dito. É possível encontrar marcas da bondade de Deus
em pessoas e na política das instituições que lideram.
Quanto à fé cristã, digo que o Senhor tem mantido um
remanescente fiel ao longo das eras. Estarão continua-
mente com suas “vestiduras brancas”, marca indelével
de quem foi banhado pelo sangue do Cordeiro de Deus.
Por mais que o mal se perpetue e mostre sua face mais
negra, devemos fazer a seguinte profissão de fé: “Eu,
porém, olharei para o Senhor e esperarei no Deus de
minha salvação; o meu Deus me ouvirá” (Mq 7:7).
São poucas as passagens das Escrituras que
contêm tanta “teologia instilada” quanto Miquéias 7:18-

128 Estudos Bíblicos


20. Nelas vemos um reflexo do que Deus disse a Moisés
no Sinai (Êx 34:5-7). Quanto mais conhecemos o cará-
ter de Deus, mais podemos confiar nele para o futuro.
Quanto mais conhecemos as promessas e alianças
de Deus, mais paz teremos em nosso coração quando
as coisas se desintegrarem ao nosso redor. Quando
Miquéias escreveu essa confissão de fé, parecia não
haver esperança alguma para o futuro e, no entanto, para
o profeta havia esperança, pois ele conhecia a Deus e
confiava inteiramente nele. Não importa quão escuro
seja o dia, a luz das promessas de Deus continua a bri-
lhar. Não importa quão confusas e assustadoras sejam
as circunstâncias, o caráter de Deus é o mesmo. Você
tem motivos de sobra para confiar nele!

PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE

1) Que informações temos sobre Miquéias? Em que


época ele exerceu seu ministério? Há alguma relação
entre o significado do nome de Miquéias com o contexto
do livro? (1:1-2)
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
2) Uma das principais ênfases teológicas de Miquéias
estava relacionada à prática da justiça. Porque ele enfa-
tizou isso? O que acontecia em sua época? (Cap. 2-3)
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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3) Se os mandamentos e ordenanças eram a vontade de
Deus, então por que o Senhor não estava contente com
o serviço de adoração? (6:6,7)
____________________________________________________
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4) É possível que a mudança na estrutura social do estilo
de vida tribal para o monárquico tenha gerado implica-
ções profundas? Por que você acha isso?
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5) Como o público de Miquéias, provavelmente, interpre-
tou a profecia que falava de um rei-messias? (Cap. 5)
____________________________________________________
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____________________________________________________
6) Que outro ponto de aplicação você consegue trazer
para nossos dias, que não foi mencionada na conclu-
são?
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130 Estudos Bíblicos


MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS
Christiano Daniel Fritzen

Domingo – Gênesis 18:20


Antes de destruir Sodoma e Gomorra, Deus avisou
e ainda mandou “espiões” para ver se tudo era verdade
mesmo. É claro que Deus já sabia o que acontecia lá,
mas ele queria que ficasse provado que não foi por falta
de aviso que os povos dessas duas cidades sofreram
severa punição. De acordo com Judas 7, o pecado dali
era o homossexualismo, mas alguns profetas se referem
a várias desordens sociais, injustiças (Is 1:10-17; 3:9),
adultério, mentira e estímulo à maldade (Jr 23:14), além
de orgulho, vida fácil e falta de ajuda aos necessitados
(Ez 16:49). Note a semelhança com os dias atuais. Deus
tolerou por um tempo, avisou e finalmente eliminou o
mal. Ele logo voltará a fazer isso, mas agora de maneira
permanente e definitiva, além de não ser em apenas
duas cidades. Precisamos vigiar, orar e avisar o mundo!

Segunda-feira – Salmos 18:25,26


Certamente uma das grandes aflições cristãs
mundo afora é ver tanta coisa errada, deturpada e má
acontecendo, sem muitas vezes poder fazer nada e
sentir que Deus “demora” em agir. No primeiro trimestre
deste ano, nós estudamos um pouco do livro do Apoca-
lipse e vimos que, na hora certa, o Senhor Deus rece-
berá a todos os habitantes da terra e agirá conforme os
versículos lidos hoje, benignamente com seus servos
bons e fiéis e encaminhando os ímpios para um castigo
eterno. Na minha versão bíblica, está escrito que com
o perverso se mostrará “indomável” e imediatamente

www.ib7.org 131
lembrei-me do verso que Deus diz: “Agindo eu, quem
impedirá?” (Is 43:13). Quando Javé fizer a sua justiça,
ninguém conseguirá impedir nem distorcê-la.

Terça-feira – Isaías 1:9


No início do livro do profeta Isaías, Deus faz juízos
ao povo que se desviou por completo e que estaria con-
denado, não fosse uma promessa divina feita a Abraão.
Deste modo, ao invés de um final idêntico ao de Sodoma
e Gomorra, o povo hebreu foi levado cativo para o exílio e
assim se preservou para depois se reaproximar de Deus
e se tornar nação novamente, vindo desta nação, anos
depois, o Messias. E este mesmo Messias um dia voltará
para executar o seu juízo, pleno, perfeito e preservará os
santos num lugar onde Satanás não mais nos tentará a
desvios, pois estará eliminado, ele e seus seguidores e
estes, sem deixar remanescentes. O bem triunfará!

Quarta-feira – Ezequiel 14:13


Perceba que cada vez mais as pessoas procuram
se afastar de Deus e cada vez mais o mundo fica mais
aflito. Não, não é coincidência. As pessoas fazem cha-
cota do cristianismo e ignoram por completo os manda-
mentos e andam cada vez mais perdidas sofrendo com o
estresse, a depressão e diversos males do mundo. Não
sabem o que fazer, mas quando lhes anunciam a Cristo,
têm segurança em negá-lo. Enquanto o conhecimento
progride e a humanidade vai achando que pode andar
por si só, a moralidade e o amor diminuem. E isso será
cada vez mais forte, como já foi anunciado por profetas e
por Jesus. Serão as dores do parto antes do juízo divino
e do estabelecimento do Reino definitivo de Deus.

132 Estudos Bíblicos


Quinta-feira – Mateus 11:23,24
Que advertência esta de Cristo! Certamente os
moradores de Cafarnaum conheciam a história das cida-
des queimadas com fogo e enxofre vindos diretamente
dos céus. Apesar dos sinais e maravilhas ocorridos ali,
eles ainda teimavam em acreditar. No livro “Não tenho
fé suficiente para ser ateu”, os autores relatam sobre
cientistas que não admitem outra teoria além da evolu-
ção simplesmente para excluir a Deus e não porque eles
tenham alguma prova evolucionista.100 E na nossa vida
cristã, quantas vezes nós vemos Deus agindo em nossa
vida, presenciamos fatos impressionantes, testemunhos
emocionantes, mas ao sairmos do templo, vivemos uma
vida “normal”? Certamente, este aviso do mestre Jesus
não serve apenas para a cidade de Cafarnaum.

Sexta-feira – Romanos 11:22


Permanecer nos caminhos de Deus não é uma
tarefa fácil e, aos olhos do mundo, nem recompensadora.
Mas acredite que depois deste longo caminho veremos
a plenitude da bondade divina. O próprio apóstolo Paulo,
que escreveu esta epístola aos romanos, disse em outra
carta que havia completado a corrida, guardado a fé e
que a ele estava reservada a coroa (2Tm 4:7-8). Mas
este é o final feliz para os que seguirem o conselho e
exemplo de Paulo. O lado triste da história é que muitos
não seguirão este caminho, desviar-se-ão, tornando-se
adversários de Deus e o que restará a eles é uma expec-
tação horrível devido aos seus pecados (Hb 10:26-27).
Podemos escolher. Ainda há tempo, mas não muito.

100 GEISLER, Norman; TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São
Paulo: Vida Acadêmica, 2010, p. 83, 120.

www.ib7.org 133
Sábado – Mateus 10:12-15
Perceba que nestes versículos não se diz para
forçar uma pessoa a receber a Palavra, nem xingá-la
caso ela não aceite, mas simplesmente diz que a paz
torne aos discípulos. Muitas vezes ficamos tristes quando
somos motivo de chacotas, injustiças ou até agressões
físicas ou verbais quando falamos de Cristo e corremos
risco de “perder a linha”. Se seguirmos a leitura de hoje
ao versículo 16 veremos que o Mestre nos aconselha a
prudência. Ele sabe que teremos dificuldades em nosso
caminho e que muitos procurarão nos desviar e intimi-
dar. Ele sabe que diversas pessoas procuram apenas
fazer o mal e nos pede que o deixemos executar sua
justiça, que não falhará. O amor de Deus é infinito, mas
sua paciência com quem se opõe ao seu Reino não.

134 Estudos Bíblicos


NAUM

8 O LIMITE DA
TOLERÂNCIA DIVINA
23 de Agosto de 2014
Pr. Alfredo Oliveira Silva

TEXTO BÁSICO:
“O SENHOR é muito paciente, mas o seu
poder é imenso; o SENHOR não deixará impune
o culpado. O seu caminho está no vendaval e na
tempestade, e as nuvens são a poeira de seus
pés”. (Na 1:3, NVI)

INTRODUÇÃO
Estudar os profetas do Antigo Testamento é viajar
no tempo para um encontro com homens extraordiná-
rios que obedeceram ao Senhor de maneira radical, em
ambientes, em sua maioria, hostis.
No cenário em que viveram os profetas prevalecia
a injustiça social, corrupção política e legalismo religioso.
Não raras vezes estudiosos se referem aos profetas
como “nossos contemporâneos”, em uma clara alusão à
semelhança do contexto em que vivemos, com os con-
textos originais da mensagem profética. Assim sendo,
estudar os profetas é uma redescoberta de uma das
dimensões do que é ser Igreja, observando o ambiente
em que se vive, comparando-o com a vontade revelada
de Deus em sua santa Palavra.
Onde se verificar injustiça social, corrupção polí-
tica e legalismo religioso, aí se faz necessário ouvir mais
uma vez a mensagem profética, e assumir o papel de
arauto das verdades de Deus.
O fato de alguém ser nomeado entre os profetas
o coloca como partícipe de um evento conhecido como

www.ib7.org 135
“O fenômeno do profetismo”101, um capítulo especial no
estudo da Bíblia Sagrada, e que é bastante diferente da
compreensão popular sobre profetas e profecias, que
atualmente limita-se a um aspecto reducionista e mera-
mente preditivo, enquanto os profetas bíblicos tinham
uma função de denúncia das injustiças onde quer que
elas se apresentassem.
Nesta lição trataremos sobre o livro do profeta
Naum, que tem sido tradicionalmente classificado como
um dos profetas menores, e também um profeta pré-
-exílico, isto é, exerceu seu ministério antes do cativeiro
babilônico.

AUTORIA, DATA E LOCAL

O texto oferece testemunho interno que o atribui a


Naum, o elcosita, personagem não referido em nenhum
outro lugar das Escrituras Sagradas. A sua origem,
Élcos, também permanece uma incógnita sendo difí-
cil precisar a localização, havendo apenas suposições.
Entretanto, não vemos obstáculo, especialmente se nos
lembrarmos da distinção feita por Brown entre “autor” e
“escritor”, quando o autor é aquele a quem ele considera
como pai das ideias, enquanto o escritor seria o redator
do texto. No caso da Profecia de Naum, podemos afir-
mar com tranquilidade que Naum foi o escritor e Deus
mesmo é o autor.
Com relação à datação, podemos afirmar que o
livro de Naum é suscetível de ser datado dentro dos limi-
tes de meio século. De pesquisas arqueológicas sabe-
-se que Nínive caiu em 612 A.C. A predição de Naum foi

101 Cf. COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Uma visão geral do profetismo. Disponível
em: <http://www.isaltino.com.br/2001/07/uma-visao-geral-do-profetismo>. Acessado
em: 16 nov. 2013. E, REIMER, Haroldo. O fenômeno do profetismo. Disponível em:
<http://www.haroldoreimer.pro.br/pdf/O_fenomeno_do_Profetismo.pdf>. Acessado
em: 16 nov. 2013.

136 Estudos Bíblicos


escrita provavelmente um pouco antes da destruição da
cidade. Além disso, em 3:8 o profeta menciona o cativeiro
de Nô (Nô-Amom ou Tebas, a capital do Egito Superior)
como acontecimento histórico. Assurbanipal da Assíria
(668-626 A.C.) efetuou a tomada da cidade egípcia no
ano de 663 A.C. Portanto, o livro pode ser datado entre
663 A.C. e 612 A.C., provavelmente mais próximo desta
última data.102
O nome do profeta significa “cheio de consolo”, for-
mado pela palavra hebraica similar a outras que signi-
ficam “cheio de graça” e “cheio de compaixão”. Certos
estudiosos não veem a conveniência desta designação,
visto que Naum proclama uma mensagem de destruição
e devastação. Mas um exame mais detido revela que
a natureza de sua profecia está no cerne do consolo –
para o povo de Deus.103
A profecia de Naum, a exemplo de outros textos
canônicos – inclusive outros seis profetas menores –,
não tem preocupação com precisão cronológica, e sim
com fidelidade à mensagem revelada por Deus ao seu
Profeta.104 Isto posto, consideremos o teor do livro, divi-
dido em três capítulos.

DEUS O JUSTO JUIZ

A profecia de Naum se inicia com uma sentença


sendo proferida, “Sentença contra Nínive, livro da visão
de Naum o elcosita.” (1:1). Estes termos encerram uma
afirmação pesada, que trará no seu cumprimento sofri-

102 PFEIFFER, Charles F. Comentário bíblico Moody: Gênesis a Malaquias, v. 1.


São Paulo: Imprensa Batista Regular, 2010, p. 2068.
103 DUNNING, H. Ray. O livro de Naum. In: Comentário bíblico Beacon, v. 5. Rio de
Janeiro: CPAD, 2005, p. 203.
104 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Os profetas menores (II): Miquéias, Naum,
Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. Rio de Janeiro: JUERP, 2002, p.
58.

www.ib7.org 137
mento, dor e destruição para Nínive, a capital do pode-
roso Império Assírio que aconteceria em 612 A.C.105
Nínive era uma das mais antigas cidades do mundo,
seu fundador foi Ninrode (Gn 10:11), e junto com a Babi-
lônia representou uma das maiores ameaças ao povo
de Deus no Antigo Testamento.106 Nínive era a capital
de uma potência que dominou e aterrorizou o mundo – o
Império Assírio –, sendo proverbial a crueldade dos assí-
rios para com os povos dominados. A profecia de Naum
começa com afirmações impactantes sobre Deus, o juiz
que julgará os atos de Nínive. A figura do juiz evoca a
justiça e, para que ela seja executada, é imprescindível
que o juiz tenha autonomia e não possa ser intimidado
ou corrompido. Deus não depende de Nínive, não pode
ser intimidado ou corrompido por ela. O Juiz é justo e a
justiça virá.
Nínive era bem protegida. A cidade media 48 km de
extensão por 16 de largura, sendo protegida por cinco
muralhas e três fossos. A chamada “Nínive interior”, que
era a capital propriamente dita, media quase 5 km de
largura por 2,5 de largura, protegida por muralhas de
30,5 metros de altura, o equivalente a um prédio de nove
andares, hoje. Para que se tenha uma ideia da grandeza
da cidade, seus muros eram tão largos que três carros
podiam andar lado a lado sobre eles. Suas paredes eram
fortificadas com 1.500 torres, cada um com 61 metros
de altura. Com base num levantamento trigonométrico,
a área total foi calculada em 900 km2 – comparável à da
moderna Londres!107
A mensagem de Naum traz, por um lado, a ira e a
justiça, e por outro, misericórdia e graça. Deus é justo
juiz, e seu juízo será executado sobre todos. A crueldade

105 Coelho Filho, Isaltino Gomes. Op. cit., p. 58.


106 Coelho Filho, Isaltino Gomes. Op. cit., p. 58, 59.
107 BAXTER, J. Examinai as Escrituras, v. 3. São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 228.

138 Estudos Bíblicos


da cidade de Nínive será punida, e o clamor dos oprimi-
dos será ouvido.
Entre os muitos atributos de Deus está a justiça;.
Na profecia de Jeremias lemos: “Eis que vêm dias, diz
o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo;
e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o
juízo e a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo,
e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que
será chamado: SENHOR, Justiça Nossa.” (Jr 23:5, 6).
E esse Senhor, o justo juiz, estava se levantando para
julgar Nínive, continua julgando e por fim se levantará
para julgar toda a terra (Cf. Sl 7:8; 97; Rm 2:16).
O capítulo primeiro descreve o poder de Deus que
atuará defendendo os oprimidos pela metrópole assíria,
e sobre ela executará seu juízo.
O Senhor é justo e juiz, e ele sempre executa seus
juízos. Em um contexto de justiça morosa e por vezes
acusada de parcialidade, a lembrança de que Deus é
um Justo Juiz deve confortar, e confrontar, o Seu povo, e
despertá-lo para a busca de uma vida justa em todas as
esferas, e para a promoção da justiça, o que será feito à
medida que a Igreja exerça sua voz profética.

DEUS JULGA NÍNIVE

O capítulo dois se inicia descrevendo a cidade de


Nínive, e anuncia: “Está decretado: a cidade-rainha está
despida elevada em cativeiro, as suas servas gemem
como pombas e batem no peito. Nínive, desde que existe,
tem sido como um açude de águas; mas, agora, fogem.
Parai! Parai! Clama-se; mas ninguém se volta.” (vv. 7, 8).
Defender a cidade seria impossível, pois a destruição
inevitável estava a caminho por um decreto divino, e a
Deus ninguém pode se opor. O opressor – Nínive – seria
destruído e o oprimido – Judá – seria reerguido.

www.ib7.org 139
Por mais poderosa que fosse Nínive, por maiores
que fossem as suas conquistas, e por mais terror que ela
espalhasse, essa situação não ficaria impune. Deus jul-
garia a temível cidade, ela não poderia resisti-lo. Aquela
que fazia tremer as nações sequer seria ouvida, o Senhor
dos Exércitos estava contra ela. Seu palácio seria des-
truído (2:6), seu povo seria levado cativo (2:7), ou fugi-
ria aterrorizado (2:8), suas riquezas seriam saqueadas
(2:9), sua autoestima cairia (2:10). Deus julgaria Nínive e
toda a sua soberba e arrogância. Eis a terrível sentença:
“Eis que eu estou contra ti, diz o SENHOR dos Exércitos;
queimarei na fumaça os teus carros, a espada devorará
os teus leõezinhos, arrancarei da terra a tua presa, e
já não se ouvirá a voz dos teus embaixadores” (2:13).
Aquela a quem ninguém conseguia se opor, e a todos
dominava cruelmente, agora tinha contra si o Senhor do
Universo, que sobre ela aplicará o seu juízo.
Não é de se admirar que Deus anunciou: “Eis que
eu estou contra ti” (2:13). Mais de um século antes, o
Senhor havia enviado Jonas para advertir o povo de
Nínive, e quando a cidade se arrependeu, retirou seu jul-
gamento. Contudo, o tempo dos ninivitas havia se esgo-
tado e era chegado o fim. A Assíria seria deixada sem
armas, sem líderes e sem vitórias a serem anunciadas
por seus mensageiros. Deus julgou Nínive no passado,
e julga os opressores em todos os tempos, nenhuma
injustiça deixa de ser ponderada no julgamento divino
(Ec 12:14). Por mais que aos olhos humanos pareça
tardar a justiça, por mais que a justiça humana falhe,
o julgamento de Deus é certo, justo e sempre vem no
tempo certo, o tempo de Deus.108
Em meio às dificuldades, sofrimentos e dores, os
servos e servas do Senhor que estão sendo oprimidos
108 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento. Vol. 5.
Santo André, SP: Geográfica editora, 2006, p. 505.

140 Estudos Bíblicos


devem lembra-se que o “... socorro vem do SENHOR,
que fez o céu e a terra” (Sl 121:2). Esta bendita espe-
rança e gloriosa certeza renovarão as forças daque-
les que elevarem os olhos para o socorro que vem do
Senhor.

DEUS PUNE NÍNIVE

O capítulo três da Profecia de Naum é um alerta


para todos os que agem injustamente: a punição do
Senhor é certa, e o seu juízo é inescapável. A severa
punição de Nínive pode ser esboçada da seguinte forma:
1.Lista dos pecados (3:1-4). Ao julgar, Deus o faz
de forma justa e lista os pecados da cruel cidade. O jul-
gamento de Deus não é genérico, é específico. Nada é
desconsiderado, ou esquecido, pelo justo juiz.
2. A punição é descrita (3:5-18). As consequ-
ências das ações serão sentidas, e uma das leis de
Newton afirma que “a toda ação há sempre uma reação
oposta e de igual intensidade”. A crueldade de Nínive
foi uma ação de uma sociedade pecadora e perversa e
teve como reação a punição divina, vista por alguns com
muita severa; tratam-se das justas consequências dos
atos pecaminosos.
3. A comemoração dos oprimidos (3:19). Quando
o opressor cai, os oprimidos celebram, e a celebração
deve ser porque a justiça foi feita e a liberdade alcan-
çada; deve-se evitar qualquer desejo de vingança, ou
mesmo o oprimido ter como meta se tornar o opressor.
O capítulo três encerra a profecia de forma com-
pleta ao listar a causa do juízo, nomeando os pecados
de Nínive; ao descrever a aplicação da justa punição e
ao registrar a reação aliviada daqueles que foram vitimi-
zados por Nínive. Em um mundo injusto e cruel, a jus-
tiça de Deus intervém para por termo à situação. Nem
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sempre o juízo sobre os opressores vem quando os opri-
midos desejam, mas a sua vinda será inevitável.

