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Resumo Teoria Geral do Direito Civil II | Ana Catarina Santos
Conteúdo
Capacidade de Agir/ Exercício das Pessoas Coletivas ............................................................................... 3
Capacidade de Gozo das Pessoas Coletivas .............................................................................................. 4
Manifestações da Capacidade de Agir/exercício das Pessoas Coletivas .................................................. 4
Teoria Geral do Objeto da Relação Jurídica .................................................................................................. 5
Classificação das coisas no seu sentido mais próprio art.º 203 e s.s. C.C.:............................................... 6
Património ................................................................................................................................................ 6
Teoria Geral do Facto Jurídico ...................................................................................................................... 7
Classificação dos factos jurídicos .............................................................................................................. 7
Efeitos dos Factos Jurídicos ...................................................................................................................... 8
Aquisição ............................................................................................................................................... 8
Modificação......................................................................................................................................... 10
Extinção ............................................................................................................................................... 10
Teorias sobre conceções sobre o negócio jurídico ................................................................................. 10
Negócios de pura obsequiosidade e gentleman agreements................................................................. 11
Elementos do negócio jurídico................................................................................................................ 11
Conceptualização do Negócio Jurídico ................................................................................................... 12
Vontade na Declaração Negocial ............................................................................................................ 14
Declarações negociais ............................................................................................................................. 15
Forma da declaração negocial ................................................................................................................ 15
Vantagens ........................................................................................................................................... 15
Desvantagens ...................................................................................................................................... 16
Modalidades da Forma Negocial ............................................................................................................ 16
Âmbito da Forma Exigida ........................................................................................................................ 16
Interpretação do Negócios Jurídicos ...................................................................................................... 17
A exceção do testamento ................................................................................................................... 18
Classificação dos Negócios Jurídicos ....................................................................................................... 18
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Assim se conclui que não há nenhuma relação de analogia entre a pessoa coletiva e os seus
representantes pois estes não são perfeitos representantes. O que acontece é a atribuição de
uma comissão aos órgãos e agentes da entidade que vinculam totalmente a pessoa coletiva nas
consequências dos atos ou omissões daqueles.
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As outras pessoas podem ser objeto de relações jurídicas. Basta pensarmos nas situações de
dever-poder, nomeadamente nas responsabilidades parentais, nas relações entre o tutor e os
tutelados, etc.
Existem também direitos sobre os modos de ser físicos ou morais da própria pessoa. O legislador
admite que as pessoas podem permitir que outras pessoas usufruam delas no que toca a aspetos
ligados à personalidade (por exemplo, consentindo na divulgação da sua imagem, ou doação de
cabelo, etc. aqui o objeto da relação jurídica é a minha pessoa).
Os direitos subjetivos constituem uma questão complexa, pois pode o direito ser objeto de
direito? Esta questão fica em aberto.
Também as coisas são objeto das relações jurídicas. Segundo o art.º 202 as coisas são tudo aquilo
que pode ser objeto de relações jurídica. Porém se entendêssemos este artigo com toda a
largueza chegaríamos à conclusão de que seríamos confrontados com situações jurídicas
berrantes, pois, por exemplo, sendo as pessoas e os animais objetos da relação jurídica, por esta
lógica também seriam coisas e convínhamos que tratar as pessoas como coisas seria retirar-lhes
a dignidade humana.
As coisas, em sentido jurídico, têm que preencher os seguintes requisitos:
▪ Tem que ter existência autónoma ou separada: tudo depende da função social
▪ Tem que pode ser apropriável
▪ Tem que ter utilidade, aptidão para satisfazer interesses ou necessidades humanas gerais
Classificação das coisas no seu sentido mais próprio art.º 203 e s.s. C.C.:
▪ Imóveis ou Móveis
▪ Corpóreas/materiais ou Incorpóreas/imateriais
▪ Simples ou Compostas
▪ Divisíveis ou Indivisíveis
▪ Fungíveis ou Infungíveis
▪ Principais ou Acessórias
▪ Presentes ou Futuras
Património
Património global: conjunto de ralações jurídicas ativas e passivas avaliáveis em dinheiro de que uma
pessoa é titular, falamos em relações jurídicas suscetíveis de avaliação pecuniária.
Património autónomo: património que responde só ele por aquelas dividas não afetando o património
global do titular. Ex. a herança (art.º 2068 e s.s. C.C.).
