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A importância da Filosofia no Ensino Médio

O homem não passa de um caniço, o mais fraco da


natureza, mas é um caniço pensante. Não é preciso que o
universo inteiro se arme para esmaga-lo. Um vapor, uma
gota d’água, é o bastante para mata-lo. Mas quando o
universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do
que o que o mata, porque sabe que morre; e a vantagem
que o universo tem sobre ele, o universo a ignora. Toda a
nossa dignidade consiste, pois, no pensamento.1

O que é Filosofia?
Antes de começarmos a falar sobre a importância da Filosofia, precisamos ter uma

definição mais ou menos precisa sobre o que é Filosofia. Eu poderia, por exemplo, dar

uma palestra de uma hora e meia sobre a importância do Umbonia Spinosa e isso seria de

pouco proveito se você não soubesse o que é um Umbonia Spinosa. Do mesmo modo,

não adianta muito falar sobre a importância da Filosofia se você não souber o que é

Filosofia. A propósito, isso é um Umbonia Spinosa (slide). Mas, o que é então, Filosofia?

Na maior parte dos casos de definições, é útil começar a definir o que algo é por

dizer o que ele não é, fazendo assim uma delimitação por via negativa e, após isso, tentar

proceder a uma definição positiva – afirmando o que é o caso. A Filosofia não é, por

exemplo, o pensamento crítico, como alguns afirma. Um sociólogo também faz uso de

pensamento crítico e não se segue necessariamente que ele é um filósofo. Mas, se pensar

criticamente não é característica exclusiva do filósofo, isso não pode ser o que define a

Filosofia, pois uma definição deve ser uma tal que distinga a coisa que se define de todas

as outras.

1
Pascal, Pensamentos.
Alguns, diante da pergunta, responderam que “A filosofia é a prática intelectual

que estuda os problemas filosóficos”. Entretanto, essa definição é circular e pouco útil.

Quem não sabe o que é Filosofia, não saberá, muito provavelmente, o que são “os

problemas filosóficos” e como distingui-los dos problemas não filosóficos. Ademais, essa

definição parece cometer o erro de tentar definir uma coisa pouco conhecida por outra

coisa menos conhecida ainda. É como se eu dissesse que o Umboia Spinosa é um tipo de

membracídeo. Mas não sabemos tão pouco o que é um membracídeo. Portanto, nossa

definição é fútil.

Talvez um bom lugar para começar seja pela definição etimológica da palavra.

“Filosofia”, palavra cuja invenção é atribuída à Pitágoras, é uma junção dos vocábulos

gregos Philos + Sophia. Philos significando amor e sophia, sabedoria, Filosofia é, então,

amor pela sabedoria. Como eu disse, esse é um bom lugar para começar, mas não se pode

parar por aqui, como é feito comumente. Podemos, por exemplo, investigar um pouco

mais o conceito de amor a sabedoria. O principal fato a se notar, e que tem sido ignorado

por alguns, é que existe uma diferença entre sabedoria e conhecimento. A Filosofia tem

sido considerada difícil não só pela grande complexidade, mas também por ser vista como

enfadonha, de caráter apenas acadêmico e impraticável. A distinção entre conhecimento

e sabedoria é ainda mais importante então.

Conhecimento é o efeito da absorção de uma ideia ou de uma noção. Por exemplo,

dizemos que alguém tem conhecimento das leis, quando esse alguém sabe quais são as

leis. Conhecimento, portanto, nesse nosso estágio inicial de discussão, pode ser

equiparado à obtenção de informação sobre algo.

Sabedoria consiste em saber o que fazer com o conhecimento, saber como utilizá-

lo de maneira prudente, moderada, profícua e útil. Sabedoria, portanto, é reflexo da


vivência, na prática, quer pela experimentação, quer pela observação, da utilização dos

conhecimentos previamente adquiridos.

Duas conclusões podem ser retiradas aqui. A primeira e mais clara é que, ante o

que foi dito, uma pessoa culta, possuidora de conhecimento, não é necessariamente sábia.

É possível tornar-se culto lendo livros em seu gabinete, mas não é possível tornar-se sábio

no isolamento da vida. Não sem razão, portanto, Heráclito no informa que “muito

conhecimento não traz sabedoria”. A segunda conclusão que se segue, e que será mais

explorada a partir de agora, é que a Filosofia é prática.