CONCLUSÃO

A profecia de Naum traz um relato grave da aplica-


ção do juízo de Deus. Conquanto a mensagem do Cris-
tianismo enfatize a sua maravilhosa graça, celebrada em
tantas canções, a mensagem da graça salvadora não
pode prescindir do anúncio do juízo divino. A graça se
manifesta paralelamente ao juízo divino. Consideremos o
ensino do apóstolo Paulo registrado aos Romanos: “Pois
todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justi-
ficados gratuitamente, por sua graça, mediante a reden-
ção que há em Cristo Jesus.” (Rm 3:23, 24); e: “Porque
o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de
Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
(Rm 6:23).
A manifestação da graça salvadora ocorre no
ambiente de julgamento do pecado, que tem a morte
como consequência. Estas verdades permeiam toda
a Bíblia. Naum nos mostra que Deus é tardio em irar-
-se, mas mostra também que a retribuição aos pecados,
caso não haja uma mudança real de atitudes por meio
do arrependimento, é dada no momento certo. Sua mise-
ricórdia não pode ser interpretada como uma concessão
ao pecado, mas como uma oportunidade a uma vida de
retidão e quebrantamento.
A profecia de Naum é um alerta que a tolerância
divina tem limites, e quando ela acaba, o julgamento é efe-
tuado. A vida humana não pode ser vivida sem levar em
conta de que há um Deus justo, que não tolera a injustiça.

142 Estudos Bíblicos


PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE

1. Que informações dispomos sobre o Profeta Naum? A


quem ele profetizou? (1:1)

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2. Qual a mensagem ele apresenta no primeiro capítulo?

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3. Que advertência séria é apresentada nos capítulos
dois e três?

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4. Como o tempo em que vivemos se assemelha ao
tempo do profeta Naum? Qual a importância de estudar-
mos os profetas na atualidade?

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5. Você compreende Deus como juiz? Como essa com-
preensão influencia sua maneira de viver?

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6. Nínive foi julgada por Deus pelos seus pecados. Quais
os pecados cometidos por nossas cidades hoje?

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7. Qual a relação entre graça e justiça, e como esta rela-
ção influencia nosso dia a dia?

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144 Estudos Bíblicos


MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS
Victória Brites Fajardo

Domingo – 2 Reis 17:23


Acho engraçado como as pessoas insistem em ver
na Bíblia um “deus mau”, quando na verdade ele é um
Pai de amor. Ao ler esse versículo vemos que Deus se
afastou do seu povo e a partir disso acreditamos que
ele assim o fez como uma espécie de vingança, quando
na verdade seu propósito era muito maior. Deus sempre
quis caminhar lado a lado com seu povo, contudo nos
esquecemos de que ele anda em direção à santidade e,
se lermos todo contexto, veremos que Israel insistiu em
andar em direção à desobediência. Foi o povo de Deus
que optou em se afastar do seu senhor, ele sempre
avisou através dos seus servos das consequências do
pecado. Hoje, ele ainda faz a mesma coisa, avisa-nos.
Mas e nós, fazemos o mesmo que Israel ou teremos
uma história diferente?

Segunda-feira – Sofonias 2:13


Tudo o que Deus promete, ele cumpre. O castigo
que sobreveio a Assíria foi cumprido quando Nínive foi
destruída pela Babilônia, mas a palavra castigo parece
tão pesada, não é mesmo? Certa vez eu ouvi a histó-
ria de uma mãe que estava descansando e ao ouvir os
gritos de sua filha, sai correndo para socorrê-la e, então,
percebe que a menina está sendo picada por abelhas
e começa a enfrentar a “inimiga” de sua filha. A criança
havia pisado sem querer numa colmeia e a mãe então a
salva, cuida de seus ferimentos e dá carinho; Deus faz

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o mesmo conosco e com quem nos maltrata; não temos
um Deus vingativo, mas sim um Pai defensor que luta
pelo nosso bem estar.

Terça-feira – Jeremias 25:5-7


Cultos com apelo de conversão, você sabe o que
é? Em geral, é o momento do apelo quando, após a
palavra, perguntamos se alguém quer entregar seu
caminho a Cristo. Essa ideia é aceitável quando se trata
de alguém que não nasceu em berço cristão ou é “des-
viado”, mas e o povo de Deus, precisa se converter? A
mensagem de conversão foi dada à tribo de Judá, que
sempre fez parte do povo de Deus. Foi para eles que
Deus mandou o “convertei-vos”. Hoje se pregarmos a
conversão dentro de nossas igrejas pode ser motivo de
escândalo, mas por que não examinar nosso coração,
nossos caminhos, nossas ações e sermos sinceros?
Vamos orar para que tenhamos corações, caminhos e
ações de pessoas convertidas a Deus e não convenci-
das a religião ou tradições.

Quarta-feira – Jeremias 25:9


O objetivo de Deus em nossa vida sempre foi
ter um relacionamento conosco, sempre foi nos fazer
aprender o certo, mas existem algumas pessoas que só
aprendem no momento do erro ou do sofrimento. O obje-
tivo de Deus não é nos machucar e sim nos redimir dos
nossos erros. Creio que ele sempre vê algo de reden-
tor nos momentos considerados mais sombrios. Muitas
vezes nos sentimos castigados ou abandonados por ele,
mas no momento que passamos pelos desafios coloca-
dos por Deus para nos fazer crescer, é preciso confiar.
Confiar que o propósito dele não é nos maltratar e sim

146 Estudos Bíblicos


fazer com que nos tornemos pessoas maduras e para
que isso aconteça, ele usa pessoas e as circunstâncias
mais diferentes, caso seja necessário.

Quinta-feira – Jeremias 25:12


O castigo de Deus deve sempre ser entendido como
um favor para seus amados. Quando nosso Senhor vê
um mal arruinando sua criação, seu povo ou seus planos,
ele se coloca logo na defesa dos seus. Quando ele entra
com sua “fúria”, não é uma atitude ódio contra pessoas
e sim como atitude de ódio ao pecado. Depois de toda
iniquidade causada pela Babilônia, depois de todos os
maus tratos ao povo de Deus, chega o momento que
o Altíssimo age em favor dos seus e dá assim início ao
processo de restauração, salvação e justiça. Ele nunca
se esquece de justificar seu povo e todo plano divino
tem um propósito. Por qual motivo hoje temos sido per-
seguidos ou temos sofrido nas mãos dos outros? Eu não
sei responder, mas sei que, no momento certo, o Senhor
entrará com providência!

Sexta-feira – Apocalipse 1:5


Muitas vezes pensamos em Deus como soberano
na igreja, na Bíblia, na nossa vida, na natureza, mas não
nos eventos globais de natureza humana como gover-
nos. Não vamos entrar em discussões políticas ou teoló-
gicas e sim, enfatizar a onipotência de Deus, concedida
a Jesus para colocar seus propósitos acima das inten-
ções humanas. Se achamos grande o poder de um pre-
sidente ou de um rei, por reinar sobre um determinado
território, podemos entender que Deus é infinitamente
mais poderoso, a ponto de começarmos a ver autori-
dades aclamadas se dobrando diante do nosso Cristo.

www.ib7.org 147
Creio que está mais do que na hora de tratarmos como
rei aquele que é Rei sobre tudo e todos.

Sábado – Habacuque 2:20


Você já assistiu aqueles filmes que mostram a
corte? Para entrar na presença do rei, era preciso reve-
rência, porque do seu trono ele julgava e possuía em
suas mãos e cabeça os símbolos de sua autoridade para
governar. Aqueles que estavam com ele em sua corte
se alegravam juntamente nos momentos dos bailes ou
festas, mas no momento do seu pronunciamento todos
se calavam, pois no trono o rei era o juiz. Quando dize-
mos que o Senhor está no templo, afirmamos que ele
está no seu lugar de honra e todos os que perto dele
reconhecem sua majestade e se calam para ouvir as
palavras que o Rei irá proferir. Não importa como o
pecado ou circunstâncias invadam a vida de alguém ou
de um povo, nada sai do controle do Soberano.

148 Estudos Bíblicos


9
HABACUQUE
A SOBERANIA DIVINA
SOBRE AS NAÇÕES
02 de Agosto de 2014 Pr. Renato Sidnei Negri Junior

TEXTO BÁSICO:
“Tu és tão puro de olhos, que não podes ver
o mal e a vexação não podes contemplar, por que,
pois, olhas para os que procedem aleivosamente e
te calas quando o ímpio devora aquele que é mais
justo do que ele?” (Hc 1:13)

INTRODUÇÃO
Vivemos em um mundo cercado pela injustiça,
corrupção e desigualdade social. Por muitas vezes nos
perguntamos: Onde está Deus? Por que o justo perece?
Qual a causa do homem bom desfalecer? Será que o
Senhor está indiferente ao sofrimento da humanidade?
Certas pessoas acreditam que nunca devemos
questionar a Deus, achando até que isso seja pecado.
Mas o livro de Habacuque vai contra essa ideia. Haba-
cuque é único entre os profetas, em que abertamente
questiona a Deus (1:3, 13). O livro está cheio das per-
guntas perplexas do profeta e das sábias respostas divi-
nas. Nem sempre Deus pode nos explicar tudo de forma
satisfatória pelo fato de que nós não somos capazes de
compreender tudo o que ele diz.109
O livro de Habacuque nos ensina que os caminhos
do Senhor são justos e virtuosos e que ele tem poder
para julgar todos os povos, inclusive o seu. Vejamos as
preciosas lições deste livro para nós.

109 RADMACHER, Earl D. O novo comentário bíblico: Antigo Testamento. Rio de


Janeiro: Central Gospel, 2010, p.1374.

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CONTEXTO HISTÓRICO

Nada sabemos acerca da família, da procedência e


da posição social de Habacuque. Seu nome só é citado
duas vezes e apenas no seu próprio livro (1:1; 3:1),
embora sua mensagem tenha tido grande repercussão
no Novo Testamento. O nome Habacuque, segundo os
estudiosos, significa “abraçar”, ou aquele que abraça
outro ou toma-o em seus braços. Assim, Habacuque
abraça o povo e toma-o em seus braços, isto é, conforta-
-o e segura-o, como se abraça uma criança que chora,
acalmando-o com a garantia de que, se Deus quiser,
tempos melhores virão em breve.110 Uma tradição rabí-
nica o apresenta como o filho da mulher sunamita que
Eliseu restaurou à vida (2Rs 4:16-37).111
Outra informação que alguns estudiosos advo-
gam sobre a vida desse homem de Deus é que, por se
apresentar diretamente como profeta (Hc 1:1), ele era
possivelmente membro de alguma Casa ou Escola de
Profetas. Essa instituição funcionava como seminário
e, além de ensinar, arquivava fatos importantes da vida
da nação israelita. Em outras palavras, além de ter o
dom da profecia nos moldes veterotestamentários, tudo
indica que Habacuque era um profeta profissional, isto é,
uma pessoa preparada para exercer a função profética,
diferentemente de boa parte dos profetas canônicos. O
final de seu livro deixa claro que, de alguma forma, ele
era também habilitado oficialmente a participar da litur-
gia do Templo. O termo traduzido em Habacuque 3:19
como “instrumento de corda” é neginoth, que tem em

110 LOPES, Hernandes Dias. Habacuque: como transformar o desespero em cân-


tico de vitória. São Paulo: Hagnos, 2007, p. 13.
111 DUNNING , H. Ray. Habacuque. In Comentário bíblico Beacon, v. 5. Rio de Ja-
neiro: CPAD, 2012, p. 225.

150 Estudos Bíblicos


si a conotação de tanger um instrumento. Esse final do
livro de Habacuque mostra que o capítulo 3 de seu livro
é um arranjo musical feito por ele mesmo. Logo, acre-
dita-se que ele também era um levita.112
A profecia de Habacuque originou-se na profunda
preocupação do profeta pela manifestação da justiça
divina em sua sociedade. A exploração sem precedentes
dos ricos sobre os pobres, a religião e os líderes religio-
sos haviam se corrompidos e os governantes buscavam
a glória passageira em vez do bem-estar do povo.113 A
maioria dos estudiosos concorda que o livro tenha sido
escrito entre 605 e 597 A.C., ao fim do reinado de Josias
e o início do reinado perverso de seu filho Jeoaquim
(2Cr 36:05; Jr 22:13-17).
Conhecer o contexto político-religioso na época
de Habacuque ajuda a explicar porque ele demonstra
tanta revolta contra a injustiça e fica perplexo perante
o comportamento do povo. O profeta tinha presenciado
a reforma espiritual que o rei Josias havia feito no reino
de Judá (2Rs 22-23), o quanto ele havia se esforçado
para restaurar a vida religiosa do Reino do Sul. Haba-
cuque se deixou levar pelo fervor que as reformas ins-
piravam, ele acreditou que finalmente a justiça e a con-
fiança no Deus vivo e verdadeiro haveriam de prevalecer
em Judá. Porém, as reformas haviam tido um resultado
superficial, sem atingir em cheio o coração do povo, que
mal enterrara o seu bom rei, já se entregava de novo
ao paganismo.114 Habacuque não conseguia entender
como tão depressa o povo se esqueceu de Deus. Foi

112 DANIEL, Silas. Habacuque: a vitória da fé em meio ao caos. Rio de Janeiro:


CPAD, 2010, p. 18-19.
113 PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e desenvolvimento no Antigo Testamen-
to. São Paulo: Hagnos, 2008, p.446.
114 DANIEL, Silas e COELHO, Alexandre. Os doze profetas menores. Rio de Ja-
neiro: CPAD, 2012, p.75.

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um período de deterioração espiritual no qual o povo da
aliança perdeu progressivamente o seu caráter único.
Habacuque foi contemporâneo do profeta Jeremias.
Porém, enquanto este se preocupava com o arrependi-
mento do povo, aquele estava concernido com a relu-
tância de Deus em punir o ímpio. Num cenário de guerra
internacional na luta pelo poder entre a Assíria, o Egito
e a Babilônia, o Senhor levantaria uma destas nações
para castigar o povo rebelde de Judá. Tudo estava sob o
controle de Deus. Após a aliança com os medos a Babi-
lônia se torna uma ameaça crescente, derrotando os
assírios e os egípcios. Era a mão do Senhor punindo os
povos. Não demoraria muito para Judá também ser con-
quistada. Os caldeus seriam o instrumento de correção
que Deus usaria para corrigir os seus filhos.

A SITUAÇÃO RELIGIOSA NOS DIAS DE HABACUQUE

A reforma espiritual ocorrida no período do piedoso


rei Josias não teve a profundidade necessária. A reforma
de Josias terminou abruptamente com sua morte em
509, e as sementes de corrupção plantadas por Manas-
sés frutificaram com rapidez sob o reinado de Jeoaquim.
Tão logo o rei Josias morreu, o povo voltou a se rebe-
lar contra Deus e a tapar os ouvidos aos seus profetas.
Jeremias fez ouvir sua voz pelas ruas de Jerusalém, cha-
mando o povo a se humilhar debaixo da poderosa mão
de Deus. Ele confrontou o impiedoso rei Jeoacaz, mas
este lançou o profeta na prisão e queimou os rolos do
Livro. O cálice da ira de Deus foi se enchendo, e chegou
o dia em que ele transbordou. Nesse dia, o rei de Jeru-
salém viu seus filhos serem mortos; ele teve seus olhos

152 Estudos Bíblicos


vazados, e a cidade de Jerusalém foi entregue às mãos
dos caldeus.115
Jerusalém foi entregue às mãos dos caldeus.
O suntuoso templo construído por Salomão virou um
montão de ruínas. A cidade de Jerusalém depois de um
cerco doloroso sucumbiu impotente ao ataque estran-
geiro. Os que morreram à espada foram mais felizes do
que aqueles que morreram de fome dentro dos muros
da cidade de Davi. Os vasos sagrados do templo foram
entregues nas mãos de Nabucodonosor e levados para
o templo de Dagom na Babilônia.
O pecado é o opróbrio das nações. Ele não fica
sem julgamento. Quem não escuta o chamado da graça,
ouvirá a trombeta do juízo. Quem calca aos pés o convite
do arrependimento, sofrerá inevitavelmente a chibata do
juízo.116

CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS

A capacidade literária de Habacuque é vigorosa.


Suas descrições são vívidas, e suas ideias e a forma
como as expressa são tremendamente poéticas. Isso é
reflexo de seu ofício, que reflete claramente seu cará-
ter.117
O livro de Habacuque diferencia-se um pouco dos
demais livros proféticos pelo fato de que os oráculos
revelados a Ele são resultados de questionamentos que
o profeta faz ao Senhor. As respostas de Deus revelam
sua justiça, seu caráter e seu poder. O conteúdo do livro
pode ser estruturado em quatro partes, que são:
1. A primeira queixa e sua resposta. Habacuque
olhou para o mundo e viu violência (1:2-3), iniquidade
115 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 20.
116 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 21.
117 DANIEL, Silas. Op. cit., p. 19.

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opressão e contenda. A lei não era imposta, não havia
proteção para o inocente que era sentenciado como cul-
pado.118 Esse fato fez com que o profeta levantasse o pri-
meiro questionamento. No versículo 2, o profeta começa
usando o verbo “clamar”, que significa simplesmente
“pedir socorro”, mas em seguida diz: “gritar-te-ei”, que no
original significa “clamar com um coração perturbado”.
Ao orar sobre a perversidade em sua nação, Habacuque
foi ficando cada vez mais aflito e se perguntou: Por que
Deus permanecia em silêncio ante a crescente perversi-
dade de Judá? Para Habacuque, parecia que o Senhor
estava inativo e indiferente.
A resposta de Deus manifesta sua onisciência
sobre o mundo. O Senhor revela ao profeta que dentro
em breve o castigo para os ímpios judaístas chegaria.
Deus faria dos caldeus um instrumento em suas mãos
para executar o juízo sobre Judá. A onipotência e sobe-
rania divina sobre as nações se revelariam em tal evento.
O Senhor estava no controle de todos os povos, inclu-
sive dos pagãos.
2. A segunda queixa e sua resposta. Essa
segunda queixa está relacionada com a resposta que
Deus deu à primeira pergunta de Habacuque. O pro-
feta queixou-se de que os babilônicos eram ainda mais
perversos que os judeus. Como poderia um Deus santo
usar um povo tão ímpio como instrumento de justiça?
(v.13). Após questionar, o profeta sobe em uma “torre
vigia” e aguarda a resposta de Deus. A resposta divina
é que o ímpio seria punido sim, tanto os Judeus em pri-
meiro momento quanto os perversos babilônicos em um
futuro não muito distante. Mas o Senhor apresenta uma
esperança – o justo viveria pela fé. O profeta não deveria
preocupar-se tanto, pois somente quem era ímpio have-
118 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p.655.

154 Estudos Bíblicos


ria de sofrer. O justo seria tratado conforme sua justiça,
numa espécie de recompensa retribuída.119
3. Os cinco ais (2:6-20). Os ímpios babilônicos
também não escapariam do julgamento divino. Deus
anunciou a condenação deles em ais proféticos apre-
sentados nesta seção do livro em forma de uma canção
de escárnio, uma forma poética que expressa a alegria
dos perseguidos e sofredores com a morte do tirano.120
Em resumo os cinco ais profetizam a condenação sobre
os que roubam e praticam homicídio (2:6-8), adquirem
lucros injustos para viver uma vida de regalia (2:9-10),
edificam cidades praticando crimes e morte (2:12),
cometem corrupção moral (2:15-18) e àqueles que pra-
ticam a idolatria (2:19).
4. Oração de encerramento e resolução de fé
(3:19). O livro é encerrado com a oração de Habacu-
que em forma de um cântico. Habacuque pressupõe que
reconhecer a Deus e manter-se fiel a ele é a maneira
correta de reagir contra o mal que tem poder de alastrar-
-se e de contaminar. Sua confiança em Deus chega a
ponto de dizer que ainda que uvas (vinho), gado (carne
e leite), azeitonas (óleo e combustível) e trigo faltassem,
ele estaria disposto a alegrar-se em Deus.

ÊNFASES TEOLÓGICAS

O livro de Habacuque, a exemplo de todos os livros


da Bíblia, apresenta alguns pontos teológicos que preci-
sam ser considerados para que possamos compreender

119 SAYÃO, Luiz. O problema do mal no Antigo Testamento: O caso de Habacuque.


São Paulo: Hagnos, 2012, p.129.
120 BÍBLIA. A Bíblia Sagrada: Bíblia de estudo de Genebra. São Paulo: Cultura Cris-
tã, Sociedade Bíblica do Brasil, 2009, p.1181.

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melhor os ensinos de Deus, o seu caráter, sua vontade
e sua soberania:
1. Deus é moral. Os cinco “ais” contra a injus-
tiça mostram isso. A injustiça não se perpetuará no seu
mundo. Ele intervirá no momento adequado. A interven-
ção é súbita, por isso o injusto é sempre mostrado como
sofrendo uma destruição quando menos espera. Isto é
fundamental até mesmo para nós. Há uma moralidade,
há nexo no mundo e na história. Não por eles, mas por
Deus, que sendo moral dá moralidade à sua criação.121
2. Deus é soberano. O fato de Deus usar os Babi-
lônicos como ferramenta em suas mãos demonstra que
todas as nações estão sujeitas a Ele, inclusive as ímpias.
A soberania de Deus sobre os reinos da terra não pode
ser questionada. Todos nós estamos sujeitos à vontade
do Rei dos reis e Senhor dos Senhores. Os planos de
Deus não podem ser frustrados, pois eles são perfeitos
e inatingíveis.
3. O justo vive pela fé. No versículo quatro do
capítulo dois encontramos a frase que foi lema da
Reforma Protestante: “O justo viverá da fé”. O termo tra-
duzido como “fé” em Habacuque vem de “firmeza” e tem
sua raiz no termo hebraico aman, que significa “Firme
até o fim”. Essa é a fé que Deus espera encontrar em
seus filhos. Fé que nos faz permanecer com fidelidade
até o fim, mesmo em meio às adversidades. Neste verso
encontramos o contraste entre o soberbo e o justo. O
soberbo sobrevive da sua arrogância, orgulho e auto-
confiança, mas o seu fim será trágico. O justo, porém
sobrevive pela sua fé; ele deposita a sua confiança em
Deus e sabe que o Senhor o sustentará.

121 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. O profeta Habacuque. Disponível em: <http://
www.isaltino.com.br/2010/11/o-profeta-habacuque>. Acessado em: 16 dez. 2013.

