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CAPÍTULO V1

CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

1 - Introdução

Tem havido na Mecânica dos Solos um considerável esforço no sentido de criar um


sistema de classificação que, de fato, permita o agrupamento de solos dotados de
características similares, quer sob o aspecto genético, quer de comportamento. A grande
variedade de sistemas de classificação existente procura, quase sempre, em bases mais ou
menos arbitrárias, encontrar um princípio qualificador universal que possibilite agrupar a
grande variedade de solos existentes em classes, com o objetivo de não se facilitar os estudos
de caracterização, senão também antever o comportamento diante das solicitações, a que serão
submetidos.
Diferentemente das outras ciências, deve interessar à Mecânica dos Solos um sistema de
classificação que prefira o comportamento dos solos à 'sua constituição, à origem, à formação
etc. Não se quer, com isso, criar um desinteresse por estes ultimes aspectos. Eles terão uma
considerável importância, à medida que interferirem de forma significativa no comportamento
do solo.
Sob o aspecto mais prático pode-se dizer que e necessário lia ver várias classificações,
que possam atender mais especificamente aos vários campos da Geotecnia. Pode-se imaginar
que um sistema de classificação que atenda aos interesses da área de estradas não pode atender
com a mesma eficiência à área de fundações.
Em resumo, deve-se utilizar os sistemas de classificação existentes, com certa reserva,
tendo em conta para que fim o sistema foi proposto e sobre que solos o processo foi elaborado.
Ainda sob este último aspecto pode-se dizer que nós brasileiros devemos ter um cuidado
maior, visto que os países criadores destes sistemas de classificação possuem climas bem
diferentes do nosso, e portanto solos com condições particulares.
Vale ainda lembrar as palavras de Nogami, quando se refere aos sistemas de
classificação. Diz ele que nos países de origem, geralmente do Hemisfério Norte com climas
temperados, a fração areia e silte é quase totalmente composta por quartzo, enquanto nos solos
tropicais podem ocorrer minerais como feldspatos, micas, limonitas, magnetita, ilmenita etc.,
além de fragmentos de rochas e concreções lateríticas e que, por vezes, o mineral quartzo pode
mesmo estar ausente da fração areia de muitos destes solos.
De acordo com o que se espera dos sistemas de classificação, eles devem obedecer aos
seguintes quesitos.

a. ser simples, facilmente memorizável e permitir uma rápida determinação do grupo a que
o solo pertence, permitindo a classificação por meio de processos simples de análise
visual-táctil.

b. ser flexível, para tornar-se geral ou particular, quando o caso exigir.

c. ser capaz de permitir, uma expansão a "posteriori", permitindo subdivisões.

Dentre os vários sistemas de classificação existentes vale citar:

- classificação por tipos de solos;

- classificação genética geral;

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Mecânica dos Solos - vol. 1 – Benedito de Souza Bueno & Orencio Monje Vilar – Depto de
Geotecnia – Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo

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- classificação granulométrica;

- classificação unificada (U.S. Corps of Engineers);

- classificação H.B.R. (Highway Research Board).

2 - Classificação Por Tipos De Solos

É um sistema classificação descritivo em que o reconhecido a que determinado grupo


pertence é baseado em análise visual-táctil (Capítulo II).

3 - Classificação Genética Geral

É um sistema de classificação também de natureza descritiva, sendo necessário para a


sua utilização um conhecimento da gênese dos solos, ou de uma forma que seja mais simples,
fazer uma análise de sua macroestutura da cor e da posição de coleta da amostra no perfil do
subsolo.
Foi proposta com a finalidade de ser usada em problemas de estradas: divide os solos
em três categorias, isto é:

a. Solo Superficial

Solo que constitui o horizonte superficial, normalmente contendo matéria orgânica.


Nesse horizonte concentra-se o campo de estudo da pedologia. Possui estrutura, cor e
constituição mineralógica diferentes das camadas inferiores. A espessura varia de alguns
decímetros a alguns metros.

b. Solo de Alteração

Solo proveniente da decomposição das rochas graças aos processos de jntemperismo.


Em condições normais, acha-se subjacente ao solo superficial. r um solo residual e pode,
freqüentemente, no Brasil, atingir até dezenas de metros. São solos de granulometria crescente
com a profundidade.

c. Solo Transportado

Solo originado do transporte e deposição de material, por meio dos processos


geológicos de superfície. A granulometria é mais ou menos uniforme, de acordo com o agente
transportador. Em condições normais, pode constituir as camadas aflorantes ou estar subjacente
ao solo superficial. Atinge, por vezes, espessuras de centenas de metros.

4 - Classificação Granulométrica

A composição granulométrica do solo, como foi visto no Capítulo lll, não só


corresponde à sua aparência visual e sensível, como determina, especialmente para os solos
grossos, as características de seu comportamento.

