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NO ENSINO MÉDIO
MATEMÁTICA
9
UMA PARCERIA ENTRE A
SECRETARIA DE ESTADO DA
EDUCAÇÃO DE SANTA CATARINA
E O INSTITUTO AYRTON SENNA
EDUCAÇÃO INTEGRAL
NO ENSINO MÉDIO
MATEMÁTICA
9
UMA PARCERIA ENTRE A
SECRETARIA DE ESTADO DA
EDUCAÇÃO DE SANTA CATARINA
E O INSTITUTO AYRTON SENNA
SECRETARIA DE ESTADO
DA EDUCAÇÃO DE
SANTA CATARINA (SED)
Boa leitura!
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SUMÁRIO
FATORES DE INTEGRAÇÃO 18
ÁREAS DE
CONHECIMENTO
MATEMÁTICA 30
A integração da área 34
de Matemática
com outras áreas
de conhecimento
A proposta curricular Avaliação na área 38
integrada e flexível de Matemática
é composta por dois
macrocomponentes
MATEMÁTICA 42
NÚCLEO 72
ARTICULADOR A OPA POR DENTRO
PROPOSTA CURRICULAR
INTEGRADA E FLEXÍVEL:
ÁREAS DE CONHECIMENTO
E NÚCLEO ARTICULADOR
10 | VOLTAR AO SUMÁRIO
Articulador introduz na matriz curricular componentes inovadores que oferecem aos
estudantes oportunidades educativas transformadoras, ligadas à construção de seus
projetos de vida e à atuação em iniciativas protagonistas, em projetos de intervenção
e de pesquisa, propícias à construção e/ou recontextualização de conhecimentos em
projetos. Vale reforçar que ambos possuem o compromisso com o desenvolvimento
das competências cognitivas e socioemocionais importantes para viver no século 21.
ÁREAS DE
Nas Áreas, como preveem
CONHECIMENTO
os documentos orientadores
do currículo, os componentes
curriculares se integram de
diferentes modos, favorecendo
aprendizagens significativas.
CURRÍCULO
ESTRUTURADO
ATRAVÉS DE DOIS
MACROCOMPONENTES
NÚCLEO
ARTICULADOR
É voltado ao desenvolvimento
de projetos pelos alunos, sempre
orientados por professores.
LINGUAGENS
incluindo Língua Portuguesa e Literatura, Arte,
Educação Física e Língua Estrangeira Moderna
MATEMÁTICA
Matemática
CIÊNCIAS DA NATUREZA
incluindo Biologia, Física e Química
CIÊNCIAS HUMANAS
incluindo História, Geografia, Sociologia e Filosofia
11
A INTEGRAÇÃO NAS AULAS
12 | VOLTAR AO SUMÁRIO
sentidos do conteúdo e, também, com o desenvolvimento de
habilidades e competências. Juntos, eles preparam o jovem para a
superação das dificuldades que eventualmente possam surgir, sempre
orientados pela meta principal desta proposta, que é a autonomia.
A integração nesta proposta curricular, ainda que contemple a
aproximação dos componentes pelos conhecimentos específicos, neste documento, a fim de facilitar a
tem como foco o trabalho colaborativo em todas as oportunida- comunicação, chamaremos de “aula”
des educativas, o desenvolvimento da autogestão dos alunos e a o conjunto de interações educativas,
elaboração de seus projetos de vida, por meio de metodologias sejam elas aulas, orientações de
integradoras diferenciadas, que têm como meta levar o jovem projetos, estudos orientados, atividades
ao desenvolvimento pleno dos potenciais expressos na Matriz de culturais ou esportivas etc.
Competências para o Século 21.
Integrar áreas e componentes tem ainda uma consequência
muito importante: encoraja os professores ao trabalho coletivo e
colaborativo. Ao compartilharem conteúdos, informações sobre
seus interesses e talentos comuns, bem como sobre objetivos,
temas, conceitos organizacionais do ensino em suas áreas, eles
favorecem que os estudantes atuem juntos, e que eles próprios
conquistem outro patamar de profissionalização e novas compe-
tências profissionais como educadores.
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FATORES DE INTEGRAÇÃO
As formas de
Os fazeres em comum (métodos de pensar sobre os
pesquisa, procedimentos de análise objetos de
de dados, formas de comunicação conhecimento de
de resultados, entre outros). cada área.
As concepções e
A construção da compreensão processos de avaliação.
de fenômenos a partir de
abordagens complementares.
14 | VOLTAR AO SUMÁRIO
INTEGRAÇÃO PELOS PRINCÍPIOS
EDUCATIVOS E AS METODOLOGIAS
INTEGRADORAS COMUNS
E sta proposta de educação integral tem como um dos princípios essenciais a concep-
ção de estudante como sujeito central no processo de aprendizagem, o que desafia
a comunidade escolar a ver o jovem por trás do aluno e a dialogar efetivamente com a
juventude múltipla que habita a escola – e não com imagens abstratas, idealizadas ou
carregadas de estereótipos sobre a condição juvenil.
Essa percepção singular de educação e de educando investe fortemente na partici-
pação de cada jovem, permitindo a personalização de seu percurso formativo, a partir
de seu modo particular de estar no mundo e de aprender. Nesse contexto, o papel de
mediação do professor assume especial relevo.
A perspectiva do protagonismo juvenil é integradora: toda a escola se agrega em torno
dela. O currículo também se integra por meio da ação protagonista dos alunos na gestão
de sua aprendizagem. O objetivo é que, em todo o itinerário formativo, os jovens tenham
oportunidades de participação nas decisões e na condução de seu processo educativo,
bem como de expressão de seus pontos de vista e de concretização de seus interesses.
Reconhecendo a necessidade de possibilitar na escola experiências de construção
do conhecimento variadas e abrangentes (individual, em duplas, em times, com o uso
de tecnologias variadas e realizando projetos) que atendam aos diferentes ritmos de
aprendizagem dos estudantes, a personalização do ensino e da aprendizagem emerge
como um caminho que une criatividade, interação, interesse e participação protagonista,
possibilitando que os jovens construam uma relação própria, pessoal e intransferível
com o conhecimento.
A personalização envolve:
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• Que os estudantes sejam orientados a estruturar e implementar
plano de estudos, para que aprendam a se organizar com tarefas e tempos.
• Explorar e interagir nos vários espaços da escola, para além da
sala de aula. E até mesmo atuar no entorno, na cidade.
• Promover diariamente o desenvolvimento da autonomia dos
estudantes (levando em conta os interesses pessoais nas escolhas sobre
o que fazer ou como estudar) e da curiosidade em investigar e aprender.
• Que a tecnologia possa ser uma aliada, permitindo recursos aos
professores para diversificar suas estratégias (como as oferecidas pelas
plataformas digitais de aprendizagem).
RECURSOS TECNOLÓGICOS:
AS PLATAFORMAS DIGITAIS DE APRENDIZAGEM
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A observação e a escuta ativa do professor permitem o entendimento sobre como
cada estudante aprende e o seu nível de compreensão dos conhecimentos e competências
que fazem parte do currículo. É o professor quem, intencionalmente e durante as ativi-
dades, realiza paradas estratégicas para a autoavaliação dos alunos sobre os aspectos
metacognitivos envolvidos no processo de aprendizagem, ou seja, quando o próprio
estudante passa a tomar consciência sobre o que sabe e o que não sabe, identificando
como aprende e assumindo um papel ativo na autorregulação de suas aprendizagens.
Dessa forma, professores e gestores escolares se integram na formulação e imple-
mentação de estratégias de fomento à participação do jovem:
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AVALIAÇÃO
DA APRENDIZAGEM
PERSONALIZAÇÃO EM
TODO O CURRÍCULO CULTURA ESCOLAR A autoavaliação estimula o desenvolvimento do
autoconhecimento e da autogestão, bem como a
E RELAÇÕES POSITIVAS construção da autonomia dos estudantes. Outras
A personalização acontece em tempos
previstos na estrutura curricular – nas estratégias de avaliação formativa e continuada se
É importante o diálogo entre membros estabelecem pelo diálogo e pela corresponsabilidade,
SALA DE AULA DINÂMICA aulas dos componentes das Áreas de
da comunidade escolar, combinando valorizando a trajetória de cada jovem.
Conhecimento e nos componentes do
olhares que se complementam –
Núcleo Articulador.
Mesmo que não tenha equipamentos modernos, a professores atentos às especificidades
sala de aula pode ser um espaço de personalização de cada estudante e gestão escolar
do ensino e da aprendizagem, a partir de um bom sensível a demandas geradas para ESPAÇOS INTEGRADORES
planejamento, ancorado numa proposta pedagógica viabilizar a personalização.
clara, explícita e organizada.
