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Teoria Geral do Direito Civil II

Ana Catarina Santos


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Resumo Teoria Geral do Direito Civil II | Ana Catarina Santos

Conteúdo
Capacidade de Agir/ Exercício das Pessoas Coletivas ............................................................................... 3
Capacidade de Gozo das Pessoas Coletivas .............................................................................................. 4
Manifestações da Capacidade de Agir/exercício das Pessoas Coletivas .................................................. 4
Teoria Geral do Objeto da Relação Jurídica .................................................................................................. 5
Classificação das coisas no seu sentido mais próprio art.º 203 e s.s. C.C.:............................................... 6
Património ................................................................................................................................................ 6
Teoria Geral do Facto Jurídico ...................................................................................................................... 7
Classificação dos factos jurídicos .............................................................................................................. 7
Efeitos dos Factos Jurídicos ...................................................................................................................... 8
Aquisição ............................................................................................................................................... 8
Modificação......................................................................................................................................... 10
Extinção ............................................................................................................................................... 10
Teorias sobre conceções sobre o negócio jurídico ................................................................................. 10
Negócios de pura obsequiosidade e gentleman agreements................................................................. 11
Elementos do negócio jurídico................................................................................................................ 11
Conceptualização do Negócio Jurídico ................................................................................................... 12
Vontade na Declaração Negocial ............................................................................................................ 14
Declarações negociais ............................................................................................................................. 15
Forma da declaração negocial ................................................................................................................ 15
Vantagens ........................................................................................................................................... 15
Desvantagens ...................................................................................................................................... 16
Modalidades da Forma Negocial ............................................................................................................ 16
Âmbito da Forma Exigida ........................................................................................................................ 16
Interpretação do Negócios Jurídicos ...................................................................................................... 17
A exceção do testamento ................................................................................................................... 18
Classificação dos Negócios Jurídicos ....................................................................................................... 18

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Capacidade de Agir/ Exercício das Pessoas Coletivas


Capacidade de Exercício de Direitos ou Capacidade de Agir: Aptidão para atuar pessoal e
livremente assumindo obrigações e exercendo os nossos deveres ou mediante um representante
voluntário escolhido pela pessoa
As pessoas coletivas são realidades que têm que ser representadas. O que aqui se questiona é se
essas representações são verdadeiras representações legais porque de facto a lei obriga a que as
pessoas coletivas sejam representadas.
É sabido que a razão que está na origem da representação legal são as situações de incapacidade
jurídica, situações em que é necessário alguém que em seu nome e no seu interesse atue na vida
jurídica. Visto que as pessoas coletivas carecem dos seus representantes, aqui questiona-se se
está a mesma enfrenta uma situação de total de incapacidade de agir ou de exercício. Note-se
que o código civil só se refere à capacidade de gozo (art.º 160 C.C.) mas nunca à capacidade de
agir.
Este instituto da representação, embora sempre no interesse da pessoa coletiva representada,
será que configura uma verdadeira representação legal? A maioria da doutrina entende que é
apenas uma mera representação estatutária, pois faz parte, é inerente, está regulada nos
estatutos (corpo de normas que têm que ser observadas no funcionamento do ente coletivo) da
pessoa coletiva. Temos então analisar qual é o vínculo que se estabelece entre estas pessoas (que
representam a pessoa coletiva) e a pessoa coletiva.
O que se entende é que o nexo que existe é de organicidade. Entende-se tal com base em dois
argumentos.
Primeiro, se os órgãos fossem meramente representativos poderiam testemunhar em tribunal
em nome da pessoa coletiva, porém, tal não é possível. O único testemunho impossível é o
testemunho de si próprio. Daqui se conclui que os as pessoas que representam a entidade não
são verdadeiros representante mas sim a própria pessoa coletiva.
O segundo argumento tem como base a responsabilidade extracontratual. As pessoas coletivas
são responsáveis civilmente quer se fale em responsabilidade contratual ou extracontratual (art.º
165 C.C.).
Na representação voluntária o representado não responde pelos atos ilícitos extracontratuais do
seu representante. Porém nas pessoas coletivas isto não acontece, as pessoas coletivas
respondem por atos ilícitos extracontratuais que sejam realizados pelos seus órgãos ou agentes.
Logo aqui se percebe que não estamos perante uma representação legal.
Aqui a pessoa coletiva responde mesmo sem culpa e caso o órgão ou agente tenha agido contra
ordens da entidade coletiva.

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Assim se conclui que não há nenhuma relação de analogia entre a pessoa coletiva e os seus
representantes pois estes não são perfeitos representantes. O que acontece é a atribuição de
uma comissão aos órgãos e agentes da entidade que vinculam totalmente a pessoa coletiva nas
consequências dos atos ou omissões daqueles.

Capacidade de Gozo das Pessoas Coletivas


A capacidade de gozo das pessoas coletivas, segundo o art.º 160 C.C., é uma capacidade funcional
pois a capacidade é orientada pelo fim da pessoa colética (princípio da especificidade do fim). A
capacidade de gozo é aferida na medida do necessário para alcançar o fim que visa prosseguir.
Excluídos desta capacidade de gozo estão os direitos e obrigações que estão vedados por lei (ex.
capacidade testamentária ativa art.º 2182 C.C., doações (1), etc.) ou que sejam inseparáveis da
pessoa singular (ex. casamento, adoção, perfilhação, etc.). No entanto, isto não quer dizer que
as pessoas não tenham direito de personalidade. As pessoas coletivas têm menos direitos de
personalidade relativamente às pessoas coletivas, mas esses direitos existem. Podemos falar do
direito à imagem, direito ao nome, direito à reputação, e inclusivamente são tuteladas pelo art.º
70 C.C. quando vêm os seus direitos de personalidades violados ou em risco de serem violados,
o presente artigo é um mecanismo de ação preventiva e repressiva.
(1) Compreende-se que as sociedades não possam fazer doações pois sendo o seu fim económico e lucrativo a realização de
doações significaria um naturalmente empobrecimento do património, o que iria contra os seus fins. Deste modo as doações
não são permitidas.

Manifestações da Capacidade de Agir/exercício das Pessoas Coletivas


Aqui podemos falar da responsabilidade civil contratual e da responsabilidade civil
extracontratual. O art.º 165 C.C. diz que “as pessoas coletivas respondem civilmente pelos atos
ou omissões dos seus representantes ou mandatários nos mesmos termos em que os comitentes
respondem pelos atos ou omissões dos seus comissários”.
Responsabilidade contratual das pessoas coletivas das pessoas coletivas: o ponto de partida é
sempre o artigo 165 C.C., de seguida verificamos se estamos as situações previstas nos art.º 798
e 799 (incumprimento do contrato, mora no cumprimento ou cumprimento defeituoso) se sim
estamos perante um caso de responsabilidade contratual devendo então remeter para o art.º
800 nº1 C.C. que declara que “O devedor é responsável perante o credor pelos atos dos seus
representantes legais ou das pessoas que utilize para o cumprimento da obrigação”. Em sede de
culpa, há uma presunção de culpa sobre o contraente que está em divida assim cabe ao próprio
o ónus da prova, cabe ao mesmo provar que não tem culpa.
Responsabilidade civil extracontratual: o ponto de partida é sempre o art.º 165 C.C. remetendo
para o art.º 500 situado numa subsecção referente à responsabilidade pelo risco. A localização
deste artigo não é um mero acaso. As pessoas coletivas são entidades que conseguem obter
vantagens da sua atividade, dos meios que potenciam mais eficiência à sua atividade, devendo
assim suportar os riscos inerentes à sua atividade (o art.º 500 fala em comissários, mas aplica-se por analogia

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por força do art.º 165 C.C.).