• A herança um património autónomo (segundo o art.º 2068 C.C.), segundo o art.º 2071 Nº2 C.C. a
herança responde pelas dividas dela e só ela responde, isto é, deixando o falecido dividas o
herdeiro ao aceitar a herança aceita também as dividas e as dividas do falecido prevalecem sobre
as dividas pessoais (art.º 2070 C.C. nº1) porém, o herdeiro só responde até ao limite máximo do
valor da herança e nunca para além do valor da herança art.º 2071 C.C. Esta preferência mantém-
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se até 5 anos após a abertura da sucessão (nº3). Caso seja exigido a totalidade do pagamento o
herdeiro tem o ónus da prova devendo provar que o património o valor não podendo responder
pela totalidade da divida. Isto se estivermos de uma herança aceite de forma simples.
Se falarmos de uma herança aceite a benefício de inventário deve-se instaurar previamente um
inventário para posteriormente se fazerem as partilhas. Fazendo isto, apenas respondem os bens
inventariados servindo o inventário como prova passando a caber ao credor o ónus da prova.
Assim passa a competir ao credor provar que existem mais bens do que aqueles que foram
inventariados de modo a conseguir cobrar a totalidade da divida.
Compropriedade/ propriedade comum: duas ou mais pessoas são titulares da coisa, porém não são
titulares de um pedaço em concreto mas sim de uma fração, de uma quota, de uma percentagem.
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Enquanto que na aquisição originária o direito adquirido depende apenas do facto aquisitivo, na
aquisição derivada o direito adquirido depende não só do facto aquisitivo, mas também da
existência da amplitude do direito anterior. A assim sendo, quando falamos em aquisição
derivada falamos de impossibilidade de alguém transmitir mais direitos do que aqueles de que é
titular “nemo pluris iuris transferre potest quam ipse habest” (art.º 892 C.C. e art.º 289 C.C.).
Porém, existem casos excecionais:
• Instituto do registo (art.º 243 e 291 C.C.): o registo é instituo jurídico organizado pelo
Estado através do qual dá publicidade certo atos inerentes a bens móveis e imóveis com
vista a dar-lhes segurança. O registo é publico. Nós atenderemos ao registo de bens
imóveis O registo português é:
o Obrigatório, pois, a lei prevê o registo desses atos.
o O registo é uma condição de eficácia e não de validade (um ato não registado não
é inválido), porém o registo não sana uma invalidade. O valor do ato sujeito a
registo não registado é válido e eficaz entre as partes, mas não entre terceiros
(pessoas que recebem do mesmo transmitente direitos incompatíveis).
Ex. A vendeu a B um prédio. B não registou, mas o prédio continua a ser
de B desde que seja vendido pela forma legal pois o registo não é condição
de validade.
Ex. A vende a B um prédio, porém a venda é nula ou anulável pois A era
menor, ou foi coagido, etc., mas apesar disso B consegue registar, porém
a venda continua sem ser válida pois o registo não sana invalidades.
Ex. A já tinha vendido a B, B não registou. A vende simultaneamente a C
que regista. O prédio é de C independente de estar ou não de boa-fé, a má
fé ou boa fé é irrelevante salvo casos excecionais -> exceção à regra
fundamental da aquisição derivada. O ato AB apesar de A não ser já o
proprietário, o ato não era oponível a C, B não tinha a possibilidade de
exigir a C a efetivação desse direito pois não registou o imóvel, aqui aplica-
se a regra da prioridade do registo.
• Inoponibilidade a 3º de boa fé da nulidade proveniente de simulação: A simula uma venda
com B. A simulação de um negócio gera nulidade (art.º 240 C.C.) e como tal a coisa não
pertence a B, ainda assim B realiza um negócio com C que está de boa-fé não tendo
conhecimento da simulação (art.º 243 nº2 C.C.) passando a coisa passa a ser propriedade
de C encontrando-se aqui uma exceção à regra fundamental da aquisição derivada.
• Inoponibilidade terceiro de boa fé (art.º 243 nº2 C.C.) de qualquer nulidade ou
anulabilidade (art.º 291 C.C.): A transmite a B um prédio mediante um negócio nulo ou
anulável. Assim o prédio não pertence a B mas B transmite o prédio a C. Uma vez que as
nulidades e anulações se operam face a terceiros, C devia restituir o prédio. Porém o art.º
291 C.C. opera uma exceção à regra fundamental da aquisição derivada desde que
preenchidos cumulativamente os seguintes pressupostos:
o Ser terceiro de boa-fé
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• Subjetiva: verifica-se sempre que tem lugar uma sucessão na titularidade dos direitos, o
direito extingue-se para o transmitente.