156 Estudos Bíblicos


4. É possível dialogar com Deus. Nem sempre
conseguimos compreender os desígnios do Senhor. O
apóstolo Paulo em uma canção de louvor a Deus disse:
“Como são profundos o seu conhecimento e sua sabe-
doria! Quem pode explicar as suas decisões? Quem
pode entender os seus planos?” (Rm 11:33, NTLH).
Habacuque a princípio não compreendeu que o silêncio
de Deus fazia parte do plano e então o profeta se pôs a
questionar: “Por que Deus não faz alguma coisa a res-
peito de tudo o que está acontecendo?”. O Senhor res-
ponde não só a esta primeira questão, mas as demais
que o profeta fez. Isso demonstra que Deus não está
insensível aos nossos sentimentos e às nossas dúvidas.
Ele conhece e respeita as nossas limitações. Por muitas
vezes não entenderemos os caminhos de Deus, mas ele
nunca deixará de nos responder e o silêncio do nosso
Criador também manifesta o seu poder.

APLICAÇÃO PARA A ATUALIDADE

Os dias em que vivemos não são diferentes dos da


época em que Habacuque viveu. Por isso a vida do pro-
feta e as profecias de Deus reveladas a ele nos ensinam
alguns princípios importantes que devem ser aplicados
em nosso cotidiano.
A primeira lição que aprendemos com a vida de
Habacuque é que não podemos nos conformar com a
injustiça, corrupção, desigualdade social e um sistema
religioso defraudado. O incômodo que o profeta sentiu
ao olhar ao seu redor e ver todas estas coisas demons-
tra o zelo que ele tinha para com a Lei de Deus e sua
justiça. Habacuque ficou triste ao ver o quão distante o
povo estava do Senhor. Precisamos nos importar mais

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com o mundo ao nosso redor, precisamos orar mais,
precisamos amar mais e nos questionar mais. Se eu e
você não nos sentimos incomodados com a situação ao
nosso redor é porque alguma coisa também está errada
conosco.
O segundo ponto importante extraído é que nem
sempre Deus nos responde da maneira que esperamos,
mas é preciso confiar. Também é necessário saber que o
silêncio faz parte da manifestação de Deus. A propósito,
o silêncio de Deus nos negócios humanos, tanto ontem
como hoje, tem sido difícil de aceitar. Mas isso não quer
dizer que não haja uma resposta e que a sabedoria
divina é incapaz de lidar com a situação. Tudo está sob
o seu olhar e todas as coisas estão debaixo do controle
de suas poderosas mãos.122
Em terceiro lugar aprendemos que devemos louvar
ao Senhor em todos os momentos. Por fim Habacuque
percebeu que mediante as respostas de Deus, a melhor
atitude seria confiar no Senhor e adorá-lo. Os últimos três
versos do livro expressam toda a confiança e alegria que
o profeta sentia em saber que Deus era soberano sobre
todas as coisas. Precisamos aceitar o fato de que Deus
deve ser louvado não só na fartura, no melhor emprego,
na saúde, na liberdade e na alegria, mas também nos
tempos de fome, na falta de emprego, na doença, no
deserto e na tristeza. Não devemos viver pelas circuns-
tâncias, olhando ao nosso redor, pois o justo vive pela fé
e não pela aparência.
Podemos sintetizar a mensagem deste livro pontu-
ando as seguintes lições:123

122 FEINBERG, Charles L. Os profetas menores. São Paulo: Editora Vida, 1988, p.
206 -207.
123 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Habacuque: nosso contemporâneo. Rio de
Janeiro: JUERP, 1990, p. 89-92.

158 Estudos Bíblicos


1. Uma lição estarrecedora. Deus julga o seu pró-
prio povo. Deus é santo e justo e não faz vistas grossas
ao pecado no meio do seu povo. Ele começa seu juízo
exatamente pela sua casa (1Pe 4:17).
2. Uma lição gloriosa. A história tem um rumo,
ela não é cíclica nem caminha para o caos. A história é
linear e marcha para uma consumação gloriosa da vitó-
ria retumbante de Deus e do seu povo.
3. Uma lição moral. Os violentos serão punidos.
Aqueles que semeiam a violência serão ceifados por
ela. Aqueles que plantam a maldade se fartarão de
seus frutos malditos. Aqueles que ferem pela espada,
pela espada cairão. Aqueles que oprimem o pobre com
ganância desmesurada serão oprimidos. A Babilônia tru-
culenta que esmagou Judá foi entregue nas mãos do
Império Medo-persa e pereceu pelas mesmas armas
que oprimiu as nações.
4. Uma lição espiritual. “O justo viverá pela fé”.
Ainda que o mundo ao nosso redor se transtorne; ainda
que os ímpios se levantem com fúria virulenta contra
nós; ainda que nos faltem os recursos materiais para
uma sobrevivência digna, nossa confiança permanece
inabalável em Deus. E pela fé que vivemos, vencemos
e triunfamos.
5. Uma lição final: Alegria de crer. O profeta Haba-
cuque termina o seu livro exclamando com todas as
forças da sua alma: “Eu me alegro no Senhor, exulto no
Deus da minha salvação” (v. 18). Crer é um ato de júbilo.
A fé nos toma pela mão e nos carrega pelos corredores
da dúvida e da angústia e nos leva à sala do trono, de
onde o soberano Senhor governa todas as coisas. Deus
ainda pode nos dar cânticos na escuridão (Jó 35:10), se
confiarmos nele e virmos sua grandeza!

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CONCLUSÃO

Não é fácil convivermos com tanta injustiça ao


nosso redor. Como cristãos, nos sentimos incomoda-
dos e, por certas vezes, impotentes ante tanta corrup-
ção, violência, injustiça, sofrimento e crueldade que nos
cerca. Como sobreviver em meio a tudo isso? O livro de
Habacuque nos ensina que somente pela fé consegui-
remos vencer todas estas adversidades. Essa fé, que é
fiel, nos dá força para permanecermos firmes até o fim.
Está fé nos faz entender e aceitar que o Senhor está no
controle de todas as coisas. Deus é moral e não está
indiferente às ações dos ímpios, Ele agirá no momento
certo e fará justiça.
Não devemos ficar frustrados por certas vezes não
compreendermos os caminhos do Senhor, pois somos
seres finitos em conhecimento tentando entender um
Deus que é infinito em sabedoria. Por fim nos resta
confiarmos em Deus, não somente quando as coisas
correm ao nosso favor, mas também quando elas correm
contra nós. Deus não nos prometeu que nos livraria dos
momentos difíceis, entretanto, prometeu estar conosco
nestes momentos. (Sl 23:4).

160 Estudos Bíblicos


PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE

1. Qual o provável significado do nome de Habacuque?


Qual foi a primeira queixa que ele fez ao Senhor? Com
quais fatos ela estava relacionada? (1:1-4).
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2. Qual foi a resposta de Deus? O profeta ficou satis-
feito com a resposta? Por que? Qual foi a sua segunda
queixa? (1:5-17)
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3. Os perversos caldeus foram usados como instrumento
de justiça nas mãos de Deus. Como isso demonstra a
soberania de Deus sobre as nações?
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4. O que os cinco “ais” revelam sobre os babilônicos?
Existem nos nossos dias povos que agem com violência
e impiedade para conquistarem outras nações? (2:6-19)
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5. Habacuque começa seu livro questionando a Deus
e termina com um cântico de louvor ao Senhor. O que
mudou na vida do profeta? O que aprendemos com as
últimas palavras da oração de Habacuque? (Hc 3:17-19)
Faça uma comparação com o texto de Filipenses 4:10 a
13 e discuta em classe.
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6. Ante os dias maus em que vivemos como podemos
permanecer firmes? O que podemos fazer para melho-
rar a situação ao nosso redor?
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7. Por que nem sempre conseguimos compreender
os planos de Deus? É errado questionar a vontade de
Deus?
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8. Um dos problemas que Habacuque vivenciou nos
seus dias foi a deterioração do sistema religioso. Qual
é o cenário que observamos do sistema religioso de
nossos dias? Está muito diferente?
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162 Estudos Bíblicos


MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS
Pr. Renato Sidnei Negri Junior

Domingo – Jeremias 30:7


Encontramos nos capítulos 30 a 33 do livro de
Jeremias as promessas do Senhor sobre a restaura-
ção de Israel, após os 70 anos do cativeiro babilônico.
Em especial, o verso de hoje diz que o dia do juízo de
Deus sobre o inimigo do seu povo seria um momento
de angústia até mesmo para os judeus. À luz do verso
11 deste mesmo capítulo notamos que o Senhor seria
com Jacó, livrando-o das mãos de todas as nações que
o haviam afligido, mas nem por isso o povo judeu dei-
xaria de receber o seu castigo devido. É fácil pedir para
que o Senhor castigue os ímpios e execute justiça sobre
os tais, e por certo ele fará isso. Todavia, nós também,
às vezes, carecemos da correção divina. Servir a Deus
e estar sujeito à sua vontade ainda é e sempre será a
melhor opção.

Segunda-feira – Daniel 12:1


Jesus fez menção desta profecia ao descrever um
momento de grande tribulação que viria sobre os Judeus
(Mt 24:15-21). Esse período de grande aflição apontado
por Jesus, ao se referir à profecia de Daniel, parece ter se
cumprido no cerco romano sobre Jerusalém, no ano 70
D.C. No entanto, alguns intérpretes acreditam que esse
tempo de extrema angústia ainda está por vir. Segundo
o texto de hoje, uma certeza nós podemos ter: Deus
providenciará um defensor para o seu povo. Tem gente
que se preocupa demais com os tempos e as épocas e
esquece que o nosso Deus é Soberano sobre a história
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em todos os tempos e ele jamais desamparará os seus
filhos.

Terça-feira – Lucas 21:25,26


Neste texto são apresentados sinais da vinda do
Senhor Jesus. O apóstolo Pedro, do mesmo modo, tes-
tifica destes mesmos sinais alertando os leitores de sua
carta sobre a vinda do Senhor (2Pe 3:10-12) e também
o livro de Apocalipse faz menção dos tais eventos no
retorno do Cordeiro vitorioso (6:12-17). Estas manifes-
tações da natureza e dos seres celestiais demonstrarão
que este dia será ímpar em toda a história da humani-
dade. Não houve e nem haverá semelhante evento. A
terra será confundida, a sociedade ficará aterrorizada e
desorientada, e aqueles que não esperavam o retorno
do Messias procurarão, sem êxito, esconder-se da ira
de Deus. Só de pensar em tais eventos ficamos perple-
xos e apreensivos. Entretanto, estes sinais antecedem
o momento mais glorioso que aguardamos: o apareci-
mento do “Filho do Homem, vindo numa nuvem, com
poder a grande glória”.

Quarta-feira – 2 Pedro 3:10


Segundo a orientação de Pedro, o “dia do Senhor”
vem como juízo final sobre a terra, trazendo destruição
total dos seus elementos, a começar pelo abalo dos
céus e em seguida todo o restante será assolado. De
certa forma, tal evento parece difícil de compreender e
causa até certo espanto. Não sabemos se Pedro falou
de uma forma literal ou por simbologia, entretanto um
dos objetivos da sua carta é esclarecer que a Terra será
destruída, visto que alguns falsos mestres tinham se
levantado e pregavam o apego ao mundo e a satisfação

164 Estudos Bíblicos


pessoal pelos prazeres terrenos. Mas, o fato da Terra ser
destruída não nos causa preocupação, não é mesmo? A
nossa morada final não está endereçada a este mundo
contaminado com o pecado, pelo contrário, “nós, porém,
segundo a promessa de Cristo, esperamos novos céus
e nova terra” .

Quinta-feira – 1 Tessalonicenses 5:2,3


O apóstolo Paulo compara o dia do Senhor da
mesma maneira que Pedro: “virá como ladrão”. Em outras
palavras, o dia do Senhor virá como uma surpresa. Mas
vamos parar e pensar um pouco: uma surpresa é um
acontecimento que não esperamos, algo que não está
em nossos planos. Portanto, será que para os discípulos
de Jesus este dia será como o ladrão da noite? Acredito
que não. Paulo mesmo testifica isso: “Mas vós, irmãos,
não estais em trevas, para que este dia como ladrão vos
apanhe de surpresa” . O mundo irá pregar um tempo de
paz, entretanto, não podemos nos acomodar e cair no
“sono profundo da noite”. Jesus nos aconselha a estar-
mos em constante vigilância (Lc 12:37), pois os servos
que forem achados desapercebidos no retorno do seu
Senhor serão castigados, como aprendemos no texto de
hoje: “eis que lhes virá repentina destruição”.

Sexta-feira – Mateus 25:31,46


Estes versos vêm a encerrar o discurso profético
de Jesus sobre o seu retorno para julgar a terra. Neste
sermão Jesus conta três parábolas que ilustram o dia da
sua segunda vinda: “A parábola do bom servo e do mal”,
“A parábola das dez virgens” e “A parábola dos talentos”.
Encontramos em todas as três parábolas e também no
texto de hoje algo em comum: recompensas e punições.

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Se o Senhor Jesus estivesse aqui na Terra hoje, quanto
empenho aplicaríamos para recebê-lo e servi-lo? Pois
bem! Nós temos esta oportunidade todos os dias! Dons,
hospitalidade, visitas. Tudo o que fazemos por amor a
alguém, deve ser feito em primeiro lugar para ele (Jo
13:20; 1Co 12:12). Por outro lado, se recusarmos fazê-
-lo, estaremos sendo omissos em relação ao Senhor.

Sábado – Apocalipse 18:8-10


O livro de apocalipse descreve a “Babilônia” como
uma meretriz que traz na sua fronte escrito: a Grande,
a Mãe das Meretrizes e das Abominações (Ap 17:5). E
que está “vestida de púrpura e de escarlata, adornada
de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo nas
mãos um cálice de ouro transbordante de abominações”
(Ap 17:4). Mas quem poderá subsistir a justiça de Deus?
Nem a mais poderosa nação com toda a sua fama e
riqueza resistirá ao juízo veraz do Senhor. Mas onde
está a “Babilônia” descrita no livro de apocalipse? Onde
podemos encontrá-la? Ela já veio ou ainda virá? Infeliz-
mente, ela está em todos os lugares. Nas escolas, na
internet, nas esquinas, na política e lamentavelmente
dentro de algumas igrejas chamadas cristãs. Onde exis-
tir abominação contra o nosso Deus, lá a meretriz está,
fazendo com que as pessoas se afeiçoem aos seus
encantos, as levando a pecar. Mas a ordem de Deus é:
“retirai-vos dela, povo meu”, pois a condenação sobre
ela é certa.

166 Estudos Bíblicos


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SOFONIAS
O JUÍZO VINDOURO
Pr. José de Godoi Filho
09 de Agosto de 2014

TEXTO BÁSICO:
“Ai da cidade rebelde, impura e opressora! Não
ouve a ninguém, e não aceita correção. Não confia
no Senhor, não se aproxima do seu Deus”. (Sf 3:1-2,
NVI)

INTRODUÇÃO
O primeiro verso do livro de Sofonias nos dá a
ficha do profeta. Sofonias é um dos profetas chamados
menores. Seu nome em hebraico, “Zephaniah”, significa
“Yahweh escondeu”. Esse homem não foi um pregador
comum. Ele era tetraneto do rei Ezequias, um dos gover-
nantes mais famosos de Judá. O sangue real corria
em suas veias, mas, mais importante ainda, ele tinha
a mensagem de Deus nos lábios. Sofonias viu além da
superfície. Ele viu o coração das pessoas e soube que o
fervor religioso delas não era sincero. As reformas foram
superficiais. O povo livrou-se dos ídolos que tinham em
casa, mas não dos que tinham no coração. Os gover-
nantes da terra ainda eram gananciosos e desobedien-
tes, e a cidade de Jerusalém era a fonte de todas as
perversidades da terra.124 Mesmo hoje, falta discerni-
mento a muitos cristãos, por essa razão a mensagem de
Sofonias é atual.
Exerceu o seu ministério no tempo de um dos
maiores reis de Judá, Josias, que reinou em Judá, entre
124 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico Wiersbe: Antigo Testamento. Santo
André: Geográfica, 2009, p. 659.

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640-609 A.C. Durante o reinado desse rei houve um
grande avivamento (2Cr 34:3-7; 29-33).125 No entanto,
o ministério de Sofonias não foi exercido no momento
mais admirável da vida de Judá. De acordo com Coelho
Filho, o seu ministério aconteceu no começo do reinado
de Josias, época em que ainda havia resquícios dos
vícios de reis anteriores – Manassés e Amom, tempo de
grande declínio moral e espiritual.126 Assim, a mensa-
gem do profeta é, em primeiro lugar, de duro juízo, para
depois ser de esperança.
O objetivo deste breve comentário, de natu-
reza essencialmente pastoral, é mostrar Deus como o
supremo juiz, não somente do seu próprio povo, mas
de todas as nações, após paciente espera de arrepen-
dimento. Mas também um Deus de esperança, que tem
planos para o seu povo e para todos os povos.

DEUS É JUIZ DE TODA A TERRA

A mensagem geral do livro é de que Deus julga a


todos indistintamente. A linguagem de Sofonias, como
porta-voz do juízo de Deus sobre Judá, e sobre o mundo,
é forte. Observe-a: “consumirei” (1:2), “consumirei” (1:3),
“estenderei a minha mão”, “exterminarei” (1:4).
As primeiras palavras de Deus são de juízo, diri-
gidas inicialmente a todos os seres vivos (1:2-3), afuni-
lando então até chegar a seu próprio povo, Judá, e mais
especificamente aos habitantes de Jerusalém (1:4-6).
Não somente são identificados os que serão punidos,

125 DOUGLAS, F. F. (Org.). O novo dicionário da Bíblia, v. 3. São Paulo: Junta Edito-
rial Cristã, [s.d], p. 1542.
126 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Obadias e Sofonias: nossos contemporâneos:
um estudo contextualizado dos livros de Obadias e Sofonias. Rio de Janeiro: JUERP,
1993, p. 35.

168 Estudos Bíblicos


mas também são indicados alguns de seus pecados.
O Senhor apresenta-se como alguém pessoalmente
envolvido no julgamento que faz, o qual será completa-
mente devastador.127 Assim, logo após a apresentação
do profeta de Deus, teríamos um duplo anúncio de juízo
universal (1:1). Essa interpretação faz coro com a men-
sagem restante do livro, que trata não somente do juízo
de Deus sobre Judá, mas também sobre todos os povos.
Deus começa o seu juízo pelo seu próprio povo.
Ele não somente salva e recompensa, mas também dis-
ciplina o seu próprio povo, pelos pecados que comete.
Vemos aqui alguns motivos do juízo divino sobre Judá.
1. Deus condena a idolatria (1:4). Dois deuses
muito adorados por povos vizinhos à Judá pervertiam
a fé religiosa do povo de Deus. Um desses deuses era
Baal (nome genérico do deus dos canaanitas). O outro
era Milcom (deus de vários povos – cananeus, amoni-
tas, fenícios e cartagineses). O culto a Baal praticava a
licenciosidade, visto que sacerdotisas prostitutas eram
suas ministras. Milcom ensejava o sacrifício de crianças
(Lv 18:21,27,28). Ambos os cultos representavam, res-
pectivamente, licenciosidade (imoralidade) e crueldades
(crime).
2. Deus condena o sincretismo religioso (1:5).
Além disso, havia o culto ao “exército do céu”, que parece
ser um culto astral da Assíria. Israel e Judá foram gran-
demente afetados por tal culto, característico de nações
do oriente (2Rs 21:3,5; 23:5,6; Jr 7:17,18; 44:17-19,25).
“Os que sobre os eirados adoram o exército do céu, e
os que adoram ao Senhor e juram por ele e também
por Milcom”, o que é isso senão sincretismo religioso? Á
semelhança dos atenienses, nos dias de Paulo, parece
127 BAKER, David W.; ALEXANDER, T. Desmond; STURZ, Richard J. Obadias, Jo-
nas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias: introdução e comentário. São Paulo:
Vida Nova, 2001, p. 377-378.

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que não queriam incorrer no erro de deixar de fora
nenhum deus (At 17:16,22,23)! A expressão “quemarins”
(1:5, RC) é a forma plural do hebraico komer, que é uti-
lizada aqui em referência a sacerdotes pagãos. Trata-se
de ministradores dos ídolos. Ou seja, alguns sacerdotes
haviam aceitado a ideia de ministrar também em alta-
res erguidos a deuses pagãos. Ainda hoje, tal prática se
repete quando obreiros do Senhor acham nada demais
trazer para a igreja, para sua liturgia e para as mensa-
gens a serem pregadas na Casa do Senhor, elementos
e recursos do culto pagão. Isso é sincretismo religioso,
é misturar o santo com o profano, a luz com as trevas.128
3. Deus condena os que deixam de segui-lo (1:6).
Entre os habitantes de Judá também havia aqueles que
deixavam de seguir o Senhor. Há também aqueles que
se afastaram do Senhor e se tornaram totalmente indi-
ferentes a ele. Deus não aceita divisão de devoção nem
mesmo o abandono da fé verdadeira. Temos, então, três
tipos de pessoas que estão sob o julgamento do Senhor
e correm perigo em “o dia do Senhor”: 1) Os indiferentes
que levam a vida sem se preocupar com as coisas espi-
rituais; 2) Os desviados que se afastaram de uma expe-
riência anterior; e 3) os divididos que com a boca dizem
servir a Deus, mas ao mesmo tempo honram outro deus
como rei de suas vidas e não prestam submissão total
ao Senhor. Ou Deus é o Senhor de tudo ou não é o
Senhor de nada.129
4. Deus julga de maneira especial as classes
que detém o poder (1:7-13). Embora o juízo de Deus
recaia sobre todos, independentemente de classe social,
algumas classes, por causa de suas responsabilidades
128 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os doze profetas menores. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012, pp. 82-83.
129 DUNNING, H. Ray. O livro de Sofonias. In: Comentário bíblico Beacon. v. 5. Rio
de Janeiro: CPAD, 2012, p. 258.