O art.º 500 C.C. não responsabilizam logo, sem mais, as pessoas coletivas.
O art.º 500 faz a responsabilidade depender essa corresponsabilização da verificação de alguns
pressupostos:

• A pessoa coletiva só responde se o órgão, agente ou mandatário tiver que responder


(nº1), porém este pressuposto não se tem que verificar sempre porque há casos em que
o agente, órgão ou comissário estão a executar uma atividade de risco em que o próprio
causador dos danos, por estar nessa atividade de risco, não seria responsabilizado sendo
apenas a pessoa coletiva; resumindo: se há culpa do órgão, agente ou mandatário estes
respondem sempre assim como a pessoa coletiva, se o órgão, agente ou mandatário não
tiverem culpa responde apenas a pessoa coletiva.
• Mesmo agindo, o órgão, agente ou mandatário, contra ordens a entidade, a pessoa
coletiva responde pelo risco desde que aqueles tenham agido no exercício de funções
(nº2)
Considera-se os órgãos, agentes ou mandatários estão no exercício das funções
quando:
▪ Quando o agente atua no quadro geral das competências que lhe foram
confiadas, comportamentos derivados das suas funções, desde que o seu
comportamento não tenha em vista interesses meramente pessoais;
▪ Quando está a representar a pessoa coletiva;
• A pessoa coletiva que satisfizer a indemnização tem o direito de exigir ao órgão, agente
ou mandatário o reembolso de tudo o que tenha pago porém se houver culpa também
da pessoa coletiva (nº3), esta não tem esse direito, neste caso será aplicado o disposto
no nº2 do art.º 497 (responsabilidade solidária).

Teoria Geral do Objeto da Relação Jurídica


Os animais deixaram de ser considerados objetos, porém é-lhes aplicado subsidiariamente o
regime aplicável às coisas desde que seja compatível com a sua natureza.
Objeto da relação jurídica: aquilo sobre que incidem os poderes do sujeito ativo da relação
jurídica (ex. o objeto de propriedade é a coisa apropriada).
Conteúdo do direito: conjunto de poderes que são reconhecidos ao titular dos mesmos para que
ele possa obter aquele objeto, (o conteúdo do direito de propriedade é o poder de usar, fruir e
dispor da coisa de modo pleno e exclusivo art.º 1305 C.C.).
O objeto pode ser:
▪ Imediato: há vinculação jurídica do sujeito passivo, estamos perante uma situação de
poder-dever
▪ Mediato: aquilo que consigo obter por via do comportamento do sujeito passivo

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As outras pessoas podem ser objeto de relações jurídicas. Basta pensarmos nas situações de
dever-poder, nomeadamente nas responsabilidades parentais, nas relações entre o tutor e os
tutelados, etc.
Existem também direitos sobre os modos de ser físicos ou morais da própria pessoa. O legislador
admite que as pessoas podem permitir que outras pessoas usufruam delas no que toca a aspetos
ligados à personalidade (por exemplo, consentindo na divulgação da sua imagem, ou doação de
cabelo, etc. aqui o objeto da relação jurídica é a minha pessoa).
Os direitos subjetivos constituem uma questão complexa, pois pode o direito ser objeto de
direito? Esta questão fica em aberto.
Também as coisas são objeto das relações jurídicas. Segundo o art.º 202 as coisas são tudo aquilo
que pode ser objeto de relações jurídica. Porém se entendêssemos este artigo com toda a
largueza chegaríamos à conclusão de que seríamos confrontados com situações jurídicas
berrantes, pois, por exemplo, sendo as pessoas e os animais objetos da relação jurídica, por esta
lógica também seriam coisas e convínhamos que tratar as pessoas como coisas seria retirar-lhes
a dignidade humana.
As coisas, em sentido jurídico, têm que preencher os seguintes requisitos:
▪ Tem que ter existência autónoma ou separada: tudo depende da função social
▪ Tem que pode ser apropriável
▪ Tem que ter utilidade, aptidão para satisfazer interesses ou necessidades humanas gerais

Classificação das coisas no seu sentido mais próprio art.º 203 e s.s. C.C.:
▪ Imóveis ou Móveis
▪ Corpóreas/materiais ou Incorpóreas/imateriais
▪ Simples ou Compostas
▪ Divisíveis ou Indivisíveis
▪ Fungíveis ou Infungíveis
▪ Principais ou Acessórias
▪ Presentes ou Futuras

Património
Património global: conjunto de ralações jurídicas ativas e passivas avaliáveis em dinheiro de que uma
pessoa é titular, falamos em relações jurídicas suscetíveis de avaliação pecuniária.

Património autónomo: património que responde só ele por aquelas dividas não afetando o património
global do titular. Ex. a herança (art.º 2068 e s.s. C.C.).

• A herança um património autónomo (segundo o art.º 2068 C.C.), segundo o art.º 2071 Nº2 C.C. a
herança responde pelas dividas dela e só ela responde, isto é, deixando o falecido dividas o
herdeiro ao aceitar a herança aceita também as dividas e as dividas do falecido prevalecem sobre
as dividas pessoais (art.º 2070 C.C. nº1) porém, o herdeiro só responde até ao limite máximo do
valor da herança e nunca para além do valor da herança art.º 2071 C.C. Esta preferência mantém-

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se até 5 anos após a abertura da sucessão (nº3). Caso seja exigido a totalidade do pagamento o
herdeiro tem o ónus da prova devendo provar que o património o valor não podendo responder
pela totalidade da divida. Isto se estivermos de uma herança aceite de forma simples.
Se falarmos de uma herança aceite a benefício de inventário deve-se instaurar previamente um
inventário para posteriormente se fazerem as partilhas. Fazendo isto, apenas respondem os bens
inventariados servindo o inventário como prova passando a caber ao credor o ónus da prova.
Assim passa a competir ao credor provar que existem mais bens do que aqueles que foram
inventariados de modo a conseguir cobrar a totalidade da divida.

Património conjunto/coletivo: património pertencente a vários sujeitos.

Compropriedade/ propriedade comum: duas ou mais pessoas são titulares da coisa, porém não são
titulares de um pedaço em concreto mas sim de uma fração, de uma quota, de uma percentagem.

Teoria Geral do Facto Jurídico


Classificação dos factos jurídicos
• Involuntário natural: são estranhos a qualquer processo volitivo, resultam de causas
naturais que não assumem qualquer relevância jurídica.
• Ato jurídico: factos jurídicos resultantes da manifestação ou atuação da vontade humana
enquanto elemento juridicamente relevante.
o Simples atos jurídicos: exteriorizações de vontades a que a lei atribui
consequências jurídicas de modo autoritário (produção de efeitos ex lege). Os
efeitos jurídicos são definidos pelo legislador de forma autoritária sendo
irrelevante se as consequências, se os efeitos, são coincidentes com os efeitos que
se pretendiam ver a produzir.
▪ Quase negócios jurídicos: manifestação exterior de uma vontade
▪ Ato material: ato material a que a lei atribui determinados efeitos jurídicos
o Negócio jurídico: exteriorizações de vontades que produzem efeitos práticos.
Domina a autonomia privada coincidindo os efeitos que as partes querem que se
produzam sobre os efeitos que a lei determina (produção de efeitos ex voluntate).
Os efeitos produzidos são coincidentes com os efeitos que se pretendiam ver
produzidos.
▪ Unilateral
• Reptício
• Não reptício
▪ Bilateral ou Contrato
• Unilateral
• Sinalagmático (contrato unilateral com uma clausula modal)

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Efeitos dos Factos Jurídicos