• Objetiva: a relação jurídica deixa de existir para o titular ou para qualquer outra pessoa
Algumas causas de extinção podem ser:
• A destruição
• Abandono
• Decurso do tempo
o Prescrição (art.º 300 e s.s. C.C.)
o Caducidade (art.º 328 e s.s. C.C.)
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produzir efeitos jurídicos sabendo as partes quais são os efeitos jurídicos que vão ser
produzidos.
• Teoria dos efeitos práticos: segundo esta teoria, as parte quando negoceiam querem é a
produção de efeitos práticos, negócios egoísticos, efeitos seus ou em benefício de
terceiros. Deste modo a lei limitava-se a fazer concordar com esses efeitos práticos.
Também esta visão é ir realista pois sempre que houvesse vontade de produzir efeitos
práticos estaríamos sempre perante negócios jurídicos. É então irrealista pois a ser assim
não haveria qualquer diferença entre negócios jurídicos e as meras convenções sociais.
Assim era impossível diferenciar aquilo que eram os negócios jurídicos daqueles que não
são.
• Teoria dos efeitos prático-jurídicos: segundo esta teoria só existe negócio jurídico quando
as partes querem exteriorizar vontade no sentido de atingir efeitos práticos mais ou
menos egoísticos, mas de forma a que o direito repulse, não rejeite. As partes querem é
ver produzir efeitos práticos seus ou de terceiros, mas com cobertura legal, sem estar em
dissonância com aquilo que a lei dita. Esta é a tese por nós adotada.
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• Capacidade de gozo: aptidão para se ser titular de direitos e obrigações que advêm de
negócios jurídicos. É insuprível.
• Capacidade de exercício: É suprível pelos institutos da representação legal.
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Há atos jurídicos que não são verdadeiros negócios jurídicos como é o caso dos simples atos
jurídicos. Os simples atos jurídicos ficam sujeitos ao regime disposto no art.º 295 C.C., ou seja,
ficam sujeitos às disposições dos negócios jurídicos sempre que a analogia o justificar. Os regimes
previstos para os negócios jurídicos em geral não se aplicam aos negócios pessoais pois os
negócios pessoais são negócios fora do comércio jurídico sendo por este motivo as considerações
sobre proteções da confiança dos destinatários, da tutela, confiança e, portanto, da segurança
jurídico penal dos bens, não faça sentido existir. Assim os negócios pessoais (ex. casamento,
perfilhação, adoção, apadrinhamento civil, etc.) são regulados por um regime especial, diferente.
Concluindo: o regime dos negócios jurídicos é aplicado por analogia sempre que se justificar, por
força do art.º 295 C.C., aos simples atos jurídicos.
Existem determinadas situações em que o legislador, apesar de tratar de simples operações
materiais ou exteriores, exige excecionalmente capacidade.
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• Elementos essenciais típicos: detalhes de cada negócio jurídico que têm que existir e a
partir desses detalhes conseguimos identificar que tipo de negócio jurídico se trata sem
o nomear. São elementos caracterizadores daquele negócio.
o “Quero comprar um terreno para plantar amendoeiras e vou deixar tudo a cargo
do advogado” diz a prof. ao amigo que questiona “então fizeste um contrato de
mandato com o teu advogado?”
• Elementos naturais: elementos que resultam da aplicação dos regimes supletivos. São
cláusulas que se encontram nos negócios jurídicos de modo a preencher falhas no negócio
celebrando, ficando essas clausulas e reger. Estas cláusulas são cláusulas naturais do
negócio jurídico (Ex. art.º 964, 885, 772 nº1 C.C.).
• Elementos acidentais ou acessórios do negócios jurídico: clausulas que as partes
livremente convencionam entre si que, apesar de não serem indispensáveis para que
aquele modelo contratual que elas celebraram cumpra a sua função, as partes optam pela
sua introdução de modo a tornar o negócio jurídico mais ajustado, mais adaptado aos
seus interesses, àquilo que se pretende. Importa mais uma vez reforçar que, apesar de
estas cláusulas serem reguladas por lei não podendo ser contraria-las, irem contra os bons
costumes, etc., não são impostas por lei, não são obrigatórias, são do domínio da
autonomia da vontade.