170 Estudos Bíblicos


e privilégios serão objeto especial da condenação divina.
Privilégios acarretam grande responsabilidade. São as
classes que detém o poder. “Os oficiais e os filhos do
rei”, representavam a classe política. Moravam no palá-
cio. Eles vestiam “vestiduras estrangeiras”, o que denota
influência da cultura e costumes da cultura de outros
povos.
O julgamento divino recai também sobre a classe
religiosa. A expressão “sobem o pedestal dos ídolos” pre-
sume que o que é dito aqui se refira à classe religiosa. Ao
que parece esta expressão sempre esteve associada ao
templo (1Sm 5:5) e represente uma superstição vinda da
religião dos filisteus.130 Seria isso um modismo introdu-
zido na religião de Israel, advindo de uma religião pagã?
Os comerciantes não escapam do juízo celestial.
Os empresários que tinham o seu comércio na “porta do
peixe”, que moravam na parte mais elevada da cidade,
os que mexem com a prata, mas que desdenhavam do
Senhor, dizendo “o Senhor não faz bem nem faz mal” (v.
12). Era um panorama tão contemporâneo quanto alar-
mante. Quer para o bem, quer para o mal, achavam que
Deus não agiria. Para eles, a deidade estava ausente ou
adormecida - um ateísmo prático.
4. Deus julga num tempo determinado (1:14-18).
Esse juízo aconteceria num dia terrível, que Sofonias,
fazendo coro com outros profetas, denomina de “dia
do Senhor”. É o profeta que mais usa esta expressão
(1:7,8,9,10,14,15,18; 2:2,3; 3:8). Este dia não precisa ser
interpretado necessariamente como um dia, literalmente
falando, mas sim um período em que Deus exerce o seu
juízo. No caso de Judá, esse dia (período) começou no
ano 605 A.C. e terminou em 587 A.C. A intervenção de
Deus, seja na história, seja no final, no Grande Juízo,
130 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Op. cit., p. 62.

www.ib7.org 171
sempre será um dia dramático, especialmente para os
que não estiverem preparados. Deus nunca julga por
nada. O seu arbitramento sempre vem após aviso e um
longo período de paciência e espera. Também o seu
veredito sempre vem como consequência do pecado
praticado, como visto nos versos anteriores deste capí-
tulo.
O poder econômico (e nenhum outro poder) não
poderá fazer alguma coisa quando o juízo de Deus se
abater sobre os que são objetos da sua intervenção
soberana. A devastação de Judá (e/ou do mundo) seria
muito grande. No caso de Judá, somente os pobres fica-
riam na terra. As riquezas seriam levadas. A agricultura
totalmente devastada. O povo totalmente humilhado.
É mister observar que Deus julga, mas dá ampla
oportunidade para o arrependimento. Os três primeiros
versos do capítulo 2 nos falam de uma chamada de Deus
a Judá ao arrependimento. Deus nunca condena sem
antes dar chance ao pecador de se arrepender. Ele não
tem prazer em condenar, punir, ou castigar. Somente o
arrependimento nos porá debaixo da proteção divina.

DEUS JULGA AS DEMAIS NAÇÕES


PELOS SEUS PECADOS

O profeta cita quatro nações pagãs como exem-


plos dos julgamentos iminentes. Duas são pequenas e
estão perto de Judá. Os filisteus, mencionados em pri-
meiro lugar, estão na verdade na Palestina. As outras
duas são grandes e estão longe. A Assíria, mencionada
por último, era a grande ameaça ao povo de Deus nos
dias de Sofonias. Esta nação destruíra o Reino do Norte

172 Estudos Bíblicos


e conduzia o Reino do Sul à ruína. As quatro são inimi-
gas de Israel em direção ocidental, oriental, sul e norte.
1. Deus julgaria a Filístia (2:4-7). Deus lida com
os pecados das nações, não para que Judá se glorie
sobre outras nações, mas para que lhe sirva de lição.
Seria injusto se Deus julgasse o seu povo e fizesse
vistas grossas aos pecados das outras nações. Os filis-
teus foram um dos maiores inimigos do povo de Deus.
Quatro das suas maiores cidades seriam objetos do
juízo de Deus: Gaza, Asquelom, Asdode e Ecrom.
2. Deus julgaria Moabe e Amom (2:8-11). Moabe
e Amom eram descendentes de Ló. Os crimes dos
Amonitas eram graves. Incluía saques, crueldade contra
grávidas, incineração de corpos, algo muito, grave para
os judeus (Am 1:13; 2:1-3); adoravam a Baal. Moabe
também adorava o mesmo deus. Como castigo, tornar-
-se-iam como Sodoma e Gomorra – seriam destruídas.
Essas cidades, pelo seu pecado e destruição se torna-
ram épicas na literatura profética do Antigo Testamento.
3. Deus julgaria o Egito (2:12). Os etíopes ocu-
pavam o Egito nessa época. É possível que já estives-
sem sob o juízo de Deus – ocupação estrangeira. Os
etíopes eram inimigos duros e numerosos.131 Somente
um versículo neste capítulo é dedicado à mensagem do
Senhor aos povos do sul, os etíopes. E uma mensagem
bem áspera e, como é Deus quem está falando, seu jul-
gamento será inevitável.
4. Deus julgaria a Assíria (2:13-15). A Assíria era
uma grande potência naqueles dias. Terror das peque-
nas nações – cruel; a mais cruel de todos os impérios
do oriente. Destruiu o Reino do Norte – Israel (2Rs 17).
Sofonias antecipa os acontecimentos de Naum, sobre
a queda de Nínive. Já estava em declínio, nessa época.
131 COELHO FILHO, Isaltino G. Op. cit., p. 84.

www.ib7.org 173
Alguns dos seus pecados são aqui aludidos: a) Empáfia:
“Eu sou a única, e não há outra além de mim” (2:15); a
Babilônia, mais tarde, também usaria da mesma empá-
fia (Is 47:8). São palavras que Deus usou para si. Só
Deus é autossuficiente; b) Nínive, a sua capital, desde-
nhava da cultura dos outros povos. Hoje isso também
existe. Como resultado, Nínive hoje jaz em ruínas. Quem
passa por ela meneia a cabeça (2:15). O juízo de Deus
recairia ali de maneira repentina, tornando toda aquela
região útil apenas como pastagem.

DEUS JULGA, MAS TAMBÉM


PROMETE RESTAURAÇÃO
O julgamento de Jerusalém volta a ser abordado
ao final do livro. Deus inicialmente destaca que o povo
de Israel, infelizmente, não dava ouvidos aos seus aler-
tas (3:2), nem mesmo diante do cumprimento de outros
castigos divinos profetizados sobre outras nações
(3:6,7). Ademais, a descrição que Deus faz da corrup-
ção das principais autoridades civis e religiosas do povo
demonstra o terrível estado daquela nação: príncipes e
juízes corruptos e opressores, profetas levianos e alei-
vosos, aproveitadores, enganadores; e sacerdotes pro-
fanos e que violentam a Lei (3:3,4).132
No entanto, a profecia de Sofonias termina com
uma mensagem de esperança, de restauração. A última
parte da profecia de Sofonias é muito importante porque
o julgamento que Deus exerce, seja sobre o seu povo e/
ou sobre as nações, não é um fim em si mesmo. Deus
julga, mas o seu julgamento também significa purifica-
ção e restauração. Seria duvidoso um Deus que só con-
dena. Não! Deus é Deus que, na sua justiça, condena
132 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit., p. 85.

174 Estudos Bíblicos


e purifica, mas que também é cheio de graça, para res-
taurar a sorte daqueles que permanecerem fiéis a ele
ou daqueles que se convertam pela sua mensagem de
arrependimento.
O leitor, ao ler esse capítulo (bem como outras
partes desse livro), talvez se pergunte se tudo aqui se
relaciona aos dias do profeta, ou seja, a um futuro pró-
ximo, não muito longínquo, como o cativeiro babilônico e
sua restauração, ou a um futuro distante, seja aos dias
de Jesus, ou ainda além dos nossos dias. A linguagem
empregada é, por vezes, tão idealizada que nos leva a
pensar que esses dias ainda não aconteceram. A menos
que não se interprete literalmente o que está escrito.
Parece-nos que, nos escritos proféticos, sempre haverá
essa dupla (ou tripla) aplicação, ou seja, material que se
relaciona a eventos que aconteceriam, e já acontece-
ram, e profecias que ainda haverão de acontecer.
1. Deus restaurará as nações (3:9). No verso 9
temos a conversão de todos os povos ao Senhor.133 Deus
não está interessado apenas na restauração dos fiéis do
povo de Israel. Antes da morte de Cristo na cruz, havia
uma enorme diferença no relacionamento de judeus e
gentios entre si e com o Senhor. Porém, o muro de sepa-
ração foi derrubado (Ef 2:11), e ambos podem participar
das bênçãos espirituais que vêm pela fé em Cristo. “Pois
não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o
mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que
o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo” (Rm 10:12,13). O milagre da graça
de Deus será demonstrado na era do reino quando as
nações gentias crerem e adorarem o Deus de Israel.134
133 CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo,
v. 5. 2 ed. São Paulo: Hagnos, 2001, p. 3638.
134 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento, v. 5.
Santo André, SP: Geográfica editora, 2006, p. 532-533.

www.ib7.org 175
O mundo todo é objeto do amor divino (Jo 3:16; 1Tm
2:4). Naquele dia, todas as nações, tribos e povos, de
todas as línguas estarão diante de Deus, louvando-o e
ao Cordeiro pela sua salvação (Ap 7:9,10).
2. Deus restaurará o remanescente de Israel
(3:10-20). Aqui fala da restauração do remanescente de
Israel, em vários aspectos: a) os dispersos serão con-
gregados novamente (3:10); a culpa e os rebeldes serão
eliminados da vida do povo de Deus (3:11); só ficarão
aqueles que confiam no Senhor (3:12); e estes viverão
em plena santidade, sendo apascentados pelo Senhor
(3:13).
Encontramos aqui uma lição prática para nosso
tempo, a qualquer um do povo de Deus que tenha se
afastado da vontade do Senhor e passado por sua disci-
plina. Se nos chegarmos a Deus com um coração que-
brantado, tendo confessado nossos pecados, o Senhor
nos receberá. Ele nos amará e até cantará para nós.
Trará paz a nosso coração, nos renovará “no seu amor”.
Sem dúvida, nossa desobediência causa sofrimento e,
por vezes, levamos conosco as cicatrizes dessa deso-
bediência para o resto da vida. Porém o Senhor nos per-
doará (1Jo 1:9), esquecerá nossos pecados e nos res-
taurará à sua amorosa comunhão. William Culbertson,
falecido presidente do Instituto Bíblico Moody, às vezes
terminava suas orações públicas dizendo: “E, Senhor,
ajuda-nos a suportar as consequências dos pecados
perdoados e a terminar bem”. Mesmo depois de perdo-
ado, o pecado tem consequências, pois ainda que Deus,
em sua graça, nos purifique, em sua soberania ele diz:
“Você colherá aquilo que semeou”.135
Os versos 14 a 17 formam um belíssimo salmo ou
cântico. A ênfase é no júbilo. Não é para menos, visto
135 WIERSBE, Warren W. Op. cit., p. 534.

176 Estudos Bíblicos


o que foi profetizado anteriormente. Vários motivos de
júbilo são aqui mencionados: a) as sentenças contra
Israel seriam afastadas, bem como os seus inimigos; a
presença do Rei de Israel no meio do seu povo e o tér-
mino do mal seriam uma realidade (3:15); o medo daria
lugar à proteção feita pelo poderoso Senhor, ao amor
renovado e ao regozijo.
Por último, após o cântico antecipado de regozijo,
Sofonias termina o seu livro enumerando mais algumas
promessas ao remanescente de Israel (3:18-20). A pro-
fecia não termina com a jubilosa reação do povo diante
da bondade de Deus (3:14-17), mas com outras bên-
çãos prometidas por Deus. Haverá alívio da opressão,
da separação e do sofrimento, tudo isso é substituído
pelo repatriamento, pela ovação e pela abundância.136

CONCLUSÃO

Adorar a Deus e servi-lo quando tudo vai bem é


muito fácil. O difícil é adorar ao Senhor quando as cir-
cunstâncias não são favoráveis. Habacuque vai do
desespero à esperança, do termo à fé, da angústia avas-
saladora à exultação indizível e cheia de glória!
O livro termina com um voto solene da parte de
Deus: “Diz o Senhor”. Ele faz o que promete. Sofonias
começa e termina sua profecia com a forte convicção de
que é o Senhor quem está falando. A implicação disso
é bastante clara: ouçam e vivam! Quanta coisa para
pensar e ponderar!

136 BAKER, David W.; ALEXANDER, T. Desmond; STURZ, Richard J. Op. cit., p.
408.

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PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE

1. Que informações são dadas sobre Sofonias? Que


suposições podemos auferir a partir dessas informa-
ções? (1:1)
________________________________________________
________________________________________________
2. Que mensagem profética Deus entregou a Sofonias?
Que classes são alvos do juízo divino no primeiro capí-
tulo? (1:2-18)
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
3. Como você vê o pecado da idolatria e do sincretismo
religioso em nosso país? Que pecados você identifica
nas classes que detêm o poder em nosso país (políticos,
religiosos, empresários)?
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________

4. Que mensagem de esperança é entregue pelo profeta


nos primeiros versos? (2:1-3)
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
5. Quais nações são alvos do juízo divino neste capí-
tulo? Que pronunciamento o Senhor faz contra cada
uma delas? (2:4-15)

178 Estudos Bíblicos


________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
6. Que sentimentos você tem ao saber que Deus julga
nações, não somente durante a história da humanidade,
mas também no final da história?
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
7. Que sentença é pregada contra Jerusalém? (3:1-8)
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
8. Que promessas são feitas ao remanescente? (3:9-20)
________________________________________________
________________________________________________
9. Como você se sente ao tomar conhecimento de que
Deus restaura a sorte daquele que permanecem fiéis na
sua fé nele?
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
10. Sofonias não se omitiu na tarefa de transmitir fiel-
mente a mensagem de Deus ao seu povo. Você faria o
mesmo?
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________

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MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS
Victória Brites Fajardo
Domingo – 2 Crônicas 36:23
Quando Deus ordena, ninguém pode se opor;
quando ele quer, ninguém pode impedi-lo. Deus é sobe-
rano sobre todas as nações, sobre todas as autoridades;
aqueles que julgamos acima de nós estão sempre abaixo
de Deus. O plano dele era a construção de um templo
onde todos os seus poderiam ir para adorá-lo e para que
isso aconteça, ele não apenas toca no coração de um rei,
como também dá condições de realizar a sua vontade (dá
ao rei da Pérsia todos os reinos da terra). Nosso Pai queria
estar próximo dos seus e agora ele nos quer tão mais perto
que hoje habita dentro de nós.

Segunda-feira – Esdras 3:10


Alicerce é a primeira coisa feita durante uma constru-
ção. Quando construímos nossa casa e vamos fiscalizar,
usamos sempre nossas roupas mais simples; contudo,
quando nossa casa fica pronta nos arrumamos para con-
templar tudo o que foi feito. O que me chama a atenção
nesse versículo é que, desde o início da construção ou das
obras do templo, aqueles que possuíam os mais “impor-
tantes” cargos dentro da religião judaica se apresentaram
com o seu melhor e já louvando a Deus. Podemos entender
que não precisamos esperar uma obra do Senhor (seja ela
visível ou não) ser concluída para agradecê-lo e louvá-lo, é
durante todo o processo de construção que isso deve ser
feito, pois já sabemos que tão importante como a chegada
é a trajetória.

Terça-feira – Esdras 4:3


Muitas pessoas querem de fato agradar a Deus, mas
não apenas a Deus; muitas dessas pessoas, por medo ou
180 Estudos Bíblicos
por acharem que precisam barganhar com ele para que
fiquem seguras, começam a participar da obra do Senhor
sem o verdadeiro comprometimento, que é um coração
que tem o nosso Senhor como Soberano. Pessoas que
fingem ter um relacionamento com Deus só conseguem
edificar a parte física da igreja (quando conseguem), mas
nunca a espiritual; querer que as pessoas se afastem dos
projetos de edificação não é arrogância e sim dependên-
cia de Deus, pois se essas pessoas que não tem vida com
nosso Pai fizerem as coisas, farão na força do seu pró-
prio braço, quando ele nos instrui a deixa-lo fazer todas as
coisas através de nós, mas para glória dele.

Quarta-feira- Esdras 4:23-24


Quando os inimigos do povo de Deus viram que não
conseguiram interromper ou desaminar os construtores do
Templo, eles apelaram à autoridade, conhecida como rei
Artaxerxes, para que embargasse a obra e assim inter-
rompesse a construção do Templo. E hoje, quais são as
autoridades, circunstâncias e pessoas que tem nos impe-
dido de edificarmos a igreja e de contribuir para o Reino
de Deus? Muitas coisas vêm de fora para nos fazer parar,
mas é preciso que tenhamos um alvo e continuemos pros-
seguindo para cumprir tudo aquilo que o Senhor nos ensi-
nou. O importante é não desanimarmos, se olhamos para
baixo iremos parar, mas quando olhamos para o alto temos
nossas forças renovadas, esperança e certeza da vitória!

Quinta-feira – Esdras 5:1,2


Temos uma má impressão quando falamos da pala-
vra exortação, nós imaginamos algo ruim, mas exortar é
aconselhar com amor. Nesse trecho das Escrituras vemos
que o processo de correção espiritual por meio da repre-
ensão dos profetas foi fundamental para se reiniciar as
obras da construção do Templo; contudo, essa repreen-
são não foi feito por meios humanos e sim em nome de

www.ib7.org 181
Deus e através do poder dele. É como será dito no Novo
Testamento, que sem ele nada poderemos fazer. Quando
o Espírito de Deus está em nós, ele nos reveste de autori-
dade para orientarmos conforme a vontade do nosso Pai.

Sexta-feira – Esdras 6:14


Em vários momentos ao longo da história Deus reve-
lou sua vontade aos profetas para que seu povo se com-
portasse de maneira digna e soubesse o que fazer. Todos
nós queremos saber o motivo pelo qual estamos aqui;
fazer a vontade divina, é esse o nosso propósito. Deus
ainda revela sua vontade aos seus, ele se revelou através
de sua Palavra; o problema é que existem muitas pessoas
que querem saber a vontade dele, mas não estão dispos-
tas a obedecê-lo. A revelação é para nos impulsionar a
vida planejada por Deus. Para se revelar, o Senhor usa
muitas vezes seus servos como instrumento de bênçãos
em nossa vida. Que possamos fazer a vontade que o
Senhor nos revela, pois essa é a maior benção que pode-
mos receber.

Sábado – Ageu 1:3-8


Sempre vemos esse texto ser usados em sermões
para falar sobre a edificação da casa de Deus. Há um con-
vite a sermos mais participativos na obra, mais zelosos
com a igreja local e tudo isso na tentativa de atualizar o
texto e assim aplicá-lo na nossa vida diária. Mas, com todo
respeito aos que assim pregam, eu gostaria de atualizar
a palavra templo pela concepção de igreja no Novo Tes-
tamento, como sendo eu e você. Muitas vezes nós nos
preocupamos em termos casas luxuosas e consideramos
que o bastante não é suficiente; é nesse momento que
deixamos de nos preocupar com a edificação do lugar que
o Espírito Santo habita, isto é, em nós. Comecemos a ser
mais zelosos com o lugar de habitação de Deus, vamos
trazer os fundamentos para erguer sua casa e mantê-la.
Que a Casa do Senhor nunca mais fique em ruínas!
182 Estudos Bíblicos
11
AGEU
O COMPROMISSO
DO POVO DA ALIANÇA
16 de Agosto de 2014 Pr. Edvard Portes Soles

TEXTO BÁSICO:
“Assim fala o Senhor dos Exercitos: Este povo
diz: Não veio ainda o tempo, o tempo em que a casa
do Senhor deve ser edificada. Veio, pois, a palavra
do Senhor, por intermádio do profeta Ageu dizendo:
Acaso é tempo de habitardes em casas apainela-
das, enquanto essa casa permanece em ruínas?”
(Ag 1:2-4)

INTRODUÇÃO
Os judeus que haviam voltado do cativeiro lança-
ram os alicerces pra reconstruírem o templo que havia
sido destruído em 586 A.C; embora fosse essa a missão
primordial do povo, uma vez que a cidade já estava ree-
dificada e devidamente organizada pelo ministério de
Neemias, devido às oposições, caíram em desânimo e
a obra ficou parada por aproximadamente 15 anos; é
nesse cenário de indiferença religiosa e crise econômica
que Ageu é levantado por Deus para falar ao seu povo, e
sua mensagem com certeza tem muito a nos dizer hoje
também.
O livro de Ageu pode ser definido como um cha-
mado de retorno ao compromisso do povo de Deus com
seu Senhor. Ele foi o primeiro profeta que Deus levan-
tou após a volta dos judeus do exílio babilônico, e é um
dos poucos profetas cujas datas de profecias podem ser
determinadas com exatidão, porque Ageu registrou-as
todas em seu livro. Foram, ao todo, quatro mensagens
em seu ministério.137
137 DANIEL, Silas; COELHO, Alexandre. Os doze profetas menores. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012, p.87.

www.ib7.org 183
O PROFETA

O Profeta Ageu (em hebraico, Hagay [yg:H;]), é o pri-


meiro profeta do período pós- exílio, seguido por Zaca-
rias e Malaquias. Seu nome significa “Festivo” (ou nas-
cido em uma festa). Provavelmente ele tenha nascido em
uma data que celebrava festa em Israel, mas também
o nome “festivo” (e seus correlatos) pode estar relacio-
nado com a mensagem de seu livro. Não se encontra
informações sobre Ageu em outras páginas da Bíblia,
seu local de nascimento, sua família, sua idade ou sua
profissão secular. Além de seu livro, ele apenas aparece
em Esdras 5:1 e 6:14, onde surge junto com Zacarias e
ambos são identificados como sendo profetas, e também
que eles “profetizaram aos judeus que estavam em Judá
e em Jerusalém , em nome do Deus de Israel, cujo Espí-
rito estava com eles” (Ed 5:1) e foi também durante o
ministério destes que “os anciãos dos judeus iam edifi-
cando e prosperando em virtude do que profetizaram os
profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido. Edificaram a casa
e a terminaram segundo o mandado do Deus de Israel e
segundo o decreto de Ciro, de Dario e Artaxerxes, rei da
Pérsia” (Ed 14:6).
A tradição talmúdica alista Ageu, Zacarias e Mala-
quias como fundadores de “A Grande Sinagoga”, uma
reunião de estudiosos judeus e rabinos que surgiu nos
dias de Esdras. Vários salmos na Septuaginta são atri-
buídos a Ageu. Junto com estes dois profetas, Ageu é
contado entre os últimos mensageiros dos oráculos divi-
nos. O Talmude declara que, com sua morte, o Espírito
Santo saiu de Israel.138
Os textos acima colocam Ageu como um profeta
que teve seu ministério durante a reconstrução do templo
no período pós-exílio. Embora as informações sobre
138 CASHDAN, Eli. Hagai. In The twelve prophets. Londres: The Soncino Press,
1948, p. 254.