Facto jurídico: todo o acontecimento que é juridicamente relevante, que produz efeitos jurídicos,
que constitui, modica ou extingue relações jurídicas.
Uma relação jurídica tem um lado ativo um direito, assim em rigor, constituir, modificar ou
extinguir relações jurídicas é constituir, modificar ou extinguir direitos.
A aquisição de um direito ocorre quando se cria um laço, um vínculo de pertinência ou de
titularidade de uma pessoa a determinado direito. A constituição de direitos implica sempre a
aquisição de direitos pois não existem direitos sem sujeito. Porém, o contrário pode não se
verificar, pois pode-se adquirir direitos já constituídos, já existentes.
Aquisição
• Originária: o direito que se adquire não depende de um direito anterior, depende apenas
do facto aquisitivo. Há sempre uma constituição de um direito (ex. eu escrevo uma obra
e adquiro um direito sobre essa obra, os direitos de autor). A constituição é causada pelo
facto aquisitivo. Ex. a caça, a pesca, a usucapião (art.º 1287 e ss C.C.), criação artística,
etc.
• Derivada: a aquisição é causada, depende do facto aquisitivo e de um direito anterior,
depende da existência e extensão de um direito. A constituição é causada pelo facto
aquisitivo e existência, pela extensão de um direito anterior, há sempre uma pessoa que
é causante da aquisição. Ex. a sucessão mortis causa, os direitos sobre os bens do falecido
passam para os sucessores.
o Translativa: o direito que se adquire já existe na esfera jurídica do causante. O
direito transmite-se de uma esfera para a outra. É o que se sucede na compra e
venda, sucessão mortis causa, etc. Quando falamos apenas em transmissão de
direitos estamos a falar em aquisição de direitos translativa.
o Constitutiva: o direito que se adquire que depende do direito anterior seja menor
que o direito anterior, que se constitui à custa dele mas que não é o mesmo
direito, é um direito novo que se constitui, basta pensar na aquisição do direito de
propriedade que nos leva forçosamente a constituir uma hipoteca perante um
credor, adquire o direito de hipoteca; o direito à hipoteca só existe se existir
primeiro o direito de propriedade.
o Restitutiva: é restitutiva quando permite repor as coisas no estado anterior à
constituição do direito real que se extingue. Acontece quando o titular de um
direito real limitado se demite desse mesmo direito unilateral ou contratualmente
(ex. desistir do direito de servição restituindo ao proprietário a plenitude do seu
direito de propriedade).
Importância da distinção entre aquisição originária e aquisição derivada
A regra fundamental para aquisição derivada é diferente para a aquisição derivada.

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Enquanto que na aquisição originária o direito adquirido depende apenas do facto aquisitivo, na
aquisição derivada o direito adquirido depende não só do facto aquisitivo, mas também da
existência da amplitude do direito anterior. A assim sendo, quando falamos em aquisição
derivada falamos de impossibilidade de alguém transmitir mais direitos do que aqueles de que é
titular “nemo pluris iuris transferre potest quam ipse habest” (art.º 892 C.C. e art.º 289 C.C.).
Porém, existem casos excecionais:

• Instituto do registo (art.º 243 e 291 C.C.): o registo é instituo jurídico organizado pelo
Estado através do qual dá publicidade certo atos inerentes a bens móveis e imóveis com
vista a dar-lhes segurança. O registo é publico. Nós atenderemos ao registo de bens
imóveis O registo português é:
o Obrigatório, pois, a lei prevê o registo desses atos.
o O registo é uma condição de eficácia e não de validade (um ato não registado não
é inválido), porém o registo não sana uma invalidade. O valor do ato sujeito a
registo não registado é válido e eficaz entre as partes, mas não entre terceiros
(pessoas que recebem do mesmo transmitente direitos incompatíveis).
Ex. A vendeu a B um prédio. B não registou, mas o prédio continua a ser
de B desde que seja vendido pela forma legal pois o registo não é condição
de validade.
Ex. A vende a B um prédio, porém a venda é nula ou anulável pois A era
menor, ou foi coagido, etc., mas apesar disso B consegue registar, porém
a venda continua sem ser válida pois o registo não sana invalidades.
Ex. A já tinha vendido a B, B não registou. A vende simultaneamente a C
que regista. O prédio é de C independente de estar ou não de boa-fé, a má
fé ou boa fé é irrelevante salvo casos excecionais -> exceção à regra
fundamental da aquisição derivada. O ato AB apesar de A não ser já o
proprietário, o ato não era oponível a C, B não tinha a possibilidade de
exigir a C a efetivação desse direito pois não registou o imóvel, aqui aplica-
se a regra da prioridade do registo.
• Inoponibilidade a 3º de boa fé da nulidade proveniente de simulação: A simula uma venda
com B. A simulação de um negócio gera nulidade (art.º 240 C.C.) e como tal a coisa não
pertence a B, ainda assim B realiza um negócio com C que está de boa-fé não tendo
conhecimento da simulação (art.º 243 nº2 C.C.) passando a coisa passa a ser propriedade
de C encontrando-se aqui uma exceção à regra fundamental da aquisição derivada.
• Inoponibilidade terceiro de boa fé (art.º 243 nº2 C.C.) de qualquer nulidade ou
anulabilidade (art.º 291 C.C.): A transmite a B um prédio mediante um negócio nulo ou
anulável. Assim o prédio não pertence a B mas B transmite o prédio a C. Uma vez que as
nulidades e anulações se operam face a terceiros, C devia restituir o prédio. Porém o art.º
291 C.C. opera uma exceção à regra fundamental da aquisição derivada desde que
preenchidos cumulativamente os seguintes pressupostos:
o Ser terceiro de boa-fé

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o Haja um adquirente a título oneroso


o Negócio seja relativo à aquisição de bens móveis e imóveis sujeitos a registo
o O registo seja anterior à ação de anulabilidade ou nulidade ou que não seja feita
e registada uma proposta de ação de nulidade ou anulabilidade nos três anos
seguintes após a conclusão do negócio
Modificação
Falamos em modificação de direitos. Há modificação de direitos quando o direito não se
extingue e constitui-se outro, a relação jurídica não desapareceu, mas surgiu outra, o direito
permanece, mas modifica-se um dos seus elementos.
A modificação pode ser:

• Subjetiva: altera-se muda-se um dos titulares, ativo (detentor do direito) ou passivo


(detentor do dever) da relação jurídica
• Objetiva: altera-se o conteúdo ou o objeto do direito da relação jurídica.
Extinção
A extinção pode ser:

• Subjetiva: verifica-se sempre que tem lugar uma sucessão na titularidade dos direitos, o
direito extingue-se para o transmitente.
• Objetiva: a relação jurídica deixa de existir para o titular ou para qualquer outra pessoa
Algumas causas de extinção podem ser:

• A destruição
• Abandono
• Decurso do tempo
o Prescrição (art.º 300 e s.s. C.C.)
o Caducidade (art.º 328 e s.s. C.C.)

Teorias sobre conceções sobre o negócio jurídico


• Teoria dos efeitos jurídicos: só existe negócio jurídico quando existe antecipadamente
uma vontade de produção de efeitos jurídicos. Para esta teoria, as pessoas ao negociar
sabiam antecipadamente quais eram os efeitos jurídicos associados ao seu
comportamento, esta teoria diz inclusivamente que as aplicações de normas supletivas
ao negócio jurídico resultavam de uma vontade implícita das partes. Essas normas
supletivas são criadas pelo legislador para suprir omissões permitindo às partes
socorrerem-se dessas normas. Esta perspetiva é irrealista e pouco defendida uma vez que
por esta logica as únicas pessoas que podiam fazer negócios jurídicos seriam apenas as
que estariam muito bem informadas sobre as leis. Teoria muito limitadora. Síntese: para
esta tese o negócio jurídico é uma declaração de uma ou mais vontades destinadas a

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produzir efeitos jurídicos sabendo as partes quais são os efeitos jurídicos que vão ser
produzidos.
• Teoria dos efeitos práticos: segundo esta teoria, as parte quando negoceiam querem é a
produção de efeitos práticos, negócios egoísticos, efeitos seus ou em benefício de
terceiros. Deste modo a lei limitava-se a fazer concordar com esses efeitos práticos.
Também esta visão é ir realista pois sempre que houvesse vontade de produzir efeitos
práticos estaríamos sempre perante negócios jurídicos. É então irrealista pois a ser assim
não haveria qualquer diferença entre negócios jurídicos e as meras convenções sociais.
Assim era impossível diferenciar aquilo que eram os negócios jurídicos daqueles que não
são.
• Teoria dos efeitos prático-jurídicos: segundo esta teoria só existe negócio jurídico quando
as partes querem exteriorizar vontade no sentido de atingir efeitos práticos mais ou
menos egoísticos, mas de forma a que o direito repulse, não rejeite. As partes querem é
ver produzir efeitos práticos seus ou de terceiros, mas com cobertura legal, sem estar em
dissonância com aquilo que a lei dita. Esta é a tese por nós adotada.