O mundo nos impõe problemas urgentes e, ao mesmo tempo, a maioria deles, são

filosóficos também. Esse ano, por exemplo, por ocasião das eleições, as perplexidades da

história e os paradoxos da política foram retirados dos salões do conhecimento acadêmico

e das câmaras legislativas, e depositados nos berços e nas mesas de jantar de cada casa.

O preço das batatas e dos ovos depende das eleições ocorridas. O partido que favorece a

regulação mais estrita deveria ser eleito? Que partido traria o melhor governo? Qual é o

melhor tipo de governo? Qual funciona de fato sob as presentes condições? Ou nenhum

funciona? Aonde a história está nos levando? A história se repete? A civilização está a

beira de um colapso? Que causas, caso haja alguma, controlam a história? A história é

uma sequência ininteligível e acidental de acontecimentos, ou ela tem um sentido?

Tais questões não são irrelevantes. Elas estão entre as perguntas mais urgentes do

presente século. O mais obstinado dos homens práticos não pode marginalizá-las como

abstrações irreais de um filósofo em seu gabinete.

Entretanto, por mais práticas que tais questões possam ser, elas nem sempre

parecem práticas para pessoas que não tem interesse em se dedicar em sua reflexão. O
que fica obscurecido é a verdade de que todo efeito tem uma causa e, em geral, a causa

da ação humana são as ideias. As ideias têm consequências práticas.

Em uma palavra, então, o que é a Filosofia? É uma atividade, uma forma de pensar

acerca de certas questões. O que distingue então a Filosofia de outras disciplinas não é

seu caráter crítico, como já observamos, mas o seu objeto de estudo. E qual o objeto de

estudo da Filosofia? Alguns exemplos: O conhecimento (epistemologia), o ser

(metafísica), as formas de governo (política), o certo e o errado (ética), o belo (estética) e

a argumentação (lógica).

Desafiando o senso comum sobre Filosofia

1. Em filosofia nunca se chega a conclusões

Diante do fato de que os filósofos discordam entre si em praticamente qualquer

assunto, torna-se comum crer que não se chega a conclusões nunca em

Filosofia. Mas, tal pensamento é falso. Se assim fosse também o poderíamos

dizer em relação à ciência, pois os cientistas também discordam de muitos

assuntos. O que nós conhecemos da ciência são os resultados desta, porque as

grandes questões da ciência ainda estão em investigação, tal como as grandes

questões da filosofia. A diferença é que ao passo que a ciência pode recorrer à

experimentação, a filosofia não pode dada a natureza dos seus problemas que

não são resolvidos empiricamente.

2. Todos somos filósofos

É falso. Não é qualquer pessoa que é filósofa, apesar de qualquer pessoa ser

perfeitamente capaz de levantar problemas filosóficos a um nível intuitivo – por


exemplo “quem sou eu”. De igual modo, também as crianças fazem muitas

questões científicas e isso não faz delas cientistas. De que é feita a lua? Porque

é que nunca alcanço o arco irís, etc…. Podemos igualmente perguntar se Deus

existe ou não, se o livre arbítrio faz ou não sentido, sobre o sentido moral do

aborto, sobre o que é o tempo e a sua relação com o espaço, etc…, mas daí não

se segue que sejamos filósofos. A filosofia faz-se e investiga-se nas mais

avançadas universidades do mundo e possui altos níveis de sofisticação. Ser um

filósofo profissional, implica publicar ensaios nas revistas da especialidade e

contribuir de modo decisivo para o progresso e avanço da filosofia. E isso não

está ao alcance de todos e exige um trabalho disciplinado e árduo. Mas daí não

decorre problema algum. Também na matemática, sabemos muita matemática

a um nível intuitivo e nem por isso somos todos matemáticos. Depende do nível

de sofisticação que queremos alcançar. E os grandes investigadores precisam

muito dos bons divulgadores, como é o caso dos bons professores.

3. Em filosofia tudo é subjetivo.

Esta é uma outra ideia falsa que aparece muitas vezes em relação à filosofia.

Pensa-se que a filosofia não é nada mais do que um grupo de gente tola, cada

um dando a sua opinião sobre um assunto qualquer. Mas a defesa da

subjetividade é auto refutante em termos racionais. Se eu defender que a filosofia

é subjetiva, o meu ouvinte pode defender que não, que é objetiva. Terei de

aceitar a posição do meu ouvinte precisamente porque a posição do ouvinte é,

para mim, subjetiva. E entramos num círculo racionalmente insustentável. Por

outro lado, se a filosofia é subjetiva, então, qual a razão da discussão racional?