184 Estudos Bíblicos


Ageu sejam escassas, podemos inferir que ele era um
homem de elevados propósitos, que exercia grande influ-
ência e que era dotado de profunda espiritualidade.139
Se Ageu permaneceu em Jerusalém durante o cativeiro,
se foi um dos exilados a ser levado para a Babilônia ou
se ele já nasceu lá, não há certeza. Caso ele tenha sido
levado cativo, já era bem idoso quando profetizou aos
judeus e também havia conhecido de perto o primeiro
templo antes que este fosse completamente destruído
por Nabucodonosor em 586 A.C. Mesmo que seu nome
não apareça na lista dos que voltaram do cativeiro, o
que se tem até hoje são as teorias que foram passadas
ou pelos judeus ou pelos cristãos. No entanto, isso em
nada altera o conteúdo de suas mensagens e nem sua
importância para os cristãos hodiernos.

O LIVRO
Ageu é preciso na datação de suas mensagens.
Nelas encontram-se registrados o dia, mês e ano de
seus oráculos. Sua atuação como profeta teve lugar
durante o reinado de Dário Histaspes, no ano 520 A.C
e cobre os meses de agosto a dezembro e se divide em
quatro mensagens dirigidas a Zorobabel, o governador
de Judá e a e Josué, o sacerdote.
Seu ministério foi tanto de repreensão como de
encorajamento, pois o povo havia dado início à recons-
trução do templo, mas por pressão acabaram abando-
nando a obra (Ed 5:24) e passaram a cuidar apenas de
seus próprios interesses pessoais (1:4). Quando con-
frontados por Ageu, recomeçaram, mas logo veio o desâ-
nimo, pois viam que o templo em nada se comparava
ao antigo, que era maior e mais suntuoso (2:3). Assim,
o profeta fala novamente ao povo que a promessa de
139 CHAMPLIN, R. N; BENTES, J. M. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia,
v. 1. São Paulo: Candeia, 1995, p. 74.

www.ib7.org 185
Deus seria uma glória ainda maior, e que não desani-
massem porque o Senhor era com eles (2:5,9). Desta
forma, o templo foi terminado em 516 A.C, no sexto ano
de Dario (Ed 6:15).

O CENÁRIO HISTÓRICO

Pelo decreto de Ciro, o conquistador persa do


Império Caldeu, o cativeiro na Babilônia chegou ao fim.
Pelo menos os judeus já não estavam proibidos de voltar
à pátria. Este rei fez uma declaração positiva ao dar-lhes
a permissão de voltar para reconstruir a nação e restau-
rar a adoração. Muitos judeus estavam tão bem insta-
lados na Babilônia que não tinham interesse em voltar.
Mas houve um grupo de uns 50 mil que, sob a liderança
de Zorobabel, voltou com o coração cheio de esperança.
“A comitiva seleta que acompanhou Zorobabel deve ter
sido formada dos membros mais sérios, religiosos e
empreendedores da nação cativa”.140
Contudo, devido à oposição que enfrentaram na
pátria, principalmente dos vizinhos samaritanos, não
puderam concluir os planos de reedificação do templo e
reconstrução da cidade. Com a subida ao trono persa de
Dario Histaspes, o decreto que interrompera os traba-
lhos foi revisado e revertido. Então, “os profetas Ageu e
Zacarias exortaram veementemente seus compatriotas
a reiniciarem os trabalhos. [...] O empenho de recons-
trução do templo foi adequadamente retomado”.141 Este
novo ímpeto ocorreu após um período de uns 17 anos,
durante os quais os trabalhos ficaram parados. E neste
plano de fundo da situação histórica que devemos ver e
entender o ministério de Ageu.142
140 BLAIKIE, William Garden. A manual of Bible history. Nova York: The Ronald
Press, 1940, p. 282..
141 BLAIKIE, William Garden. Op. cit., p. 283.
142 DUNNING, H. Ray. O livro de Ageu. In: Comentário bíblico Beacon, v. 5. Rio de
Janeiro: CPAD, 2005, p. 275.

186 Estudos Bíblicos


AS MENSAGENS DE AGEU

Ageu pregou quatro mensagens, todas iniciadas


com a frase “assim diz o Senhor”, salientando que o pro-
feta foi apenas o instrumento, mas o conteúdo de suas
mensagens vinha diretamente de Deus.
Primeira mensagem: repreensão (1:1-15). “No
segundo ano do rei Dario, no sexto mês, no primeiro
dia do mês, veio a palavra do Senhor, por intermédio do
profeta Ageu, a Zorobabel, filho de Salatiel, governador
de Judá, e a Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacer-
dote” (1:1). Essa primeira mensagem ocorreu no dia 29
de agosto de 520 A.C. Já havia se passado aproximada-
mente 15 anos e o povo deixou cair no esquecimento a
reconstrução do templo; essa mensagem chama a aten-
ção do povo devido a sua indiferença e descaso com
a reconstrução do templo do Senhor. “Este povo diz:
ainda não veio o tempo em que a casa do Senhor deve
ser edificada” (1:2). Após se estabelecer em Jerusalém,
o povo deixou cair no esquecimento o real propósito
de estarem ali. Tão logo enfrentaram oposições, larga-
ram de lado a construção do templo e, como desculpa,
diziam que o tempo de construir a casa do Senhor não
era ainda chegado. No entanto, o Senhor os repreende
dizendo que o fator “tempo” fora aplicado em prol de
seus projetos pessoais, pois enquanto o templo estava
em completa ruína eles construíram e adornaram suas
casas, revelando assim suas prioridades invertidas, pois
durante um período de 15 anos (aproximadamente) eles
nada fizeram para que a construção fosse retomada.
O Senhor questiona: “Acaso, é tempo de habitar-
des em vossas casas apaineladas, enquanto esta casa
permanece em ruínas?” (1:4). Deus não condena o fato
de algumas pessoas terem condições que as possibi-
lite construírem casas confortáveis, mas sim o fato de
não terem a mesma motivação com relação à obra do
www.ib7.org 187
Senhor. Não devemos nos esquecer de que a maneira
como tratamos o templo do Senhor revela muito sobre
nosso relacionamento e compromisso com o Senhor do
templo.
O Senhor convida à reflexão. O povo é convi-
dado a “considerar seu passado”, frase essa que se
repete em 1:5,7 e 2:15,18. É uma fórmula para chamar a
atenção do povo para o que está acontecendo com eles.
Deveriam analisar como haviam vivido e tirarem suas
próprias conclusões, pois as bênçãos lhes foram retidas,
“semeavam colhiam pouco, comiam, mas não se farta-
vam, bebiam, mas não saciavam a sede, vestiam-se,
mas não se aqueciam e o que recebia salário o recebia
para colocá-lo em um saco furado” (1:6). A miséria e a
escassez não eram por falta de trabalho ou boa adminis-
tração, mas sim o reflexo de que estavam distantes do
Senhor. Até mesmo da terra foi retido seu orvalho, veio
a seca sobre toda produção do campo (1:10-11). Acon-
tecimentos assim em uma nação cuja economia depen-
dia do que a terra produz trouxe grande sofrimento, e o
povo foi levado a entender que suas atitudes estavam
atraindo sobre eles a maldição e não a benção (Dt 28).
O Senhor chama seu povo ao trabalho árduo.
“Subi ao monte, trazei a madeira e edificai a casa” (1:8).
O povo, que até então permanecia indiferente e negli-
gente, é exortado a aplicar esforço e recurso na cons-
trução do templo, e uma vez construído, Deus voltaria
a alegrar-se, ou seja, ter prazer em seus cultos, seus
sacrifícios e suas ofertas, sua adoração.
A indiferença é mortal para o povo de Deus em
qualquer época de sua história; a Palavra do Senhor
nos ensina dois princípios de vida cristã que faremos
bem em praticá-los: Devemos “remir o tempo” (Ef 5:16)
e sermos “fervorosos de espírito” no que diz respeito ao
serviço do Senhor (Rm 12:11); estes dois princípios são
fundamentais para nosso desenvolvimento espiritual.

188 Estudos Bíblicos


Devemos aproveitar de forma sábia o tempo e devemos
empregar força no serviço do Senhor, fazer com von-
tade, disposição, ânimo e zelo, e isso havia faltado aos
voltaram do cativeiro.
Ainda sobre esse texto, comenta Warren Wiersbe:
Ao longo de quase cinquenta anos de ministério,
tenho observado que alguns cristãos confessos
compram o que há de melhor para si mesmos e
dão ao Senhor aquilo que sobra. Móveis usados
são doados para a igreja e roupas usadas são
enviadas para missionários. Assim como os
sacerdotes do tempo de Malaquias, levamos ao
Senhor dádivas que teríamos vergonha de dar a
nossos familiares e amigos (Ml 1:6-8). Ao fazê-
-lo, cometemos dois pecados: 1) desagradamos
ao Senhor; e 2) desonramos seu nome. O Senhor
disse ao povo por intermédio de Ageu: “edificai a
casa; dela me agradarei e serei glorificado’’ (Ag
1:8). Deus se compraz do serviço obediente de
seu povo, e seu nome é glorificado quando nos
sacrificamos pelo Senhor e o servimos.143
Apesar de, hoje em dia, a casa de Deus não ser
mais material, mas sim espiritual, o material ainda é
um símbolo muito real do espiritual. Quando a igreja de
Deus em qualquer lugar é desleixada com o ambiente
físico de reunião, com seu lugar de adoração e seu tra-
balho, trata-se de um sinal, de uma evidência de declínio
da vida dessa igreja.
A resposta do povo à mensagem de Deus. O
verso 12 diz que o povo “atendeu à voz do Senhor” e
isso fez com que eles “temessem diante do Senhor”, e
quando reanimados pelo Senhor reagiram e se puseram
a trabalhar, e num espaço de 23 dias a obra é retomada,
e sua conclusão viria 5 anos mais tarde. Assim ficou evi-
dente o fato de que o templo ainda não estava pronto
143 WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Antigo Testamento, v. 5.
Santo André, SP: Geográfica editora, 2006, pp. 543-544.

www.ib7.org 189
porque haviam falhado como povo de Deus. Não esta-
riam os cristãos de hoje falhando por não priorizarem
de fato o que importa? Não estariam os cristãos de hoje
deixando para “amanhã” a obra que o Senhor já orde-
nou que fosse feita, como evangelização dos povos, por
exemplo? Será que muitas dificuldades que enfrentamos
hoje, sejam na economia, na vida familiar, no trabalho ou
até mesmo em nossas igrejas, pode ser o resultado de
nossa negligência para com a causa do Senhor?
Segunda mensagem: encorajamento (2:1-9). “No
segundo ano do rei Dario, no sétimo mês, ao vigésimo
primeiro do mês, veio a palavra do Senhor por intermé-
dio do profeta Ageu” (2:1). A segunda mensagem ocor-
reu no dia 17 de outubro de 520 A.C. O povo reanimou
e iniciou a obra, mas pelas dificuldades que enfrentava,
corria o risco de mais uma vez parar; então, através de
Ageu, o Senhor os anima e os fortalece.
Deus está com seu povo. Reconstruir o templo
era uma tarefa difícil, pois restavam apenas escombros
do primeiro, e o fator agravante era o fato de que alguns
que estavam ali conheceram o primeiro templo em sua
glória e beleza, e isso era fonte de desânimo. Ageu não
negou que o novo templo era “como nada” comparado
com o templo que Salomão havia construído, mas isso
não era importante. O que importava era que se tratava
de uma obra de Deus, e o povo podia contar com o
Senhor para ajudá-los a concluí-la. (2:3).
Deus conclama seu povo a não desanimar; preci-
savam levar adiante a obra, pois tinham por garantia a
presença do Senhor. Não deviam temer, pois o Deus que
liberou seu povo do Egito estava agindo no meio deles,
sua presença era baseada na aliança que uma vez fora
estabelecida no êxodo (Ex 19:5-6) e era animador o fato
de que ali estava não apenas um templo em construção,
mas a presença do Deus do templo.

190 Estudos Bíblicos


A glória do segundo templo. Além de reanimar o
povo em sua presença, o Senhor os reanima com uma
promessa, pois ao falar da glória do segundo templo
foi dada ao povo a motivação para o trabalho, pois eles
estariam investindo seu tempo e esforço em algo que
traria resultados até além do que esperavam.
Uma vez que alguns tinham em sua lembrança o
templo construído por Salomão com todo seu luxo, rece-
ber a promessa que o segundo templo seria ainda mais
glorioso é de fato fonte de motivação. O Senhor se res-
ponsabilizou pessoalmente pela glória do templo: “Pois
assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda uma vez, dentro
em pouco, farei abalar o céu, aterra e o mar e a terra
seca; farei abalar todas as nações, e as coisas preciosas
de todas as nações virão, e encherei de glória esta casa,
diz o Senhor dos exércitos” (2:6-7).
A glória a que se refere o texto não deve ser tomada
em princípio como uma profecia messiânica, mas sim
como uma promessa de que Deus traria riquezas mate-
riais ao templo para torná-lo ainda mais luxuoso. A refe-
rência à prata e ao ouro em 2:8 e o contexto da recons-
trução, em que o pesar do povo era por não ter tais rique-
zas no templo reforça a ideia de que aqui, neste caso,
a glória é a riqueza, e é provável que o texto aponte
profeticamente para o tempo de Herodes, o grande, que
reinou de 37-04 A.C, tendo sido responsável pela cons-
trução do segundo templo, que era maior que o de Salo-
mão e foi uma das maravilhas do mundo antigo.
Um lugar de paz. “E neste lugar darei a paz, diz o
Senhor dos Exércitos”. Mesmo que a glória do segundo
templo deva ser tomada aqui como riquezas materiais,
não se pode negar que há um paralelo entre a promessa
de paz em 2:9 e a era messiânica, enquanto a aplica-
ção material se relaciona com o templo de Herodes, o
grande, a aplicação espiritual aponta para Cristo, que no
cumprimento de seu ministério pôde adentrar no templo
www.ib7.org 191
e dizer “aqui está quem é maior do que Salomão” (Lc
11:31).
Terceira mensagem: exortação à santidade.
A terceira mensagem de Ageu foi no dia 18 de dezem-
bro de 520 A.C. O Senhor convida os sacerdotes a uma
reflexão sobre a santidade, procura mostrar-lhes que o
simples fato de construírem o templo nos os tornaria por
si só santos.
A transmissão da pureza (2:2,12). A “carne
consagrada” tornava santo tudo que tocasse, inclusive
a borda de uma veste, mas nada que tocasse a borda
dessa veste poderia, por sua vez tornar-se consagrada.
A situação retratada aqui talvez fosse bastante comum
na época. O altar fora reconstruído poucos anos depois
do retorno do exílio (535 A.C.), mas o templo ainda não
fora reconstruído. Isso significa que a carne dos sacri-
fícios não podia ser comida nos recintos normais do
templo, como era regra. Ao contrário, a comida teria de
ser transportada a um lugar específico.
Os regulamentos que estipulavam a transferência
de santidade não se encontram na Escritura, portanto
deviam fazer parte de uma tradição oral israelita. A lei em
Levítico 6:27 afirma que qualquer que tocasse a carne
de uma oferta pelo pecado seria consagrado, e quando
o sangue espirrasse em uma roupa, aquela roupa teria
de ser lavada.144 O foco do ensino de Ageu aqui é com
relação aos sacrifícios e cultos realizados no templo
inacabado, que anulava seu efeito purificador; não nos
esqueçamos que o templo ainda estava em ruínas por
negligência do povo.
A impureza é contagiosa e contamina (2:13).
Após perguntar sobre a santidade, o Senhor agora
questiona sobre a impureza. A contaminação ritual se
dava pelo contato com algo imundo ou com cadáver (Nm
19:11-13). O que se tem é o princípio didático da lei,
144 DIAS, J. Estudo do livro do profeta Ageu. Disponível em: <http://www.santovivo.
net/page294.aspx>. Acesso em: 03 out. 2013.

192 Estudos Bíblicos


ela nos ensina que o mal e a impureza, de forma seme-
lhante à doença, é contagiosa. Toda oferta realizada
estava impura, contaminada, porque assim estavam os
que ofertavam, a condição de impureza do povo aca-
bava contaminando também a oferta (2:14). Afirma Ageu
que não adiantava o povo oferecer sacrifícios se não
havia real disposição em cortar o pecado de suas vidas,
se não havia real arrependimento (2:14). Os sacrifícios
não teriam significado, não seriam suficientes, se não
houvesse uma busca sincera do povo em viver segundo
a vontade de Deus.145
A obediência produz resultados (2:15-19). O
dia 18 de dezembro de 520 A.C foi o divisor de águas
para os judeus, pois até aquele dia, apesar de terem
sido castigados pelo Senhor, não voltaram a ele seu
coração (2:17). Mas o Senhor lhes exorta a observarem,
prestarem atenção, pois desde aquele dia o Senhor já
iria abençoá-los (2:19). A grande lição que podemos
aprender aqui é que quando se ouve a Deus e se coloca
o coração em agradá-lo, priorizando sua vontade em
nossa vida, suas bênçãos são derramadas. O mínimo
que se faz para o Senhor, com sinceridade de coração,
não fica no esquecimento. Jesus nos ensina que mesmo
que seja um copo de água, Deus vê e recompensa (Mc
9:41). A obediência para Deus é a mais perfeita presta-
ção de culto.
Quarta mensagem: restauração da dinastia
de Davi (2:20-23). A quarta mensagem de Ageu foi no
mesmo dia da terceira, 18 de dezembro de 520 A.C. A
mensagem é endereçada especificamente ao governa-
dor Zorobabel, que era descendente de Davi e ancestral
de Cristo segundo a carne.
As nações serão julgadas (2:21-22). “Farei abalar
os céus e a terra” (2:.21). Mesmo em meio aos conflitos
e guerras, a promessa de Deus traria confiança a Zoro-

145 DANIEL, Silas; COELHO, Alexandre. Op. cit., p. 92.

www.ib7.org 193
babel e ao povo com um todo. Mesmo que Judá não
estivesse livre de enfrentar períodos em que o reino da
Pérsia (do qual ainda eram súditos) estaria em guerra,
Ageu revelou a intenção divina de subverter as nações
e restaurar a sorte de Israel. Isso foi fundamental para
incentivar e unificar a comunidade em sua iniciativa. A
recordação que a justiça divina ainda estava em vigor na
história humana reanimou o espírito do povo e desper-
tou a fé adormecida.
Expectativa messiânica. “Naquele dia diz o
Senhor dos Exercito, tomar-te-ei, ó Zorobabel, filho de
Salatiel, servo meu” (2:23). O Senhor chamou Zoroba-
bel de “servo meu”, um título exclusivo, reservado a pes-
soas especialmente escolhidas, e sem dúvida Zorobabel
havia sido escolhido pelo Senhor. Deus o comparou ao
anel de selar do rei. O anel de selar era usado pelos
reis para colocar sua “assinatura” oficial em documentos
(Et 3:10; 8:8, 10), a garantia de que o rei cumpriria sua
promessa e as estipulações do documento. “As aspira-
ções messiânicas que dantes estavam ligadas ao reino
davídico, Ageu as transfere a Zorobabel, que, em virtude
desta posição nomeada, torna-se um tipo de Cristo”.146
Restauração da monarquia davídica. “E te farei
como um anel de selar, porque te escolhi, diz o Senhor
dos Exércitos” (2:23). Pelo fato de Zorobabel, filho de
Salatiel ser herdeiro do trono davídico, já que era neto
de Jeoaquim (1Cr 3:14-19), havia entre os judeus uma
certa expectativa de que ele teria um papel messiânico.
O mais importante é que, como o cetro e a coroa, o anel
de selar simbolizava a autoridade real. A designação de
Zorobabel como “anel de selar do Senhor” indicava que
Deus cancelara a maldição pronunciada por Jeremias
sobre o rei Joaquim e seus descendentes (Jr 22:24-30).
A restauração da autoridade real à família de Davi atri-
buída a Zorobabel por Ageu representava a retomada da
146 DRIVER, S. R. The Minor Prophets: Nahum, Habakkuk, Zephanaih, Haggai,
Zechariah, Malachi. Nova York: Oxford University Press, 1906, p. 163.

194 Estudos Bíblicos


linhagem messiânica de Judá.147 Embora somente em
Jesus todas as promessas feitas no Antigo Testamento
se realizem, não se pode negar a importância de Zoro-
babel. Naquele momento histórico ele foi o responsável
tanto pelo início como pela conclusão da reconstrução
do templo, o que era fundamental para a estrutura reli-
giosa e serviço de culto em Israel. Sem o templo, fica-
vam comprometidos os rituais que prefiguravam Cristo e
o serviço de adoração.