O legislador prevê algumas cláusulas acessórios (que estudaremos mais à frente) de
condição, de termo, o modo, cláusula de juros, cláusula penal, etc.
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Declarações negociais
As declarações negociais têm variantes
O art.217 C.C. fala-nos da declaração negocial expressa e declaração negocial tácita, existem
outras duas, no entanto estão dissipadas no C.C.
▪ Declaração negocial expressa: a declaração expressa diretamente, por palavras, por
escrito por gestos, etc., a vontade (art.º 217 nº1 1ª parte C.C.)
▪ Declaração negocial tácita: quando o conteúdo é inferido ou deduzido de uma declaração
direta, há uma dedução por via obliqua ou lateral, é o conteúdo subentendido, implícito.
Além dos tipos de declarações previstas no art.º 217 C.C. existem outros tipos:
• Silêncio como meio declarativo: segundo o art.º 218 C.C., o silêncio não vale como
declaração negocial. Assim não se aplica o princípio de “quem cala consente”, pois, a
aplicação de tal princípio violaria a autonomia das pessoas cabendo a estas sempre a
qualquer resposta de contrato. A aplicação de tal princípio poderia levar a pessoas a
aproveitarem-se da impossibilidade de resposta da outra parte para conseguirem
alcançar aceitações negociais. Deste modo, em regra geral, o silencio não vale como
declaração negocial mesmo quando o destinatário que não cede uma resposta podia e
devia ter-se pronunciado, valendo apenas nos casos previstos no art.º 923 C.C., isto é,
quando a lei, convenção negocial ou uso lhe atribuam esse valor de declaração negocial.
• Declaração presumida: quando a lei liga a determinado comportamento o significado de
exprimir uma vontade negocial em certo sentido, porém essa presunção pode ser
afastada mediante prova em contrário (art.º 350 nº1 e nº2 C.C.).
▪ Declaração ficta: quando a lei liga a determinado comportamento o significado de
exprimir uma vontade negocial em certo sentido, porém essa presunção, porém essa
presunção, ao contrário do que acontece com a declaração presumida, não pode ser
afastada.
▪ Protesto: o autor de uma declaração tem receio que a sua declaração seja mal
interpretada num determinado sentido e por esse motivo anuncia abertamente não ser
essa a sua intenção.
▪ Reserva: na declaração determinado comportamento não significa a renuncia a um
direito ou reconhecimento de um direito alheio (ex. um individuo que aceita receber uma
parte do dinheiro de uma indemnização não está a prescindir da sua indemnização,
apenas está a aceitar logo uma parte dela).
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• Permite facilitar a prova do negócio, das condições e dos termos, apesar de a forma não
ser a única prova possível é uma das provas mais importantes (a principal função da forma
não é de prova, mas sim de validade);
Permite dar alguma publicidade ao ato, o principal meio de publicidade é o registo embora a
escritura também dê alguma publicidade ao ato;
Desvantagens
• Põe em causa a fluência do comércio jurídico
• Pode causar uma maior demorar, maiores custos, incómodos e despesas
• Pode gerar injustiças devido a uma desvinculação de uma das partes do negócio com
fundamento em nulidade por vicio de forma, apesar de essa parte ter requerido o ato
negocial
• Têm que se cláusulas acessórias, ou seja, não podem ser essenciais, têm que ser adicionais
complementando o documento não o contradizendo;
• Não podem ser abrangidas pela razão de ser do documento;
• Tem que se provar que corresponde á vontade das partes, isto traduz-se na prova d que
a estipulação existiu;
Porém, a possibilidade de as estipulações não formalizadas produzirem efeito é muito reduzida
desde logo devido à inadmissibilidade de prova testemunhal nos casos previstos no art.º 394 C.C.
Quanto aos pactos modificativos (adicionais ou contrários às cláusulas, essenciais ou acessórias,
constantes no doc.) e pactos extintivos, o nº2 do art.º 221 C.C. dispensa a forma legal prescrita
exceto se a lei o prever.