Nada haveria a discutir dado que a verdade não passaria de algo muito subjetivo.

Toda a discussão possível não passaria de uma mera e modesta troca de


opiniões. Mas nesse caso não existiria qualquer progresso no saber e cultura

humana. Não devemos esquecer que as grandes teorias matemáticas e

científicas ainda estão por resolver, precisamente porque, tal como na filosofia,

não existe progresso sem problemas e razões que apontem conclusões para

esses problemas.

Para que serve a Filosofia?

A pergunta “para que serve a Filosofia” soa injusta se a mesma pergunta não é feita para

outras áreas do saber. Questionar sobre a utilidade da filosofia possui exatamente o

mesmo sentido do que questionar acerca da utilidade da matemática, da física, química

ou biologia. A filosofia tem exatamente a mesma utilidade que qualquer outra disciplina,

só que a natureza dos seus problemas é diferente e exige metodologias específicas.

Perguntar pela utilidade da filosofia é perguntar pela utilidade do saber em geral e a

resposta não deve ser colocada somente aos profissionais da filosofia, mas também aos

dos outros saberes. Curiosamente o mundo não seria o que é se os saberes não possuíssem

uma utilidade. Contudo, se formos instados a dar uma resposta à pergunta-título, o melhor

caminho talvez seja expondo com um pouco mais de detalhe alguns daqueles objetos

sobre os quais a Filosofia versa e deixar o proponente da pergunta “pra que serve a

Filosofia” decida se ela é importante ou não.

Ética

A ética ocupa-se de vários tipos de problemas bastante distintos. Os mais fáceis de

compreender são os da ética aplicada, que se ocupa de problemas como o aborto e a

eutanásia. Será o aborto um mal que deve ser proibido? Repare-se que não se trata de

saber se o aborto é um mal aos olhos de Deus ou do Papa ou de qualquer confissão


religiosa; trata-se de saber se o aborto é, eticamente, e à luz da nossa razão, algo que deve

ser proibido, tal como o assassinato é proibido independentemente das religiões. O que

ocupa a reflexão filosófica não é apenas a tentativa de dizer “Sim, o aborto é um mal” ou

“Não, o aborto não é um mal”. O que distingue a reflexão filosófica é a fundamentação

racional: os argumentos que sustentam as nossas posições. O que importa são os

argumentos que se apresentam para dizer que sim ao aborto ou para dizer que não. O

trabalho da filosofia consiste em estudar esses argumentos e avaliá-los criticamente. A

filosofia é algo que cada um faz com a sua própria cabeça, em diálogo crítico com os

outros. A filosofia não consiste em ler textos e “comentar” o que esses textos dizem. A

filosofia consiste em pensar nos mesmos problemas que são tratados nesses textos, o que

é muito, muito diferente.

Mas a ética ocupa-se de outras questões menos óbvias. Por exemplo, o que quer dizer

“Matar inocentes é um mal” ou “Não devemos matar inocentes”? O que quer realmente

dizer a palavra “dever”? Este tipo de problema é enfrentado pelo que se chama

“metaética”. A metaética ocupa-se da questão de saber qual é a natureza do juízo ético. É

a área mais geral e conceitual da ética. Há várias teorias que tentam responder a este

problema, algumas delas tecnicamente bastante complexas e precisas.

Epistemologia

A epistemologia é outra disciplina da filosofia. Neste caso, trata-se de investigar vários

problemas relacionados com o nosso conhecimento. Uma vez mais, o carácter conceitual

da filosofia obriga a distinguir os problemas filosóficos do conhecimento dos problemas

psicológicos ou sociológicos do conhecimento. Por exemplo, a psicologia cognitiva tem

vindo a conduzir várias investigações sobre o modo como os seres humanos estruturam

vários aspectos do conhecimento. Piaget, por exemplo, procurou estabelecer etapas


diferenciadas no desenvolvimento cognitivo dos seres humanos. Os seus estudos estão

hoje ultrapassados por investigações mais recentes, mas tanto os seus estudos como os

estudos mais recentes não são estudos filosóficos nem têm interesse para a filosofia. Os

problemas estudados pela epistemologia ou pela filosofia do conhecimento não se

referem de modo algum ao fenómeno do conhecimento tal como ele ocorre realmente nos

seres humanos; os problemas da epistemologia e da filosofia do conhecimento são mais

gerais e de carácter conceptual.