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A determinação da curva granulométrica de um solo é tarefa simples e os métodos
atuais conduzem a uma exatidão razoável. NeIa os solos são designados pelo nome da fração
preponderante.
Esta última afirmação deve ser analisada com maior rigor, pois sabe-se que as
definições não deveriam ser baseadas simplesmente nas frações preponderantes, porquanto nem
sempre são elas que ditam o comportamento de um solo. Neste caso, preferindo-se agrupar os
solos quanto ao comportamento em detrimento das constituições, a classificação deveria
denominá-lo de acordo com a fração mais ativa, no seu comportamento.
Embora hoje recomendada mais para os solos grossos, a classificação granulométrica
tornou-se universalmente empregada. Não existe, entretanto uma concordância entre os
geotécnicos quanto ao intervalo de variação dos diâmetros de cada uma das frações que
compõem os solos. A Figura 25 dá uma idéia deste fato2.

Além das escalas granulométricas, foram grandemente utilizados no passado os


diagramas triangulares (triângulo de FERET), Figura 26, em que o solo era dividido em três
classes, isto é, areia, silte e argila. A soma das porcentagens destas três frações é 100%, e
conduzem a um ponto no interior do triângulo. Este ponto cai em áreas, nas quais o triângulo é
dividido, e que fornece a classificação do solo.

2
A faixa granulométrica especificada pela ABNT 6502/95 é diferente da antiga apresentada na Figura 26
e é semelhante à do MIT da mesma figura. Considerar, adicionalmente, que entre 0,06 e 0,2mm situam-se
as areias finas; entre 0,2 e 0,6mm, as areias médias e entre 0,6 e 2mm, as areias grossas.

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5 - Classificação do U.S. Corps of Engineers (Unificada)

Esta classificação apresentada por Arthur Casagrande, em 1942, visava classificar os


solos com o propósito de utilizá-los na construção de aeroportos, razão pela qual é conhecida
também como classificação para aeroporto. Foi depois adotada pelo U.S. Corps of Engineers
que lhe deu o nome e a divulgou.
Além da granulometria, os limites de consistência são utilizados como elementos
qualificadores.
Cada solo é representado por duas letras: um prefixo e um sufixo. O prefixo é uma das
subdivisões ligada ao tipo; o sufixo, as características, granulométricas e à plasticidade.
Os materiais terrosos são divididos em duas grandes classes: material grosso (solos
tendo mais de 50% retidos na # 200) e material fino (solos tendo mais de 50% passando na #
200):
A classe dos materiais grosseiros foi dividida em dois grupos: pedregulhos e areias,
representados pelos prefixos G (gravel) e S (sand) - iniciais de suas classificações em Inglês,
respectivamente.
Cada um destes dois grupos foi dividido em quatro subgrupos, representados pelos seguintes
sufixos:

W (well) = material limpo, bem graduado


P (poor) = material limpo, mal graduado
C (clay) = material bem graduado com bom aglutinante argiloso
F (fine) = material com excesso de finos

Os materiais W possuem diferentes coeficientes de não uniformidade, com valores até


acima de 20 e os materiais P, geralmente inferiores a 5.
Podem-se obter por meio da combinação destas letras os seguintes subgrupos: GW; GP;
GC; GF; SW; SP; SC; SF.
A classe dos materiais finos foi dividida em três grupos: silte e areia muito fina, argila
inorgânica e silte e argilas orgânicas, representados pelo prefixo M (Mo) ; C (Clay) e O
(Organic) , respectivamente. Cada um destes grupos são subdivididos em dois subgrupos
representados pelos sufixos:

H (High) - solos com alta compressibilidade, apresentando LL acima de 50.


L (Low) - solos com baixa compressibilidade, apresentando LL abaixo de 50.

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Podem-se obter com a combinação destas letras os seguintes subgrupos: ML; MH; CL;
CH; OF; e OH.
Além dos subgrupos já citados existe um outro tipo de solo que não se enquadra em
nenhum deles, e são os solos turfosos, constituídos pelo elevado teor de matéria orgânica, tendo
alta compressibilidade. Este subgrupo foi designado pela sua abreviatura em Inglês Pt (peat).
Para uma visualização mais fácil da classificação dos solos finos, pode-se lançar mão da
carta de plasticidade. Nela, apresenta-se uma variação do limite de liquidez, em abscissas, e, em
função do índice de plasticidade, em ordenadas. A carta 6 dividi da em regiões limitadas por
duas linhas. A primeira, linha A com a equação IP = 0,73 (LL-20) separa os solos orgânicos
dos inorgânicos. A segunda, linha B, paralela ao eixo das ordenadas, tem equação LL = 50. A
sua direita situam-se os solos de alta compressibilidade; à sua esquerda, os de baixa
compressibilidade.
Quando um material cai em uma zona fronteiriça, entre duas regiões, pode-se classificá-
lo com letras dobradas (como CL - ML, por exemplo), uma vez que ele não possui
características específicas de determinada região. Os Quadros IV, V e VI resumem a
classificação do U.S. Public Roads (Unificada) e a Figura 27 mostra a carta de plasticidade.

6 - Classificação HBR

A classificação HBR provém de uma adaptação da classificação do U.S. Public Roads.