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• Unilaterais: integrados geralmente por uma declaração de vontade, mas pode ter mais
vontades desde que sejam paralelas, visando o mesmo objetivo, orientadas no mesmo
sentido, simbolizando um só lado, uma só parte (ex. instituição de uma fundação que
pode supor a existência de vários cofundadores, pois a fundação que se pretende instituir
é uma obra que exige um montante avultado dinheiro que não existe na totalidade no
património de um só fundador, essa capacidade financeira não existe no património de
um só fundador para suportar por si mesmo a instituição da fundação assim, várias
pessoas ou entidades resolvem instituir essa fundação contribuindo cada uma delas com
uma parte do seu património. A instituição desta fundação é um negócio unilateral, pois
não carece de aceitação da outra parte, porém, tem várias declarações de vontades
porque são vários instituidores e não deixa de ser unilateral porque todos representam a
mesma vontade orientada com o mesmo propósito; Temos ainda o caso do repúdio de
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herança, da aceitação da herança, renuncia a direitos reais menores, etc.). Nos negócios
jurídicos unilaterais o legisladores mune-se de cautelas vigorando o principio da
tipicidade (numerus clausus) isto significa que os contratos unilaterais são apenas aqueles
que se encontram previstos nas leis isto porque sendo necessário apenas uma declaração
de vontade estaríamos perante um instrumento perigoso de produção de efeitos jurídicos
na esfera jurídica de outrem sem que essa pessoa tivesse que aceitar, estaríamos a ser
intrusivos na esfera jurídica de outra pessoa além dos limites, entrando numa situação de
abuso.
Podem ser
o Não Reptícios: para produzirem efeitos não precisam de serem levados ao
conhecimento do seu destinatário.
o Reptícios: para produzirem efeitos é necessário a intenção da produção desses
efeitos que seja levada ao conhecimento do destinatário produzindo efeitos
independentemente a vontade sobre quem se produzem esses efeitos (ex. cessão
de créditos, término do contrato de arrendamento, renúncia a uma procuração).
• Contratos unilaterais: só geram obrigações para uma das partes, temos como exemplo o
contrato de doação. A doação é um contrato porque exige aceitação, nós temos duas
partes: o doador e o donatário, não se podendo efetivar uma doação se o donatário não
aceitar a doação, portanto supõe a existência de um contrato que existem duas partes
embora só gere obrigações para uma delas, nesta caso para o doador que tem que
cumprir o que diz querer fazer, que é doar um bem ou importância em dinheiro a alguém,
sendo que a outra pessoa, o donatário apenas recebe não havendo nenhuma retribuição
de prestação para com o doador.
o O Prof. Mota Pinto fala-nos ainda do mútuo como exemplo de contrato unilateral,
apesar de aqui existir uma divergência doutrinal. O prof. entende que é um
contrato unilateral se entendermos que o mútuo só se verifica após a entrega da
quantia mutuada e sendo assim só havia obrigação para o mutuário depois
devolver o dinheiro que lhe tinha sido emprestado. A prof. Nídia não concorda
afirmando que entende que o contrato mutuo é um contrato bilateral porque
para se efetivar o contrato é necessário que o mutuante entregue a quantia
mutada e depois que ao fim do tempo convencionado, com ou sem juros,
dependendo se falamos de um mutuo oneroso ou gratuito, o mutuário devolve a
quantia que lhe foi emprestada, concluindo que aqui há bilateridade.
o Condição resolutiva tácita/ direito legal de resolução por incumprimento: (art.º
801 nº2 C.C.) a lei nestes casos permite ao contraente fiel que esteja a ser
prejudicado pelo incumprimento ou mora, a possibilidade de acabar com o
contrato sem a necessidade de recorrer a tribunal, para tal basta que se faça uma
declaração, que o outro receba, a dizer que a partir de determinada data o
contrato fica sem efeito entre eles. É uma faculdade legal, é uma norma
permissiva.
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• Negócios intervivos: contratos que produzem efeitos em vida das partes celebrantes,
estão dentro do comércio jurídico, está em causa o tráfego jurídico privado dos bens. A
maior parte dos contratos são celebrados em vida. Não são livremente revogáveis, se são
celebrados por acordo também devem ser revogados por acordo.