Negócios de pura obsequiosidade e gentleman agreements


• Negócios de pura obsequiosidade: falamos de uma obsequia, gentiliza. Constam ordens
de trato social, regras de convivência entre as pessoas, usos sociais, etc. O direito não tem
o menor interesse em regular estes comportamentos, não são negócios jurídicos, não são
tutelados pelo direito.
• Gentleman agreements: versam sobre matéria juridicamente relevante tutelada pelo
ordenamento jurídico, porém as partes ao fazerem estes gentleman agreements não
podem recorrer aos tribunais pois a forma como celebraram o contrato não lhes permite,
não podem pois não são observadas determinadas formalidades. As relações são
reguladas pelo direito, os gentleman agréments versam matéria jurídica, no entanto a
forma como celebram o negócio jurídico faz que não tenham reconhecimento na sua
existência e eficácia. Daí grande característica dos gentleman agréments ser a falta de
garantia pois a lei não criando regimes especiais, aplicando-se apenas a nulidade (art.º
220 C.C. que é um principio regra desta matéria). Temos como exemplo o caso dos
empréstimos de honra (Ex. art.º 1483 C.C.).
o Suponhamos que uma pessoa faz um testamento em que pede que um dos seus
herdeiros doe uma parte do que recebeu para uma instituição. Quem faz o
testamento está apenas a confiar no terceiro não havendo forma como comprovar
podendo o herdeiro não doar parte da herança para a instituição. Não há
nenhuma garantia na altura da celebração do negócio de que o herdeiro o fosse
fazer.

Elementos do negócio jurídico


• Elementos essenciais que na verdade são causas de validade dos negócios jurídicos.

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o Existência da capacidade das partes e da legitimidade (que na falta destas pode


gerar anulabilidade)
o Existência de uma declaração de vontade sem anomalias (não pode conter vícios
negociais: dolo, erro, falta de consciência, etc.) pois na maioria das situações de
anomalia temos como consequência a anulabilidade
o Existência da idoneidade do objeto jurídico: (art.º 280 C.C.) a falta de idoneidade
determina a falta de validade do negócio jurídico
Capacidade e legitimidade
A capacidade é um modo de ser da própria pessoa, é uma aptidão natural da própria pessoa
enquanto a legitimidade é uma relação que se estabelece entre um sujeito face a uma concreta
situação jurídica, a pessoa é parte legitima quando tem algum interesse direto naquela situação
jurídica. Assim sendo, a pessoa pode ser capaz, mas não ter legitimidade porque nenhuma
relação, nenhuma conexão, existe entre esse sujeito de direito e essa concreta situação jurídica.
Ex. uma pessoa que não recebe uma herança de uma determinada pessoa não lhe retira a
capacidade sucessória, simplesmente a pessoa não tinha nenhuma ligação com a pessoa que
faleceu não estando por isso designada no testamento, não havendo a tal ligação não há
legitimidade, mas, como já foi observado tem capacidade
Porém, quando se tem legitimidade tem-se capacidade (pois a capacidade é uma aptidão
natural do individuo de ser sujeito de direitos, vinculações ou assumi-los de forma pessoa e
livremente).

• Capacidade de gozo: aptidão para se ser titular de direitos e obrigações que advêm de
negócios jurídicos. É insuprível.
• Capacidade de exercício: É suprível pelos institutos da representação legal.

Conceptualização do Negócio Jurídico


Aqui falamos da declaração negocial em si. A declaração negocial é o verdadeiro elemento
estruturante do negócio jurídico. A declaração negocial decompõe-se em dois elementos:

• Elemento interno: intenção, animus, a vontade negocial propriamente dita;


• Elemento externo: declaração dessa intenção negocial, intenção exteriorizada. É a este
elemento que se dá mais enfase a tal ponto que o prof. Manuel de Andrade afirma que
para haver negócio jurídico basta haver uma simples aparência de vontade aqui se vê a
importância dada ao elemento volitivo, ao elemento da vontade. Nós adotamos formas
continuamente declarativistas nas mais diferentes soluções na vida negocial (ex. em sede
de interpretação de negócios jurídicos nós escolhemos uma perspetiva interpretativa
essencialmente declarativista, o que importa é a declaração que nós exteriorizamos que
tem que ter uma determinada mensagem que transmite o que dissemos e não o que
queremos dizer porque as pessoas a quem se dirigem as declarações negociais não
podem adivinhar o que pretendemos dizer, temos que declarar obtendo formas
declarativistas e essa perspetiva faz com que a tónica se deve aí centrar. Se não

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tivéssemos optado por formas declarativistas não poderíamos compreender, por


exemplo, quando é que o negócio jurídico que uma pessoa fez quando emitiu uma
declaração em erro mesmo, sendo mesmo assim válido. A pessoa teria que aguentar o
negócio porque não se apercebeu do erro? Para o legislador o mais importante é a tutela
da confiança, isto significa que aquele a quem se dirigiu, o destinatário da declaração
negocial, não tem obrigação de saber que o outro se enganou pois o destinatário só tem
perante si um dado objetivo que é a emissão da declaração negocial que interpreta no
lugar de cidadão normal a quem seja dirigida aquela declaração com aquele teor. Não
podemos sacrificar as legitimas expectativas que são criadas no destinatário das
declarações negociais devido a um erro do próprio autor da declaração (basta pensa
numa situação em que o autor da declaração não estava num estado de perfeitas
condições de discernimento não seria justo que destinatário fosse sacrificado nas suas
expectativas negociais). Esta perspetiva encontramo-la no âmbito das interpretações dos
negócios jurídicos, mas também nos vícios negociais (ex. erro obstáculo, dolo terceiro,
etc.). Se não houvesse esta proteção jurídica as pessoas seriam mais resistentes, ficariam
mais retraídas, à realização de negócios jurídicos por se sentirem desamparadas o que
não ajudaria a fluidez da vida negocial que levaria a consequências negativas para a
economia do país. Face ao exposto, o legislador teve que superar todos estes impactos
que adviriam se optássemos por uma forma voluntarista considerando que o melhor seria
optar por uma forma declarativista.
Apesar de o legislador não dizer expressamente que opta pela forma declarativista,
subentende-se tal pelas soluções legais estabelecidas, o que não quer dizer que o
legislador é totalmente insensível relativamente aos autores das declarações, basta
pensar nos casos de coação física e falta de consciência na declaração em que aí o
legislador já tem em conta a vontade do autor.