Ela fundamenta-se na granulometria, limite de liquidez e índice de plasticidade dos solos. Tal
como a classificação do Public Roads, ela foi proposta com o objetivo de ser usada na área de
estradas. Algumas modificações foram introduzidas na classificação original, entre as quais a
criação do chama do índice de grupo, número inteiro com intervalo de variação entre 0 e 20.
O índice de grupo estabelece a ordenação dos solos dentro d um grupo, conforme suas
aptidões, sendo pior o solo que apresentar maior índice de grupo, como, por exemplo, o solo
A4(7) e melhor do que o solo A4(9).
Pode-se determinar o IG por meio da fórmula abaixo ou com uso dos gráficos da Figura
28.

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Q U A D R O IV: Classificação Unificada - Guia Classificação do Solo
Critérios para determinação dos símbolos e no mes Grupo No me do Grupo
dos grupos usando ensaios de laboratório (2)
Pedregulhos CU ≥ 4, 1 ≤ Cc ≤ 3 GW Pedregulho bem
Pedregulhos: Limpos graduado (5)
mais que 50% Pp, 200 < 5% CU < 4, e/ou 1 > Cc > 3 GP Pedregulho mal
da fração (3) graduado (5)
grossa, re- Pedregulhos Finos clas ML, GM Pedregulho
Solos tido na com finos sificados MH siltoso (5, 6, 7)
grossos #4 Pp, 200 > 12% como CL GC Pedregulho
(3) CH argiloso (5, 6, 7)
Pr, 200 > 50% Areias lim- CU ≥ 6, 1 ≤ Cc ≤ 3 SW areia bem
Areias: pas (4) graduada (8)
mais que 50% Pp, 200 < 5% CU < 6, e/ou 1 > Cc > 3 SP areia mal
da fração graduada (8)
grossa passa Areias com Finos clas ML, SM areia siltosa
na # 4 finos (4) sificados MH (6, 7, 8)
Pp, 200 > 12% como CL, SC areia argilosa
CH (6, 7, 8)
IP >, 7 pontos sobre ou CL argila pouco plás-
Siltes e Inorgâ- acima da linha A (9) tica (10, 11, 12)
nicos IP < 4, pontos abaixo da ML silte (10, 11, 12)
argilas linha A (9)
OL argila orgânica (10,11,12,13)
LL < 50% Orgânicos (LL)s < 0,75 (LL)n
Solos silte orgânico (10, 11, 12, 14)
Pontos sobre ou acima CH argila muito plás-
Finos
Siltes e Inorgâ- da linha A tica (10, 11, 12)
Pp, 200 > 50% nicos Pontos abaixo da linha MH silte elástico (10,11,12)
argilas A
OH argila orgânica (10,11,12,15)
LL ≥ 50% Orgânicos (LL)s < 0,75 (LL)n
silte orgânico (10,11,12,16)
Solos altamente orgânicos Principalmente matéria orgânica, cor PT Turfa
escura e cheiro

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1: Válido para material passando na peneira de 75mm abertura
2: Se contiver seixos e matacões acrescentar “com seixos e matacões”.
Solos com Pp, 200 entre 5-12% exigem símbolo duplo.
3: Pedregulhos 4: Areias
GW - GM: Pedregulho bem graduado com silte SW - SM: Areia bem graduada com silte
GW - GC: Pedregulho bem graduado com argila SW - SC: Areia bem graduada com
argila
GP - GM: Pedregulho mal graduado com silte SP - SM: Areia mal graduada com silte
GP - GC: Pedregulho mal graduado com argila SP - SC: Areia mal graduada com argila

5: Se % Areia ≥ 15, acrescentar “com areia”


6. Se finos: CL - ML, usar símbolo duplo: GC - GM; SC - SM
7: Se finos são orgânicos, acrescentar, “com finos orgânicos”
8. Se % Pedregulho ≥ 15, acrescentar “com pedregulho”
9: Se pontos estão na área hacgurada, é CL - ML (argila - siltosa)
10: Se Pr, 200 : 15-29%, por: “com areia” ou “com pedregulho”
Se Pr, 200 ≥ 30%: 11: % Pedregulho < 15%, acrescentar arenoso
12: % Areia < 15%, acrescentar pedregulhoso
13: Para IP > 4, e pontos sobre ou acima da linha A. 14: Para IP ≤ 4 ou pontos abaixo da linha
A. 15: Para pontos sobre ou acima da linha A. 16: Para pontos abaixo da linha A

Obs.: CU = D60/D10 Cc = D230/D10 x D60

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38
IG = 0,2 a + 0,005 a.c + 0,01 b.d

a = porcentagem do solo que passa na malha 200 (ASTM) menos 35. Se a porcentagem for
menor do que 35, adota-se 35 e se for maior do que 75, adota-se 75. Desta forma,
estabelece-se um número inteiro cujo intervalo de variação é de 0 a 40.

a = (% φ < # 200) - 35

b = porcentagem do solo que passa na malha 200 (ASTM) menos de 15. Se a porcentagem for
menor do que 15, adota-se 15, e se for maior do que 55 adota-se 55. Desta forma, cria-se
um número inteiro com intervalo de variação entre 0 e 40.

b = (% φ < # 200) - 15

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c = valor do limite de liquidez do material menos valor de LL for maior do que 60, adota-se 60 e
se for menor do que 40, adota-se 40. Assim, cria-se um número inteiro, variando de O a
20.

c = LL - 40

d = valor do índice de plasticidade do material menos 10. Se este valor for menor do que 10,
adota-se 10 e se for maior do que 30, adota-se 30. Estabelece-se, deste modo, um número
inteiro com intervalo de variação entre O e 20.

d = lP - 10

Os solos são classificados em 7 grupos, de acordo com a granulometria (# 10, 50, 100,
200) e de conformidade com os intervalos de variação dos limites de consistência e índice de
grupo.
O Quadro VII fornece um resumo das características de cada grupo. A classificação é
feita da esquerda para a direita do quadro.
Nele pode-se notar:

a. Os solos grossos foram divididos em três grupos, A1; A2 e A3.