CONCLUSÃO

Embora a prosperidade material não seja garan-


tia de prosperidade espiritual, o fato de negligenciar a
obra de Deus pode ser um retrocesso na vida em todos
os aspectos, inclusive o financeiro. Mesmo que a adora-
ção a Deus não esteja restrita a templos feitos por mãos
humanas, faz-se necessário o mínimo de zelo com o
local onde a Igreja se reúne. Os utensílios e demais itens
que pertencem à igreja e são consagrados para o uso
do Senhor não devem ser negligenciados uma vez que
muito do que é feito pela Igreja depende de seu estado
de conservação.
É preciso compreender qual o propósito de Deus
com relação a nós e qual sua missão para cada um
dentro da organização religiosa onde congregamos.
Não devemos cair na indiferença, mas à semelhança de
Ageu precisamos cumprir nosso ministério, na certeza
de que Deus sempre tem um remanescente e que suas
promessas jamais falham.
Ageu sai de cena tão bruscamente como entrou;
em pouco mais de três meses entregou sua mensagem
e deixou que Zorobabel ocupasse o posto para o qual
estava designado pelo Senhor. Aprendamos com este
profeta que não importa o quanto dure nosso ministério,
147 DRIVER, S. R. Op. cit., p. 163.

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o que vale são seus resultados. Não importa se outros
colham os frutos, o que importa é participar do plantio. Se
essa for nossa missão, sejamos, então, como o semea-
dor que nem sempre participa da colheita, mas nem por
isso fica sem seu galardão, pois a colheita jamais exis-
tiria não fosse a nobre tarefa de lançar a semente na
terra.

PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE

1. Qual era a desculpa apresentada pelo povo pra não


edificarem o tempo? (1:2).
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2. Como é descrita a situação do povo por haverem
negligenciado a construção do Templo? (1:5-7; 9-11).
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3. Qual foi o resultado imediato da mensagem de Ageu?
(1:12-15).
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4. Qual era a causa da tristeza no povo quando recome-
çaram a reconstrução do Templo? (2:3).

196 Estudos Bíblicos


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5. Que promessa é feita ao povo em Ageu 2:7-9? Que
aplicação se pode fazer dela para os dias de Ageu e
para nosso tempo?
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6. Que relação há entre a mensagem em Ageu 2:10-14
e a adoração?
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7. O que mudaria na vida do povo a partir da obediência
à Palavra do Senhor? (2:19).
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8. Que importância teve Zorobabel nos dias para a nação
judaica no tempo de Ageu? Como podemos aplicar as
promessas feitas a ele para a atualidade? (2:23).
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PÁGINA DO TESOUREIRO
Prezados irmãos e irmãs em Cristo Jesus,
A Tesouraria da Conferência Batista do Sétimo Dia
Brasileira tem como objetivo melhorar cada vez mais o
desempenho de suas atribuições e prestação de serviços.
Mas, para tanto, a colaboração de cada um de vocês é
indispensável, neste processo.
Solicitamos, portanto, que os valores referentes à
remessa mensal sejam depositados impreterivelmente até
5º dia útil de cada mês, nas seguintes agências e contas
bancárias, abaixo descritas, em nome da Conferência
Batista do Sétimo Dia Brasileira:
1. Banco do Brasil: Agência 1458-3 / Conta Corrente n. 19941-9

2. Banco Bradesco: Agência 2037 / Conta Corrente n. 37693-0

3. Banco Itaú: Agência 3703 / Conta Corrente n. 06312-7


Por favor, não mandem o recibo original do depósito,
pelo correio. Tirem uma fotocópia, se forem enviar pelo cor-
reio. Aqueles que puderem, usem o Scanner para copiar
tanto o recibo de depósito quanto o recibo do talão de
remessa, e enviem por e-mail para o seguinte endereço
eletrônico: secretaria@cbsdb.com.br.
As cópias dos recibos de depósito bancário e o recibo
do talão de remessa deverão ser enviados para o endereço
da sede geral da CBSDB, no máximo até o dia 15 de cada
mês. O tesoureiro que enviar os comprovantes de depósito
e recibo de remessa por e-mail não precisará mandar pelo
correio as cópias dos mesmos.
Muito Obrigado!
MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS
Pr. Renato Sidnei Negri Junior

Domingo – Mateus 23:35


Todo o capítulo 23 de Mateus relata a dura repre-
ensão que Jesus faz aos escribas e fariseus. A palavra
que é mais utilizada no texto para descrevê-los é “hipó-
crita”: alguém que finge ou dissimula sua verdadeira
personalidade, geralmente por possuir interesses ou
para se esconder. E eles eram assim porque seu único
interesse era o bem estar próprio. Mas justiça seria feita
sobre eles, os “Ais” descritos neste capítulo demonstram
isso. Eles seriam punidos por todo sangue inocente que
havia sido derramado sobre a terra, começando por Abel
até o último mártir referido no cânon hebraico, Zacarias.
A punição para eles veio provavelmente na destruição
de Jerusalém e do templo em 70 D.C. Nada está escape
dos olhos de Deus. Jesus está voltando e julgará com
justiça terra. Qual será a sentença dele sobre nós?

Segunda-feira – Isaías 2:2-4


Temos vividos dias difíceis. A tensão tem tomado
conta do nosso coração. Saímos e voltamos preocupa-
dos ao nosso lar. Não sabemos se a pessoa ao nosso
lado vai tirar a mão do bolso para nos cumprimentar ou
nos assaltar. Fala-se muito em acordos de paz, mas que
paz é esta que se arma para a guerra? Tudo isso porque
o diabo tem sido o príncipe deste mundo. Entretanto
haverá um dia em que tudo isso acabará. Viveremos em
um reino de paz e justiça que foi iniciado pelo nosso
Salvador e será estabelecido em plenitude no dia da
sua volta. Nesse reinado não haverá lugar para guerra.
Enquanto isso não acontece, precisamos nos lembrar

www.ib7.org 199
das palavras confortadoras de Jesus: “Deixo com vocês
a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a
paz como o mundo a dá. Não fiquem aflitos nem tenham
medo” (Jo 14:27, NTLH).

Terça-feira – Isaías 11:6-9


O texto de hoje descreve a eficácia do governo
pacífico de Cristo. O fato é demonstrado pela ilustração
de animais selváticos, a presa e o predador, vivendo em
harmonia e a criança de colo brincando com a áspide.
Não haverá mais preocupação e perigo nenhum nos
ameaçará. Não existirão fronteiras geográficas, étnicas
ou sociais. Aos olhos humanos isso parece uma utopia,
porém a plenitude da paz universal será uma realidade,
graças ao conhecimento de Deus que inundará toda a
terra (v.9). E esse conhecimento é um viver de modo
sábio e submisso, de acordo com a vontade do Senhor.
Oremos para que sejamos alcançados e inundados pelo
temor e a Glória de Deus a fim de que possamos expe-
rimentar em sua morada a perfeição do seu reino que
será estabelecido para todo o sempre.

Quarta-feira – Zacarias 14:11


O profeta Zacarias falou tanto de um futuro pró-
ximo de Israel como de um futuro distante com Cristo.
Segundo o contexto imediato, algumas destas profecias
concretizaram-se sobre o povo que retornou do exílio
babilônico. Contudo, muitas das profecias, cumpridas ou
não, simbolizavam promessas que haveriam de se cum-
prir sobre a nova Jerusalém. O povo de Israel deixou
de experimentar muitas destas promessas por causa do
seu pecado. O Senhor virá, para uma última batalha, e
estabelecerá a nova Jerusalém (Ap 21:2,3), que será

200 Estudos Bíblicos


governada pelo Messias, o Ungido de Deus. E diferente
da Jerusalém terrena que vivia e ainda vive em guerra, a
nova morada do Deus Altíssimo será segura e tranquila.
Mas assim como o povo de Israel, se nós não deixar-
mos de lado a vida de pecado que porventura vivemos,
jamais poderemos experimentar tal promessa.

Quinta-feira – Jeremias 23:5,6


Jeremias foi um dos profetas que exerceu seu
ministério antes e após o exílio. Ele acompanhou a
decadência espiritual dos últimos reis de Judá e também
presenciou o sofrimento do povo que foi levado cativo
à Babilônia. A promessa de um rei justo, sábio e que
executaria seu perfeito juízo sobre a terra, tanto traziam
esperança a um povo que vivia uma calamidade espiri-
tual por causa dos seus líderes tanto para um povo que
viveria 70 anos exilado, sendo governado por um rei
estrangeiro. A promessa do Renovo justo que se levan-
taria do trono de Davi cumpriu-se em Jesus Cristo. Ele
é o Senhor, Justiça Nossa, descrito pelo profeta. Mesmo
vivendo tempos de crise em que estamos cercados
por uma política corrompida, governantes impiedosos
e injustiça social, Jesus deve continuar reinando sobre
nossas vidas. Em tempo oportuno Ele se levantará do
seu trono e executará a sua justiça sobre a terra e então
não seremos mais oprimidos por todas estas coisas.

Sexta-feira – Atos 3:20,21


Neste trecho da pregação de Pedro no templo, ele
afirma que Jesus por certo tempo aguardaria no céu
até que chegasse o momento em que todas as coisas
seriam restauradas, e então ele voltaria. Isso me faz
lembrar as parábolas que Jesus proferiu a respeito de

www.ib7.org 201
sua segunda vinda: parábola dos lavradores maus (Mt
21:33-41), parábola do bom servo (Lc 12:42-48) e a
parábola dos talentos (Mt 25:1430). Estas três parábolas
têm duas coisas em comum: um senhor que se ausenta
do país por um tempo que não é definido e também nas
três, quando o senhor retorna para casa ele faz justiça a
tudo o que estava certo ou errado. Chegará esse tempo
de refrigério, de restauração, justiça e paz. Qual é a sua
expectativa para este dia? Como você tem se prepa-
rado? Uma coisa é certa: estejamos prontos ou não, no
tempo determinado, o Senhor voltará.

Sábado – 2 Pedro 3:13


Essa segunda carta que Pedro escreveu aos cris-
tãos tem como um dos objetivos, e talvez o principal,
combater movimentos heréticos que estavam se levan-
tando dentro da igreja. O problema era um grupo de pes-
soas que misturavam filosofia grega e misticismo com
o cristianismo. Essas pessoas zombavam da segunda
vinda de Cristo. Por este motivo o apóstolo reserva parte
do conteúdo da carta para relembrar aos seus leitores
que a promessa da volta de Cristo é certa (2Pd 3:9).
Também Pedro afirma que a terra e tudo o que nela há
estão reservados para o fogo da destruição (v.7). Mas
há uma esperança para o povo de Deus, “novos céus e
nova terra”. O nosso Deus fará tudo novo, Ele não vai e
nem precisará reaproveitar nada disso do que vemos. A
terra que foi corrompida por causa do pecado do homem
já não existirá. O nosso Deus que do nada criou todas
as coisas apenas por sua palavra, é capaz, e fará tudo
novo.

202 Estudos Bíblicos


12
ZACARIAS
O REINADO MESSIÂNICO
Pr. Daniel Miranda Gomes
23 de Agosto de 2014

TEXTO BÁSICO:
“Dias virão, declara o Senhor, em que levanta-
rei para Davi um Renovo justo, um rei que reinará
com sabedoria e fará o que é justo e certo na terra”.
(Jr 23:5, NVI)

INTRODUÇÃO
A dominação persa marca o contexto da profecia
de Zacarias. Provavelmente seu pano de fundo sejam
os distúrbios que principiaram depois da morte de Cam-
bises, em 522 A.C., motivados pela sucessão do trono
persa. A política desse império previa a restauração dos
cultos dos povos dominados. Ao patrocinar o culto local,
esperava conseguir algum consenso, pelo menos dos
sacerdotes, para sua administração. É claro que esse
conceito de tolerância não pode ser levado ao pé da letra.
Não se tratava de consideração legítima pelos outros,
mas sim da percepção que o império mundial poderia
ser mais bem dominado de maneira duradoura. Qual a
situação dos judeus nessa nova ordem política? O povo
de Deus continuava dominado. O desejo de libertação,
acompanhado de esperança, ainda era extremamente
necessário. É nesse contexto que a mensagem de Zaca-
rias se faz presente.

AUTORIA E DATAÇÃO

O nome Zacarias significa “Yahweh se lembra”.


Este era um nome popular no Antigo Testamento. Ali
www.ib7.org 203
encontramos mais de 300 pessoas designadas com
este nome. Contudo, o escritor deste livro se identifica
como “Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, o pro-
feta” (1:1; Ed 5.1; Ne 12.12,16). Ido, o profeta, também
era líder de uma família de sacerdotes. Zacarias nasceu
em Babilônia e pertencia à tribo de Levi. Provavelmente
retornara do exílio juntamente com os demais judeus (Ne
12:1,4,16).148 Dessa forma, ele ocupou os dois ofícios,
sacerdote e profeta (Ne 12:1,4,7,10,12,16).149
O profeta aparece tanto como filho de Berequias
(1:1) quanto filho de Ido (Ed 1:1; 6:14).150 A palavra “filho”,
entretanto, em hebraico, pode significar também neto ou
descendente.151 Assim, o autor estaria referindo-se a si
mesmo em seu livro como filho de Berequias, enquanto
Esdras faz referência a seu avô. A expressão “jovem”,
que aparece diretamente em 2:4 e indiretamente em
2:8 (“enviou-me”), sugerem que Zacarias era um jovem
adulto quando retornou do exílio.152
A datação do livro é um ponto igualmente impor-
tante no estudo do texto. Três passagens em Zacarias
ajudam a fixar sua data de composição: 1:1,7; 7:1. Essas
datas vão do “oitavo mês do segundo ano de Dario” (520
A.C.) até o nono mês do quarto ano do mesmo rei (518
A.C.). Seu ministério assim se estenderia por pelo menos
dois anos, entre 520-518 A.C. Há também a possibilidade
de que esse ministério tenha sido um pouco mais longo,
talvez até a dedicação do templo, ou mesmo depois.153

148 SCHULTZ, Samuel J. A história de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida
Nova, 1995, p. 394.
149 CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por
versículo, v. 5. São Paulo: Hagnos, 2001, p. 3659.
150 Alguns autores afirmam que isso seria o indício de que dois Zacarias teriam par-
ticipado da composição do livro (SMITH, Ralph L. Word biblical commentary: Micah-
Malachi, v. 32. Waco, TX: Word Books, 1984, p. 167-168).
151 SMITH, Ralph L. Op. cit., p. 167.
152 SMITH, Ralph L. Op. cit., p. 168.
153 SELLIN, E.; FOHRER, G. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Aca-
demia Cristã, 2007, p. 650.

204 Estudos Bíblicos


CONTEXTO HISTÓRICO

O ambiente no qual Zacarias desenvolveu seu


ministério foi o do retorno do cativeiro babilônico. Ao
assumir o trono, “para que se cumprisse a palavra do
Senhor, falada por intermédio de Jeremias”, Ciro, rei dos
medos e persas, decretou que todo o povo de Judá que
estava cativo subisse para edificar a casa do Senhor (Ed
1:1-4). Além disso, todos os utensílios do templo, que
estavam em Babilônia foram enviados de volta a Jerusa-
lém (Ed 1:7-11).
A reconstrução de Jerusalém deu-se em um
ambiente de temor, por causa dos “povos das outras
terras” (Ed 3:1-3). Nesta época, havia em Jerusalém
uma população mista, resultante da ação dos assírios.
Esses desejaram participar da reconstrução do templo.
Essa proposta, contudo, foi recusada e essa população
mista, habitantes da província de Samaria - que mais
tarde seriam conhecidos como samaritanos - se torna-
ram hostis aos judeus de tal forma que a obra foi inter-
rompida por cerca de 18 anos, e em 520 A.C. o templo
ainda estava em ruínas (Ed 4:1-5).154
Mais do que um abandono na construção do templo
pela oposição sofrida, Jerusalém enfrentava uma “época
de penúria econômica” que impedia que a obra progre-
disse.155 Além disso, havia paralisia moral que aceitava
como normais condições que exigem mudanças drás-
ticas.156 É nessa ocasião que o profeta Ageu começa
a atuar em seu ministério profético no segundo ano

154 SCHULTZ, Samuel J. Op. cit., p. 392.


155 SCHIMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. São Leopoldo, RS:
Sinodal, 1994, p. 258.
156 BALDWIN, J. G. Ageu, Zacarias e Malaquias: introdução e comentário. São
Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1982, p. 21.

www.ib7.org 205
de governo do rei persa Dario I, em 520 A.C.157 Nesta
época de paralisia, sua tarefa específica foi a de induzir
os judeus a renovarem sua obra no templo. A situação
piorou ainda mais, pois, ao invés de trabalharam pela
Casa do Senhor, os judeus se desviaram daquilo que
deveria ser sua prioridade e se concentraram na cons-
trução de suas próprias casas (Ag 1:4).158
Pouco tempo depois de Ageu, talvez apenas dois
meses depois, surge o profeta Zacarias.159 O texto
bíblico diz: “Ora, o profeta Ageu e o profeta Zacarias,
filho de Ido, profetizaram aos judeus que estavam em
Jerusalém, em nome do Senhor Deus de Israel, que
estava sobre eles” (Ed 5:1).
Zacarias desempenhou papel fundamental para a
tarefa de conclusão do templo. Nos dias de hesitação
que se seguiram à segunda mensagem de Ageu, Zaca-
rias prestou inspiração de reforço para o grupo de esfor-
çados judeus.160 Sua primeira tarefa foi ajudar o profeta
Ageu a fazer com que os homens terminassem o tem-
plo.161

ESTRUTURA E MENSAGEM
O livro de Zacarias divide-se em duas partes prin-
cipais. A primeira parte (1-8) começa com uma exorta-
ção aos judeus para que voltem ao Senhor, para que
também o Senhor se volte a eles (1:1-6).
Enquanto encorajava o povo a terminar a reedifi-
cação do templo, o profeta Zacarias recebeu uma série
de oito visões noturnas (1:7-6:8), garantindo à comuni-
dade judaica em Judá e Jerusalém que Deus cuida do
157 SCHIMIDT, Werner H. Op. cit., p. 258.
158 SCHULTZ, Samuel J. Op. cit., pp. 392, 393.
159 SCHIMIDT, Werner H. Op. cit., p. 260
160 SCHULTZ, Samuel J. Op. cit., p. 394.
161 BALDWIN, J. G. Op. cit., p. 47.

206 Estudos Bíblicos


seu povo, governando o seu destino. As cinco primei-
ras visões transmitiam esperança e consolação, mas as
últimas três apontavam para um juízo. A quarta visão
contém uma importante profecia messiânica (3:8,9). A
cena da coroação em 6:9-15 é uma profecia messiânica
clássica do Antigo Testamento. Duas mensagens (7 e 8)
fornecem perspectivas presentes e futuras aos leitores
originais do livro.
A segunda parte (9-14) contém dois blocos de pro-
fecias apocalípticas. Cada um deles é introduzido pela
expressão: “Peso da palavra do Senhor” (9:1; 12:1). O
primeiro “peso” (9:1-11:17) inclui promessa de salvação
messiânica para Israel, e revela que o Pastor-Messias,
que levaria a efeito tal salvação, seria primeiramente
rejeitado e ferido (11:4-17; cf. 13:7). O segundo “peso”
(12:1-14:21) focaliza a restauração e conversão de
Israel. Deus prediz que Israel pranteará por causa do
próprio Senhor “a quem traspassaram” (12:10). Naquele
dia, uma fonte será aberta à casa de Davi para a purifi-
cação do pecado (13:1); então Israel dirá: “O Senhor é
meu Deus” (13:9). E o Messias reinará como Rei sobre
Jerusalém (14).
O livro de Zacarias é o mais messiânico dos livros
do Antigo Testamento, em virtude de suas muitas refe-
rências ao Messias, que ocorrem em seus 14 capítulos.
Somente Isaías, com seus 66 capítulos, contém mais
profecias a respeito do Messias do que Zacarias.
Zacarias revela um exemplo notável de ironia divina
ao prever a traição do Messias por 30 moedas de prata,
tratando-as como “esse belo preço em que fui avaliado
por eles” (11:13). A profecia de Zacarias a respeito do
Messias no capítulo 14, como o grande Rei-guerreiro
reinando sobre Jerusalém, é uma das que mais inspi-
ram reverente temor em todo o Antigo Testamento. Além

www.ib7.org 207
disso, Zacarias profetizou a respeito da morte expiatória
de Cristo pelas mãos dos judeus, que, no tempo do fim,
levá-los-á a prantearem-no, arrependerem-se e serem
salvos (12:10-13:9; Rm 11:25-27).
Mas a contribuição mais importante de Zacarias
diz respeito às suas numerosas profecias concernentes
a Cristo. Os escritores do Novo Testamento citam-nas,
declarando que foram cumpridas em Jesus Cristo. Entre
elas estão: 1) ele virá de modo humilde e modesto (9:9;
13:7; Mt 21:5; 26:31, 56); 2) ele restaurará Israel pelo
sangue do seu concerto (9:11; Mc 14:24); 3) será pastor
das ovelhas de Deus que ficaram dispersas e desgarra-
das (10:2; Mt 9:36); 4) será traído e rejeitado (11:12,13;
Mt 26:15; 27:9,10); 5) será traspassado e abatido (12:10;
13:7; Mt 24:30; 26:31, 56); 6) voltará em glória para livrar
Israel de seus inimigos (14:1-6; Mt 25:31; Ap 19:15); 7)
reinará como rei em paz e retidão (9:9,10; 14:9,16; Rm
14:17; Ap 11:15); e 8) estabelecerá seu reino glorioso
para sempre sobre todas as nações (14:6-19; Ap 11:15;
21:24-26; 22:1-5).
Para Zacarias, somente a mudança genuína de
coração traria o favor divino (1:1-6). Mas o profeta vai
além, ele faz mais que uma exortação à reconstrução.
Naqueles dias de incerteza, o profeta tinha uma men-
sagem confortadora. Por meio de uma série de visões
noturnas, veio a certeza renovada de que Deus, que
mantém vigilância sobre o mundo inteiro, havia prome-
tido a restauração de Jerusalém.162
O livro de Zacarias chama a atenção pelo seu alto
teor escatológico. Ele transcende os limites da situação
do momento, dos problemas de sua época, para falar da
restauração final, permanente. Em seu ofício ele trata
de temas referentes ao início de uma era escatológica
162 SCHULTZ, Samuel J. Op. cit., pp. 394, 396.