Há atos jurídicos que não são verdadeiros negócios jurídicos como é o caso dos simples atos
jurídicos. Os simples atos jurídicos ficam sujeitos ao regime disposto no art.º 295 C.C., ou seja,
ficam sujeitos às disposições dos negócios jurídicos sempre que a analogia o justificar. Os regimes
previstos para os negócios jurídicos em geral não se aplicam aos negócios pessoais pois os
negócios pessoais são negócios fora do comércio jurídico sendo por este motivo as considerações
sobre proteções da confiança dos destinatários, da tutela, confiança e, portanto, da segurança
jurídico penal dos bens, não faça sentido existir. Assim os negócios pessoais (ex. casamento,
perfilhação, adoção, apadrinhamento civil, etc.) são regulados por um regime especial, diferente.
Concluindo: o regime dos negócios jurídicos é aplicado por analogia sempre que se justificar, por
força do art.º 295 C.C., aos simples atos jurídicos.
Existem determinadas situações em que o legislador, apesar de tratar de simples operações
materiais ou exteriores, exige excecionalmente capacidade.

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Resumo Teoria Geral do Direito Civil II | Ana Catarina Santos

• Elementos essenciais típicos: detalhes de cada negócio jurídico que têm que existir e a
partir desses detalhes conseguimos identificar que tipo de negócio jurídico se trata sem
o nomear. São elementos caracterizadores daquele negócio.
o “Quero comprar um terreno para plantar amendoeiras e vou deixar tudo a cargo
do advogado” diz a prof. ao amigo que questiona “então fizeste um contrato de
mandato com o teu advogado?”
• Elementos naturais: elementos que resultam da aplicação dos regimes supletivos. São
cláusulas que se encontram nos negócios jurídicos de modo a preencher falhas no negócio
celebrando, ficando essas clausulas e reger. Estas cláusulas são cláusulas naturais do
negócio jurídico (Ex. art.º 964, 885, 772 nº1 C.C.).
• Elementos acidentais ou acessórios do negócios jurídico: clausulas que as partes
livremente convencionam entre si que, apesar de não serem indispensáveis para que
aquele modelo contratual que elas celebraram cumpra a sua função, as partes optam pela
sua introdução de modo a tornar o negócio jurídico mais ajustado, mais adaptado aos
seus interesses, àquilo que se pretende. Importa mais uma vez reforçar que, apesar de
estas cláusulas serem reguladas por lei não podendo ser contraria-las, irem contra os bons
costumes, etc., não são impostas por lei, não são obrigatórias, são do domínio da
autonomia da vontade.
O legislador prevê algumas cláusulas acessórios (que estudaremos mais à frente) de
condição, de termo, o modo, cláusula de juros, cláusula penal, etc.

Vontade na Declaração Negocial


Só há declaração se houver vontade.
A vontade negocial decompõe-se em:
Vontade de ação: há vontade de ação quando tem consciência e pretende livremente realizar
determinado comportamento declarativo. Assim excluem-se os comportamentos provenientes
de coações ou movimentos reflexos. (Há falta de vontade de ação quando num movimento
reflexo se traduz numa declaração, quando a pessoa é coagida, etc.).
Vontade de declaração negocial: para haver vontade de declaração negocial a pessoa tem que
querer atribuir à sua vontade, ao seu comportamento (consciente e livre) o significado, o valor,
de declaração negocial. A pessoa quer que essa vontade, esse comportamento se torne num
negócio vinculativo. (Há falta de vontade de declaração negocial quando a pessoa quer
efetivamente realizar determinado comportamento mas não pretende que esse comportamento
se transforme num negócio vinculativo, basta pensar no caso de uma pessoa que levanta a mão
para chamar o amigo e o leiloeiro pensa que é para fechar negócio).
Vontade negocial: para haver vontade negocial é preciso que o comportamento (livre e
consciente), que a vontade da pessoa coincida com o expresso na declaração negocial.

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Resumo Teoria Geral do Direito Civil II | Ana Catarina Santos

Declarações negociais
As declarações negociais têm variantes
O art.217 C.C. fala-nos da declaração negocial expressa e declaração negocial tácita, existem
outras duas, no entanto estão dissipadas no C.C.
▪ Declaração negocial expressa: a declaração expressa diretamente, por palavras, por
escrito por gestos, etc., a vontade (art.º 217 nº1 1ª parte C.C.)
▪ Declaração negocial tácita: quando o conteúdo é inferido ou deduzido de uma declaração
direta, há uma dedução por via obliqua ou lateral, é o conteúdo subentendido, implícito.
Além dos tipos de declarações previstas no art.º 217 C.C. existem outros tipos:

• Silêncio como meio declarativo: segundo o art.º 218 C.C., o silêncio não vale como
declaração negocial. Assim não se aplica o princípio de “quem cala consente”, pois, a
aplicação de tal princípio violaria a autonomia das pessoas cabendo a estas sempre a
qualquer resposta de contrato. A aplicação de tal princípio poderia levar a pessoas a
aproveitarem-se da impossibilidade de resposta da outra parte para conseguirem
alcançar aceitações negociais. Deste modo, em regra geral, o silencio não vale como
declaração negocial mesmo quando o destinatário que não cede uma resposta podia e
devia ter-se pronunciado, valendo apenas nos casos previstos no art.º 923 C.C., isto é,
quando a lei, convenção negocial ou uso lhe atribuam esse valor de declaração negocial.
• Declaração presumida: quando a lei liga a determinado comportamento o significado de
exprimir uma vontade negocial em certo sentido, porém essa presunção pode ser
afastada mediante prova em contrário (art.º 350 nº1 e nº2 C.C.).
▪ Declaração ficta: quando a lei liga a determinado comportamento o significado de
exprimir uma vontade negocial em certo sentido, porém essa presunção, porém essa
presunção, ao contrário do que acontece com a declaração presumida, não pode ser
afastada.
▪ Protesto: o autor de uma declaração tem receio que a sua declaração seja mal
interpretada num determinado sentido e por esse motivo anuncia abertamente não ser
essa a sua intenção.
▪ Reserva: na declaração determinado comportamento não significa a renuncia a um
direito ou reconhecimento de um direito alheio (ex. um individuo que aceita receber uma
parte do dinheiro de uma indemnização não está a prescindir da sua indemnização,
apenas está a aceitar logo uma parte dela).

Forma da declaração negocial


Vantagens
• Por questões de prevenção de modo a proteger as pessoas contra precipitações, assim as
pessoas pensam, refletem melhor sobre o negócio jurídico;
• A forma permite separar os termos definitivos do negócio das notificações;
• Permite dar uma formulação mais técnica da vontade das partes;

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• Permite facilitar a prova do negócio, das condições e dos termos, apesar de a forma não
ser a única prova possível é uma das provas mais importantes (a principal função da forma
não é de prova, mas sim de validade);
Permite dar alguma publicidade ao ato, o principal meio de publicidade é o registo embora a
escritura também dê alguma publicidade ao ato;
Desvantagens
• Põe em causa a fluência do comércio jurídico
• Pode causar uma maior demorar, maiores custos, incómodos e despesas
• Pode gerar injustiças devido a uma desvinculação de uma das partes do negócio com
fundamento em nulidade por vicio de forma, apesar de essa parte ter requerido o ato
negocial

Modalidades da Forma Negocial


A regra é a da liberdade da forma prevista no art.º 219 C.C., porém, existem exceções a esta
regra:
• Forma legal: é exigido por lei determinado formalismo para a celebração de um determinado
negócio jurídico
• Forma Convencional: é exigido determinado formalismo para a celebração de um negócio
jurídico, porém, esse formalismo foi estipulado pelas partes. Tal possibilidade deriva do princípio
da liberdade contratual (art.º 405 C.C.)
• Forma Voluntária: Forma adotada pelas partes sem que a lei ou convenção a isso as obrigasse

Âmbito da Forma Exigida


Forma legal: abrange as cláusulas essenciais do negócio jurídico, as cláusulas acessórias, típicas
ou atípicas, contemporâneas ou posteriores à conclusão negócio jurídico. As estipulações
acessórias anteriores ou contemporâneas ao negócio jurídico devem revestir a forma exigida pela
lei sob pena de nulidade (art.º 221 C.C.). São também admitidas estipulações verbais, anteriores
ou contemporâneas ao negócio jurídico, desde que se verifiquem cumulativamente os seguintes
requisitos:

• Têm que se cláusulas acessórias, ou seja, não podem ser essenciais, têm que ser adicionais
complementando o documento não o contradizendo;
• Não podem ser abrangidas pela razão de ser do documento;
• Tem que se provar que corresponde á vontade das partes, isto traduz-se na prova d que
a estipulação existiu;
Porém, a possibilidade de as estipulações não formalizadas produzirem efeito é muito reduzida
desde logo devido à inadmissibilidade de prova testemunhal nos casos previstos no art.º 394 C.C.
Quanto aos pactos modificativos (adicionais ou contrários às cláusulas, essenciais ou acessórias,
constantes no doc.) e pactos extintivos, o nº2 do art.º 221 C.C. dispensa a forma legal prescrita
exceto se a lei o prever.