E RECURSOS VARIADOS
Ela pode ser um ambiente dinâmico e aconchegante,
que abrigue processos diversificados, com os Esforços para a diversificação de espaços e
estudantes agrupados de formas variadas – por recursos didáticos e tecnológicos devem ser
exemplo, em semicírculos ou em pequenos times, de articulados para que os alunos se sintam
acordo com a intenção de cada atividade proposta. motivados, responsáveis, curiosos e engajados.
Vários grupos podem trabalhar simultaneamente em A diversidade de espaços disponíveis para
atividades, com níveis de dificuldade diferentes, serem explorados é importante. Bibliotecas,
sobre o mesmo conteúdo. laboratórios de informática, espaços ao ar livre,
a comunidade e a cidade podem ser ambientes
muito propícios à aprendizagem.
ESTUDANTE COMO
ATOR CENTRAL
CONHECER QUEM
SÃO OS ESTUDANTES
18 19
Outro elemento de integração é o uso de cinco metodologias comuns que traduzem e integram os princípios conceituais
desta proposta educativa e orientam as práticas pedagógicas dos professores para uma abordagem coesa, estruturada,
intencional, compromissada, colaborativa e problematizadora, alicerçando a promoção do protagonismo dos estudantes e o
desenvolvimento das competências cognitivas e socioemocionais. São elas: presença pedagógica, aprendizagem colaborativa,
problematização, formação de leitores e produtores de textos na perspectiva dos multiletramentos e educação por projetos.
A prática integrada dessas metodologias contribui para o fortalecimento de uma comunidade de sentido e de prática
na escola, dá unidade ao ensino e permite que os professores tenham caminhos intencionais e estruturados para nortear
as aprendizagens específicas de seus conteúdos e o desenvolvimento das competências cognitivas e socioemocionais
explicitadas na Matriz de Competências para o Século 21.
A problematização convida o
A presença pedagógica é o estudante a “aprender a
exercício de interação, abertura, aprender”. O professor lança
confiança e compromisso com o desafios e questões para reflexão,
estudante, fortalecendo o vínculo faz boas perguntas e demanda que
interpessoal e a mediação de os jovens elaborem, de forma
conflitos e da aprendizagem. própria, o conhecimento.
20
INTEGRAÇÃO A PARTIR DO
DESENVOLVIMENTO INTENCIONAL
DE COMPETÊNCIAS COGNITIVAS
E SOCIEOMOCIONAIS
MATRIZ DE
COMPETÊNCIAS
PARA O SÉCULO 21
ÁREAS DE NÚCLEO
CONHECIMENTO ARTICULADOR
21
AUTONOMIA
Macrocompetências voltadas Saber fazer escolhas e tomar decisões
à construção da autonomia acerca de questões pessoais e coletivas,
fundamentadas no autoconhecimento
e no projeto de vida.
AUTOCONHECIMENTO COMUNICAÇÃO
Capacidade de usar o conhecimento Capacidade de compreender e se fazer
de si, a estabilidade emocional e a compreender em situações diversas, respeitando
habilidade de interagir nas tomadas os valores e atitudes dos envolvidos nas
de decisão, especialmente em situações interações, utilizando criticamente as capacida-
de estresse, críticas ou provocações. des de leitura e de produção textual.
RESPONSABILIDADE CRIATIVIDADE
Capacidade de agir de forma Capacidade de fazer novas conexões a partir
organizada, perseverante e de conhecimentos prévios; de buscar soluções
eficiente na busca de objetivos, novas, gerenciando variáveis aparentemente
mesmo em situações adversas. desconexas; de dar saltos conceituais.
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Cada macrocompetência pode ser desdobrada em competências e habilidades. Esse detalhamento
dos aprendizados implicados no desenvolvimento de cada macrocompetência instaura um entendimento
compartilhado sobre elas. Isso é importante para que as práticas de ensino e de aprendizagem possam
ser implementadas com maior intencionalidade e assertividade, além de tornar as práticas de avaliação
formativa mais estruturadas, dialógicas e aptas a propiciar a tomada de consciência dos jovens sobre
os aprendizados que articulam escola e vida.
Dessa forma, cada macrocompetência diz respeito à:
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24
INTEGRAÇÃO A PARTIR DA PROMOÇÃO
DO APRENDIZADO DE TÓPICOS COMUNS
AOS COMPONENTES CURRICULARES, QUE
SE INTERCONECTAM E SE COMPLETAM
25
INTEGRAÇÃO PELA CONSTRUÇÃO DA
COMPREENSÃO DE FENÔMENOS A PARTIR
DE ABORDAGENS COMPLEMENTARES
26
INTEGRAÇÃO PELOS FAZERES EM COMUM (MÉTODOS DE
PESQUISA, PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS, FORMAS
DE COMUNICAÇÃO DE RESULTADOS, ENTRE OUTROS)
27
fala e/ou na escrita, modeladas neste ou naquele gênero textual, afinado ao tipo de conhecimento a ser
comunicado e ao contexto dessa comunicação, são ferramentas essenciais em um mundo globalizado.
Outros procedimentos complementam esses quatro, no entanto, na essência, são eles que nos permi-
tem ver as áreas trabalhando juntas, integradas na formação do jovem capaz de se posicionar de modo
fundamentado frente aos desafios da aprendizagem e da vida fora da escola.
E ssa proposta de integração parte da concepção de ciência como processo de conhecimento sócio-
-historicamente construído. O conhecimento científico é, portanto, resultante de um movimento do
pensamento humano, de processos de construção de sentidos e compreensões sobre a realidade concreta
e objetiva em que vivemos, levando em conta as marcas dessa realidade. Tão diversa como a realidade são
as formas de pensar sobre ela. Cada uma das ciências possibilita um tipo de movimento do pensamento
sobre essa realidade a ser compreendida, marcado por especificidades.
Em outras palavras, a natureza do conhecimento é a mesma: implica sempre um processo de construção
de compreensões sobre a realidade. Mas os modos de nos apropriarmos desse conhecimento podem ser
diversos: por meio da experimentação, de processos criativos, de modelos explicativos, de ciclos men-
tais (mais indutivos ou dedutivos) do pensar científico nas Ciências da Natureza e na Matemática, nas
Linguagens, ou da investigação de documentos e do estudo do meio nas Ciências Humanas.
Diante de um objeto de conhecimento (fenômenos físicos e/ou sociais), ser capaz de fazer uso ade-
quado das diferentes formas de pensar esse objeto para compreendê-lo e apropriar-se dele, faz transcender
o específico, sem perdê-lo, favorecendo um olhar e uma compreensão sobre esses objetos que abrange,
de forma simultânea, suas partes e o todo, o que há de singular e de múltiplo.
INTEGRAÇÃO A PARTIR DA
CONCEPÇÃO E DOS PROCESSOS DE
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
28
É preciso esclarecer que a nota, em si, não é o problema. Ela permanece sendo um parâmetro muito
importante. O que se busca é a construção e a percepção da nota de forma contextualizada, conside-
rando que a formação integral conjuga os aspectos cognitivos e socioemocionais do desenvolvimento
dos jovens. Nessa perspectiva, faz-se essencial combinar o parâmetro “nota” com outros instrumentos
e práticas, que permitam uma avaliação formativa, que possibilite um olhar mais amplo em relação ao
desenvolvimento dos estudantes.
Um bom caminho para a construção de um novo sentido para a avaliação é, ao invés de perseguir a
régua, que traz a ideia de uma métrica, adotar a perspectiva da avaliação como uma bússola: o professor
pode usar um conjunto diverso de instrumentos de avaliação, entendendo que tais instrumentos são um
poderoso recurso para orientá-lo ao longo do percurso, são uma bússola que o auxilia a ver se está ou
não na direção do projeto pedagógico da escola. Afinal, mesmo que o processo de avaliação envolva uma
nota, ela não é o único fator que traduz a aprendizagem do jovem. Ela não é nem o ponto de partida,
nem o ponto de chegada. O ponto de partida é fazer boas perguntas: Que efeito essa escola quer causar
na vida do seu estudante? Que competências ele precisa desenvolver para construir sua autonomia para
articular conhecimento e vida?
Neste sentido, cada recurso é entendido como um meio utilizado pelo professor para analisar se está
atuando e conseguindo resultados que estejam na direção do projeto pedagógico da escola. É, ainda,
um instrumento para que os jovens se apropriem de seus percursos de aprendizagem, contribuindo para
o autoconhecimento.
Para que a avaliação seja cotidiana, processual e formativa, três ações são fundamentais: a coleta de
dados, o diagnóstico e a intervenção.