208 Estudos Bíblicos


final e à organização da comunidade escatológica, como
também trata de questões práticas de sua época.163

PROMESSA DE RESTAURAÇÃO

O livro de Zacarias trata da restauração espiritual


do povo de Israel e da sua cidade capital, Jerusalém –
não só no tempo de Zacarias, mas mais especificamente
no tempo do fim, depois da vinda do Messias. Descreve
também os julgamentos de Deus sobre os seus inimi-
gos, e torna-se claro que eles são também os inimigos
de Israel.
O profeta começa seu livro dizendo: “No oitavo mês
do segundo ano de Dario, a palavra do Senhor falou a
Zacarias…” (1:1). Este verso revela a ocasião, a fonte
divina e o agente humano que agiu no chamamento ini-
cial ao arrependimento. O dia específico do oitavo mês,
que começou em 27 de outubro de 520 A.C., é signi-
ficativo, pois o profeta judaico datou a sua profecia de
acordo com o reino de um monarca gentio. Isto cons-
tituiu lembrança a todos os ouvintes de Zacarias que
o tempo dos gentios estava em curso, e que nenhum
descendente de David estava no trono em Jerusalém.
Ainda mais, Zacarias, ao escutar a palavra de Deus, foi
apenas a pessoa que pronunciou esta profecia e não
a sua fonte (2Pd 1:21). Como profeta, ele era simples-
mente um servo e um enviado, chamado e ungido para
levar ao povo à Palavra de Deus.
Numa única noite, Zacarias teve uma série de
oito visões que foram interpretadas por um anjo e que
descrevem o futuro de Israel. Deve-se notar que estas
visões foram recebidas por Zacarias quando se encon-
trava perfeitamente acordado – não foram sonhos. Ele
163 SELLIN, E.; FOHRER, G. Op. cit., p. 650.

www.ib7.org 209
até ficou exausto por causa das visões e adormeceu,
apenas para ser acordado pelo anjo (4:1). Nas visões,
as bênçãos de Deus para Israel atravessam os séculos
desde a reconstrução do templo nos dias de Zacarias,
até à restauração do reino de Israel sob o Messias.
As exortações que se seguem nos capítulos 7 e
8 são a resposta divina a um questionamento do povo,
apresentado, em todo o seu contexto, nos três primei-
ros versículos do capítulo 7. Uma delegação de Betel,
formada por representantes do povo, queria saber se
os judeus deveriam continuar ou parar o jejum anual
que realizavam em memória à queda de Jerusalém. A
resposta divina é clara: o que Deus queria mesmo era
a obediência do povo, o compromisso com a justiça, a
observância da sua vontade (Zc 7:8-14).164
A chave para a plena restauração de Israel é a volta
de Deus a Sião. Pois indica a ocasião em que Cristo
voltará, em glória, para implantar o seu reino sobre as
nações. Nesta ocasião, a presença divina fará de Jeru-
salém a cidade da verdade e da fidelidade. E o monte do
Senhor será santo, ou seja, separado à sua adoração.

PROMESSAS DE GLÓRIA POR MEIO DA TRIBULAÇÃO

As profecias dos capítulos 9 a 14 foram escritas


por Zacarias muito tempo depois das primeiras profecias
registradas no início do seu livro. Nessa época, inclu-
sive, o profeta Ageu já era, sem dúvida, falecido.
Se os primeiros oito capítulos, especialmente os
seis primeiros, foram escritos no período de 520 A.C. a
518 A.C., essa última parte foi escrita por volta dos anos

164 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os doze profetas menores. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012, p. 99.

210 Estudos Bíblicos


480 A.C. 470 A.C. Aqui, já não estamos mais diante de
um jovem Zacarias, mas do ancião Zacarias, o profeta.
Tudo leva a crer que, por essa época, a nova geração
do povo já não era sensível à voz de Deus como nos
dias de Zorobabel e Josué, posto que Jesus lembra que
Zacarias, já idoso, acabou assassinado “entre o santu-
ário e o altar” pelos seus colegas oficiais do Templo (Mt
23:25).
Nos capítulos de 9 a 10, Zacarias profetiza sobre
como Israel sobreviverá durante o Império Greco-Mace-
dônico; e no capítulo 11, o tema é Israel em um contexto
mais messiânico. Os capítulos 12 a 14 são dedicados
totalmente ao Reino do Messias

CONCLUSÃO

O livro de Zacarias começa com um chamado


ao arrependimento, mas termina com a visão de uma
nação santa e de um reino glorioso. Zacarias foi um dos
heróis de Deus que ministrou num tempo complicado
e num lugar difícil, mas encorajou o povo de Deus ao
mostrar-lhes visões daquilo que Deus planejou para o
seu futuro. Deus é zeloso para com Jerusalém e o povo
judeu e cumprirá suas promessas.
O livro do profeta Zacarias é também um registro
pungente acerca do plano de Deus para Israel no que
diz respeito ao final dos tempos e, portanto, um forte tes-
temunho de que o Deus de Israel é o Senhor da História.

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PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE

1. Qual é o assunto e qual é o contexto histórico do livro


de Zacarias?
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2. Qual é a estrutura e a mensagem do livro de Zaca-
rias?
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3. Cite três profecias de Zacarias cumpridas em Jesus.
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4. Como é descrita a restauração de Jerusalém no livro
de Zacarias?
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5. É possível viver num mundo de justiça, paz e segu-
rança? Isso ocorrerá algum dia? Quando e como será a
época da paz universal?
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Recorte aqui
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MEDITAÇÕES BÍBLICAS DIÁRIAS
Pr. Luiz Rogério Palhano
Domingo – Mateus 5:23-24
As palavras contidas nestes versos foram profe-
ridas aos judeus. Eles tinham o templo e o altar para
fazerem suas ofertas. Os sacrifícios e holocaustos per-
mitiam que eles mantivessem um bom relacionamento
com Deus. Quando Jesus diz para que se reconcilias-
sem com o irmão, na verdade estava querendo dizer:
“Como podes querer um bom relacionamento com Deus
se não procuras relacionar-se com o teu irmão”? Jesus
critica a religião superficial. O nosso culto a Deus não
consiste apenas em cumprir alguns deveres como visi-
tar o templo, ofertar, proferir a oração do Pai Nosso, e
outras atividades que podem ser feitas superficialmente.
Ele nos ensina que todos aqueles que vão ao templo
devem estar em comunhão com Deus e também com o
próximo, tanto exterior quanto interiormente. Os nossos
atos devem ser puros, e isso começa em nosso coração.

Segunda- feira – Jeremias 29:13


Existem fatores que impedem a presença de Deus
em nossa vida. Se quisermos viver, celebrar e compar-
tilhar das bênçãos divinas, precisamos viver em harmo-
nia com a vontade do Senhor. Buscar a Deus significa
o ardente desejo de ter comunhão com ele, de maneira
mais íntima a ponto de querer segui-lo plenamente,
conhecer os seus princípios, aprendê-los e praticá-los.
O profeta Jeremias nos ensina que devemos achá-lo,
isto é, encontrar-nos com ele e sentir o quanto nos ama,
sua compaixão, sua grandeza, sua majestade e poder,
sua salvação. Mas o Senhor nos alerta que só o achare-

www.ib7.org 219
mos se o buscarmos de todo o coração. Quando conhe-
cemos a Deus, sabemos como buscá-lo e achá-lo.

Terça- feira – Êxodo 29:4-6


No texto de hoje, podemos notar que Deus, o nosso
Senhor, é zeloso e requer prioridade, exclusividade para
sua adoração. Aqueles que saíram do Egito com Moisés
estavam se tornando nação a partir daquele momento,
onde a “aliança” poderia lhes trazer tanto uma vida de
bênção, como de maldição. Neste sentido, as bênçãos
da “aliança” estavam condicionadas à obediência às
leis. Vemos uma grande diferença entre a bondade de
Deus, entre os adoradores, e a maldição e vingança
sobre os idólatras. Desde então, o Decálogo é um texto
que fundamenta o monoteísmo cristão, e não apenas
o judaico. Continua sendo lido por todos que amam a
Deus e demonstram esse amor na forma da obediência.
É um padrão perpétuo de liturgia e serviço religioso. É
um código de aliança entre o homem e o divino. Uma
chamada à adoração exclusiva, de um único e suficiente
Deus.

Quarta- feira – Deuteronômio 12:11-12


Adorar a Deus com nossos dízimos e ofertas é
uma forma de expressar-lhe o nosso amor e gratidão.
Os seres humanos foram criados por ele, e lhe devem
o fôlego de vida (At 17:28; Gn 1:26-27). Sendo assim,
ninguém possui nada que não haja recebido original-
mente do Senhor (Jo 3:27). Além dos dízimos, os isra-
elitas eram instruídos a trazer ofertas ao Senhor, princi-
palmente na forma de sacrifícios, assim como a oferta
de manjares, a oferta pacífica, a oferta pelo pecado
e a oferta pela culpa. Além das ofertas prescritas, os
israelitas podiam apresentar outras ofertas voluntárias
220 Estudos Bíblicos
ao Senhor. Quando, por exemplo, os israelitas empre-
enderam a construção do Tabernáculo, trouxeram libe-
ralmente suas ofertas para a fabricação da tenda e de
seus móveis (Êx 35:20-29). Ficaram tão entusiasmados
com o empreendimento, que Moisés teve de ordenar-
-lhes que cessassem as ofertas (Êx 36:3-7). Seja você
um adorador entusiasmado e fiel nos dízimos e ofertas.
Faça por amor e reconhecimento a Deus.

Quinta- feira – 2 Coríntios 9:6-15


O apóstolo Paulo agradece e incentiva os cristãos
em Corinto a darem generosamente. Ele cita um prin-
cípio bem conhecido nas Escrituras: ceifamos o que
semeamos. É obrigação contribuir? Aqui, Paulo diz que
a oferta não deve ser feita por necessidade, mas em 1ª
Coríntios 16:1-2 (“... façam como ordenei às igrejas da
Galácia”), é abordado o mesmo assunto como ordem.
Podemos entender assim: é a responsabilidade de cada
cristão contribuir, mas não devemos fazê-lo só por causa
da obrigação. Devemos entender o propósito da oferta
e participar com alegria, reconhecendo o privilégio de
participar do trabalho do Senhor. A generosidade dos
gentios em ajudar os santos necessitados de Jerusa-
lém proporcionou muitos benefícios, pois além de ajudar
aqueles santos, demonstrou gratidão para com Deus e
comunhão com os irmãos. Por outro lado, os irmãos em
Jerusalém oravam em favor dos fiéis em Corinto. Uns
ofertam, e outros oram a favor, mas quem merece a gra-
tidão e a glória é o próprio Deus.

Sexta- feira – Colossenses 3:16


Tentar definir o termo “cultuar” não deixa de ser um
desafio a todos que se preocupam com uma verdadeira
adoração. Num sentido mais restrito, significa uma atri-
www.ib7.org 221
buição de honra e glória ou devoção expressa a Deus
em público ou pessoalmente. Cremos que esta reverên-
cia suprema, que só é devida a Deus, inclui a adora-
ção, o louvor, ações de graça, a confissão de pecados, a
súplica de graça e bênção e a consideração da vontade
divina, que representa a vontade e planos do Senhor
para nossa vida. Quando nos reunimos para adorar a
Deus somos fortalecidos. Podemos observar, nesta carta
aos Colossenses, alguns elementos indispensáveis ao
nosso culto. Por meio de salmos, hinos e cânticos espi-
rituais, honramos ao Senhor com alegria, e a Palavra de
Deus nos proporciona sabedoria e refrigério da alma.

Sábado – João 4:21-24


Vemos aqui primeiramente Cristo estabelecendo
um diálogo pessoal com a samaritana, caracterizado
pelo respeito comum e amor que o nosso Mestre sempre
teve em todos os seus relacionamentos. Em segundo
plano, ele tratou da necessidade humana da vida espiri-
tual, uma necessidade que é tão básica como a própria
água. Ele indicou que o Evangelho pode satisfazer essa
necessidade por toda a eternidade. A esta altura, ele traz
à tona a próxima questão importante, que é a do pecado
à luz da verdade. Depois, vemos Jesus fazendo alusão
às diferenças entre judeus e samaritanos na adoração e,
então, finaliza a abordagem ensinando que agora era a
hora de adorar o Pai “em Espírito e em verdade, porque
o Pai procura a tais que assim o adorem” (v. 23). A ver-
dadeira adoração consiste em uma vida de testemunho
cristão. Não é o lugar, mas a maneira que vivemos que
conta para Deus.

222 Estudos Bíblicos


13
MALAQUIAS
O CULTO SEGUNDO DEUS
Pr. Jonas Sommer
30 de Agosto de 2014

TEXTO BÁSICO:
“O filho honra seu pai, e o servo o seu
senhor. Se eu sou pai, onde está a honra que me é
devida? Se eu sou senhor, onde está o temor que
me devem? pergunta o Senhor dos Exércitos...”.
(Ml 1:6, NVI)

INTRODUÇÃO
Qual seria a última mensagem de Deus para o seu
povo no Antigo Testamento? Isso fica a cargo de Mala-
quias. No entanto, comumente isolamos um assunto de
determinado contexto literário ignorando o tema central
daquela obra. O livro de Malaquias é o exemplo perfeito
disso. Quando falamos nele, pensamos logo em “dízimo”.
É como se “Malaquias” e “dízimo” fossem termos amal-
gamados. No entanto, veremos que o assunto predomi-
nante do profeta Malaquias não é o dízimo (este apenas
é tratado num contexto de corrupção sacerdotal e da
nação), mas contrariamente, é o relacionamento familiar
e civil entre o povo judeu que constituem o seu tema
principal. Outrossim, o livro demonstra que a forma com
que adoramos a Deus precisa ser compatível com a vida
que demonstramos com Deus aos que estão à nossa
volta. A vida do adorador deve falar tanto quanto ou mais
alto que seus louvores.165
O livro de Malaquias fala do grande erro que é
nos esquecermos do amor de Deus. Quando alguém
165 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os doze profetas menores. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012, p. 104-105.

www.ib7.org 223
se esquece do amor de Deus, isso afeta seu compor-
tamento, sua vida familiar e sua adoração. Quando o
amor de Deus e sua fidelidade são postos em dúvida, os
compromissos sagrados deixam de ser sagrados. Deus
enviou Malaquias para despertar o povo de seu sono
espiritual e exortá-lo a voltar-se para o Deus vivo. O livro
também nos mostra um povo que questiona a realidade
de seu pecado e de sua infidelidade a Deus, um povo
cada vez mais duro de coração. Por isso, o livro caminha
para o final com um texto muito sério, um confronto entre
um Deus desapontado e um povo decepcionado.166

O PROFETA E SEU TEMPO

O livro não menciona diretamente o reinado em que


Malaquias exerceu seu ministério. Malaquias significa
“meu mensageiro”, e seu livro não informa o nome do
seu pai, nem o seu local de nascimento. Sob o aspecto
histórico, nada sabemos sobre a vida do profeta Mala-
quias. Tudo o que entendemos é o que deduzimos de
suas declarações. O pequeno livro apresenta um prega-
dor impetuoso e vigoroso que buscava sinceridade na
adoração e santidade de vida. Possuía intenso amor por
Israel e pelos serviços do templo. É verdade que deu mais
destaque à adoração do que à espiritualidade. Contudo,
para ele o ritual não era um fim em si mesmo, mas uma
expressão da fé do povo no Senhor.167 Não obstante, há
evidências internas que permitem identificar o contexto
político, religioso e social do livro em apreço.
a) O governador de Judá. Jerusalém era gover-
nada por um pehah, palavra de origem acádica tradu-
166 RADMACHER, Earl; ALLEN, Ronald B.; HOUSE, H. Wayne. O novo comentário
bíblico do Antigo Testamento com recursos adicionais: a Palavra de Deus ao alcance
de todos. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010, p. 1409.
167 GREATHOUSE, William M. Comentário bíblico Beacon, v. 5. Rio de Janeiro:
CPAD, 2005, p. 345.

224 Estudos Bíblicos


zida por “príncipe” na versão Almeida Revista e Corri-
gida, ou “governador”, na Almeida Revista e atualizada
(1:8). O termo indica um governador persa e é aplicado
a Neemias (Ne 5:14). O seu equivalente na língua persa
é tirshata (“tirsata, governador”, cf. Ed 2:63; Ne 7:65; 8:9;
10:1). A profecia mostra que o templo de Jerusalém já
havia sido reconstruído e a prática dos sacrifícios, reto-
mada (1:7-10).168
b) A indiferença religiosa. As principais denún-
cias de Malaquias são contra a lassidão e o afrouxa-
mento moral dos levitas (1:6); o divórcio e o casamento
com mulheres estrangeiras (2:10-16); e o descuido com
os dízimos (3:7-12). Tudo isso aponta para o período
em que Neemias ausentou-se de Jerusalém (Ne 13:4-
13, 23-28). Ademais, Malaquias pressupõe um templo
já construído e terminado, onde os serviços religiosos
aconteciam regularmente. Sendo assim, pode-se situar
Malaquias no período final de Neemias, ou logo depois
deste, ou seja, algo em torno de 450 a 430 A.C.169
No tocante à sua estrutura e mensagem, a profe-
cia começa com a palavra hebraica massa - “peso, sen-
tença pesada, oráculo, pronunciamento, profecia” (1:1;
Hc 1:1; Zc 9:1; 12:1). O discurso é um sermão contínuo
com perguntas retóricas que formam uma só unidade
literária. São três os seus capítulos na Bíblia Hebraica,
pois seis versículos do capítulo quatro foram desloca-
dos para o final do capítulo três. O assunto do livro é a
denúncia contra a formalidade religiosa, prática genera-
lizada vista facilmente nos fariseus e escribas na época
do ministério terreno de Jesus (Mt 23:2-7).

CULTUAR A DEUS EXIGE DEVOÇÃO VERDADEIRA

168 RADMACHER, Earl; ALLEN, Ronald B.; HOUSE, H. Wayne. Op. cit., p. 1410.
169 LOPES, Augustus Nicodemus. O culto segundo Deus: a mensagem de Mala-
quias para a igreja hoje. São Paulo: Vida Nova, 2012, p. 15.

www.ib7.org 225
Em nossos dias, assim como na época de Mala-
quias, o culto a Deus tem sido desvirtuado das mais
diversas maneiras. Embora muitos pensem que nada
temos a aprender com o Antigo Testamento em matéria
de culto, estão enganados. Ao levantarem sua voz contra
o povo de Deus de sua época, por haver desvirtuado o
culto ao Senhor, os profetas usaram como argumentos
princípios relativos à adoração a Deus que certamente
se aplicam ao povo de Deus de todas as épocas.
Nos dias de Malaquias, o culto apresentado por
Israel a Deus não estava sendo sincero e não era fruto
de uma devoção genuína. O povo da Aliança se esque-
cera do motivo real de se cultuar ao Senhor. Realizavam
o culto apenas para cumprir um formalismo religioso. As
acusações de Deus ao povo, por intermédio de Mala-
quias, com relação ao culto são:
1. Eles estavam profanando o culto. Por duas
vezes encontramos a advertência divina quanto à pro-
fanação do culto no primeiro capítulo de Malaquias (vv.
7, 12). Os sacerdotes estavam oferecendo pão imundo
na Casa de Deus. Eles estavam profanando o santu-
ário do Senhor. A oferta deles era um reflexo da vida
errada que levavam. Deus não busca adoração, mas
adoradores que o adorem em Espírito e em verdade. Se
Deus não aceitar nossa vida, ele também não aceitará
nossa oferta. Deus diz: “Eu não tenho prazer em vós, diz
o Senhor dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a
vossa oferta” (1:10).
A impureza ou o caráter profano da oferta fica
patente nos versículos 8, 13 e 14. “Cego, coxo, doente
e roubado” são os adjetivos empregados para mostrar
o que estava sendo dado ao Senhor. Esclareça-se que
“roubado” não significa que eles estivessem roubando o
animal de alguma outra pessoa. O hebraico traz gâzül,
que significa “dilacerado por fera” que provavelmente

226 Estudos Bíblicos


o roubara do rebanho. Era uma atitude extremamente
imoral. O que estava sendo oferecido a Deus era a car-
niça. A que ponto descera o povo! E como os sacerdotes
compactuavam com isso, aceitando oferecer tais coisas
ao Senhor. As prescrições de Levítico 22:18-25 eram
bem claras sobre as condições dos animais que deviam
ser ofertados a Deus. Mas, dava-se a carniça a Deus
e se perguntava: “Sacrifícios impuros? Quando fizemos
uma coisa dessas?” (1:7, BV). Quanta desfaçatez!170
2. Eles estavam negligenciando o culto. A negli-
gência se manifestava naqueles que pensavam que
qualquer coisa servia. Não obstante Deus ter deixado
bem claro que deveriam apresentar-lhe, como sacrifí-
cios, animais sem defeito algum, havia aqueles que ofe-
reciam qualquer animal a Deus, que traziam ao altar do
Senhor o animal defeituoso. Isso é desleixo! É falta de
zelo para com as coisas de Deus.
Mas, paremos e analisemos o que vemos em nosso
contexto presente. Não sucede assim, em nosso meio,
com muitos cristãos? Com muita frequência, os cristãos
acham que podem ofertar qualquer coisa a Deus. Con-
tanto que alguém ou alguma atividade seja dedicada
a Deus, mesmo sem entusiasmo, imaginam que Deus
ficará contente. Por isso a Igreja segue claudicando com
orações que não são ouvidas, e com falta de poder,
porque os fiéis não levam a sério os padrões divinos.
Temos dado o melhor para Deus, ou, como os judeus,
temos dado o resto? Tem ele o melhor das nossas emo-
ções, o melhor do nosso tempo, o melhor dos nossos
bens? Ou cuidamos da nossa vida e lhe damos o res-
tolho? Aborrecido, Deus lhes diz que ofereçam o animal
doente ao governador. Era também um costume pre-
sentear autoridades com animais e cereais. E pergunta:

170 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Malaquias: nosso contemporâneo. Rio de Ja-
neiro: JUERP, 1998, p. 32.

www.ib7.org 227
“Terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a tua pessoa?”. A
resposta a ambas as perguntas é um sonoro não.171
3. Eles estavam prestando um culto entediante.
Os sacerdotes estavam enfadados de seu ofício, e por
isso estava fazendo-o de qualquer maneira. Culto e ser-
viço sem amor não são aceitáveis a Deus. O Senhor
não busca adoração, mas adoradores que o adorem
em Espírito e em verdade. Se Deus não aceitar nossa
vida, ele também não aceitará nossa oferta. É mister
que relembremos que o culto é bíblico ou é anátema. Os
princípios que regem o culto precisam ser emanados da
Palavra. Deus não aceita fogo estranho no altar. Deus
não aceita sacrifícios impuros no altar. Deus não aceita
nada menos que o melhor. O culto precisa ser, também,
de todo o coração, com sinceridade, com zelo, com amor,
com alegria, com deleite, qualquer coisa menos que isso
é entediante aos olhos do Senhor. Deus não aceita culto
com irreverência, superficialidade e leviandade.172
A condenação divina por meio de Malaquias é algo
que precisa ser levado a sério, Deus diz: “Ah, se um de
vocês fechasse as portas do templo. Assim ao menos
não acenderiam o fogo do meu altar inutilmente. Não
tenho prazer em vocês, diz o Senhor dos Exércitos, e
não aceitarei as suas ofertas” (1:10). Esse tipo de culto
não é digno do Senhor, não o interessa.
Quando desprezamos o culto divino, sentimos
canseira e não alegria na igreja. Quando fazemos as
coisas de Deus na contramão da sua vontade, encon-
tramos não prazer, mas enfado; não comunhão, mas
profunda desilusão. O pecado cansa. Fazer a obra de
Deus relaxadamente cansa. Um culto sem fervor espiri-
tual cansa. Quando o culto é desprezado, uma pessoa
vem à igreja e fica enfadada. Nada lhe agrada: a mensa-
gem a perturba, os cânticos a enfadam. Ela está enfas-
171 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Op. cit., p. 32.
172 LOPES, Augustus Nicodemus. Op. cit., p. 47.