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Resumo Teoria Geral do Direito Civil II | Ana Catarina Santos

Forma Voluntária: art.º 222 C.C.


Forma Convencional: art.º 223 C.C.
Consequências da inobservância da forma legal
Regra geral, a falta de observância da forma legal, nos casos em que a lei impõe tal, gera nulidade
(art.º 220 C.C. primeira parte) verificando a consequência prevista no art.º 289 C.C.. Porém, em
determinadas situações a lei pode determinar outra consequência, a anulabilidade, no entanto
esses casos são apenas os previstos (art.º 220 C.C. segunda parte).
Consequências da forma voluntária
Não existe qualquer consequência
Consequência da inobservância da forma convencionada
Se forma especial foi adotada pelas partes antes da conclusão do negócio presume-se que sem
a observância da forma estipulada o negócio é nulo (art.º 223 nº1).
Se a forma especial foi adotada pelas partes durante a conclusão do negócio ou após a
celebração do mesmo, presume-se que as partes não pretendem celebrar um novo negócio,
mas sim consolidar (torna-lo mais claro, tornar a prova mais segura, etc.) o anterior negócio
jurídico celebrado (art.º 223 nº2 C.C.)

Interpretação do Negócios Jurídicos


Problema de interpretação dos negócios jurídicos tem que ver com o sentido e alcance que vão
determinar os efeitos do negócio jurídico. A interpretação dos negócios jurídicos é sempre uma
interpretação jurídica. Para haver uma declaração negocial é necessário que haja um
comportamento nesse sentido, que exista uma exteriorização de uma vontade. Se esses
comportamentos não existem não faz sentido interpretar. A interpretação além de nos permitir
perceber o alcance e sentido, permite-nos também perceber o seu conteúdo.
Existem dois problemas relativos à interpretação da declaração negocial:

• Qual o tipo de sentido negocial decisivo


o Orientação subjetivista: a declaração vale com o sentido subjetivo, segundo a
vontade real que o declarante lhe quis dar. O que está em causa é saber a intenção
do declarante. Averigua-se o facto psicológico.
o Orientação objetivista: o que está em causa é o sentido de uma declaração, de
uma intenção que foi exteriorizada. Averigua-se o facto externo.
▪ Doutrina da impressão do destinatário: (tese por nós adotada) a
declaração deve valer com o sentido que um destinatário normal lhe
atribuiria. Assim se o declaratário (a quem se destina a declaração)
conhece a vontade real do declarante, a declaração é emitida de acordo
com essa mesma vontade. Porém pode acontecer que o declaratório
atribuía um sentido objetivo diferente à declaração daquele que o real
declaratório na verdade atribui, no entanto o sentido querido pelo real

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declarante prevalece mesmo quando existe inexatidão ou ambiguidade,


basta que para tal o declaratário tenha tomado conhecimento (art.º 236
C.C.)
• Quais os elementos decisivos para a interpretação:
o A lei não diz, porém, a resposta à primeira questão dá-nos uma resposta à
segunda. É um problema que só se pode resolver em concreto. Todos os
elementos que um declaratário normal pode usar para interpretar podem ser
usados em tribunal (Usos da prática, Forma como as práticas foram revelando
como entendiam o que aquilo queria dizer, Letra, Interesses, Economia do
Contrato, Etc.).
Não existe uma enumeração especifica nem nenhuma hierarquia.
Por vezes podemos ser confrontados com casos duvidosos mesmo apos aplicados os
elementos atrás mencionados. Nestes casos nos negócios gratuitos o sentido deve ser
o menos gravoso, nos negócios onerosos o que levar ao maior equilíbrio (art.º 237
C.C.).
Importante será também mencionar que é necessário que haja um mínimo de
correspondência entre a declaração e o respetivo documento (art.º 238 C.C.). No nº2
do mesmo artigo deve constar no documento o respetivo sentido, caso contrário o
negócio é nulo por falta de forma.
A exceção do testamento
Para o testamento há regras especificas (art.º 2187 C.C.) aqui observa-se o que é mais ajustado
à vontade do testador. Ver art.º 2203 C.C. aqui verifica-se um maior subjetivismo, isto porque se
pretende respeitar a última vontade da pessoa, sendo a última vontade não há mais nenhuma,
além de que não estão em causa relações comerciais.

Classificação dos Negócios Jurídicos


O mesmo negócio jurídico pode ser classificado de diversas formas. O critério que atende ao
número e ao modo de articulação das vontades integradoras: unilaterais e bilaterais.

• Unilaterais: integrados geralmente por uma declaração de vontade, mas pode ter mais
vontades desde que sejam paralelas, visando o mesmo objetivo, orientadas no mesmo
sentido, simbolizando um só lado, uma só parte (ex. instituição de uma fundação que
pode supor a existência de vários cofundadores, pois a fundação que se pretende instituir
é uma obra que exige um montante avultado dinheiro que não existe na totalidade no
património de um só fundador, essa capacidade financeira não existe no património de
um só fundador para suportar por si mesmo a instituição da fundação assim, várias
pessoas ou entidades resolvem instituir essa fundação contribuindo cada uma delas com
uma parte do seu património. A instituição desta fundação é um negócio unilateral, pois
não carece de aceitação da outra parte, porém, tem várias declarações de vontades
porque são vários instituidores e não deixa de ser unilateral porque todos representam a
mesma vontade orientada com o mesmo propósito; Temos ainda o caso do repúdio de

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Resumo Teoria Geral do Direito Civil II | Ana Catarina Santos

herança, da aceitação da herança, renuncia a direitos reais menores, etc.). Nos negócios
jurídicos unilaterais o legisladores mune-se de cautelas vigorando o principio da
tipicidade (numerus clausus) isto significa que os contratos unilaterais são apenas aqueles
que se encontram previstos nas leis isto porque sendo necessário apenas uma declaração
de vontade estaríamos perante um instrumento perigoso de produção de efeitos jurídicos
na esfera jurídica de outrem sem que essa pessoa tivesse que aceitar, estaríamos a ser
intrusivos na esfera jurídica de outra pessoa além dos limites, entrando numa situação de
abuso.
Podem ser
o Não Reptícios: para produzirem efeitos não precisam de serem levados ao
conhecimento do seu destinatário.
o Reptícios: para produzirem efeitos é necessário a intenção da produção desses
efeitos que seja levada ao conhecimento do destinatário produzindo efeitos
independentemente a vontade sobre quem se produzem esses efeitos (ex. cessão
de créditos, término do contrato de arrendamento, renúncia a uma procuração).
• Contratos unilaterais: só geram obrigações para uma das partes, temos como exemplo o
contrato de doação. A doação é um contrato porque exige aceitação, nós temos duas
partes: o doador e o donatário, não se podendo efetivar uma doação se o donatário não
aceitar a doação, portanto supõe a existência de um contrato que existem duas partes
embora só gere obrigações para uma delas, nesta caso para o doador que tem que
cumprir o que diz querer fazer, que é doar um bem ou importância em dinheiro a alguém,
sendo que a outra pessoa, o donatário apenas recebe não havendo nenhuma retribuição
de prestação para com o doador.
o O Prof. Mota Pinto fala-nos ainda do mútuo como exemplo de contrato unilateral,
apesar de aqui existir uma divergência doutrinal. O prof. entende que é um
contrato unilateral se entendermos que o mútuo só se verifica após a entrega da
quantia mutuada e sendo assim só havia obrigação para o mutuário depois
devolver o dinheiro que lhe tinha sido emprestado. A prof. Nídia não concorda
afirmando que entende que o contrato mutuo é um contrato bilateral porque
para se efetivar o contrato é necessário que o mutuante entregue a quantia
mutada e depois que ao fim do tempo convencionado, com ou sem juros,
dependendo se falamos de um mutuo oneroso ou gratuito, o mutuário devolve a
quantia que lhe foi emprestada, concluindo que aqui há bilateridade.
o Condição resolutiva tácita/ direito legal de resolução por incumprimento: (art.º
801 nº2 C.C.) a lei nestes casos permite ao contraente fiel que esteja a ser
prejudicado pelo incumprimento ou mora, a possibilidade de acabar com o
contrato sem a necessidade de recorrer a tribunal, para tal basta que se faça uma
declaração, que o outro receba, a dizer que a partir de determinada data o
contrato fica sem efeito entre eles. É uma faculdade legal, é uma norma
permissiva.