Um dos problemas da epistemologia mais simples de apresentar é este: o que é o

conhecimento? O conhecimento distingue-se da mera opinião porque o conhecimento é

factivo — isto é, não podemos conhecer falsidades, apesar de podermos pensar falsidades.

Mas o que é realmente o conhecimento? Não ser trata apenas de opinião, porque as

opiniões podem ser falsas mas o conhecimento não. Será então que o conhecimento é

apenas a opinião verdadeira? Mas será que podemos dizer que os atomistas gregos sabiam

realmente que tudo é composto por átomos? Eles tinham realmente essa opinião, e essa

opinião veio a verificar-se séculos depois ser verdadeira; mas, de algum modo, parece

que eles não sabiam realmente que tudo era composto de átomos — apenas tinham essa

opinião que, por acaso, acabou por coincidir com a realidade. O que está em causa neste

problema é a definição de conhecimento — algo que não se pode determinar recorrendo

a estudos de natureza empírica.

Outro problema importante na área da epistemologia é a questão da justificação do

conhecimento — perante um fragmento particular de pretenso conhecimento, como

podemos saber que se trata realmente de conhecimento e não de uma ilusão? Por exemplo,

todos pensamos que o mundo exterior é independente de nós; mas que razões teremos

para pensar isso? E não haverá razões para pensar o contrário?


Reserva-se por vezes o termo “epistemologia” para a filosofia do conhecimento

científico, usando-se o termo “gnosiologia” para a filosofia do conhecimento em geral.

Mas esta terminologia não é comum hoje em dia, nem corresponde à realidade do que se

estuda quando se estuda epistemologia. A epistemologia é o estudo filosófico de vários

problemas relacionados com o conhecimento — independentemente de se tratar de

conhecimento científico ou de outro qualquer tipo de conhecimento. É a filosofia da

ciência que se ocupa de vários problemas relacionados com o conhecimento científico.

Metafísica
Outra disciplina filosófica é a metafísica, que se ocupa de outro tipo de problemas. Que

tipo de coisas existem no mundo? Admitindo que existem árvores e mesas e pessoas, será

que os números também existem? E as cores? E os conceitos, como a justiça? Quantos

tipos de existência há, se há mais do que um? E quais são as categorias mais gerais da

realidade? Como poderemos pensar a identidade? Se ao longo de dez anos formos

substituindo as tábuas todas de um bote de madeira, o bote de hoje será ainda o mesmo

do que o bote de há dez anos? Mas se não é o mesmo, para onde foi o bote de há dez anos

e quando deixou ele de existir?

Lógica

Temos visto acima importantes áreas da Filosofia. O que há em comum em todas elas é

a necessidade de se dar (ou tentar dar) uma resposta às questões levantadas. Como fazer

isso? Através de argumentos que justifiquem uma resposta qualquer. Mas devemos

também saber avaliar esses argumentos. Afinal, como declarou Tomás de Aquino, “O

estudo da filosofia não é para se saber o que os homens pensaram, mas o que é a verdade

das coisas”. E é exatamente neste ponto que a Lógica entra em cena.


A lógica desempenha dois papéis na filosofia: clarifica o pensamento e ajuda a evitar

erros de raciocínio. Os filósofos, ao longo da história, têm dado respostas aos problemas

acima aludidos. Para isso, apresentam teorias e argumentos. A lógica permite assumir

uma posição crítica perante os problemas, as teorias e os argumentos da filosofia:

1. A lógica permite avaliar criticamente os problemas da filosofia. Se alguém quiser

refletir sobre o problema de saber porque razão a cor azul dos átomos verdes é tão

estridente, o melhor a fazer é mostrar que se trata de um falso problema. Para isso

são necessários bons argumentos; não basta afirmar que se trata de um falso

problema.

2. A lógica permite avaliar criticamente as teorias dos filósofos. Será que uma dada

teoria é plausível? Como poderemos defende-la? Quais são seus pontos fracos e

quais são os seus pontos fortes? E porquê?

3. A lógica permite avaliar criticamente os argumentos dos filósofos. São esses

argumentos bons? Ou são erros sutis de raciocínio? Ou baseiam-se em premissas

tão discutíveis quanto as suas conclusões?