• Negócios mortis causa: Negócios jurídicos que só produzem efeitos depois da morte (ex.
clássico: o testamento), estão fora do comercio jurídico, não está em causa o tráfego
juridico privado dos bens. Há livre revogabilidade em vida. Há muita dificuldade em
aceitar mais contratos além do testamento. Podemos falar das doações mortis causa
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(art.º 946 e art.º 1700 C.C. porém estas exceções, doações por mortis causa, não são
verdadeiros negócios mortis causa, são figuras negociais hibridas ou mistas pois embora
produzam efeitos depois da morte de quem dá a beneficiar, não são revogáveis, estando
feitos têm que honrar o compromisso). Os negócios mortis causa são apenas os previstos
na lei e são exceções.
o A distinção entre estes dois tipos de contratos tem relevância prática
nomeadamente no âmbito da interpretação dos negócios jurídicos, pois o critério
que o legislador usa para a interpretação dos negócios jurídicos intervivos não é o
mesmo critério que o legislador usa para a interpretação dos negócios jurídicos
mortis causa. Isto desde logo porque nos negócios intervivos, negócios dentro do
comercio jurídico, há preocupações várias a que o legislador tem que atender,
nomeadamente a necessidade da proteção da confiança dos destinatários das
declarações, as pessoas a quem se dirigem as declarações negociais têm que estar
protegidas porque elas vão criar uma expectativa relativamente a essa proposta
que lhe foi feita tendo o legislador que levar isso em linha de conta. Se o legislador
não protegesse as expectativas dos destinatários dessas propostas seríamos
confrontados com uma situação de desconfiança, a uma situação de receio em
negociar por se sentirem desprotegidas o que seria desfavorável à economia do
país onde o principal objetivo é estimular as práticas comerciais fazendo crescer a
economia, para tal é necessária a tutela da confiança e segurança (preocupação
permanente do legislador ao longo de enumeras soluções legais que nos fornece).
• Negócios jurídicos solenes ou não consensuais: cuja eficácia a lei faz depender da
observância de uma determinada formalidade apesar de esta não ser a regra geral (livre
forma art.º 219 C.C.).
Por vezes o legislador pode exigir uma forma especial de celebração de negócios jurídicos
podendo ser vários os motivos. Pode ter que ver com o próprio conteúdo negocial
(negócios que versam sobre uma matéria que causa um especial melindre, ex. negócios
de natureza pessoal) ou ainda o facto de estarem envolvidos, no caso de negócios
patrimoniais, bens de valores avultados obrigando a lei a certas cautelas (temos como
exemplo o mútuo acima de um determinado valor).
O principal objetivo do formalismo negocial é permitir uma maior ponderação das partes,
pois essas formalidades vão-lhes fornecer mais tempo para pensar sobre os termos que
estão a negociar, além de que o negócio é demonstrável pelo documento que exararam
não correndo os riscos inerentes à prova testemunhal.
Ligado ao formalismo negocial estão a ideia de certeza e segurança.
Porém, é de entendimento geral que não se devem criar muitos entraves à celebração
dos negócios, á vida negocial, permitindo um estímulo da economia. Assim sendo a regra
não é a da formalidade, ou seja, dos negócios solenes, mas sim da consensualidade ou
dos negócios não solenes.
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(Como exemplo destes negócios temos a constituição das sociedades, das fundações e
associações, apesar de a tendência ser aligeirar a forma, temos também o testamento, a
compra e venda de coisas imóveis, doações de imóveis, usufruto, mútuo, etc.).
▪ Negócios jurídicos não solenes ou consensuais: em vez de falarmos em consensualidade
devemos falar em liberdade de forma. Forma (escrita ou oral) não se confunde com
formalidade (requisitos, exigências adicionais que o legislador faz como condição de
validade desses negócios jurídicos, elementos exteriores ao próprio negócio jurídico que
apenas se limitam a dar-lhe um acréscimo de certeza jurídica da sua existência e dos seus
termos) são coisas distintas. O art.º 219 C.C. não se reduz ao princípio da
consensualidade, se assim o fosse o presente artigo destinava-se apenas aos contratos,
porque só nos contratos há um consenso, há um acordo de vontades ficando de fora os
negócios unilaterais. Tal não era admissível, pois o art.º 219 é uma cláusula geral, destina-
se a todos os negócios jurídicos. Assim devemos substituir o conceito de Princípio da
Consensualidade por Princípio da Liberdade de Forma ou Princípio da Liberdade
Declarativa.
(Como exemplo destes negócios temos o arrendamento para fins não habitacionais, etc.)