COLETA
DE DADOS DIAGNÓSTICO
De início, é preciso delinear os Tratar os dados coletados,
objetivos e planejar o percurso 1 2 identificando os avanços, as
formativo da turma. Os passos necessidades e reconhecendo as
seguintes são estabelecer indica- lacunas na aprendizagem.
dores e empreender, no cotidiano Exemplo: retomar os registros das
3
das aulas, processos avaliativos observações e, a partir deles,
múltiplos, com o uso de instrumen- refletir se os alunos demonstram
tos diversificados, de modo a que atingiram as metas de ensino
contemplar as diversas singulari- e aprendizagem previstas para a
dades dos jovens. próxima etapa.
Exemplo: observação das INTERVENÇÃO
atividades e produções dos alunos
(individualmente/em times), com De posse dos dados analisados, o
registros (anotações) dos aspectos professor e a escola intervêm nos
observados. processos de ensino e de aprendizagem,
de modo a aprimorá-los.
Exemplo: de acordo com o que foi
verificado, decidir se avança com as
atividades ou retoma algo, programar
aulas para resolver dúvidas, propor
planos de estudo complementares
(individuais ou em times).
29
PRINCÍPIOS
MATEMÁTICA
EDUCATIVOS
má
ções e análises críticas, coletar e organizar dados
identificando evidências, levantar hipóteses, fazer
conjecturas e decidir se são válidas ou devem ser
refutadas. Tratam-se de capacidades essenciais na
vida pessoal e profissional.
tica
30 | VOLTAR AO SUMÁRIO 31
os meios de comunicação estão repletos de situações que exigem leitura e interpretação de
dados relativos a fenômenos de tempo, questões econômicas, esportivas e da área médica.
diariamente, as pessoas se deparam com a necessidade de ler e compreender contas de ener-
gia, extratos bancários, bem como tomar decisões a respeito da melhor condição de compra
de um bem de consumo. da mesma forma , há fenômenos das mais diferentes ciências que
podem ser mais bem compreendidos por meio do conhecimento matemático.
C omo parte do conhecimento humano, a Matemática assume, em todos os segmentos da escola, papel
de destaque na formação dos estudantes. Mas, para além de sua utilidade e de poder ser compre-
endido como uma linguagem, esse componente da educação escolar também precisa ser entendido como
ciência, com características próprias de pensar e de investigar a realidade. A reflexão e o pensar crítico
são marcas da Matemática e se traduzem nas habilidades e competências que desenvolve.
Os conhecimentos matemáticos e as habilidades de pensamento que eles permitem ao aluno adquirir
tornam-se cada vez mais imprescindíveis para as diversas ações humanas, das mais simples às mais
complexas. Nesse contexto, a exemplo do que ocorre nas demais áreas de conhecimento, a expectativa
em relação à Matemática é que o jovem tenha competências e habilidades para a leitura, a intervenção
e a elaboração de julgamentos próprios frente às variadas situações de sua vida.
Os documentos e propostas curriculares das mais diversas instâncias da educação brasileira consideram
a Matemática ora como componente da área de Ciências da Natureza, ora como área em separado das
demais. Nesta proposta, seguindo tendências atuais, e tendo consciência de que há competências comuns
entre a Matemática e as outras áreas, decidimos por assumir Matemática como uma área específica do
conhecimento.
É importante refletir sobre qual concepção a Matemática se apresenta, uma vez entendida como uma
área em especial no currículo do Ensino Médio. Quando concebida por seu aspecto utilitário, seu ensino
se justifica pelo caráter instrumental e aplicado que possui. Assim, enfatizam-se operações, regras, medi-
ções e demais procedimentos técnicos para transmitir às novas gerações os conhecimentos considerados
essenciais para a vida cotidiana e para o exercício profissional básico.
Mas a Matemática também é compreendida como linguagem, levando-se em conta seus signos e seus
sentidos, o modo próprio para descrever regras, leis, relações e fenômenos diversos no seu universo especí-
fico, bem como no âmbito das ciências naturais e sociais. É essa linguagem que modela situações-problema
e permite desenvolver procedimentos gerais para seu enfrentamento e resolução.
32
A Matemática apresenta-se ainda como uma ciência com características próprias de pensar e de investigar a reali-
dade. Uma ciência que mobiliza, nos estudantes, conhecimentos, competências e habilidades, quando estes se põem a
desenvolver estratégias de resolução de problemas e de análise de informações.
Isso significa entender que, associado à Matemática, há um conjunto de conhecimentos que não se restringem a
tópicos disciplinares, mas incluem capacidades importantes para promover o desenvolvimento integral dos alunos, forne-
cendo a eles recursos cognitivos e tecnológicos para analisar, compreender e interpretar a realidade em que se inserem.
Espera-se da área de Matemática o desenvolvimento de pessoas capazes de realizar intervenções na realidade por meio
da compreensão de questões problemáticas e de situações da sociedade em que estão inseridos. Para isso, são relevantes
as capacidades de enfrentar e resolver problemas, de desenvolver raciocínios característicos do pensar matemático e de
saber comunicar-se matematicamente. Tais capacidades estão interligadas, mas têm focos específicos no desenvolvimento
pleno dos estudantes.
Nesse contexto, a Matemática tem um objetivo comum a todos os componentes curriculares desta proposta de edu-
cação para o século 21: desenvolver nos estudantes um conjunto de competências cognitivas e socioemocionais, a partir
de aulas cuidadosamente pensadas para isso, o que inclui a integração com outras áreas do conhecimento.
APRENDER MATEMÁTICA
É PARA TODOS
Nosso maior propósito é que os jovens desenvolvam o conhecimento matemático esperado para
o Ensino Médio, mas sem perder de vista que, para isso, não basta que dominem os conceitos e
procedimentos previstos. Além desse domínio, o aprendizado no componente curricular compreende
dotar o jovem de um conjunto de ferramentas para raciocinar, justificar conclusões e expressar
ideias de maneira clara, o que se alcança por meio de atividades matemáticas problematizadoras.
Elas oferecem ao estudante a chance de compreender o sentido do aprendizado e, por extensão,
a relevância social do conhecimento matemático. Por essa via, e reconhecendo a diversidade na
maneira de ser e aprender dos alunos em cada sala de aula, consideramos que todos podem e
merecem ter a oportunidade de aprender Matemática.
33
A INTEGRAÇÃO DA ÁREA DE
MATEMÁTICA COM OUTRAS
ÁREAS DE CONHECIMENTO
34 | VOLTAR AO SUMÁRIO
amostras de população, de relacionar as ideias de probabilidade e estatística a fenômenos
naturais e do cotidiano são aplicações da Matemática em questões do mundo real que
tiveram um crescimento muito grande e se tornaram instrumentos importantes também
para as Linguagens e as Ciências Humanas.
Da mesma forma, conceitos matemáticos que dizem respeito a conjuntos finitos de
dados ganham destaque para as Ciências Humanas e para o cidadão comum, que se vê
imerso em uma enorme quantidade de informações de natureza estatística ou probabilística.
Saber analisar informações, tirar e expressar conclusões a partir de dados matemáticos
são, portanto, partes do letramento matemático, que será útil em diversas áreas.
É importante destacar a integração natural entre a Matemática e as Ciências da
Natureza, por serem áreas afins. Em particular, a articulação entre essas duas áreas se
dá pela leitura, pela escrita e pela resolução de problemas. Vale frisar que, nesta pro-
posta, a resolução de problemas diz respeito a um processo investigativo no qual, frente
à diversidade de tipos de problemas, o aluno empreende uma busca por estratégias e
conhecimentos para construir a resolução. Ao final, ele se conscientiza das aprendiza-
gens cognitivas e não cognitivas desenvolvidas ao longo do caminho de investigação.
Essencial para aprender na escola e na vida, esse processo é foco constante de
atenção no ensino de Matemática, Biologia, Física e Química. Propomos trabalhar nas
aulas, de modo integrado, formas de representar a solução de problemas, modelando
explicações, lendo e interpretando textos que permitam expressar as soluções de fenô-
menos e de problemas.