Grupo A1: Pedregulho e areia grossa bem graduados, com pouca ou nenhuma plasticidade.

Grupo A2: Pedregulho e areia grossa bem graduados, com material cimentante de natureza
friável ou plástica.

Grupo A3: Areias finas não plásticas.

b. Os solos finos foram divididos em quatro grupos, A4, A5, A6 e A7.

Grupo A4: Solos siltosos com pequena quantidade de material grosso e de argila.

Grupo A5: Solos siltosos com pequena quantidade de material grosso e de argila, rico em mica e
diatomita.

Grupo A6: Argilas siltosas medianamente plásticas com pouco ou nenhum material grosso.

Grupo A7: Argilas plásticas com presença de matéria orgânica.

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CAPÍTULO V3I

O PRINCÍPIO DAS TENSÕES EFETIVAS

1- Definições

O comportamento de um solo quando submetido a carregamentos, pode ser mais bem


visualizado, quando se imagina o solo composto das três fases físicas (sólida, líquida e/ou
gasosa ocupando os poros). De imediato, decorre que as tensões de cisalhamento induzidas pela
necessidade deverão ser suportadas pelo esqueleto sólido, uma vez que a água (ar) não oferece
resistência ao cisalhamento.
Por outro lado, as tensões normais, que se desenvolvem em qualquer plano, serão
suportadas, parte pelo esqueleto sólido e parte pela fase fluida. Particularmente, no caso dos
solos saturados, teríamos uma parcela da tensão normal atuando nos contatos interpartículas e a
outra parcela atuando como pressão na água situada nos vazios.
A pressão que atua na água intersticial é chamada de pressão neutra (u) e a sua origem
pode-se dar pelas mais variadas razões, algumas delas bastante complexas, como, por exemplo,
pelo cisalhamento ou adensamento do solo. A situação mais simples é que ocorre pela
submersão do solo (Figura 29).

Neste caso, como os poros se interligam, a água intersticial está em contato com a água
situada sobre o solo e, portanto, a pressão neutra em qualquer ponto do plano a-a será igual à
pressão hidrostática.

u = γw hw = γw (h1 + h2)

A pressão que atua nos contatos interpartículas é denominada tensão efetiva (σ’) e é a
que responde por todas as características de deformação e resistência do arcabouço sólido do
solo.
A seguinte relação constitui um princípio da Mecânica dos Solos e vale para qualquer
solo saturado, independente da área de contacto entre as partículas:

σ'= σ - u

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Portanto, a tensão efetiva (σ') corresponde à diferença entre a tensão total (σ) e a
pressão neutra (u).
Vale ressaltar ainda que as considerações, aqui feitas, se aplicam somente no caso em
que não haja movimento de água no solo, e que a pressão neutra, sendo hidrostática, num ponto
qualquer, tenha a mesma intensidade, em qualquer direção.

2 - lmplicações

As principais conseqüências da distinção entre as tensões to tais e as tensões efetivas


estão diretamente ligadas à compressão e à resistência do solo.
Seja o elemento de solo da Figura 30, comprimido por tensões iguais, em todas as faces.

A variação de volume a que o elemento de solo estará sujeito não fica determinada pela
tensão normal total (∆σ) aplicada, como poderia ser à primeira vista, mas sim pela tensão
efetiva. Isso pode ser exposto por meio da seguinte expressão:

∆V
= −C (∆σ − ∆u )
v

∆V /V - variação de volume
C - compressibilidade do esqueleto do solo

Como se pode notar, uma variação de volume pode ocorrer sem que haja aumento de
tensão total sobre o solo; basta que haja uma variação da pressão neutra. Tal conclusão permite
explicar os recalques a que estão sujeitas estruturas apoiadas sobre solos de baixa
permeabilidade, e que ocorrem ao longo do tempo. A tensão total aplicada pelo peso da
estrutura e suportada primeiramente pela água intersticial, e só à medida que esse acréscimo de
pressões na água for dissipado (pela expulsão da água dos vazios, que se dá lentamente) é que o
arcabouço sólido passa a suportar as tensões. Assim, ocorre uma variação na pressão neutra, o

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que provoca uma variação de volume do solo e, conseqüentemente o recalque da estrutura
(Capítulo IX).
No tocante à resistência dos solos (Capítulo XIII), temos que ela é diretamente
influenciada pelo atrito que se desenvolve nos contatos interpartículas. Tal atrito, é obviamente
função das forças normais interpartículas, em vez de força normal total (que atua também na
água intersticial).