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Resumo Teoria Geral do Direito Civil II | Ana Catarina Santos

• Contratos bilaterais ou sinalagmáticos: Geram obrigações para ambas as partes. Há uma


convergência de vontades, correspondem a uma exteriorização de duas ou mais vontades
de conteúdo divergente, mas que convergem entre si na conveniência, na necessidade de
ambos fazerem aquele negócio jurídico, de celebrar os negócios.
Existem negócios jurídicos bilaterais, existem duas vontades.
Existem contratos plurilaterais, existem mais do que duas partes (ex. contrato de
constituição de uma sociedade).
Figura da Exceção do não cumprimento (art.º 428 C.C.): os contraentes têm a
faculdade de recusar a sua prestação enquanto o outro não efetuar o encargo ou
outro cumprimento simultâneo. Isto porque estando a falar de um contrato
sinalagmático, em que se exige obrigações para ambas as partes, não ficando
exarado quem é que deve efetuar cumprir primeiro a obrigação, não há prazos e
consequentemente tanto está em atraso um como está o outro. Isto é relevante
quando as pessoas se dirigem ao tribunal invocar que determinado contraente
não cumpriu permitindo a esse contraente se librar da acusação. Só pode ser
invocada a propósito dos contratos sinalagmáticos, visto que nos contratos
unilaterais apenas se geram obrigações para uma das partes. A exceção do não
cumprimento dos contratos é privativa dos contratos bilaterais.
Condição resolutiva tácita ou direito legal de resolução por incumprimento: (art.º
801 nº2 C.C.) a lei nestes casos permite ao contraente fiel que esteja a ser
prejudicado pelo incumprimento ou mora, a possibilidade de acabar com o
contrato sem a necessidade de recorrer a tribunal, para tal basta que se faça uma
declaração, que o outro receba, a dizer que a partir de determinada data o
contrato fica sem efeito entre eles. É uma faculdade legal, é uma norma
permissiva.
Contratos bilaterais imperfeitos: são contratos que inicialmente só geram
obrigações para uma das partes, mas em fase de cumprimento da obrigação por
essa parte faz desencadear uma obrigação a realizar para a outra parte. São
designados contratos imperfeitos pois inicialmente são unilaterais e
posteriormente tornam-se bilaterais.

• Negócios intervivos: contratos que produzem efeitos em vida das partes celebrantes,
estão dentro do comércio jurídico, está em causa o tráfego jurídico privado dos bens. A
maior parte dos contratos são celebrados em vida. Não são livremente revogáveis, se são
celebrados por acordo também devem ser revogados por acordo.
• Negócios mortis causa: Negócios jurídicos que só produzem efeitos depois da morte (ex.
clássico: o testamento), estão fora do comercio jurídico, não está em causa o tráfego
juridico privado dos bens. Há livre revogabilidade em vida. Há muita dificuldade em
aceitar mais contratos além do testamento. Podemos falar das doações mortis causa

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Resumo Teoria Geral do Direito Civil II | Ana Catarina Santos

(art.º 946 e art.º 1700 C.C. porém estas exceções, doações por mortis causa, não são
verdadeiros negócios mortis causa, são figuras negociais hibridas ou mistas pois embora
produzam efeitos depois da morte de quem dá a beneficiar, não são revogáveis, estando
feitos têm que honrar o compromisso). Os negócios mortis causa são apenas os previstos
na lei e são exceções.
o A distinção entre estes dois tipos de contratos tem relevância prática
nomeadamente no âmbito da interpretação dos negócios jurídicos, pois o critério
que o legislador usa para a interpretação dos negócios jurídicos intervivos não é o
mesmo critério que o legislador usa para a interpretação dos negócios jurídicos
mortis causa. Isto desde logo porque nos negócios intervivos, negócios dentro do
comercio jurídico, há preocupações várias a que o legislador tem que atender,
nomeadamente a necessidade da proteção da confiança dos destinatários das
declarações, as pessoas a quem se dirigem as declarações negociais têm que estar
protegidas porque elas vão criar uma expectativa relativamente a essa proposta
que lhe foi feita tendo o legislador que levar isso em linha de conta. Se o legislador
não protegesse as expectativas dos destinatários dessas propostas seríamos
confrontados com uma situação de desconfiança, a uma situação de receio em
negociar por se sentirem desprotegidas o que seria desfavorável à economia do
país onde o principal objetivo é estimular as práticas comerciais fazendo crescer a
economia, para tal é necessária a tutela da confiança e segurança (preocupação
permanente do legislador ao longo de enumeras soluções legais que nos fornece).
• Negócios jurídicos solenes ou não consensuais: cuja eficácia a lei faz depender da
observância de uma determinada formalidade apesar de esta não ser a regra geral (livre
forma art.º 219 C.C.).
Por vezes o legislador pode exigir uma forma especial de celebração de negócios jurídicos
podendo ser vários os motivos. Pode ter que ver com o próprio conteúdo negocial
(negócios que versam sobre uma matéria que causa um especial melindre, ex. negócios
de natureza pessoal) ou ainda o facto de estarem envolvidos, no caso de negócios
patrimoniais, bens de valores avultados obrigando a lei a certas cautelas (temos como
exemplo o mútuo acima de um determinado valor).
O principal objetivo do formalismo negocial é permitir uma maior ponderação das partes,
pois essas formalidades vão-lhes fornecer mais tempo para pensar sobre os termos que
estão a negociar, além de que o negócio é demonstrável pelo documento que exararam
não correndo os riscos inerentes à prova testemunhal.
Ligado ao formalismo negocial estão a ideia de certeza e segurança.
Porém, é de entendimento geral que não se devem criar muitos entraves à celebração
dos negócios, á vida negocial, permitindo um estímulo da economia. Assim sendo a regra
não é a da formalidade, ou seja, dos negócios solenes, mas sim da consensualidade ou
dos negócios não solenes.