PENSAMENTO CRÍTICO:
APRENDER A APRENDER
entendido como a capacidade de analisar, relacionar a sociedade de modo geral. tendo um computador
e sintetizar ideias, fatos e situações, assumindo conectado à internet e sabendo pesquisar e
posicionamentos fundamentados, o pensamento crítico, selecionar informações, qualquer pessoa tem
nos modelos das ciências da natureza e da matemática, acesso aos conteúdos do ensino médio, em
é a base de grandes sínteses de formas de pensar e qualquer área do saber. e não podemos dizer que
de representar ideias e fenômenos. são modelos que a diferença estaria na explicação do professor,
precisam ser lidos, interpretados, comunicados; e que pois, na atualidade, basta um clique no youtube
podem apoiar a compreensão e a tomada de decisões. e tem-se à disposição vídeos os mais diversos,
desenvolver as competências de ler e escrever é, com animações muito explicativas, a que se pode
portanto, uma ação intrínseca ao fazer dessas assistir a qualquer tempo e em qualquer lugar.
duas áreas. e tais competências são essenciais à o que faz a diferença é saber pesquisar e
formação do jovem protagonista em suas ações na selecionar informações – saberes que dependem
escola e em sociedade: alguém que é capaz de ler, de uma leitura competente. auxiliar os alunos
escrever e falar a respeito do que aprende pode a terem esses saberes é uma das metas da ação
aprender qualquer coisa, em qualquer tempo. do professor destacadas pelas orientações
o que está em jogo é a capacidade de ir além da para planos de aula (opas), que focam na
informação, construindo conhecimento. afinal, as alfabetização científica e na alfabetização
informações estão totalmente disponíveis e acessíveis para matemática do aluno em sala de aula.
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No entanto, o mais importante de enfatizar é que a integração da área de Matemática com as demais
áreas de conhecimento desta proposta se dá principalmente pelos seus pressupostos e pela Matriz de
Competências, já explicitados anteriormente neste caderno. As competências cognitivas e socioemo-
cionais, que são metas comuns a todas as áreas, fazem com que, em cada uma delas, guardadas as
especificidades, sejam desenvolvidas atividades educativas visando aos mesmos propósitos formativos.
É preciso lembrar ainda que o desenvolvimento de competências e habilidades depende da metodo-
logia de ensino e não do tema ou do conteúdo em estudo. Por isso, é preciso atenção às metodologias
integradoras descritas nos documentos das propostas curriculares e exemplificadas nas Orientações para
Planos de Aulas (OPAs).
A MATEMÁTICA EM DIÁLOGO
COM AS DEMAIS ÁREAS
para trabalhar de modo adequado a educação plena do jovem, o componente / área de matemática
“conversa” com quem? a matemática pode e deve dialogar com todas as áreas, de variadas formas.
a integração possibilita o trabalho coletivo e colaborativo entre os professores e favorece
o aprendizado dos estudantes. mas como colocar isso em prática nos processos de ensino e
de aprendizagem da matemática? os professores de matemática, denise de oliveira, luciane
souza e roberto pereira deram algumas dicas úteis para encarar esse desafio:
PLANEJAMENTO DE ÁREA
ter um horário específico de planejamento para a área de conhecimento e fazer bom uso desse tempo em
comum. mesmo que haja, no cotidiano, inúmeras outras tarefas a cumprir, é importante não abrir mão de tal
planejamento, conforme exemplifica a professora denise: “essa ideia do planejamento de área, de todos os
professores estarem no mesmo horário, foi uma conquista fundamental. percebemos, aos poucos, que isso era
importante. no início, não demos tanta atenção para a reunião de área. começamos a perceber o ganho depois,
quando pegamos a ideia.Agora, já temos um horário específico para que eu e meus colegas possamos, mesmo
não trabalhando com os mesmos anos, trocar alguma experiência válida e colaborar uns com os outros”.
36
para que essa comunidade de prática se estabeleça na escola e o clima de colaboração seja
a tônica entre os professores, é preciso estar aberto para aprender com a experiência dos
colegas. um professor que já tenha vivenciado as sequências de atividades propostas nas
orientações para planos de aulas (opas) pode ter dicas proveitosas, conforme exemplificou o
professor roberto: “lógico que eu busquei muita coisa com a professora que trabalhou antes
com o 2º ano. investiguei os mínimos detalhes na hora de realizar uma atividade. ”
37
A AVALIAÇÃO NA
ÁREA DE MATEMÁTICA
38 | VOLTAR AO SUMÁRIO
se há alunos que dão e pedem explicações oralmente quando necessário, confrontando, justificando e
revendo seu ponto de vista ou suas decisões.
A observação direta dos estudantes e de suas produções é central para podermos compreender a evo-
lução dos jovens na direção de ações matemáticas cada vez mais avançadas. Sabemos que nem sempre é
possível observar todos. Mas se, a cada aula, houver organização para observar três ou quatro estudantes,
registrando anotações, em poucas semanas todos os jovens terão sido acompanhados processualmente.
Com o tempo, essa prática se torna cada vez mais simples e imprescindível ao professor em sua tomada
de decisões sobre se deve avançar com as atividades, retomar algumas delas, inserir aulas para resolver
dúvidas e dificuldades surgidas. Ou seja, o registro é a coleta de dados que permite decisões refletidas
(planejadas de forma sistemática, a partir de acompanhamento criterioso), e não apenas espontâneas
(nascidas de sensações ligadas a situações críticas e esporádicas).
Em qualquer situação avaliativa em Matemática, pressupõe-se informar aos alunos os aspectos em que
serão avaliados, uma vez que as diferentes atividades propostas permitem ao professor essas avaliações.
E o resultado delas deve ser transmitido a eles imediatamente, pois a dinâmica de observação permite
esse retorno rápido. No entanto, é necessário cuidar da forma de apresentar as análises aos estudantes.
É importante apresentá-las individualmente e em sigilo, no sentido de auxiliá-los a reconhecerem falhas
em suas ações e poderem se aprimorar. Desse modo, o olhar do professor em relação aos seus alunos se
qualifica cada vez mais.
Também em Matemática, as informações coletadas a partir de diversas fontes (tarefas rotineiras,
observações durante as aulas, conversas do dia a dia, demonstrações, projetos e provas, entre outras)
visam a orientar educadores, alunos, escola e mesmo as famílias em relação ao desenvolvimento integral
do jovem na escola.
No entanto, essa orientação acontece apenas se, após a coleta, houver a organização e a análise dos
dados, seguida de um planejamento de como intervir para que quem aprende avance do ponto em que
se encontra até patamares mais altos de desenvolvimento.
Completa-se, assim, o ciclo de avaliação que norteia toda essa
proposta de educação integral (vide página 29): coleta de AVALIAÇÃO E GESTÃO
dados; diagnóstico, a partir dos dados coletados, da situação é importante frisar que a gestão de aula é
do aluno e/ou da turma; intervenção, com base no que foi componente determinante para que os alunos
diagnosticado, para aprimorar o processo educativo. evoluam nos aspectos avaliados. afinal,
Finalmente, é importante considerar o processo de recupe- a cada ação pedagógica, a cada escolha
ração dos alunos. Há dois olhares possíveis quanto ao que deve metodológica que o professor faz, há um
ser recuperado. Conteúdos que serão naturalmente retomados processo de aprendizagem dos alunos. tomando
na continuidade do ensino não precisam ser recuperados de como exemplo as habilidades de oralidade,
imediato. Se no próximo bimestre os alunos continuarão a leitura e escrita durante a avaliação, é
estudar conceitos que envolvem ideias, teorias ou procedi- importante que haja uma autoanálise do
mentos que ainda não alcançaram, cabe ao professor ter isso trabalho desenvolvido pelo educador:
registrado e acompanhar de perto esses alunos para verificar se as atividades têm sido realizadas com
eles conseguem, em outro contexto, compreender ou realizar planejamento e execução cuidadosa? os alunos
o que não haviam conseguido no bimestre anterior. são chamados a justificar suas resoluções,
Os aspectos que precisam ser recuperados de imediato, estando elas corretas ou incorretas? os
porque impedirão o aluno de acompanhar as aulas, exigem erros estão sendo analisados? os estudantes
intervenção cuidadosa e rápida. Mas sabemos que mais exer- podem trabalhar em pequenos grupos? houve
cícios ou um trabalho individual para complementar nota um ambiente de liberdade de expressão para
dificilmente significam aprendizagem efetiva. Propomos tra- os jovens? todos os alunos puderam ouvir e
balhar com planos de estudo individuais ou em times. Em falar nas aulas? como se procurou envolver
função da formação de alunos protagonistas, meta desta aqueles que demonstravam falta de iniciativa?
proposta educativa, os planos de estudo em grupos podem
ser mais adequados.
39
A proposta que expusemos para avaliação não é comum, mas é bastante eficiente
e aos poucos faz diferença na aprendizagem efetiva dos estudantes, possibilitando que
o olhar do professor se volte para aquilo que os alunos já sabem e para o que ainda
precisam saber. O mesmo acontece com os jovens que vivenciam esse novo cenário
avaliativo. Eles percebem, aos poucos, que a avaliação é um instrumento a favor do seu
desenvolvimento, ao invés de ser meramente um instrumento que “gera nota”. O foco do
olhar do educador, por sua vez, deixa de ser apenas a aula, para se deslocar à gestão da
aprendizagem: esse, sim, o verdadeiro motivo de avaliar, sob a perspectiva aqui sugerida.