3 - Massa Específica Submersa

Seja o perfil de solo esquematizado na Figura 29. A tensão total (σ) no plano a-a se
deverá à contribuição do peso de água e do peso de solo:

σ = γw. h1 + γsat . h2

A pressão neutra (u) no plano considerado corresponde à pressão hidrostática:

u = γw (h1 + h2)

Dessa forma a tensão efetiva será:

σ‘ = σ - u = γw . h1 + γsat . h2 - γw (h1 + h2)

σ' = (γsat - γw) h2 = γ' h2

A massa específica submersa ou efetiva (γ'), que corresponde à diferença entre a massa
especifica saturada do solo e a massa específica da água, permite calcular a tensão efetiva, em
qualquer plano de um solo submerso.
O valor de γ‘ pode ser obtido, também, tendo em conta o Princípio de Arquimedes.
Veja a Figura 31 em que se fez o volume dá amostra igual a 1.

A massa de sólidos é (1 - n) ys e pelo volume de sólidos é (I - n) YW.

Dessa forma, temos, pelo Princípio de Arquimedes:

γ' = (l -n) γs - (l - n) - γw ou

γ' = (I -n) (γs - γw)

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45
CAPÍTULO Vll4

TENSÕES ATUANTES NUM MACIÇO DE TERRA

l - Introdução

Os esforços no interior de certa massa de solo são produzidos, genericamente, pelas


cargas externas aplicadas ao solo o pelo peso do próprio solo. As considerações acerca dos
esforços introduzidos por um carregamento externo são bastante complexas e o seu tratamento,
normalmente se dá, a partir das hipóteses formuladas pela teoria da elasticidade, conforme se
verá no item 3.

2 - Esforços Geostáticos

No caso das tensões ocasionadas pelo peso próprio do solo (tensões geostáticas), é fácil
verificar que, se a superfície do terreno for horizontal, as tensões totais, a uma profundidade
qualquer, são obtidas considerando apenas o peso do solo sobrejacente (Figura 32.a).
Sendo a superfície do terreno, horizontal, não existem tensões de cisalhamento nos
planos horizontais, e dessa forma a tensão vertical total causada pelo solo é uma tensão
principal.
Freqüentemente, a massa específica varia com a profundidade. Se o solo é estratificado
e a massa específica de cada estreita é diferente (Figura 32.b), podem-se calcular as tensões
verticais totais da seguinte forma:

σv = ∑ γi . zi

O valor de γi a considerar será a massa específica natural ou a saturada dependendo das


condições em que o solo se encontre.
Estando o solo submerso, pode-se calcular a tensão total (σ), a pressão neutra (u) e a
tensão efetiva (σ') conforme se mostrou no item 3 do Capítulo VI.
Vale lembrar que a tensão efetiva (σ') num plano qualquer, poderá ser calculada
diretamente, utilizando as massas específicas submersas dos solos sobrejacentes ao plano
considerado.
E de fundamental importância notar que no elemento de solo (da Figura 3-'.a), além da
tensão vertical por causa do peso próprio, também ocorrem tensões horizontais, que são uma
parcela da tensão vertical atuante, ou seja:

σh = K . σv ,

na qual K é denominado coeficiente de empuxo.

Quando não ocorrem deformações na massa do solo, temos o coeficiente de repouso (K


= K0), que pode ser determinado pela Teoria da Elasticidade, admitindo o solo como
homogêneo e isótropo. Veja a Figura 32.a.
Se não ocorrem deformações horizontais, então podemos escrever, por exemplo:

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µσ v σ h σh
εx = − −µ =0
E E E

µ = coficiente de Poisson
E = módulo de Elasticidade
σ h = K0 ⋅ σ v

ou

σ v K 0σ v Kσ
µ − − µ 0 v = 0,
E E E

portanto,

µ
K0 =
1− µ

O conhecimento do coeficiente de empuxo é de fundamental importância para resolução


de muitos problemas da Engenharia de Solos (muros de arrimo, escavações, etc.), pois permite
determinar as tensões horizontais em massa de solo e, por extensão a resultante dessas tensões é
denominada empuxo. O estudo dos empuxos será efetuado em outro capítulo.
No caso de a superfície do terreno não ser horizontal, considerando o caso de um talude
infinito, como se mostra na Figura 33.a, tem-se que o peso da coluna de soIo (P) tem a mesma
linha de ação da resultante (R), uma vez que Fe e Fd são iguais, por estarem a mesma
profundidade, e têm a mesma linha de ação para que haja equilíbrio estático. Disso resulta que
R = P.
O valor de P, considerando largura infinita no plano normal ao papel, será:
P = γ b⋅h

Porém, como b = bo cos i, P = γ bo h cos i

Tem-se ainda que

N = P cos i e T = P sen i .

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Tais forças agem numa seção igual a bo x 1 , portanto, (Figura 3.3.b):

P
σv = σv = γ h cos i
b0
N
σn = σn = γ h cos2 i
b0
T
τ= τ = γ h sen i cos i
b0

3 - Propagação de Tensões no Solo

Os carregamentos aplicados à superfície de um terreno induzem tensões que se


propagam no interior da massa de solo. A distribuição desses esforços é calculada, empregando
as soluções tidas a partir da Teoria da Elasticidade.
Conquanto sejam muitas as críticas que se levantem às hipóteses formuladas na T.E., a
sua aplicação aos casos práticos é bastante freqüente, dada a sua simplicidade, quando
comparadas a outros tipos de solução.
Existem soluções para uma grande variedade de tipos de carregamento, entretanto,
consideraremos apenas os casos mais freqüentes, sem nos preocuparmos com o seu
desenvolvimento matemático.