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Resumo Teoria Geral do Direito Civil II | Ana Catarina Santos

(Como exemplo destes negócios temos a constituição das sociedades, das fundações e
associações, apesar de a tendência ser aligeirar a forma, temos também o testamento, a
compra e venda de coisas imóveis, doações de imóveis, usufruto, mútuo, etc.).
▪ Negócios jurídicos não solenes ou consensuais: em vez de falarmos em consensualidade
devemos falar em liberdade de forma. Forma (escrita ou oral) não se confunde com
formalidade (requisitos, exigências adicionais que o legislador faz como condição de
validade desses negócios jurídicos, elementos exteriores ao próprio negócio jurídico que
apenas se limitam a dar-lhe um acréscimo de certeza jurídica da sua existência e dos seus
termos) são coisas distintas. O art.º 219 C.C. não se reduz ao princípio da
consensualidade, se assim o fosse o presente artigo destinava-se apenas aos contratos,
porque só nos contratos há um consenso, há um acordo de vontades ficando de fora os
negócios unilaterais. Tal não era admissível, pois o art.º 219 é uma cláusula geral, destina-
se a todos os negócios jurídicos. Assim devemos substituir o conceito de Princípio da
Consensualidade por Princípio da Liberdade de Forma ou Princípio da Liberdade
Declarativa.
(Como exemplo destes negócios temos o arrendamento para fins não habitacionais, etc.)
• Negócios Reais: negócios em que a lei faz depender da prática anterior ou simultânea de
um ato material. Isto significa que tem que ser feita a tradicio, a entrega da coisa, ou antes
ou no momento da celebração do negócio jurídico (ex. contrato de depósito- não se faz
nenhum contrato de depósito se não entregar a importância que se pretende depositar-
, contrato de mútuo, contrato de penhor são contratos reais porque supõem a entrega
do bem). A entrega material do bem é uma exigência do momento da celebração do
negócio jurídico, é constitutiva do negócio jurídico, são negócios reais quom
constitucione, os negócios para serem celebrados tem que haver a tradicio. O efeito de
transmissão do bem dá-se no momento de celebração do negócio embora existam
negócios em que essa transmissão se dá após a celebração do negócio, negócios reais
quom efectum.
• Negócios reais, familiares, obrigacionais e sucessórios: versam dependendo sobre que
área incidem.
o Negócios jurídicos sucessórios: (ex. testamento, renuncia á herança, pactos
sucessórios nos termos do art.º 1700 C.C., etc.), existem restrições negociais,
normas sucessórias imperativas.
o Negócios familiares: há liberdade de celebração, mas não liberdade de
estipulação. Porém se falarmos de negócios jurídicos familiares patrimoniais
verifica-se uma maior autonomia da vontade (como exemplo destes negócios
temos as convenções antenupciais), mas também não é autonomia total basta
pensar nos casos de casamento em que um dos noivos tem mais do que 60 anos
em que a lei impõe que fique sujeito ao regime de separação de bens.
o Negócios reais: os negócios reais supõem direitos sobre coisas. No campo destes
negócios verificam-se também algumas limitações, desde logo porque também

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Resumo Teoria Geral do Direito Civil II | Ana Catarina Santos

não se pode criar negócios reais, inventar negócios reais, pois só existem direitos
sobre as coisas que a lei permite que existam (existe o princípio da tipicidade).
Concluindo que aqui a liberdade contratual sofre restrições.
o Negócios obrigacionais: Aqui que notamos de forma mais evidenciada a liberdade
contratual. São negócios de conteúdo patrimonial onde somos confrontados com
o esplendor do art.º 405 C.C. relativo à liberdade contratual. Isto se estivermos a
falar de contratos obrigacionais e não de negócios jurídicos obrigacionais
unilaterais já são sujeitos ao princípio da tipicidade.
• Negócios patrimoniais: negócios protegidos por excelência por estarem dentro do
comercio jurídico. Aqui o legislador já leva, em sede de interpretação e em sede de vícios,
em linha de conta as expectativas dos declaratórios e as exigências de certeza e segurança
do comercio jurídico.
• Negócios Pessoais: negócios considerados fora do comercio jurídico, o legislador não se
preocupa em proteger as expectativas destinatários, o legislador recorre a um critério
diferente no caso de interpretação ou de vícios.
• Negócios causais: tem uma causa, tem uma razão de ser e executa-se em função da causa
que lhe deu origem.
ex. contrato de arrendamento para fins não habitacionais, têm uma causa. Correspondem
a uma generalidade de negócios.
• Negócios abstratos: não necessitam de uma causa, separam-se da causa que lhes dá
origem.
ex. negócios cambiários: emissão títulos de crédito, apesar de terem uma causa separam-
se da causa que lhe deu origem.
▪ Negócios a título gratuito: Uma das parte efetua uma prestação patrimonial a favor de
outra sem qualquer contrapartida. O ato é a titulo gratuito pois é realizado tendo como
fundamento apenas uma intenção de proporcionar uma vantagem patrimonial à outra
parte
▪ Negócios onerosos: existe uma atribuição patrimonial de ambas as partes. Cada uma das
partes faz uma atribuição patrimonial que considera contrabalançada pela atribuição da
contraparte, isto é, a cada vantagem corresponde um sacrifício.
▪ Contratos cumulativos: cada uma das partes sabe que efeitos esperar do contrato
▪ Contratos aleatórios: as partes submetem-se a uma possibilidade de ganhar ou
perder, sujeitam-se ao risco de perder. Embora no fim uma das partes venha a ganhar
não se sabe logo de início qual é.
▪ Negócios parciários: nestes contratos há uma pessoa que promete uma prestação a
outra ela proporcione, pela sua intervenção, que aquela consiga obter um
determinado resultado vantajoso, um provento. É um contrato em que há uma
comparticipação de uma parte dos proventos de outra. Ex. venda à consignação (ex.
um artista coloca os seus quadros num restaurante para venda, quando vende dá uma
parte do valor arrecadado ao restaurante pela sua comparticipação na venda).

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Resumo Teoria Geral do Direito Civil II | Ana Catarina Santos

▪ Negócios de mera administração: considera-se que estamos face a um ato de mera


administração um ato que se destine a melhorar e/ou a coisa a administrar. São
também os atos de frutificação da coisa, sejam atos de frutificação normal, sejam atos
de frutificação anómala. Tese doutrinal maioritária
Para o prof. mota pinto só os atos de frutificação normal e os atos de administração
devem ser considerados negócios de mera administração, não cabendo os atos de
melhoramento ou de frutificação anómala podendo ser aceites caso se demonstrasse
que o administrador tivesse realizado esses atos com rendimentos provenientes da
coisa administrada sobre a qual iria recair esses atos.
▪ Negócios de disposição: atos que visem alterar, mexer, na base do património
implicando, por exemplo, a dissipação do património, substituição de dinheiro por
ações da bolsa, troca de bens por outros, troca de bens por dinheiro. Há uma alteração
substancial do património. São negócios de risco e que por este motivo são vedados
por lei em caso de administradores. Existem negócios de alienação de bens que não
sejam negócios de disposição? Existem. O administrador de uma quinta, que tem a
sua forma de rentabilização, que na altura da vindima colher as uvas e as vender
estamos perante um ato de alienação e no entanto é um ato de mera administração.
Pág. 410.
Temos ainda dentro dos atos de disposição os atos de oneração: ex. hipoteca, um
penhor, uma coisa móvel, esses bens ficam reféns de um determinado credor. Não
podendo o administrador praticar esses atos, seria impensável o administrador criar
uma hipoteca sobre as coisas do outro.
o Tem grande importância prática distinguir estes dois tipos de negócios pois a
lei por vezes veda aos próprios titulares do património, no interesse dos
mesmos, a possibilidade de dispor do seu património e até de administrar o
seu património em alguns casos. Temos o exemplo do caso dos menores e
acompanhados, de curadoria provisória, etc., aqui há necessidade de
demarcar qual é a esfera ou área de intervenção dessas pessoas que gerem
patrimónios alheios, isto porque uma pessoa que gere algo que não lhe
pertença, não o fará com o mesmo zelo, preocupação, interesse, desse
património com que faria caso fosse o seu património. Assim a lei cria barreiras
privando essas essas pessoas de realizarem negócios jurídicos que ponham
esse património em risco. Esses negócios de risco estão vedados por lei.

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