CADERNO DE BORDO
40
PRINCÍPIOS
MATEMÁTICA
EDUCATIVOS
44
DIRETRIZES
45
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
46
Os problemas desempenham, portanto, um papel essencial como ponto de partida de discussões
matemáticas, inclusive para auxiliar os alunos a perceberem sua aprendizagem e seu desenvolvimento.
Afinal, ao se sentirem capazes de resolver um problema, compreendem que é possível utilizar o que
sabem para resolver certos problemas, ou adaptar seus conhecimentos a condições que não são habi-
tuais, para interpretar os problemas ou para propor novas questões relativas a eles.
Isso nos leva a outra abordagem da resolução de problemas: a proposição da aula de Matemática como
um ambiente de resolução de problemas, ou da aula problematizadora, que pauta a maior parte das ativi-
dades das sequências didáticas e é a porta que permite a imersão no ambiente de pensamento matemático.
Consideramos que, a partir desse enfoque, é possível integrar todos os alunos, convidando-os a usar
a Matemática para conhecerem a si mesmos, desenvolvendo suas capacidades intelectuais, bem como as
habilidades de observação, exploração, análise e reflexão. Sem contar que, frequentemente, os jovens
que se interessam mais por usar a Matemática perdem o medo de enfrentar matematicamente situações
que lhes são propostas e se tornam mais capazes de controlar seus próprios mecanismos de pensamento.
De acordo com Vila e Callejo (2007)1, os fatores que influem em maior grau na efetividade do racio-
cínio matemático são três: o conhecimento dos conteúdos matemáticos, sem dúvida, mas também a
competência no uso dos processos de investigação matemática e a confiança na capacidade de enfrentar
e vencer os desafios propostos. Outro pesquisador dos processos humanos de resolução de problemas,
Robert Stemberg (2008)2, considera que a confiança permite que o resolvedor fique cada vez mais
eficiente. E a confiança, por sua vez, é fruto da própria experiência constante de resolver problemas.
Raciocinar matematicamente oportuniza desenvolver algumas formas de pensar muito próprias da
Matemática, dentre as quais destacamos o pensar indutivo, o dedutivo, o espacial e o não determinís-
tico. Os jovens aprendem a raciocinar nessas
diversas modalidades, a partir das evidências
que encontram em suas explorações e investi- O pensamento indutivo é aquele em que o sujeito cria
gações, a partir do que já sabem que é verdade. conjecturas – suposições a partir de um raciocínio plau-
Aprendem, ainda, a reconhecer as características sível –, a serem validadas ou refutadas posteriormente.
de um argumento aceitável em Matemática. Já o dedutivo ocorre quando ele analisa uma situação e
Eles desenvolvem raciocínios cada vez mais as propriedades dos elementos envolvidos e elabora uma
sofisticados, tais como análise, prova, avaliação, conclusão que deriva de tal análise. O pensamento espacial
explicação, inferência, justificativa e generaliza- está ligado à busca de compreensão do espaço e das figuras
ção. Em um ambiente que valoriza a comunicação que podem ocupá-lo. O não determinístico, por fim, diz
matemática, esse desenvolvimento se dá quando: respeito à busca da resolução de problemas com base em
debatem pontos de vista, explicam e justificam aparatos da estatística e da probabilidade, aplicando-se a
a resolução de um problema, uma inferência, ou eventos aleatórios.
uma regularidade identificada; deduzem e justi-
ficam estratégias usadas e conclusões obtidas;
adaptam o conhecido ao desconhecido; transferem uma aprendizagem de um contexto para outro; provam
que algo é verdadeiro ou refutam uma hipótese, buscando um contraexemplo para uma conclusão falsa,
entre outras possibilidades.
1 Vila, A. e Callejo, M. L. Matemática para aprender a pensar: o papel das crenças na resolução de problemas. Porto Alegre: Artmed, 2007.
2 Stemberg, R. Psicologia cognitiva. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
47
A COMUNICAÇÃO NAS
AULAS DE MATEMÁTICA
48
o instituto nacional de estudos e pesquisas educacionais anísio teixeira (inep),
responsável pelo exame nacional do ensino médio (enem) e pela implantação, no
brasil, do programme for international student assessment (pisa – em português:
programa internacional de avaliação de estudantes), entre outros, chama a
atenção para a importância do letramento matemático na preparação dos jovens
para viverem na atualidade. em seu site (www.inep.gov.br), o órgão aponta que
tal letramento engloba as capacidades de raciocínio matemático e de utilização de
ferramentas e conceitos da área para descrever, explicar e predizer fenômenos.
trata-se de capacidades que possibilitam a utilização da matemática em situações
contextualizadas. citando estudos relacionados ao pisa, o inep defende que é
essencial que a experiência em sala de aula desenvolva tais capacidades.
essa instituição de referência indica, por fim, que o letramento matemático se
refere à capacidade de identificar e compreender o papel da matemática no mundo
contemporâneo, de tal forma a fazer julgamentos bem embasados e a utilizar a
matemática e envolver-se com ela, com o objetivo de atender às necessidades do
indivíduo no cumprimento de seu papel de cidadão consciente, crítico e construtivo.
PROBLEMA formular
PROBLEMA
NO CONTEXTO MATEMÁTICO
empregar
avaliar
RESULTADOS interpretar
RESULTADOS
NO CONTEXTO MATEMÁTICOS
49
ESTUDOS ORIENTADOS
EM MATEMÁTICA
T odos sabemos da importância dos estudos pessoais dos alunos para a aprendizagem
de Matemática. E, para aprender, é preciso um repensar, um tempo de apropria-
ção. Estudos como os de Sprenger (2008)3 indicam que uma aprendizagem profunda,
com mais sentido, envolve tempo para pensar novamente naquilo que se conheceu.
Exige experiência, análise de dados e um tempo pessoal de reflexão a respeito do
assunto abordado. Também é preciso favorecer a atenção a respeito daquilo que se
está aprendendo, para que o cérebro detecte padrões e forme memória dos aspectos
mais relevantes da aprendizagem em questão.
De acordo com a autora, a exercitação é um processo importante para a pro-
moção do armazenamento das informações na memória de longa duração. Ou seja:
para aprendermos algo, para além das primeiras impressões, é necessário que as
informações armazenadas nas diversas áreas do nosso cérebro possam ser facilmente
acessadas, de forma eficiente, quando necessitarmos delas. Para essa pesquisadora,
isso ocorre se houver oportunidades de o cérebro pensar muitas vezes a respeito de
um mesmo assunto, de modo a formar um caminho, um percurso de aprendizagem
com significado, fazendo com que as informações inicialmente adquiridas por meio das
experiências (como uma atividade ou ação realizada pontualmente) se transformem
em conhecimento de fato.
Dessa forma, em uma concepção atual de ensino, é importante que o aluno possa
pensar mais a respeito de um assunto, rever, ter o tempo de aprender para apropriar-se
melhor de um conhecimento (conceito ou procedimento), aprofundar-se nele, ter memória
daquilo que é relevante, validar conclusões e descobertas, entre outras possibilidades.
Tradicionalmente, a aula é dada em sala e o professor propõe tarefas que deveriam
ser realizadas em casa pelos alunos. Mas é preciso atentar para o contexto da escola
de tempo integral, na qual os estudantes ficam o dia todo. Quando termina o período
de aulas, eles dificilmente acharão tempo para realizar atividades extra indicadas por
seus professores. Pensando nisso, propomos que, de modo organizado, na escola de
tempo integral, sejam destinados tempos específicos, chamados de Estudos Orientados
(EO), para os alunos estudarem, com a oportunidade única de o professor estar em
sala, acompanhando, tirando dúvidas, auxiliando cada um para que aprenda a estudar
Matemática. Ao longo das Orientação para Planos de Aulas (OPAs), sugerimos diversas
orientações para esse tempo de estudo. A ideia é dar referências aos professores, as
quais sirvam de guia para que ensinem os alunos a estudar.
3 SPRENGER, Marylee. Memória: como ensinar para o aluno lembrar. Porto Alegre: Artmed, 2008.
50
ENSINANDO DE FORMAS VARIADAS PARA QUE
TODOS TENHAM OPORTUNIDADE DE APRENDER
O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E
SOCIOEMOCIONAL NA MATEMÁTICA
51
AÇÃO
SITUAÇÕES
CONCRETUDE E
MOBILIZADORAS
COMPLEXIDADE
DE COMPETÊNCIAS
INTEGRAÇÃO
AÇÃO
Competência envolve um saber em uso, um processo de ativação de recursos em face
de uma situação. Associa-se necessariamente ao ato de agir, de ter pró-atividade.