3.1- A Solução de Boussinesq

Os esforços induzidos por uma carga concentrada atuando na superfície horizontal de


um semi-espaço infinito homogêneo, isótropo e elástico linear foram calculados primeiramente
por Boussinesq, em 1885.
A Figura 34 representa a carga concentrada P, atuando num ponto O, que é a origem de
um sistema cartesiano ortogonal. O ponto A, em que se deseja calcular as tensões, tem

48
coordenadas x, y e z, sendo ainda r a distância radial de A'O; R o vetor posição de A, e θ o
ângulo entre R e z.
As tensões verticais, radiais e de cisalhamento serão:

5

3P   r  
2
3P cos θ 3P z
5 3 2
σz = = ⋅ = 1 +   
2π z 2 2π R 5 2πz 2   z  

P  r2z  R − z 
σr = 3 5 − (1 − 2µ ) 2 
2π  R  R ⋅ r 

É fácil verificar pela fórmula de σz, que há distribuição de tensões simétricas em cada
pIano horizontal, no interior da massa de solo. Em determinado pIano, a uma profundidade z, a
tensão máxima ocorre na mesma vertical de aplicação P (θ = 0o); por outro Iado, a medida que
nos distanciamos horizontalmente do ponto de aplicação de P (aumento de r) diminui a
intensidade das tensões aplicadas, até um ponto em a carga P, praticamente não exerce mais
influência. Essa situação é esquematizada na Figura 35, para alguns planos horizontais.

49
Unindo-se os pontos da massa de solo solicitadas por igual tensão, conforme vem
esquematizado na Figura 36, temos as ISÓBARAS. O corpo sólido constituindo de conjunto de
isóbaras forma o que se chama de bulbo de tensões.

As tensões se propagam até grandes profundidades, entretanto, para fins práticos,


costuma-se arbitrar que o solo é efetivamente solicitado até a profundidade delimitada, pela
isóbara de IO% dá carga aplicada à superfície.

3.2 - Extensão da Solução de Boussinesq

Além da carga concentrada, soluções para outros tipos de carregamentos, muito


freqüentes na prática, foram estipuladas a partir da solução proposta por Boussinesq.

a. Carregamento Uniformemente Distribuído sobre uma Placa Retangular

50
Para o caso de uma área retangular de lados a e b uniformemente carregada (Figura 37),
as tensões em ponto situado a uma profundidade z, na mesma vertical do vértice O são dadas
pela seguinte fórmula.

 
( ) ( )
1 1
P  2mn m 2 + n 2 + 1 2 m 2 + n 2 + 2 2mn m 2 + n 2 + 1 2 
σz = ⋅ + arctg 2
4π  m 2 + n 2 + m 2 ⋅ n 2 + 1 m 2 + n 2 + 1 m + n 2 − m 2 ⋅ n 2 + 1
 

a b
em que m = e n=
z c

A mesma expressão pode ser escrita adimensionalmente, resultando:

 
( ) ( )
1 1
σz 1  2mn m + n + 1
2 2 2 m +n +2
2 2
2mn m + n + 1 2 
2 2
= ⋅ + arctg 2
P 4π  m 2 + n 2 + m 2 ⋅ n 2 + 1 m 2 + n 2 + 1 m + n 2 − m 2 ⋅ n 2 + 1
 

Chamando o segundo termo dessa expressão de Iσ, a tensão vertical (σz) será:

σ z = P ⋅ Iσ

Os valores de Iσ podem ser determinados em um gráfico, em função de m e n. Esse


Gráfico é apresentado na Figura 38 e dessa forma, para calcular σ z em um ponto, sob um

51
vértice de uma área uniformemente carregada, basta determinar a e b e os valores de m e n, e
obter Iσ do gráfico.

É importante salientar que todas as deduções estão referenciadas a um sistema de


ordenadas, no qual o vértice O coincide com a origem. Para calcular o acréscimo de tensões em
um ponto que não passe pela vertical por O, deve-se adicionar e subtrair convenientemente
áreas carregadas ao problema em questão ' Uma situação desse tipo e esquematizada na Figura
39.
Seja calcular a tensão vertical no ponto R produzida pela placa carregada ABDE:

Iσ R = Iσ ACGR − Iσ BCHR − Iσ DFGR + Iσ EFHR

52
A Figura 40 mostra o bulbo de tensões para uma placa quadrada uniformemente
carregada.

b. Carregamento Uniforme Sobre uma Placa Retangular de Comprimento Infinito (Sapata


Corrida)

Em se tratando de uma placa retangular em que uma das dimensões é muito maior que a
outra (como, por exemplo, no caso das sapatas corridas, fundação bastante comum em
residências), os esforços introduzidos na massa de solo podem ser calculados por meio da
fórmula desenvolvida por Carothers e Terzaghi. Veja o esquema da Figura 41, em que a placa
tem largura 2 b, e está carregada uniformemente com p. As tensões num ponto A situado a uma
profundidade z e distante x do centro da placa são dadas pelas seguintes expressões:

53
P
σ = (α + sen α ⋅ cos 2 β )
π
P
σ x = (α − sen α ⋅ cos 2 β )
π
P
τ xy = (sen α ⋅ sen 2 β )
π

54
O bulbo de pressões correspondentes a esse tipo de carregamento é mostrado na Figura
42.

55
c. Carregamento Uniformemente Distribuído sobre uma Área Circular

Os esforços produzidos por uma placa uniformemente carregada, na vertical que passa
pelo centro da placa, podem ser calculados por meio da integração da equação de Boussinesq,
para toda a Área circular.
Tal integração foi realizada por Love, e na Figura 43 têm-se as características
geométricas da área carregada.
A tensão efetiva vertical produzida no ponto A, situado a uma profundidade z é dada
por:

 3

   2

  1  
σ z = p 1 −   
 1 +  r   
2

   z   
 

Essa expressão na prática é simplificada com a introdução de um fator de influência, o


qual é tabelado em função de r/z. Dessa forma, a expressão para cálculo de σ z fica:

σ z = p ⋅ Iσ
3
 2
 
1
sendo Iσ = 1 −  
  r 2 
1 +   
 z 

56
No Quadro Vlll têm-se alguns valores de Iσ para distintas relações r/z.

R/z 0,10 0,25 0,5 0,75 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00
Iσ 0,014 0,087 0,284 0,488 0,646 0,829 0,910 0,949 0,968
R/z 3,50 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 ∞
Iσ 0,979 0,986 0,992 0,995 0,997 0,9980 0,9986 0,999 1

d. Carregamento Triangular de Comprimento Infinito

A solução para este tipo de carregamento encontra grande aplicação na avaliação de


tensões produzidas interior de certa massa de solo por aterros, barragens etc. Conquanto
existam soluções para diversas formas geométricas de carregamento (triângulos retângulo,
escaleno; trapézios etc.), apontaremos a solução para o caso de carregamento em forma de um
triângulo isósceles e em forma de um trapézio retângulo A solução para esses casos foi proposta
Carothers, a disposição geométrica do carregamento triangular é mostrada na Figura 44.

P x 
σz = α1 + α 2 + (α1 − α 2 )
π b 

P x 2 z r1r2 
σx = α1 + α 2 + (α1 − α 2 ) − ln 2 
π b b ro 

A Figura 45 apresenta a geometria do carregamento, em forma de trapézio retângulo de


comprimento infinito. O acréscimo de tensão provocado pelo carregamento será:

57
P x z 
σz =  β + α − 2 ( x − b )
π a r2 

P x 2z r z 
σx = β + α + ⋅ ln o + 2 ( x − b )
π a a r1 r2 

3.3 - O Gráfico de Newmark

Baseado na equação de Love, que fornece o acréscimo de tensões ocasionadas por uma
placa circular uniformemente carregada, Newmark desenvolveu um método gráfico que permite
obter os esforços verticais produzidos por qualquer condição de carregamento uniforme,
atuando na superfície do terreno.

A aplicação desse gráfico é bastante útil e simples, sobretudo quando se tem várias
placas, de diferentes formas, as quais aplicam ao terreno diferentes carregamentos.

A equação de Love pode ser escrita da seguinte forma:

58
3
 2
 
σz  1  = Iσ
= 1− −
P  r 
2

 1+   
 z 

Para construir o gráfico de Newmark atribuem-se valores a Iσ , e calcula-se o raio da


placa necessário para produzir o acréscimo de pressões a profundidade z.
Exemplificando: Ao fazer Iσ = 0,1 , resulta que r/z = 0,27, ou seja, tendo-se um círculo
de raio r = 0,27 z (Figura 46) este produziria num ponto A, situado na vertical que passa pelo
centro, um acréscimo de tensão:

0,1 p
σz = = 0,005 p
20

Se o círculo de r = 0,27z for dividido em partes iguais (nas cartas de Newmark,


geralmente 20 partes), cada uma delas contribuíra com a mesma fração para o esforço final σ z ;
no caso de 20 partes, cada uma delas contribuirá com:

0,1 p
σz = = 0,005 p
20

Fazendo Iσ = 0,2 , resulta r/z = 0,40, ou seja, para que no ponto A haja uma tensão σ z
= 0,2 p é necessário que a area carregada tenha r = 0,4 z.
Na Figura 46, concêntrico com o círculo anterior, pode-se desenhar outro circulo de r =
0,40 z. Como o primeiro circulo produzia um acréscimo de 0,1p, é evidente que a coroa circular
agora gerada produz outro acréscimo igual a 0,1p: Prolongando-se os raios que dividiam o
primeiro círculo em partes iguais, teremos a coroa circular dividida em partes cuja influência 6
também 0,005 P.
A parcela de contribuição de cada uma das partes é chamada de unidade de influência, e
no exemplo dado vale 0,005.