• Negócios Reais: negócios em que a lei faz depender da prática anterior ou simultânea de
um ato material. Isto significa que tem que ser feita a tradicio, a entrega da coisa, ou antes
ou no momento da celebração do negócio jurídico (ex. contrato de depósito- não se faz
nenhum contrato de depósito se não entregar a importância que se pretende depositar-
, contrato de mútuo, contrato de penhor são contratos reais porque supõem a entrega
do bem). A entrega material do bem é uma exigência do momento da celebração do
negócio jurídico, é constitutiva do negócio jurídico, são negócios reais quom
constitucione, os negócios para serem celebrados tem que haver a tradicio. O efeito de
transmissão do bem dá-se no momento de celebração do negócio embora existam
negócios em que essa transmissão se dá após a celebração do negócio, negócios reais
quom efectum.
• Negócios reais, familiares, obrigacionais e sucessórios: versam dependendo sobre que
área incidem.
o Negócios jurídicos sucessórios: (ex. testamento, renuncia á herança, pactos
sucessórios nos termos do art.º 1700 C.C., etc.), existem restrições negociais,
normas sucessórias imperativas.
o Negócios familiares: há liberdade de celebração, mas não liberdade de
estipulação. Porém se falarmos de negócios jurídicos familiares patrimoniais
verifica-se uma maior autonomia da vontade (como exemplo destes negócios
temos as convenções antenupciais), mas também não é autonomia total basta
pensar nos casos de casamento em que um dos noivos tem mais do que 60 anos
em que a lei impõe que fique sujeito ao regime de separação de bens.
o Negócios reais: os negócios reais supõem direitos sobre coisas. No campo destes
negócios verificam-se também algumas limitações, desde logo porque também
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não se pode criar negócios reais, inventar negócios reais, pois só existem direitos
sobre as coisas que a lei permite que existam (existe o princípio da tipicidade).
Concluindo que aqui a liberdade contratual sofre restrições.
o Negócios obrigacionais: Aqui que notamos de forma mais evidenciada a liberdade
contratual. São negócios de conteúdo patrimonial onde somos confrontados com
o esplendor do art.º 405 C.C. relativo à liberdade contratual. Isto se estivermos a
falar de contratos obrigacionais e não de negócios jurídicos obrigacionais
unilaterais já são sujeitos ao princípio da tipicidade.
• Negócios patrimoniais: negócios protegidos por excelência por estarem dentro do
comercio jurídico. Aqui o legislador já leva, em sede de interpretação e em sede de vícios,
em linha de conta as expectativas dos declaratórios e as exigências de certeza e segurança
do comercio jurídico.
• Negócios Pessoais: negócios considerados fora do comercio jurídico, o legislador não se
preocupa em proteger as expectativas destinatários, o legislador recorre a um critério
diferente no caso de interpretação ou de vícios.
• Negócios causais: tem uma causa, tem uma razão de ser e executa-se em função da causa
que lhe deu origem.
ex. contrato de arrendamento para fins não habitacionais, têm uma causa. Correspondem
a uma generalidade de negócios.
• Negócios abstratos: não necessitam de uma causa, separam-se da causa que lhes dá
origem.
ex. negócios cambiários: emissão títulos de crédito, apesar de terem uma causa separam-
se da causa que lhe deu origem.
▪ Negócios a título gratuito: Uma das parte efetua uma prestação patrimonial a favor de
outra sem qualquer contrapartida. O ato é a titulo gratuito pois é realizado tendo como
fundamento apenas uma intenção de proporcionar uma vantagem patrimonial à outra
parte
▪ Negócios onerosos: existe uma atribuição patrimonial de ambas as partes. Cada uma das
partes faz uma atribuição patrimonial que considera contrabalançada pela atribuição da
contraparte, isto é, a cada vantagem corresponde um sacrifício.
▪ Contratos cumulativos: cada uma das partes sabe que efeitos esperar do contrato
▪ Contratos aleatórios: as partes submetem-se a uma possibilidade de ganhar ou
perder, sujeitam-se ao risco de perder. Embora no fim uma das partes venha a ganhar
não se sabe logo de início qual é.
▪ Negócios parciários: nestes contratos há uma pessoa que promete uma prestação a
outra ela proporcione, pela sua intervenção, que aquela consiga obter um
determinado resultado vantajoso, um provento. É um contrato em que há uma
comparticipação de uma parte dos proventos de outra. Ex. venda à consignação (ex.
um artista coloca os seus quadros num restaurante para venda, quando vende dá uma
parte do valor arrecadado ao restaurante pela sua comparticipação na venda).
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Resumo Teoria Geral do Direito Civil II | Ana Catarina Santos
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