CONCRETUDE E COMPLEXIDADE
Situações variadas, com diferentes níveis de complexidade, ativam o desenvolvimento de
competências. Cada situação, com o seu contexto específico de complexidade, convoca
o jovem a tomar decisões adequadas e eficazes frente a uma situação concreta. Não
se ativam recursos no abstrato, mas sim em face de uma dada situação, não rotineira,
em que o aluno precisa ir além de repetir algo que já se fez. Muito ao contrário,
a competência é mobilizada em casos em que se deve decidir de forma consciente
quais recursos devem ser disponibilizados para enfrentar a complexidade da situação.
INTEGRAÇÃO
Os recursos que são ativados possuem componentes de natureza distinta, tais como
conhecimentos, capacidades e atitudes. Não se trata de adicionar componentes dife-
rentes, mas, antes, de seguir uma perspectiva integradora da atividade intelectual.
52
Na concepção desta proposta educacional, as implicações que decorrem desta nova
forma de encarar o ensino da Matemática envolvem o redimensionamento dos fazeres
do professor e do aluno. No que se refere ao professor, vários são os desafios. Por um
lado, se o desenvolvimento de competências se faz trabalhando com situações novas
e complexas, é necessário regularmente propor problemas aos alunos. Problemas mais
complexos, não rotineiros e adequados para o que os alunos precisam aprender. As
atividades de exercitação diminuem significativamente.
Nesse sentido, é importante que o professor compreenda que ensinar Matemática é
promover a capacidade individual de formular, empregar, e interpretar a Matemática em
uma variedade de contextos. Para isso, é preciso que o aluno seja imerso em situações
nas quais possa raciocinar matematicamente e utilizar conceitos, procedimentos, fatos
e ferramentas matemáticas para descrever, explicar e predizer fenômenos.
Por outro lado, a gestão de uma aula em que se trabalham tarefas de natureza mais
aberta é certamente mais exigente do que aquela em que o professor tem a sensação
de controlar todo o trabalho que os alunos realizam. Isso porque, em um ambiente de
problematização, não é possível prever todas as questões e caminhos de solução da
tarefa proposta. São atividades de duração maior, com imprevistos e dinâmicas diversas.
Assim, cabe ao professor ser capaz de agir na incerteza, tomando novas decisões ou
dando novos rumos à aula, que vão ao encontro daquilo que se espera desenvolver nos
alunos. É uma aula centrada no aluno – em sua aprendizagem, em suas conquistas e
necessidades – e não na exposição única do professor.
Consideramos, no entanto, que o maior desafio que o professor precisa enfrentar é o
de ser capaz de aceitar a incompletude, de resistir à tentação de garantir que, com uma
boa explicação sua, o aluno adquira um conjunto amplo de conhecimentos para, então,
começar a pensar no desenvolvimento de competências. Em uma aula problematizadora,
os processos acontecem simultaneamente, com espaço de discussão. Além disso, as
competências envolvem ação dos alunos, com experiências escolares em Matemática
que sejam favoráveis ao seu desenvolvimento.
Cabe também ao aluno satisfazer algumas condições sem as quais muito dificilmente
as competências são desenvolvidas. Por isso, eles devem ser chamados ao envolvimento
consciente na realização das tarefas propostas. Precisam perceber que boa parte de sua
aprendizagem é responsabilidade deles. Que a vivência de experiências de aprendiza-
gem só acontece com a participação direta deles. Essa mobilização do aluno, para que
se perceba como sujeito central do processo educativo, é uma conquista importante
a ser feita pelo professor. E é uma construção possível a partir da proposição de boas
atividades formativas aos jovens.
Além disso, como as situações que se propõe aos alunos não são rotineiras e têm
algum grau de complexidade, elas exigem persistência, determinação e responsabili-
dade, para que as dificuldades sejam ultrapassadas. O trabalho de grupo, a avaliação
em processo, os registros reflexivos, a análise das causas de erros são estratégias reco-
nhecidamente adequadas para estimular no aluno os comportamentos que se deseja ver.
Tais estratégias auxiliam também que o jovem perceba a importância de se expor, de
respeitar e de ouvir os outros.
Por fim, podemos afirmar que o ensino da Matemática orientado para o desenvolvi-
mento de competências exige um ambiente de sala de aula no qual professor e alunos
progressivamente sejam capazes de responder a um conjunto de solicitações sem as
quais dificilmente se estabelece um contexto favorável ao ensino com sucesso. Isto é,
um contexto em que as aulas de Matemática modificam a forma de o aluno ser e pensar
a respeito do conhecimento e do seu valor para o desenvolvimento pessoal e social.
53
AS COMPETÊNCIAS
SOCIOEMOCIONAIS, NA PRÁTICA
Em termos de desenvolvimento das habilidades cognitivas, temos investido consideravelmente nas competências
de leitura e produção de textos e, também, de resolução de problemas. No entanto, nesta proposta curricular, o
ensino de Matemática está orientado à promoção de avanços dos alunos em relação a todas as macrocompetências
cognitivas e socioemocionais presentes na Matriz de Competências para o Século 21.
54
O autoconhecimento é um elemento-chave no desenvolvimento da macrocompetência
autonomia, apresentada como central na Matriz de Competências para o Século 21.
Se nós entendemos a autonomia como a capacidade de fazer escolhas com base em
objetivos de vida consistentes, a autoconfiança é parte do chamado “ciclo de desafios”
para se chegar a isso. Ter autoconfiança é aprender a apoiar-se primeiro em suas
forças, em vez de ficar preso a suas fragilidades ou carências. Por isso, a avaliação
formativa proposta é tão importante. Quando trabalhada intencionalmente, essa forma
de avaliar dá aos jovens condições de conhecerem suas forças, e mostra a cada um
deles seu valor como pessoa, sem qualquer preocupação com uma nota ou conceito.
Obviamente, para que tudo isso aconteça, é necessário que o professor e as atividades
propostas tenham intencionalidade no desenvolvimento das competências, criando
um ambiente protegido para que os estudantes tenham a tranquilidade de trabalhar
e de se posicionar sem julgamento, mas com disposição a críticas e discordâncias.
55
OBJETIVOS
FORMATIVOS
• Compreendam diferentes campos numéricos, suas representações, a relação entre eles e as formas
de sua utilização.
• Desenvolvam fluência em realizar cálculos numéricos e algébricos de diversos tipos, incluindo
estimativa, cálculo rápido, procedimentos pessoais e convencionais.
• Representem e analisem situações matemáticas utilizando representações algébricas em variados
contextos.
• Analisem características e propriedades de formas geométricas planas ou não-planas e desenvol-
vam argumentos matemáticos a respeito de relações geométricas.
• Identifiquem grandezas mensuráveis, suas características, utilidades, unidades principais e formas
de medição de cada uma delas.
• Formulem questões que possam ser estudadas por meio de coleta, organização e análise de dados.
• Selecionem procedimentos estatísticos adequados para analisar dados.
• Desenvolvam a capacidade de fazer inferências e julgamentos baseados em conceitos de
probabilidade.
• Usem habilidades de raciocínio espacial, numérico, geométrico, métrico e probabilístico na
resolução de problemas.
• Confiem em sua capacidade de resolver problemas e identifiquem como os conhecimentos mate-
máticos são importantes para ampliar essa mesma capacidade.
• Aprimorem sua capacidade de fazer argumentações baseadas em conhecimentos matemáticos.
• Ampliem as formas de expressão matemática, valorizando sua simbologia específica para comu-
nicar-se matematicamente.
• Façam conjecturas, levantem, provem ou refutem hipóteses por meio de argumentação e de
conhecimento matemático.
• Valorizem e apliquem os conhecimentos e a linguagem matemática em uma variedade de situa-
ções, matemáticas ou não.
• Tenham autonomia para decidir em situações não conhecidas, como usar o conhecimento e as
habilidades matemáticas para planejar modos de enfrentar as situações-problema com as quais
se deparem em suas vidas.
56
EXPECTATIVAS
DE APRENDIZAGEM
D issemos anteriormente que a construção de uma nova prática escolar pressupõe definir
critérios para a seleção e organização de conteúdos. Por isso mesmo, é importante
esclarecer os critérios de seleção que foram utilizados na elaboração das expectativas
de aprendizagem que aqui apresentamos.
Em primeiro lugar, consideramos a relevância social e cultural de determinado assunto
ou tema para tentar garantir o acesso aos conhecimentos construídos social e cultural-
mente ao longo do tempo – conhecimentos cuja preservação, divulgação e ampliação são
tarefa da escola. Isso implicou considerar quais conceitos, procedimentos e atitudes são
fundamentais para a compreensão de problemas, fenômenos e fatos da realidade social
e cultural dos alunos do Ensino Médio.