Após isso, será razoável afirmar que a filosofia não serve para nada? Parece que não. A

filosofia, como a ciência, como a arte e como a religião, serve para alargar a nossa

compreensão do mundo. Em particular, a filosofia oferece-nos uma compreensão da

nossa estrutura conceitual mais básica, oferece-nos uma compreensão daqueles

instrumentos que estamos habituados a usar para fazer ciência, para fazer religião e para

fazer arte, assim como na nossa vida quotidiana. A filosofia é difícil porque se ocupa de

problemas tão básicos que poucos instrumentos restam para nos ajudarem no nosso

estudo. Os matemáticos fazem maravilhas com os números; mas são incapazes de

determinar a natureza última dos próprios números — têm de se limitar a usá-los, apesar

de não saberem bem o que são. Todos nós sabemos pensar em termos de deveres, no dia-
a-dia; mas a filosofia procura saber qual é a natureza desse pensamento ético que nos

acompanha sem percebermos muitas vezes.

Claro que a filosofia não serve para distrair o “povo”, como o futebol ou UFC. Mas

também a matemática não serve para isso, nem a religião, nem a arte em geral. Para que

serve Dom Casmurro de Machado de Assis? Para que serve a teoria da evolução de

Darwin? Para que nos serve saber que só na nossa galáxia há tantas estrelas quantos os

segundos que existem em quatro mil anos? Serve para sabermos mais sobre nós próprios

e sobre o universo em que habitamos. Assim como a filosofia.

O valor da Filosofia

Bons motivos para se dedicar ao estudo da Filosofia

1. Compreender a sociedade

Compreender e apreciar a Filosofia ajudará a entender a sociedade em que

vivemos. A filosofia teve uma influência profunda sobre a formação e o

desenvolvimento de instituições e valores. Não devemos subestimar a importância

das ideias em moldar a sociedade. Por exemplo, o respeito com que se rata o

individuo e a liberdade são, em grande medida, produto do pensamento ocidental.

A filosofia nos ajuda a perceber o que está envolvido nas “grandes perguntas” que

indivíduos e sociedades devem fazer.

2. Libertar-se do preconceito e do provincialismo

Os elementos críticos da filosofia podem ajudar a libertar a pessoa das garras do

preconceito e do raciocínio pobre. Na reflexão filosófica podemos nos distanciar

das crenças pessoais e alheias, enxergando-as com algum ceticismo. Leremos

jornais e revistas de modo mais crítico, o que nos deixará menos suscetíveis à
propaganda. A filosofia pode nos ajudar a não nos deixarmos iludir pelas evasivas

e omissões das técnicas políticas e publicitárias. Em uma democracia há

necessidade de desenvolvermos um ceticismo saudável acerca das crenças

pessoais e alheias, bem como uma capacidade de reconhecer uma boa

argumentação e evidência. Não quero dizer com isso que devemos nos tornar

totalmente céticos ou agnósticos. Muito pelo contrário, as crenças aprovadas pelo

escrutínio da avaliação racional devem ser sustentadas com a máxima confiança.

A dúvida generalizada e permanente é absurda e desnecessária.

3. Valor prático

A despeito da natureza abstrata de grande parte da filosofia, ela pode ser útil na

vida diária. Por certo, a ênfase que os antigos davam à “sabedoria” como alvo da

filosofia era correta. Não haveria razão de procurarmos a clareza em todos os

nossos conceitos fundamentais se essa clareza não nos oferecesse todos os nossos

conceitos gundamentais se essa clareza não nos oferecesse ajuda para a nossa vida,

ou não contribuísse para a obtenção da sabedoria acerca da qual falamos. Por

exemplo, discussões éticas que tratam de princípios de ação talvez parecçam

distantes da arena da vida real, mas não estão. Imaginemos que você esteja

considerando um aborto. Sua decisão será grandemente influenciada por aquilo

que você acredita que deve orientar sua ação, se a conveniência ou o dever.

A importância da Filosofia no Ensino Médio

Se, tudo isso dito, ainda for necessário dizer algo sobre a importância da filosofia no

ensino médio, digamos isso: conhece-te a ti mesmo, como disse Sócrates. “O Ensino

Médio é geralmente considerado pelos educadores como uma fase de consolidação do

aluno jovem, de sua personalidade e seus desejos”, e a Filosofia tem muito a contribuir

no conhecimento das questões básicas de si e do mundo. E a Filosofia é um caminho sem


volta, assim como começar a comer aquele biscoito que você mais gosta: você só para

quando tiver terminado. A diferença é que nunca se termina de filosofar. Você começa

com as grandes questões da vida e, quando menos percebe, põe tudo a prova. O lado bom

disso é que, invariavelmente, no caminho, você encontrará as respostas, encontrará a

Verdade.

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