59
Na Figura 47 , apresenta-se um gráfico de Newmark com a respectiva escala (z) a partir
do qual foi construído. Para calcular o acréscimo de tensões ocasionadas por placa
uniformemente carregada, faz-se coincidir o centro do gráfico de Newmark com o ponto em que
se deseja calcular esse acréscimo. A área carregada é desenhada numa escala tal que a
profundidade, em que se deseja conhecer o acréscimo, fique representada pelo valor de z, a
partir do qual foi elaborado o gráfico. Em seguida, contam-se as unidades de, influência
englobadas pelo contorno da área, e calcula-se a tensão vertical, que é dada por:

σz = p⋅ N ⋅I ,

em que: N - número de fatores de influência


T - unidade de influência (geralmente 0,005 )

60
3.4 A Solução de Westergaard

Nos depósitos sedimentares em que aparecem entre meadas camadas de material fino e
lentes de areia, a solução de Boussinesq não se aplica, uma vez que esses depósitos têm
capacidade de oferecer grande resistência a deformações laterais.
Para simular esta condição de anisotropia, Westergaard introduziu um novo modelo
matemático, baseado nas mesmas condições de carregamento de Boussinesq (Figura 48), e no
qual as deformações laterais são totalmente restringidas. Segundo Westergaard, a tensão vertical
a uma profundidade z é dada por:

p (1 − 2µ ) / (2 − 2µ )
σz =
2πz 2 3
 r
2
 2
(1 − 2µ ) / (2 − 2µ ) +   
 z 

em que µ é o coeficiente de Poisson.

Quando µ = 0, a equação se simplifica para:

p 1
σz =
πz 2 3
  r  2
2

 1 + 2  
  z  

61
Da mesma forma que ocorreu na solução de Boussinesq, a de Westergaard pode ser
estendida para outros tipos de carregamento. A Figura 49 mostra os bulbos de tensão para placa
quadrada e retangular de comprimento infinito, de acordo com Westergaard.

3.5 - Comparação entre as Soluções de Boussinesq e Westergaard e Algumas Simplificações.

Na comparação das duas soluções, para acréscimo de tensões verticais, pode-se concluir
que:

a. para pequenas relações r/z, a solução de Boussinesq fornece valores maiores;

b. para r/z, cerca de 1,8, as duas soluções fornecem valores aproximadamente iguais;

e. para r/z, maior que 1,8, a equação de Westergaard fornece valores maiores;

d. para uma placa retangular uniformemente carregada, quando a maior dimensão (l)
for maior que três vezes a menor dimensão (b) (l > 3b),pode-se considerar essa
placa como de comprimento infinito;

e. para uma profundidade (z) maior que três vezes a largura da placa uniformemente
carregada (z >3b), pode-se considerar a carga concentrada atuando no centro de
gravidade ela placa e calcular o acréscimo de tensões, aplicando a fórmula de
Boussinesq para carga pontual.

62
Para obtenção de estimativas de produção de tensões, ao longo da profundidade, pode-
se admitir que haja uma distribuição uniforme de tensões e arcas que aumentam
progressivamente com a profundidade.Costuma-se arbitrar que essas tensões se propagam
segundo uma inclinação de 2:1 ou segundo algum angulo (geralmente 30o). De acordo com a
Figura 50, teríamos, se admitirmos uma distribuição de 2:1:

P
q=
(B + z )(L + z )
No caso de placa de forma quadrada:

P
q=
( B + z )2

63
3.6 - Limitações da Teoria da Elasticidade

Ao tratar da aplicação das soluções da Teoria da Elasticidade ao problema de


propagações de tensões no solo, deve-se atentar para três discrepâncias que surgem das
hipóteses daquela teoria, quando se refere a solos:

a. O solo pode ser admitido como elástico somente para pequenas deformações. Dessa forma
não há proporcionalidade exata entre tensão e deformação, sobretudo quando as
deformações são grandes. Nesse caso, é necessário dividir o carregamento, que provoca a
deformação, em estádios sucessivos e obter para cada carregamento parâmetros elásticos
diferentes. Portanto, para a aplicação da Teoria da Elasticidade, necessário que os
acréscimos de tensão sejam pequenos e que o estado final de tensões esteja muito aquém da
ruptura.

b. O solo não apresenta um comportamento isótropo, conforme estipulado nas hipóteses da


Teoria da Elasticidade. Geralmente, os módulos de elasticidade são diferentes nas várias
direções, em se tratando de solos.
Essa anisotropia não se prende ao fato de o subsolo ser constituído por camadas de
diferentes solos, visto que solos essencialmente diferentes, como por exemplo, uma argila
rija e uma areia compacta podem apresentar um comportamento elástico semelhante.
A restrição que se faz à homogeneidade do solo é que nos solos arenosos, a resistência
aumenta com o confinamento (e portanto com a profundidade); o mesmo ocorre nas argilas
normalmente adensadas, e dessa forma é fácil notar que o módulo de elasticidade varia
com a profundidade, o que elimina as características de homogeneidade desses solos.

c. Segundo a Teoria da Elasticidade, o solo deve constituir um semi-espaço infinito


homogêneo. Essa condição pode ser satisfeita, quando o solo se apresenta uniforme
numa área compreendida por distâncias de cerca de quatro a cinco vezes a menor
dimensão da placa carregada.

64

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