Em segundo lugar, as expectativas foram selecionadas de acordo com a relevância para
a formação intelectual do estudante e do seu potencial para desenvolver habilidades de
leitura, escrita, resolução de problemas e aplicação do aprendizado em diversas situações.
Se, por um lado, o caráter utilitário e prático das expectativas de aprendizagem é um
aspecto bastante importante, por outro não se pode desconsiderar a necessidade de incluir,
entre os critérios de seleção das mesmas, sua relevância para o desenvolvimento de certas
capacidades, como investigar, estabelecer relações, argumentar e justificar, entre outras.
Finalmente, um último critério foi a acessibilidade e a adequação aos interesses
da faixa etária. Uma expectativa de aprendizagem só faz sentido se, de fato, puder ser
construída, compreendida e colocada em uso pelo estudante na idade e no ano em que
ele se encontra.
57
QUADRO DE APRENDIZAGENS ESPERADAS, ANO A ANO
Lê e interpreta textos
matemáticos.
58
1º ANO 2º ANO 3º ANO
Resolve problemas
utilizando conhecimentos
de probabilidade.
GRANDEZAS E Resolve problemas que Resolve problemas que Resolve problemas que
MEDIDAS impliquem medidas de impliquem medidas de impliquem no cálculo da
comprimento e tempo. superfície e volume. distância entre dois pontos,
da condição de existência
Calcula distâncias do triângulo e da distância
inacessíveis usando entre reta e ponto.
relações trigonométricas.
59
METODOLOGIA
60
APRENDIZAGEM
COLABORATIVA
A prender com o outro é essencial para a formação do jovem em direção às habilidades descritas na Matriz de Competências
para o Século 21. Em grupo ou time, o jovem encontra interlocutores com linguagem próxima à sua, mas que possuem
conhecimentos e/ou habilidades diversas das suas. A comunicação e a vivência com o diverso e o semelhante permitem o
exercício constante da análise e da reflexão, essenciais à aprendizagem efetiva.
Por isso, o trabalho em times, mais do que uma estratégia de ensino, deve ser considerado um fator imprescindível nas
relações entre as interações sociais e o desenvolvimento cognitivo, no exercício da postura crítica, na exigência da reflexão,
por parte do aluno, envolvendo a análise cuidadosa de seus erros, no respeito ao pensamento de outras pessoas, que podem
divergir de seu raciocínio ou complementá-lo. A interação dos alunos desempenha papel fundamental no desenvolvimento
das capacidades cognitivas, afetivas e de inserção social.
O trabalho de times tem entre seus principais objetivos: promover a interação entre os alunos do time e entre os times;
favorecer a construção do conhecimento; evidenciar diferentes formas de pensamento presentes nas ideias matemáticas e
desenvolver habilidades de raciocínio como investigação, inferência, reflexão e exploração.
FORMAÇÃO DE LEITORES E
PRODUTORES DE TEXTOS
E m variadas circunstâncias, é possível a realização de projetos que envolvem a Matemática e seus eixos.
O trabalho com projetos é uma forma de abordar um tema, um problema ou um assunto, de modo abran-
gente, nas aulas de Matemática. É ainda um meio de desenvolver as ações pedagógicas integradas na escola,
de modo que as diversas habilidades estejam naturalmente envolvidas.
Um projeto aparece relacionado a uma ação específica, não repetitiva, com caráter eventualmente expe-
rimental, implicando uma estrutura particular e inédita de operações que permitem realizá-lo. A elaboração e
a execução de um projeto encontram-se ligadas a uma investigação-ação, que deve ser simultaneamente um
ato de transformação e uma oportunidade de pesquisa e de formação – tornando-se, portanto, uma produção
intelectual. Consiste numa oportunidade para o aluno explorar uma ideia ou construir um produto que tenha
planejado ou imaginado. Por isso, o produto de um projeto deve necessariamente ter um significado para
quem o executa.
61
A elaboração de um projeto favorece novas aprendizagens; permite que os alunos ordenem conceitos e habilidades
previamente dominados, a serviço de um novo objetivo ou empreendimento; possibilita ações de planejamento e o desen-
volvimento de estratégias de execução; exige organização, gestão de tempos, análise de limites e possibilidades de ação,
tratamento de informações, avaliação das ações empreendidas. Exige, ainda, cooperação e esforço pessoal, constituindo-se
num verdadeiro exercício de autonomia.
C onsideramos que o jogo cria situações que, podendo ser comparadas a problemas,
exigem soluções vivas, originais e rápidas. Nesse processo, o planejamento, a busca
por melhores jogadas e a utilização de conhecimentos adquiridos anteriormente propiciam
o surgimento de novas ideias, a aquisição de novos conhecimentos, o desenvolvimento de
habilidades e atitudes. Investigação, tentativa e erro, levantamento e checagem de hipóteses
são algumas das habilidades de raciocínio lógico que estão envolvidas no processo de jogar.
O USO DE TECNOLOGIA
INFORMATIZADA
A integração de recursos tecnológicos às aulas não é uma novidade. Em geral, a tecnologia é utilizada
na escola para complementar ou para auxiliar a exposição do professor, como um meio didático para
ensinar o conteúdo programado. De fato, estudos diversos indicam que, cada vez mais, a tecnologia impactará
o ensino e a aprendizagem.
Nesta proposta, celulares, calculadoras, computador e recursos como a sala de aula invertida são incor-
porados às estratégias didáticas nas aulas de Matemática, com vistas a: favorecer a participação ativa dos
alunos; permitir um fácil e rápido acesso a diversas fontes de informação; possibilitar a articulação do texto
escrito com imagem, som e movimento; facilitar a simulação de situações e o desenvolvimento de habilidades
como selecionar, organizar e analisar as informações para utilizá-las adequadamente; auxiliar na abordagem
de novas ideias e conceitos, entre outros.
PRESENÇA PEDAGÓGICA
P ara que todos os pressupostos apresentados aqui atinjam o propósito de fazer com
que os alunos de fato aprendam Matemática, a ação do professor – sua presença
pedagógica, com uma adequada gestão da aula – é essencial. Afinal, é no espaço escolar
que todas as intenções pedagógicas têm a chance de se tornarem realidade.
62
PLANO DE CURSO
S aber matemática é um processo contínuo, que exige que cada professor, em cada
etapa da escola, garanta aprendizagens básicas para que os alunos possam continuar
aprendendo. Infelizmente, ao menos por enquanto, a realidade dos alunos que chegam
ao Ensino Médio dista significativamente do ideal, ou seja, muitos jovens trazem uma
formação frágil nesse componente quando iniciam a etapa final da educação básica.
Por isso, ao elaborar o plano de curso, assumimos um segundo pressuposto: permitir
que todos os jovens avançassem do ponto em que estivessem, sem julgarmos, sem
delegarmos a outrem a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso pela aprendizagem
de cada um deles. Isso significou fazermos, em cada etapa, uma lista de ideias centrais
que sabemos serem fatores que impedem os alunos de aprenderem mais Matemática.
Por isso, nesta proposta, são retomadas as ideias da álgebra e procedimentos básicos
de Cálculo Algébrico; voltamos a noções, conceitos e procedimentos básicos de números
e operações em todos os campos numéricos; fizemos uma incursão pelos temas mais
nucleares de Geometria Plana e Espacial, sem contar que propusemos atividades que
63
revisam ou ensinam pela primeira vez noções de medidas de comprimento, volume e superfície. Esse critério justifica a
criação de um trabalho focado em Cálculo Mental, desde o primeiro ano.
Não se trata de recuperar, nem ao menos de refazer o ensino fundamental, mas sim de planejar o tempo para desen-
volver simultaneamente o currículo do Ensino Médio e uma gama de oportunidades para os alunos superarem as eventuais
lacunas advindas do ciclo escolar anterior.
Finalmente, o plano de curso levou em consideração que desejamos formar nossos alunos para serem confiantes em
sua capacidade de aprender Matemática. Por isso, escolhemos desenvolver o plano de curso visando que o que escolhemos
ensinar permitisse diversas abordagens didáticas. Além disso, conforme já destacado, criamos uma sequência didática
permanente de resolução de problemas.
Nossa intenção maior é que o plano traçado sirva de bússola para quem ensina e quem aprende, permitindo a articu-
lação lógica entre diferentes conceitos e procedimentos, de modo que os jovens atribuam significado ao que aprendem,
ao mesmo tempo em que otimizamos o tempo de ensino do educador.