228 Estudos Bíblicos


tiada. O culto passa a ser um tormento, em vez de ser
um deleite. Precisamos ter a motivação correta no culto:
tudo deve ser feito para a glória de Deus (1Co 10:31).
Há um grande perigo de se acostumar com o sagrado
(1Sm 4), de se enfadar de Deus (Mq 6:3), de se cansar
de Deus (Is 43:22,23). A geração de Malaquias estava
bocejando no culto, resmungando acerca da duração do
culto e dizendo: que canseira!173
Alguém já declarou com propriedade que se não
há alegria na adoração, não há adoração. Não há tédio
em estar na presença de Deus, pois ele é manancial de
alegria, de felicidade. Quando não encontramos prazer
em Deus, nada poderá nos satisfazer. Um cristão ver-
dadeiro não precisa ser arrastado ao culto, isso lhe é
um prazer. Um verdadeiro cristão não troca o culto por
outra programação mais interessante, pois nada pode
ser mais prazeroso do que estar na Casa de Deus.
Devemos ter em mente que o culto é uma questão
de vida ou morte. Não podemos cultuar a Deus de qual-
quer modo, de qualquer maneira. Nosso culto deve ser
reverente. Devemos cultuá-lo de modo coerente. Uma
vida piedosa é um culto contínuo. Devemos cultuá-lo de
modo diligente. Devemos cultuá-lo com alegria!

O CULTO A DEUS E A FAMÍLIA

É interessante notar que após condenar os judeus


e os sacerdotes por seu desleixo com o culto a Deus,
o Senhor se dirige a um problema familiar que estava
prejudicando o culto. O casamento também é contem-
plado em Malaquias, mais especificamente no desprezo
dos homens por suas esposas judias e pelo casamento
desses mesmos homens com mulheres pagãs, que, via
173 LOPES, Hernandes Dias. Malaquias: a igreja no tribunal de Deus. São Paulo:
Hagnos, 2006, p. 31.

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de regra, levavam-nos a adorar outros deuses. Após
esses dois atos, esses homens iam ao Templo para orar
ao Senhor, como se nada houvesse acontecido. E Deus
os repreende por sua infidelidade para com ele e para
com a família que tinham constituído.174
Há dois parâmetros importantes a se pensar no
capítulo 2 de Malaquias:
Primeiro, a teologia determina a vida. Os sacer-
dotes deixaram de ensinar a Palavra e o povo se cor-
rompeu. Práticas erradas são fruto de princípios errados.
Eles estavam lidando de forma errada uns com os outros,
porque estavam lidando de forma errada com Deus.
Segundo, a família determina a igreja. Os casa-
mentos mistos estavam ameaçando a teocracia judaica,
a integridade espiritual da nação, e o divórcio estava
colocando em risco a integridade das famílias. O aban-
dono do cônjuge estava ameaçando o desmoronamento
do lar em Israel. Famílias desestruturadas e quebradas
desembocam em igrejas fragilizadas.175
Deus não leva a sério quem trai seu cônjuge. É a
pessoa mais real e mais próxima. É o ser mais concreto
para alguém. Como se portará com Deus que não é
visível nem concreto como o cônjuge? “Pois eu detesto
o divórcio” é a palavra divina. Num mundo que exalta
o divórcio, a declaração de Deus de que ele detesta o
divórcio exige de nós séria reflexão. Por tudo isto, torna-
-se excelente a recomendação final do terceiro oráculo
do profeta Malaquias: “não sejais infiéis”.176

174 COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Op. cit. pp. 106-107.


175 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 43.
176 COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Op. cit., p. 53

230 Estudos Bíblicos


O CULTO A DEUS E AS CONTRIBUIÇÕES

O livro de Malaquias é o livro das perguntas. Nele,


existem vinte e seis perguntas (Ml 1:2,6-10,13; 2:10,
14-15,17; 3:2,7-8,13-14). Só não estão presentes no
capítulo quatro. Das vinte e seis, onze foram feitas por
Deus, nove pelo povo e seis pelo profeta. As perguntas
de Deus são sempre incisivas, honestas e profundas. As
do profeta seguem nesta direção. Já as do povo, são
absurdamente cínicas e irônicas. Mas vamos, agora,
voltar nossa atenção para uma das perguntas divinas.
1. Roubará o homem a Deus? Se esta não fosse
uma pergunta divina, diríamos, sem titubear, que é uma
pergunta sem sentido. Parece-nos impossível a criatura
poder roubar o Criador. Mas ela não só pode roubá-lo,
como rouba. Deus não acusa, mas afirma, sem rodeio
algum, que o seu próprio povo o rouba: Vós me rou-
bais (Ml 3:8b). Ele o rouba nos dízimos e nas ofertas
(Ml 3:8c). O termo hebraico para “roubais” (qaba) tem
a ideia de “tomar à força”. Ele é usado de novo apenas
em Provérbios 22:23, no contexto de uma agressão ao
pobre. Isso nos mostra que se trata de um ato violento.177
Precisamos entender alguns aspectos importantes
sobre a questão do dízimo. Esse é um tema claro nas
Escrituras. Muitas pessoas, por desconhecimento, têm
medo de ensinar sobre esse importante tema. Outras,
por ganância, fazem dele um instrumento para extorquir
os incautos. Ainda outras, por desculpas infundadas,
sonegam-no, retêm-no e apropriam-se indevidamente
do que é santo ao Senhor. O povo de Deus, que fora
restaurado por Deus, agora estava roubando a Deus nos
dízimos e nas ofertas. Vejamos alguns pontos importan-
tes sobre o dízimo.
177 SILVA, Genilson da (ed.). Mais que palavras. Lições Bíblicas. Maringá, n. 291,
abril/junho, 2010, p. 75.

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Em primeiro lugar, o dízimo é um princípio esta-
belecido pelo próprio Deus. A palavra dízimo maaser
(hebraico) e dexatem (grego) significa 10% de alguma
coisa ou de algum valor. O dízimo não é uma cota de
1% nem de 9%; o dízimo é a décima parte de tudo o
que o homem recebe (Gn 14:20; Ml 3:10). O dízimo não
é invenção da Igreja, é princípio perpétuo estabelecido
por Deus. O dízimo não é dar dinheiro à igreja, é ato de
adoração ao Senhor. O dízimo não é opcional, é man-
damento; não é oferta, é dívida; não é sobra, é primícia;
não é um peso, é uma bênção.178
Em segundo lugar, o dízimo faz parte do culto. A
devolução dos dízimos fazia parte da liturgia do culto.
“A esse lugar fareis chegar os vossos holocaustos, e os
vossos sacrifícios, e os vossos dízimos...” (Dt 12:6). A
devolução dos dízimos é um ato litúrgico, um ato de ado-
ração que deve fazer parte do culto do povo de Deus.
Em terceiro lugar, o dízimo é para o sustento da
Casa de Deus. “Aos filhos de Levi dei todos os dízimos
em Israel por herança, pelo serviço que prestam, ser-
viço da tenda da congregação” (Nm 18:21). O dízimo é o
recurso que Deus estabeleceu para o sustento de pas-
tores, missionários, obreiros, bem como toda a manu-
tenção e extensão da obra de Deus sobre a terra. Se no
judaísmo os adoradores traziam mais de 10% de tudo
que recebiam para a manutenção da Casa de Deus e
dos obreiros de Deus, bem como para atender às neces-
sidades dos pobres, muito mais agora, que a Igreja tem
o compromisso de fazer discípulos de todas as nações.
2. Com maldição sois amaldiçoados: Em Mala-
quias 1:14, Deus amaldiçoa o enganador, que lhe prome-
teu um animal perfeito do seu rebanho, mas lhe ofereceu
um animal defeituoso. Em Malaquias 2:2, Deus garante
que amaldiçoará terrivelmente os sacerdotes que não

178 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., pp. 67-68.

232 Estudos Bíblicos


obedecerem aos seus mandamentos e não honrarem o
seu nome. Agora, em Ml 3:9, Deus declara que amaldi-
çoou a nação toda por causa do roubo dos dízimos e
das ofertas. “Insurgir-se contra Deus e violar as suas leis
trazem maldição inevitável. Deus é santo e não premia
a infidelidade”179, nem ignora a desobediência. Isso é
assim desde o princípio (Gn 3:14-19).
3. Trazei todos os dízimos: Eis uma ordem clara
da parte Deus para todo o povo. O que essa expressão
sugere? Sugere que algumas pessoas haviam deixado
de trazer os dízimos. Mas não apenas isso. O “hebraico
também pode ser traduzido como o ‘dízimo inteiro’, o
que significa que o povo estava retendo uma parte do
que deveria ser trazido”180. O povo, na verdade, fingia
conformar-se à lei oferecendo alguns dízimos à casa do
Tesouro, mas não todos os exigidos pela lei (Lv 27:30).
Deus diz que os dízimos devem ser trazidos à casa do
Tesouro para que haja mantimento na sua casa.
4. E provai-me nisto: Deus afirma que, se o povo
parasse de roubá-lo, tudo mudaria. Ele chega a chamar
o seu povo a fazer um teste dele. O que mudaria, se o
povo mudasse? Se o povo parasse de roubá-lo, a seca
acabaria. Ele abriria as janelas do céu, não para julgar
e destruir (Gn 7:11; Is 24:18), mas para abençoar sem
medida, isto é, até não haver mais qualquer necessidade.
Essa é, literalmente, uma promessa de chuva. Se o povo
parasse de roubá-lo, os campos voltariam a produzir. Ele
repreenderia o devorador, o inimigo da colheita, prova-
velmente um tipo de gafanhoto (Jl 1:4).
O profeta Malaquias aponta as bênçãos que acom-
panham a restauração divina sobre aqueles que são fiéis
nos dízimos e nas ofertas. Deus abriria as janelas dos
céus e derramaria bênçãos sem medidas. É lá do alto
179 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 103.
180 DAVIDSON, F. O novo comentário da Bíblia. 3 ed. São Paulo: Vida Nova, 1997,
p. 937.

www.ib7.org 233
que procede toda boa dádiva. Deus promete derramar
sobre os fiéis torrentes caudalosas das suas bênçãos.
Baldwin diz que as janelas do céu, que se abriram para a
chuva durante o dilúvio (Gn 7:11), “choverão” uma sequ-
ência superabundante de presentes, quando Deus man-
dar.181 É bênção sobre bênção, é bênção sem medida.
É abundância. É fartura. Mais vale 90% com a bênção
do Senhor do que 100% sob a Sua maldição. Janelas
abertas falam não apenas de bênçãos materiais, mas de
toda sorte de bênção espiritual. Nós precisamos evitar
dois extremos: a teologia da prosperidade e a teologia
da miséria. A teologia da prosperidade limita as bênçãos
de Deus ao terreno material; a teologia da miséria não
enxerga a bênção de Deus nas suas dádivas materiais.182

CONCLUSÃO

Deus requereu ser temido como Senhor, honrado


como Pai, amado como marido. Qual é o ponto comum,
a linha mestra, de tudo isso? Amor. Sem amor, o temor
é um tormento e a honra não tem sentido. O temor, se
não contrabalançado pelo amor, é medo servil. A honra,
quando vem sem amor, não é honra, mas adulação. A
honra e a glória dizem respeito a Deus, mas nenhum
dos dois será aceito por ele, se não forem temperados
com o mel do amor. Amemos a Deus. Mas, não apenas
com palavras. Amor não é palavra. Nem sentimento. Na
Bíblia, o amor é dinâmico; é ação. Mostremos o nosso
amor a Deus com uma vida coerente. Que o nosso amor
por ele seja provado no que fazemos, naquilo que lhe
dedicamos.

181 BALDWIN, Joyce. Ageu, Zacarias e Malaquias: introdução e comentário. São


Paulo: Vida Nova, p. 207.
182 LOPES, Hernandes Dias. Op. cit., p. 77.

234 Estudos Bíblicos


Chegamos ao fim de mais uma lição e de mais uma
série de lições. Ao longo de todo este trimestre, estuda-
mos a Palavra de Deus, proferida pelos chamados 12
profetas menores, Deus disse o que precisava ser dito.
Falou tudo às claras. Foi direto. Sem duplo sentido. O
povo entendeu que ele não estava satisfeito. E, se não
haviam entendido ainda, conforme estudamos hoje, no
desfecho do último dos profetas menores, uma última
palavra de alerta foi alçada. Essa palavra vale para nós
também. Estejamos alerta! Cuidemos quanto à amnésia
espiritual, quanto ao cinismo disfarçado, quanto à desa-
vença mútua! Que Deus tenha misericórdia de nós!

PERGUNTAS PARA DEBATE EM CLASSE

1. Quem era Malaquias e para quem ele profetizou? (1:1)


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2. Que denúncias faz Malaquias com relação ao culto
que os judeus estavam apresentando ao Senhor? Que
tipo de sacrifícios eles estavam apresentando a Deus?
Estavam eles de acordo com as prescrições divinas?
Deus estava satisfeito com tais sacrifícios? O culto deles
estava sendo aceito por Deus? (1:5-14)
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3. Com relação ao culto que oferecemos a Deus hoje,
quais cuidados devemos ter para que seja aceitável e
aprazível ao Senhor?
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4. Qual é a advertência que Deus faz aos sacerdotes?
(2:1-9)
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5. Que prática estava sendo comum com relação ao
casamento que é denunciada pelo profeta? (2:10-15)
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6. O que Deus tinha a dizer sobre isso? (2:16)
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7. Qual é a atualidade desta mensagem aos nossos
dias?
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236 Estudos Bíblicos


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8. Pode um homem roubar de Deus? No que os judeus
estavam roubando a Deus? Qual o resultado de tal ati-
tude? (3:6-9)
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9. Qual a recomendação de Deus? Quais a promessas
feitas aos que são fiéis nos dízimos e nas ofertas? (3:10-
18)
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10. Que diferença haveria novamente entre justos e
injustos?
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NOSSOS AUTORES

Pr. Daniel Miranda Gomes, casado com Daniela S. Durlo Gomes.


Advogado, possui o título de Bacharel em Ciências Jurídicas pela
UNORP de São José do Rio Preto-SP, e Pós-Graduação pela UNIN-
TER de Curitiba-PR. Cursou Teologia pelo Seminário Teológico Cris-
tão Evangélico do Brasil e Grego e Hebraico pela Faculdade Teológica
Batista do Paraná. É o atual Diretor do Departamento de Missões e
Evangelismo e Assessor Jurídico da CBSDB.

Pr. Edvard Portes Soles, é Pastor Titular na Igreja Batista do Sétimo


dia de Itararé, São Paulo. Casado com Janaína com quem tem dois
filhos: Maria Eduarda e João Pedro. Possui o título de Bacharel em
Teologia pela Faculdade Teológica Batista do Paraná.

Pr. Jonas Sommer, é casado com Clarice e tem dois filhos: Marcos
Paulo, de 4 anos e Paula Hadassa, de 7 meses. Graduado em Teologia
pela Faculdade Teológica Batista do Paraná, possui Licenciatura Plena
em Letras Português-Inglês pela UNISEB. É Mestrando em Teologia
pela Escola Superior de Teologia de São Leopoldo/RS (EST). É diretor
do Departamento de Educação Cristã da CBSDB e coordenador do
TIME. É membro da Igreja Batista do Sétimo Dia de União da Vitória,
Paraná.

Pr. Wesley Batista de Albuquerque, é pastor titular da 1ª Igreja Batista


do Sétimo Dia de Joinville, Santa Catarina. É graduado em Teologia
pelo Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Concei-
ção, de São Paulo. Ele e sua esposa Sâmia têm duas filhas: Lydia e
Lara.

Pr. Renato Sidnei Negri Junior, casado com Priscilla Negri com quem
tem um filho, Eduardo, e estão na expectativa da chegada do segundo
filho. É pastor titular da 1ª Igreja Batista do Sétimo Dia de Iporã, Paraná.
É Técnico em Eletromecânica pelo Centro Estadual de Educação de
Curitiba. Graduou-se como Bacharel em Teologia pelo TIME e está con-
validando seu curso pela UNICESUMAR.

238 Estudos Bíblicos


Cristhiano Daniel Fritzen é casado com Deborah e pai dos peque-
nos Nicolas e Lucas. Médico Veterinário formado pela Universidade do
Estado de Santa Catarina (Udesc) em Lages e conheceu a fé Batista
do Sétimo Dia em Irineópolis (SC), sua terra natal, ao voltar da facul-
dade. Hoje reside em Prudentópolis (PR), onde ainda não há congrega-
ção BSD. É aluno da 3ª turma do TIME.

Daisy Moitinho. Possui o título de Bacharel em Estatística pela UNI-


CAMP. Fez o curso de Liderança Cristã pelo Instituto Haggai. Colabora
com a CBSDB, atuando como intérprete em língua inglesa. É membro
da Igreja Batista do Sétimo Dia de Campinas, São Paulo.

Pr. Emanuel Lourenço da Silva é casado com Claudinéia e pai da


Julia. Estão esperando a vinda do segundo filho, ou filha. É pastor da
Primeira Igreja Batista do Sétimo Dia de Porto União, Santa Catarina
e pastoreia também as Igrejas do São Gabriel e do Bela Vista. É aluno
do TIME.

Pr. Luiz Rogério Palhano é casado com Cleomar. Graduou-se em Teo-


logia este ano pelo TIME. É pastor da Primeira Igreja Batista do Sétimo
Dia de Doiz Vizinhos, Paraná. Ocupa o cargo de Segundo Tesoureiro
da CBSDB.

Victória Brites Fajardo, formada em filosofia pela Universidade Fede-


ral de São Paulo e mestranda pela mesma, atua como professora na
rede pública e privada. Cursa o TIME e congrega na Primeira Igreja
Batista do Sétimo Dia de Guarulhos, São Paulo, onde tem o privilé-
gio de servir ao Senhor e aos irmãos através liderança do ministério
de Jovens e adolescentes juntamente com outro irmão (Luiz Miranda).
Além disso é colunista do site de sua igreja e primeira secretária da
Federação do Jovens da gestão de 2015.

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AUTORES CONVIDADOS

Pr. Alfredo Oliveira Silva, é casado com Lídia Souto de Moraes Oli-
veira Silva e pai de Anália e Mateus. Bacharel e Mestre em Teologia
pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. É Pastor Auxiliar
na Igreja Presbiteriana Memorial de Piedade, Jaboatão dos Guarara-
pes-PE, e professor da Academia Memorial de Ensino Superior de Per-
nambuco (AMESPE). E-mail: alfredo.oliveiras@gmail.com Blog: http://
www.alfredooliveiras.blogspot.com/.

Pastor Iverson Santos, é Pastor auxiliar na Igreja ABA (Aliança Bíblica


de Avivamento) Curitiba, Paraná. É formado em Ciências Sociais e tem
pós-graduação em Teologia Prática.

Pr. José de Godoi Filho. Graduado em Psicologia pela Universidade


Tuiuti do Paraná e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico
Batista do Paraná. Possui as seguintes pós-graduações: Psicologia Clí-
nica pela Universidade Tuiuti do Paraná; Novo Testamento e Grego pelo
Spurgeon’s College, Londres/Inglaterra; Estudos Concentrados em
Ministério Pastoral, pelo Regent’s Park College, Oxford/Inglaterra; Estu-
dos Concentrados em Exposição Bíblica e Aconselhamento Pastoral,
pelo Wheaton College, Wheaton/EUA. Leciona matérias relacionadas
ao Novo Testamento e Aconselhamento Pastoral no Seminário Bíblico
Betânia de Curitiba/PR. É um dos professores colaboradores do TIME.

Pr. Marcos Schunemann é Bacharel em Teologia pela Faculdade Teo-


lógica Batista de São Paulo e Graduado em Psicologia pela Univer-
sidade Camilo Castelo Branco. Casado com com Andreia e tem três
filhos.

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