1º ANO
1º BIMESTRE
Foco ou
Foco ou discussões
discussões Conteúdos
do componente
da área
• Números reais.
DESAFIOS AOS
REVENDO CAMPOS • Intervalos numéricos.
ALUNOS NO
UNIVERSO DOS NUMÉRICOS • Operações com conjuntos (união e intersecção).
NÚMEROS, DAS • Resolução de problemas.
FORMAS E DOS
GRÁFICOS • Leitura de gráficos.
• Localização de pontos no plano.
VARIAÇÃO DE GRANDEZAS
• Conceito de função.
E FUNÇÕES
• Representação de função.
• Domínio e imagem de função.
• Medidas de ângulo.
REVENDO ÂNGULOS E
• Condição de existência de triângulo.
TRIÂNGULOS
• Soma dos ângulos internos de um triângulo.
64
2º BIMESTRE
Foco ou
Foco ou discussões
discussões Conteúdos
do componente
da área
• Leitura.
RESOLUÇÃO DE
• Interpretação e resolução de diferentes tipos de
PROBLEMAS
problemas.
• Frações.
CÁLCULO MENTAL • Números inteiros.
• Equações de 1º grau.
A EXPLORAÇÃO
DA LINGUAGEM • Simplificação de expressão algébrica.
AMPLIANDO O
DAS FUNÇÕES, • Valor numérico.
DA GEOMETRIA CONHECIMENTO DE
• Produtos notáveis.
E DA ÁLGEBRA
• Resolução de problemas.
TRIGONOMETRIA
• Teorema de Pitágoras.
TRIGONOMETRIA DO • Relações trigonométricas no triângulo retângulo.
TRIÂNGULO RETÂNGULO • Relações trigonométricas básicas: senx/cosx = tg
x; sen2x + cos2 x = 1.
3º BIMESTRE
Foco ou
Foco ou discussões
discussões Conteúdos
do componente
da área
• Leitura.
RESOLUÇÃO DE
• Interpretação e resolução de diferentes tipos de
PROBLEMAS
problema.
• Números decimais.
• Porcentagem.
CÁLCULO MENTAL
• Produtos notáveis.
DESAFIO DAS • Resolução de equações.
DISTÂNCIAS
INACESSÍVEIS E • Relações trigonométricas no triângulo retângulo
DAS FUNÇÕES TRIGONOMETRIA
e em um triângulo qualquer.
QUADRÁTICAS
PARA OS ALUNOS
CONHECEREM PRODUTOS NOTÁVEIS • Fatoração do trinômio de 2º grau.
MAIS E FUNÇÕES • Crescimento.
MATEMÁTICA
65
4º BIMESTRE
Foco ou
Foco ou discussões
discussões Conteúdos
do componente
da área
• Leitura.
RESOLUÇÃO DE
• Interpretação e resolução de diferentes tipos de
PROBLEMAS
problema.
BRINCADEIRAS
• Círculo.
COM O CÍRCULO E A
• Circunferência.
CIRCUNFERÊNCIA
2º ANO
1º BIMESTRE
Foco ou
Foco ou discussões
discussões Conteúdos
do componente
da área
66
• Noção de logaritmo.
• Condição de existência do logaritmo e sua
relação com cálculos exponenciais.
• Operações simples que utilizam propriedades de
LOGARITMOS E FUNÇÃO
logaritmos.
LOGARÍTMICA
• Função logarítmica.
APRENDER A • Propriedades relativas a lados e ângulos em
MATEMÁTICA polígonos.
DAS FUNÇÕES,
• Habilidades verbais, visuais e lógicas.
DOS
LOGARITMOS
E DAS FORMAS • Propriedades relativas a lados e ângulos em
GEOMÉTRICAS BINGO DE FORMAS polígonos.
• Habilidades verbais, visuais e lógicas.
2º BIMESTRE
Foco ou
Foco ou discussões
discussões Conteúdos
do componente
da área
• Leitura.
RESOLUÇÃO DE
• Interpretação e resolução de diferentes tipos de
PROBLEMAS
problema.
• Noção de logaritmos.
MATEMÁTICA FINANCEIRA
• Matemática financeira.
• Padrões e regularidades.
SEQUÊNCIAS E • Sequências numéricas.
MEDIDAS,
PROGRESSÕES • Progressão aritmética.
GEOMETRIA E • Progressão geométrica.
PROGRESSÕES
• Propriedades relativas a lados e ângulos em
CAPTURE UM POLÍGONO
polígonos.
RELEMBRANDO O
CÁLCULO DE ÁREA E
• Cálculo de perímetros.
PERÍMETRO DE FIGURAS
PLANAS
67
3º BIMESTRE
Foco ou
Foco ou discussões
discussões Conteúdos
do componente
da área
• Poliedros.
CAPTURE UM POLIEDRO
• Linguagem geométrica.
4º BIMESTRE
Foco ou
Foco ou discussões
discussões Conteúdos
do componente
da área
• Esfera.
ESFERA • Área da superfície da esfera.
• Cálculo do volume da esfera.
68
3º ANO
1º BIMESTRE
Foco ou
Foco ou discussões
discussões Conteúdos
do componente
da área
• Potenciação.
ORGANIZAÇÃO
CÁLCULO MENTAL • Porcentagem.
DE CONTAGEM,
MATEMÁTICA • Número fatorial.
FINANCEIRA E
PROBABILIDADE: LOGARITMOS E • Noção de logaritmos.
FORMANDO MATEMÁTICA FINANCEIRA • Matemática financeira.
NOVOS MODOS
DE PENSAR A • Procedimentos de contagem.
MATEMÁTICA
• Princípio fundamental da contagem.
• Permutação simples.
CONTAGEM E
• Combinação simples.
PROBABILIDADE
• Introdução ao cálculo de probabilidade.
• Conhecer a linguagem específica da
probabilidade.
2º BIMESTRE
Foco ou
Foco ou discussões
discussões Conteúdos
do componente
da área
RESOLUÇÃO DE
• Problemas não convencionais.
PROBLEMAS
• Números decimais.
CÁLCULO MENTAL • Porcentagem.
• Números inteiros.
A MATEMÁTICA
DA ANÁLISE DE • Cálculo de probabilidade.
DADOS PROBABILIDADE • Probabilidade da união de eventos.
• Probabilidade condicional.
• Gráficos e tabelas.
TRATAMENTO DA • Amostra.
INFORMAÇÃO • Frequência absoluta e relativa.
• Medidas de tendência central.
69
3º BIMESTRE
Foco ou
Foco ou discussões
discussões Conteúdos
do componente
da área
UM POUCO MAIS
• Probabilidade: Distribuição de dados; curva
DE PROBABILIDADE
normal; medidas de dispersão.
ESTATÍSTICA
70
4º BIMESTRE
Foco ou
Foco ou discussões
discussões Conteúdos
do componente
da área
• Equações de 1º e 2º graus.
CÁLCULO MENTAL • Porcentagem.
• Medidas de capacidade e massa.
• Equação da reta.
MATEMÁTICA E ARTE • Equação da circunferência.
• Função.
71
OPAs
PRINCÍPIOS
EDUCATIVOS
a
As Orientações para Planos de Aula (OPAs) são
materiais de referência que contêm sequências
didáticas exemplares, elaboradas por especialistas.
opa
o século 21 (trazendo aportes de inovação e de
atualização conceitual dos campos disciplinares),
por meio da prática intencional e sistemática dos
princípios e metodologias integradoras desta pro-
posta de educação integral.
POR
esses propósitos.
DENTRO
72 | VOLTAR AO SUMÁRIO 73
74
CAZORLA, I.M. e SANTANA, E.R. (Org.). Do tratamento da informação ao letramento estatístico. Série Alfabetização
Matemática, Estatística e Científica. Salvador: Via Litterarum, 2010.
COSTA, Antonio Carlos Gomes da. A presença da pedagogia: métodos técnicas de ação socioeducativa. São Paulo:
Global; Instituto Ayrton Senna, 1999.
______. Protagonismo juvenil: adolescência, educação e participação democrática. Salvador: Fundação Odebrecht,
2000.
DAYRELL, Juarez. A escola faz as juventudes? Reflexões em torno da socialização juvenil. Educ. Soc., Campinas, vol. 28,
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______. O jovem como sujeito social. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro , n. 24, p. 40-52, Dec. 2003 . Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n24/n24a04.pdf
______. Por uma pedagogia da juventude. Revista Onda Jovem, p. 34, mar. 2005.
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SPRENGER, Marylee. Memória: como ensinar para o aluno lembrar. Porto Alegre:
Artmed, 2008.
VILA, Antoni; CALLEJO, María Luz. Matemática para aprender a pensar. Porto Alegre:
Artmed, 2011.
82